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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE TRABALHO DE 7° SEMESTRE PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL LUÍSA MEZZATTO ROSSI O SENTIDO DA PROFISSÃO DOCENTE Projeto de intervenção em psicologia escolar São Paulo - SP 2021 O SENTIDO DA PROFISSÃO DOCENTE Introdução A profissão docente está presente nos campos histórico-educacional, sociológico, jurídico, psicológico, econômico, dentre outros. Ela pode ser identificada mediante os conceitos de profissão, profissionalização e profissionalismo. A profissão é o que se exerce, sendo movida pela profissionalização - que constantemente se renova e se estende - e norteada pelo profissionalismo - que se coloca como questionador de ambas -, os quais implicam o ser profissional e sua prática (ARAÚJO, 2014). A formação acadêmica de um profissional docente, no decorrer do século XIX, foi estruturada por um processo histórico, que se iniciou com a Revolução Industrial, por isso associa-se ao aspecto econômico, político e social, não deixando, por conta disso, de ser um fenômeno urbano (ARAÚJO, 2014). Especificamente a partir dos anos 90, enalteceu-se uma tensão e um enfrentamento de transformações nas representações da profissão docente decorrentes das mudanças no paradigma estatal. Com a implementação de uma política neoliberal (GEBRAN; TREVIZAN, 2018), houve um controle regulador exercido pelo Estado, dos conteúdos apresentados nas escolas, resultando em uma formação jurídica, com caráter coercitivo (GEBRAN; TREVIZAN, 2018; ARAÚJO, 2014). Partindo tanto de Durkheim como Weber, Araújo (2014) posiciona-se quanto ao exercício profissional docente, sua profissionalização e seu profissionalismo, questionando e aconselhando para um entendimento mais ampliado sobre a profissão docente, porque esta deixa de ter autonomia perante um Estado regulador, considerando que é regido pelo poder público. O papel da educação, do profissional docente e das instituições escolares estão enraizados no desenvolvimento da burocratização; enquanto a formação do professor é institucionalizada, como resposta a uma demanda de intercâmbio do processo econômico, social, escolar e urbano. A profissão docente, em ritmo de profissionalização regulada e controlada pelo Estado, também se expressa pelo profissionalismo dirigido em conformidade com os órgãos governamentais. Há polêmica que cerca o tema da profissionalização do trabalho docente abordadas por Coelho e Diniz-Pereira (2017). Os autores citam que existem teorias que defendem que esta possui características que a colocam num meio termo entre as profissões tidas como clássicas e ao proletariado. Dessa forma, não se pode afirmar que o magistério é uma profissão clássica, ao considerar conceitos como o da licença, por exemplo, em que a legislação não restringe a capacidade de ensinar exclusivamente aos professores. Ao mesmo tempo, compreende-se que são pessoas que se vêem obrigadas a vender sua força de trabalho, e que as condições de trabalho em escolas no mundo contemporâneo muitas vezes resultam numa perda de controle sobre seu processo de trabalho, afetando a qualidade do ensino e limitando sua atuação. A partir do século XIX, o conceito de profissão passa a ser designado como resultado de aprendizagem, de estudo e de exercício, além de ser constituído por características complementares entre três categorias: as gloriosas, as honestas e as baixas ou desonestas. As gloriosas, tendem a procurar o bem público; as honestas são as que cultivam a terra e; as baixas ou desonestas, são as com menor valorização social. O professor está entre aquelas que exerciam as ‘profissões gloriosas’ (ARAÚJO, 2014). Faz-se uma crítica a ideia que é atrelada à noção de vocação que muitas vezes acompanha o exercício da profissão, devido a imagem de “mestre divino, evangélico e salvador” que permeia a imagem do professor, com fortes traços morais. É necessário, portanto, que exista a possibilidade de ressignificação de vocação e que possa ser compreendida como um incentivo, sem deixar de lado a responsabilidade, o compromisso com a comunidade e a competência profissional (COELHO; DINIZ-PEREIRA, 2017). Nesse sentido, a profissionalização