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CAPÍTULO 08 - O PODER JUDICIÁRIO - O MINISTÉRIO PÚBLICO

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Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas de 
Direito Constitucional – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN). 
 
 
CAPÍTULO VIII - O PODER JUDICIÁRIO - O MINISTÉRIO PÚBLICO 
VIII.1. O PODER JUDICIÁRIO E SUAS GARANTIAS 
529) Qual a função do Poder Judiciário? 
R.: De acordo com o clássico princípio da separação dos poderes, cabe ao Poder Judiciário, 
primordialmente, o desempenho da função jurisdicional, isto é, a aplicação da lei a casos 
concretos e particulares, sempre que houver pretensões resistidas, a ele submetidas, dentro de 
um sistema preestabelecido de composição de conflitos de interesses, a que se denomina, 
genericamente, "processo judicial". Também atua nos chamados "Procedimentos Especiais de 
Jurisdição Voluntária", disciplinados pelo CPC, no Título II do Livro IV. 
 
530) Além da função jurisdicional, sua função precípua, como desempenha o Poder Judiciário 
funções administrativas e legislativas? 
R.: O Poder Judiciário exerce funções administrativas sempre que pratica qualquer ato 
referente ao autogovemo da Magistratura; exerce funções legislativas quando, por exemplo, os 
Tribunais elaboram seus regimentos internos. 
 
531) Como se distingue a função jurisdicional da função administrativa do Estado? 
R.: Embora tanto o Judiciário quanto o Executivo apliquem a lei, o que distingue as funções de 
um e de outro poder é seu modo de aplicação: o Poder Judiciário aplica a leicontenciosamente, 
e por provocação, enquanto o Poder Executivo aplica a lei de ofício, colocando em prática 
decisões anteriores, de caráter geral, considerando a moderna doutrina que o Judiciário exerce 
"atividade de substituição". 
 
532) Como se distingue a função legislativa da função jurisdicional do Estado? 
R.: A função legislativa consiste em elaborar normas jurídicas de caráter abstrato e impessoal, 
vale dizer, que conferem a todos, indistintamente, um Direito Subjetivo público ao objeto da 
tutela; a função jurisdicional dirige-se a pessoa determinada, ao ser proferido comando 
específico e concreto sobre certo bem, válido para uma situação fática, à qual juiz aplica a 
norma adequada. 
 
533) Que diploma legal deverá regular a Magistratura? 
R.: O Estatuto da Magistratura deverá ser promulgado por meio de lei complementar, de 
iniciativa do STF (art. 93 da CF). Enquanto isso não ocorre, continua em vigor a atual Lei 
Orgânica da Magistratura Nacional - LOMN, de 14.03.1979, naquilo que não contrariar a atual 
CF. 
 
534) Citar 5 princípios que devem ser observados pelo Estatuto da Magistratura. 
R.: Devem ser observados os seguintes princípios: a) o ingresso na carreira será feito por 
concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as suas fases, 
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; b) promoção de entrância para 
entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento; c) acesso aos tribunais de segundo 
grau por critérios de antigüidade e merecimento; d) previsão de cursos oficiais de preparação e 
aperfeiçoamento de magistrados como requisitos para ingresso e promoção na carreira; e e) o 
juiz titular residirá na comarca (art. 93, incisos, I, II, III, IV e VII, respectivamente). 
 
535) O que é entrância? 
R.: Entrância é a unidade administrativa, na organização judiciária estadual, que designa as 
comarcas e os graus de carreira dos juízes e membros do MP na primeira instância - ou 
primeiro grau de jurisdição - e a classificação escalonada das comarcas, e que indica a 
importância da Comarca. 
 
536) Como se classificam as Comarcas, nos Estados? 
R.: As Comarcas são classificadas, segundo a população local e a intensidade dos serviços 
forenses, em Comarcas de primeira, de segunda e de terceira entrâncias, e também, no caso 
de algumas Capitais de Estado, em Comarcas de entrância especial. 
 
537) Que normas devem ser obedecidas para a promoção de entrântia para entrância? 
R.: Além dos critérios de antiguidade e merecimento, as seguintes normas devem ser 
atendidas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3 vezes consecutivas ou 5 
alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento pressupõe 2 anos de 
exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a quinta parte da lista de antiguidades desta, 
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; c) a aferição do 
merecimento pelos critérios de presteza e segurança no exercício da jurisdição e pela 
freqüência de aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento; e d) na apuração 
da antigüidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de dois terços 
de seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a 
indicação. 
 
538) O que é instância? 
R.: Instância designa grau de jurisdição dos órgãos da Magistratura, tanto na Justiça Federal 
quanto nas Justiças Estaduais; a Magistratura Estadual organiza-se em carreiras, integradas 
por cargos de primeira instância (onde estão os juízes substitutos e os titulares) e segunda 
instância (onde estão os desembargadores dos Tribunais de Justiça e os juízes dos Tribunais 
de Alçada). 
 
539) Desembargador é cargo hierarquicamente superior ao de juiz titular? 
R.: Não. O desembargador ocupa posto mais graduado na carreira da Magistratura do que o 
juiz titular, mas não existe, entre eles, hierarquia funcional, nos moldes das Forças Armadas, 
ou do Poder Executivo, por exemplo. 
 
540) De que forma devem ser fixados os vencimentos dos magistrados? 
R.: Os vencimentos dos magistrados devem ser fixados com diferença não superior a dez por 
cento de uma para outra das categorias da carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os 
dos Ministros do STF (art. 93, V). 
 
541) De que formas podem aposentar-se os magistrados? 
R.: Os magistrados podem aposentar-se: a) compulsoriamente, por invalidez ou ao atingirem 
70 anos de idade; ou b) facultativamente, após 30 anos de serviço, dos quais, no mínimo 5, no 
exercício efetivo da judicatura (art. 93, VI). 
 
