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PACOTE ANTICRIME CÓDIGO DE PROCESSO PENAL SENGIK JURIS 2020 Esse material complementar tem tudo que você precisa saber acerca dos reflexos do Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019) no Código de Processo Penal. Aqui, você encontra o antes e depois dos seguintes temas: 1) o Juiz das Garantias; 2) investigação criminal especial; 3) o novo arquivamento; 4) o ANPP – acordo de não persecução penal; 5) destino e utilização de bens constritos; 6) a descontaminação do julgado; 7) a cadeia de custódia de vestígios; 8) prisões e medidas cautelares em geral; 9) prisão em flagrante; 10) prisão preventiva; 11) execução provisória da pena no Tribunal do Júri; 12) a nulidade da decisão carente de fundamentação; 13) nova hipótese de RESE; e 14) a presença do STJ no CPP. Instagram: @professorsengik WhatsApp: (45) 98836-8836 PACOTE ANTICRIME – CPP 1 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O JUIZ DAS GARANTIAS!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 3º-A AO ARTIGO 3º-F DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ A primeira coisa que você deve ter em mente é que o Pacote Anticrime veio com uma intenção muito clara aqui: adotar o Sistema Acusatório de vez no Processo Penal, o que a CF já previa desde sempre – logo, nada há de novo. Até a edição da Lei 13964, toda investigação criminal era acompanhada por um Juiz, cuja função nunca foi investigar nem acusar alguém, mas controlar a legalidade da apuração do delito e, principalmente, garantir os direitos fundamentais daquele que estava sendo investigado. Sendo assim, os direitos mais nobres do investigado, independentemente da infração penal que teria praticado, precisavam ser observados – quem fazia o papel de “corregedor” das atividades policiais e ministeriais era esse Magistrado. Isso tanto é verdade que sempre tivemos matérias circunscritas à Cláusula de Reserva de Jurisdição, como é o caso da interceptação telefônica, meio de obtenção de prova regulamentado pela Lei 9296/1996, que exige a análise e autorizações prévias por parte do Juiz competente, exatamente porque é instrumento que atenta contra direitos fundamentais do investigado, tais como a vida íntima e privada, e o sigilo das comunicações. Contudo, esse Juiz que fazia o papel de garantia dos Direitos Fundamentais do investigado era também aquele que o julgaria na ação penal subsequente. Isso mesmo! Era o mesmo Magistrado que atuava nas investigações que julgava o acusado logo em seguida. Veja-se, inclusive, que as decisões em sede de inquérito tornavam o Juiz prevento para o processamento e julgamento da ação penal posterior. Agora, com o Pacote, as funções do Judiciário na persecução penal foram divididas entre dois Juízes diferentes – é só isso mesmo, portanto, não se assuste. Olha só: teremos um Juiz que atuará realizando o controle de legalidade das investigações, de modo a garantir os direitos fundamentais do investigado, e outro Juiz que só vai tocar o processo, da citação do acusado, passando pela instrução do feito, até o julgamento do processo. Ocorre que esses Magistrados ganharam nomes diferentes em razão do momento em que cada um vai atuar na persecução penal: 1) Juiz das garantias – atua durante as investigações e sua função primordial é garantir a legalidade das diligências praticadas pelos órgãos investigativos, de modo a garantir os Direitos Fundamentais daquele que está sendo investigado; 2) Juiz da instrução e julgamento – atua no processo penal, ou seja, na fase da ação penal; tem várias funções, dentre as quais garantir os Direitos Fundamentais do acusado, providenciar a instrução do feito e, ao final, sentenciá-lo. Como eu disse ates, só dividimos as funções entre dois Juízes diversos. Fácil demais. Mas por quê? Para que o Juiz da ação penal não esteja “viciado” pelo que viu ou pelo modo como agiu durante as investigações. Do modo como ficou, ou seja, com o Juiz das garantias, há total separação de funções, de forma que o Juiz da instrução chega livre, sem amarras, sem nem mesmo conhecer o caso, o que diminui muito, diga-se, as tão comuns alegações de parcialidade do Poder Judiciário. PACOTE ANTICRIME – CPP 2 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Desta feita, um só Juiz era responsável pelas garantias do investigado (e do acusado ao longo da ação penal), pela administração do processo, pela instrução do feito e pelo julgamento do acusado. Huuuummm... a pergunta que se faz é a seguinte: poderia uma pessoa que investigou outra ser imparcial ao julgar o investigado? É óbvio que não. Ao participar das investigações, o Juiz acaba sendo maculado pela persecução e, assim, já olhava para o acusado como verdadeiro culpado. Juiz não pode ser investigador! Juiz não pode ser inquisidor! Isso precisava mudar. E quais as funções do Juiz das garantias? Simples: são as mesmas competências que o Juiz sempre teve durante as investigações criminais. Neste tema, o artigo 3º-B do CPP traz uma lista imensa de condutas do Juiz das garantias. Porém, não é preciso decorá-las; basta lê-las e se lembrar daquilo que cabia (deveria) ao Magistrado que acompanhava as investigações antes do Pacote. Por exemplo: a quem cabia a decretação de interceptação telefônica antes do Pacote? Ao Juiz que acompanhava as investigações. E a quem cabe a decretação agora com o Pacote? Ao Juiz das garantias, pois é dele a função de acompanhar as investigações. Outro exemplo: a quem cabe a decretação da prisão temporária ou