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66 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Unidade II 5 DESCONTAMINAÇÃO Conforme já foi discutido, os perigos biológicos são os mais presentes entre todos os perigos analisados. A quase onipresença dos microrganismos reduz a eficiência de medidas para evitar a sua presença e isso resulta na necessidade de adotar medidas para eliminá-los. Lembrete Consideramos perigos biológicos os microrganismos, os parasitas e as toxinas geradas pelos microrganismos. Animais e insetos são considerados perigos físicos. “Eliminação” não é uma palavra correta para este caso, pois, conforme será discutido a seguir, não existe eliminação total. Sempre existirá a probabilidade da sobrevivência de alguns microrganismos, do que decorre que qualquer processo de limpeza tem prazo de validade. A palavra adequada para esse processo é “descontaminação”. Descontaminação é uma série de procedimentos cujo objetivo é reduzir a carga de microrganismos de um utensílio até um nível aceitável. Esse nível é dado pelo uso que o utensílio a ser descontaminado tem. Isso se torna óbvio ao analisarmos alguma situação cotidiana: em uma limpeza doméstica, esfrega- se mais a panela que o vaso sanitário. Porém, antes de descrever os processos de descontaminação, é necessário rever alguns conceitos associados a isso. 5.1 Noções sobre o tratamento matemático da letalidade de microrganismos Os microrganismos se reproduzem por divisão celular. Uma célula dá origem a duas, duas dão origem a quatro e assim por diante. Dessa forma, depois de se adaptarem ao ambiente onde foram inoculados (chamada fase lag) os microrganismos começam a se duplicar. Depois de n ciclos, o número inicial de microrganismos foi multiplicado por 2n (chamada fase log). O tempo de duração desses ciclos varia conforme a espécie do microrganismo, mas, na prática, consideram-se 20 minutos como um valor de referência. Assim, após uma hora de espera, o número de microrganismos inicial de uma amostra passou por três ciclos de divisão celular, e o número inicial de microrganismos foi multiplicado por 23, ou seja, por 8. 67 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança A técnica matemática mais simples para se trabalhar com fatores exponenciais é o logaritmo. Observe a figura a seguir. Quando os dados de número de células em função do tempo são colocados em um gráfico, obtém-se uma curva exponencial (a), porém, ao se trabalhar com o logaritmo do número de células em função do tempo, essa curva torna-se uma reta, com que é mais fácil de trabalhar. 300000000 250000000 200000000 150000000 100000000 50000000 0 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 nú m er o de m ic ro or ga ni sm os lo g do n úm er o de m ic ro or ga ni sm os tempo tempo 20 2022 2224 2426 2628 2830 30 (a) (b) Figura 23 - Gráficos mostrando a curva de crescimento exponencial (a) e os mesmos dados em logaritmo (b) Quando é aplicado algum processo para provocar a morte dos microrganismos, a taxa de morte concorre com a taxa de crescimento, o que também resulta em valores exponenciais, portanto, são valores trabalhados em logaritmo. O decréscimo de 90% do número de células viáveis é chamado de década, e os processos de descontaminação são projetados para eliminar certo número de décadas. Dessa forma, se um processo eliminar três décadas de microrganismos, ele irá eliminar 90% de 90% de 90% dos microrganismos. É uma redução expressiva, porém nunca chegará a zero. Saiba mais Caso você queira conhecer mais sobre esse tratamento matemático, procure livros sobre tecnologia de alimentos, mais especificamente nos capítulos referentes a tratamentos térmicos de alimentos. 5.2 Definição dos graus de descontaminação 5.2.1 Limpeza Limpeza é o primeiro passo para o processamento de descontaminação. É um processo de remoção mecânica das sujidades e seu objetivo é a remoção de sujidades físicas e químicas. Nessa remoção, ocorre também a redução de microrganismos como resultado da ação mecânica. Um processo de limpeza utilizado no cotidiano é a lavagem de louças. Partiremos desse exemplo para explicar as etapas da limpeza em detalhes, mas os conceitos são estendíveis a qualquer aplicação. Imagine um prato sujo com molho de tomate. 68 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 5.2.1.1 Enxague inicial Se a pessoa que lavar esse prato partir direto para esfregá-lo com bucha, vai sujar a bucha e espalhar resíduos de molho por toda a louça a ser lavada, dificultando todo o processo. Porém, se a pessoa iniciar o processo com um enxague, vai remover as sujidades mais grossas apenas pela ação mecânica da água, reduzindo o trabalho futuro e o emprego de sabão. O enxague inicial é a principal ação no processo de limpeza. Se benfeito, reduz gastos em tempo de operação, em produtos químicos e em tratamento de efluentes, além de aumentar a eficiência das próximas operações. 5.2.1.2 Ação mecânica Após o enxague inicial, a pessoa lavando o prato deve esfregá-lo utilizando uma esponja com sabão. O enxague inicial removeu as sujidades que estavam soltas, mas as sujidades incrustadas precisam ser removidas por meio do atrito mecânico entre a bucha e a camada superficial da incrustação. O sabão é um coadjuvante nesse processo, fazendo a solubilização dos lipídios e das proteínas. Existem microrganismos aderidos nessas incrustações e nas paredes do prato, e essa ação mecânica removerá parte dessa carga. Essa remoção de microrganismos é pequena em relação aos outros processos de descontaminação. Porém, como todas essas remoções de microrganismos são proporcionais à quantidade de microrganismos inicial, qualquer redução na quantidade de microrganismos na etapa anterior quer dizer aumento significativo na eficiência das etapas posteriores. 5.2.1.3 Enxágue final Serve para remover os resíduos de detergente, incrustações e microrganismos. Aqui, continua valendo o conceito: uma operação anterior benfeita reduz os custos operacionais das operações posteriores e aumenta a eficiência do processo 5.2.1.4 Exemplos de limpeza Discutimos uma aplicação doméstica, mas os conceitos são os mesmos nas mais diversas aplicações. Seguem alguns exemplos: • Em restaurantes: o uso de máquinas de lavar louças, o esfregaço com bucha é substituído por jatos d’água. • Em indústrias farmacêuticas e de alimentos: a limpeza do interior de tubulações (CIP) é feita circulando-se água e soda cáustica em alta velocidade. A alta velocidade garante o atrito entre o fluido e as paredes dos tubos. 69 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança • Em hospitais: é feita a remoção de resíduos dos instrumentos cirúrgicos com o uso de banhos de ultrassom. O ultrassom faz a ação mecânica, quebrando as incrustações. • Em laboratórios: é feita a limpeza da vidraria utilizando-se escovas. 5.2.2 Desinfecção Desinfecção é um processo mais severo, cujo objetivo é destruir os microrganismos no estado vegetativo, sejam patogênicos ou não. Esse processo pode ocorrer por meios físicos ou químicos. Partículas, incrustações, gorduras e qualquer outro tipo de sujidade funcionam como uma camada protetora dos microrganismos, por isso, antes de se executar uma desinfecção, é fundamental que se faça uma limpeza. 5.2.2.1 Processos físicos de desinfecção O principal processo físico de desinfecção é a elevação da temperatura. Em altas temperaturas, interrompe-se a divisão celular dos microrganismos e começa a acontecer a morte das células. Quanto maior o tempo na temperatura alta, mais células vão morrer. Quanto mais alta a temperatura, mais rápido esse processo acontece. Esse é o chamado binômio tempo x temperatura. Quando se aumenta a temperatura, tanto a membrana celular quanto as proteínas são afetadas. Isso porque os ácidos graxosque compõem a parede celular aumentam sua permeabilidade, permitindo a entrada de substâncias indesejáveis no interior da célula. Além disso, o aumento da temperatura acelera as reações dentro das células, atingindo níveis inaceitáveis para o funcionamento celular, ou ainda desnaturando proteínas. Consideram-se altas as temperaturas acima de 60 ºC. O tempo de exposição vai depender do tipo de microrganismo e da quantidade de células a serem eliminadas. Cada microrganismo tem características próprias na determinação desses parâmetros. Lembrete O efeito dos processos de eliminação de microrganismos é proporcional à quantidade inicial de microrganismos, por isso, nunca chegará a zero. Após a exposição à alta temperatura, um recurso muito utilizado é a redução da temperatura, para que os microrganismos sobreviventes não voltem a se multiplicar. O processo mais conhecido de desinfecção por meios físicos é a pasteurização do leite. Até 1952, o leite era vendido de porta em porta, vindo diretamente da fazenda produtora. Porém, nessa mesma época, ocorria no Brasil um surto de tuberculose. A bactéria responsável por esse surto era a Micobacterium bovis, a da tuberculose bovina. 