542) Quais as garantias funcionais asseguradas aos juízes? 
R.: Os juízes gozam das seguintes garantias funcionais: a) vitaliciedade, que, no primeiro grau, 
só será adquirida após 2 anos de exercício; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse 
público; e c) irredutibilidade de vencimentos. 
 
543) Adquirirá o magistrado vitaliciedade a partir de sua nomeação? 
R.: Sim, exceto no primeiro grau de jurisdição, que somente será adquirida após 2 anos de 
exercício. 
 
544) De que forma poderá o juiz de primeiro grau perder o cargo? 
R.: A perda do cargo de juiz de primeiro grau dependerá de deliberação do tribunal a que o juiz 
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (art. 95, I). 
 
545) De que forma poderá o juiz ser removido? 
R.: O juiz somente poderá ser removido (ou aposentado, ou, ainda, colocado em 
disponibilidade) por motivo de interesse público, em decisão tomada por dois terços dos 
membros do Tribunal a que estiver vinculado, após processo em que lhe será assegurada 
ampla defesa (arts. 93, VIII e 95, II). 
 
546) Em que consiste a colocação em disponibilidade dos magistrados? 
R: Colocação em disponibilidade é uma das formas de inatividade do magistrado (a outra é a 
aposentadoria), penalidade de cunho administrativo, imposta pelo Tribunal a que estiver 
vinculado, por motivo de interesse público, devendo a decisão ser tomada por dois terços, no 
mínimo, de seus membros. 
 
547) Qual a diferença entre as acepções da palavra "disponibilidade" em Direito Público, e em 
relação à Magistratura? 
R.: Em Direito Público, disponibilidade é o status do funcionário público cujo cargo foi extinto, 
embora continue a receber vencimentos; com relação à Magistratura, disponibilidade consiste 
em punição, imposta ao juiz, por interesse público. 
 
548) Quais as conseqüências da colocação em disponibilidade? 
R.: O juiz colocado em disponibilidade não mais atuará na Magistratura; continuará, no entanto, 
a receber proventosintegrais, inclusive o padrão e as vantagens que tinha quando em 
atividade. 
 
549) Qual a diferença entre "juiz substituto" e "substituto de juiz"? 
R.: Juiz substituto é aquele que está se iniciando na Magistratura, e que não goza, ainda, da 
garantia da vitaliciedade (art. 95, I), isto é, poderá perder o cargo por decisão do Tribunal ao 
qual estiver vinculado; substituto de juiz é juiz titular, que substitui outro juiz, na mesma ou em 
outra Comarca, ao qual é assegurada a garantia da vitaliciedade, isto é, somente perderá o 
cargo após sentença judicial condenatória transitada em julgado. 
 
550) Quando poderá ser criado Órgão Especial em qualquer tribunal? 
R.: A CF dispõe que, nos tribunais com número superior a 25 julgadores, será permitida (e não 
obrigatória) a criação de Órgão Especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros, 
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal 
pleno. 
 
551) Quais as vedações impostas aos juízes, como forma de garantir a imparcialidade dos 
órgãos judiciários? 
R.: As vedações impostas aos juízes são: a) o exercício, ainda que em disponibilidade, de 
outro cargo ou função, salvo uma de magistério; b) o recebimento, a qualquer título ou pretexto, 
de custas ou participação em processo; e c) a dedicação à atividade político-partidária (art. 95, 
parágrafo único). 
 
552) Quais as garantias institucionais asseguradas ao Poder Judiciário? 
R.: As garantias institucionais asseguradas ao Poder Judiciário são de 2 tipos: a) autonomia 
orgânico-administrativa (por exemplo, os tribunais podem eleger seus órgãos diretivos e 
elaborar seus regimentos internos, art. 96, I, a); e b) autonomia financeira (os tribunais podem 
elaborar propostas para seu próprio orçamento, art. 99, § 1.º). 
 
VIII.2. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA 
553) Quais são os órgãos do Poder Judiciário encarregados de exercer a função jurisdicional? 
R.: Compõem a ordem judiciária do Brasil, segundo o art. 92 da CF, os seguintes órgãos do 
Poder Judiciário, encarregados de exercer a função jurisdicional: a) Supremo Tribunal Federal - 
STF; b) Superior Tribunal de Justiça - STJ; c) Tribunais Regionais Federais - TRF's e Juízes 
Federais; d) Tribunais e Juízes do Trabalho; e) Tribunais e Juízes Eleitorais; f) Tribunais e 
Juízes Militares; e g) Tribunais de Justiça - TJ's e Juízes dos Estados e do Distrito Federal 
(Justiça Comum). 
 
554) Quais as atribuições do STF? 
R.: Ao STF cabe, precipuamente, a guarda da Constituição, isto é, de manter o respeito à Carta 
Magna e sua unidade substancial em todo o país, além de encabeçar o Poder Judiciário, 
inclusive em causas sem conotação constitucional; o art. 102 da CF estipula sua competência 
para: a) processar e julgar originariamente (isto é, como foro único e definitivo) as questões 
relacionadas no inciso I, letras a até q; b) julgar, em recurso ordinário constitucional, em única 
ou última instância, as causas relacionadas no inciso II, letras a e b; e c) julgar, em recurso 
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, nas hipóteses relacionadas 
no inciso III, a, b e c. 
 
555) Qual a estrutura funcional do STF? 
R.: Os órgãos do STF são o Plenário, as Turmas, e o Presidente; a competência de seus 
órgãos, o ano judiciário, o regulamento dos processos, o julgamento dos feitos que lhe são 
atribuídos pela CF e a disciplina de seus serviços, estabelecidos pelo Regimento Interno do 
Supremo Tribunal Federal - RISTF que contém 369 artigos, e entrou em vigor em 01.12.1980. 
 
