Buscar

Cosmetologia 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

44
Unidade II
Unidade II
3 LEGISLAÇÃO COSMÉTICA
A Anvisa é o órgão que regulamenta e fiscaliza as legislações sanitárias brasileiras e autoriza a 
produção e comercialização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Dessa forma, 
todas as empresas que fabricam, comercializam, importam ou armazenam cosméticos devem seguir as 
normas legislativas sanitárias, que vão desde o projeto e instalação da fábrica até a chegada do produto 
no mercado.
A Resolução 211 da Anvisa (ANVISA, 2005) define e classifica, entre outros, os produtos cosméticos 
de acordo com o seu grau de risco como Grau 1 e 2.
3.1 Classificação dos cosméticos segundo os graus de risco
3.1.1 Grau 1
De acordo com a Anvisa, os produtos cosméticos que pertencem ao grau de risco 1 são produtos de 
higiene pessoal, cosméticos e perfumes que cumpram na formulação a definição adotada no item 1 do 
Anexo I da Resolução 211 (ANVISA, 2005) e que possuam as propriedades básicas ou elementares, cuja 
comprovação não seja inicialmente necessária, e, ainda, que não requeiram informações detalhadas 
quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto, 
conforme mencionado na lista indicativa “Lista de tipos de produtos Grau 1” estabelecida no item I do 
anexo em questão.
Os produtos que são exceção na lista de tipos de produtos Grau 1 automaticamente caracterizam‑se 
como produtos cosméticos pertencentes ao grupo de Grau 2.
Entre os produtos pertencentes ao Grupo 1 temos: água de colônia, água perfumada, perfume 
e extrato aromático, corretivo facial sem finalidade fotoprotetora, creme, loção, gel e óleo para os 
pés, gel e óleo para limpeza facial, delineador para lábios, olhos e sobrancelhas, enxaguatório bucal 
aromatizante, demaquilante e fortalecedor de unhas.
3.1.2 Grau 2
São produtos de higiene pessoal cosmético e perfumes com a formulação que cumpre com a definição 
adotada no item 1 do Anexo I e que possui indicação específica cujas características necessitam de 
comprovação de segurança e/ou de eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrição 
de uso, conforme mencionado na lista indicativa “Lista de tipos de produtos Grau 2”, estabelecida no 
item II do anexo em questão.
45
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Os critérios para a classificação foram definidos em função da probabilidade de ocorrerem efeitos 
indesejados pelo uso inadequado dos produtos. Sua formulação, finalidade de uso, áreas do corpo a que 
se destinam e cuidados devem ser observados durante seu uso.
Os produtos classificados como Grau 2 devem ser registrados e aprovados pela Anvisa para que possam 
ser comercializados em todo âmbito nacional. Modificações na embalagem, fórmula, rótulo ou cor do 
produto devem ser atualizadas na notificação do produto Grau 1 ou no registro do produto Grau 2.
Entre os produtos pertencentes ao Grupo 2 podemos citar: água oxigenada de 10 a 40 volumes, 
antitranspirante axilar, lenços umedecidos para higiene infantil, produto para evitar que se roam as unhas, 
produto para área dos olhos (exceto maquiagem e/ou ação hidratante e/ou demaquilante), enxaguatório 
capilar infantil, esfoliante peeling químico, protetor labial com fotoprotetor e protetor solar.
3.2 Limites de contaminantes
Como a nossa pele, os cosméticos também contêm microrganismos e, dessa forma, não podem 
ser considerados estéreis; no entanto, isso não significa que os produtos sejam perigosos. Para 
garantir a segurança microbiológica, a Anvisa determina o limite máximo na Resolução 481 
(ANVISA, 1999).
A Anvisa determina os parâmetros de controle microbiológico para os produtos de higiene 
pessoal, perfumaria e cosméticos no Brasil de acordo com área de aplicação e faixa etária. Os 
cosméticos de tipo I são aqueles com controle mais rigoroso, por serem destinados ao público 
infantil ou de aplicação na área dos olhos ou de mucosas. Os demais produtos seguem os limites 
definidos para os cosméticos de tipo II.
Determinados microrganismos como Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e 
coliformes não podem ser identificados em nenhuma proporção, pois podem ser muito agressivos 
e causar infecções severas, no entanto, outros microrganismos são aceitos em limites especificados 
pela agência reguladora brasileira. Contudo, cabe às empresas fabricantes garantir que seus 
cosméticos cumpram as determinações antes de chegarem ao consumidor final.
 Saiba mais
Conheça a Resolução da Anvisa que garante a segurança microbiológica 
dos produtos:
ANVISA. Resolução n. 481, de 23 de setembro de 1999. Brasília: 1999. 
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/
RES_481_1999_COMP.pdf/bb0b8dce‑f570‑4f75‑acf1‑49c45bf32621. 
Acesso em: 28 abr. 2020.
46
Unidade II
3.3 Rotulagem
As regras sanitárias do setor de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria do Brasil são harmonizadas 
com as normas do Mercado Comum do Sul (Mercosul), como também são reconhecidas por intermédio 
das normativas do bloco Mercosul desde 2004.
O Regulamento Técnico Mercosul tem como objetivo estabelecer as informações gerais indispensáveis 
e obrigatórias na rotulagem de produtos cosméticos quanto à utilização e à indicação necessária quanto 
ao produto.
As embalagens podem ser divididas em dois grupos, a primária, que consiste no envoltório ou 
recipiente que se encontra em contato direto com o produto, e a embalagem secundária, que é a 
embalagem destinada a conter uma ou mais embalagens primárias.
Os dados dos produtos que devem estar contidos nas embalagens (primária e/ou secundária) serão 
apresentados no quadro a seguir.
Quadro 2 – Dados de rotulagem geral de acordo com as normas da Anvisa
Item Embalagem
Nome do produto e grupo/tipo a que pertence no 
caso no caso de não estar implícito no nome Primária e secundária
Marca Primária e secundária
Número de registro do produto Secundária
Lote ou partida Primária
Prazo de validade Secundária
Conteúdo Secundária
País de origem Secundária
Fabricante/importador/titular Secundária
Domicílio do fabricante/ importador/titular Secundária
Modo de uso (se for o caso) Primária e secundária
Fonte: Pereira (2015, p. 42)
 Lembrete
Sempre leia o rótulo do produto antes de utilizá‑lo. Ele indicará se o 
produto é realmente o que você deseja e fornecerá informações importantes 
quanto a seu uso e prazo de validade.
47
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
4 CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES COSMÉTICOS
A classificação dos componentes de uma formulação cosmética pode acontecer de diversas formas, 
no entanto, apresentaremos as matérias‑primas agrupadas por grupos e as possíveis composições a que 
estão sujeitas.
As matérias‑primas são utilizadas de acordo com suas propriedades funcionais e físico‑químicas ou, 
ainda, de acordo com a sua função ou efeito cosmético.
4.1 Veículos cosméticos
Veículo cosmético é o componente que normalmente está em maior quantidade na formulação 
e que tem a função de receber outros componentes, ou seja, é nele que os outros componentes 
são incorporados.
Tem como característica a capacidade de solubilizar ou de dispersar os outros componentes. A escolha 
do tipo de veículo deve acontecer baseada na compatibilidade com os componentes da formulação e no 
tipo de pele a que se destina o produto final.
Entre os veículos podemos citar: água, álcool, mistura hidroalcoólica, óleo, glicerina, polímeros, pós, 
gel‑creme, loções bases e cremes bases.
4.1.1 Água: dermatológica, termal e micelar
A água é uma das matérias‑primas mais utilizadas em cosmetologia, podendo, em quantidades 
elevadas ou até mesmo em pequenas proporções, ser o veículo para dissolver pigmento, além de ter 
extrema importância para todos os organismos do planeta e ser fundamental para qualquer tipo de 
vida. Contudo, ainda é uma substância reativa às reações de oxidação, redução, condensação e hidrólise.
Em cosméticos a água pode ser utilizada como solvente em uma grande gama de produtos como 
xampus, sabonetes, condicionadores,tônicos, géis e emulsões. No entanto, para o seu uso na produção de 
cosméticos é necessário que se observem as exigências legais quanto às características físicas, químicas 
e microbiológicas, pois pode conter contaminantes inorgânicos (cálcio, magnésio, sódio, potássio, 
ferro, bicarbonato, sulfato, cloreto, silicatos) e orgânicos (proteínas, carboidratos oriundos de plantas e 
animais), além dos contaminantes microbiológicos (bactérias, fungos e leveduras).
No desenvolvimento ou na produção de cosméticos, contudo, não deve ser utilizada a água potável 
ou filtrada, mas sim a água purificada, que pode ser obtida em processos como a destilação, deionização 
e osmose reversa, que são tratamentos indicados para a eliminação de contaminantes, influenciando, 
assim, na qualidade e no prazo de validade do produto.
A água destilada é obtida pelo processo de destilação, que consiste na condensação do vapor de 
água por sua ebulição, garantindo uma água livre de microrganismos e de substâncias químicas; no 
entanto, não ocorre na destilação a eliminação dos íons sólidos dissolvidos. A água deionizada ou 
48
Unidade II
desmineralizada é livre de íons pela presença de resinas catiônicas aniônicas, no entanto, apresenta 
a desvantagem de não eliminar os contaminantes microbiológicos, gerando a necessidade de se acoplar 
sistemas de tratamento de luz, ultravioleta ou ozônio. A água obtida por osmose reversa apresenta 
elevada pureza (química e microbiológica), pois o processo consiste em filtrar a água em membrana 
semipermeável com diferença de pressão osmótica.
Sempre que possível, a água ideal para a produção de cosméticos deve ser esterilizada (evitando, 
assim, a presença de contaminantes biológicos), livre de eletrólitos e de metais pesados que possuam 
a capacidade de catalisar determinados tipos de reações químicas ou decantações, que podem 
comprometer a estabilidade do produto cosmético final.
Outro tipo de água utilizada em cosméticos é a água termal, que consiste em uma água mineral com 
propriedades terapêuticas. Surgiu no início do século XIX designada como água mineral. No entanto, já 
existia o conceito de água mineral, que era uma água com qualidades para ser consumida como bebida, 
sem necessariamente ser medicinal.