de um docente é embasada no processo de construção de identidade, que se relaciona à autoimagem e às representações que lhe são atribuídas por si mesmos e por seu grupo profissional (GEBRAN; TREVIZAN, 2018). Partindo de Moscovici, Gebran e Trevizan (2018), afirmam que as representações sociais são estabelecidas a partir de interações sociais coletivas, de um indivíduo com outro e do indivíduo com uma instituição, com o objetivo de fazer o desconhecido tornar-se conhecido e dar conta da realidade. Assim, na interação com o mundo e com outros é que se desenvolve conhecimento, socialização, construção de valores, apropriação de ideias, que estão em constante transformação. Portanto, pode-se dizer, segundo Gebran e Trevizan (2018), que “[...] a representação social constitui uma forma de conhecimento elaborado e partilhado social e culturalmente [...]” (p. 3) e quando as pessoas têm ausência de consciência de suas representações, orientam- se pelo que está enraizado na cultura, não percebendo as consequências disso na sociedade. Voltando ao cerne do tema deste trabalho, nesse contexto, professores podem agir guiados por estereótipos, que ocultam críticas, justificativas políticas e ideológicas, que permeiam seus ensinamentos (GEBRAN; TREVIZAN, 2018). Nota-se que o questionamento sobre o sentido da profissão docente é um que, embora constantemente feito durante as décadas, permanece atual e é importante no contexto contemporâneo pois auxilia na compreensão da realidade da profissão e de partes integrantes de tal contexto, como o motivo da diminuição dos que escolhem a profissão de professor da Educação Básica pública brasileira, por exemplo. Faz-se, portanto, necessário que o magistério possua seu ‘próprio espelho’ a partir do qual possa ser repensado o sentido da profissão docente, enquanto um que possui especificidades. Estas são suficientes para que se reúnam em uma categoria própria, uma vez que o magistério apresentou e apresenta aspectos identitários universais, compartilhados por professores de diferentes partes do mundo (COELHO; DINIZ-PEREIRA, 2017). Nesse contexto, a identidade profissional docente e suas representações sociais geram diferenças quanto ao perfil de professores: há aqueles com perfil profissional dialógico, isto é, preocupado em manter suas ideologias, fazer suas próprias escolhas quanto ao que ensinará; enquanto há outros, presos no ideal de ter que transmitir conteúdos nocionais, prescritos nos currículos e planos de ensino. Essa diferença é fruto de suas relações experimentais, articuladas a uma série de elementos, como a escola, o currículo, a interação com a comunidade e o exercício da profissão, que percorre o percurso profissional do docente (GEBRAN; TREVIZAN, 2018). Diante de um ambiente inflexível, não se tem espaço para mobilização, criatividade e autonomia do profissional, tendo como consequência uma fonte de mal-estar e angústia. Uma série de situações da vida cotidiana contribuem para o desenvolvimento desses fatores, como agressividade dos alunos, desvalorização do professor e seu trabalho profissional, sobrecarga de trabalho e desgastes relacionados ao próprio ambiente escolar. Esses fatores são geradores de cansaço, sofrimento e desprazer diante da profissão docente, que favorecem a ausência da sensação de autorrealização, desincentivo quanto a prática profissional, sofrimento psíquico e interferência na saúde mental (LOURENÇO; VALENTE; CORREA, 2020). No que diz respeito à práticas que podem ser significativas tanto para a discussão sobre o sentido da profissão quanto para a prática docente, pode-se dizer queo estabelecimento, manutenção e fortalecimento do vínculo entre professores e alunos é essencial e podem ser pensados a partir da ênfase na relação entre ambos no ensino-aprendizagem visando a geração de conhecimento e a partir de novas possibilidades da prática docente em sala de aula para aulas prazerosas e com participação ativa do aluno (NAVARRO; SILVA, 2012). A dinâmica ensino aprendizagem, uma vez que é um relacionamento humano, deve ter como seu principal componente o afeto e deve ter como objetivo a construção de um ambiente acolhedor, de trocas, interação e diálogo em que o aluno se sinta