70 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Ao perceber essa relação, foi instituída a obrigação da pasteurização do leite, proibindo o comércio in natura (Decretos 39.093/56 e 66.183/70). Os parâmetros de pasteurização são fixados por lei nos seguintes valores: • pasteurização lenta: 62 ºC durante 30 minutos; • pasteurização rápida: 72 ºC durante 20 segundos. Esses valores são calculados para a eliminação da M. bovis. Note que a variação desses não é linear. 5.2.2.2 Processos químicos de desinfecção Nem todos os materiais suportam temperaturas elevadas. Para esses casos, é necessário lançar mão de produtos químicos para fazer a desinfecção, tomando muito cuidado na avaliação da compatibilidade química com os utensílios. A desinfecção química acontece porque algumas substâncias têm a capacidade de danificar a parede celular. A desinfecção por produtos químicos pode ser dividida em três níveis, dependendo da resistência do microrganismo a ser combatido: • Desinfecção de baixo nível: é quando objetiva eliminar bactérias vegetativas, vírus médios ou lipídicos. Um dos produtos mais comuns nesse processo é o quaternário de amônia, utilizado na limpeza de superfícies, paredes e mobiliários; tem a vantagem de ser pouco tóxico para humanos, mas pode causar irritações na pele e ataca borrachas sintéticas, cimento e alumínio. • Desinfecção de nível médio: o objetivo é eliminar, além dos microrganismos citados no baixo nível, os fungos e alguns tipos de vírus. Álcool etílico a 70%, compostos fenólicos entre 2% e 5% e hipoclorito de sódio a 1% são produtos utilizados nesse processo. Os compostos fenólicos com concentração de 2% a 5% precisam de um período de exposição de 20 a 30 minutos. O consumo de produto é relativamente baixo, pois são pouco afetados por matéria orgânica, mas têm a desvantagem de impregnar materiais porosos, não sendo indicado para artigos que entrem em contato com o trato respiratório (borracha, látex). São contraindicados para uso em berços e incubadoras. O hipoclorito a 1%, além de outros compostos clorados, tem ação rápida e baixo custo, mas é corrosivo para metais, inclusive o aço inox. É irritante das vias respiratórias e inativado por matéria orgânica. O álcool etílico a 70% também é de ação rápida e de baixo custo, mas ataca plásticos, borrachas e verniz, além de ser inflamável. Curiosamente, o aumento da concentração do álcool reduz a eficiência do produto, pois ele evapora antes de degradar a parede celular dos microrganismos. 71 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança • Desinfecção de alto nível: elimina microbactérias e esporos, além dos microrganismos citados anteriormente. Os produtos mais usados são o glutaraldeído a 2% e o ácido peracético. O glutaraldeído precisa de tempo de exposição de 20 a 30 minutos. Não produz corrosão de instrumentais e não altera componentes de borracha ou plástico, mas impregna matéria orgânica e pode ser retido por materiais porosos, além de ser irritante de vias aéreas, ocular e cutânea. O ácido peracético a 0,2% precisa de tempo de exposição de 5 a 10 minutos, é pouco tóxico, mas bastante irritante das vias aéreas. É corrosivo para metais (aço, bronze, latão, ferro galvanizado). Observação Não faz sentido enxaguar o utensílio após a desinfecção química, pois a água de enxague também possui uma carga microbiana própria. Além disso, o resíduo do produto ajuda a garantir a qualidade da operação. Por isso, é muito importante especificar corretamente o processo e o produto a serem utilizados. 5.2.3 Esterilização Esterilização é a destruição de todas as formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus. Da mesma forma que a desinfecção, esse processo pode ocorrer por meios físicos ou químicos. Como já foi discutido, o resultado final de um processo de eliminação de microrganismos é proporcional à quantidade inicial de microrganismos; é muito importante que se façam uma limpeza e uma desinfecção antes da esterilização. Observação Esse conceito é frequentemente ignorado por causa da falsa ideia de que a esterilização vai matar todos os organismos. Lembre-se: por ser uma redução proporcional, o resultado nunca vai ser zero. 5.2.3.1 Processos físicos de esterilização O principal processo físico de esterilização também é relacionado com o binômio tempo x temperatura, porém as condições de processo são mais severas. O processo de esterilização mais conhecido é a produção do leite longa vida ou UHT. Nesse processo, o leite cru é centrifugado (limpeza mecânica), a temperatura é elevada até cerca de 80 °C e mantida 72 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 durante alguns segundos (desinfecção), para depois ter sua temperatura elevada a cerca de 150 °C e mantida por alguns segundos (esterilização). Outro processo de esterilização bastante difundido é aquele por meio de radiações. As mais usadas são a radiação gama, as micro-ondas e a radiação ultravioleta. A radiação gama, emitida pelo cobalto-60 ou pelo césio-137, é utilizada em materiais sensíveis ao calor, mas sua eficiência é condicionada à densidade do material, que irá determinar o grau de penetração da radiação. Esta afeta diretamente alguns processos fisiológicos, eliminando microrganismos e inativando enzimas. As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com frequência em torno de 2,5 GHz. Elas afetam diretamente a água, elevando sua temperatura. A radiação ultravioleta, além de afetar diretamente os processos fisiológicos, também forma como resíduo o ozônio, uma substância que ataca a parede celular dos microrganismos. Porém, sua penetrabilidade é menor que a da radiação gama. 5.2.3.2 Processos químicos de esterilização Existem duas formas de esterilização com produtos químicos: com produtos líquidos e com produtos gasosos. A esterilização com produtos líquidos é feita por meio da imersão do utensílio num banho contendo o produto. Os esterilizantes mais utilizados nesse processo são o glutaraldeído a 2%, o ácido peracético a 0,2% e o peróxido de hidrogênio a 6%. São produtos semelhantes aos da desinfecção, mas o tempo de exposição é maior. Essa imersão deve ser feita com extremo cuidado para que não fiquem bolhas de ar adsorvidas nas superfícies dos utensílios, já que essas bolhas não permitem o contato entre a superfície a ser esterilizada e o produto esterilizante. Por essa razão, não é recomendável utilizar-se a esterilização por produtos líquidos. Esse problema não ocorre com o uso de produtos químicos gasosos. O produto gasoso de esterilização mais comum, muito usado em hospitais, é o óxido de etileno (EtO). Eleé inflamável e carcinogênico, mas, se misturado com dióxido de carbono (8,5% de EtO e 91,5% de CO2), torna-se seguro para trabalhar. 5.2.3.3 Monitoramento do processo de esterilização O grande problema dos riscos biológicos é que não vemos os microrganismos. Por isso, é necessário que se façam testes para verificar se a esterilização foi eficiente de fato. O teste mais seguro para garantir que o produto foi esterilizado é promover a cultura dos microrganismos, mas trata-se de um procedimento que leva dias para apresentar algum resultado. Em um hospital onde se fazem milhares de esterilizações por mês, isso seria inviável. 73 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança Para resolver a essa questão, fazem-se avaliações práticas periódicas dos procedimentos e dos equipamentos, colocando-se indicadores químicos ou biológicos da eficiência da esterilização. Essas verificações são feitas nas seguintes situações: • na instalação e após a manutenção de equipamentos envolvidos no processo; • após qualquer modificação proposta no processo de esterilização; • periodicamente, para se estabelecer um histórico de confiabilidade do processo. Por exemplo: um laboratório comprou uma autoclave úmida nova. Apesar de nova, não dá para garantir que o equipamento é eficiente, pois, se a distribuição de temperaturas no interior dele não for uniforme, alguma região do equipamento pode não ser esterilizada. Algo semelhante acontece no forno de um fogão doméstico: um lado do assado sempre queima mais que o outro. No primeiro teste do equipamento, posiciona-se o indicador na pior posição possível e inicia-se o procedimento. Se ocorrer a esterilização, o equipamento está liberado para produção. Esse teste deverá ser repetido, por exemplo, a cada 12 horas. Se, após alguns dias, o equipamento continuar eficiente, o tempo entre os testes pode ser estendido, já que o equipamento tem se mostrado confiável. Como testes rápidos, podem ser utilizados: • Tiras indicadoras: são tiras impregnadas com tinta termoquímica que muda de coloração quando exposta à temperatura. São colocadas sobre todos os produtos a serem esterilizados. • Teste Bowie e Dick: é um teste semelhante às tiras indicadoras que avalia remoção de ar, penetração do vapor, tempo e temperatura. Normalmente, é usado na primeira operação do dia. • Indicadores biológicos: são culturas padronizadas de microrganismos comprovadamente resistentes a processos térmicos menos severos. Caso essa cultura sobreviva ao processo de esterilização, significa que este é falho. 