As águas termais têm origem na água resultante da precipitação atmosférica, que, ao se infiltrar em 
profundidade, vai adquirindo caraterísticas físico‑químicas que dependem da composição mineral das 
formações geológicas por onde passa. Assim, cada água termal apresenta composição que definirá suas 
funções terapêuticas.
Existem algumas características principais que diferenciam uma água termal de uma água 
subterrânea: origem natural, pureza bacteriológica e potencial terapêutico. No entanto, existem algumas 
características comuns às águas termais:
• São soluções naturais de origem subterrânea, bacteriologicamente pura.
• Derivam de um circuito hidrogeológico longo, profundo e lento.
• Possuem características físico‑químicas particulares e propriedades definidas geologicamente, 
que permanecem constantes ao tempo, isto é, sem alterações sazonais.
• Possuem características físico‑químicas e biológicas específicas, dificilmente reprodutíveis de 
forma artificial.
• Possuem valores de temperatura de emergência geralmente superiores aos considerados normais 
para as águas subterrâneas restantes.
• Têm mineralização total de grande amplitude de valores (inferiores a 50 mg/L e superiores 
a 1500 mg/L).
• Apresentam grande variabilidade de tipos químicos. No entanto, uma vez definidos individualmente 
em uma água, permanecem constantes (quimismo constante).
49
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
• Apresentam potencial terapêutico derivado das suas características físico‑químicas, o que 
possibilita seu uso com determinados objetivos terapêuticos.
Uma das principais características das águas termais está no fato de apresentarem propriedades 
terapêuticas. Importante ressaltar que o uso terapêutico da água em questão era feito de forma 
empírica, porém, hoje merece o reconhecimento científico pelas suas ações benéficas nos mais 
diversos sistemas do corpo humano: respiratório, cardiovascular, digestório, ginecológico, urológico, 
imunológico, reumatológico, nervoso, endócrino, metabólico, otorrinolaringológico, respiratório, 
auditivo, dermatológico, entre muitas outras ações.
Quanto à aplicação na pele, suas propriedades ou ações terapêuticas apresentam atividades como: 
hidratação, reparação do manto cutâneo, prevenção e controle de irritação, controle do pH da pele, 
ações anti‑inflamatória, imunomoduladora, antioxidante, bactericida, antifúngica, antisseborreica, 
queratoplástica, queratolítica e antipuriginosa, auxiliando na circulação sanguínea cutânea e, no efeito 
analgésico e promovendo ação no relevo cutâneo e no sensorial do cosmético.
A água micelar é uma nova tecnologia que, de uma forma geral, serve como demaquilante. É uma 
solução composta de micelas com a capacidade de retirar as impurezas, o óleo e a maquiagem da pele. 
A principal vantagem da água micelar está no fato de ser um produto leve, sem álcool, conservante ou 
parabenos, tornando‑se, assim, um produto ideal para peles e áreas sensíveis do corpo. Sua ação resulta 
em uma limpeza agradável, suave e sem agressão à pele.
4.1.2 Solução
Em termos físico‑químicos, as soluções podem ser obtidas a partir da combinação de um dos estados 
físicos da matéria: sólido, líquido ou gasoso. Em termos cosméticos, as soluções são preparações líquidas 
que contêm uma ou mais substâncias químicas dissolvidas em um volume adequado ou em uma mistura 
de solventes mutuamente miscíveis.
As soluções podem ser classificadas de acordo com a sua composição e finalidade, como soluções 
aquosas, hidroalcoólicas e alcoólicas.
Quando imaginamos uma solução, uma das principais condições a serem observadas é a solubilidade 
dos componentes da formulação, uma vez que as forças de atração entre átomos levam à formação de 
molécula e íons. As forças intermoleculares, formadas entre moléculas semelhantes, são responsáveis 
pelo estado físico da substância em determinadas concentrações. Assim, quando as moléculas interagem, 
forças de atração e repulsão estão presentes, dessa forma, forças de atração fazem com que as moléculas 
se mantenham unidas e as forças de repulsão impedem a interação. Com forças de atração e de repulsão 
iguais, a energia potencial é mínima e, consequentemente, o sistema é muito estável.
Para que ocorra a solubilização entre os componentes de uma solução é necessário que existam 
atrações que podem ser dipolo‑dipolo ou forças de Van der Walls, ligações de hidrogênio ou pontes de 
hidrogênio (próxima figura) e ligações covalentes. A solubilização de uma substância em determinado 
solvente indica a concentração máxima na qual a solução pode ser preparada.
50
Unidade II
Figura 19 – Pontes de hidrogênio entre moléculas de água
4.1.3 Suspensão
São preparações com partículas finamente divididas (suspensoide), distribuídas de forma uniforme 
em toda a formulação, em que a substância possui solubilidade mínima. A principal razão para se 
trabalhar com uma suspensão ocorre porque algumas substâncias não apresentam boa estabilidade 
ou são quimicamente instáveis na forma de solução, no entanto apresentam estabilidade na forma 
de suspensão.
Normalmente as suspensões contêm em sua formulação polímeros, para que estes possam formar 
uma rede molecular que ajude na estabilidade do produto final, provocando uma inibição nas forças de 
atração entre as partículas suspensas.
Existem diversos fatores que devem ser considerados no desenvolvimento e preparação de uma 
suspensão, além da estabilidade química dos componentes, durabilidade da preparação e aparência. No 
entanto, algumas características são específicas às suspensões, como:
• Uma boa suspensão deve apresentar sedimentação lenta e redispersão com facilidade, após 
agitação suave do recipiente.
• O tamanho da partícula do suspensoidedeve permanecer constante durante todo o período de validade.
• A suspensão deve escoar de forma rápida e uniforme do recipiente.
51
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Como exemplos de cosméticos na forma de suspensões, podemos citar: os esfoliantes, as loções 
fotoprotetoras, que possuem dióxido de titânio ou óxido de zinco suspensos, e as bases líquidas de 
maquiagem que têm pigmentos em sua composição.
4.1.4 Emulsão
As emulsões são os veículos mais empregados no desenvolvimento de cosméticos, principalmente 
pelas suas características (fase aquosa e oleosa), que apresentam similaridade com a pele humana. 
Entre as formas cosméticas no formato de emulsão temos os cremes e as loções, que apresentam 
aparência opaca e que podem ser utilizados nas mais diversas aplicações cosméticas, além de serem 
veículos usados para liberação tópica de substâncias com características diversas, com lipossolubilidade 
e hidrossolubilidade.
A classificação das emulsões depende das micelas formadas por uma fase oleosa dispersa em água 
ou por uma fase aquosa dispersa em óleo ou, ainda, como óleo em água (O/A) ou água em óleo (A/O), e, 
conforme a solubilidade do ativo, pode ser acrescido no meio disperso ou dispersante.
As características de uma emulsão dependem do meio dispersante e do meio disperso, pois, se o 
meio dispersante é aquoso (O/A), o produto apresenta características de toque seco, menos oleoso e, 
consequentemente, menos oclusivo. No entanto, as emulsões O/A são as mais utilizadas na cosmetologia, 
devido à formação de um filme na superfície da pele pelo agente oleoso contido na emulsão, o que 
dificulta a evaporação da água superficial da pele, no entanto, podem apresentar efeito oclusivo e 
promover a formação de comedões sebáceos.
As emulsões O/A são amplamente empregadas em cosméticos para conferir características 
agradáveis quanto ao aspecto sensorial, além da refrescância e das propriedades biofísicas como 
hidratação. Elas são utilizadas em produtos para limpeza da pele pela remoção de sujidades oleosas, 
porém, nos campos cosméticos, esse tipo de emulsão não é muito aceito, por ser facilmente removível 
da pele por seu baixo teor de compostos graxos.
O próximo quadro apresenta alguns testes simples e fáceis para identificar o tipo de emulsão (O/A 
e A/O). O teste de condutividade é o mais preciso, sendo facilmente realizado pela presença de um 
condutivímetro, e a condução da energia só acontecerá se a fase dispersante (externa) for a água.
Quadro 3 – Testes para identificação do tipo de emulsão
Testes Emulsão O/A Emulsão A/O
Miscibilidade Miscível em água e imiscível em óleo Miscível em óleo e imiscível em água
Coloração com corante lipossolúvel Menos corado que uma emulsão A/O Mais corado que uma emulsão O/A
Condutividade Fase externa formada por água, condução de eletricidade
Fase externa formada por óleo, não 
ocorre condução de eletricidade
Fonte: Coutinho; Santos (2014, p. 36).
52
Unidade II
O preparo de cremes e loções, independentemente do tipo de emulsão, é necessário à aplicação de 
energia física e à presença de um tensoativo ou, ainda, ao chamado agente emulsificante, que apresenta 
em sua estrutura química uma porção hidrofílica e outra lipofílica. As características, ações, tipos e 
funções dos tensoativos serão apresentados mais adiante.
Além dos tensoativos, as emulsões são compostas de agentes espessantes, estabilizantes, emolientes, 
hidratantes e umectantes, fotoprotetores, vitaminas, fragrância e corante, além de conservantes.
A principal diferença entre cremes e loções consiste na viscosidade, já que as loções apresentam 
viscosidade baixa quando comparadas aos cremes, assim, cremes são definidos como preparações 
semissólidas e as loções como líquidas. Os cremes O/A são normalmente menos viscosos que os cremes A/O.
Popularmente, o termo creme pode ser utilizado de forma errônea, quando o produto apresenta 
aspecto cremoso, no entanto, só é correto o uso do termo creme com o uso de uma base emulsionada 
na formulação. Outra peculiaridade dos cremes está relacionada ao fato de eles serem acondicionados 
em potes com abertura larga ou, ainda, em bisnagas, o que facilita o uso por parte do consumidor. O 
uso dos cremes é indicado às pessoas de pele normal à seca, pela quantidade de substância oleosa em 
maior proporção.