competente, tendo como referência as atividades, atitudes e métodos adotados pelos professores em sala de aula. Pode-se dizer que o magistério é uma ocupação fundamental para o funcionamento social. É parte intrínseca do modo como os sujeitos adquirem condições para analisar e interpretar a si mesmos, as sociedades, os fenômenos, entre outros tantos aspectos da experiência de se estar vivo. Dada sua significativa e essencial relevância, propõe-se por meio deste trabalho levantar questionamentos sobre o sentido da profissão docente - sobretudo com ênfase em como a Psicologia pode auxiliar no entendimento do sentido da profissão docente de forma positiva - e modos de mitigação de questões que permeiam o cenário contemporâneo da atuação de professores, por meio de uma proposta de intervenção com foco em como estabelecer e fortalecer o vínculo entre professores e alunos e em possíveis formas de abrandamento do sofrimento e da angústia desses profissionais. Objetivos Devido à mobilização frente a um conhecimento generalizado da profissão dos educadores e da sua importância em meio social, se faz necessário uma atenção especial direcionada a este grupo. Partindo desta relevância se torna crucial um meio de questionar todos os aspectos deste meio, buscando entender não só todo um contexto social deste grupo como também o sentindo, tudo isso por meio de um viés psicológico. A execução do projeto visa, uma compreensão do sentido da profissão propondo assim dinâmicas para isto, sempre buscando entender o individual do docente, sua significativa relevância e sua integração com aqueles à sua volta. O intuito das dinâmicas seria o direcionamento ao compartilhamento de informações, retratando os pontos altos e baixos e toda a interação do professor com o aluno, aspecto crucial para um bom funcionamento da profissão. Método Como modalidade de trabalho serão realizados seis encontros semanais, com duração de uma hora a uma hora e meia cada, dependendo da demanda, a partir de rodas de conversa e interações grupais. Serão feitos de maneira híbrida - encontros presenciais com auxílio de recursos tecnológicos. As rodas de conversa terão temáticas para cada semana, são elas: 1) o sentido da profissão docente; 2) desafios e possibilidades da profissão docente; 3) integração entre professores e alunos; 4) como trabalhar a angústia da profissão docente; 5) interação entre professores e alunos; 6) o sentido da profissão docente. Roda de conversa ou roda de conversação é um espaço que permite a aparição/emersão de experiências construídas ao longo da vida dos indivíduos. Sua premissa básica é a escuta de histórias que surgem ligadas a um fato contemporâneo ou passado da vida dos participantes do grupo - de acordo com o tema da conversa/dinâmica. A dinâmica pode ser precedida de um aquecimento e descontração, por meio de conversas informais e comentários. Seguindo-se, a roda de conversação pode ser iniciada por meio da leitura de um poema, música, apresentação de um objeto ou quaisquer outros modos que possam dar início à roda. Uma das características da modalidade é o encorajamento de todos que participam a falar sem limite de tempo, ordem ou sequência - respeitando a vez do outro falar e o limite de tempo da sessão (MELO; DOMINGUES, 2012). Propostas de intervenções 1º encontro - Roda de conversa: O sentido da profissão docente 1. O grupo de professores, os estagiários e o psicólogo se reúnem em uma sala e se sentam em cadeiras, que estarão distribuídas em formato de círculo, para que todos possam se olhar. 2. Por ser o primeiro encontro, os estagiários, sob a supervisão do psicólogo, se apresentam e resumem o projeto. Ademais, introduzem a dinâmica, explicando o tema, o método e a proposta. 3. Começa-se com um aquecimento para que todos se sintam mais confortáveis. Iniciam- se conversas informais, em que os estagiários perguntam o nome, o nível e, se houver, a disciplina em que cada um trabalha. Então, pode-se apresentar algum recurso interessante, como uma música, um poema ou um vídeo curto. 