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Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 Imputabilidade penal ¨ Conceito A imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade. O CP não definiu o que seja culpabilidade, mas definiu quais os casos de inimputabilidade (não culpabilidade). Inimputabilidade penal: Ausência de imputabilidade. ¨ Art. 26, caput, art.27 e art. 28, §1º. Capacidade mental, inerente ao ser humano no momento da ação ou da omissão, de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Depende de dois elementos: 1. Intelectivo – perfeita saúde mental que permite o individuo entender o caráter ilícito de sua conduta. 2. Volitivo – domínio da vontade. O agente controla e comanda seus impulsos, determinando-se de acordo com a lei. Os dois elementos devem estar presentes no mesmo tempo, pois se ausente uma delas, leva a inimputabilidade. ¨ Momento da constatação da imputabilidade: Deve ser apurada no momento da ação ou da omissão, da prática da conduta criminosa. Se imputável no momento da ação será considerado sempre imputável, mesmo se depois vier a passar a ser inimputável. Sistemas para identificação da inimputabilidade: 1. Biológico: Para a inimputabilidade basta a presença de um problema mental. Problema mental – doença mental, desenvolvimento mental retardado ou desenvolvimento mental incompleto. ® Perícia constatou o problema de saúde mental – inimputável. 2. Psicológico: Importa se o individuo apresenta ou não alguma deficiência da conduta. Será inimputável se não for capaz de entender o caráter ilícito de sua conduta ou de determinar-se de acordo com ela, por essa deficiência. 3. Biopsicológico: Inimputável é quem ao tempo da conduta, apresenta problema de saúde mental e em razão disso não possui capacidade para entender o caráter ilícito da conduta ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. ® Perito + juiz ® Art. 26, do CP adota com regra o sistema biopsicológico. Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 ® Exceção: menoridade penal – art. 228 CF e art. 27 do CP, adota a o fator biológico. ® Exceção: adota o sistema psicológico; no caso de embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou de causa maior – art. 28, § 1º, do CP ¨ Causas de inimputabilidade 1. Menoridade penal; 2. Doença mental; 3. Desenvolvimento mental retardado; 4. Desenvolvimento mental incompleto; 5. Embriaguez completa proveniente caso fortuito ou de caso de força maior – art. 28, § 1º, CP. Menoridade ® Art. 27 CP. ® Sistema ou critério biológico. Inimputabilidade: menor de 18 anos de idade. Tais pessoas, independente do desenvolvimento mental, ser ou não inteligente, será considerado pelo CP inimputável. ® Presunção absoluta – juris et de jure. ® Não admite prova em sentido contrário. ® Prova da menoridade- documento hábil: certidão de nascimento; mas também qualquer documento de identidade. Menoridade e emancipação civil: Não muda no campo do direito penal. O menor de 18 anos civilmente emancipado continua, no campo penal, inimputável. ® Redução da menoridade penal: discussão – cláusula pétrea ou não. ® Nos crimes permanentes: são responsabilizados pelos atos após a maioridade penal. Inimputabilidade por doença mental ® Art. 26, caput, CP. Doença mental, deve ser interpretada em sentido amplo. Englobando os de problemas patológicos e também os de origem toxicológica. Alterações mentais ou psíquicas que tiram do ser humano a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Pode ser uma doença permanente ou transitória, mas deve existir no momento da ação ou da omissão. Não basta a existência da doença mental é necessário que em razão dela o agente seja incapaz no momento da conduta criminosa, no momento de sua realização. ® Doença mental e intervalos de lucidez: Pode ocorrer que uma pessoa tenha doença mental a vida toda, mas num determinado Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 momento, no momento da realização do crime, ele esteja lúcido – será imputável. Inimputabilidade por desenvolvimento mental incompleto ® Art. 26, caput, e art. 27, CP. Não completou o desenvolvimento mental como é normal. Mas nem sempre serão inimputáveis, pois vai depender do grau de assimilação dos valores sociais – perícia. Dependendo a conclusão da perícia, o indígena poderá ser: 1. Imputável: completamente integrado a vida em sociedade. 2. Semi-imputável: estar entre o convívio na tribo e na sociedade. Parcialmente capaz de entender e de se comportar. 3. Inimputável: só convívio na tribo – inteiramente incapaz de entender e de se comportar como quer o direito penal. Inimput. por desenvolvimento mental retardado ® Art. 26, caput, CP. Ficou para trás. Não possui comportamento que a maioria das pessoas de sua idade. Exemplo: Idiotice, imbecilidade, debilidade mental propriamente dita. O surdo-mudo não é automaticamente inimputável. Ao completar 18 anos, todos se presumem imputáveis. Compete a perícia indicar o grau de prejuízo a ele causado por essa falha biológica. Podem ocorrer 3 situações: 1. Se ao tempo da ação ou da omissão era capaz de entender o caráter ilícito e de determinar-se de acordo com esse entendimento – imputável. 2. Se ao tempo da ação ou da omissão era parcialmente capaz de entender o caráter ilícito e de determinar-se de acordo com esse entendimento – semi-imputável. 