5.2.4 Classificação dos artigos médico-hospitalares Dependendo da aplicação do utensílio, será exigido um nível de descontaminação. Na área da saúde, cada instrumento ou utensílio utilizado é um transmissor de infecções em potencial. Os artigos médico-hospitalares são classificados em: • Artigos não críticos: são os que não entram em contato com pacientes ou que interagem apenas com a pele íntegra. Apesar de apresentarem baixo risco de transmissão de infecções, podem servir 74 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 de disseminação de microrganismos entre os pacientes. Por exemplo: comadres, jarros, bacias, aparelhos de pressão e termômetros. • Artigos semicríticos: são os artigos que entram em contato com a membrana mucosa que reveste os órgãos internos, como tubo digestivo, intestino ou pulmões, ou com a pele não íntegra. A pele íntegra é impermeável a microrganismos, mas, se estiver rompida, permitirá o ingresso destes. Estão incluídos nessa categoria endoscópios, equipamentos de terapia respiratória etc. • Artigos críticos: são aqueles que penetram em tecidos ou têm contato com o sangue, portanto, possuem alto risco de infecção. Por exemplo: agulhas hipodérmicas, instrumentos cirúrgicos, cateteres etc. Note que entender e aplicar o critério de classificação é muito mais importante do que generalizar. Desta forma, uma comadre que venha a ser utilizada por um paciente com queimaduras na região dos glúteos, por exemplo, deve ser tratada como um artigo semicrítico e não como um artigo não crítico, como seria normalmente. De acordo com a classificação do artigo médico-hospitalar, o processo de descontaminação deve ser especificado da seguinte forma: • Artigos não críticos devem receber apenas a limpeza. • Artigos semicríticos devem receber a limpeza e, posteriormente, a desinfecção. • Artigos críticos devem receber a limpeza, a desinfecção e, posteriormente, a esterilização. Saiba mais Existem diversos catálogos sobre instrumentação cirúrgica disponíveis na internet. Por meio deles, você pode se familiarizar com os nomes específicos de diversos artigos médico-hospitalares. 6 LEGISLAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA A biossegurança é uma disciplina nova, surgida no século XX, voltada para o controle e a minimização de riscos advindos da prática de diferentes ramos do conhecimento humano relacionados à saúde e ao meio ambiente, seja em laboratório, produção de alimentos ou quando aplicadas a trabalhos de campo. A biossegurança é regulada em vários países no mundo por um conjunto de leis, procedimentos ou diretivas específicas. No Brasil, a primeira legislação de biossegurança foi criada em 1995, enfocando apenas questões relacionadas com a engenharia genética, que é a tecnologia do DNA ou RNA recombinante, estabelecendo 75 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança os requisitos para o manejo de organismos geneticamente modificados, para permitir o desenvolvimento sustentado da biotecnologia. O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana e animal e o meio ambiente. Sendo assim, as tecnologias baseadas em DNA ou RNA recombinantes são tratadas, pela biossegurança, sob três aspectos: o primeiro diz respeito aos procedimentos empregados para garantir a segurança imediata dos manipuladores; o segundo aspecto, ao futuro, já que é muito difícil prever os efeitos de manipulações genéticas em populações e no meio ambiente em longo prazo; o terceiro aspecto é o questionamento sobre quais manipulações genéticas são adequadas em relação à ética. Nesse último aspecto, esbarramos em outra área do conhecimento, chamada bioética. Com relação ao aspecto relacionado ao trabalhador em sua atividade cotidiana, as normas tradicionais de segurança laboratorial enfatizam o uso de Boas Práticas de trabalho, equipamentos de contenção adequados, dependências bem projetadas e controles administrativos que minimizem os riscos de uma infecção acidental ou ferimentos em trabalhadores de laboratório, e ainda que evitem a contaminação do meio ambiente. Porém, medidas de biossegurança específicas precisam ser discutidas e adotadas por laboratórios de pesquisa, aliadas a um amplo plano de educação baseado nas normas nacionais e internacionais quanto ao transporte, à conservação e à manipulação de microrganismos geneticamente modificados e seus produtos derivados. Embora os laboratórios clínicos e de pesquisas possam conter uma variedade de materiais biológicos, químicos e radioativos perigosos, até o momento existem poucos relatórios sobre o uso intencional de quaisquer desses materiais de forma a causar prejuízos a outros. Entretanto, há crescente preocupação sobre o possível uso de materiais biológicos, químicos e radioativos como agentes para o terrorismo. Em resposta a essas preocupações, há normas que orientam essas questões de segurança laboratorial, como a prevenção da entrada de pessoas não autorizadas em áreas laboratoriais e da remoção não autorizada de agentes biológicos perigosos, entre outras. 6.1 Conceito O conceito de biossegurança surgiu na década de 1970, na reunião de Asilomar, na Califórnia, quando a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenhariagenética na sociedade (COSTA; COSTA, 2002). A partir daí, o termo “biossegurança” foi sofrendo alterações. Na década de 1970, a Organização Mundial da Saúde a definia como “práticas preventivas para o trabalho com agentes patogênicos para o homem” (WHO, apud COSTA; COSTA, 2002). O foco voltava-se para a saúde do trabalhador frente aos riscos biológicos no ambiente ocupacional. Já na década de 1980, a própria OMS incorporou a essa definição os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. 76 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Nos anos 1990, verificamos que a definição de biossegurança sofreu mudanças significativas. Em um seminário realizado no Instituto Pasteur, em Paris, foi observada a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em programas de biossegurança (COSTA; COSTA, 2002). 6.2 Histórico No Brasil, por iniciativa do então senador Marco Antônio Maciel, um Projeto de Lei de Biossegurança foi submetido à aprovação do Congresso Nacional em 1989. O conhecimento e o interesse por essa área, no entanto, só foram fortalecidos com a Convenção sobre a Diversidade Biológica, aprovada em 1992 durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92 ou Rio 92. Um maior interesse por normas definidas para o manuseio e uso de organismos geneticamente modificados (OGM), mais conhecidos como organismos transgênicos, partiu de instituições de pesquisa que desenvolviam atividades de engenharia genética. Em maio de 1994, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), com apoio da Unido/ICGEB, organizou o primeiro workshop internacional sobre organismos transgênicos no Brasil. Participantes de instituições de pesquisa e empresas privadas do Brasil e de outros países da América Latina receberam instruções sobre aspectos de biossegurança de organismos transgênicos e debateram o desenvolvimento de regulamentação desse setor na região. Foi formado um grupo de trabalho que incluía a Embrapa, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e a Associação Brasileira de Empresas de Biotecnologia (Abrabi) para acompanhar as discussões do Projeto de Lei de Biossegurança no Congresso Nacional, com o apoio do seu relator na Câmara dos Deputados, o deputado Sérgio Arouca. O resultado desse trabalho, que também contou com o apoio de empresas privadas, culminou com a aprovação da Lei de Biossegurança em dezembro de 1994, a qual veio a ser a primeira lei sancionada pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, a Lei n. 8.794, de 6 de janeiro de 1995. O decreto regulamentador da lei, Decreto n. 1.974, elaborado por uma comissão interministerial presidida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, foi publicado em dezembro de 1995. A Lei de Biossegurança de 1995 regulava todos os aspectos da manipulação e uso de OGM no Brasil, incluindo pesquisa em contenção, experimentação em campo, transporte, importação, produção, armazenamento e comercialização. Seu escopo limitou-se ao uso da engenharia genética, ou uso da técnica do DNA/RNA recombinante, para a troca de material genético entre organismos vivos. Outras técnicas biotecnológicas, como fusão celular e cultura de tecidos, não foram incluídas. Porém, por não abordar assuntos polêmicos, como o uso terapêutico de células-tronco embrionárias e a autorização para o uso comercial de alimentos transgênicos, a Lei n. 8.794/95 foi revogada e substituída pela Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005. 