4. Os estagiários realizam a pergunta central ao grupo: Qual é o sentido da profissão docente para vocês? Todos os participantes deverão se engajar na discussão, não havendo ordem ou limite de tempo da fala, porém deve-se respeitar a vez do outro falar e o limite de tempo da sessão. Os estagiários e o psicólogo, como mediadores, podem acrescentar falas à discussão, com o intuito de incentivar os professores a compartilharem as suas experiências e opiniões e como forma de enriquecer o diálogo. É importante que haja atenção para que se guarde informações-chave sobre cada professor, como o seu nome e partes interessantes da sua resposta à pergunta ou de seus comentários durante o debate. 5. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a discussão em grupo acerca das perguntas norteadoras do encontro, alertamos os integrantes, caso o tema ainda esteja rendendo discussões, para que possamos ir nos encaminhando para o fim do encontro. 6. Os estagiários agradecem a presença e a abertura dos professores e pedem para que eles retornem nas próximas semanas e que eles divulguem a seus colegas do sistema público. 2º encontro - Roda de conversa: Desafios e possibilidades da profissão docente 1. O grupo de professores, estagiários e o psicólogo se reúnem na mesma sala e na mesma forma em que estavam sentados no primeiro encontro, em roda, para que possam compartilhar suas experiências uns com os outros ao decorrer do que for explorado na roda de conversa da semana. 2. Por terem se introduzido ao longo do primeiro encontro, uma alternativa de curta introdução como forma de aquecimento entre os integrantes da roda poderia ser perguntando informalmente se pensaram sobre o tema discutido no encontro passado, se gostaram da dinâmica e se estariam prontos para o próximo tema a ser discutido nesse encontro. 3. Ao finalizar o aquecimento, já sinalizando o início da dinâmica a ser feita a seguir, os estagiários apresentam as seguintes perguntas norteadoras para a discussão posterior em roda de conversa: Quais são seus maiores desafios na profissão docente? E quais são as suas maiores possibilidades na profissão? 4. Em seguida abre-se a discussão para que apresentem suas próprias reflexões acerca das perguntas, podendo falar esporadicamente, sem ordem pré-estabelecida, conforme sintam-se confortáveis. Devem respeitar o tempo de fala de cada um e também o tempo estabelecido para a discussão, sem ultrapassá-lo. Os estagiários e o psicólogo, como mediadores, podem acrescentar falas à discussão, com o intuito de incentivar os professores a compartilharem as suas experiências e opiniões e como forma de enriquecer o diálogo. É importante que se guarde informações relevantes sobre cada professor, como o seu nome e partes interessantes da sua resposta à pergunta ou de seus comentários durante o debate. 5. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a discussão em grupo acerca das perguntas norteadoras do encontro, alertamos os integrantes caso o tema ainda esteja rendendo discussões para que possamos ir nos encaminhando ao fim do encontro. 6. Os estagiários e o psicólogo então agradecem pela presença e abertura dos professores novamente, pedempara que retornem para as próximas semanas e que divulguem o projeto para seus colegas do sistema público. 3º encontro - Interação Grupal: Integração entre professores e alunos 1. Assim como nas dinâmicas anteriores, o grupo de professores, os estagiários e o psicólogo se reúnem em uma sala e se sentam em cadeiras organizadas em roda, porém dessa vez estes são acompanhados dos alunos, que também participarão da dinâmica de interação grupal. 2. Inicialmente, os estagiários iniciam a interação com uma conversa informal fazendo uma breve explicação de que a dinâmica será diferente das rodas de conversa feitas anteriormente, explicando que será uma atividade de interação entre grupos, então pedirá para que os alunos e os professores sentados em roda digam seus nomes em voz alta para que todos se identifiquem e possam começar com a atividade, como forma de apresentar uns aos outros e fazer um aquecimento inicial. 