preventiva (nas investigações)? Ao Juiz das garantias. Viu? É fácil de tudo. Apenas tenha atenção a um detalhe importante: o Juiz não poderá agir de ofício nas investigações (é preciso que ele seja provocado – é por isso que, em nossas aulas, sempre o chamamos de “O Inertão”). Ainda no artigo 3º-B do CPP, há algo que pode gerar um problema sério pra gente: é seu §2º, onde há a previsão de prorrogação do prazo do inquérito policial com investigado preso. Estranhamente, essa norma diz que poderá haver apenas uma prorrogação pelo prazo de até 15 dias. Bom, isso é aparentemente incompatível com o que consta no artigo 10 do próprio CPP, que diz que o prazo do inquérito com réu preso é improrrogável e de 10 dias. Essa esquisitice fez surgir muitas interpretações estranhas na doutrina – tem gente tentando somar os dois prazos, outros falam que o artigo 10 foi derrogado, outros que ele foi revogado. Pra mim (e só eu vi assim) a situação é bem clara: houve um enorme equívoco do legislador, que considerou apenas os termos do artigo 66 da Lei 5010, que fixa o prazo máximo do inquérito com investigado preso na Justiça Federal. Nosso legislador se esqueceu completamente de que o prazo na Justiça PACOTE ANTICRIME – CPP 3 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Estadual é outro. Veja que a Lei 5010 diz que o prazo é de 15 dias para investigado preso (e ela própria tem um lapso, pois não fala da situação do investigado solto). Seguindo apenas o que diz essa lei, somando-a com o artigo 3º-B, ficaria assim: o prazo do inquérito com investigado preso na Justiça Federal é de 15 dias, prorrogável uma única vez por até 15 dias. Para mim, essa é a melhor forma de se entender o que legislador fez aqui: um enorme deslize. E como você faz na sua prova? A Banca lhe cobrará transcrição do §2º do artigo 3º-B – vai ser “cara X crachá”! Seestiver a letra da lei ali, estará certo; do contrário, estará errado. Só isso. Então, grave-o: Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. De qualquer modo, hoje, entendo que é possível conjugar isso tudo mesmo diante da falha que enxergo ter havido. Seria um remendo e não digo que é o melhor a se fazer... mas é possível. Veja a explicação na aula, dê um “print” na tela e leia o §2º do artigo 3º-B do CPP novamente. “Mas eu vi que também mudou a disciplina do assistente técnico, Professor Sengik?” É verdade, porém isso é super simples, pois o Pacote apenas trouxe para o CPP o regramento que já havia no CPC. Em síntese: antes, o assistente técnico só existia na ação penal, mas, hoje, há possibilidade do assistente técnico aparecer já na fase das investigações e atuar ao lado do perito oficial, acompanhando-o (ele não precisa aguardar a confecção da perícia oficial, mas não pode atrapalhá-la (obviamente). Veja a aula que eu tenho um exemplo lindo disso. PACOTE ANTICRIME – CPP 4 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. “E até quando o Juiz das garantias vai atuar?” Ele atua durante as investigações até o recebimento da denúncia/queixa, que é função dele, diga-se. Então, quando o Juiz das garantias receber a petição inicial criminal, ele deixa o caso nas mãos do Juiz da instrução, que terá o prazo máximo de 10 dias para reexaminar as cautelares decretas pelo seu colega. Os autos da investigação ficam no Juízo das garantias, onde poderão ser consultados pelas partes. Isso significa que os autos da investigação não serão apensados à denúncia/queixa como era antes. Apenas as provas irrepetíveis, antecipadas e os meios de obtenção de prova vão junto com a denúncia/queixa. Atenção ao prazo de reexame das cautelares pelo Juiz da instrução: no máximo 10 dias – isso cairá em nossas provas. E aquele que atuou como Juiz das garantias poderá vir a ser o Juiz da instrução? Nunca. Ele estará impedido de agir na ação penal! Se a proposta da lei foi a de dividir essas funções, jamais uma mesma pessoa poderá fazer papel de Juiz das garantias e de Juiz da instrução. Mas e se só tiver um Juiz na Comarca? Nesse caso, diz o parágrafo único do artigo 3º-D do CPP, faremos rodízio de Juízes. Que lindo!!! E o Princípio do Juiz Natural? Nada muda, ele segue o mesmo. Podemos dizer que o Juiz das garantias é o Juiz natural durante a fase investigativa – Juiz escolhido de acordo com normas objetivas e prévias fixadas na CF e na lei processual penal. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Ao Juiz das garantias cabe tudo que disser respeito à análise de legalidade e aos direitos fundamentais do investigado. Ele é o juiz natural, escolhido por critérios objetivos, para acompanhar as investigações. O Juiz das garantias não poderá processar e julgar a ação penal – ele está impedido de ser o Juiz da instrução e julgamento. PACOTE ANTICRIME – CPP 5 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. A competência do Juiz das garantias termina com o recebimento da inicial (denúncia/queixa). Se for o caso, ele a recebe e o feito segue nas mãos do Juiz da instrução, que terá o prazo máximo de 10 dias para reexaminar as cautelares decretadas por seu colega. Os autos da investigação não serão apensados à denúncia/queixa. Eles ficarão no Juízo do Juiz das garantias, sendo que as partes podem ter acesso a eles. Apenas as provas irrepetíveis, as antecipadas e os meios de obtenção de provas irão apensos à denúncia/queixa. O prazo do inquérito policial com o investigado preso pode ser prorrogado uma só vez por até 15 dias. O assistente técnico pode aparecer já na fase de investigações. Adotamos expressamente o sistema acusatório. Logo, o Juiz não tem iniciativa nenhuma durante as investigações. Isso é muito importante!!! Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 6 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: A INVESTIGAÇÃO ESPECIAL, MAS SÓ NO CASO DE USO LETAL DA FORÇA DO ESTADO, TENTADO OU CONSUMADO, EM SERVIÇO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 14-A DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Ao comentar essa alteração trazida pelo Pacote Anticrime, vou considerar apenas a ótica dos órgãos da segurança pública, pois existem vários outros interesses em jogo que foram completamente ignorados pela Lei 13.964. Vamos lá! Lembre-se de que um integrante de órgão de segurança pública é obrigado a agir quando se depara com a prática de algum delito – em termos penais (artigo 13, §2º, a, do CP) ele é considerado garante (garantidor). Sabendo disso, pense comigo na seguinte situação: depois do serviço, um Policial está retornando para casa, dá uma paradinha no mercadinho do bairro e é surpreendido por um assalto à mão armada quando já está ao lado do caixa pronto para efetuar o pagamento por suas compras. Nessa situação, considerando sempre a melhor técnica, vai caber ao Policial exercer o uso da força do Estado para neutralizar o risco aos direitos fundamentais da vítima (por exemplo: o direito à vida da caixa da padaria) e, se necessário for, poderá ocasionar o óbito do assaltante. Se isso acontecer, o Policial terá causado a morte do agressor ao salvaguardar o direito à vida da vítima – legítima defesa de terceiro. A questão que se coloca aqui é a seguinte: o Policial é obrigado, por lei, a exercer o uso da força do Estado, mas, ao fazê-lo, será investigado e, a depender da situação, processado penalmente sem assistência específica do próprio Estado que lhe obriga a agir? Sim, é isso mesmo. “Mas as instituições de segurança pública não contam com setores jurídicos capazes de Atento à ausência de assistência jurídica nas instituições que fazem uso da força do Estado, o Pacote cria espécie de investigação especial para o caso em que seus servidores a utilizam de modo letal, seja tentado ou consumado. Em suma: há procedimento investigatório especial para casos de uso letal da força em serviço. Assim, todos os servidores da segurança pública (artigo 144 da CF: PM, Bombeiros Militares, PC, PF, PRF, PP de todas as esferas da federação) e das Forças Armadas em missão de garantia de lei e ordem (artigo 142 da CF), quando exercerem a força letal do Estado, seja de forma tentada ou consumada, serão investigados por esse procedimento especializado. Mas qual é a especialidade? Simples: nesses casos, a investigação será obrigatoriamente acompanhada pelo Defensor do investigado - é só isso mesmo. A ideia é garantir assistência jurídica ao servidor obrigado a exercer a força letal do Estado. Uma vez instaurada a investigação (qualquer que seja ela - inquérito policial, inquérito policial militar ou procedimento investigatório criminal no MP), o investigado deve ser citado para que nomeie Defensor em 48 horas - (a lei errou ao usar citação, pois o correto seria notificação). Se o investigado não o fizer ou não for encontrado, a instituição em que ele é lotado é intimada para, também no prazo de 48 horas, nomeie Defensor para seu servidor. É só isso mesmo que muda, de forma que todo o resto que você conhece acerca de investigações prossegue como antes. Veja como é fácil: PACOTE ANTICRIME – CPP 7Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. assessorar seu pessoal nessas situações?” Não contam não. Isso significa que a atitude do Policial será avaliada por profissionais da seara jurídica (Juiz e MP) e ele terá de encarar isso sozinho, pois será investigado e processado sem a assistência jurídica específica. Em outras palavras: ele é obrigado a agir e, depois de atuar, que se vire para pagar Advogado particular ou que jogue dados com a sorte e dependa de Defensor dativo ou da Defensoria Pública. Agora, apenas para ilustrar a situação do servidor da segurança pública, lembro-lhe do edital para concurso da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul de 2017. O valor da remuneração era de R$ 3.888,26 brutos por mês - desconte o imposto de renda e saberá que ele não terá capital para bancar um bom advogado se precisar exercer o uso da força letal do Estado a qual está obrigado. Isso é um contrassenso e, se considerarmos que a Polícia Civil é comandada por Bacharéis em Direito, o contrassenso é maior ainda. 1) Você sabe que o inquérito policial é inquisitivo ou inquisitório e ele segue como antes (a presença de Defensor não caracteriza, por si só, o contraditório e ampla defesa - tire isso da cabeça) – nada mudou; 2) Você sabe que, muitas vezes, diligências sigilosas precisam ser realizadas durante as investigações e elas permanecem como antes, ou seja, em segredo (apenas depois de finalizadas e encartadas é que o Defensor do investigado terá acesso a elas) – nada mudou aqui também. “Mas, Professor Sengik, não vejo grandes mudanças!” Nem eu... o pacote apenas trouxe a obrigatoriedade da presença de Advogado nas investigações de casos que envolvam uso da força letal em serviço. Só isso mesmo. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! No caso de uso letal da força em serviço, seja ato tentado ou consumado, a investigação terá de contar, obrigatoriamente, com a presença do Defensor do servidor investigado. Quem pode fazer uso letal da força do Estado em serviço? Os membros das instituições listadas no artigo 144 da CF (PM, Bombeiros Militares, PC, PF, PRF, PP de todas as esferas da federação) e artigo 142 da CF (Forças Armadas, mas apenas quando em missão de GLO). Como funciona? Simples: com a investigação já em andamento, o investigado é citado (de acordo com lei) para nomear Defensor no prazo de 48 horas. Se não o fizer, intima-se a instituição em que ele está lotado para tanto - no mesmo prazo de 48 horas. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 8 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O NOVO ARQUIVAMENTO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 28 DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Antes do Pacote, o MP deveria requerer (fundamentadamente) o arquivamento ao Juiz que estava acompanhando as investigações. Se o Magistrado concordasse com as razões apresentadas pelo MP, ele homologava o arquivamento e as investigações estariam arquivadas - por isso, dizia-se que o arquivamento era ato judicial (pois era quem acabava por determiná-lo) ou ato complexo (pois contava com a manifestação de dois órgãos distintos – um do MP e outro do Judiciário). Se o Juiz não concordasse com os motivos expostos pelo MP, então, remetia os autos ao Procurador Geral para que esse definisse o destino final das investigações. O que importa, aqui, é que, de todo modo, havia um Juiz no meio do procedimento de arquivamento, figura que exercia a função de fiscal do Princípio da Obrigatoriedade da Ação Penal. Essa fiscalização era encarada como função atípica do Judiciário e já tinha sido severamente criticada pela Doutrina, pois ia contra o Sistema Acusatório, que impõe o distanciamento completo e absoluto do Magistrado de qualquer atividade que integre a acusação. Se o Juiz, no Sistema Acusatório, precisa ficar longe da acusação, como ele poderia participar de ato que define seu destino? Não pode! Isso deveria caber apenas ao titular da ação penal. Uma das preocupações do Pacote Anticrime foi justamente trazer o Sistema Acusatório para o CPP. Assim, era preciso afastar o Juiz do procedimento de arquivamento, mantendo a decisão apenas no âmbito do MP, o titular da ação penal. Foi apenas isso que a Lei 13.964 fez e ficou muito mais fácil pra gente estudar. Com o pacote, o MP não requer mais o arquivamento para o Juiz, já que todo o procedimento vai correr dentro do próprio MP. De forma bem simplificada, fica assim: 1) O Promotor de Justiça (MPE) ou o Procurador da República (MPF) ordena o arquivamento da investigação; 2) Isso é comunicado para a vítima, para o investigado e Delegado; 3) Os autos da investigação sobem automaticamente para revisão por órgão do próprio MP, que homologará ou não o arquivamento – é o que a lei chama de revisão ministerial; 4) Se a instância de revisão ministerial homologar a ordem inicial de arquivamento, o feito estará arquivado; 5) Se a vítima não concordar com o arquivamento, poderá, em 30 dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria a revisão; 6) No caso de ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, esses entes serão as vítimas, de forma que poderão provocar a revisão da decisão de arquivamento através de provocação de quem os represente em juízo. Super fácil demais. PACOTE ANTICRIME – CPP 9 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. A pergunta que não quer calar é: depois de ordenado o arquivamento, a Autoridade Policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia? Claro que sim – se não for caso de coisa julgada. Tudo permanece a mesma coisa. Ao ler o artigo 18 do CPP, apenas desconsidere a menção à autoridade judicial. Fica assim: Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. BILAU AZUL!!! O procedimento de arquivamento fica dentro do MP - não vai para o Juiz das Garantias decidir nada não (seria uma boa pegadinha de provas). Ordenado o arquivamento, o MP comunica a vítima, o investigado e a Autoridade Policial. A vítima tem 30 dias para pedir a revisão ministerial caso não concorde com o arquivamento. Veja que é só a vítima que pode fazer isso (e não o investigado ou o Delegado). Se a vítima for União, Estados e Municípios, seu representante judicial poderá pedir a revisão. A ordem de arquivamento é submetida automaticamente a instância de revisão ministerial que o homologará (ou não - mas isso não está na lei). Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 10 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP)!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 28-A DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Não havia correspondente algum no CPP. Porém, o ANPP era previsto em duas resoluções do Conselho Nacional do MP (Resoluções 181/17 e Res. 183/18), questionadas por ADIN, sob alegação de que violavam a reserva legal, a competência legislativa da União e, ainda, extrapolavam o poder regulamentar do CNMP – argumentos muito bons e indefensáveis. Tudo mudou, já que o ANPP entrou para o Código de Processo Penal em seuartigo 28-A. De forma bastante simples, o pacote inseriu as resoluções do CNMP no tal artigo 28-A - o que faz com que as ADIN’s antes mencionadas tenham perdido seus objetos. Atualmente, no caso de crime com pena privativa mínima prevista em abstrato menor do que 4 anos (considerando-se as causas de aumento e de diminuição), praticado sem violência ou grave ameaça e se o MP entender por suficiente, poderá propor acordo ao investigado, mediante do qual o MP deixa de prosseguir com a persecução penal desde que o investigado