556) Qual a composição do STF? 
R.: De acordo com a CF, art. 101 e seu parágrafo único, compõe-se o STF de 11 Ministros, 
escolhidos dentre os cidadãos brasileiros natos (art. 12, § 3.º, IV) com mais de 35 e menos de 
65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada; as Turmas são compostas por 
5 Ministros, e o Ministro mais antigo, integrante da Turma, é seu Presidente (art. 4.º, caput e § 
1.º do RISTF). São nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha 
pela maioria absoluta do Senado Federal. 
 
557) O STF é o único órgão competente para apreciar matéria constitucional? 
R.: Não. O sistema de controle da constitucionalidade no Brasil é difuso, isto é, pode ser 
exercido por via direta, junto ao STF, ou por via indireta, mediante exceção, perante qualquer 
juiz competente, desde que o julgamento da causa dependa de norma que contrarie a 
Constituição. 
 
558) Todas as atribuições do STF envolvem matéria de jurisdição constitucional? 
Não. Dentre as competências outorgadas ao STF, nas seguintes situações (art. 102, I, h e n), 
não ocorre matéria envolvendo jurisdição constitucional: a) homologação de sentenças 
estrangeiras; b) concessão de exequatur às cartas rogatórias; e c) ação em que todos os 
membros da Magistratura sejam diretamente interessados, e aquela em que mais da metade 
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente 
interessados, quando não suscitar problemas constitucionais (quando isso ocorrer, exercerá o 
STF jurisdição constitucional). 
 
559) Por que não é correto denominar o STF de Corte Constitucional? 
R.: Porque: a) o nome "Corte Constitucional", como na França, é o órgão único, encarregado 
de exercer exclusivamente jurisdição constitucional, o que não é o caso, obviamente, do STF, 
dado que nosso sistema de controle de constitucionalidade não é concentrado, e sim, difuso; b) 
o STF aprecia, de forma técnico-jurídica, recurso extraordinário, nos casos do art. 102, III, isto 
é, sua decisão se orienta no sentido de resolver a lide, e, somente de modo secundário, 
pronunciar-se a respeito de inconstitucionalidade, o que não implica, obrigatoriamente, 
exercício de jurisdição constitucional. No Brasil, o STF é a corte constitucional por excelência, 
mas não deixa de ser autêntico órgão judiciário. 
 
560) Quais as atribuições do STJ? 
R.: Ao STJ cabe, conforme estipula o art. 105, da CF: a) processar e julgar originariamente (isto 
é, como foro único e definitivo) as questões relacionadas no inciso I, letras a até h; b) julgar, em 
recurso ordinário as causas relacionadas no inciso II, letras a, b, e c; e c) julgar, em recurso 
especial, as causas decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais 
ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, quando a decisão recorrida se enquadrar 
nos casos relacionados no inciso III, a, b e c. Dentre suas atribuições, a que lhe confere feição 
mais marcante é a do controle da efetividade da lei federal, e da uniformidade de sua 
interpretação, na qualidade de mais alta instância no plano processual. 
 
561) Qual o critério fundamental para a distinção entre a competência do STF e a do STJ? 
R.: O critério fundamental para distinguir entre as competências de um e de outro, reside na 
atribuição do STF para resolver questões exclusivamente constitucionais (relativas à CF) e, ao 
STJ, para resolver questões federais infraconstitucionais. 
 
562) Qual a composição do STJ? 
R.: De acordo com o art. 104 e seu parágrafo único, compõe-se o STF de, no mínimo, 33 
Ministros, escolhidos dentre os cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de 
notável saber jurídico e reputação ilibada. São nomeados pelo Presidente da República, depois 
de aprovada a escolha pelo Senado Federal; dentre os Ministros do STJ, um terço serão 
escolhidos dentre juízes dos TRF's e um terço entre desembargadores dos Tribunais de 
Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal, e o terço restante, entre 
advogados e membros do MP Federal, Estadual e do Distrito Federal, alternadamente 
indicados na forma do art. 94. 
 
563) Qual a estrutura funcional do STJ? 
R.: O Regimento Interno do STJ-RISTJ, contendo 344 artigos, foi promulgado em 22.06.1989, 
entrando em vigor 15 dias após sua publicação, e estipula que o Tribunal funciona em Plenário 
e pelo seu órgão especial (conforme a CF, art. 93, XI), denominado Corte Especial, em SeçõesEspecializadas e em Turmas Especializadas; o Plenário, constituído da totalidade dos 
Ministros, é presidido pelo Presidente do STJ; a Corte Especial é constituída de 25 Ministros e 
é, também, presidida pelo Presidente do STJ; as Seções Especializadas (Direito Público, 
Direito Privado, Direito Penal) compreendem seis Turmas, e cada Turma é composta por cinco 
Ministros (art. 2.º do RISTJ). 
 
564) Quais as garantias de que gozam, e os impedimentos a que estão sujeitos os Ministros do 
STF e do STJ? 
R.: Os Ministros de ambos gozam de todas as garantias e estão sujeitos a todos os 
impedimentos dirigidos aos juízes togados, e que constam da CF, art. 95; os Ministros do STF 
são processados e julgados pelo próprio STF no caso de crimes comuns (CF, art. 102, I, b) e 
pelo Senado Federal, no caso de crimes de responsabilidade (art. CF, art. 52, II); os Ministros 
do STJ são processados e julgados, tanto nos crimes comuns, quanto nos crimes de 
responsabilidade, pelo STF (art. 102, I, c). 
 
565) O que é o Conselho da Justiça Federal? 
R.: O Conselho da Justiça Federal é um órgão criado pela atual CF, que funciona junto ao STJ, 
e ao qual cabe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça 
Federal de primeiro e segundo graus (CF, art. 105, § único, e RISTJ, art. 6º). 
 
