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Apostila-curso Escatologia

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SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO 3 
 
AS INTERPRETAÇÕES BÍBLICAS 4 
 
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 6 
 
1.1. O Método de Alegorização (Espiritual) 6 
 
1.2 O Método Histórico-Gramatical (Literal) 8 
 
2. HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO 10 
 
3. INTERPRETAÇÃO DAS PROFECIAS 14 
 
4. TEORIAS SOBRE O ARREBATAMENTO 16 
 
4.1 Teoria do Arrebatamento Parcial 17 
 
4.2 Teoria do Arrebatamento Pós-Tribulacionista 22 
 
4.3 Teoria do Arrebatamento Mesotribulacionista 26 
 
4.4 Teoria do Arrebatamento Pré-Tribulacionista 29 
 
 
 
Curso Básico De Escatologia 
 3 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Durante toda a história da Igreja Cristã, os textos bíblicos, principalmente os proféticos ou 
escatológicos têm sofrido consideravelmente devido a todo tipo de interpretação empregada aos 
mesmos. 
 Devemos, portanto, estudar a luz da História e da Bíblia a origem de tais modelos de 
interpretação bíblica, bem como as complicações teológicas que tais linhas podem causar. 
 É de suma importância observarmos que antes de partirmos para o estudo sobre as escolas 
milenarista e amilenarista, ou sobre pré-tribulacionismo, pós-tribulacionismo, mesotribulacionismo e 
parcialismo devemos nos conscientizar que tal problema parte da questão hermenêutica
1
. Por isso 
devemos estudar os métodos de interpretação. 
 O método de interpretação empregado, principalmente quando se trata de Escatologia
2
, deve 
ser digno de confiança, principalmente após ser submetido a testes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS.: Parte dessa apostila foi elaborada em forma de resumo do Livro: PENTECOST, J. Dwight. Manual de 
Escatologia. São Paulo: Vida, 1998 
1
 Hermenêutica: Arte de interpretar textos; Interpretação do sentido das palavras; Interpretação dos Textos 
Sagrados. 
2
 Escatologia: Doutrina das coisas que deverão acontecer nos últimos tempos. Doutrina das últimas coisas. 
Curso Básico De Escatologia 
 4 
 
AS INTERPRETAÇÕES BÍBLICAS 
 
Os testes empregados nos métodos de interpretações escatológicos, basicamente, devem estar 
de acordo com a Hermenêutica convencional. 
 Na Hermenêutica encontramos necessidades, leis e regras. Que são, respectivamente: 
 
 Necessidades: 
1- Necessita-se de uma mente respeitosa. 
Um filho que não respeita, que caso fará dos conselhos, avisos e palavras de seu pai? A Bíblia é a 
revelação do Onipotente. "O homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito, e que 
treme da minha palavra." (Is 66.2) 
 
2. Necessita-se de uma mente dócil. 
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É preciso receber a 
Palavra de Deus com mansidão. (Tg 1.21) 
 
3. Necessita-se de uma mente amante da verdade. 
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21) 
 
4. Necessita-se de uma mente paciente. 
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal precioso, da 
mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente, buscar as revelações que Deus propôs 
e que em algumas partes é bastante profunda e de difícil interpretação. 
 
5. Necessita-se de um a mente prudente. 
Iniciando a leitura pelo mais simples e prosseguir para o mais difícil. "Se, porém, algum de vós 
necessita de sabedoria, peça-a a Deus... e ser-lhe-á concedida." (Tg 1.5) 
 
 Leis: 
1- Lei do Contexto: Lc 19.28-44; At 8.30-31; Is 53.7. 
A parte que vem antes ou depois do texto. Diz-se que não se deve interpretar um texto sem o 
auxílio do contexto. 
 
2- Lei do Texto Paralelo: Jo 19.18; Mc 15.27; Mt 27.38; Lc 23.39-43. 
Um texto deve ser auxiliado na sua interpretação utilizando o mesmo assunto que ocorre em partes 
das Escrituras. 
 
3- Lei da Autoria do Texto: Ef 5.22-27; I Pe 2.5-10; Ct 8.5-10. 
Os diferentes autores da Bíblia viveram em tempos diferentes, em culturas e situações sociais 
adversas. Destarte, a forma de apresentação de um determinado texto para um povo que vivia 
situações diferentes, deve ser contextualizado com outros em tempo ou forma remota. 
 
4- Lei da Interpretação do Texto: Ap 3.20. 
A interpretação do texto é aquilo que a passagem quer dizer no tempo, no espaço e nas 
circunstâncias que foram escritas. 
 
5- Lei da Aplicação do Texto: Mt 13.24-30. 
Um mesmo texto pode ser aplicado para pessoas ou clãs vivendo épocas ou situações diferentes. 
 
6- Lei da Implicação do Texto: Mt 13.25; Ap 3.18-20. 
No sentido filosófico, pode se dizer que uma pessoa geme porque está doente. Se uma pessoa tem 
seu rosto plácido é porque o coração está alegre. Aí está a lei da implicação. 
 
Curso Básico De Escatologia 
 5 
 
 Regras: 
 
A REGRA FUNDAMENTAL 
A Escritura é explicada pela Escritura. A Bíblia interpreta a própria Bíblia. 
 
Primeira regra 
É necessário tomar as palavras no seu sentido usual e ordinário. 
 
Segunda regra 
É absolutamente necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase. 
Esta regra tem importância especial quando se trata de determinar se as palavras devem ser 
tomadas em sentido literal ou figurado. Para não incorrer em erros, convém, também, deixar-se guiar 
pelo pensamento do escritor, e tomar as palavras no sentido que o conjunto do versículo indica. 
 
Terceira regra 
É necessário tomar as palavras no sentido que indica o contexto, isto é, os versos que precedem e 
seguem o texto que se estuda. 
 
Quarta regra 
É preciso tomar em consideração o desígnio ou objetivo do livro ou passagem em que ocorrem as 
palavras ou expressões obscuras. 
 
Quinta regra 
É indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas espirituais pelas espirituais 
(I Co 2:13). 
 
Sexta regra 
Um texto não pode significar aquilo que nunca poderia Ter significado para seu autor ou seus leitores. 
 
Sétima regra 
Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis (isto é, situações de vida específicas 
semelhantes) com o âmbito do período quando foi escrita, a Palavra de Deus para nós é a mesma que 
Sua Palavra para eles. 
 
DEVEMOS AINDA OBSERVAR: 
 
a. contexto histórico: a época e a cultura do autor e dos seus leitores: fatores geográficos, 
topográficos e políticos, a ocasião da produção do livro. A questão mais importante do contexto 
histórico tem a ver com a ocasião e o propósito de cada livro. 
 
b. contexto literário: as palavras somente fazem sentido dentro das frases, e estas em relação às 
frases anteriores e posteriores. Devemos procurar descobrir a linha de pensamento do autor. O que o 
autor está dizendo e por que o diz exatamente aqui? 
 
Curso Básico De Escatologia 
 6 
 
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 Existem, atualmente, diversos métodos empregados na interpretação das Sagradas Escrituras. 
Métodos que foram surgindo ao longo dos anos e no decorrer da história da Igreja Cristã, contudo 
apenas dois métodos são destacados no estudo da Escatologia – Histórico-gramatical (Literal) e 
Alegórico ou Método de Alegorização (espiritual). 
 
 Citaremos, todavia, para efeito didático os outros métodos: 
 
 Haláquico (Interpretação judaica legal) 
 Hagádico (Tradição narrativa judaica) 
 Místico (Sobrenatural) 
 Moral (Ensinos morais) 
 Naturalístico (Princípio gerador é a natureza) 
 Mítico (Fábula) 
 Apologético (Defesa da fé) 
 Dogmático (Doutrinário) 
 Alegórico (Negação da história e gramática) 
 Histórico-Gramatical (Valorização da história e gramática) 
 Conciliatório (Histórico-Gramatical + Alegórico) 
 
1.1. O Método de Alegorização (Espiritual) 
 
 O método de Alegorização (Alegórico) consiste em desprezar o sentido literal e histórico das 
Sagradas Escrituras, transformando cada palavra e acontecimento numa alegoria qualquer, escapando 
assim de dificuldades teológicas e sustentando crenças religiosas estranhas, segundo Charles T. 
Fritsch
3
. 
 De acordo com o Dr. Pentecost
4
, ao que parece, a intenção do método alegóriconão é 
interpretar, mas perverter o verdadeiro sentido das Escrituras, apesar do suposto pretexto de buscar um 
sentido mais espiritual ou mais profundo para a Mesma. 
 
Os perigos do método alegórico 
 
 Ao observarmos as regras existentes na Hermenêutica perceberemos rapidamente que são em 
geral desprezadas pelo método alegórico. 
 
1) Não interpreta as Escrituras (no sentido Hermenêutico da palavra). 
... seu hábito é desprezar o significado comum das palavras e dar asas a todo tipo de 
especulação fantasiosa. Ele não extrai o sentido legítimo da linguagem de um autor, 
mas insere nele todo tipo de extravagância ou fantasia que um intérprete possa 
desejar. Como sistema, portanto, ele se coloca além de todos os princípios e leis bem 
definidos.
5
 
 
Existe[...] uma liberdade ilimitada para a fantasia, basta que se aceite o princípio, e a 
única base da exposição encontra-se na mente do expositor.
6
 
 
2) A autoridade básica da interpretação deixa de ser a Bíblia e passa a ser a mente do intérprete. 
 
3
 Biblical Typology, Bibliotheca Sacra, 104:216, Apr., 1947. 
4
 J. Dwight Pentecost – doutor em teologia e professor emérito do Seminário Teológico de Dallas, Texas, E.U.A. 
– Manual de Escatologia, Editora Vida, p. 32, 1998. 
5
 Milton S. Terry, Biblical Hermeneutics, p.224. 
6
 Joseph Angus & Samuel G. Green, The Bible Handbook, p.220. 
Curso Básico De Escatologia 
 7 
 
o estilo mais errôneo de ensino é corromper o sentido das Escrituras e arrastar sua 
expressão relutante para nossa própria vontade, produzindo mistérios bíblicos a 
partir de nossa própria imaginação.
7
 
 
...quando o princípio da alegoria é aceito, quando começamos a demonstrar que 
passagens e livros inteiros da Escrituras dizem algo que não querem dizer, o leitor é 
entregue de mãos amarradas aos caprichos do intérprete.
8
 
 
3) Não há meios de provar as conclusões do intérprete. 
 O defensor de tal método não está certo de coisa alguma. Afirma que o método empregado era 
o mesmo utilizado por toda a história da Igreja, e que os outros, como o Literal (Histórico-Gramatical) 
tem reivindicado falsamente sua autoridade histórica. 
 Utilizam-se da suposta História Eclesiástica como fonte de autoridade. No capítulo II dessa 
seção estudaremos a verdadeira origem histórica dos métodos. 
 Tal método recai no erro de defender um sentido secundário para a Bíblia sob a alegação de 
que o método de interpretação deverá ser a “espiritualização”. 
 Abre-se assim uma enorme fenda que comporta todo tipo de especulação e imaginação 
desenfreados, por não possuírem um método que controle tais especulações. 
 