3. Se ao tempo da ação ou da omissão era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito e de determinar-se de acordo com esse entendimento – inimputável. ¨ Perícia médica ® Sistema biopsicológico: juiz afere o psicológico e a perícia o biológico ® Biológico: apura a existência de problema ou anomalia mental. ® Laudo médico: meio legal de provar a inimputabilidade. ® Incidente de insanidade mental ¨ Efeitos da inimputabilidade Menor de 18 anos de idade: sujeita-se a legislação especial conforme determina o Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 art. 228 da constituição federal: lei nº 8.069/1990 estatuto da criança e do adolescente. Os demais, ao código penal. São processados e julgados como qualquer pessoa, mas: O inimputável não pode ser condenado, mesmo demonstrado sua participação no crime será absolvido. ® Sentença absolutória imprópria ou absolvição imprópria. ® Será aplicada medida de segurança. Regime de internação. ¨ Imputabilidade diminuída ou restrita Disposto no art. 26 do CP. O CP não rotulou o assunto, preferiu falar somente em “redução de pena”. ® Constitui em causa obrigatória de diminuição de pena, e deverá ser analisada de acordo com o grau de deficiência intelectiva do réu. ¨ Emoção e paixão Código penal de 1890: perturbação dos sentidos e da inteligência afastava a culpabilidade, alegavam legítima defesa da honra, o que ora não se admite mais. Código penal atual: Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - A emoção ou a paixão São perturbações da psique humana. 1. Emoção: estado afetivo que acarreta perturbação transitória do equilíbrio psíquico – ira, medo, alegria, ansiedade, vergonha, etc. 2. Paixão: perturbação duradoura do equilíbrio psíquico – amor, inveja, ciúmes, vingança, fanatismo, e a ambição. ¨ Efeitos Em regra, ainda que sejam de elevada intensidade, a emoção e paixão não excluem a imputabilidade penal. Exceções a essa regra: 1. Coação moral irresistível 2. Estado patológico – doença mental. ® Emoção e paixão patológicos: Retira do individuo a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Quando,contudo, a emoção ou paixão configurar um estado mórbido ou patológico, deverá ser compreendida como uma verdadeira psicose, indicativa de doença mental. Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 Embriaguez Intoxicação aguda produzida no corpo humano pelo álcool ou por substância de efeitos análogos, que provoca incapacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Exemplos de substâncias de efeitos análogos: morfina, cocaína, substâncias entorpecentes, podendo também ser remédio. ¨ Fases ou etapas da embriaguez 1. Euforia (fase do macaco): Funções intelectuais mostram-se excitadas e o indivíduo particularmente eufórico. Capacidade de julgamento se compromete. Comporta-se de forma cômica e indecorosa. 2. Agitada (fase do leão): Perturbações psicossensoriais profundas. Alteram- se as funções intelectuais, o juízo crítico, a atenção e a memória. Sujeito agitado e agressivo. Observação: Nessas duas fases (eufórica e agitada), é possível a prática de crimes comissivos e omissivos. 3. Comatosa (de coma – ou fase do porco): Há sono e o coma se instala progressivamente. Nessa fase pode ocorrer somente crimes omissivos, próprios ou impróprios (comissivos por comissão). ¨ Espécies de embriaguez ® Quanto a intensidade: Completa, total ou plena: é a embriaguez que chegou na segunda ou terceira fase. Incompleta, parcial ou semiplena: é a que se limitou a primeira fase. ® Quanto a origem: Voluntária ou intencional: ingestão com intenção de se embriagar. Culposa: a vontade do agente é só beber e não se embriagar, mas se descuida e fica embriagado. ® Essas duas não excluem a imputabilidade penal (CP, art. 28, II), sejam completas ou incompletas. Preordenada ou dolosa: sujeito se embriaga para cometer um crime – fator de encorajamento. ® Agravante genérica: art. 61, inciso II, “l”, do CP. Acidental ou fortuita: é a embriaguez que resulta de um caso fortuito ou de força maior. ® Caso fortuito: sorte. Não percebe que foi atingido pelo álcool e pela substância de efeitos análogo. Exemplo: Mora ao lado de uma destilaria de aguardente e aos poucos acaba se embriagando, sem perceber. Direito Penal II | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 6 ® Força maior: o indivíduo é obrigado a beber ou por profissão necessita ficar num recinto cercado pelo álcool ou substância. Exemplo: Sujeito é amarrado e é injetado nas suas veias álcool. Exemplo: Trabalha na manutenção de uma destilaria e em determinado momento cai sobre ele um tonel de pinga. ® Consequências: Inimputável ou semi-imputável. Se completa: exclui a imputabilidade – art. 28, § 1º, CP. Se incompleta: diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Embriaguez acidental completa e medida de segurança. ® Não autoriza aplicação de medida de segurança. ® Não é o agente portador de doença mental. ® Não é inimputável. ® Agente será isento de pena. ¨ Prova de embriaguez ® Qualquer meio probatório: exame laboratorial, exame clínico, prova testemunhal. ¨ Código de trânsito brasileiro A conduta de dirigir sob influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência física, constitui infração de trânsito gravíssima. ® Sujeito a multa e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. ® Regras contidas nos artigos 165 e 276 da Lei 9.503/1997- Código de Trânsito Brasileiro. ® Se motorista recusar – comete outra infração (prevista no art. 165-A do Código de Trânsito Brasileiro). ® Teste do etilômetro ou bafômetro – art. 306, § 1º, CTB. ¨ Teoria da actio libera in cause ® Teoria da ação livre em sua causa. Fundamenta-se no princípio de que causa da embriaguez também é a causa do fato ocasionado por ela. ® Considera-se como marco da imputabilidade penal o período anterior à embriaguez, em que o agente decidiu consumir bebida. Se a embriaguez é causada voluntariamente (voluntário ou culposamente), então o crime também foi causado voluntariamente. ® O agente será punido pelo crime. Se a embriaguez é causada involuntariamente caso fortuito ou de força maior), então o crime foi causado involuntariamente, e o agente será isento de pena. Para alguns essa teoria aplica-se somente a embriaguez voluntária porque nela o agente tem vontade e escolhe se embriagar ou não.
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