3. A dinâmica é, então, explicada pelos estagiários: os dois grupos diferentes, ou seja, professores e alunos, farão uma inversão de papéis. Os alunos terão que representar um professor e os professores terão que representar um aluno. Cada um irá ao centro da roda e fará uma encenação referente à figura que está interpretando, um de cada vez de acordo com a espontaneidade com o qual cada um sentir-se à vontade para interpretar. É necessário que respeitem o tempo da dinâmica e respeitem as interpretações de cada um. Após a interpretação, o grupo representado deve dizer se o papel corresponde a algo factível ou não e discutir o motivo brevemente. 4. A interação entre os grupos se dá a partir de uma reflexão que ambos fazem ao se verem interpretando e sendo interpretados uns pelos outros. O objetivo é colocar-se no lugar do outro na relação professor-aluno e descobrir quais as perspectivas e diálogos que emergem dos comentários referentes aos papéis. Assim como nas demais dinâmicas, é importante que se guarde informações relevantes sobre cada interpretação e comentário, seja de professor ou aluno, tais como o seu nome e partes interessantes da sua resposta ou de seus comentários durante a interação. 5. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a interação e interpretações entre os dois grupos acerca das interpretações, alertamos os integrantes caso o tema ainda esteja rendendo discussões, para que possamos ir nos encaminhando para o fim do encontro. 6. Assim como nos fins dos outros encontros, os estagiários e o psicólogo agradecem pela presença dos professores e dos alunos e pedem para que os docentes retornem para as próximas semanas e que divulguem o projeto para seus colegas do sistema público. 4º encontro - Roda de conversa: Como trabalhar a angústia da profissão docente 1. Assim como nos demais encontros, o grupo de professores, os estagiários e o psicólogo se reúnem em uma sala e se sentam em cadeiras organizadas em roda. 2. Como forma de aquecimento entre os integrantes da roda, pergunta-se informalmente se pensaram sobre o tema discutido no encontro passado, se gostaram da dinâmica e se estariam prontos para o próximo tema a ser discutido no encontro, como forma de engajá-los na dinâmica que será proposta nesta semana. 3. Ao finalizar o aquecimento, já sinalizando o início da dinâmica a ser feita a seguir, os estagiários apresentam as seguintes perguntas norteadoras para a discussão que será feita na roda de conversa: Como podemos trabalhar as angústias encontradas na profissão docente? Os estagiários e o psicólogo, como podem acrescentar falas à discussão com o intuito de incentivar os professores a compartilharem as suas experiências e opiniões para enriquecer o diálogo, porém ajudando-os a traçar paralelos entre as experiências que enriqueçam a troca entre todos. Assim como nas demais dinâmicas, é importante que se guarde informações relevantes sobre cada professor, como o seu nome e partes interessantes da sua resposta à pergunta ou de seus comentários durante o debate. 4. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a discussão em grupo acerca das perguntas norteadoras do encontro, alertamos os integrantes caso o tema ainda esteja rendendo discussões para que possamos ir nos encaminhando para o fim do encontro. 5. Assim como nos fins dos outros encontros, os estagiários e o psicólogo agradecem pela presença dos professores novamente, pedem para que retornem para as próximas semanas e que divulguem o projeto para seus colegas do sistema público. 5º encontro - Interação Grupal: Interação entre professores e alunos 1. Assim como nas dinâmicas anteriores, o grupo de professores, os estagiários e o psicólogo se reúnem em uma sala e se sentam em cadeiras organizadas em roda, acompanhados dos alunos, que também participarão da dinâmica novamente, por ser de interação grupal. 2. Os estagiários iniciam com uma conversa informal fazendo uma breve explicação de que a dinâmica será novamente diferente das rodas de conversa e pedirá para que os alunos e os professores sentados em roda digam seus nomes em voz alta para que todos se identifiquem e possam começar com a atividade. O objetivo é que haja um primeiro contato, identificação entre ambos os grupos e que possam interagir, como forma de aquecimento para a interação grupal que se segue. 