Conclusão 
 
 Elimina-se a autoridade das Escrituras. Falta de bases para verificar afirmações. Redução das 
Escrituras à mente do intérprete. Impossibilidade de interpretação verdadeira das Escrituras. 
 
 Argumentação dos defensores do método alegórico 
 
1) Uso da alegoria no Novo Testamento 
 Utilizam o texto de Gl 4:21-31. 
 Observamos em tal texto que o uso do termo alegóricas refere-se a um fato que tem respaldo 
histórico, ou seja, realmente aconteceu, ao contrário do termo – alegórico – utilizado por alguns 
teólogos atualmente. 
 Notamos ainda que em Todo o Novo Testamento esse é o único caso em que isso acontece. 
Baseiam seus ensinamentos em um único texto bíblico, que ao observarmos – como já foi dito – o 
contexto histórico diferencia-se totalmente do ensinamento atual. 
 Ao seguir a linha de raciocínio de tais teólogos (Alegóricos) poderíamos então defender a 
Hagada
9
, e seguir todos os Midrashim
10
, já que é citado (Hagada) em alguns textos Neotestamentários. 
De forma alguma. 
 A alegoria embora utilizada um vez por Paulo, a título de ilustração passageira não é 
mencionada por outros apóstolos nem pelo próprio Cristo. 
 Devemos notar que em Gl 4:21-31 Paulo não está usando o ‘método alegórico’ de 
interpretação, mas explicando uma alegoria. 
 
2) Afirmam que o uso de tipos no N.T. é o mesmo que Método alegórico 
 Primeiro devemos observar que ‘alegoria’ é uma coisa e ‘método alegórico’ é outra 
completamente diferente. 
 O N.T. está cheio de alegorias que são os tipos, símbolos e parábolas, contudo isso não é 
respaldo para o uso do método de interpretação alegórico. 
 
7
 F.W. Farrar, History of Interpretation, p. 232. 
8
 F.W. Farrar, History of Interpretation, p. 238. 
9
 Hagada – Conjunto de tradições narrativas e interpretativas judaicas. 
10
 Midrashim – Interpretações rabínicas em que associam sentidos secundários e esotéricos às passagens do 
Antigo Testamento. 
Curso Básico De Escatologia 
 8 
 
 As alegorias são o meio que Deus usou para expressar um pensamento, facilitando assim 
nossa compreensão, onde tais alegorias possuem um fundo histórico real e que foi descrito 
gramaticalmente. 
 O método alegórico, por sua vez, nega a possibilidade de tal fato ter acontecido realmente. 
 È completamente diferente você interpretar uma alegoria das Escrituras e por outro lado você 
alegorizar uma determinada passagem literal. 
 
Complemento 
 
 Em geral os teólogos defensores do método alegórico também defendem a Criação (Gn 1- 2) 
em dias não literais. Afirmam que o Dilúvio foi regional e não mundial, e que o Livro de Jonas retrata 
uma história que não aconteceu de fato. 
 Note-se que se falou ‘Em geral’ e não ‘sempre’, pois existem obviamente as exceções. 
 
1.2 O Método Histórico-Gramatical (Literal) 
 
 Segundo o Dr. Pentecost
11
 o método literal de interpretação é o que dá a cada palavra o mesmo 
sentido básico e exato que teria no uso costumeiro, normal, cotidiano, empregada de modo escrito, 
oral ou conceitual. Chama-se método histórico-gramatical para ressaltar o conceito de que o sentido 
deve ser apurado mediante considerações históricas e gramaticais. 
 Interpretar uma determinada passagem bíblica de forma Literal (Histórico-gramatical) nada 
mais é que interpretar cada palavra de acordo com o seu significado costumeiro, normal que possuía 
na época do autor. É interpretar a passagem em exatidão com a mensagem que verdadeiramente o 
autor desejava transmitir, sem deixar pensamentos exteriores interferirem em tal passagem. 
 Podemos utilizar vários argumentos que apoiam a utilização do método Literal de 
interpretação: 
 
 O sentido literal das frases é a abordagem normal em todos os idiomas; 
 Todos os sentidos secundários de documentos, parábolas, tipos alegorias e símbolos 
dependem, para sua própria existência, de seu sentido literal prévio dos termos; 
 A maior parte da Bíblia tem sentido satisfatório se interpretada literalmente; 
 A abordagem literalista não elimina cegamente as figuras de linguagem, os símbolos, as 
alegorias e os tipos; no entanto se a natureza das frases assim exigir ela se presta prontamente 
ao segundo sentido; 
 Esse método é o único freio sadio e seguro para a imaginação do homem; 
 Esse método é o único que se incorpora com a natureza da inspiração. Sabemos que o Espírito 
Santo inspirou a escrita bíblica, portanto o Mesmo utilizou uma linguagem e 
consequentemente as regras de tal linguagem, portanto para interpretarmos a mensagem de 
Deus aos homens precisamos seguir a mesma metodologia utilizada por Deus – as regras da 
linguagem. Sendo assim, interpretar as passagens seguindo as regras da linguagem é o método 
mais confiável, seguro e sadio. É isso que propõe o método Histórico-Gramatical; 
 Devemos ainda observar que nos casos em que o Antigo Testamento é usado no Novo 
Testamento, o é de forma literal. A exemplo das profecias Messiânicas; 
 Todas as profecias que tiveram seu cumprimento até a presente data o tiveram de forma literal. 
Sendo assim porque interpretar as passagens de uma forma que não seja a Literal? 
 
Vantagens do método Literal 
 
 A interpretação é baseada em fatos e não na imaginação do intérprete;11
 J. Dwight Pentecost – doutor em teologia e professor emérito do Seminário Teológico de Dallas, Texas, 
E.U.A. – Manual de Escatologia, Editora Vida, p. 37, 1998. 
Curso Básico De Escatologia 
 9 
 
 Exerce sobre a interpretação um controle semelhante ao que a experiência exerce sobre o 
método científico – a justificação é o controle das interpretações; 
 Tem obtido o maior sucesso na exposição da palavra de Deus. E exemplo de Lutero e de 
Calvino que interpretaram literalmente. Era o método utilizado pelos maiores exegetas da 
história da Igreja Cristã: Bruce, Lightfoot, Zahn, A.T. Robertson, Ellicott, Machen, Cremer, 
Terry, Farrar, Lange, Green, Oehler, Schaff, Sampey, Wilson, Moule, Perowne, Henderson 
Broadus, Stuart...; 
 Fornece uma autoridade básica por meio da qual interpretações individuais podem ser postas a 
prova. 
 
O Método Literal e a Figura de Linguagem 
 
 É bem conhecido de todos a utilização de figuras de linguagem que a Bíblia faz. Isso muitas 
vezes é utilizado como argumento para se defender a interpretação figurada, contudo devemos atentar 
para o fato de que as figuras de linguagem são meios utilizados para revelar verdades literais. O que é 
uma verdade literal em uma determinada área conhecida será transferida para uma área não conhecida, 
de forma literal, também, onde podemos utilizar uma figura de linguagem para exemplificar tal 
verdade. Note-se que a verdade não deixou de ser literal, nem na sua criação, nem na sua execução. 
 O uso de metáforas (figuras) é comum e revela fatos reais que acontecem de forma real e são 
explicados de maneira que facilite o entendimento – usando ilustrações. 
 Podemos observar em Jo 1:6 que fala: “Houve um homem ... cujo nome era João”. Esse texto 
fala de um homem real e os termos utilizados são tomados estrita e fisicamente. 
 Em Jo 1:29 está escrito: “Eis o cordeiro de Deus”. Nessa metáfora, ou alegoria, ou figura de 
linguagem ou como queiram chamar, Jesus é identificado como o Cordeiro de Deus. Sendo assim 
percebemos que utiliza-se uma alegoria para descrever uma das infinitas características do Salvador, 
sabendo porém que o fato relatado tem um fundo histórico, pode ser analisado utilizando as regras 
gramaticais e da Hermenêutica, não deixa espaço para especulações fantasiosas da parte do intérprete e 
que o fato aconteceu literalmente, cumprindo assim profecias do V.T. de forma literal. 
 
Conclusão 
 
 As figuras de linguagem são utilizadas para ensinar verdades literais de uma forma mais 
vibrante do que se o fosse feito com palavras do cotidiano; 
 O método Histórico-Gramatical não elimina de nenhuma forma a ‘espiritualidade’ da 
mensagem, mas elimina o misticismo que pode ser criado por causa de interpretações que não 
seguem regras; 
 Um exemplo disso são os textos interpretados de acordo com o método alegórico: 
“varão de dores e homem que sabe o que é padecer” - interpretada literalmente 
“virá com as nuvens do céu” - interpretada “espiritualmente” 
 * Quais foram os critérios adotados para tal interpretação? ; 
 Deus é um ser espiritual e a única maneira Dele revelar verdades de um Reino que ainda não 
entramos é através do uso de figuras de linguagem, que são o exemplo de comunicar as 
verdades literais do Reino de Deus com o mundo por nós conhecido. 
 A argumentação feita pelos defensores do alegorismo, em 2 Co 3:6 – “a letra mata, mas o 
Espírito vivifica” é que a interpretação deve ser espiritualizante, contudo devemos observar 
que se a forma literal mata por que Deus nos deus sua revelação em tal forma? O que o 
apóstolo Paulo afirmou é que a aceitação pura da palavra sem a ação do Espírito Santo sobre 
tal palavra conduz à morte. 
 
Curso Básico De Escatologia 
 10 
 
2. HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO 
 
O Princípio da Interpretação 
 
 É comumente aceito por todos os estudiosos da Hermenêutica bíblica que a história da 
interpretação tem seu início em Ne 8:1-8, quando sob a liderança de Esdras os hebreus voltaram do 
cativeiro da Babilônia, encontrando o ‘Livro da Lei’ nas ruínas do Templo, onde ao interpretar tais 
Escrituras o povo retornou à Deus. 
 Dificilmente poderíamos por em dúvida que a interpretação de Esdras não fosse literal. 
 
A interpretação do Antigo Testamento pelos Judeus 
 
 Jerônimo chama a interpretação literal de judaica dando a entender que esta pode tornar-se 
herética. 
 Sabemos que o método empregado pelo rabinismo
12
12 não era alegórico mas sim o método 
literal, contudo o literalismo utilizado era extremado esvaziando por completo todos os requisitos 
espirituais. 
 Esse erro não era causado devido ao método empregado, mas sim a sua aplicação, pois a 
metodologia rabínica de interpretação composta de 13 regras era aplicada de forma que utilizasse 
apenas a letra ‘nua’. 
 