77 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança 6.3 Lei n. 11.105/2005 Esta lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGMs e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. Ela regulamenta os incisos II, IV e V do § 1, do art. 225 da Constituição Federal. Esse artigo diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: • preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; • controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. 6.4 Engenharia genética No artigo das definições, a Lei n. 11.105/2005 explica diversos termos técnicos como: • organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas; • ADN e ARN: material genético que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis à descendência; • ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou sintético e que possam multiplicar- se em uma célula viva, ou ainda as moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural; • engenharia genética: atividade de produção e manipulação de moléculas de ADN/ARN recombinante; • organismo geneticamente modificado (OGM): organismo cujo material genético (ADN/ARN) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética. Esta lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio de diversas técnicas de manipulação celular, desde que não impliquem a utilização de OGM como receptor ou doador. 78 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Note que, para ser um OGN, o organismo deve ser resultado de técnicas utilizando ADN/ARN recombinante. Esta lei também permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas às seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. § 1. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores. § 2. Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. § 3. É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Art. 6. Fica proibido: I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu acompanhamento individual; II – engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei; III – engenharia genética em célula humana; IV – clonagem humana; V – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo comas normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização. (BRASIL, 2005). 6.5 Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) O Conselho Nacional de Biossegurança é um órgão de assessoramento do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança (PNB). 79 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança Compete ao CNBS: I – fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais; II – analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados; O CNBS é composto pelos seguintes membros: I – Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá; II – Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia; III – Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário; IV – Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; V – Ministro de Estado da Justiça; VI – Ministro de Estado da Saúde; VII – Ministro de Estado do Meio Ambiente; VIII – Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; IX – Ministro de Estado das Relações Exteriores; X – Ministro de Estado da Defesa; XI – Secretário Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República. 6.6 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança é uma comissão multidisciplinar, de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao governo federal na formulação, atualização e implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente. A CTNBio é o órgão que acompanha o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. Art. 11. A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reconhecida competência técnica, de 80 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 notória atuação e saber científicos, com grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio ambiente, sendo: I – 12 (doze) especialistas de notório saber científico e técnico, em efetivo exercício profissional, sendo: a) 3 (três) da área de saúde humana; b) 3 (três) da área animal; c) 3 (três) da área vegetal; d) 3 (três) da área de meio ambiente; II – um representante de cada um dos seguintes órgãos, indicados pelos respectivos titulares: a) Ministério da Ciência e Tecnologia; b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; c) Ministério da Saúde; d) Ministério do Meio Ambiente; e) Ministério do Desenvolvimento Agrário; f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; g) Ministério da Defesa; h) Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República; i) Ministério das Relações Exteriores; III – um especialista em defesa do consumidor, indicado pelo Ministro da Justiça; IV – um especialista na área de saúde, indicado pelo Ministro da Saúde; V – um especialista em meio ambiente, indicado pelo Ministro do Meio Ambiente; VI – um especialista em biotecnologia, indicado pelo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 81 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança VII – um especialista em agricultura familiar, indicado pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário; VIII – um especialista em saúde do trabalhador, indicado pelo Ministro do Trabalho e Emprego. § 1. Os especialistas de que trata o inciso I do caput deste artigo serão escolhidos a partir de lista tríplice, elaborada com a participação das sociedades científicas, conforme disposto em regulamento. § 2. Os especialistas de que tratam os incisos III a VIII do caput deste artigo serão escolhidos a partir de lista tríplice, elaborada pelas organizações da sociedade civil, conforme disposto em regulamento. § 3. Cada membro efetivo terá um suplente, que participará dos trabalhos na ausência do titular. § 4. Os membros da CTNBio terão mandato de 2 (dois) anos, renovável por até mais 2 (dois) períodos consecutivos (BRASIL, 2005). Compete à CTNBio: I – estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; II – estabelecer normas relativamente às atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; III – estabelecer, no âmbito de suas competências, critérios de avaliação e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; IV – proceder à análise da avaliação de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; V – estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança – CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados; VI – estabelecer requisitos relativos à biossegurança para autorização de funcionamento de laboratório, instituição ou empresa que desenvolverá atividades relacionadas a OGM e seus derivados; VII – relacionar-se com instituições voltadas para a biossegurança de OGM e seus derivados, em âmbito nacional e internacional; 82 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 VIII – autorizar, cadastrar e acompanhar as atividades de pesquisa com OGM ou derivado de OGM, nos termos da legislação em vigor; IX – autorizar a importação de OGM e seus derivados para atividade de pesquisa; X – prestar apoio técnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulação da PNB de OGM e seus derivados; XI – emitir Certificado de Qualidade em Biossegurança – CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratório, instituição ou empresa e enviar cópia do processo aos órgãos de registro e fiscalização referidos no art. 16 desta Lei; XII – emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a biossegurança de OGM e seus derivados no âmbito das atividades de pesquisa e de uso comercial de OGM e seus derivados, inclusive a classificação quanto ao grau de risco e nível de biossegurança exigido, bem como medidas de segurança exigidas e restrições ao uso; XIII – definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados; XIV – classificar os OGM segundo a classe de risco, observados os critérios estabelecidos no regulamento desta Lei; XV – acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico-científico na biossegurança de OGM e seus derivados; XVI – emitir resoluções, de natureza normativa, sobre as matérias de sua competência; XVII – apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de prevenção e investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante; XVIII – apoiar tecnicamente os órgãos e entidades de registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta Lei, no exercício de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados; XX – identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradação do meio ambienteou que possam causar riscos à saúde humana; 83 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança XXI – reavaliar suas decisões técnicas por solicitação de seus membros ou por recurso dos órgãos e entidades de registro e fiscalização, fundamentado em fatos ou conhecimentos científicos novos, que sejam relevantes quanto à biossegurança do OGM ou derivado, na forma desta Lei e seu regulamento; XXII – propor a realização de pesquisas e estudos científicos no campo da biossegurança de OGM e seus derivados (BRASIL, 2005). 