566) Qual a composição do Conselho da Justiça Federal? 
R.: O Conselho da Justiça Federal, presidido pelo Presidente do STJ, é composto, também, 
pelo Vice-Presidente, por 3 membros efetivos, e igual número de suplentes, eleitos pelo 
Tribunal (RISTJ, art. 7.º e Lei n.º 7.746/89, que regula seu funcionamento). 
 
567) Qual a divisão da Justiça Federal? 
R.: A Justiça Federal compreende: a) Justiça Federal Comum; b) Justiça Militar Federal; c) 
Justiça Eleitoral; e d) Justiça do Trabalho, todas mantidas pela União. 
 
568) Quais os órgãos da Justiça Federal Comum? 
R.: De acordo com o art. 106, são órgãos da Justiça Federal Comum: a) os Tribunais Regionais 
Federais - TRF's; e b) os Juízes Federais. 
 
569) O que ocorreu com o Tribunal Federal de Recursos? 
R.: O Tribunal Federal de Recursos (do Distrito Federal), o único dos três previstos que chegou 
a ser criado pela Constituição Federal de 1946 (previa-se a criação de mais dois, em São 
Paulo e Recife), foi suprimido pela CF de 1988; parte de sua competência passou para os 
Tribunais Regionais Federais, e parte, para o Superior Tribunal de Justiça. 
 
570) Qual a composição dos TRF's? 
R.: De acordo com o art. 107, os TRF's compõem-se de, no mínimo, 7 juízes, recrutados, 
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre 
brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo: a) um quinto dentre advogados com 
mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do MP Federal com mais de 10 
anos de carreira; e b) quatro quintos, mediante promoção de juízes federais com mais de 5 
anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. 
 
571) Quais as atribuições dos TRF's? 
R.: Segundo o art. 108, I, da CF, compete aos TRF's processar e julgar, originariamente: a) os 
juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do 
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do MP da União, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias 
de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas 
data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a 
autoridade coatora for juiz federal; e e) os conflitos de competência entre juízes federais 
vinculados ao Tribunal. Segundo o inciso II do mesmo artigo, compete, também, aos TRF's, 
julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais 
no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 
 
572) Quais as atribuições dos juízes federais? 
R.: As atribuições dos juízes federais (singulares ou monocráticos) são enumeradas na CF, art. 
109, I a XII, consistindo, de modo geral, em decisão, em primeira instância, das causas de 
competência da Justiça Federal (representada pelos juízos federais, um em cada Estado e no 
Distrito Federal, correspondendo a seções judiciárias, agrupadas em 5 regiões), enquanto que, 
aos TRF's, cabe o julgamento dos recursos, exceto quando sua competência é originária. 
 
573) Qual a competência da Justiça do Trabalho? 
R.: A Justiça do Trabalho, instituída pela CF de 1934, foi criada em 1942, porém como órgão 
subordinado ao Ministério do Trabalho; somente em 1946, por força de dispositivo 
constitucional, foi incorporada ao Poder Judiciário, sendo dotada de função jurisdicional, com 
competência para (CF, art. 114) conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre 
trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de Direito Público externos (isto é, as 
relações de trabalho entre os empregados brasileiros e as representações diplomáticas 
estrangeiras) e da Administração Pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, 
dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de 
trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, 
inclusive coletivas. 
 
574) Quais os órgãos da Justiça do Trabalho? 
R.: Segundo a CF, art. 111, são órgãos da Justiça do Trabalho: a) Tribunal Superior do 
Trabalho - TST, órgão de cúpula; b) Tribunais Regionais do Trabalho - TRT's; c) Juntas de 
Conciliação e Julgamento - JCJ. 
 
575) Qual a composição do TST? 
R.: O TST é composto por 27 Ministros, dos quais 17 togados e vitalícios (dos quais, 11 
escolhidos dentre juízes de carreira da Magistratura trabalhista, 3 dentre advogados e 3 dentre 
os membros do MP do Trabalho), e 10 classistas e temporários (CF, art. 111, § 1.º), todos 
nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal. O TST funciona 
em Plenário (CLT, art. 699) ou em Turmas, em número de 5, compostas por 5 Ministros cada 
uma. 
 
576) Em que casos será possível recorrer das decisões do TST? 
R.: Como órgão máximo da Justiça do Trabalho, são as decisões do TST, em princípio, 
irrecorríveis; no entanto, nos casos de decisões contrárias à Constituição Federal ou 
denegatórias de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, ou ainda, que 
declararem a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal caberá, conforme o caso, 
recurso ordinário constitucional ou recurso extraordinário, que deverão ser dirigidos ao STF, 
que tem competência para processá-los e julgá-los; para o STJ, não caberá recurso para a 
reapreciação de qualquer questão decidida pelo TST. 
 
577) Qual a composição dos TRT's? 
R.: De acordo com o disposto na CF, art. 112, deverá haver pelo menos 1 (um) TRT em cada 
Estado e no Distrito Federal, sendo compostos por juízes nomeados pelo Presidente da 
República, sendo dois terços de juízes togados vitalícios (mantida a proporção do art. 111, § 
1.º, isto é, 17 juízes de carreira, 3 advogados e 3 do MP do Trabalho) e um terço de juízes 
classistas temporários. 
 
578) Como podem os juízes do trabalho, os advogados e os membros do MP do Trabalho 
ascender ao TRT? 
R.: Para ascender ao TRT, devem os juízes do trabalho ser promovidos segundo critérios 
alternativos de antigüidade e merecimento; os advogados devem constar em lista sêxtupla 
organizada pela OAB (Conselho Estadual ou do Distrito Federal) que serve de base para lista 
tripla organizada pelo Tribunal, e os membros do MP devem constar de lista sêxtupla 
organizada pela Associação do Ministério Público do Trabalho. 
 