A Interpretação na Época de Cristo 
 
 “A interpretação alegórica das Escrituras Sagradas não pode ser historicamente provada como 
a que prevalecia entre os judeus a partir do cativeiro babilônico; tampouco se pode provar que tenha 
sido comum entre os judeus na época de Cristo e de Seus apóstolos.”
13
 
 Sabemos que Jesus Cristo, bem como seus seguidores e também os judeus recorriam ao 
Antigo Testamento porém não possuímos um só indício que o método de interpretação por eles 
utilizado fosse o alegórico. O próprio Josefo
14
 jamais recorreu a tal tipo de interpretação. 
 Case
15
, um ardoroso defensor do amilenarismo (amilenismo), afirma: 
[...] Qualquer tentativa de fugir a essas características literalistas do ideário bíblico é 
inútil. Desde os dias de Orígenes
16
, certos intérpretes das Escrituras buscam refutar 
expectativas milenaristas afirmando que mesmo as declarações mais dramáticas 
sobre a volta de Jesus deveriam ser entendidas figuradamente. Também se diz que 
Daniel e Apocalipse são livros altamente místicos e alegóricos, que não pretendiam 
referir-se a acontecimentos reais, quer passados, quer presentes, quer futuros, mas 
possuíam significado puramente espiritual [...] Tais recursos são meras evasivas, 
cujo propósito é tentar harmonizar as Escrituras às condições atuais, ao mesmo 
tempo que se despreza a vívida expectativa dos antigos. Os judeus afligidos no 
período dos macabeus
17
 exigiam não um fim figurado às suas angústias, mas um fim 
literal. Daniel não lhes prometeu nada menos que o estabelecimento literal de um 
novo regime celestial. De maneira igualmente realista, um escritor cristão primitivo 
escreveu: “...vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo 
com as nuvens do céu [Mc 14:62]” ou ainda “...dos que aqui se encontram, alguns 
há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com 
poder o reino de Deus [Mc 9:1]. 
 
12
 Rabinismo – Doutrina dos Rabinos 
13
 J. Dwight Pentecost – Manual de Escatologia, Editora Vida, p. 45, 1998 
14
 Flávio Josefo: Historiador judeu do Século I (~100d.C.) 
15
 Shirley Jackson case, The millennial hope, p.214-216. 
16
 Orígenes: Filósofo patrístico de Alexandria (185-254), escritor e teólogo que defendia a doutrina da 
reencarnação. Considerado um dos pais da igreja, enquadrado entre os polemistas. 
17
 Macabeus: Família levítica que governou a Judéia desde 166 à 37 a.C. 
Curso Básico De Escatologia 
 11 
 
 Não podemos em hipótese alguma negar que o literalismo era o método aceito no período. O 
uso inadequado do método não anula a sua credibilidade. O problema encontrado não era no método 
mas no emprego do mesmo. 
 
 Girdlestone
18
 escreve: 
Somos levados a concluir que havia um método uniforme comumente aceito por 
todos os escritores do Novo Testamento na interpretação e na aplicação das 
Escrituras judaicas. É como se todos tivessem frequentado a mesma escola e 
estudado com um único professor... O Senhor Jesus Cristo, e nenhum outro, foi a 
fonte original do método. Nesse sentido, como em vários outros, Ele tinhavindo 
como a luz para o mundo. 
 
 Briggs
19
 reconhece: 
Os apóstolos e seus discípulos no Novo Testamento usam os métodos do Senhor 
Jesus, e não os dos homens de seu tempo. Os autores do Novo Testamento 
divergiam entre si nas tendências de seu pensamento [...]em todos eles, os métodos 
do Senhor Jesus predominavam sobre os outros métodos e os enobreciam”. 
 
 Não se fazia necessário para os apóstolos adotar outro método para entender corretamente o 
Antigo Testamento, necessitaram apenas limpar o método então existente – o Literalismo. 
 A história da interpretação bíblica de Agostinho é recheada pelos mais grotescos erros, onde 
chegou a demonstrar que uma das regras básicas da interpretação bíblica deve basear-se na ortodoxia
20
 
da igreja. Introduziu muitas confusões em seu dogma de inspiração sobrenatural das Escrituras, 
afirmando que haviam muitas passagens que foram ‘escritas pelo Espírito Santo’. Abrindo assim as 
portas da mente para a imaginação sem limites. 
 Nos dias de Justino Mártir
21
 e de Orígenes, os crentes foram obrigados a aceitar a alegoria por 
causa da obrigatoriedade exercida pelas opiniões que exerciam poder dominante. 
 Sabemos, hoje, que o método alegórico não nasceu do estudo das Escrituras, mas da tentativa 
de unificar a filosofia grega à Palavra de Deus. Não surgiu do anseio por descobrir as verdades da 
Palavra, mas do desejo de deturpa-las. 
 Não surgiu da ortodoxia, mas da heterodoxia
22
. 
 O ensinamento do método alegórico tem, de acordo com Walvoord
23
, sua origem e 
disseminação na Escola de Teologia de Alexandria, conhecida por todos os historiadores e teólogos 
como uma escola herética. Tal ensinamento é fruto da tentativa de unificar filosofia grega à Teologia, 
e teve início por volta dos últimos dez anos do século II e todo o século III, perdurando e crescendo 
até os dias atuais. Tal escola e ensinamento foram os responsáveis pelo enfraquecimento do pré-
milenismo existente na Igreja primitiva e fortalecimento do amilenismo – fruto da Escola Alexandrina 
de Teologia. 
 
A interpretação na Idade Média 
 
 Durante esse período reinavam no meio eclesiástico quatro formas de interpretação: 
 
18
 R.B. Girdlestone, The grammar of prophecy, p.86. 
19
 Charles A. Briggs, General introduction to the study of Holy scripture, p.443. 
20
 Ortodoxia – Ensinamento de acordo com a doutrina. 
21
 Flávio Justino Mártir (100 – 170) – considerado o primeiro pai apologista (defensor da fé) da Igreja. Nascido 
em Siquém. Foi açoitado e depois decapitado. 
22
 Heterodoxia – Teoria divergente ou contrária a uma religião. Heresia. 
23
 John F. Walvoord – escritor, conferencista e professor de teologia. Foi reitor do seminário Teológico de Dallas 
– Texas, E.U.A. - por mais de 30 anos. Uma das maiores autoridades mundiais em Escatologia. Profecias da 
Bíblia, Press Abba, p.14, São Paulo, 2000. 
Curso Básico De Escatologia 
 12 
 
 
 Literal (histórico-gramatical); 
 Tropológico (metafórico); 
 Alegórico (espiritual); 
 Analógico 
 
 Foi então decidido e estabelecido que “a interpretação da Bíblia tinha de adaptar-se à tradição 
e à doutrina da Igreja”
24
 (Católica Apostólica Romana). 
 Assim sendo a igreja desse período resolveu optar pelo método de interpretação que melhor 
apoiasse seus dogmas e doutrinas. Prevaleceu o alegórico. 
 
A Interpretação no Período da Reforma Protestante 
 
 Podemos resumir a Reforma Protestante como um movimento que traria de volta ao seio da 
Igreja um método de interpretação sadio. 
 Podemos citar algumas pessoas: 
Lorenzo Valla, cônego da Igreja de São João Laterano [...] é um dos elos principais 
entre o renascimento e a Reforma. Ele havia [...] aprendido com o reavivamento dos 
estudos clássicos que as Escrituras deveriam ser interpretadas segundo as leis 
gramaticais e de linguagem”
25
 
 
 Erasmo de Roterdã sublinhou o estudo dos textos originais das Escrituras e preparou o alicerce 
da interpretação gramatical da Palavra de Deus. 
 
 Wicliff observou que: “todo erro no conhecimento das Escrituras e a fonte de sua deturpação e 
falsificação por pessoas incompetentes resumem-se no desconhecimento da gramática e da lógica”
26
. 
 
 William Tyndale afirmou que “podemos tomar similitudes ou alegorias de empréstimo às 
Escrituras e aplicá-las a nossos propósitos, alegorias essas que não constituem o sentido das Escrituras, 
mas assuntos livres além das Escrituras... Tal alegoria nada prova; é mero símile. Deus é espírito e 
todas as suas palavras são espirituais, e Seu sentido literal é espiritual”. 
 
 William Tyndale disse: 
Se, todavia, abandonares o sentido literal, não tens como evitar desviar-se do 
caminho. No entanto, a Escritura usa provérbios símiles, enigmas e alegorias, tal 
como outros escritos; aquilo, porém, que o provérbio, o símile, o enigma ou a 
alegoria significam baseia-se no sentido literal, que deves buscar diligentemente 
[...]
27
 
 
 Whitaker declarou: 
embora as palavras possam ser aplicadas ou conciliadas metafórica, analógica ou 
alegoricamente, ou em qualquer outra maneira, não há nelas, por isso, vários 
sentidos, várias interpretações, nem há várias interpretações das Escrituras, senão 
apenas um, e este é o sentido literal”
28
. 
 
 Lutero e Calvino foram marcados por suas insistências em interpretas as Escrituras de forma 
literal. 
 
24
 Louis Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, p.26. 
25
 F.W. Farrar, History of Interpretation, p.312-313. 
26
 F.W. Farrar, History of Interpretation, p. 278-279. 
27
 Charles A. Briggs, General introduction to the study of Holy scripture, p.456-457. 
28
 F.W. Farrar, History of Interpretation, p. 300. 
Curso Básico De Escatologia 
 13 
 
 
 Lutero disse: “Cada palavra deve ter o direito de conservar o seu sentido natural, e este não 
deve ser abandonado a não ser que a fé nos force a isso”. 
 
 Lutero defendia o método histórico-Gramatical e percebemos em seus escritos seis pontos 
básicos: 
 Conhecimento indispensável da gramática; 
 Levar em conta; tempos, circunstâncias e condições; 
 Observação do contexto; 
 Necessidade de fé e iluminação espiritual; 
 Conservação do que ele chamou “proporção da fé”; 
 Menção de toda a Escritura a Cristo. 
 
 Calvino em seu comentário a Gálatas escreve: “Saibamos, portanto, que o verdadeiro sentido 
da Escritura é o sentido natural e evidente; abracemo-lo e permaneçamos nele resolutamente”. 
 Calvino tornou-se o fundador da exegese histórico-gramatical. Defendeu o princípio que todos 
os escritores bíblicos transmitiram sua mensagem através de palavras que os leitores fossem capazes 
de compreender. Uma determinada passagem das Escrituras pode ter um sentido literal ou figurado, 
não poderá ter os dois ao mesmo tempo. 
 
A Interpretação do Período Pós-Reforma 
 
 O período subsequente
29
 à Reforma foi preenchido por homens que deram continuidade aos 
ensinamentos dos reformadores. Assim sendo, dando continuidade, também, ao método de 
interpretação Histórico-Gramatical. 
 Provavelmente nesse período o nome que mais veio a se destacar na exegese foi John 
Augustus Ernesti, autor da obra Institutio Interpretis Nove Testamenti (Leipzig, 1761) [Princípios de 
Interpretação do Novo Testamento]. Tal obra foi recebida por mais de quatro gerações de estudiosos 
bíblicos como o compêndio de Hermenêutica. 
 De acordo com Hagenbach, erudito
30
, tal método (literal) empregado no compêndio não se 
subordinaria a autoridade da igreja, nem as emoções do intérprete, muito menos por caprichos 
alegóricos e irreverentes e nem por nenhum sistema filosófico. Algo que seria comum entre os 
místicos. 
 