As loções normalmente são formadas por micelas oleosas dispersas em água (pela presença do 
tensoativo, o que faz com que a formulação apresente maior fluidez) e são menos oleosas, com aplicação 
rápida e uniforme, secagem rápida e formação de uma camada fina de ativos na pele. As embalagens 
das loções normalmente apresentam válvulas pump e são indicadas para aplicação em áreas contendo 
pelos, pela sua fluidez. O uso de loções é indicado para pessoas com pele oleosa e acneica.
A ação hidratante na pele pode ser observada por cremes e loções, uma vez que tais sistemas podem 
conter agentes umectantes que possuem atividade higroscópica.
Fato importante, após o preparo das loções e cremes, é a verificação e, quando necessário, o ajuste 
do pH, que deve estar entre 5 e 6, próximo ao pH natural da pele.
4.1.5 Microemulsão
Microemulsões são sistemas termodinamicamente estáveis, isotrópicos e de baixa viscosidade, 
opticamente transparentes e constituídos por miscelas de tamanho manométrico, dispersas em 
uma fase contínua ou externa, composta de um solvente imiscível com a fase dispersa ou interna. 
As microemulsões são formadas por água, óleo (solvente hidrofóbico), por um tensoativo e, em muitos 
casos, por um co‑tensoativo (álcool de cadeia média).
As microemulsões podem ser obtidas sem o uso de tensoativos ou surfactantes, uma vez 
que as moléculas que compõem a fase oleosa promovem a atividade de um tensoativo, além de 
exercer a sua função original. Pelo seu elevado poder de solubilização, as microemulsões têm sido 
amplamente estudadas.
53
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
O poder de solubilização de espécies apolares, polares e iônicas das microemulsões ocorre 
possivelmente pela tensão interfacial baixa, normalmente menor do que 0,001 dina cm‑1, o que facilita 
a eficiência da mistura das fases externa (contínua) e interna (descontínua), propriedade similar às 
soluções micelares. No entanto, é importante ressaltar que o poder de solubilização das substâncias 
hidrófilas e lipófilas é maior nas microemulsões.
O termo microemulsão foi empregado pela primeira vez em 1959 e a definição mais aceita considera 
que esses sistemas representam soluções termodinamicamente estáveis, opticamente transparentes e 
isotrópicas, constituídas de água, óleo e um surfactante. O termo designa uma solução aquosa de um 
surfactante na qual é solubilizado um lipídio (microemulsão óleo/água, O/A), uma solução não aquosa 
de um surfactante na qual é solubilizada água (microemulsão água/óleo, A/O), sistemas que apresentam 
uma transição contínua entre solução aquosa e solução não aquosa do surfactante (microemulsão 
bicontínua) e sistemas característicos de surfactantes não iônicos, os quais, dependendo da temperatura, 
podem apresentar uma continuidade tanto com a fase aquosa como com a fase não aquosa.
O formato das fases externas (dispersas) das microemulsões pode apresentar‑se de formas e com 
funções diversas, estando relacionadas aos componentes e aos fatores físico‑químicos. A figura a seguir 
apresenta um esquema das microemulsões de óleo em água, água em óleo utilizando um tensoativo 
aniônico e microemulsão bicontínua.
A)
H2O
H2O
Óleo
Óleo
Água
Água
Óleo
Óleo +
+
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑
‑ ‑
‑
++
+
++
+
+
+
++
B) C)
Figura 20 – Representação esquemática das três microemulsões: (A) microemulsão óleo em 
água (O/A); (B) microemulsão água em óleo (A/O), empregando surfactante aniônico e 
álcool de cadeia média; e (C) microemulsão bicontínua
Existem diversos equívocos relacionados ao uso do termo, em razão do prefixo “micro” utilizado para 
identificar esses sistemas e ao crescente uso do prefixo“nano” para esse mesmo fim. Outra razão é o fato 
de haver algumas semelhanças entre as microemulsões e as nanoemulsões.
As dimensões que caracterizam as microemulsões encontram‑se não em escala micrométrica, mas 
sim em escala nanométrica. Ainda, apesar de ambas apresentarem componentes (uma fase aquosa, uma 
fase oleosa, um agente surfactante e um co‑surfactante) e estruturas semelhantes, as microemulsões 
diferem das nanoemulsões por apresentarem maior estabilidade termodinâmica, enquanto as 
nanoemulsões são cineticamente estáveis.
54
Unidade II
Dessa forma, as proporções dos constituintes utilizados são diferentes (a proporção de surfactante 
nas microemulsões é maior) e podem ou não apresentar a fase dispersa em formato esférico. 
Adicionalmente, microemulsões são sistemas translúcidos e apresentam partículas com dimensões 
menores do que as formadas nas nanoemulsões.
Diferenças marcantes entre microemulsões e nanoemulsões estão relacionadas às suas propriedades 
físicas e físico‑químicas, podendo‑se destacar a diferença de comportamento dos dois sistemas em 
relação à diluição e/ou às variações de temperatura. Tais fatores afetam mais expressivamente as 
microemulsões do que as nanoemulsões, sendo relevante considerá‑los segundo a aplicação desejada.
Por outro lado, com a manutenção da composição, as microemulsões apresentam vantagem pela 
maior estabilidade temporal. Outro ponto fundamental, muitas vezes negligenciado para determinar 
se um sistema representa uma nanoemulsão ou uma microemulsão, é a influência da ordem com que 
os diferentes componentes são misturados durante a formulação. Nas nanoemulsões inicialmente o 
surfactante é misturado com o óleo, pois a razão óleo/surfactante controla o tamanho da nanoestrutura. 
Por outro lado, uma microemulsão será idêntica, após o tempo de equilíbrio, qualquer que seja a ordem 
em que os componentes são misturados. Por fim, observa‑se na literatura que o termo microemulsão 
vem sendo utilizado, principalmente, face à consagração do termo desde sua introdução, ainda que em 
contradição com as dimensões nanométricas do sistema disperso.
Comumente, as microemulsões são constituídas de água, óleo, surfactante e, frequentemente, de um 
co‑surfactante. Além de água, soluções salinas diversas também podem ser empregadas em seu preparo, 
como fase aquosa. Dependendo da aplicação, essa fase pode conter diversos aditivos, como tampões, 
bactericidas e agentes isotônicos. Nas microemulsões denominadas livres de surfactante, a fase óleo é 
formada por compostos com natureza anfifílica que desempenham dupla função, dispensando a adição 
suplementar de surfactante.
4.1.6 Microemulsão com cristais líquidos
São dispersões de fórmula complexa que contém várias fases das quais algumas são cristais líquidos, 
podendo ser incorporados sob a forma de gotículas ou filamentos. De uma forma simplificada, seria o 
princípio das “mil folhas”, de modo que esse sistema possui a capacidade em distribuir progressivamente 
seus princípios ativos na superfície da epiderme e de introduzir substâncias hidro e lipossolúveis em uma 
mesma formulação.
As microemulsões são formulações com cristais líquidos que têm sido de amplo interesse nas 
indústrias cosméticas e farmacêuticas pela série de vantagens apresentadas, como aumento da 
solubilidade e estabilidade de substâncias, possibilidade de incorporação de substâncias hidrofílicas ou 
lipofílicas, capacidade de funcionar como sistema reservatório e, ainda, diminuir a toxicidade.
Os cristais líquidos são conhecidos desde 1888, quando Lehmann descreveu um estado intermediário 
na transformação térmica, do estado sólido para o líquido. Em 1922, Friedel usou pela primeira vez 
o termo estado mesomórfico (mesos: intermediário, morphé: forma) para definir o quarto estado da 
matéria. Assim, os cristais líquidos são denominados como fases mesomórficas, mesomórficas cristalinas 
ou cristalinas, apresentando propriedades e características de sólidos e líquidos.
55
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Esta fase apresenta propriedades de sólidos e líquidos, possuindo ordem estrutural, rigidez e ligações 
definidas como os sólidos e mobilidade, regiões desordenadas e fluidas como líquidos, isto é, esta 
mesofase que apresenta propriedades mecânicas típicas do estado líquido (fluidez e tensão superficial), 
contudo, apresenta certa ordem molecular, e, dessa forma, constitui uma fase fluida ordenada ou cristal 
líquido. Essa fase mesomórfica ainda exibe propriedades ópticas típicas do estado cristalino, que são a 
anisotropia (direção óptica), a birrefringência e o dicromismo.
Os cristais líquidos são divididos em duas principais classes: os termotrópicos e os liotrópicos, sendo 
os termotrópicos formados pela influência da temperatura, com pouca estabilidade e são substâncias 
orgânicas com estrutura molecular simbolizada pelos ésteres colestéricos. São classificados como 
nemáticos ou colestéricos. Os nemáticos têm estruturas como linhas e suas moléculas mantêm arranjo 
paralelo quando observadas ao microscópio, já os colestéricos têm estrutura estratificada, com as 
moléculas arranjadas em camadas e seus eixos longos dispostos paralelos uns aos outros.
A classe liotrópica é a predominante em cosméticos. Depende da concentração de um material, um 
solvente, que exerça um papel ativo na estrutura desses cristais líquidos. É uma parte integrante da estrutura 
cristalina líquida, não sendo considerada apenas um simples veículo. Entre as mesofases liotrópicas mais 
importantes temos a lamelar (neat phase), a hexagonal (middle phase) e a cúbica (cubic phase).
Os cristais líquidos são observados e caracterizados por meio de sua isotropia óptica. Sob um plano 
de luz polarizada, a amostra é classificada como anisotrópica, se for capaz de desviar o plano de luz 
incidente, e isotrópica, se não desviar a luz. Cristais líquidos lamelares e hexagonais são anisotrópicos, 
enquanto as cúbicas são isotrópicas.
Um exemplo de uso de cristais líquidos na cosmetologia é a incorporação das vitaminas A e E em gel 
aquoso, por meio dos cristais formados de ésteres lipídicos de colesterol, enquanto na fase aquosa, podem 
ser crescidos a hidroxiprolina e a cafeína. Assim, o cristal líquido não pode ser considerado um veículo de 
ativos, mas um afeito secundário da preparação, podendo promover um efeito colorido por difratar a luz.