579) Qual a composição das Juntas de Conciliação e Julgamento? 
R.: De acordo com o art. 116, da CF, as JCJ, instituídas por lei, compõem-se de 1 (um) juiz do 
trabalho, que será seu Presidente, e de 2 juízes classistas temporários, que terão suplentes 
(mandato de 3 anos - CF, art. 117), um dos classistas representando os empregados e o outro, 
os empregadores;os classistas são nomeadas pelo Presidente do TRT, na forma da lei, 
permitida uma recondução. 
 
580) Quem terá jurisdição em comarcas onde não houver Juntas de Conciliação e Julgamento? 
R.: A lei que instituir as JCJ poderá, nas comarcas onde não existirem as Juntas, atribuir sua 
jurisdição aos juízes de direito da Justiça Estadual. 
 
581) Qual a finalidade da Justiça Eleitoral? 
R.: A Justiça Eleitoral é uma peculiaridade do sistema constitucional brasileiro, pois, em lugar 
de fiscalização e controle do sistema político por meio de órgãos legislativos (situação vigente 
até 1932, quando foi promulgado o Código Eleitoral), criou-se um órgão do Poder Judiciário, 
destinado à jurisdição contenciosa eleitoral. 
 
582) Qual a organização e a competência da Justiça Eleitoral? 
R.: A atual CF remete a organização e a competência dos Tribunais, dos juízes de direito e das 
juntas eleitorais à lei complementar (art. 121), dispondo, no entanto, sobre sua estrutura 
básica. 
 
583) Quais são os órgãos da Justiça Eleitoral? 
R.: De acordo com a CF, art. 118, são órgãos da Justiça Eleitoral: a) o Tribunal Superior 
Eleitoral - TSE; b) os Tribunais Regionais Eleitorais - TRE's; c) os Juízes Eleitorais; e d) as 
Juntas Eleitorais. 
 
584) Qual a composição do Tribunal Superior Eleitoral? 
R.: Segundo a CF, art. 119, o TSE compõe-se de, no mínimo, 7 membros, escolhidos: a) 
mediante eleição, pelo voto secreto, 3 juízes dentre os Ministros do STF e 2 dentre os Ministros 
do STJ: b) por nomeação do Presidente da República, 2 juízes dentre 6 advogados de notável 
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo STF; o Presidente e o Vice-Presidente do 
TSE serão eleitos dentre os Ministros do STF e o Corregedor eleitoral, dentre os Ministros do 
STJ. 
 
585) Qual a composição dos TRE's? 
R.: Os TRE's, dos quais haverá um em cada Capital e um no Distrito Federal, compor-se-ão de 
7 juízes, escolhidos (CF, art. 120): a) mediante eleição, pelo voto secreto, 2 juízes, dentre os 
desembargadores do TJ, e 2 juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; b) 1 juiz do 
TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, 
escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo; c) 2 juízes, nomeados pelo Presidente da 
República, escolhidos dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, 
indicados pelo TJ. O Presidente e o Vice-Presidente dos TRE's serão eleitos dentre os 
desembargadores. 
 
586) Quais as garantias concedidas aos membros dos tribunais, aos juízes de direito e aos 
integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções? 
R.: A eles são concedidas todas as garantias dadas aos funcionários públicos, além da 
inamovibilidade (art. 121, § 1.º). 
 
587) Quem são os juízes eleitorais? 
R.: Os juízes eleitorais são juízes de direito pertencentes à Magistratura de cada Estado ou do 
Distrito Federal, e presidem as juntas eleitorais. 
 
588) Qual o período de tempo em que servirão os juízes eleitorais? 
R.: Os juízes eleitorais deverão servir por 2 anos, no mínimo, salvo motivo justificado, e por, no 
máximo, 2 biênios consecutivos; seus substitutos serão escolhidos na mesma ocasião e pelo 
mesmo processo, em número igual para cada categoria (art. 121, § 2.º). 
 
589) Quais as hipóteses de cabimento de recurso contra decisão dos TRE's? 
R.: Somente se admitem recursos contra decisões dos TRE's (CF, art. 121, § 4.º) quando: a) 
forem proferidas contra disposição expressa da CF ou de lei; b) ocorrer divergência na 
interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; c) versarem sobre a inelegibilidade 
ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; d) anularem diplomas ou 
decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; e e) denegarem habeas 
corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. 
 
590) Quais as hipóteses de cabimento de recurso contra decisão do TSE? 
R.: De modo geral, as decisões do TSE são irrecorríveis; serão admitidos recursos somente 
quando a decisão contrariar a CF, ou for denegatória de habeas corpus ou de mandado de 
segurança (art. 121, § 3.º), ou ainda, de habeas data e de mandado de injunção. 
 
591) Quais os recursos admitidos contra as decisões do TSE, quando cabíveis? 
R.: Quando satisfeitas as condições objetivas de admissibilidade, poderá o interessado interpor 
recurso ordinário constitucional ou recurso extraordinário, conforme o caso, sempre para o 
STF; a CF não prevê hipótese de recurso dirigido a STJ. 
 
592) Quais os órgãos da Justiça Militar? 
R.: Os órgãos da Justiça Militar são (art. 122): a) o Superior Tribunal Militar - STM; e b) os 
Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. 
 
593) Quais as funções da Justiça Militar? 
R.: Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124, 
caput). 
 
594) O que são Auditorias Militares? 
R.: Auditorias Militares são órgãos da Justiça Militar (Tribunais e Juízes Militares) criados por lei 
(Decreto-Lei n.º 1.003/69, a Lei de Organização Judiciária Militar), existentes nas 
circunscrições judiciárias do país. 
 