Conclusão 
 
Conclui-se, com base no estudo da história da hermenêutica, que o método original e 
aceito de interpretação bíblica foi o método literal, usado pelo Senhor, o maior de 
todosos intérpretes, e que outros métodos foram introduzidos para promover 
heterodoxia. Portanto, o método literal deve ser aceito como o método básico de 
interpretação sadia em qualquer campo de doutrina hoje
31
 
 
 
 
 
 
 
29
 Subsequente – imediatamente, seguinte. 
30
 Erudito: Quem tem saber vasto. Que revela muito saber. 
31
 J. Dwight Pentecost – Manual de Escatologia, Editora Vida, p. 61. 
Curso Básico De Escatologia 
 14 
 
3. INTERPRETAÇÃO DAS PROFECIAS 
 
 È necessário, quando entramos no campo da interpretação das profecias, termos plena 
consciência e total certeza de que a Bíblia foi inspirada pelo Espírito Santo, para podermos realizar 
uma interpretação coerente e consistente. 
 Na realidade são necessários adquirirmos quatro conceitos reais e verdadeiros: 
 
 A Bíblia é a Palavra de Deus revelada aos homens através do Espírito Santo; 
 A Bíblia tem como finalidade transmitir a verdade de Deus ao homem, registrar fatos 
históricos, revelar princípios éticos, proporcionar sabedoria para o julgamento humano, revelar 
valores morais e materiais, e fazer predições sobre eventos futuros (profecias); 
 A Bíblia revela progressivamente a vontade de Deus; 
 A Bíblia, em outro ângulo, é uma peça normativa32 da literatura, que transmite verdades 
através de formas literárias. 
 
 É, ainda, de fundamental importância que no estudo da Escatologia, bem como em qualquer 
outro estudo bíblico o estudante tenha sempre em mente as regras de interpretação bíblica ensinadas 
pela Hermenêutica. 
 
Diretrizes para a Interpretação da Profecia 
 
 Devido a forma como algumas profecias foram proferidas, principalmente aquelas que estão 
associadas a eventos futuros terminamos por enfrentar alguma dificuldade de interpretação. 
 As profecias que apresentam esse tipo de dificuldade são aquelas que possuem uma linguagem 
figurada ou apocalíptica. Entretanto devemos observar que das 995 profecias contidas na Bíblia (573 
no V.T e 422 no N.T) cerca de 500 já se cumpriram, e de forma literal. Sabendo desses fatos devemos 
compreender que o cumprimento de cerca da metade dessas profecias fornece diretrizes para a 
interpretação das outras restantes, lembrando sempre que devemos associar esse fato às regras 
hermenêuticas. 
 Devemos identificar a palavra chave contida nas profecias. Isso nos mostrará um pano de 
fundo histórico, o que nos auxiliará compreendermos o texto. 
 Deve-se observar se o texto faz menção a um fato que está acontecendo atualmente (presente) 
ou irá acontecer no futuro. 
 Em alguns casos os escritores relatavam a profecia utilizando uma linguagem no tempo 
presente, ou até mesmo no tempo passado, quando a profecia ainda não havia se cumprido. 
 Quando Isaías escreve: “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades”, ele usa 
uma expressão no tempo passado – tomou – quando sabemos que o fato não havia acontecido. 
 Esse tipo de linguagem vem a dificultar a interpretação, porém normalmente quando o estudo 
é feito com mais atenção podemos identificar se o evento se refere a algo presente, passado ou irá 
acontecer (futuro). 
 O cumprimento literal de metade das profecias bíblicas é um argumento forte para a 
interpretação literal de profecias futuras. 
 
 Podemos dividir as profecias em dois tipos: 
 Condicional; 
 Incondicional. 
 
 A profecia condicional é do tipo que poderá nunca acontecer, pois depende da ação humana. 
 A profecia incondicional é do tipo de independe da ação humana e poderá já ter acontecido, 
estar acontecendo ou acontecer no futuro. 
 
32
 Normativa: Que tem a qualidade ou força de norma. Regras ao pensamento ou a conduta humana. 
Curso Básico De Escatologia 
 15 
 
 
 Devemos ainda observar a Lei de Referência Dupla, que é assim definida para profecias que 
são cumpridas mais de uma vez. 
 Esse fato não é incomum, pois observamos no contexto bíblico que muitas profecias tem 
primeiramente um cumprimento parcial antes de seu cumprimento completo. Foi o caso da Terra 
Prometida com os hebreus. 
 A questão do cumprimento literal ou figurado das profecias é de suma importância para o 
estudante da Bíblia, pois nessa discussão é que se baseará as crenças no Reino Milenial de Cristo
33
, 
pois para os literalistas o milênio acontecerá de forma real na Terra e para os alegóricos tal reino é 
espiritual e nunca será concretizado fisicamente na Terra. 
 Essa é uma questão de suma importância pois tem dividido a Igreja e ao observarmos a 
história da interpretação a Alegoria tem sua origem em fontes não cristãs. 
 A literatura apocalíptica ocupa um lugar todo especial nesse contexto, pois é a que mais 
apresenta figuras de linguagem para descrever eventos reais. 
 Sabemos que o cumprimento de tais fatos será real, apesar de se utilizar uma linguagem 
figurada. 
 Imagine João – escritor do Apocalipse – vivendo aproximadamente no ano 90 A.D. vendo, 
através da revelação que Jesus Cristo lhe concedeu eventos futuros. Por exemplo, se ele estivesse 
vendo coisas do tempo presente, como: carros, aviões, navios, submarinos etc. Como você acha que 
ele descreveria tais coisas? 
 Note-se que isso foi apenas um exemplo. Não estamos afirmando que ele viu realmente tais 
coisas, ou que não viu. 
 
Interpretações Teológicas das Profecias 
 
Os seguidores do amilenismo, nos séculos XIX e XX, têm oferecido diversas 
interpretações, e alguns deles afirmam que o milênio tem cumprimento no tempo 
entre a morte e a ressurreição de um crente. Outros, no século XX, tem asseverado 
que o milênio cumprir-se-á nos novos céus e na nova terra descritos em Ap 21-22. 
Outros seguidores do amilenismo também têm sugerido que as passagens que falam 
sobre o milênio são condicionais e não se cumprirão por causa do desvio de Israel da 
fá. Ainda outros têm sugerido que o reino terrestre se cumpriu durante o reinado de 
Salomão, que governava as terras prometidas a Abraão [Gn 15:18]. 
Dentro do amilenismo do século XX, também podemos considerar a interpretação 
neo-ortodoxa. Essa posição considera que o reino está sendo cumprido agora, na 
experiência dos crentes individualmente. De modo geral, os eruditos neo-ortodoxos 
afirmam que Deus se comunica sobrenaturalmente com os crentes, mas eles não 
consideram a Bíblia um registro infalível da revelação divina.
34
 
 
 Como podemos observar o método alegórico deixa várias lacunas abertas e dá asas a 
imaginação do intérprete, não interpretando o texto de forma uniforme e de acordo com a revelação 
Divina e intenção do autor. 
 É de suma importância que redobremos nossa atenção para o assunto tratado, pois o mesmo 
tem sido alvo de grandes controvérsias, sendo motivo de separações, divisões, intrigas e deturpação da 
Palavra de Deus. 
 
 
 
33
 Reino Milenial – Milênio – Período de tempo em que Cristo governará a Terra pessoalmente com a ajuda dos 
crentes por um tempo de mil (1.000) anos. 
34
 
Curso Básico De Escatologia 
 16 
 
4. TEORIAS SOBRE O ARREBATAMENTO 
 
 São quatro as teorias que dizem respeito ao arrebatamento da Igreja: Parcialista, Meso-
tribulacionista, Pós-tribulacionista e Pré-tribulacionista. 
 Tais teorias, como já comentamos, encontram suas divergências originadas na questão do 
método empregado na interpretação bíblica. 
 Outro problema que origina tais correntes teológicas são as palavras empregadas quanto a 
vinda de Jesus Cristo. E esse será o foco das nossas atenções nesse momento. 
 
 Três palavras são utilizadas em textos diversos para descrever o arrebatamento e a vinda de 
Jesus, e essas são: 
 
 Parousia - P - 24 vezes no Novo Testamento. 
 Vinda 
 Chegada 
 Presença 
 * Denota e realça a presença física de Cristo, independente se é no arrebatamento ou 2ª vinda. 
 Ex: 1 Co15:23; 1 Ts 2:19; Tg 5:7,8; Mt 24:3,27,37,39; 2 Pe 1:16. Apokalupsis -  - 18x como substantivo e 26x como verbo. 
 Descobrir 
 Desvendar 
 Revelar 
 * Enfatiza a manifestação futura da Glória de Cristo. 
 Ex: 1 Pe 4:13; 2 Ts 1:7; Lc 17:30; 1 Co 1:7; Cl 3:4; 1 Pe 1:7,13. 
 
 Epiphaneia -  
 Trazer à luz 
 Fazer brilhar 
 Mostrar 
 Usado para a 1ª vinda de Cristo – Lc 1:79; 2 Tm 1:10... 
 Em 2 casos ao arrebatamento da Igreja – 1 Tm 6:14; 2 Tm 4:8. 
 Em 2 casos à 2ª vinda de Cristo – 2 Tm 4:1; Tt 2:13. 
 * Enfatiza o aparecimento de Cristo, Sua manifestação visível reconhecida. 
 
 Percebemos, então, que tais palavras não servem para distinguir a diferença entre 
Arrebatamento e 2ª Vinda. Tampouco servem para afirmar que os dois eventos constituem-se em um 
só. 
 O fato é que o uso das três palavras, aqui empregadas, não foi realizado com a designação de 
especificar a diferença entre os eventos, mas sim de reforçar a ideia da presença física de Cristo, 
independente se é no Arrebatamento ou 2ª Vinda, enfatizar a manifestação futura da Glória de Cristo e 
Seu aparecimento, gerando o reconhecimento de Sua manifestação de forma reconhecida. 
 
 
 
 
 
Curso Básico De Escatologia 
 17 
 
4.1 Teoria do Arrebatamento Parcial 
 
Teoria 
 
 A teoria do arrebatamento Parcial está relacionada não com o momento do arrebatamento, mas 
com as pessoas nele envolvidos. 
 Baseado em Lc 21:36, Fp 3:20, Tt 2:13, 2 Tm 4:8 e Hb 9:28 afirmam que apenas os crentes 
que estiverem vigiando é que serão arrebatados. 
 