4.1.7 Mousse ou espumas
São formadas por processo semelhante ao das emulsões, em que se tem a fase gasosa envolvida por 
um filme líquido. A formação de sua estrutura ocorre pelo agrupamento de bolhas justapostas, geradas 
ao dispersar um gás em líquido que contém agentes espumantes, como os surfactantes, que têm a 
função de separar as bolhas.
A distribuição das bolhas é termodinamicamente favorável, já que promove a redução da área 
superficial da espuma e a expansão do gás contido e, consequentemente, gera redução da energia 
livre da espuma. As emulsões O/A podem formar mousse, pois os gases conseguem se dispersar na fase 
oleosa da emulsão.
Assim como nas emulsões, a dispersão do gás pode ocorrer por agitação ou batimento do líquido 
e ainda por borbulhamento do gás líquido. Com a formação da espuma, ocorre a formação de três 
processos simultaneamente: difusão do gás entre as bolhas, drenagem do líquido e ruptura das células.
56
Unidade II
Entre os produtos cosméticos, temos os cremes de barbear, mousse de depilação, bases e blushes na 
forma de mousse.
4.1.8 Aerossóis (spray)
Os sprays podem ser definidos como soluções aquosas ou oleaginosas na forma de gotículas 
grosseiras ou ainda como partículas sólidas finamente divididas para aplicação tópica na pele.
Os aerossóis passaram a ser utilizados na II Guerra Mundial, quando Lyle Goodhue e William Sullivan, 
funcionários do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, desenvolveram um aerossol de alta 
pressão com repelente de insetos para proteger os soldados norte‑americanos das doenças tropicais. 
Após a guerra, os inseticidas na formade aerossóis passaram a ser produzidos para o uso civil, porém, 
o peso e o custo dos recipientes de alta pressão limitaram a aplicação em outras áreas. Tal limitação foi 
superada, entretanto, com o desenvolvimento de aerossóis com pressão mais baixa.
Até o final da década de 1980, os agentes mais utilizados para manter o líquido em estado de 
equilíbrio dentro da lata pertenciam a uma classe conhecida como clorofluorcarbonos (CFCs), porém, 
em 1989, chegou‑se à conclusão de que a utilização de CFCs contribuía para a redução da camada de 
ozônio e para o aquecimento global. O Protocolo de Montreal pôs fim ao uso dessa substância. No Brasil, 
o uso desses tipos de substâncias na fabricação de produtos cosméticos, higiene, perfumes e saneantes 
domissanitários na forma de aerossol foi proibido em 1988 por meio da Portaria do Ministério da Saúde 
n. 534 (BRASIL, 1988). Com isso, os hidrocarbonetos (gás liquefeito de petróleo ou GLP) começaram a 
ser utilizados como propelentes nos aerossóis, substituindo o CFC.
Os gases liquefeitos de petróleo, como butano, isobutano e propano de alta pureza, são considerados 
inócuos ao meio ambiente e não são capazes de atingir as camadas mais externas da atmosfera. Outra 
alternativa ao CFC são os gases comprimidos inertes (nitrogênio, o dióxido de carbono e o óxido nitroso).
Mesmo sendo uma forma de apresentação bastante segura, a Anvisa proíbe produtos cosméticos 
infantis na forma de aerossol/spray, ficando os produtos sob esse formato restritos a medicamentosos, 
drogas, insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes entre outros.
 Saiba mais
Leia mais sobre o uso de aerossóis para o público infantil em:
ANVISA. Produtos na forma de spray contínuo (bag‑on‑valve ou BOV) 
para o público infantil. 20 jul. 2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.
br/documents/106351/4322048/Produtos+na+forma+de+spray+cont%C3
%ADnuo+%28bag‑on‑valve+ou+BOV%29+para+o+p%C3%BAblico+infa
ntil/dc670b88‑3b3e‑4be8‑b7d4‑cdcbb24e290c. Acesso em: 28 abr. 2020.
57
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Os aerossóis são definidos como sistemas multifases de sólidos particulados ou líquidos dispersos em 
ar ou em outros gases, embalados sob pressão contendo gás propelente e ingredientes terapeuticamente 
ativos, que são liberados após a ativação de um sistema apropriado de válvulas.
Os sprays mais utilizados são empregados contra queimaduras do sol e/ou fogo e contêm em sua 
composição anestésicos locais, protetores, antissépticos e antipuriginosos.
Para que aconteça transformação de uma solução em partículas que possam ser aspergidas ou para 
facilitar a pulverização de pós, existem diversos dispositivos, sendo o mais comum o frasco de plástico, 
que é apertado para produzir um spray e utilizado em embalagens de produtos como desodorantes 
para o corpo. Outra tecnologia utilizada para formação do aerossol é o spray contínuo ou bag‑on‑valve 
(BOV), que em uma tradução livre seria algo como uma válvula com uma bolsa interna.
O BOV consiste no envase de produtos em bolsas flexíveis, de estrutura variável de acordo com as 
características físico‑químicas e requisitos de barreiras do produto envasado. As bolsas são acomodadas 
no interior de tubos de metal ou plástico, seladas através de uma válvula. No espaço entre a bolsa e o 
tubo é injetado um gás comprimido.
Para formar o aerossol é necessário acionar o atuador; a diferença entre a pressão interna da 
embalagem e a pressão atmosférica comprime a bolsa, colocando para fora da embalagem o produto.
Uma das grandes vantagens dos produtos na forma de aerossol/spray contínuo está no fato de poder 
utilizar o produto em qualquer posição, com a embalagem na horizontal ou até mesmo de cabeça para 
baixo, além de dispensar o uso de propelentes convencionais, que normalmente são inflamáveis, como 
os GLPs. Outro fator que merece destaque é a não interação entre o propelente e o produto, tornando, 
assim, o sistema seguro quanto a incompatibilidades de uma gama ampla de substâncias.
Realizando uma comparação entre as tecnologias de aerossol tradicional e BOV, o spray contínuo 
apresenta vários benefícios:
• Exige menor pressão interna.
• Não necessita de gás inflamável como propelente, pois utiliza normalmente ar comprimido ou 
nitrogênio que apresentam baixo risco quanto à sua utilização, armazenamento ou descarte.
• Não há propelente na formulação, o que promove a formação de gotículas maiores (20 a 130 mícrons), 
reduzindo os riscos à saúde respiratória.
• Não entra em contato com o oxigênio atmosférico, promovendo uma menor necessidade de 
conservantes na formulação e uma maior estabilidade do produto, ajudando assim no aumento 
do prazo de validade.
• Funciona em qualquer ângulo.
58
Unidade II
4.1.9 Géis
Géis são soluções coloidais ou suspensões de substâncias insolúveis em água e hidratáveis, podendo 
ser transparentes ou opacos. Para serem transparentes, as partículas devem ser muito pequenas, isto 
é, quanto menor o tamanho das partículas, mais transparente será o gel. Normalmente são formados 
por polímeros, que possuem a capacidade de doar viscosidade à formulação, quando dispersos em 
meio aquoso.
Com o amplo desenvolvimento da tecnologia cosmética atualmente existem três tipos de géis, o 
aquoso, o gel‑creme e o álcool‑gel.
O gel aquoso é composto basicamente de uma fase aquosa, constituída pelo formador do gel 
(macromoléculas sintéticas como o carbômero – polímero carboxivinílico), pelos derivados da celulose (como 
a carboximetilcelulose e a hidroximetilcelulose), pelas gomas naturais (como a goma adraganto), pela água 
e por um glico que possui a finalidade de diminuir a característica de pegajosidade promovida pelo agente 
gelificante. No mercado existem diversos produtos cosméticos à base de gel, como: hidratantes para pele 
oleosa, protetores solares, produtos para banho, xampus, dentifrícios e esfoliantes.
O gel‑creme basicamente é constituído de duas fases, uma aquosa, normalmente composta de um 
agente gelificante, como o carbômero (polímero carboxivinílico) ou os derivados da celulose, e uma fase 
oleosa, normalmente composta de ceras e emolientes com características leves.
No entanto, ainda existe o álcool‑gel, amplamente difundido e utilizado para higienização das mãos 
e formado por água, álcool (etílico) e um polímero. Existe uma legislação específica para comercialização 
do álcool‑gel (ANVISA, 2010), que especifica a concentração mínima de 70% de álcool, para que este 
possua ação antibacteriana.
Os componentes de um gel são matérias‑primas que podem ter origem natural ou sintética e que 
possuem a capacidade de auxiliar na estabilização das emulsões e de aumentar a viscosidade da fase 
contínua. Entre as matérias‑primas sintéticas, temos os polímeros como carbômero e os acrilatos, e, entre 
as de origem natural, podemos citar a alqui celulose, alginatos, pectinas, amidos e argilas (bentonita). 
Os agentes gelificantes, em concentrações adequadas, promovem sensação agradável de lubricidade e 
deslizamento na pele.
Os géis têm sido amplamente utilizados como veículos de produtos cosméticos e, ainda, como 
base dermatológica, pela sua boa espalhabilidade, por não apresentarem características gordurosas 
e, ainda, por poderem veicular princípios ativos hidrossolúveis ou lipossomas. Em produtos para os 
cabelos, são utilizados como géis modeladores ou como espessantes, em xampus, géis de banho, géis 
para barbear e géis pós‑barba. Não podemos esquecer uma outra aplicação de produtos em forma de 
gel: os cremes dentais.
O processo de fabricação de um gel consiste na dispersão do agente polimérico sob agitação vigorosa 
até que o polímero esteja totalmente disperso. Com a dispersão, são acrescidos os outros componentes 
da formulação: princípio ativo, umectante, corante, agente quelante e conservante, que devem ser 
59
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
devidamente misturados e dissolvidos no meio. Após homogeneização de todos os componentes, 
deve‑se neutralizar o gel como regulador de pH e, em seguida, acrescentar a fragrância devidamente 
solubilizada em meio adequado. No processo de fabricação de um gel, existem algumas etapas críticas, 
como a dispersão adequada do polímero formador do gel e a solubilização da fragrância, pois, caso essas 
etapas não sejam devidamente adequadas, o produto não apresentará transparência e homogeneidade 
durante todo o período de validade.