7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES A NR-5 é a Norma Reguladora que trata das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa). Lembrete As NRs são anexos da Consolidação das Leis Trabalhistas, principal documento da legislação trabalhista brasileira. A Cipa tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. As empresas devem constituir a Cipa de acordo com a atividade econômica e o número de empregados. A formação de uma Cipa é obrigatória para todas as empresas. Ela é responsável por tratar questões sobre a segurança do trabalho de todos os trabalhadores, qualquer que seja o vínculo de emprego. Por exemplo, empresas públicas que tenham funcionários estatutários (concursados), celetistas, terceirizados e autônomos em seu quadro de funcionários, todos eles são cobertos pela ação da Cipa. Curiosamente, a NR-5 faz diferenciação entre trabalhadores e empregados. Empregados são aqueles que têm algum tipo de vínculo de emprego, e trabalhadores são todos aqueles que executam atividades dentro da empresa, o que inclui os terceirizados e prestadores de serviço. A Cipa tem mandato de um ano e um número igual de representantes do empregador (indicados pela empresa) e de representantes dos empregados (eleitos). O presidente da Cipa deve ser escolhido pela empresa, dentre os membros por ela indicados; o vice- presidente da Cipa deve ser eleito dentre os representantes eleitos titulares, em eleição de que participam todos os representantes eleitos, inclusive os suplentes; o secretário da Cipa pode ser escolhido entre os membros da Comissão ou até mesmo ser um funcionário que dela não faça parte, mas seu nome precisa ser necessariamente aprovado por todos os cipeiros, eleitos e indicados. Cabe ao presidente e ao vice-presidente da Cipa mediar conflitos, elaborar o calendário de reuniões ordinárias e constituir comissão eleitoral para regular o processo de eleição da Cipa subsequente. Cabe ao secretário da Cipa elaborar as atas das reuniões ordinárias da Comissão. 84 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Quando o estabelecimento não se enquadra na obrigatoriedade de constituição de Cipa, é exigida a designação de uma pessoa com o treinamento específico para desempenhar as atribuições da Comissão. A empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos deverá garantir a integração das Cipas e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho. As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, por meio de membros de Cipa ou designados, mecanismos de integração com o objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da administração do local. 7.1 Estabilidade provisória É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de Cipas desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Serão garantidas aos membros da Cipa condições que não descaracterizem suas atividades normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência. 7.2 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) O PPRA é um conjunto de ações visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Ele é regulamentado pela NR-9. No Brasil, a legislação do trabalho obriga todas as empresas a elaborarem e implementarem o PPRA, além de manter um documento-base de registro dessas ações, que incluem: • levantamento dos riscos; • planejamento anual com estabelecimento de metas e prioridades; • cronogramas; • estratégia e metodologia de ação; • forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; • periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. 85 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança A figura a seguir mostra um esquema do funcionamento do PPRA. Diagnóstico da situação Estabelecimento de metas de redução Planejamento de ações preventivas Execução de ações Medição de resultados Divulgação de dados Levantamento dos riscos Estratégia metodologia de ação Cronograma Registro Figura 24 - Esquema do funcionamento do PPRA Observação O PPRA funciona de forma semelhante a qualquer sistema da qualidade, como o ISO 9000, por exemplo. Repare que o PGRSS tem estrutura semelhante. É um programa de gerenciamento. O documento-base, previsto na estrutura do PPRA, permanecerá na empresa à disposição da fiscalização, junto com um roteiro das ações a serem empreendidas para atingir as metas do programa. A implementação do PPRA é obrigatória para todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, não importando o grau de risco ou a quantidade de empregados. Por exemplo, uma padaria, uma loja ou uma planta industrial, todos estão obrigados a ter um PPRA, cada um com sua característica e complexidade diferentes. A Cipa e seus participantes devem participar da elaboração do PPRA, auxiliando na sua implementação. Mas não se esqueça: o PPRA é uma obrigação legal do empregador e, por isso, deve ser de sua iniciativa e responsabilidade direta. 86 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 7.3 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é um procedimento legal estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho no Brasil, mediante a Norma Regulamentadora 7, visando proteger a saúde ocupacional dos trabalhadores. Algumas de suas exigências básicas são a realização e registros dos seguintes exames em todos os empregados de uma empresa: • exame admissional; • exame periódico; • exame de retorno ao trabalho (após afastamento por doença ou acidente); • exame de mudança de função; • exame demissional. No auxílio do diagnóstico, o médico coordenador do PCMSO pode lançar mão de uma série de recursos, entre eles a elaboração de exames complementares. Entre os mais comuns, podemos citar os laboratoriais, audiométricos, radiológicos, entre outros. Do ponto de vista processual, quase tão importante quanto a elaboração dos diagnósticos é a guarda de documentos, pois estes podem ser solicitados para fins trabalhistas ou previdenciários muitos anos após o desligamento do funcionário. A NR-7 preconiza que os documentos, entre eles os prontuários médicos e o resultados dos exames complementares, sejam guardados por um período mínimo de 20 anos após o desligamento do colaborador. 7.4 Plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS) Em 1991, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou uma resolução desobrigando “a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde” (Resoluçãon. 6, BRASIL, 1991). Para que os resíduos dos estabelecimentos de saúde não sejam despejados indiscriminadamente, o Conama estabeleceu a obrigação da criação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), um documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos de serviços de saúde, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos geradores de resíduos de serviços de saúde. 