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AÇÃO POPULAR

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AÇÃO POPULAR 
 
HISTÓRICO 
 
O histórico da ação popular pode ser 
equiparado àquele que foi traçado para o 
mandado de segurança individual, ou seja, 
surge com a Constituição de 1934, é retirado 
da Carta Política de 1937, retorna ao status 
constitucional com o Texto Supremo de 1946, 
passa pela Constituição ditatorial de 1967 , até 
chegar aos dias atuais com previsão na 
Constituição Federal de 1988. 
Quando do seu surgimento, a ação popular 
tinha como objetivo a tutela apenas e tão 
somente do patrimônio público. Entretanto, ao 
longo desses sucessivos diplomas 
constitucionais, o seu objeto de proteção foi 
substancialmente ampliado, conforme se 
passará a estudar. 
 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE 
 
A ação popular tem agasalho 
constitucional no art. 5, LXXIII. Além dessa 
previsão, tal garantia foi disciplinada na Lei 
n. 4.717/65, promulgada na vigência da 
Constituição de 1946, mas recepcionada pelo 
texto constitucional de 1988. 
 
 
CABIMENTO 
 
Identificando o cabimento desta ação, o 
inciso LXXIII do art. 5 dispara que visa o 
instituto a anular ato lesivo ao patrimônio 
público – ou de entidade de que o Estado 
participe –, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente, ao patrimônio histórico e 
cultural. Lembrando que esse ato lesivo poderá 
ser tanto um ato comissivo quanto um ato 
omissivo Ilegalidade Lesividade 
Já a lesividade, para dar ensejo ao 
ajuizamento do remédio constitucional, deve 
recair sobre quaisquer dos bens listados na 
Constituição ou com eles relacionados. 
Nesse sentido, fácil constatar que a lesão 
que se ataca não é só aquela relacionada a 
prejuízos de índole pecuniária, até porque esse 
rol objeto de proteção é meramente 
exemplificativo, podendo ser citados ainda 
outros bens que, identicamente, gozam da 
referida tutela, a exemplo do patrimônio 
artístico, estético, turístico, paisagístico etc. 
Não se deve perder de vista, ainda, que, à 
luz do art. 21 da Lei n 4.717/65, o direito de 
propositura dessa ação prescreve em cinco 
anos. Além disso, tal prescrição, hoje, deve ser 
reconhecida de ofício pelo juiz da causa. 
De mais a mais, a rigor, não é cabível o 
ajuizamento de ação popular com o intuito de 
invalidar lei em tese, dado o seu alto grau de 
generalidade e abstração, assim como ocorre 
com o mandado de segurança. 
 
ATIVA 
 
Conforme pode ser percebido logo no início 
da leitura do inciso LXXIII do art. 5 da CF/88, 
qualquer cidadão é parte legítima para 
ajuizar ação popular. Atenção: Vale advertir 
que, no intuito de induzir os candidatos ao 
erro, diversas vezes as bancas examinadoras 
dizem caber a «qualquer pessoa» o 
ajuizamento da ação. Essa assertiva, 
naturalmente, está errada. Repita-se de 
maneira exaustiva. Não é qualquer «pessoa», 
mas qualquer cidadão que tem legitimidade 
para o ajuizamento de uma ação popular 
Assim, caso apareça, notadamente nas 
questões objetivas, alguma assertiva dizendo 
que «qualquer cidadão» pode ajuizar este 
remédio, a resposta é verdadeira, por 
corresponder à própria literalidade do texto 
constitucional. 
Já caiu em concurso! O Cespe, trouxe o 
seguinte enunciado: «O cidadão brasileiro, 
nato ou naturalizado, com capacidade 
eleitoral ativa, tem legitimidade para propor 
ação popular.» De fato, como visto, a assertiva 
está correta. Ela versa sobre a legitimidade 
para a propositura da ação popular. Nesse 
sentido, o próprio inciso LXXIII do art. 5 da 
CF/88, logo no início, afirma que qualquer 
cidadão é parte legítima para propor ação 
popular. 
Ademais, a Lei n. 4.717/65, seguindo as 
mesmas pegadas da Constituição da 
República, consagra no art. 1 que qualquer 
cidadão é parte legítima para a propositura 
da ação popular. 
Mais à frente, no § 3 do mesmo dispositivo, 
o diploma normativo prevê que a prova da 
cidadania para ingresso em juízo será feita 
com o título eleitoral, ou com documento que 
ele corresponda. Observação: Naturalmente, 
por não possuírem esse documento 
comprobatório, as pessoas jurídicas não podem 
ocupar o polo ativo da ação. Esse 
entendimento, vale registrar, está cristalizado 
na súmula 365 do Supremo Tribunal Federal. 
O Ministério Público e a Defensoria 
Pública, enquanto instituições, não ostentam 
legitimidade para o ajuizamento desse 
remédio constitucional. Entretanto, dúvidas 
não restam de que o cidadão promotor de 
justiça ou defensor público ostenta tal 
legitimidade. 
 
PASSIVA 
 
Conforme previsão do art. 6, caput da Lei n 
4.717/65, a ação popular será proposta contra 
as pessoas públicas ou privadas e as entidades 
referidas no art. 1, contra autoridades, 
funcionários ou administradores que 
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou 
praticado o ato impugnado, ou que, por 
omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e 
contra os beneficiários diretos dele. 
Sintetizando, no polo passivo da ação 
popular deverão estar: a) A pessoa cujo 
patrimônio se quer proteger = entidade lesada. 
b) Aqueles que causaram a lesão Beneficiários 
diretos do ato ou omissão = quem se beneficiou. 
Ainda no âmbito da legitimidade passiva, 
com o art. 6, § 3 da Lei da ação popular, a 
pessoa jurídica de direito público ou de direito 
privado cujo ato seja objeto de impugnação, 
poderá abster-se de contestar o pedido, ou 
poderá atuar ao lado do autor popular, desde 
que isso se afigure útil ao interesse público, a 
juízo do respectivo representante legal ou 
dirigente. 
 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA 
 
À luz da previsão do art. 5, § 4 da Lei n. 
4.717/65, na defesa do patrimônio público, 
caberá a suspensão liminar do ato lesivo 
impugnado. De mais a mais, a despeito do 
silêncio legislativo, dúvidas não restam de que, 
para a concessão da medida initio littis, 
deverá ser comprovada a existência do fumus 
boni iuris e do periculum in mora . 
 
ESPÉCIES 
 
A ação popular poderá adotar a 
modalidade preventiva, quando houver 
apenas uma ameaça de lesão, ou repressiva, 
quando já houver uma lesão consumada ao 
patrimônio público, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente ou ao 
patrimônio histórico e cultural. 
 
 
 
Referência Bibliográfica: 
BATISTA, Tatiana dos Santos e NÁPOLI, Edem Direito 
Constitucional; 2ª edição; Brasilia; CP Iuris; 2021.

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