Dificuldades doutrinárias 
 
 Existem muitos mal entendidos, má interpretação e equívocos doutrinários que são causados 
por aqueles que defendem tal posição doutrinária. 
 Entre essas dificuldades doutrinárias podemos citar: 
 
1. Os parcialistas interpretam erroneamente o valor da morte de Cristo, que é suficiente 
para libertar e tornar alguém aceitável diante de Deus. 
 Propiciação35 - Cristo propiciou, através de Seu sangue, a justa 
exigência da santidade de Deus contra o pecado. 
 Reconciliação36 - Por meio da cruz de Cristo, Deus não mais nos atribui 
pecado. Somos declarados remidos, reconciliados. 
 Redenção37 - É o pagamento do nosso resgate, realizado pelo 
próprio Deus, com a finalidade de redimir o homem que insultou a santidade e 
governo exigidos por Deus. 
 
2. O parcialista nega a unidade do Corpo de Cristo (1 Co 12:12,13 cf. Ef 5:30) 
 Se o arrebatamento parcial fosse uma realidade então chegaríamos na Glória como: 
 um corpo desmembrado; 
 uma construção incompleta; 
 um sacerdócio sem complemento; 
 uma noiva desfigurada. 
 
3. O parcialista nega a totalidade da remissão no Arrebatamento (1 Co 15: 51-52; 1 Ts 
4:14) 
 
4. O parcialista defende o Arrebatamento como um galardão (Ap 2:10; Tg 1:12; 1 Ts 
2:19; Fp 4:1; 1 Co 9:25; 1 Pe 5:4; 2 Tm 4:8) 
 Os galardões são um presente ao servo fiel. 
 
5. O parcialista confunde a Lei com a Graça. 
 
6. O parcialista nega a diferença entre Israel e a Igreja. 
 
7. O parcialista coloca parte da Igreja na Grande Tribulação. 
 
Passagens problemáticas 
 
 Devemos interpretar corretamente as passagens usadas pelos parcialistas: 
 
 
35
 Propiciação: solução para um Deus ofendido. 
36
 Reconciliação: solução para o pecador. 
37
 Redenção: solução para o pecado. 
Curso Básico De Escatologia 
 18 
 
 
 
1. Lc 21:36 
Texto para Israel; 
Período tribulacional; 
“escapar” – julgamentos em “aquele dia” (v.34) 
 
2. Mt 24:41,42 
Separação de classes 
 
3. Hb 9:28 
“aos que aguardam” – crentes, igreja; 
Os crentes “aguardam o Salvador” – Fp 3:20 
Os crentes esperam a “bendita esperança” – Tt 2:13 
 
4. Fp 3:11 
Paulo duvidava do próprio arrebatamento? 
Fp 3:7 - 13 
 
5. 1 Co 15:23 
Níveis para os crentes na ressurreição da Igreja? 
Ordem de ressurreição: 
1º - salvos do A.T. 
2º - salvos do N.T. 
3º - salvos da atualidade 
 
6. 2 Tm 4:8 
Arrebatamento Parcial? 
Galardão para os que esperam tal evento 
 
7. 1 Ts 1:10 - 1 Ts 4:13-18 - 1 co 15: 51-52 
Esse encontro com o Senhor nos ares é na 2ª Vinda? (última trombeta) 
Trombeta 
 
O uso de trombetas na Bíblia Sagrada 
 
1. Em Jesus Cristo somos príncipes. 
1 Pe 2:9 (texto para gentios) 
 
Raça eleita – fomos enxertados (Jo 1: 11 – 12); 
Sacerdócio real – sacerdote e rei (Ap 1:4 – 6); 
Nação santa – em Cristo (2 Co 5:17); 
Povo de prop. exc. de Deus – servos (Rm 6:16; Tt 2:14). 
 
2. Os toques. 
Nm 10: 1 - 10 
 
 A trombeta aqui citada não era o shophar (chifre de carneiro), mas sim o hasoserah (trombeta 
de prata – com aproximadamente 50 cm, reta e afunilada – Nm 10:2), e como é especificado no texto 
foram estabelecidas regras para o seu uso. Para sempre – Nm 10:8. 
 
 Nm 10: 3,7 - tocarem juntas - reunião da congregação. 
 Nm 10: 4 - 1 só - reunião de príncipes e líderes. 
Curso Básico De Escatologia 
 19 
 
 Nm 10: 5,6 - as 2 em rebate - partida. 
 Nm 10: 9 - as 2 em rebate - peleja, guerra, conflito. 
 Nm 10: 10 - as 2 - alegria, solenidade, festa. 
 
 
 Percebemos, então, que existiam regras a serem seguidas no que diz respeito ao toque de tais 
trombetas, para que o povo pudesse identificar a situação. 
 Ao observarmos a história bíblica notamos que essa regra sempre foi seguida, como mostram 
os quadros que seguem: 
 
Festividades 
Antigo Testamento (19) Novo Testamento (02) 
Ref. Motivo Ref. Motivo 
Lv 23:24 – Nm 
29:1 – Sl 81:3 
Mês 7º . 
1 Co 15:51-52 
 
Arrebatamento. 
“ao ressoar da última trombeta” Lv 25:9 Ano do Jubileu. 
2 Sm 6;15 Chegada da Arca do Senhor. 
2 Sm 15:10 Anunciação de Absalão como rei. 
1 Ts 4: 16-17 
 
Arrebatamento. 1 Rs 1:34,39 Unção de Salomão – 1 trombeta. 
1 Rs 1:41 Salomão é constituído rei. 
2 Rs 11:14 
2 Cr 23:13 
Joás é constituído rei. 
1 Cr 13:8 A volta da Arca da Aliança. 
1 Cr 15:24,28 A volta da Arca para Jerusalém. 
1 Cr 16: 6,42 Comemoração pela volta da Arca. 
2 Cr 5:12-14 A instalação da Arca no Templo. 
2 Cr 7:6 A festa e os sacrifícios no templo. 
2 Cr 15:14 Tribos do norte unem-se a Judá. 
2 Cr 29:26-28 O reavivamento por Ezequias. 
Ed 3:10 O início da construção do templo. 
Sl 47:5; 98:6 Louvor a Deus. 
Sl 150:3 Louvor a Deus. 
Is 27:13 
Ap 11:15 
Futuro reagrupamento de Israel. 
Jl 2:15 Chamada ao arrependimento. 
 
Guerra - Conflito 
Antigo Testamento (19) Novo Testamento (02) 
Ref. Motivo Ref. Motivo 
Nm 31:6 Guerra contra os midianitas. 
 
Mt 24:30-31 
 
 
Reunião de Israel na Tribulação. 
1 Sm 13:3 Jônatas derrota os filisteus. 
2 Cr 13:12,14 Guerra entre Judá e Israel. 
2 Cr 20:28 Judá vence Amom e Moabe. 
Ne 4:18 
Ne 12:35-41 
Edificação dos muros de Jerusalém. 
Is 18:3 Atenção com os etíopes. 
 
Ap 8: 
2,6,7,8,10,12; 
 9: 1,13; 
 11: 15. 
 
 
Ap 8:13 
 
 
 
 
 
 
 
7 Trombetas 
 
 
 
 
Trombetas de Guerra 
 
 
 
 
Jr 4:5 Babilônia invadindo Judá. 
Jr 4:19-21 Reunião para a guerra. 
Jr 6:17 Atenção contra ataques. 
Jr 42:14 Cansados de guerra. 
Ez 7:14 Não há quem vá à guerra. 
Ez 33:3-6 Aviso sobre conflitos. 
Os 5:8 Alarme. 
Os 8:1 Assíria contra Israel. 
Jl 2:1-2 Prenúncio do Dia do Senhor. 
Am 2:2 Derrota de Moabe. 
Am 3:6-7 Traria temor ao povo. Deus os avisaria. 
Sf 1:14-18 Dia do Senhor. 
Zc 9:14-15 Dia do Senhor e proteção de Israel. 
 
Curso Básico De Escatologia 
 20 
 
 Notamos com isso que é estabelecido um padrão para os toques, dependendo da ocasião. 
 Ao buscar o significados das palavras usadas para os toques, encontramos: 
 
- Rebate: ato de chamar ou avisar de um acontecimento imprevisto; palpite; palpitar. 
- Palpite: ato de palpitar; pulsar; bater – dar pancadas. 
- Clangor: som rijo; brado; estrépito – fragor – estampido – detonação; estouro; estrondo. 
 
 Percebemos, dessa forma, que o toque em forma de ‘rebate’ era realizado de forma 
intercalada, com breves toques – fortes, enérgicos. Esse toque era realizado para alertar para a partida 
ou para a peleja, guerraou conflitos. 
 
 Ao observarmos a outra classe de toque encontramos: 
 
- Soar: tocar; agradar; celebrar; exaltar. 
- Ressoar: tocar repetidamente de forma enérgica; ecoar – refletir, repercutir. 
 
 O toque com a finalidade de comemorar, ou de reunir a congregação ou os príncipes era 
contínuo e forte. Estivesse o trombeteiro só – Nm 10:4, ou acompanhado – 2 Cr 5:12-14 (120 
sacerdotes). 
 
 Ao observarmos tais fatos devemos identificar os toques que o Novo Testamento descreve, 
para podermos entender os contextos citados. 
 
 Mt 24:30 – 31 - “clangor” - tal tipo de toque era utilizado para guerra ou conflito. 
 Sabemos que o arrebatamento da Igreja será realizado de forma que ninguém perceba. Ao 
notarmos em tal texto a expressão que Jesus virá com “poder e grande glória” notamos que Ele será 
visto, nesta ocasião. Não trata-se, então, do arrebatamento, mas de sua 2ª vinda. 
 O segundo ponto a se tratar é o fato de observarmos o toque que Jesus ordenará no ato do 
arrebatamento. Nesse texto o toque é de guerra – clangor (rebate) – e não trará alegria, como o 
apóstolo Paulo afirmou que seria no ato do arrebatamento da Igreja – 1 Ts 4:17-18. Consolai-vos. 
 O terceiro ponto é que tal texto não se refere a Igreja mas é o cumprimento de Is 27:13. O 
futuro reagrupamento de Israel. 
 
 1 Co 15:51-52 - “soará” - tal tipo de toque era utilizado para reunião. Nm 10:4 
 Nesse texto encontramos a menção do toque como ‘soar’ ou ‘ressoar’, e a afirmação que se 
trata apenas de uma única trombeta. 
 O toque de uma só trombeta de forma ‘soada’ era realizada para a reunião de líderes ou 
príncipes, para festividades. 
 O fato é que, em Cristo, somos príncipes – 1 Pe 2:9, e que o arrebatamento é o momento pelo 
qual a Igreja tem esperado desde sua fundação – seu momento de festividade. 
 Ao observarmos a linguagem bíblica não podemos jamais querer confundir, última trombeta 
com sétima trombeta. São coisas total e completamente diferentes. 
 Sabemos que existirão ainda toques de trombetas, porém que toques serão esses? De 
festividade? De guerra e conflito? Ou os dois, em seu tempo oportuno? 
 A expressão “última trombeta” (v.52) refere-se, provavelmente, devido a linguagem 
encontrada nos textos (Nm 10 e 1 Co 15) a última trombeta “soada” da história. A última trombeta da 
última festa – o Arrebatamento. 
 