87 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança A implantação do PGRSS é obrigatória a todo gerador de resíduos de serviços de saúde, como a todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares (BRASIL, 2005). A Resolução Conama n. 5/1993 define resíduos sólidos como: resíduos nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (BRASIL, 1993). Todos os resíduos gerados na área da saúde, inclusive alguns fluidos corporais contaminados, são tratados como resíduos sólidos. Tratam-se os fluidos corporais contaminados como resíduos sólidos porque devem ser acondicionados em embalagens específicas antes de serem descartados. Os resíduos produzidos nos serviços de saúde são classificados como: • Grupo A: são os resíduos que podem apresentar agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção ou contaminação. • Grupo B: são os resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxidade, medicamentos, resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes. • Grupo C: são as substâncias radioativas em níveis superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. • Grupo D: são os resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Por exemplo: papel de uso 88 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos provenientes das áreas administrativas, resíduos de varrição, flores, podas e jardins. • Grupo E: são os materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares. O Programa de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde segue a mesma lógica aplicada a sistemas de qualidade: escreve-se o que se faz, depois faz-se o que está escrito. O primeiro requisito neste processo é que alguém da alta administração da unidade geradora de RSS esteja envolvido na implantação do programa. Neste caso, temos a figura do responsável legal pelo programa. Ele é uma figura central nesse processo, pois está hierarquicamente acima de todos os envolvidos no gerenciamento do RSS e vai obrigá-los a seguirem rigorosamente o estabelecido no PGRSS. Em geral, o responsável legal é um administrador e, portanto, um sujeito que está distante ou que não domina o conhecimento técnico necessário à implantação de um programa. O indivíduo que tem esse conhecimento é o responsável técnico, a pessoa que irá assinar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no respectivo conselho de classe e responder por qualquer falha técnica no programa. Após o estabelecimento dessas duas figuras, formam-se grupos de trabalho que irão analisar os diversos aspectos, desde a geração até a destinação final do RSS. Essas etapas estão descritas a seguir: 1. Levantamento dos tipos de resíduos e das quantidades geradas: esta fase consiste na verificação dos tipos de resíduos e das quantidades em que eles são gerados em cada uma das fontes geradoras. 2. Acondicionamento dos resíduos: consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Além disso, cada tipo de resíduo deve ser embalado em recipientes adequados e facilmente identificáveis por tipo para garantir a segurança do manuseio. 3. Coleta e transporte interno: consistem no recolhimento e remoção dos RSS das unidades geradoras e salas de resíduos até o abrigo externo de armazenamento final. São necessárias ações planejadas para garantir uma movimentação segura dos RSS, sem oferecer riscos ao meio ambiente e à saúde dos funcionários e da população. 4. Armazenamento temporário dos RSS: consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta 89 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à disponibilização para coleta externa. Dependendo da distância entre os pontos de geração de resíduos e do armazenamento externo, poderá ser dispensado o armazenamento temporário, sendo o encaminhamento direto ao armazenamento para coleta externa. 5. Armazenamento externo: o armazenamento externo ou provisório consiste na guarda provisória de RSS em ambiente próprio, denominado abrigo de resíduos. O armazenamento provisório tem como objetivos liberar a unidade geradora da presença dos RSS e possibilitar o armazenamento provisório de resíduos infectantes e químicos em condições de segurança para funcionários e para o meio ambiente. 6. Coleta e transportes externos: é a coleta e o transporte externos de RSS, do abrigo de resíduos até a etapa de tratamento e/ou disposição final, consiste nas operações de remoção e transporte dos resíduos, de forma planejada e exclusiva, com uso de veículos próprios e específicos por empresa licenciada para essas atividades segundo legislação específica. 7. Disposição final dos RSS: consiste na disposição definitiva de resíduos no solo ou em locais previamente preparados para recebê-los. Pela legislação brasileira, a disposição deve obedecer a critérios técnicos de construção e operação, para as quais é exigido licenciamento ambiental de acordo com a Resolução Conama n. 237/97. O projeto deve seguir as normas da ABNT. Os geradores de RSS, isto é, os estabelecimentos deserviços de saúde, são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização. É possível terceirizar alguns dos serviços, mas esta terceirização não os isenta da responsabilidade sobre o resíduo e essa responsabilidade do gerador perdura mesmo após a disposição final do resíduo. 7.5 Mapa de Riscos Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e doenças de trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento etc.). O Mapa de Risco surgiu na Itália no final da década de 1960. No início da década de 1970, o movimento sindical desenvolveu um modelo próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos próprios trabalhadores. O conhecido “modelo operário italiano” consiste em valorizar o saber operário, não delegando tais funções aos técnicos, possibilitando dessa forma a participação dos trabalhadores nas ações de planejamento e controle da saúde nos locais de trabalho. 90 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 O Mapa de Risco se disseminou por todo o mundo, chegando ao Brasil na década de 1980. Lembrete A elaboração dos Mapas de Risco é obrigatória. A realização de mapeamento de riscos tornou-se obrigatória para todas as empresas que tenham Cipa, por meio da Portaria n. 05, de 17/08/92 do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador do Ministério do Trabalho (DNSST). De acordo com o artigo 1° desta portaria, cabe às Cipas a elaboração dos Mapas de Risco dos locais de trabalho (BRASIL, 1992). Por meio de seus membros, a Cipa deverá ouvir os trabalhadores de todos os setores e poderá contar com a colaboração do serviço especializado de medicina e segurança do trabalho. A elaboração do Mapa de Risco deve ser feita de maneira a permitir a participação do maior número de trabalhadores, sem delegar a terceiros essa tarefa. O que interessa aos trabalhadores é que sua elaboração seja um processo pedagógico em que se ampliem os espaços de elaboração da identidade desses trabalhadores e que exerçam realmente o seu papel. Para a elaboração do mapa, deve-se: • conhecer o processo de trabalho no local analisado: número de trabalhadores, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada; os instrumentos e materiais de trabalho; as atividades exercidas; o ambiente; • identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação específica dos riscos ambientais; • identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia. Medidas de proteção coletiva; medidas de organização do trabalho; medidas de proteção individual; medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer; • identificar os indicadores de saúde, as queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos, acidentes de trabalho ocorridos, doenças profissionais diagnosticadas, causas mais frequentes de ausência ao trabalho; • conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local. 91 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança A figura a seguir mostra exemplo de um Mapa de Risco. sala 1 sala 4 sala 2 sala 3 1 22 1 Grande Físico Químico Biológico Ergonômico Acidente Médio Pequeno 1 Figura 25 - Exemplo de um Mapa de Risco Ela mostra as diversas salas, indicando os perigos associados às atividades executadas ali e o número de pessoas envolvidas nessas atividades. Saiba mais Existem disponíveis na internet diversos documentos comentando sobre a CLT e as Normas Regulamentadoras. As NRs citadas aqui são de interesse da biossegurança, mas conhecer essas leis é importante de forma geral para entender as relações do trabalho. 8 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS O fogo tem fascinado a humanidade durante milhares de anos e, a partir do seu domínio, presumivelmente, foi o primeiro grande passo do Homem para a conquista de ambientes inóspitos. Ao seu redor, graças ao seu calor, têm vivido centenas de gerações. Entre muitos fatores, o fogo foi um dos maiores responsáveis pelo grau de desenvolvimento que a humanidade atingiu. Por outro lado, é um elemento de difícil controle. Portanto, o Homem não tem total domínio sobre seu poder destrutivo. 