595) Qual a composição do Superior Tribunal Militar? 
R.: O Superior Tribunal Militar compõe-se de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo 
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo: a) 3 
dentre oficiais-generais da Marinha; b) 4 dentre oficiais-generais do Exército; c) 3 dentre 
oficiais-generais da Aeronáutica; e d) 5 civis. 
 
596) Como deverão ser escolhidos os militares e os civis? 
R.: Todos os militares deverão ser da ativa e do posto mais elevado da carreira; os civis 
deverão ser brasileiros maiores de 35 anos, sendo: a) 3 dentre advogados de notório saber 
jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional; e b) 2, por 
escolha partidária, dentre juízes auditores e membros do MP da Justiça Militar. 
 
597) Como é a organização da Justiça Estadual? 
R.: A Justiça Estadual deve ser organizada segundo as regras constitucionais (arts. 93 a 100 e 
125), a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (e, quando promulgado, o Estatuto da 
Magistratura) e as Constituições Estaduais; no Estado de São Paulo, por exemplo, vigora, 
ainda, o Código Judiciário do Estado de São Paulo (Decreto-Lei Complementar Estadual n.º 3, 
de 27.08.1969), nas Resoluções n.ºs 1 e 2 do Tribunal de Justiça e na Lei Complementar n.º 
225, de 13.11.1979, no que não foram, ainda, revogados, além do Regimento de Custas do 
Estado de São Paulo, Lei n.º 4.476, de 20.12.1984. 
 
598) Quais os Tribunais da Justiça Estadual de São Paulo? 
R.: A Justiça de São Paulo conta com os seguintes Tribunais: a) de Justiça; b) de Alçada 
Criminal; c) de Alçada Civil (2 Tribunais, o primeiro e o segundo); e d) de Justiça Militar 
Estadual. 
 
599) Quais as competências de cada um? 
R.: Os Tribunais da Justiça Estadual de São Paulo são os juízos de segundo grau de jurisdição 
no Estado; os Tribunais de Alçada, instituídos por Constituições anteriores, têm sua 
competência fixada pela natureza dos crimes ou das causas cíveis e não pelo valor da causa; o 
Tribunal de Justiça tem competência residual, isto é, aprecia todas as causas, cíveis e 
criminais, que a lei não remete aos Tribunais de Alçada; o Tribunal de Justiça Militar do Estado 
de São Paulo é competente para apreciar os crimes militares de que sejam acusados os 
integrantes da Polícia Militar, inclusive bombeiros. 
 
600) Qual a estrutura orgânica dos Tribunais, no Estado de São Paulo? 
R.: Inexiste hierarquia entre os Tribunais de Alçada e o de Justiça, mas a administração da 
Justiça no Estado compete ao Tribunal de Justiça, especialmente por meio do Conselho 
Superior da Magistratura, órgão disciplinar do Tribunal; cada Tribunal é dividido em Câmaras, 
cada uma composta por 5 juízes (Alçada) ou desembargadores (Justiça); a reunião de todas as 
Câmaras constitui o Tribunal Pleno; uma vez que o TJ de São Paulo tem mais de 25 
desembargadores, existe o órgão especial,composto pelos 25 membros mais antigos. 
 
601) Qual a estrutura do TJ de São Paulo e as competências de cada Câmara? 
R.: Há 3 Seções no TJ: a) de Direito Privado, com 12 Câmaras; b) de Direito Público, com 7 
Câmaras; e c) de Direito Criminal, com 6 Câmaras; cada Câmara é composta por 5 
desembargadores e a competência de cada uma é estabelecida por lei estadual, observada a 
lei que rege a Magistratura nacional; compõem o TJ, sem compor as Câmaras comuns, ainda: 
Presidente, Corregedor-Geral, 4 Vice-Presidentes e o "decano" (desembargador mais antigo, 
excluídos os 6 anteriores). 
 
602) Qual o cargo inicial da carreira da Magistratura? 
R.: O cargo inicial da carreira da Magistratura é o de juiz substituto. 
 
603) Como é o ingresso na carreira da Magistratura, na Justiça Comum? 
R.: O sistema de ingresso é o heterogêneo: para o primeiro grau, no cargo de juiz substituto, é 
sempre por meio de concurso público de provas e títulos; para o segundo e último grau, o 
processo é a nomeação de advogados ou membros do MP, ou de promoção de juízes de 
carreira, por critérios de antigüidade e merecimento. 
 
604) O que é promoção? 
R.: Promoção é a passagem do agente público de uma classe (ou grau) inferior para outra 
superior, posto mais graduado, ao qual corresponde maior responsabilidade e maior padrão de 
vencimentos. 
 
605) Como são feitas as promoções na Justiça Comum do Estado de Paulo? 
R.: Após 2 anos como juiz substituto, deverá o juiz requerer inscrição no concurso de provas e 
títulos, apreciado pelo Tribunal de Justiça ou por seu órgão especial; aprovado, será nomeado 
em caráter vitalício; reprovado, cessa a investidura. Após a aprovação, poderá o juiz ser 
promovido, de entrância a entrância, e da entrância mais elevada aos Tribunais de Alçada, e 
destes, ao Tribunal de Justiça, sempre segundo critérios alternados de antigüidade e 
merecimento. 
 
606) Quais são os órgãos da Justiça Militar do Estado de São Paulo? 
R.: São órgãos da Justiça Militar do Estado de São Paulo: a) Conselhos de Justiça (primeiro 
grau de jurisdição); e b) Tribunal de Justiça Militar. Nos Estados onde o efetivo da Polícia 
Militar for inferior a 20.000 homens, não existe Tribunal de Justiça Militar, competindo ao 
Tribunal de Justiça do Estado os julgamentos em segundo grau de jurisdição. 
 
607) O que são os Juizados Especiais? 
R.: Os Juizados Especiais são órgãos do Poder Judiciário, criados pela CF de 1988 (art. 98, I), 
providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para conciliação, julgamento e 
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo. 
 