Um produto cosmético classificado como gel deve conter as seguintes características físico‑químicas:
• Viscosidade: de acordo com o tipo de embalagem do produto final.
• Aspecto: gel transparente ou gel turvo, dependendo do produto que se deseja.
• pH: dependendo do tipo de produto desejado, no entanto, um gel capilar deve possuir pH entre 
6,0 e 7,0.
4.1.10 Pós
São veículos indicados a produtos e cosméticos preparados e conservados em estado seco, sem a 
presença da umidade, como talcos, pós faciais, maquiagens em pó e ainda máscaras à base de argilas. 
Toda e qualquer substância sólida de origem vegetal, animal ou mineral pulverizada a pequenas 
partículas recebe o nome de pó ou de pulvéreo.
Os pós são matérias‑primas sólidas preparadas com tamanho de partículas reduzidas e que 
apresentam na sua composição uma mistura fina de diversos componentes. Quanto à aplicação 
de produtos na forma pulverizada, podem ser utilizados diretamente sobre a pele como a grande 
maioria dos produtos de maquiagem, ou ainda com o uso de solventes, que evitam a problemática 
de desestabilização do produto.
Os produtos na forma de pós apresentam maior estabilidade quando comparados aos dissolvidos, 
entretanto, merecem atenção especial quanto à contaminação pela presença de água no ambiente, 
uma vez que uma parte das matérias‑primas na forma de pós possui características higroscópicas, isto 
é, apresenta a capacidade de adsorver água. Para evitar o processo de contaminação pela umidade, é 
necessária a escolha de embalagem adequada que possua a capacidade de manter a estabilidade e a 
segurança do produto devidamente seco.
Entre os componentes mais comuns para formulação de pós, temos o talco, amido de arroz e de 
milho, silicatos ou dióxido de titânio, óxido de zinco e de titânio, carbonato de cálcio, silicato de alumínio, 
argilas, entre muitos outros.
A conservação e a manutenção dos veículos na forma de pó devem seguir normas rígidas de controle 
da umidade do ambiente, sendo necessário manter o seu estado seco, para que adição de água ocorra 
no momento específico e necessário para sua aplicação ou uso.
60
Unidade II
Outra condição que deve ser observada quanto ao uso dos pós diz respeito à granulometria, que 
é a distribuição em porcentagem dos mais diversos tamanhos de grânulo, e na verdade consiste na 
separação pela dimensão das partículas do agregado e de suas respectivas porcentagens de ocorrência. 
Uma forma simples e grosseira de identificar o tamanho das partículas é por meio do estado físico 
que poderá ser sentido nas pontas dos dedos (maior granulometria) e no oposto, até perder o corpo 
(material micronizado ou finamente dividido).
O tamanho das partículas das substâncias é oficialmente definido da seguinte maneira:
• Muito grosso: todas as partículas passam através do tamis n. 8 e não mais que 20% através do 
tamis n. 60.
• Grosso: todas as partículas passam através do tamis n. 20 e não mais que 40% através do tamis n. 60.
• Moderadamente grosso: todas as partículas passam através do tamis n. 40 e não mais que 40% 
através do tamis n. 80.
• Fino: todas as partículas passam através do tamis n. 60 e não mais que 40% através do tamis n. 100.
• Muito fino: todas as partículas passam através do tamis n. 80 e não há limite inferior para o 
tamanho das partículas.
A importância da padronização do tamanho das partículas diz respeito às características do produto, 
uma vez que partículas fora das dimensões influenciam na aparência, na performance e na cor do 
produto. Existem dois métodos para a padronização das partículas, o mais simples, a tamisação e o 
mais moderno, a análise granulométrica por difração a laser que é utilizada para avaliar partículas de 
tamanho reduzido.
4.1.11 Veículos vetoriais
Os veículos vetoriais são estruturas capazes de carrear princípios ativos hidro e lipossolúveis até as 
camadas mais profundas da epiderme, depositando a substância ativa diretamente na camada basal, 
e, assim, colocando‑o à disposição do tecido. Com o depósito do ativo diretamente na célula, esta tem 
a capacidade facilitada de absorvê‑lo das mais variadas maneiras, que vai depender do mecanismo de 
ação do vetor carreador, podendo ser: por osmose, por difusão, por endocitose.
Os veículos vetoriais são preparados de forma a se obter a atividade específica e desejada do produto 
final, garantindo assim a eficácia do princípio ativo agregado ao vetor. A seguir abordaremos alguns 
vetores aplicados em cosmetologia.
4.1.11.1 Lipossomas
Os lipossomas têm sido amplamente utilizados como veículo em fórmulas cosméticas, em virtude 
das características da sua estrutura peculiar, que proporciona o encapsulamento de substâncias ativas 
hidrofílicas e lipofílicas, uma vez que são constituídos por compostos anfifílicos, como representados na 
figura a seguir.
61
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Hidrofílica
R
Hidrofóbica
Figura 21 – Estrutura química geral de um composto anfifílico
 Observação
O composto hidrofílico corresponde a qualquer substância química 
que apresente afinidade pela água; já o composto lipofílico é qualquer 
substância química que apresente afinidade pela gordura; ao passo que o 
composto anfifílico significa qualquer composto químico que possui em 
sua estrutura uma região polar (iônica ou não) e uma região apolar, a qual 
pode ser representada por uma ou mais cadeias hidrocarbônicas com mais 
de oito grupos metilênicos.
Os lipossomas são constituídos de uma ou mais bicamadas concêntricas, separadas por fases 
aquosas e englobando um compartimento aquoso interno (próxima figura). A organização dos sistemas 
ocorre na presença de água, porém a bicamada é determinada pela natureza dos grupos polares e 
das cadeias carbônicas.
Figura 22 – Estrutura de lipossomas unilamelares e multilamelares
Os métodos de preparo dos lipossomas consistem em dispersão simples de um filme anfifílico com 
agitação mecânica, sonicação, evaporação em fase reversa e extrusão e, dependendo do método de 
escolha, existe diferença no tamanho e na homogeneidade do produto obtido.
O processo de encapsulação e retenção das substâncias ativas acrescidas em lipossomas depende 
exclusivamente da natureza e da concentração do fosfolipídio, concentração da substância, carga 
elétrica dos lipídios, força iônica do meio, concentração de colesterol, tamanho da estrutura e condição 
de obtenção dos lipossomas. Quanto à localização dos ativos na estrutura lipossomal, depende de seu 
coeficiente de partição entre as fases aquosas e lipídicas, sendo que a quantidade máxima de substância 
a ser incorporada é dependente da solubilidade total em ambas as fases e do tipo de estrutura do 
lipossoma, como representado na figura a seguir.
62
Unidade II
A) B)
Figura 23 – (A) Lipossoma unilamelar contendo substância ativa solubilizada na fase 
aquosa e na bicamada lipídica. (B) Corte transversal de lipossoma unilamelar
A encapsulação das substâncias depende da concentração total de lipídios, do volume interno e das 
dimensões do lipossoma, sem levar em consideração sua polaridade. No entanto, a concentração ideal 
de ativo é a que não exceda o limite de saturação no compartimento aquoso para substâncias polares 
e, tampouco, nas bicamadas lipídicas para substâncias apolares.
A área cosmética vem utilizando os lipossomas com o intuito de aumentar a incorporação de 
substâncias às células e aos veículos para liberação controlada dos ativos, podendo citar o emprego 
na prevenção da queda de cabelo, promoção do crescimento capilar, desaceleração do envelhecimento 
cutâneo, clareamento da pele e tratamentoda lipodistrofia ginoide.
Entre as vantagens quanto ao uso de cosméticos lipossomados é válido ressaltar o transporte de 
substâncias lipo e hidrossolúveis, elevada afinidade pelas membranas biológicas pela sua constituição 
anfifílica e, ainda, pela facilidade no processo de hidratação da pele e dos cabelos. O que facilita o 
processo de interação profunda com as células do organismo humano é a estrutura de bicamada lipídica 
semelhante à estrutura das membranas celulares. Entre os mecanismos de interação entre lipossomas 
e células estão descritas na literatura a transferência ou troca de lipídios, endocitose, fusão e absorção 
específica e não específica (ver próxima figura).
Absorção
Troca lipídica
Específica
Não específica
Fusão
Endocitose
Figura 24 – Possíveis mecanismos de interação entre lipossomas e células
63
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
As principais vantagens de formulações tópicas de lipossomas estão listadas a seguir:
• Da mesma forma que as células, os lipossomas têm a capacidade de armazenar em seu interior 
substâncias hidrossolúveis, enquanto as substâncias anfifílicas ativas nas membranas ficam retidas 
para serem transferidas para outras membranas como a pele.
• Os lipossomas também proporcionam penetração bastante eficiente, tendo em vista que a grande 
maioria dos ativos aplicados na pele em veículos convencionais não possuem a capacidade de 
penetração pelas caraterísticas fisiológicas do estrato córneo.
• A incorporação de substância em lipossomas que penetram na pele resulta em uma diminuição 
da concentração de substância que chega à circulação sistêmica.
• Os lipossomas que ficam depositados no estrato córneo apresentam efeito reservatório substancial.
• Lipossomas podem ser preparados em larga escala, são biodegradáveis e atóxicos.
Importante ressaltar que a interação entre os lipossomas e a pele ainda não está totalmente 
esclarecida, no entanto existem duas fases desse período de contato: na fase inicial, os fosfolipídios 
ligam‑se à queratina do estrato córneo de forma superficial, formando um filme lipídico que recobre a 
pele aumentando a função de barreira e, consequentemente, diminuindo a perda hídrica transepidérmica; 
na segunda fase, os fosfolipídios monoméricos que não estão ligados à bicamada lipídica podem ser 
introduzidos de forma eficiente nas camadas mais profunda da pele e, com isso, capturados pelas 
membranas celulares.
4.1.11.2 Nanopartículas
São sistemas carreadores de liberação de substâncias em escala manométrica (inferior a 1 μm) 
desenvolvidas na década de 1970 com a finalidade de melhorar o perfil de liberação de substâncias com 
o aumento da eficiência do transporte e redução dos efeitos adversos.