92 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 No século XVIII, Antoine-Laurent de Lavoisier descobriu as bases científicas do fogo. Ele colocou mercúrio dentro de um recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a 300 ºC, observou a formação de um pó vermelho que pesava mais que o líquido original. Ele notou que a quantidade de ar que havia no recipiente diminuíra em 1/5, e que esse mesmo ar possuía o poder de apagar qualquer chama e matar. Concluiu que a queima do mercúrio absorveu a parte do ar que nos permite respirar (essa mesma parte que faz um combustível queimar: o oxigênio). Combustão é uma reação química de oxidação, na qual há liberação de calor e luz. A figura a seguir ilustra essa equação. Qualquer substância Gás carbônico + água + outras substâncias+ O2 Figura 26 - Reação de combustão Essa reação pode ser classificada como: a) oxidação: quando não provoca liberação de energia luminosa nem aumento de temperatura; b) combustão viva: quando libera energia luminosa e calor sem aumento significativo de pressão no ambiente; c) explosão: quando libera energia em uma velocidade muito rápida, com elevado aumento de pressão no ambiente. Para facilitar a compreensão dessa equação química, foi criado o conceito do triângulo do fogo. Ele é uma forma didática que serve para melhor ilustrar a reação química da combustão; cada ponta do triângulo representa um elemento participante dessa reação. Para que exista fogo, os três elementos que compõem o triângulo são necessários: o combustível, o comburente (oxigênio) e a fonte de calor (energia de ignição). A figura a seguir mostra o triângulo do fogo. Combustível Ignição (fonte inicial de energia) Oxigênio (no mínimo 13%) Figura 27 - Triângulo do fogo e seus componentes 93 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança Quando uma substância combustível é submetida à ação do calor, suas moléculas movem- se mais rapidamente. Com o aumento do calor, poderá haver libertação de gases, que, ao se inflamarem, formarão chamas, dando início à combustão. Note que somente os gases entram em combustão. Uma vez iniciada a combustão, os gases nela envolvidos reagem em cadeia, alimentando-a, dada a transmissão de calor de umas partículas para outras no combustível; mas, se a cadeia for interrompida, não poderá continuar o fogo. Pela lógica do triângulo do fogo, somente existirá fogo se os três lados do triângulo forem colocados juntos, portanto, para se evitarem incêndios, não se devem colocar os três elementos juntos; logo, para combater um incêndio já estabelecido, deve-se, de alguma forma, separar ou eliminar algum dos três elementos: • A água, ao ser jogada sobre o fogo, evapora rapidamente, resfriando o combustível. Remove-se a fonte de ignição. • Apaga-se o fogo de um botijão de gás colocando-se o dedo sobre a válvula. Remove-se o oxigênio. • No combate a um incêndio florestal, remove-se a vegetação para criar uma trincheira. O fogo consome tudo o que estiver de um lado, mas depois se apaga. Remove-se o combustível. Da mesmaforma, os incêndios ocorridos nos edifícios Joelma (em 1974) e Andraus (em 1972), ambos em São Paulo, são exemplos práticos da aplicação dessa teoria. Todos os prédios de escritório em São Paulo estão cheios de papel, carpetes, móveis e divisórias de madeira (ou seja, combustíveis). Por mais que nada disso pegue fogo sozinho, uma sobrecarga no sistema elétrico (ignição), em ambos os casos, foi o suficiente para iniciar incêndios de grandes proporções. Observação Os grandes acidentes acontecem pela associação de muitas pequenas permissões que, isoladamente, podem não significar nada, mas, em conjunto, se tornam um grande perigo. Existem vários equipamentos que auxiliam no combate a incêndios. Os principais são os hidrantes, os extintores e os sprinklers. Os hidrantes são grandes sistemas de equipamentos interligados por tubulações. São compostos, basicamente, por reservatórios de água, bombas de incêndio, tubulações, hidrantes, abrigos e registros de recalque. O sistema de hidrantes tem como objetivo dar continuidade à ação de combate a incêndios até o domínio e possível extinção. 94 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Ao se utilizar o sistema de hidrantes, é fundamental desligar a chave principal de entrada de energia da edificação e/ou do setor onde se vai efetuar o combate, no intuito de evitar acidentes (descargas elétricas). Um equipamento frequentemente utilizado em construções comerciais novas é o rociador de incêndios (em inglês sprinkler). Os sprinklers são dispositivos montados em malhas para a extinção de incêndios. Ele consiste numa armadura, com um cano conectado a uma tubagem de água a pressão. O cano se fecha com uma tampa sujeita por uma cápsula de vidro recheada de um líquido cujo ponto de ebulição se dá a uma temperatura determinada (temperatura de disparo), a qual está sujeita contra um dispersor. Quando se produz um incêndio, o calor gerado ferve o líquido, e o vapor rompe a cápsula; a tampa salta e sai a água, que se choca contra o dispersor, aspergindo a zona incendiada. Os extintores de incêndio são a melhor ferramenta para combater pequenos fogos, principalmente na sua fase inicial. São equipamentos móveis, muitas vezes portáteis, distribuídos em pontos estratégicos, de modo que seja possível extinguir um princípio de incêndio nos primeiros minutos. Esta é a função do extintor: apagar o incêndio no começo, quando ainda é pequeno. Depois que o incêndio se alastrou, o extintor perde muito de sua eficiência. O tipo de extintor a ser empregado depende do tipo de incêndio a ser combatido: • Classe A: usado em combustíveis que, quando queimam, deixam resíduos (madeiras, papel, borrachas etc.). São indicados os extintores de água ou espuma. • Classe B: usado em incêndios que não deixam resíduos. Esses combustíveis são, normalmente, líquidos (álcool, gasolina etc.). São indicados os extintores de dióxido de carbono, espuma ou pó químico seco. • Classe C: são usados nos incêndios em que a eletricidade é um elemento presente. Nesses incêndios, o extintor tem uma carga de pó químico seco e gás carbônico. • Classe D: são extintores especiais que serão discutidos a seguir. Esse tipo de incêndio exige extintores com agentes especialmente produzidos para combatê-los, pois é um incêndio em que há metais pirofóricos. Os pirofóricos são metais com capacidade de entrar em combustão. Um exemplo comum de material pirofórico é a pedra de isqueiro, que, na verdade, é uma liga de ferro-cério que solta faíscas quando atritada. Outros exemplos de pirofóricos: metais alcalinos e alcalino-terrosos, selênio, antimônio, alumínio ou chumbo pulverizado, zinco, titânio, urânio e zircônio. O magnésio, por exemplo, é um metal pirofórico. O ponto de ebulição do magnésio é próximo de 1.000 °C. Depois de iniciada a combustão, a aspersão de água não é normalmente suficiente para apagar a chama. Dependendo da quantidade de magnésio, a chama pode ser submersa, mas o calor liberado ainda consegue manter a chama acesa. 95 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança Para uma chama desse tipo, é necessário o uso de um extintor de classe D, abastecido com cloreto de sódio, cujo ponto de fusão é em torno de 800 °C. Ao derreter, o cloreto de sódio recobre toda a superfície e, após o resfriamento, impede a penetração de oxigênio, interrompendo a reação. Saiba mais O conhecimento básico sobre prevenção e combate a incêndios é baseado no triângulo do fogo, mas colocar esse conhecimento em prática é algo muito difícil. O treinamento prático das brigadas de incêndio é fundamental para que as pessoas estejam capacitadas a agir em um momento de crise. Se você quer conhecer mais sobre prevenção e combate a incêndios, o melhor caminho é se voluntariar para participar dessas brigadas. Resumo Estudamos que os perigos biológicos são os mais presentes dentre todos aqueles analisados, não sendo possível evitar sua presença e sendo necessário adotar medidas para eliminá-los. Porém, nunca haverá a eliminação total. Levando isso em conta, o termo “eliminação” é inadequado, sendo correto o uso da palavra “descontaminação”, que objetiva a redução da carga de microrganismos até um nível aceitável. Em um processo de descontaminação, a taxa de morte concorre com a taxa de crescimento de microrganismos, o que também resulta em uma curva exponencial. Trabalha-se, portanto, em logaritmos. O processo de descontaminação mais básico é a limpeza. Na desinfecção, o objetivo é eliminar microrganismos no estado vegetativo. O principal processo de desinfecção por meios físicos é o controle do binômio tempo x temperatura. Elevando-se a temperatura do utensílio acima de 60°C e conservando-se essa temperatura durante um determinado tempo, rompe-se a parede celular, ocasionando a morte dos microrganismos. Quanto mais alta a temperatura, menor o tempo necessário. Quando um material não suporta temperaturas elevadas, torna-se necessário fazer a desinfecção por meios químicos. 