608) Qual o diploma legal que criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais? 
R.: O diploma legal que os criou é a Lei n.º 9.099, de 26.09.1995, que revogou a Lei n.º 7.244, 
de 07.11.1984. 
 
609) O que é a Justiça de paz? 
R.: Justiça de paz é o ramo do Poder Judiciário, não dotado de atribuições jurisdicionais, 
composto por cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de 4 anos, 
remunerados e competentes para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou 
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições 
conciliatórias, além de outras previstas na legislação (art. 98, II). 
 
VIII.3. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
610) O que se entende por funções essenciais à justiça? 
R.: Entende-se por funções essenciais à Justiça o conjunto de atividades profissionais jurídicas 
(exceto a Magistratura), públicas ou privadas, encarregadas de promover o funcionamento da 
máquina do Poder Judiciário. 
 
611) Quais as atividades previstas pela CF para o exercício de funções essenciais à Justiça? 
R.: A CF prevê as seguintes atividades: Ministério Público (arts. 127 a 130), Advocacia-Geral 
da União (arts. 131 e 132), Advocacia e Defensoria Pública (arts. 133 a 135). 
 
612) Qual a função do Ministério Público? 
R.: Ao MP, instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado (art. 127, caput), 
incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais, 
individuais e coletivos indisponíveis. 
 
613) Por que o Ministério Público não pertence ao Poder Judiciário, se é órgão público e a lei 
diz que é "essencial à função jurisdicional"? 
R.: No Brasil, não pertence o MP ao Poder Judiciário, por determinação de nossa Constituição, 
que não o vincula a qualquer dos poderes; poderia ser vinculado ao Judiciário, o que ocorre em 
outros países, como a Itália, onde as funções do MP (que não existe como instituição) são 
desempenhadas pelo Poder Judiciário; lá, os juízes ora desempenham a função de julgadores 
(magistratura judicante) ora as funções do MP (magistratura requerente). 
 
614) Qual o diploma legal ao qual está sujeito o Ministério Público? 
R.: O Ministério Público sujeita-se à Lei n.º 8.625, de 12.02.1993, denominada Lei Orgânica do 
Ministério Público. 
 
615) Quais os princípios institucionais do MP? 
R.: Os princípios institucionais do MP são (arts. 127 e 128): a) unidade; b) indivisibilidade; c) 
independência funcional; e d) autonomia funcional e administrativa. 
 
616) Em que consiste o princípio da unidade do MP? 
R.: O princípio da unidade do MP consiste em considerar o Ministério Público como uma só 
corporação, em todo o país, sendo aplicáveis os correspondentes dispositivos legais a todos os 
Ministérios Públicos (órgãos) abrangidos pelo MP; evidencia-se, por exemplo, na possibilidade 
de o chefe da Instituição substituir membros do MP em suas funções, ou de delegar funções. 
 
617) Em que consiste o princípio da indivisibilidade do MP? 
R.: O princípio da indivisibilidade consiste em considerar o MP como corpo único, 
hierarquizado; isso, no entanto, não pode ocorrer num sistema federativo, não hierarquizado, 
onde existem relações funcionais de coordenação e de igualdade entre os diversos parquets; o 
princípio deve ser entendido como aplicável, isoladamente, ao MP Federal, aos MP's em cada 
Estado, e aos MP's que funcionam em jurisdições especiais, mas sempre relativamente a cada 
parquet, onde existe hierarquia funcional em cada instituição. 
 
618) Em que consiste o princípio da independência funcional do MP? 
R.: O princípio da independência funcional do MP consiste em que, cada membro do MP age 
segundo sua própria consciência jurídica, sem aceitar interferência de outros órgãos do próprio 
MP, de juízes ou do Poder Executivo, além da proibição de prestar serviços a entidades 
públicas (CF, art. 129, IX). 
 
619) Em que consiste o princípio da autonomia funcional e administrativa do MP? 
R.: O princípio da autonomia funcional e administrativa do MP consiste em sua competência 
para propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, 
provendo-os por concurso público de provas e títulos (art. 127, § 2.º) e para elaborar sua 
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (art. 
127, § 3.º). 
 
620) A que regras estão submetidos os integrantes do MP, com relação às promoções na 
carreira e à aposentadoria? 
R.: Aos representantes do MP aplicam-se os mesmos dispositivos constitucionais referentes às 
promoções na carreira e à aposentadoria dos magistrados, isto é, as constantes do art. 93, II e 
VI. 
 
621) Como é feito o ingresso no Ministério Público? 
R.: O ingresso no MP é feito mediante concurso de provas e títulos, observada, na nomeação, 
a ordem de classificação. 
 
622) Como se dá a promoção dos membros do MP? 
R.: A promoção dos membros do MP segue os critérios de antigüidade e merecimento, 
alternadamente, de uma entrância ou categoria para outra, e da entrância mais elevada para o 
cargo de Procurador de Justiça, aplicando-se, por analogia, o disposto na CF, art. 93, incisos III 
e VI (que se refere ao Poder Judiciário). 
 
623) Quais as garantias concedidas aos membros do MP? 
R.: Aos membros do MP, assegura a CF (art. 128, I, II e III),garantias equivalentes às dos 
magistrados: a) vitaliciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por 
sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse 
público, mediante decisão do órgão colegiado competente do MP, por voto de dois terços de 
seus membros, assegurada ampla defesa; e c) irredutibilidade de seus vencimentos. 
 
624) Quais as vedações constitucionais impostas aos membros do MP? 
R.: Aos membros do MP, impõe a CF (art. 128, § 5.º, II) as seguintes vedações: a) receber, a 
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) 
exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda 
que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer 
atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei; e f) representação judicial e 
consultoria jurídica às entidades públicas (art. 129, IX). 
 