3. A dinâmica é, então, explicada pelos estagiários: os dois grupos diferentes, ou seja, professores e alunos, terão que responder a uma série de perguntas, somente levantando as mãos caso concordem ou não. O objetivo da atividade é fazer com que ambos encontrem similaridades e identificação sobre aspectos relevantes para a relação entre professor e aluno. Cada pergunta é um round em que todos podem levantar sua mão se concordam e mantê-la abaixada se discordam. Os estagiários e o psicólogo coordenam e instigam que a cada turno, quem sentir-se à vontade queira falar o motivo pelo qual manteve ou não sua mão levantada. Devem se lembrar de seguir o tempo proposto para a dinâmica e respeitar o tempo de fala de cada um na roda. As perguntas são: 1) Você acha que os professores e alunos se divertem em sala de aula? 2) Você já se sentiu muito animado aprendendo ou ensinando algo? 3) Você já se sentiu chateado na sala de aula? 4) Você já se sentiu cansado dentro da sala de aula? 5) Você sente que existe um bom diálogo na sua sala de aula? 6) Você mudaria algo na sua sala de aula? 7) Você acha que os seus alunos ou seu professor fazem da sala de aula um lugar agradável? 8) Você já sentiu vontade de aprender ou ensinar de outro jeito que não fosse só na sala de aula? 9) Você acha que seus alunos ou seu professor deveriam tentar te entender mais? 10) A sala de aula é um ambiente em que você se sente confortável? 4. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a discussão em grupo acerca das perguntas norteadoras do encontro, alertamos os integrantes caso o tema ainda esteja rendendo discussões para que possamos ir nos encaminhando para o fim do encontro. 5. Assim como nos fins dos outros encontros, os estagiários e o psicólogo agradecem pela presença dos professores e dos alunos, pedem para que os docentes retornem para a próxima semana e que divulguem o projeto para seus colegas do sistema público. 6º encontro: Roda de conversa: O sentido da profissão docente 1. De forma similar ao primeiro encontro do mesmo tema, o grupo de professores, os estagiários e o psicólogo se reúnem em uma sala e se sentam em cadeiras organizadas em roda. 2. Por ser o último encontro, os estagiários iniciam com uma conversa informal sobre o que os professores acharam das atividades realizadas até agora. Após isso, se realiza um aquecimento diferente dos já antes feitos. Espera-se que, até esse ponto, o grupo de professores, mesmo que tenha mudado, esteja mais desinibido. 3. Os estagiários realizam a pergunta central ao grupo: O que mudou paravocês sobre o sentido da profissão docente? Como no primeiro encontro: Todos os participantes deverão se engajar na discussão, não havendo ordem ou limite de tempo da fala, porém deve-se respeitar a vez do outro falar e o limite de tempo da sessão. Os estagiários e o psicólogo, como mediadores, podem acrescentar falas à discussão, com o intuito de incentivar os professores a compartilharem as suas experiências e opiniões e como forma de enriquecer o diálogo. É importante que haja atenção para que se guarde informações-chave sobre cada professor, como o seu nome e partes interessantes da sua resposta à pergunta ou de seus comentários durante o debate. 4. Chegando próximo ao fim do tempo determinado para a discussão em grupo acerca das perguntas norteadoras do encontro, alertamos os integrantes, caso o tema ainda esteja rendendo discussões, para que possamos ir nos encaminhando para o fim do encontro. 5. Os estagiários agradecem a presença e a participação dos professores em todos os encontros e se despedem de maneira amistosa. Participantes Os participantes constituem um grupo de professores da rede pública, de faixa etária variadas, sem distinção de sexo, disciplina ou ano escolar em que atuam, que estejam dispostos a participar da dinâmica. Parceiros A dinâmica será realizada por estagiários de Psicologia, em conjunto com o serviço- escola dessas universidades. Equipe A equipe será composta por estagiários do curso de Psicologia e por um psicólogo com CRP ativo para a supervisão das dinâmicas. Monitoramento e avaliação Para o monitoramento das dinâmicas e de sua efetividade será passado uma lista de presença a cada encontro buscando saber a devolutiva das pessoas, quantos estão voltando, quantos novos estão chegando e quantos desistiram. Ao longo dos encontros também será feita uma devolutiva de maneira qualitativa, quando os organizadores