96 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 O terceiro processo de descontaminação é a esterilização. Seu objetivo é a eliminação de células nas formas vegetativa e esporulada, e ainda de fungos e vírus. A esterilização também pode ser feita por meios físicos e por meios químicos. Também estudamos que todos os equipamentos e utensílios empregados na área da saúde são potenciais transmissores de infecção. O nível de descontaminação exigida para um artigo médico-hospitalar depende da sua aplicação. Esses artigos são classificados em: artigos não críticos, semicríticos e críticos. Sobre a legislação em biossegurança, vimos que a Lei 8.794, de 6 de janeiro de 1995, foi a primeira lei brasileira que tratou sobre questões relacionadas com a biossegurança. Ela focava apenas questões relacionadas com tecnologias derivadas de DNA ou RNA recombinantes, também conhecidas como engenharia genética. Essa lei estabelecia parâmetros para trabalhos com organismos geneticamente modificados, garantindo o desenvolvimento sustentado da biotecnologia. Entretanto, essa lei não cobria assuntos polêmicos, como o uso terapêutico de células-tronco embrionárias e o uso comercial de alimentos transgênicos, sendo então revogada e substituída pela Lei 11.105, de 24 de março de 2005, que cria dois órgãos responsáveis pela biossegurança relacionada a organismos geneticamente modificados: o CNBS e o CNTBio. O CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança) é um órgão de assessoramento do Presidente da República para a formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança. Ele é composto por ministros, e seu objetivo é estabelecer diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais. A CNTBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é uma comissão multidisciplinar, de caráterconsultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e de assessoramento ao Governo Federal. A CTNBio é o órgão que acompanha o desenvolvimento e o progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. Em 1991, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou uma resolução desobrigando “a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde”. Para que os resíduos dos estabelecimentos de saúde não sejam despejados indiscriminadamente, o Conama estabeleceu a obrigação da criação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), 97 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança que é um documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos de serviços de saúde, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos geradores de resíduos de serviços de saúde. Todos os resíduos gerados na área da saúde, inclusive alguns fluidos corporais contaminados, são tratados como resíduos sólidos. Isso se deve ao fato de tais resíduos precisarem ser acondicionados em embalagens específicas antes de serem descartados. Os resíduos produzidos nos serviços de saúde são classificados em grupos: A (presença de agentes biológicos), B (substâncias químicas), C (substâncias radioativas), D (resíduos domiciliares) e E (materiais perfurocortantes ou escarificantes). Também vimos que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. As empresas devem constituir essa comissão de acordo com a atividade econômica e o número de empregados. A Cipa tem mandato de um ano e um número igual de representantes do empregador (indicados pela empresa) e de representantes dos empregados (eleitos). Em empresas pequenas, quando o estabelecimento não se enquadra na obrigatoriedade de constituição de Cipa, é exigida a designação de uma pessoa com o treinamento específico para desempenhar as atribuições da comissão. Os membros da Cipa têm estabilidade no emprego, sendo vedada a dispensa sem justa causa do empregado eleito para cargo de sua direção desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Também é proibida a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência. Já o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é um documento obrigatório, que segue uma estratégia semelhante a um sistema de gerenciamento da qualidade (como o ISO 9000, por exemplo), cujo objetivo é gerar ações visando garantir a saúde dos trabalhadores, por meio da avaliação e, consequentemente, do controle de riscos de acidentes, tendo em consideração, além do ambiente de trabalho, a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. A implementação do PPRA é obrigatória, não importando o grau de risco ou a quantidade de empregados, e a Cipa deve participar da elaboração do PPRA, auxiliando na sua implementação. 98 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 O Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional (PCMSO) também é um documento legal obrigatório, criado pela Norma Regulamentadora 7, visando ao controle da saúde dos trabalhadores. Por esse programa, a empresa é obrigada a manter registros periódicos sobre a saúde do trabalhador. Desta forma é possível acompanhar esse histórico, desde a admissão do sujeito até a sua demissão, garantindo que serão tomadas providências caso seja detectado algum problema. Os exames realizados são o admissional, os periódicos, o de retorno ao trabalho (após afastamento por doença ou acidente), o exame de mudança de função e o exame demissional. Os registros devem ser guardados por um período mínimo de 20 anos, pois podem ser solicitados para fins trabalhistas ou previdenciários muitos anos após o desligamento do funcionário. Mapa de risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e doenças de trabalho. A elaboração do mapa de risco, que é obrigatória, deve ser feita de maneira a permitir a participação do maior número de trabalhadores, sem delegar a terceiros essa tarefa. O que interessa aos trabalhadores é que sua elaboração seja um processo pedagógico em que se ampliem os espaços de elaboração da identidade desses trabalhadores e que exerçam realmente o seu papel. A combustão é uma reação química de oxidação na qual há liberação de calor e luz. Essa reação química pode ser vista no triângulo do fogo, uma representação gráfica em que cada lado do triângulo é equivalente a um componente dessa reação química. Da mesma forma que são necessários três lados para que exista um triângulo, para que exista fogo, é necessário que esses três participantes estejam presentes: o combustível, o oxigênio e a fonte de calor (energia de ignição). Seguindo essa lógica, para se prevenir um incêndio, não se podem colocar esses três lados do triângulo juntos e, para se combater um incêndio já estabelecido, deve-se eliminar um desses componentes. Observe como é feita essa estratégia de combate de incêndios: em uma instalação predial ou industrial, podem ser instalados diversos equipamentos que auxiliam no combate a incêndios. Os principais são os hidrantes, os extintores e os sprinklers. 99 AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 Biossegurança Exercício Questão 1. (Enade 2011) Mais de 50% dos resíduos sólidos gerados em hospitais do Brasil são descartados de maneira irregular, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e, em vez de serem destinados a uma seleção especial, os dejetos, muitas vezes, têm como destino os lixões comuns, colocando em risco a saúde pública. A destinação final de todo lixo hospitalar no Brasil deveria ser a incineração PORQUE Não existe tecnologia adequada para a disposição de lixo hospitalar em aterros sanitários ou para a reciclagem. Acerca dessas afirmativas, assinale a opção correta: A) As duas afirmativas são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. B) As duas afirmativas são proposições verdadeiras e a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C) A primeira afirmativa é uma proposição verdadeira e a segunda, uma proposição falsa. D) A primeira afirmativa é uma proposição falsa e a segunda é uma proposição verdadeira. E) Tanto a primeira quanto a segunda afirmativa são proposições falsas. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: a incineração do lixo hospitalar é um excesso de cuidado ecologicamente incorreto, visto que a combustão pode gerar subprodutos poluentes, como dioxinas e metais pesados. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a disposição final do lixo hospitalar em aterros sanitários é um processo seguro e controlado que garante a preservação ambiental e a saúde pública. Basicamente, esse método consiste na compactação dos resíduos em camadas sobre o solo devidamente impermeabilizado, onde é feito o controle de efluentes líquidos e emissões gasosas. Além dos aterros sanitários, há também os aterros de resíduos perigosos classe I (resíduos industriais), onde ocorre disposição final de resíduos químicos 100 Unidade II AS SO C - Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 3/ 04 /1 3 no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública. Há também a possibilidade de disposição do lixo hospitalar em valas sépticas por meio da técnica chamada de Célula Especial de RSS. Nesse caso, veículos de coleta depositam os resíduos sem compactação no interior
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