625) Citar 5 funções institucionais do MP, determinadas pela atual CF? 
R.: Conforme dispõe a CF (art. 129), são funções institucionais do MP (incisos I, II, III, IV e V): 
a) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; b) zelar pelo efetivo respeito 
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na CF, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; c) promover o inquérito civil e ação civil 
pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos; d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação 
para fins de intervenção da União e dos Estados nos casos previstos na CF; e e) defender 
judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas. 
 
626) Quais os órgãos do MP? 
R.: Segundo os arts. 128 e 130, são órgãos do MP: a) na esfera da União, o MP Federal, o MP 
do Trabalho, o MP Militar e o MP do Distrito Federal; b) nos Estados, os MP's Estaduais; c) na 
esfera do Poder Legislativo, MP's junto aos Tribunais de Contas. 
 
627) Quem é a autoridade máxima do MP na esfera da União? 
R.: A autoridade máxima do MP da União (que integra todos os MP's federais) é o Procurador-
Geral da República. 
 
628) Como é escolhido o Procurador-Geral da República? 
R.: O Procurador Geral da República é nomeado pelo Presidente da República dentre 
integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após aprovação pela maioria absoluta dos 
membros do Senado Federal, para mandato de 2 anos, permitida a recondução (art. 128, II, § 
1.º). 
 
629) Como poderá ser destituído o Procurador-Geral da República? 
R.: O Procurador-Geral da República poderá ser destituído mediante ato complexo, que se 
integra pela iniciativa do Presidente da República, precedida de autorização da maioria 
absoluta do Senado Federal (art. 128, II, § 2.º). 
 
630) Como são escolhidos os Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal? 
R.: Os Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal serão nomeados pelo Chefe do 
Poder Executivo, para mandato de 2 anos, permitida uma recondução, escolhidos de uma lista 
tríplice formada por integrantes da carreira, e elaborada pelos Ministérios Públicos dos Estados 
e do Distrito Federal, na forma da lei respectiva (art. 128, II, § 3º). 
 
631) É correta a denominação "mandato", relativamente à nomeação dos Procuradores-
Gerais? 
R.: Não, pois não se trata de representação, nem mesmo nos casos de eleição dos 
Procuradores-Gerais pelos procuradores dos Estados e do Distrito Federal; a denominação 
apropriada é investidura (os Procuradores-Gerais são "investidos" no cargo) por tempo 
determinado. 
 
632) Como poderão ser destituídos os Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal? 
R.: Poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma 
da lei complementar respectiva (art. 128, II, § 4.º). 
 
633) Quais os órgãos do Ministério Público do Estado de São Paulo? 
R.: Segundo a Lei Complementar n.º 734, de 26.11.1993 (Lei Orgânica do MP no Estado de 
São Paulo), são órgãos do MP paulista: a) de administração superior: Procuradoria-Geral da 
Justiça, Colégio de Procuradores, Conselho Superior e Corregedoria-Geral; b) de 
administração: Procuradorias de Justiça e Promotorias de Justiça; c) de execução: Procurador-
Geral, Colégio de Procuradores da Justiça; e d) auxiliares: Comissão de Concurso, Centro de 
Estudos e Aperfeiçoamento Profissional, órgãos de apoio técnico-administrativo, centros de 
apoio operacional, estagiários (acadêmicos do 4.º e 5.º anos das Faculdades de Direito). 
 
634) Em que consiste a Advocacia-Geral da União? 
R.: A Advocacia-Geral da União é instituição criada pela atual CF (arts. 131 e 132), e instituída 
pela Lei Complementar n.º 73, de 10.02.1993, e que tem por finalidade representar a União em 
juízo e extrajudicialmente, diretamente ou por meio de órgão vinculado, atividade anteriormente 
exercida pelo Ministério Público, por meio de procuradores, além de prestar atividades de 
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. 
 
635) Quem é o chefe da Advocacia-Geral da União, e como é nomeado? 
R.: O chefe da Advocacia-Geral da União é o Advogado-Geral da União, nomeado livremente 
pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e 
reputação ilibada (art. 131, § 1.º) que não goza, no entanto, das mesmas garantias de que 
dispõe o Procurador-Geral da República. 
 
636) Como se ingressa na carreira da Advocacia-Geral da União? 
R.: O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição é feito mediante concurso 
público de provas e títulos (art. 131, § 2.º). 
 
637) Deverá a Advocacia-Geral da União representar a União na execução da dívida ativa de 
natureza tributária? 
R.: Não. Embora a União seja titular do direito ao crédito tributário, na esfera federal, dispõe o 
art. 131, § 3.º, expressamente, que a titularidade da representação da União cabe à 
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei. 
 
638) Quem deverá representar judicialmente e prestar consultoria jurídica às unidades 
federadas? 
R.: Segundo o art. 132, cabem a representação judicial e a consultoria jurídica às unidades 
federadas, aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na 
qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos. 
 
639) Em que consiste a Defensoria Pública? 
R.: A Defensoria Pública, criada pela CF de 1988, é instituição considerada essencial à função 
jurisdicional do Estado (art. 134), e se destina à orientação jurídica e à defesa judicial, de forma 
integral e gratuita, em todos os graus, dos economicamente necessitados, permitindo colocar 
em prática a garantia individual assegurada pelo art. 5.º, LXXIV, da CF. 
 
640) De que modo deverá funcionar a Defensoria Pública? 
R.: Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal, 
prescrevendo normas gerais para sua organização e funcionamento nos Estados; o ingresso 
na classe inicial da carreira, deverá ser feito mediante concurso de provas e títulos; aos 
integrantes da carreira será assegurada a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da 
advocacia fora das atribuições institucionais (art. 134, parágrafo único).

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