perguntam para as pessoas sobre o que estas estão achando desta proposta. Orçamento Não será necessário a utilização de recursos monetários devido às parcerias com as universidades. Cronograma de atividades Encontro Tema Objetivos Atividades Materiais 01 O sentido da profissão docente Promover a troca de pontos de vista sobre o tópico Roda de conversa Sala, cadeiras, música e vídeo 02 Desafios e possibilidades da profissão docente Instigar a criatividade dos participantes e apresentar as Roda de conversa Sala e cadeiras eventualidades que os professores lidam 03 Integração entre professores e alunos Estimular o bate-papo entre os participantes Interação grupal Sala e cadeiras 04 Como trabalhar a angústia da profissão docente Incentivar os participantes a compartilhar formas de trabalhar com a angústia e contribuir fornecendo sugestões Roda de conversa Sala e cadeiras 05 Interação entre professores e alunos Estimular o diálogo entre os participantes. aguardando novos pontos de vista Interação grupal Sala e cadeiras 06 O sentido da profissão docente Finalizar com o relato dos participantes explicando porque houve a mudança de ponto de vista Roda de conversa Sala e cadeiras Considerações finais Pode-se dizer que a profissão docente é essencial para o funcionamento social como um todo. É fundamental para que os indivíduos possam compreender, analisar e interpretar a si mesmos, as sociedades, os fenômenos, entre outras diversas experiências de se estar vivo. Dada sua significativa e essencial relevância, este projeto se propôs a evidenciar o sentido da profissão docente - com ênfase no auxílio da Psicologia para se alcançar esse entendimento de forma positiva - e modos de mitigar questões que permeiam o cenário contemporâneo da atuação de professores, por meio de propostas de intervenção com enfoque no fortalecimento do vínculo entre professores e alunos, e em possíveis formas de abrandamento do sofrimento e da angústia desses profissionais, o que consequentemente favorece a qualidade de vida e, principalmente, neste contexto, de trabalho. As propostas de intervenção deste projeto visaram a criação de espaços de discussão coletiva e a possibilidade de encontrar o sentido, o incentivo e o prazer de trabalhar em escolas. A discussão sobre o sentido do magistério é relevante em qualquer contexto de organização social, mas faz-se bastante significativa na contemporaneidade devido às particularidades do cenário atual, da realidade vivida nas escolas. A partir do processo de conhecimento do potencial do escopo e do impacto que professores podem ter na vida dos sujeitos que se permitem afetar pelo processo ensino-aprendizagem - visto que pode ser bastante profundo e duradouro, de forma que acompanham os sujeitos durante toda a vida -, é possível equipar professores com confiança em seu trabalho e manter os motivos pelos quais decidiram ser docentes sempre renovados pelo própria dinâmica das salas de aula e sempre intencionalmente colocados em primeiro plano. Referências bibliográficas ARAÚJO, J. C. S. Profissão e docência segundo Max Weber. Acta Scientiarum: Education, Maringá, vol. 36, n°. 02, p. 189-198, jul./dez. 2014. COELHO, A. M. S.; DINIZ-PEREIRA, J. E. Olhar o magistério “no próprio espelho”: O conceito de profissionalidade e as possibilidades de se repensar o sentido da profissão docente. Revista Portuguesa de Educação, Minas Gerais, vol. 30, n°. 01, p. 07-34, 2017. GEBRAN, R. A.; TREVIZAN, Z. As representações sociais na construção da identidade profissional e do trabalho docente. Acta Scientiarum: Education, Presidente Prudente, vol. 40, n°. 02, p. 01-10, 2018. LOURENÇO, V. R.; VALENTE, G. S. C.; CORREA, L. V. Influências do trabalho na saúde mental docente da escola pública do Rio de Janeiro. Research, Society and Development, Rio de Janeiro, vol. 09, n°. 06, abr. 2020. MELO, G. L. de; DOMINGUES, A. R. Conversas e memórias: narrativas do envelhecer. 1° Edição. São Miguel Paulista: Editora Via Lettera, 2012. NAVARRO, E. C.; SILVA, O. G. da. A relação professor-aluno no processo ensino- aprendizagem. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar, São Paulo, vol. 03, n°. 08, p. 95- 100, 2012.
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