 1 Ts 4:16 – 17 - “ressoada” - tal tipo de toque era utilizado para reunião. Nm 10:4. 
 Aqui encontramos, praticamente, uma repetição de 1Co 15: 51 – 52. O Arrebatamento da 
Igreja. 
 
 Ap 8,9,11:15 - “tocou” - tal expressão não define o tipo de toque. 
Curso Básico De Escatologia 
 21 
 
 A expressão ‘tocou’ não define o tipo de toque – se ‘soado’ ou em ‘rebate’ – porém as 
consequências do toque deixam claro que se trata de um toque de conflito, de guerra, pois em Ap 8:13 
encontramos a afirmação que os moradores da terra sofreriam por causa dos três anjos que ainda 
restavam tocar suas trombetas. Com certeza não eram toques de festividade. 
 Notamos ainda que mesmo os toques de alerta, ou guerra serviam também para juntar o povo 
para o conflito. Nm 10:9. Com isso pode ser que o toque da sétima trombeta seja o toque de Mt 24: 30 
– 31, que reunirá o povo de Israel, em cumprimento de Is 27:13. O último toque de guerra da história 
da humanidade. 
 Com isso podemos observar que trombetas serão tocadas, porém que toques serão dados? Com 
qual finalidade? Em que época? Para que povo? 
 Especulações são feitas, porém nessas especulações as profecias bíblicas são desprezadas (Mt 
24:30–31 cf. Is 27:13), os costumes bíblicos (toques de trombetas) são esquecidos, as ordenanças de 
Deus relegadas a segundo plano (Nm 10:8) e inicia-se um processo de conjecturas diante da Palavra de 
Deus que só é limitada pela mente fértil das pessoas que originam tais práticas. 
 
 
 
Curso Básico De Escatologia 
 22 
 
4.2 Teoria do Arrebatamento Pós-Tribulacionista 
 
Teoria 
 
 Caracteriza-se como uma teoria que tem conquistado espaço no seio da Igreja, defendendo o 
ensinamento de que a Igreja estará presente no Período Tribulacional, e que o Arrebatamento da 
mesma acontecerá no final de tal Período. 
 Defendem basicamente 7 pontos: 
 Negam o dispensacionalismo, negando Jr 30:7; 
 Negam a distinção entre Israel e a Igreja; 
 Negam o ensinamento bíblico com respeito a natureza e propósito da Tribulação; 
 Negam as distinções contidas nas Escrituras sobre Arrebatamento e 2ª Vinda; 
 Negam a doutrina da Iminência; 
 Negam qualquer cumprimento futuro para Dn 9:24 – 27, afirmando um 
cumprimento ‘histórico’; 
 Aplicam os planos de Deus para Israel na Igreja (Mt 13, 24-25; Ap 4 – 19). 
 
Argumentos e suas Dificuldades 
 
1) Afirmam que o pré-tribulacionismo é recente (últimos 100 anos), não sendo apostólico. 
 
Respostas 
a. Tal linha de raciocínio é falha, pois se assim fosse não aceitaríamos sequer a doutrina 
da justificação pela fé, que só veio a ser ensinada de forma clara na Reforma 
Protestante. 
b. A Igreja Primitiva vivia sob a expectativa da volta iminente de Cristo. O pré-
tribulacionismo é a única posição que está de acordo com a Igreja Primitiva. 
c. Em toda a história da Igreja houve discussões teológicas, onde só do século XIX em 
diante a Igreja voltou sua atenção para a Escatologia. 
 
Os estudos teológicos foram realizados por períodos: 
 Séc. II - Era dos apologistas; 
 Séc. III , IV - Teologia propriamente dita (doutrina de Deus e Trindade); 
 Séc. V - Antropologia; 
 Séc. V, VI e XIV - Cristologia; 
 Séc. XV e XVI - Soteriologia (Reforma). 
 
A Escatologia também teve seu período, que permanece até a atualidade. 
A Igreja Primitiva possuía sua escatologia, porém não com a estrutura teológica que hoje 
possuímos, assim como na igreja medieval existia uma escatologia, porém mística (escatologia do céu, 
inferno e do purgatório). 
A corrente pré-tribulacionista é a única que está de acordo com a ‘escatologia’ da Igreja 
Primitiva – a volta iminente de Cristo, como início do período tribulacional e a sucessão do Milênio. 
 
2) Negam a iminência da volta de Cristo. Afirmam que devemos buscar sinais para a Sua 
volta, e que Jesus não voltará até que ... a destruição de Jerusalém, morte de Pedro, 
aprisionamento de Paulo e o plano anunciado para os séculos vindouros aconteçam (Mt 
28:19 – 20), bem como o desenvolvimento da apostasia. 
 
Respostas 
a. Os homens que ensinaram tais planos acreditavam na volta iminente de Cristo. 
b. A doutrina da Iminência é Escriturística: Jo 14:2 – 3; 1 Co 1:7; Fp 3:20 – 21; 1 Ts 1:9 
– 10, 4:16 – 17, 5:5 – 9; Tt 5:8 – 9; Ap3:10, 22:17 – 22. 
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 23 
 
c. Homens como Clemente de Roma e Cipriano defendiam a iminência, bem com sua 
defesa encontra-se ainda na Didaquê. 
 
3) Afirmam que a Tribulação será dada à Igreja. 
Lc 23:27 – 31; Mt 24:9 – 11; Mc 13:9 – 13 (Israel) 
Jo 15:18 – 19, 16:1,2,33 (Igreja) 
Usam as perseguições da Igreja Primitiva (At 8:1 – 3, 11:19, 14:22; Rm 12:12) como 
“cumprimento parcial” de tais “profecias”. 
 
Respostas 
a. Israel será preparada na Tribulação para entrar no Milênio. Israel e a Igreja são 
entidades distintas. 
b. Tribulação x tribulação. 
1) tribulação – não-técnico e não-escatológico. 
Mt 13:21; Mc 4:17; Jo 16:33; Rm 5:3, 12:12; 2 Co 1:4; 2 Ts 1:4; Ap 1:9. 
2) Tribulação - técnico e escatológico. 
Período de 7 anos 
Ap 2:22; Mt 24:29. 
Últimos 3 ½ anos 
Mt 24:21 
 
c. Quando tal palavra aparece referindo-se a Igreja, possui sentido não-técnico e não-
escatológico – Jo 16:33. 
d. Se tal texto (Jo 16:33) ensinasse que a Igreja passaria pelo Período Tribulacional, esta 
mesmo período já duraria 1.900 anos. 
 
4) Defendem o cumprimento histórico de Dn 9:24 – 27. 
Afirmam que a mesma já se cumpriu em sua totalidade. 
 
Respostas 
a. Dn 9:24 possui 6 promessas, e as mesmas, referentes a Israel, não se cumpriram. 
1ª - cessar a transgressão - fim da apostasia; 
2ª - fim aospecados - expiar os pecados, julgando-os de modo definitivo. 
3ª - expiar a iniqüidade - morte de Cristo na Cruz, que á a base para o futuro 
perdão de Israel (2 Co 12:10; Rm 11:26-27). 
4ª - trazer justiça eterna - reino milenar do Messias (Jr 23:5-6); 
5ª - selar a visão e a profecia - cumprir todas as profecias referentes aos judeus e 
Israel; 
6ª - ungir o Santo dos Santos - consagração do Santo dos Santos no Templo. 
b. O “príncipe que há de vir” (v.26) = “ele” (v.27). 
Está relacionado aos romanos que destruíram a cidade e o santuário. Tal aliança não pode 
ser de Cristo, mas do “homem da iniqüidade” (Mt 24:15; 2 Ts 2 e Ap13), que fará falsa 
aliança com Israel. 
c. Como continuaram a existir sacrifícios depois da morte de Cristo, tal cumprimento não é 
em Cristo, mas no futuro. 
d. Ao falar do futuro (Mt 24 e 25) Jesus fala do futuro cumprimento de Daniel (Mt 24:15). 
e. Se as primeiras 69 semanas de Dn 9 cumpriram-se literalmente (detalhes e cronologia) 
nada impede que a última (70ª) também aconteça da mesma forma (detalhes e cronologia). 
 
5) A ressurreição define o Arrebatamento. 
a. As passagens do A.T. provam que a ressurreição dos santos acontecerá na revelação de 
Cristo. 
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 24 
 
b. A ressurreição da Igreja acontece no mesmo tempo da ressurreição de Israel (Jo 5:28 – 29, 
11:24). 
c. A ressurreição da Igreja define o pós-tribulacionismo (Ap 20:4 – 6). 
 
Respostas 
a) “último dia”, “aquele dia” ou “dia do Senhor” não se refere a um período de 24 hs. (2 Pe 
3:8), mas ao plano de acontecimentos – período. Tribulação – 2ª Vinda – Milênio. 
O “dia do Senhor” no A.T. e no N.T. ‘as vezes’ refere-se ao reino milenial (período de 
tempo – Jr 30:7 – 8). 
b) Em 1 Co 15:54 Paulo não cita Is 25:8 para determinar o momento da ressurreição. A 
citação é utilizada para demonstrar a necessidade da abolição da morte para o início da 
Era Milenar. 
c) Em Ap 20:4 – 6 João não se refere a 1ª ressurreição no sentido numérico, mas com o 
sentido do plano da 1ª ressurreição. Tal ensinamento é encontrado em 1 Co 15:23 – “cada 
um por sua própria ordem”. 
A 1ª ressurreição é composta de grupos diferentes, como: santos do A.T., santos da Igreja 
e santos da tribulação. 
 
 1ª parte - santos do A.T. e da Igreja 
 1ª Ressurreição 
 2ª parte - santos da Tribulação 
 
 
6) Utilizam a parábola do Joio e do Trigo (Mt 13). 
“Deixai-os crescer juntos até a colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai 
primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”. 
Afirmam que Jesus disse que assim que o trigo fosse junto no celeiro o joio seria imediatamente 
queimado. 
Sendo assim o Arrebatamento seria após a tribulação. 
 
Respostas 
Tal interpretação é errônea, pois ao falar do trigo e do joio, Cristo não se referia apenas ao período da 
Igreja – Pentecostes até o Arrebatamento – mas, ao período compreendido desde a Sua rejeição até 
Sua futura aceitação – Ministério público até Milênio. 
 