O termo nanopartículas inclui as nanocápsulas e as nanosferas, que diferem na composição e 
organização estrutural (ver próxima figura). As nanocápsulas são partículas obtidas por meio de um 
envoltório de polímero disposto em torno de um oleoso e os ativos podem estar dissolvidos e/ou 
adsorvidos à parede polimérica, enquanto as nanoesferas não apresentam óleo em sua composição e 
são formadas por uma matriz polimérica; o fármaco pode ficar retido ou adsorvido.
Nanocápsulas Nanoesferas
Parede 
polimérica
Núcleo 
oleoso
Fármaco A) B) C) D) Fármaco
Matriz 
polimérica
Figura 25 – Esquema de nanocápsulas e nanoesferas poliméricas: A) nanocápsula com ativo dissolvido no núcleo; 
B) nanocápsula com ativo disperso no polímero; C) ativo retido na nanosfera; D) ativo disperso ou adsorvido na nanosfera
64
Unidade II
Existem diversos métodos para a obtenção de nanopartículas poliméricas, que podem ser classificados 
de uma forma geral em métodos baseados na polimerização in situ de monômeros dispersos, como o 
cianoacrilato de alquila, ou na precipitação de polímeros pré‑formados como poli (ácido lático) (PLA), 
poli (ácido lático‑co‑ácido glicólico) (PLGA), poli(ε‑capro‑lactona) (PCL) e, ainda, os copolímeros de 
ácido metacrílico e de um éster acrílico ou metacrílico. Independentemente do método de preparo para 
se ter nanopartículas, os produtos são obtidos como suspensões coloidais aquosas.
Algumas observações são relatadas na literatura quanto ao armazenamento, durante esse período 
pode ocorrer agregação das nanopartículas no meio, formando precipitado. Além disso, são relatados 
problemas de estabilidade química do polímero ou das outras matérias‑primas, como o ativo, o que 
constitui um obstáculo para a aplicação industrial das suspensões aquosas de nanopartículas. No entanto, 
para sanar ou minimizar os problemas de estabilidade, faz‑se necessária a secagem das suspensões.
Outro tipo de nanopartículas são as nanopartículas lipídicas sólidas (NLS), que foram desenvolvidas 
na década de 1990 como alternativa aos sistemas carreadores. Tais sistemas apresentam características 
mais adequadas ao uso farmacêutico e cosmético, com maior estabilidade, capacidade de produção em 
escala industrial, toxicidade reduzida em até 100 vezes quando comparadas às nanocápsulas sólidas.
Assim, as NLS possuem a capacidade de permear camadas específicas, preservar ativos lábeis, aumentar 
a estabilidade, além de apresentar propriedades oclusivas, diminuindo assim a perda transepidérmica 
de água.
As nanopartículas lipídicas sólidas podem ser divididas em três categorias: as nanopartículas lipídicas 
sólidas (NLS), carreador lipídico nanoestruturado (CLN) e conjugado fármaco‑lipídio (CFL). A próxima 
figura apresenta esquemas de nanopartículas lipídicas sólidas, carreador lipídico nanoestruturado e 
conjugado fármaco‑lipídico.
DA E
Lipídio amorfo
Lipídio sólido
Óleo nanocompartimentado
Figura 26 – Esquemas de: (A) nanopartículas lipídicas sólidas (NLS); 
(D) carreador lipídico nanoestruturado (CLN); (E) conjugado fármaco‑lipídio (CFL)
Por meio do uso das nanopartículas lipídicas sólidas é possível identificar a melhora na hidratação da 
camada córnea e a permeação percutânea por meio do processo oclusivo causado pelas nanopartículas 
em questão em até 40% dos ativos. Outra questão a ser observada é o aumento da biodisponibilidade 
dos ativos nanoparticulados, sendo, assim, uma boa alternativa à liberação pela semelhança de tamanho.
4.1.11.3 Ciclodextrinas
São oligossacarídeos cíclicos, compostos de unidades D‑glucopiranosídicas (glucose) ligadas entre si 
por meio de ligações α‑1,4 glicosídicas. Obtidas a partir de processos biotecnológicos, por degradação 
65
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
enzimática do amido do milho, em que apresentam maior rendimento com seis, sete e oito unidades de 
glucose, são conhecidas respectivamente por α‑CD, β‑CD e γ‑CD e suas moléculas são cristalinas, não 
higroscópicas e de produção industrial.
O
OOO
O
O
O
O
O O
OH
OH
OH
OH
OH
OH OH
OH
OH
OH
OH
OH
OH
OH OH OH
OH
OH
OH
OH
OH
OH
OH OH OH
OH
OH
OH
OH
OH
OHOH
OH
OH
OHOHOH
OHOH
OH
OH
OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OHCH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OHCH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
CH2OH
O
O
O
O
O O O
O
O
O
O O
O
O O
O
O O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
OO
Figura 27 – Estrutura química das ciclodextrinas α‑CD, β‑CD e γ‑CD, respectivamente
Apresentam uma característica peculiar na sua estrutura, com forma tronco‑cônica devido à ausência 
de rotação livre das ligações glicosídicas e da conformação em cadeia, apresentadas pelas unidades de 
glucose. Na face externa de sua estrutura, apresentam características hidrofílicas e, na cavidade interna, 
hidrofóbica, na qual pode ser incluída uma grande quantidade de moléculas hóspedes de tamanho e 
formar assim o complexo de inclusão. A figura a seguir apresenta a estrutura da beta‑ciclodextrina 
(βCD) com a posição dos grupos hidroxílicos.
R’O
R’O
R’OR’O
R’O
R’O
R’O
R’O
R’O
R’O
R’OR’O R’O1
23
4
5
6
0
0
0
0
0
0 0
0
0
0
0
0
0
Grupos hidroxilos primários
7,9 Å
6,0‑6,5 Å
15,4 Å
Grupos hidroxilos secundários
Cavidade apolar
0
OR’
OR’
OR’
OR’
OR’
OR’OR’
OR’
Figura 28 – Estrutura da βCD comrepresentação de suas dimensões e com a posição dos grupos hidroxílicos
A estrutura das ciclodextrinas, cápsulas cilíndricas vazias, abertas de ambas as extremidades, permite 
a inclusão de uma enorme variedade de moléculas orgânicas (fármacos apolares) em sua cavidade 
central. Da associação das moléculas hospedeiras (ciclodextrinas) com moléculas encapsuladas resultam 
complexos hóspede‑hospedeiro ou complexos fármaco‑ciclodextrinas, no caso de a molécula hóspede 
ser um fármaco.
66
Unidade II
Fatores como estequiometria, tamanho e polaridade das moléculas hóspedes e compatibilidade 
geométrica condicionam a formação do composto de inclusão, em que a condição mínima para a 
formação dos complexos de inclusão da ciclodextrina com a molécula hóspede é a compatibilidade 
geométrica entre as moléculas, de modo que a molécula hóspede tem de penetrar e ajustar‑se total ou 
parcialmente à cavidade apolar da ciclodextrina.
A inclusão ocorre somente em solução ou no estado sólido. A próxima figura apresenta o esquema 
de formação dos complexos de inclusão na forma de solução. Em solução aquosa, a cavidade apolar 
das ciclodextrinas (CDs) é ocupada por moléculas de água, as quais se encontram em um ambiente 
energeticamente desconfortável, pela natureza da interação polar‑apolar. A formação dos complexos de 
inclusão ocorre através de um processo em que as moléculas de água, localizadas na cavidade central, 
são substituídas por uma molécula hóspede ou pelos grupos lipófilos dessas moléculas que apresentem 
polaridade, tamanho e forma compatíveis. Esse processo é energeticamente favorável e contribui para o 
aumento da estabilidade do complexo, já que promove uma alteração da entalpia, aumento de entropia 
e redução da energia total do sistema.
CH3
CH3
CH3
CH3
Figura 29 – Representação esquemática da formação dos complexos
As CDs podem ser usadas como carreadores para determinadas substâncias para solubilizar e estabilizar 
ativos, modificar características físicas e químicas e melhorar a biodisponibilidade de substâncias com 
baixa solubilidade. Elas diminuem a irritação dérmica e aumentam a estabilidade de formulações. No 
entanto, não suportam formulações muito ácidas, sendo o pH dependente, e, assim, deve‑se utilizá‑las 
em pH entre 5,0 e 7,0.
 Observação
A complexação de filtros solares pouco estáveis com ciclodextrina (CD) 
tem sido uma realidade no desenvolvimento de protetores solares cada vez 
mais estáveis e com qualidade superior (MARTINS, 2008).
4.1.12 Veículos liofilizados
A liofilização consiste em um processo de estabilização, no qual uma substância é congelada e a 
quantidade de água (solvente mais comum) é reduzida por meio de sublimação e dessorção, respectivamente. 
67
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Com a redução ou retirada do solvente, ocorre a diminuição da atividade biológica e de possíveis 
reações químicas.
O primeiro estudo de um produto liofilizado foi o vírus da raiva, no entanto, atualmente, a quantidade e 
variedades de produtos liofilizados são grandes, com destaque para a área de alimentos. A área cosmética, 
porém, também utiliza produtos liofilizados como veículos cosméticos. É importante ressaltar que a técnica 
não é simples e que não pode ser utilizada em qualquer produto que se deseja secar.
O processo de secagem por meio da liofilização mostra‑se mais eficiente que outros métodos 
de desidratação, principalmente pelas características como contração do produto, perdas voláteis, 
decomposição térmica, ações enzimáticas e desnaturação de proteínas.
Existem outras nomenclaturas para se referir à liofilização, como codesidratação e criossecagem. 
No entanto, para se obter um liofilizado com características ideais, são necessárias condições especiais de 
pressão e de temperatura, facilitando, assim, para que o solvente congelado passe ao estado gasoso 
de uma forma direta, isto é, sem passar pelo estado líquido.
O primeiro passo antes do início do processo de liofilização é o congelamento do material. O intuito 
do congelamento é de transformar as soluções aquosas em uma mistura de duas fases, uma composta 
de cristais de gelo e a outra de solução concentrada de soluto. O processo de congelamento, como tipo e 
velocidade, tem efeito na estrutura final do liofilizado, uma vez que, com a formação de grandes cristais 
de gelo, ocorre a formação de uma rede cristalina com boa estrutura porosa que promove a saída da 
água em sua reidratação.
As etapas seguintes ao congelamento consistem em desidratação primária e secundária. Na 
desidratação primária, a água é retirada por sublimação a vácuo e com adição de calor latente e o final 
da primeira etapa de desidratação pode ser observado pelo aumento da temperatura do produto em 
um valor máximo do ambiente, ou, ainda, visualmente pelo desaparecimento da interface entre camada 
seca e congelada. A segunda fase da desidratação, também chamada de dessorção, ocorre após o gelo 
ter sido retirado, no entanto, a substância mantém uma quantidade de água.
O emprego de produtos liofilizados tem destaque nas mais diversas áreas indústrias e os produtos 
sintéticos têm sido substituídos por produtos naturais mais estáveis por meio do processo de desidratação. 
Entre os produtos liofilizados podemos citar:
• Não biológicos que necessitam concentrar ou desidratar substâncias sensíveis ao calor.
• Bio‑produtos não vivos, como enzimas, hormônios, antibióticos, vitaminas, hemoderivados, 
anticorpos, entre muitos outros, como substâncias com ação farmacêutica ou cosmética.
• Organismos vivos, quando as células são reconstituídas depois do processo de secagem.
O equipamento de liofilização, chamado de liofilizador, é constituído por uma câmara de vidro, 
fonte de calor, condensador e bomba de vácuo. A câmara de vidro tem a função de diminuir a pressão, 
68
Unidade II
impedindo a fusão do gelo; a fonte de calor tem o objetivo de suprir calor latente de sublimação; o 
condensador é constituído de serpentinas de refrigeração com a capacidade de transformar os vapores 
em gelo, de forma direta, esse processo é conhecido como sublimação inversa; a bomba de vácuo tem a 
finalidade de retirar os vapores que não sofreram condensação.
Atualmente no mercado existem vários tipos de liofilizadores, que diferem quanto ao modo que 
proporcionam calor para superfície do material a ser liofilizado. Os mais utilizados atualmente são os 
que usam condução e radiação, além dos equipamentos liofilizam por micro‑ondas.
Entre as principais vantagens de se utilizar materiais liofilizados, podemos citar: manutenção das 
propriedades das substâncias, conservação do material, facilidade de transporte, leveza adquirida 
com a remoção da água, produtos com estrutura inalterada, fáceis de transformar em pó e dissolver 
e fáceis de reidratar, com redução de alterações como cor, aroma e gosto, processo ecológico, mínima 
perda na atividade de produtos termossensíveis e maior tempo de estabilidade (long shelf life). No 
entanto, é importante apresentarmos algumas desvantagens, como necessidade de cuidados especiais 
na embalagem e armazenamento pela fácil reidratação, mais suscetíveis à reação de oxidação que limita 
a validade, alta higroscopicidade, equipamento com valor alto e custo energético elevado.
 Lembrete
A dessorção é um processo ou fenômeno pelo qual uma determinada 
substância é libertada de uma superfície, por oposição à sorção. Já a 
sublimação consiste na passagem do estado sólido para o estado gasoso
4.2 Classes químicas de excipientes cosméticos
Neste tópico comentaremos as principais classes de matérias‑primas cosméticas. As matérias‑primas 
cosméticas têm origem natural, semissintética e sintética. Entre as substâncias de origem natural, temos 
as minerais, animais e vegetais, enquanto as semissintéticas são obtidas por meio de processos químicos a 
partir de produtos naturais. No entanto, os produtos de origem sintética são obtidos por síntese química.
4.2.1 Água
Entre todas as matérias‑primas utilizadasno desenvolvimento de cosméticos, a água é possivelmente 
a mais utilizada e, em determinados cosméticos, pode chegar em até 90% da formulação. A importância 
da água no desenvolvimento é tal que a presença de água adequada pode aumentar em até 50% 
a eficiência do produto final. Contudo, abordamos as características e tipos de águas utilizadas no 
desenvolvimento dos cosméticos.
4.2.2 Emolientes
São substâncias lipofílicas com diversas funções e de extrema importância em formulações 
como emulsões. Entre as funções dos emolientes podemos citar a capacidade em promover 
69
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
deslizamento, espalhamento e promover sensorial lubrificante, hidratação e suavidade. Além de 
facilitar a permeação de princípios ativos, atuam como agentes solubilizantes de antioxidante, 
de substâncias com a capacidade de filtrar os raios solares, de vitaminas, de conservantes e ainda de 
substâncias ativas lipossolúveis.
Atualmente está à disposição dos formuladores uma grande quantidade de substâncias que pertencem 
a essa classe de matérias‑primas, que devem observar as características desejadas do produto final, do 
tipo de pele dos consumidores à incorporação no veículo, compatibilidade com os outros componentes 
da fórmula e a finalidade do produto. No entanto, é de extrema importância reconhecer a tendência dos 
emolientes em causar comedogenicidade e irritação na pele.
O conhecimento das características químicas dos emolientes é de extrema importância para 
o desenvolvimento de formulações cosméticas, principalmente as direcionadas aos consumidores 
com pele oleosa, uma vez que determinados emolientes podem promover o espessamento dos 
estratos germinativo e espinhoso (acantose), que podem promover a destruição dos processos 
intercelulares com o desprendimento de células da epiderme e, por consequência, facilitar a 
formação de processos irritativos.
Contudo, existem produtos emolientes que não promovem a comedogenicidade, como o PPG‑15 
estearil éter, o miristato de isopropila e o palmitato de isopropila. Com isso, é desejado que se obtenha 
uma mistura equilibrada de emolientes que possa ser utilizada em formulações para todos os tipos de 
emulsão, promovendo sensorial suave e agradável em função do tempo e absorção homogênea. Para 
isso, são capazes de influenciar fatores como:
• Toque na pele, flexibilidade, brilho, lubricidade e elasticidade da pele.
• Umidade da pele, pela formação de barreira de função protetora, e, com isso, diminuição da perda 
de água transdérmica.
• Estabilidade das emulsões facilitando a absorção de forma homogênea.
Outras características devem ser observadas quanto à ação dos emolientes, como consistência e 
viscosidade em temperatura ambiente, que influenciam fortemente o sensorial, uma vez que, quanto 
menor a consistência, maior será o sensorial relacionado à leveza e suavidade. Assim, os emolientes 
podem ser classificados de acordo com a polaridade e, ainda, de acordo com a sua característica química 
estrutural. De acordo com a polaridade podem ser polares e apolares, e os apolares (hidrocarbonetos) 
promovem sensorial pegajoso e pesado, no entanto, os polares conferem leveza e suavidade ao sensorial. 
Quanto à característica química estrutural, o tipo de cadeia (saturada, insaturada, ramificada e linear) 
influenciam fortemente as propriedades funcionais.
4.2.2.1 Hidrocarbonetos
São compostos orgânicos que, em sua estrutura química, contêm apenas átomos de hidrogênio e 
carbono, apresentam insolubilidade em água e são apolares. Promovem elevada lubricidade à pele pela 
70
Unidade II
sua elevada oleosidade e, de acordo com as suas características, não são absorvidos pela pele, sendo 
assim, são indicados produtos tópicos. De acordo com a sua elevada oleosidade, deve ser associado a 
outros emolientes como ésteres de álcool e ácidos graxos.
Para o uso de forma adequada e segura, devem apresentar elevado grau de pureza, pois, caso contrário, 
podem causar irritação e promover a formação de comedões na pele pela presença de substâncias como 
naftenos, substâncias aromáticas e compostos nitrogenados. Exemplos de hidrocarbonetos sintéticos são 
o dioctilciclohexano e o esqualeno, que possuem a capacidade de facilitar o escoamento e espalhamento 
de formulações para peles secas e ressecadas.
De acordo com a classificação da estrutura química, os hidrocarbonetos apresentam características 
peculiares:
• Saturados: apresentam apenas ligações químicas simples, são apolares, não rancificam e são bons 
solventes por não reagirem com ácidos, bases, oxidantes e redutores.
• Lineares: óleo mineral.
• Ramificados: quanto mais ramificado, mais líquida é a substância, o que promove maior 
espalhabilidade e absorção.
• Cíclicos: apresentam substâncias sólidas e apolares como a parafina e as ceras microcristalinas.
• Insaturados: apresentam ligações duplas ou triplas e são quimicamente reativos, com isso, não 
devem ser utilizados em cosméticos.
• Aromáticos: normalmente apresentam impurezas que podem causar alergias e sensibilização na 
pele, assim, não são indicados em produtos tópicos.
Entre os hidrocarbonetos mais utilizados temos os derivados do petróleo, como o óleo mineral e a 
vaselina sólida. O óleo mineral é obtido por meio da purificação dos derivados do petróleo e, quando 
classificado como medicinal, apresenta características como: incolor, inodoro e neutro. É um produto 
economicamente viável quanto ao custo e favorece a espalhabilidade do cosmético. A vaselina sólida é 
obtida através da destilação do petróleo. É uma substância inodora e atóxica e atua como lubrificante, 
agente de consistência e de emoliência, formando uma película sob a pele.
4.2.2.2 Álcoois graxos
São substâncias de cadeia longa, saturadas ou insaturadas, de origem natural ou vegetal, e são 
insolúveis em água. Apresentam toque seroso e seco, sendo assim, são mais indicados como componentes 
da fase oleosa de emulsões, mais especificamente como espessantes. Em elevadas proporções ou 
associados de forma inadequada com outros emolientes podem promover a formação de espuma 
branca quando em contato com a pele.
71
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Outra função dos álcoois graxos é a obtenção de diversos tipos de álcool: acético, estearílico, 
cetoestearílico e oleico.
4.2.2.3 Ésteres graxos
São compostos que promovem a espalhabilidade e a resistência à hidrólise ácida e alcalina e 
apresentam solubilidade em água e óleo. Um dos ésteres graxos amplamente utilizados em cosméticos 
é o miristato de isopropila, representado na figura a seguir: uma mistura de ésteres do álcool isopropílico 
com ácidos graxos saturados, principalmente o ácido mirístico, utilizado em fórmulas de cremes, loções, 
desodorantes e óleos de banho.