Interpretação do Pós-Tribulacionismo (Mt 13) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Interpretação do Pré-Tribulacionismo (Mt 13) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Problemas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 26 
 
4.3 Teoria do Arrebatamento Mesotribulacionista 
 
Teoria 
 
 Caracteriza-se como uma corrente escatológica que defende o ensino de que a Igreja estará 
presente na primeira metade do Período Tribulacional, onde só no final deste – fim da primeira metade 
(fim dos primeiros 3 ½ anos) – a mesma (Igreja) será arrebatada. 
 Segundo os mesotribulacionistas, o período Tribulacional em que a Igreja se encontrará na 
terra (primeiros 3 ½ anos) não se encontra a manifestação da Ira de Deus. 
 O arrebatamento acontecerá no momento do soar da última trombeta, juntamente com a 
ascensão das duas testemunhas de Apocalipse 11. 
 
Concordância entre o Mesotribulacionismo e o Pré-Tribulacionismo: 
 
 Arrebatamento é distinto da 2ª vinda; 
 Restringidor de 2 Ts 2 é o Espírito Santo; 
 A Igreja tem promessas de libertação de ira. 
 
Pós-Tribulacionismo 
 
 A Igreja tem promessas de tribulação aqui na terra e necessita de purificação; 
 As Escrituras não ensinam a doutrina da iminência; 
 A igreja é vista na terra depois de Ap 4:1. 
 
Negações do Mesotribulacionismo 
 
 Negam o dispensacionalismo; 
 Negam a distinção entre Israel e Igreja; 
 Dividem a Tribulação em duas partes desconexas e distintas; 
 Negam a doutrina da iminência; 
 Negam o método histórico gramatical (defendem o espiritual). 
 
Argumentos e Dificuldades 
 
 Negação da Iminência 
 
1. Pedro teria idade avançada e morreria martirizado (Jo 21:18 – 19) 
2. Paulo contemplaria uma longa carreira ministerial (At 22:21), adverte que primeiro viria a 
apostasia (2 Ts 2:3) e depois tempos difíceis (2 Tm 3:1); 
3. Para os apóstolos havia um grande plano na Comissão (Mc 16:15) 
 
 Devemos observar que: 
 
1. Pedro – apóstolo da esperança (1 Pe 1:13). 
2. Paulo – apresenta a vinda iminente de Cristo (Tt 2:11-13; 1 Co 15:51; Fp 3:20 e 1 Ts 4:17). 
3. Apóstolos – sempre exortavam a respeito da vinda do Senhor. 
4. Igreja Primitiva – esperava Sua volta (Ap 22:7,12,20) 
 
Volta Imediata x Volta Iminente 
 
 Promessa de tribulação 
 Devemos observar que a palavra tribulação utilizada pelos mesotribulacionistas tem o mesmo 
contexto dos pós-tribulacionistas, ou seja, um sentido não-técnico (Jo 16:33). 
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 27 
 
 Negação da Igreja como mistério 
 A Presente Era é um mistério (Cl 1:26 e Ef 3:3) 
 
 Natureza dos selos e das trombetas 
 Interpretam os selos e as trombetas como não manifestações da ira Divina. 
 
 Vejamos os Selos – Ap 6:16,17. 
 Obs: tempo aoristo elthen – chegou. 
 
Vejamos as trombetas – Ap 11:18. 
 Obs: tempo aoristo elthen – chegou 
 
 Duração do período tribulacional 
 Alegam que tal período será dividido em duas partes distintas e desconexas. 
 É bem verdade que em Dn 9:27 encontramos a divisão da Tribulação em duas partes e em Mt 
24:21 Cristo chama a segunda metade de Grande Tribulação, contudo em nenhuma parte da Sagradas 
Escrituras encontramos o ensino que as duas partes são: não relacionadas. 
 Se a Igreja estiver na primeira metade os 144.000 serão incorporados a ela e seriam chamados 
cristãos, contudo continuam sendo denominados de judeus. 
 Se a Tribulação começasse a partir da assinatura do falso tratado (Dn 9:27) a Igreja saberia a 
hora da volta de Cristo, contudo esse dado não foi revelado à Igreja, mas Israel verá os sinais que 
precederão a Segunda Vinda. 
 Em Ap 7:14 encontramos a afirmação que os salvos durante o período que varia entre o sexto 
selo e o sétimo selo vinham da “grande tribulação”. 
 O período abrangido pelos elos faz parte do período tribulacional. 
 
 Argumento de Ap 11 
 Afirmam que as duas testemunhas “representam dois grupos”: os mortos e os vivos por 
ocasião do arrebatamento, e a nuvem representa a parousia – presença do Senhor. 
 Encontramos aqui a declaração de que dependem do método alegórico de interpretação. 
 As duas testemunhas são personagens reais – Ap 11. 
 Estão relacionadas a Israel com “duas oliveiras” – Zc 4:2,3, portanto não representam a Igreja. 
 A afirmação de que são Moisés e Elias (vivos e mortos) é incerta. É mais provável que seja 
Enoc e Elias. 
 O toque da sétima trombeta Ap 11 não descreve o arrebatamento, mas a vinda do Senhor e a 
subjugação dos reinos da terra à autoridade de Cristo. 
 
 Cronologia de Apocalipse 
 A corrente mesotribulacionista depende da descrição cronológica do livro de Apocalipse. 
 Sabemos, contudo, que o livro de Apocalipse não segue uma cronologia. Vejamos: 
1ª metade da tribulação – sete selos (4:1-7.17) 
2ª metade da tribulação – sete trombetas (8:1-11.14)Volta triunfante do Senhor para reinar (11:15-18) 
 Entre a sexta e a sétima trombeta João é informado que ‘ainda’ (palin – repetição ou recomeço 
da ação) deve profetizar “ a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (10:11). 
 A partir do capítulo 12 João re-descreve o período, mais uma vez, sublinhando os 
indivíduos que desempenham importante papel na septuagésima semana. 
 As taças (Ap 16:1 – 17) ocorrem no final do período e de forma rápida e breve. Essa 
segunda narrativa encerra o período, assim como a primeira, com a Volta de Cristo e 
juízo de Seus inimigos (Ap 19). 
 
 Identificação da última trombeta 
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 28 
 
 Vimos na seção IV da Teoria do Arrebatamento Parcial, onde tratamos do uso da trombeta, 
que as mesmas diferem entre si – trombeta do arrebatamento e a sétima trombeta. 
 
 Outras observações: 
 
1) A trombeta de 1 Co 15:52 toca antes da ira de Deus cair sobre a terra; 
2) A trombeta de Ap 11:15 soa no final da ira; 
3) A trombeta do arrebatamento é chamada trombeta de Deus, onde a sétima é a 
trombeta de um anjo; 
4) A trombeta da Igreja é singular, a do apocalipse faz parte de uma série de 7; 
5) Em 1 Ts 4 a trombeta convoca vivos e mortos, e é tocada antes da ressurreição. A 
de Apocalipse, apesar de citar uma ressurreição (11:15) só é tocada após a 
ressurreição; 
6) A trombeta de 1 Ts introduz bênção, vida, glória. A do Apocalipse introduz 
julgamento contra os inimigos de Deus. 
7) Em 1 Ts 4 a trombeta soa “num abrir e fechar de olhos” enquanto que em Ap 
10:7 a trombeta soará por um tempo prolongado – ‘começar a tocar’; 
8) A trombeta de 1 Ts 4 é para a Igreja enquanto a de Ap á para gentios e judeus em 
geral; 
9) Em Ap é mencionado um terremoto devastador onde muitos morrerão. Em 1 Ts 
nenhum terremoto é citado; 
10) No arrebatamento a Igreja é galardoada no céu, em Ap o galardão é terreno. 
 
Problemas 
 
1) Confundem Israel com Igreja. 
2) Dividem a Tribulação. 
3) Misturam as Trombetas. 
4) Ignoram o sentido da Tribulação. 
5) Localizam mal o arrebatamento. 
6) Ignoram a cronologia do Apocalipse. 
7) Negam a doutrina da iminência. 
 
 
 
 
 
 
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 29 
 
4.4 Teoria do Arrebatamento Pré-Tribulacionista 
 
Teoria 
O arrebatamento pré-tribulacionista descansa essencialmente na premissa maior - o método 
literal de interpretação das Escrituras. Como complemento necessário a isso, os pré-tribulacionistas 
acreditam na interpretação dispensacionalista da Palavra de Deus. A igreja e Israel são dois grupos 
distintos para os quais Deus tem um plano divino. A igreja é um mistério não revelado no Antigo 
Testamento. Essa era de mistério presente insere-se no plano de Deus para com Israel por causa da 
rejeição ao Messias na Sua primeira vinda. Esse plano de mistério deve ser completado antes que Deus 
possa retomar seu plano com Israel e completá-lo. Tais considerações surgem do método literal de 
interpretação. 
 
Argumentos 
 
1) O método literal de interpretação 
 
2) A natureza da septuagésima semana. 
 Existem várias palavras usadas no Antigo e no Novo Testamento em referência ao período 
da septuagésima semana, as quais, quando examinadas em conjunto, oferecem a natureza 
essencial ou o caráter desse período: 
a. ira (Ap 6.16,17; 11.18; 14.19; 15.1,7; 16.1,19; 1Ts 1:9,10; 5.9; Sf 1.15,18); 
b. julgamento (Ap 14.7; 15.4; 16.5-7; 19.2); 
c. indignação (Is 26.20,21; 34.1-3); 
d. castigo (Is 24.20,21); 
e. hora do julgamento (Ap 3.10); 
f. hora de angústia (Jr 30.7); 
g. destruição (J1 1.15); 
h. trevas (J1 2.2; Sf 1.14-18; Am 5.18). 
 
Devemos mencionar que essas referências abrangem todo o período, não apenas parte dele, de 
modo que todo o período é assim caracterizado. No que diz respeito à natureza da tribulação (apesar 
de limitá-la à última metade da semana). 
 
3) A extensão da septuagésima semana. 
 Não há dúvida de que esse período testemunhará o derramamento da ira divina por toda a 
terra. Apocalipse 3.10; Isaías 34.2; 24.1,4,5,16,17,18-21 e muitas outras passagens esclarecem isso 
muito bem. Contudo, embora esteja em questão toda a terra, esse período é particularmente dirigido a 
Israel. Jeremias 30.7, que chama esse período "tempo de angústia de Jacó", confirma isso. Os 
acontecimentos da septuagésima semana são acontecimentos do "dia do SENHOR" OU "dia de 
Jeová". O uso do nome da divindade realça o relacionamento peculiar de Deus com aquela nação. 
Quando esse período está sendo profetizado em Daniel 9, Deus diz ao profeta: "Setenta semanas estão 
determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade" (v. 24). Todo esse período faz, então, 
referência ao povo de Daniel, Israel, e à cidade santa de Daniel, Jerusalém. 
 Visto que muitas passagens do Novo Testamento como Efésios 3: 1 6 e Colossenses 1: 25-27 
mostram claramente que a igreja é um mistério e sua natureza como um corpo composto por judeus e 
gentios não foi manifestada no Antigo Testamento, a igreja não poderia estar nessa e em nenhuma 
outra profecia do Antigo Testamento. Já que a igreja não teve sua existência senão depois da morte de 
Cristo (Ef 5.25,26), senão depois da ressurreição de Cristo (Rm 4.25; CI 3.1-3), senão depois da 
ascensão (Ef 1.19,20) e senão depois da descida do Espírito Santo em Pentecostes, com o início de 
todos os Seus ministérios a favor do crente (At 2), não poderia constar das primeiras 69 semanas dessa 
profecia. Já que a igreja não faz parte das primeiras 69 semanas, que estão relacionadas apenas ao 
plano de Deus para com Israel, ela não pode fazer parte da septuagésima semana, que está, mais uma 
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 30 
 
vez, relacionada ao plano de Deus para Israel, depois que o mistério do plano de Deus para a igreja for 
concluído. 
 