O
O
Figura 30 – Estrutura química do miristato de isopropila
Entre as vantagens, destaca‑se a resistência a reações de oxidação e hidrólise, não é sensibilizante 
ou irritante e é completamente absorvido pela pele. No entanto, mesmo com o seu baixo caráter oleoso, 
não é indicado para formulações para o rosto. Apresenta qualidades como: capacidade de repelir água, 
ótimo desempenho como lubrificante, eficiente como emoliente, agente de consistência, facilitador de 
espalhamento e efeito opacificante.
Outro atributo do composto que vale um destaque especial é a sua ação opacificante na 
imagem final dos produtos, o que permite que as fórmulas assumam um aspecto homogêneo ao 
longo de sua produção e comercialização, transmitindo ao consumidor final mais segurança na 
hora da compra.
4.2.2.4 Ácidos graxos
São ácidos monocarboxílicos de cadeia longa, com átomos de carbonos em número par que variam 
de 4 a 30, em cadeia linear, saturada ou insaturada. A simbologia dos ácidos graxos é Cx:y(z), em que 
Cx indica o número de átomos de carbono na cadeia linear; y e z representam a quantidade de ligação 
dupla e suas posições na molécula, respectivamente. Entre os ácidos graxos mais utilizados temos o 
esteárico (C 18:0),palmítico (C 16:0), mirístico (C 14:0) e láurico (C 12:0).
A obtenção dos ácidos graxos ocorre pela hidrólise de gorduras de origem animal ou vegetal e 
apresenta sensorial seco. Normalmente são indicados como agentes de viscosidade da fase oleosa 
e ainda como intermediários para reações alcalinas (hidróxidos de sódio e potássio, aminometilpropanol e 
trietanolamina) na obtenção de sabão.
72
Unidade II
4.2.2.5 Ésteres de álcoois e ácidos graxos
A reação de obtenção acontece por meio de um ácido carboxílico e de um álcool e representa a 
principal classe de emolientes utilizados na obtenção de emulsões. Apresentam ótimas respostas quanto 
à espalhabilidade, sensação não oleosa e absorção da epiderme de cosméticos. Quanto às características 
químicas, os produtos com baixo peso molecular apresentam solubilidade em água, no entanto, com o 
aumento do peso molecular, ocorre diminuição dessa solubilidade. Ésteres de elevado peso molecular 
e, consequentemente, com longa cadeia, apresentam insolubilidade em água e são utilizados na 
indústria cosmética como hidrorrepelentes em protetores solar resistentes à água, como o isonanoato 
de cetoestearila.
O produto com menor tamanho de cadeia é o álcool isopropílico, que promove toque seco, 
elevada capacidade de espalhamento, no entanto é altamente comedogênico e irritante. Entre 
os principais representantes de produtos com baixo peso molecular temos: ésteres de álcool 
isopropílico (miristato, palmitato, estearato e lanolato), ésteres dos álcoois butílico, octílico, 
decílico, cetoestearílico e estearílico.
De uma forma geral, o aumento do tamanho da cadeia carbônica do álcool reduz algumas 
características como toque, espalhamento, comedogenicidade e irritabilidade.
Ésteres de cadeias curtas a médias são mais suscetíveis à reação de hidrólise quando em pH menor 
que 4, voltando aos álcoois e ácidos graxos originais e, consequentemente, provocando a separação de 
fases da formulação.
4.2.2.6 Óleos, gorduras, ceras, triglicerídeos de origem animal ou vegetal
A constituição básica de óleos, gorduras e ceras de origem animal ou vegetal são os triglicerídeos 
compostos de três moléculas de ácido graxo e uma molécula de glicerol. Em temperatura ambiente 
(20 °C), as gorduras são sólidas e predominantemente compostas de ácidos graxos saturados, enquanto 
os óleos apresentam quantidade elevada de ácidos graxos insaturados e fisicamente são líquidos à 
temperatura ambiente. O grau de insaturação e a composição de ácidos graxos determinam a diferença 
de propriedades entre óleos e gorduras.
Quanto aos óleos vegetais, são predominantemente compostos de ácidos graxos saturados (ácidos: 
láurico, mirístico, palmítico e esteárico), no entanto, existem os ácidos graxos insaturados, com destaque 
para o ácido oleico (ômega 9), linoleico (ômega 6) e linolênico (ômega 3), também conhecidos como 
ácidos essenciais. Os ácidos graxos essenciais são obtidos na natureza (reino vegetal) e o organismo 
não possui a capacidade de síntese, sendo considerados indispensáveis na síntese de prostaglandinas e 
proteínas, responsáveis pelo processo de regeneração e mecanismo de defesa das células, além de sua 
importância na formação das membranas celulares da epiderme.
As principais características dos emolientes oriundos de óleos, gorduras, ceras e triglicerídeos de origem 
animal ou vegetal dizem respeito à similaridade química com a pele e a influência no sensorial dos produtos. 
A tabela a seguir apresenta a composição química de óleos vegetais e da pele.
73
COSMETOLOGIA E FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
Tabela 1 – Composição graxa de óleos vegetais e da pele
Composição Graxa (%) Amêndoas Rosa mosqueta Coco Oliva Pele
Ácido Palmítico 4‑13 3‑5 8‑11 7,5‑20 25‑29
Ácido Palmitoleico 0,2‑0,8 0,1‑5 0‑1 0 0
Ácido Esteárico 1‑10 1‑2 1‑3 0,5‑5 20‑28
Ácido Oleico 43‑70 14‑16 5‑8 55‑83 30‑35
Ácido Linoleico 20‑34 46‑49 0‑2,5 3,5‑13,5 3,0‑3,5
Ácido Linolênico 0 28‑34 0 0‑0,8 0‑1,2
Ácido Láurico 0 0‑1 44‑52 0 0
Ácido Mirístico 4‑16 0 13‑19 0‑1 0
Insaponificáveis 0‑2 1‑3 0 1‑1,5 5
Fonte: Pereira (2015, p. 79).
A presença de ácidos graxos essenciais em óleos e gorduras favorece a penetração na pele de 
ativos, ajuda na reconstituição da barreira cutânea, normaliza as funções naturais da pele, reduz a 
perda transepidérmica de água, melhora a hidratação e elasticidade, previne e atenua o envelhecimento 
prematuro além de promover uma maior proteção quanto à ação de agentes externos.
4.2.2.7 Silicones
São moléculas de origem mineral com cadeias poliméricas e sua estrutura química é formada 
basicamente por ligações silício‑oxigênio‑silício (Si‑O‑Si), também conhecidas como siloxanos. O início 
do uso dos silicones data da década de 1950 nas mais diversas áreas de aplicação. No entanto, sua 
utilização em cosmético é relativamente recente.
O uso na área cosmética ocorre por suas características de sensorial diferenciadas com toque suave 
e sedoso, por ter ótimo espalhamento e pelo período maior de proteção, pois forma um filme protetor 
na pele sem deixar aspecto oleoso.
Quimicamente são estáveis, inócuos, seguros, suaves, sem potencial alergênico, sem efeito 
comedogênico e capacidade de funcionar como veículo ou carreador de ativos. Silicones de alto peso 
molecular são considerados um interessante componente de cosméticos para peles acneicas, pois 
contribuem para redução da aparência oleosa, do brilho e da incidência de acne pela sua fraca interação 
com o sebo cutâneo; no entanto, apresentam dificuldade de espalhabilidade sobre a pele.
A estrutura química dos silicones é composta de uma estrutura principal com alternância de forma 
linear de átomos de silício e oxigênio e a cadeia básica permite a incorporação de grupos orgânicos 
laterais ligados ao silício. Entre os grupos ligados ao silício podemos citar: metílicos, vinílicos e fenílicos. 
Com a ligação dos grupos orgânicos ocorre a modificação da estrutura, podendo formar compostos 
simples ou complexos, dependendo da estrutura formada; com isso, possibilita a formação de diversos 
tipos de silicone (dimeticones, ciclometicones, dimeticone copoliol e resinas e elastômeros), que serão 
apresentados com mais detalhes a seguir.
74
Unidade II
Os dimeticones são polímeros fluidos de polidimetilsiloxanes de cadeia linear, também chamados 
de óleos de silicone e/ou fluidos de silicone, sendo os mais utilizados em cosmetologia. Apresentam 
sensorial pesado, untuoso, auxiliam na formação de filme sobre a pele e aumentam a resistência à 
água, promovendo, com isso, maior ação hidratante. Quimicamente possuem o grupo metila ligado ao 
átomo de silício, com número de unidades monoméricas que podem variar a milhares de unidades e sua 
viscosidade varia também de acordo com o número de unidades monoméricas.
A segunda classe dos silicones são os ciclometicones, fluidos de polidimetilciclosiloxano chamados 
de silicones voláteis. Recebem a denominação de ciclometicones por possuírem cadeia cíclica. O grupo 
substituinte ligado ao silício é a metila, contendo de três a seis unidades monoméricas. Os ciclometicones 
mais comuns são o tetrâmero (D4) e o pentâmero (D5).
O dimeticone copoliol pertence à terceira classe de silicones, que são compostos polioxialquilênicos, 
solúveis em água pela presença do grupo polioxietilênicos e com a capacidade de solubilizar substâncias 
hidrofóbicas pela presença do grupo polioxiepropilênicos.
Com a alteração dos grupos substituintes que se ligam os átomos de silício, resultam outras classes 
de silicones, como os aminofuncionais, feniltrimeticone e organosilicones, entre muitas outras classes.
A última classe dos silicones é denominada de resinas e elastômeros, que apresentam sensorial seco 
e sedoso pela presença de moléculas com grandes cadeias de polidimetilsiloxano ligadas entre si por 
ramificações, formando, assim, redes moleculares.
4.2.2.8 Emulsionantes/tensoativos
São compostos que, em sua estrutura química, possuem uma parte hidrofílica ou polar (solúvel em 
água) e outra

Outros materiais