4) O propósito da septuagésima semana. 
 As Escrituras indicam que existem dois propósitos principais a ser cumpridos na septuagésima 
semana: 
 
1. O primeiro propósito está declarado em Apocalipse 3.10: "Porque guardaste a palavra 
da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o 
mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra". Independentemente de 
quem participará desse período de provas, há várias outras considerações importantes no 
versículo. 1) Primeiramente vemos que esse período tem em vista "os que habitam sobre 
a terra", e não a igreja. A mesma expressão ocorre em Apocalipse 6.10; 11.10; 
13.8,12,14; 14.6 e 17.8. Na sua utilização, João oferece não uma descrição geográfica, 
mas sim uma classificação moral. 
 
2. O segundo propósito principal da septuagésima semana é em relação a Israel. 
Malaquias 4.5,6 afirma: 
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do 
SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, 
para que eu não venha e fira a terra com maldição”. 
 
O profeta declara que o ministério desse Elias seria preparar para o Rei que estava prestes 
a vir. Em Lucas 1. 17 promete-se que o filho de Zacarias "irá adiante do Senhor no 
espírito e poder de Elias" para atuar nesse ministério e "habilitar para o Senhor um povo 
preparado". Com respeito à vinda de Elias que deveria ter sido um sinal para Israel, o 
Senhor declara: 
 
“Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará todas as cousas; como, pois, está 
escrito sobre o Filho do homem que sofrerá muito e será aviltado? Eu, porém, vos digo 
que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está 
escrito” (Mc 9.12,13). 
 
O Senhor estava mostrando a seus discípulos que João Batista tinha o ministério de 
preparar o povo para Ele. E, para dirimir toda dúvida, a palavra em Mateus 11.14 é 
conclusiva: "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir". 0 
primeiro ministério de João era preparar a nação de Israel para a vinda do Rei. Só 
podemos concluir, então,que Elias, que está por vir antes do terrível dia do Senhor, tem 
um único ministério: preparar um remanescente em Israel para a chegada do Senhor. É 
evidente que tal ministério não é necessário à igreja, já que ela, por natureza, é sem 
mancha, ruga ou qualquer outra coisa, mas é santa e sem mácula. 
Esses dois propósitos, a provação dos habitantes da terra e a preparação de Israel para o 
Rei, não têm nenhuma relação com a igreja. Essa é a evidência complementar de que a 
igreja não estará na septuagésima semana. 
 
5) A natureza da igreja. 
Devemos observar cuidadosamente certas distinções entre a igreja e Israel 
claramente demonstradas nas Escrituras, mas muitas vezes negligenciadas na análise em 
questão. 
1. Existe uma distinção entre a igreja professante e o Israel nacional. Devemos notar que a 
igreja professante é composta por aqueles que fazem profissão de fé em Cristo. Para alguns, 
essa profissão baseia-se na realidade, mas para outros não há nenhuma realidade. Este 
último grupo entrará no período tribulacional, pois Apocalipse 2.22 indica claramente que a 
igreja professante não salva experimentará a ira como castigo. A participação no grupo 
Curso Básico De Escatologia 
 31 
 
denominado Israel nacional baseia-se em nascimento físico, e todos os que pertencem a 
esse grupo e não forem salvos e removidos pelo arrebatamento, se estiverem vivos no 
momento do arrebatamento serão, com a igreja professante, sujeitos à ira da tribulação. 
 
2. Existe uma distinção entre a igreja verdadeira e a igreja professante. A igreja verdadeira 
é composta por todos os que, nesta era, receberam a Cristo como Salvador. Ao contrário 
disso, temos a igreja professante, composta por aqueles que fazem profissão de aceitar a 
Cristo sem realmente recebê-lo. Apenas a verdadeira igreja será arrebatada. 
 
3) Existe uma distinção entre a igreja verdadeira e o Israel verdadeiro ou espiritual. Antes 
de Pentecostes, existiam indivíduos salvos, mas não existia igreja, e eles faziam parte do 
Israel espiritual, não da igreja. Depois do Pentecostes e até o arrebatamento encontramos a 
igreja, que é o corpo de Cristo, mas não encontramos o Israel espiritual. Depois do 
arrebatamento não encontramos a igreja, mas novamente um Israel verdadeiro ou espiritual. 
Essas distinções devem ser claramente consideradas. 
 
 O arrebatamento não retirará todos os que professam fé em Cristo, mas apenas os que tenham 
nascido de novo e recebido a Sua vida. A porção descrente da igreja visível, junto com os descrentes 
da nação de Israel, entrará no período tribulacional. 
 
6) As distinções entre Israel e a Igreja. 
1) A extensão da revelação bíblica: Israel --quase quatro quintos da Bíblia; igreja -cerca de 
um quinto. 
2) 0 propósito divino: Israel -todas as promessas terrestres nas alianças; igreja -as 
promessas celestiais no evangelho. 
3) A descendência de Abraão: Israel -a descendência física, dos quais alguns se tornam 
descendentes espirituais; igreja -descendência espiritual. 
4) 0 nascimento: Israel -nascimento físico, que produz um relacionamento; igreja -
nascimento espiritual que traz um relacionamento. 
5) Cabeça: Israel -Abraão; igreja -Cristo. 
6) Alianças: Israel -a de Abraão e todas as alianças seguintes; igreja -indiretamente 
relacionada com a aliança abraâmica e a nova aliança. 
7) Nacionalidade: Israel -uma nação; igreja -de todas as nações. 
8) Trato divino: Israel -nacional e individual; igreja -apenas individual. 
9) Dispensação: Israel -visto em todos os tempos desde Abraão; igreja -vista apenas no 
presente. 
10) Ministério: Israel -sem atividade missionária e sem evangelho para pregar; igreja -uma 
comissão a cumprir. 
11) A morte de Cristo: Israel -nacionalmente culpado; ainda será salvo por meio dela; igreja 
-perfeitamente salva por ela agora. 
12) 0 Pai: Israel -por meio de um relacionamento especial, Deus era o Pai da nação; igreja -
somos relacionados individualmente a Deus como Pai. 
13) Cristo: Israel -Messias, Emanuel, Rei; igreja -Salvador, Senhor, Noivo, Cabeça. 
14) 0 Espírito Santo: Israel -veio sobre uns temporariamente; igreja -habita em todos. 
15) Princípio governante: Israel -o sistema da lei mosaica; igreja -o sistema da graça. 
16) Capacitação divina: Israel -nenhuma; igreja -habitação do Espírito Santo. 
17) Dois discursos de despedida: Israel -discurso no monte das Oliveiras; igreja -discurso 
no cenáculo. 
18) A promessa da volta de Cristo: Israel -em poder e glória para julgamento; igreja -para 
nos receber para Si mesmo. 
19) Posição: Israel -um servo; igreja -membros da família. 
20) 0 reino de Cristo na terra: Israel -súditos; igreja -co-herdeiros. 
21) Sacerdócio: Israel -tinha um sacerdócio; igreja -é um sacerdócio. 
22) Casamento: Israel -esposa infiel; igreja -noiva. 
23) Julgamentos: Israel -deve enfrentar julgamento; igreja -livre de todos os julgamentos. 
24) Posições na eternidade: Israel -espíritos de homens justos aperfeiçoados na nova terra; 
igreja -igreja dos primogênitos nos novos céus. 
 
Curso Básico De Escatologia 
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Essas contraposições, que mostram a distinção entre Israel e a igreja, impossibilitam 
identificar os dois num mesmo plano, o que é inevitável para a igreja passar pela septuagésima 
semana. Essas distinções dão apoio extra à posição do arrebatamento pré-tribulacionista. 
 
7) A obra do Detentor em 2 Ts 2. 
Os cristãos em Tessalônica temiam que o arrebatamento já tivesse acontecido e eles 
estivessem no dia do Senhor. As perseguições pelas quais estavam passando, referidas no 
primeiro capítulo, tinham-lhes dado base para essa consideração errônea. Paulo escreve que tal 
coisa era impossível. Primeiro, ele mostra no v. 3 que o dia do Senhor não aconteceria até que 
houvesse uma partida. Não importa se essa partida seria um afastamento da fé ou urna partida 
dos santos da terra, como já mencionado no v. 1. Segundo, ele revela que haveria a 
manifestação do homem de pecado, ou o iníquo, descrito com mais detalhes em Apocalipse 
13. O argumento de Paulo no v. 7 é que, apesar de o mistério de iniquidade já estar em vigor 
em seus dias, quer dizer, o sistema sem lei que culminaria na pessoa do iníquo já estava 
manifesto, este iníquo, no entanto, não se manifestaria até que o Detentor fosse afastado. Em 
outras palavras, Alguém impede o propósito de Satanás de culminar e Ele continuará a realizar 
seu ministério até ser afastado (v. 7,8). Explicações a respeito da pessoa do Detentor como 
governo humano, lei, igreja visível não são suficientes, pois esses todos continuarão em certa 
medida após a manifestação do iníquo. Embora esse seja um problema essencialmente 
exegético, parece que o único que conseguiria exercer tal ministério de detenção seria o 
Espírito Santo. Esse problema será examinado em detalhes posteriormente. Contudo, a 
indicação aqui é que, enquanto o Espírito Santo estiver habitando na igreja, que é o Seu 
templo, esse trabalho de detenção continuará e o homem de pecado não poderá ser revelado. 
Apenas quando a igreja, o templo, for retirada, o ministério de detenção cessará e a iniquidade 
produzirá o iníquo. Devemos notar que o Espírito Santo não cessará seu ministério após a 
retirada da igreja, nem deixará de ser onipresente com esse afastamento, mas Seu ministério 
restringidor cessará. 
 
 Dessa maneira, o ministério do Detentor, que continuará enquanto Seu templo estiver na terra 
e que precisa cessar antes que o iníquo seja revelado, requer o arrebatamento pré-tribulacionalista da 
igreja, pois Daniel 9.27 revela que esse iníquo será manifesto no começo da septuagésima semana. 
 
8) Distinção entre o arrebatamento e a segunda vinda. 
 Devemos observar várias contraposições entre o arrebatamento e a segunda vinda. Elas 
mostrarão que os dois acontecimentos não são vistos como sinônimos nas Escrituras. A existência de 
dois planos separados é mais bem percebida pelas muitas contraposições encontradas

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