concorde e cumpra determinadas condições. Veja que é um ato negocial, uma espécie de contrato com concessões mútuas, e que tem de ser bom para todos os envolvidos. Esse acordo, todavia, não poderá ser proposto: 1) se o crime tiver pena privativa de liberdade mínima maior do que 4 anos (considerando- se as causas de aumento e de diminuição); 2) crime tiver sido praticado com violência ou grave ameaça; 3) o MP entender que o ANPP não é suficiente para a prevenção; 4) se for cabível transação penal no JECRIM (se for IMPO); 5) o investigado já tiver feito, em outro caso e no prazo de 5 anos anteriores, algum ANPP, transação penal ou suspensão condicional do processo; 6) se o investigado for reincidente ou for criminoso contumaz; 7) se for caso de crime praticado no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 8) se for caso de arquivamento. PACOTE ANTICRIME – CPP 11 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Observe que esses requisitos, tanto os positivos quanto os negativos, são cumulativos. Se presentes os requisitos acima, o MP senta com o investigado, acompanhado de seu Defensor (é obrigatória sua presença), e lhe propõe o acordo. Eles tecem uma minuta em que fixam os deveres das partes e a apresentam para análise e homologação pelo Juiz das Garantias. O Magistrado, quando for verificar os termos do ANPP, chama o investigado (sempre com seu Defensor) e o ouve para ver se ele entendeu o acordo e se quer mesmo firmá-lo com o MP. Veja que o MP não participa dessa audiência. Se tudo estiver de certo, o Juiz homologa o ANPP e remete ao MP para que esse busque a correspondente execução junto à Vara de Execuções Criminais (VEC ou VEP). É simples assim mesmo. Mas pode acontecer do Juiz olhar para a minuta e achar que não está boa, por exemplo, está dura ou leve demais para o investigado. Nesse caso, ele a devolve ao MP para, se tiver interesse, retome as negociações com o investigado e, depois, nova minuta é levada ao Juiz para homologação – o MP também poderá, ao invés de ajustar o ANPP, continuar com a persecução penal. Ainda pode ocorrer do Juiz entender que não é caso de ANPP (estão ausentes seus requisitos positivos ou presente algum negativo). Nessa hipótese, ele nega a homologação e devolve os autos ao MP para que prossiga com a persecução penal (realize novas diligências ou ofereça a denúncia). Caso o MP discorde dessa negativa, pode recorrer (RESE – artigo 581, XXV, do CPP). Viu?! É tudo muito fácil. Não há o que temer. Agora, vamos olhar para as obrigações das partes nesse acordo. A obrigação do MP será a de não prosseguir com a persecução penal e de executar o ANPP junto à VEC para que, ao final, se devidamente cumprida a parte do investigado, seja-lhe declarada a extinção da punibilidade pelo crime que lhe está imputando. As obrigações do investigado é que podem variar bastante e o CPP as chama PACOTE ANTICRIME – CPP 12 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. de condições ao apresentar rol meramente exemplificativo. São elas: 1) obrigação de reparar o dano ou restituir o bem à vítima; 2) obrigação de renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produto ou proveito do crime; 3) prestação de serviços à comunidade ou entidade pública; 4) prestação pecuniária à entidade pública ou de interesse social; 5) qualquer outra condição indicada pelo MP, desde que proporcional e compatível com a infração penal em questão. Aponto que essas condições podem ser estipuladas isoladas ou cumulativamente. Então, depois de negociados os termos do acordo, sua homologação pelo Juiz das Garantias, sua execução pelo MP na VEC, se devidamente cumprido o ANPP, é declarada a extinção de punibilidade do investigado – decisão é do Juiz da VEC. De outro lado, pode ocorrer do investigado não cumprir suas condições. Nesse caso, o MP aponta isso ao Juiz da Execução, que, após ouvir o investigado, decidirá pela rescisão do acordo. A partir dessa rescisão, o MP dará sequência à persecução penal que estava parado. Veja que o MP será obrigado a agir, seja realizando novas diligências investigativas, seja oferecendo a denúncia. Só mais dois detalhes: 1) a vítima não participa de nada, mas ela é avisada do ANPP e de possível descumprimento por parte do investigado; 2) Delegado nem é citado pelo CPP nessa parte, logo, não pode propor ANPP – ele apenas será avisado de que não poderá mais dar continuação ao inquérito policial que antes presidia e que é objeto do acordo. BILAU AZUL!!! Só o MP, o investigado e seu Defensor participam das negociações, mas cabe ao Juiz das Garantias homologar o ANPP. A vítima não participa de nada, mas é avisada da homologação e possível descumprimento posterior do acordo. PACOTE ANTICRIME – CPP 13 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Delegado não faz parte do ANPP. O rol de requisitos é CUMULATIVO – grave-os, principalmente o tempo de pena privativa de liberdade mínima (inferior a 4 anos). O rol de condições é meramente EXEMPLIFICATIVO, de modo que é possível fixar outras obrigações ao investigado. O ANPP não é executado no Juízo de Garantias, mas na Vara de Execução Criminal/Penal. O descumprimento do acordo leva à sua rescisão e o MP volta a ficar livre para tocar a persecução penal para frente. O cumprimento do acordo leva à declaração judicial de extinção de punibilidade. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 14 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: BENS PERDIDOS POR FORÇA DE CONDENAÇÃO CRIMINAL PODEM SER VENDIDOS JÁ, LOGO, SEM DEMORA, DESDE QUE A DECISÃO TENHA TRANSITADO EM JULGADO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 122 DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ O artigo 122 do CPP dizia que, depois da condenação criminal ter transitado em julgado, ainda era necessário esperar 90 dias para se alienar em leilão público os bens perdidos por força dessa decisão condenatória. O dinheiro apurado era destinado à vítima ou terceiro de boa-fé; o sobressalente iria para o Tesouro Nacional. A questão aqui era: por que esperar esses 90 dias?! Realmente, não havia motivos para se aguardar 90 dias do transito em julgado da condenação criminal para se alienar bens perdidos – efeito secundário da decisão condenatória. Em razão disso, o atual artigo 122 do CPP acabou com aquele prazo de espera de 90 dias. Hoje, as coisas apreendidas serão alienadas diretamente e os termos do artigo 133 do CPP, também foi alterado pelo Pacote. Simplificadamente, este dispositivo nos diz: 1) A avaliação e venda dos bens perdidos será determinada pelo Juiz, de ofício, ou por requerimento do interessado,ou por requerimento do MP; 2) A forma de alienação é por leilão público; 3) O valor apurado é direcionado aos lesado ou ao terceiro de boa-fé; 4) O valor sobressalente vai para os cofres públicos, especialmente para o Fundo Penitenciário Nacional. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Bens perdidos por força de condenação criminal podem ser vendidos já, logo, sem demora, desde que a decisão tenha transitado em julgado. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 15 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: OBRAS DE ARTE CUJO PERDIMENTO TENHA SIDO DECRETADO PODEM SER DESTINADAS A MUSEUS PÚBLICOS!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 124 - A DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Ao definir a destinação de bens perdidos por força de condenação criminal transitada em julgado, o CPP apontava que os instrumentos do crime, após inutilizados (retirada de potencial lesivo) e se houvesse interesse na sua conservação, poderiam ser recolhidos a museus criminais. Porém, o CPP era silente no que toca às obras de arte, itens muito usados para lavagem de dinheiro e cujo interesse na conservação e apresentação pública é muito maior e relevante. Atento à omissão e ao comportamento de muitos criminosos, especialmente de colarinho-branco, o Pacote oferece nova possível destinação a bens perdidos que sejam obras de arte ou que tenham relevante valor cultural ou artístico. Agora, se o crime não tiver vítima determinada (crime vago, de modo que não haverá lesado interessado no bem em si), a obra de arte perdida em decorrência de condenação criminal poderá ser destinada a museus públicos. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Obras de arte e bens de relevante valor cultural ou artístico cujo perdimento tenha sido decretado em condenação criminal, podem ser destinados a museus públicos. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 16 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O MP TAMBÉM PODE PROVOCAR A AVALIAÇÃO E VENDA DE BENS PERDIDOS EM RAZÃO DE CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 133 DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Esse artigo 133 do CPP apresentava omissão patente: dentre as pessoas que poderiam provocar a alienação de bens perdidos por força de condenação criminal, NÃO estava o MP – titular da ação penal. Era preciso arrumar isso!!! Agora, o novo artigo 133 do CPP corrigiu a omissão e conferiu, expressamente, ao MP a possibilidade de provocar o Juiz para avaliar e vender os bens perdidos por força de condenação criminal transitada em julgado. Como vimos no artigo 122 do CPP, não é mais preciso aguardar qualquer prazo: diante do transito em julgado, os efeitos secundários da condenação criminal, como é o caso do perdimento de bens, também se tornam definitivos. Hoje, as coisas apreendidas serão alienadas diretamente e nos termos do artigo 133 do CPP: 1) A avaliação e venda de bens perdidos será determinada pelo Juiz, de ofício, ou por requerimento do interessado, ou por requerimento do MP; 2) A forma de alienação é por leilão público; 3) O valor apurado é direcionado aos lesado ou ao terceiro de boa-fé; 4) O valor sobressalente vai para os cofres públicos, especialmente para o Fundo Penitenciário Nacional. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Bens perdidos em razão de condenação criminal podem ser vendidos tão logo essa decisão transite em julgado. A avaliação e venda de bens perdidos será determinada pelo Juiz, que pode agir de ofício ou ser provocado pelo interessado ou pelo MP. A forma de alienação é o leilão público. Os valores apurados são direcionados ao lesado ou ao terceiro de boa-fé. Não sendo o caso ou sobrando dinheiro, os valores vão para o Fundo Penitenciário Nacional. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 17 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: POSSO USAR?!?! PODE, DESDE QUE O JUIZ AUTORIZE E QUE HAJA INTERESSE PÚBLICO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 133 – A DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ A pergunta que se faz aqui é: podemos usar os bens constritos ao longo da persecução penal? Em outras palavras: se um avião foi apreendido com 90 quilos de cocaína, ele pode ser utilizado por órgão públicos durante o desenrolar das investigações e ação penal? Não havia norma no CPP sobre isso, mas a resposta era “sim”. Porém, agora, existe regramento normativo que precisará ser observado nesse procedimento de custódia precária de bens constritos ao longo da persecução penal. O Pacote acrescentou o artigo 133-A ao CPP regulamentando o uso de bens apreendidos ou sujeitos a qualquer medida assecuratória durante a persecução penal. Então, pense num barco apreendido com maconha pela Polícia Federal durante patrulhamento no Rio Paraná. Ele poderá ser utilizado pelos órgãos de segurança pública? Com isso em mente, vamos ao nosso tema. A resposta é bem simples: o barco poderá ser utilizado, sim, pelos órgãos de segurança pública, desde que haja autorização judicial para tanto. Essa autorização de custódia e uso do bem, só será expedida se o Juiz constatar interesse público no uso. Assim, são necessários dois requisitos para que usarmos o bem: 1) Autorização judicial e 2) Demonstração de interesse público. Mas quais órgãos poderão pedir a utilização do bem ao Juiz? Apesar do caput do artigo 133-A se referir aos órgãos de segurança pública listados no artigo 144 da CF, o melhor é dizer que qualquer órgão público pode fazer essa solicitação – leia o §2º do artigo 133-A e você chegará a mesma conclusão!!! O que importa é haver interesse público no uso do bem. Todavia, existe critério de preferência baseado na meritocracia: o órgão de segurança pública que levou à constrição do bem tem prioridade. No nosso exemplo do barco, se a embarcação fosse solicitada pelo Ministério da Saúde para acessar comunidades ribeirinhas e pela Polícia Federal, essa última teria prioridade na concessão de seu uso. Detalhe importante é que o bem vai para o órgão público livre de qualquer encargo ou tributo anterior à sua disponibilização para uso. Assim, se for um automóvel repleto de multas e dívidas de IPVA, é emitido certificado provisório de registro e PACOTE ANTICRIME – CPP 18 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. licenciamento (zerado) e os encargos anteriores serão cobrados de seu responsável. Observe que essa autorização de uso transfere a posse e os cuidados do bem, mas não a propriedade. Isso significa que se trata de decisão precária, que pode ser reformada a qualquer tempo e que o órgão público que está utilizando da coisa não é seu proprietário. Se efetivamente houver condenação criminal da pessoa que sofreu a constrição do bem, só após o transito em julgado dessa condenação, o Juiz poderá decretar o perdimento da coisa e determinar a transferência definitiva de sua propriedade ao órgão público que a está utilizando – ressalvados os direitos do lesado ou de terceiro de boa-fé. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Posso usar o bem apreendido? Pode!!! Desde que haja interesse público e que o Juiz assim autorize. Quem pode pedir essa autorização? Qualquer órgão público, mas há prioridade paraórgão de segurança pública que levou à constrição do bem. O bem vem livre de encargos, multas ou tributos para as mãos do órgão público. Após a condenação criminal transitar em julgado, se o Juiz decretar o perdimento do bem, poderá transferir sua propriedade para o órgão que está o utilizando. Bzo prati!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 19 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: A DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 157, §5º, DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Não havia norma correspondente antes do Pacote Anticrime. Porém, esse tema não é novo. Ele apareceu no que deveria ter sido o parágrafo §4º do artigo 157 do CPP conforme projeto de lei que alterou o assunto em 2008. Contudo, esse tal §4º foi vetado em razão da celeridade e economia processual. Ainda havia outro motivo não declarado: a descontaminação poderia abrir a possibilidade do acusado escolher, indiretamente, o Juiz da causa – o que ofenderia o Princípio do Juiz Natural. De todo modo, não existia descontaminação do julgado no CPP. Agora, tudo mudou e HÁ DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO. Isso significa que o Juiz que tomar conhecimento do conteúdo de prova declarada inadmissível por ser ilícita tem de deixar o processo. Ele não poderá proferir sentença ou acórdão, pois estará contaminado pelo conteúdo ilícito, de modo que é necessário “descontaminar o feito”. Todo o restante do artigo 157 segue o mesmo. Desse modo, a definição de prova ilícita, direta ou por derivação, fonte independente, rompimento do nexo causal, bem como o procedimento de desentranhamento, prosseguem como antes e são importantes para nossas provas. Então, no fim das contas, fica assim: 1) Apontada a ilicitude da prova, ou de ofício, o Juiz vai analisá-la (e ele pode fazer isso de ofício); 2) Concluindo pela ilicitude, o Juiz decide pelo desentranhamento da prova ilícita, que, nesse ato, é declarada inadmissível; 3) Aguarda-se o prazo e trâmite de possíveis recursos – enquanto isso, a prova fica em cartório esperando; 4) Confirmada a ilicitude, a prova já desentranhada, em regra, será inutilizada, sendo facultado às partes acompanhar o incidente, e o Juiz que decidiu pela ilicitude deixará o feito – ele não poderá proferir sentença ou acórdão, pois está psicologicamente contaminado pela informação contida na prova ilícita (eis a descontaminação do julgado). BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! HÁ DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO – isso vai despencar em provas futuras. PACOTE ANTICRIME – CPP 20 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. O Juiz que conhecer do conteúdo de prova declarada inadmissível (art. 157, caput e §1º) não poderá decidir o feito – proferir sentença ou acórdão. Somente a PROVA ILÍCITA afasta o Juiz da causa - a ilegítima não (ela segue a disciplina das nulidades processuais). Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 21 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: A CADEIA DE CUSTÓDIA DOS VESTÍGIOS!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGOS 158 - A ao 158 - F DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Existia, sim, alguma preocupação do CPP no que toca à cadeia de custódia. Ela é notada, por exemplo, no art. 6º, bem como no art. 169 do código. Veja: Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Ademais, o tema era tratado em atos da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), como as POPs de 2013 (Procedimento Operacional Padrão) e Portaria 82 de 2014, ambas há muito adotadas por qualquer setor pericial sério do nosso país. Porém, não havia norma específica sobre o tema, que foi trazido expressamente para o CPP atual com a notável preocupação de garantir a autenticidade da prova pericial. Aqui, muita coisa que não precisava ser tema de lei foi acrescentada ao CPP. Nosso legislador mais uma vez escolheu ser prolixo. Esses temas todos que foram trazidos ao código deveriam ter ficado em atos normativos secundários, como regulamentos, POP’s e portarias, pois não são assuntos substancialmente jurídicos, mas matérias e conceitos periciais. De qualquer modo, agora, você terá de conhecê-los, mas não se assuste, pois é tudo muito simples e descritivo. A ideia do Pacote foi uniformizar o tratamento de vestígios para garantir a autenticidade da prova pericial. Assim, o CPP passa a definir toda a cadeia de custódia de um determinado vestígio, desde o momento em que é encontrado, passando por seu isolamento, transporte, guarda, perícia... até o descarte, de modo que toda sua história fique registrada – o registro é cronológico do vestígio. É justamente esse histórico que permite atestar a verdade da prova pericial – ou, diante de desrespeitos técnicos, averiguar sua violação. Para tanto, o CPP atual estabelece que todo setor de criminalística deve contar com uma Central de Custódia, fechada a sete chaves, que será responsável por registrar a história de cada um dos vestígios que nela dê entrada. É preciso lembrar que o responsável inicial pelo vestígio, até que este vá parar na tal central, é o servidor público que o encontrar, sendo dele a obrigação de preservá-lo inicialmente. Então, por exemplo, no caso de um feminicídio em residência, se o primeiro servidor a chegar ao local for um Guarda Municipal da Patrulha Maria da Penha, cabe a ele o isolamento e preservação dos vestígios, que serão coletados depois pelos peritos (preferencialmente, peritos oficiais) e encaminhados para referida Central de PACOTE ANTICRIME – CPP 22 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Custódia, que realizará o registro cronológico da vida desse objeto a partir de então. Quando, depois, for realizada a perícia sobre um vestígio específico, nesse momento, o perito é o responsável pelo objeto, exatamente porque, nesse momento, tem sua guarda (nada mais óbvio). Porém, terminada a perícia, o objeto retorna à Central de Custódia, que segue por ele responsável. Ademais, o código, agora, traz o conceito de vestígio: é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constado ou recolhido, que se relaciona à infração penal – isso vai cair em nossos concursos, portanto, releia! Só para fechar o tema, seguem comentários breves sobre cada um dos artigos em questão. O artigo 158-A inaugura o tema pra gente. Ele despencará em provas, pois diz coisas importantes: 1) define cadeia de custodia: é o conjunto de todos os procedimento utilizados para manter e documentas a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posso e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte; 2) diz quando ela se inicia: a cadeia de custódia tem início na preservação do local do crime oucom procedimentos policiais ou periciais nos quais sejam detectadas a existência de vestígio; 3) diz quem é o responsável inicial por qualquer elemento que possa vir a ser considerado vestígio: o agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação; 4) define o que é vestígio: vestígio é todo objeto material ou bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. Repito: isso tudo é importante para nossos concursos! PACOTE ANTICRIME – CPP 23 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. O art. 158-B vem com norma descritiva e conteúdo que sequer é normativo de verdade, já que trata de conceitos técnicos relacionados às ciências periciais. De qualquer modo, são pontos bons para questões simples, em que a Banca apenas vai copiar e colar os conceitos, mas trocando-os para tentar confundir o candidato. Esteja atento(a), porém, saiba que basta incluir o artigo em suas revisões de lei seca que você se sairá muito bem. Portanto, leia-o já! O art. 158-C traz outra norma desnecessária. Ele diz que os vestígios serão coletados PREFERENCIALMENTE por perito oficial (oooohhhhh!!!) e encaminhados à Central de Custódia. Para a prática das carreiras policiais, o que importa está no seu §2º: é proibida a entrada em locais isolados (leia-se: locais de crimes devidamente isolados para sua preservação), bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. Assim, atenção a esse ponto! A mesma coisa vale para o art. 158-D – sua matéria também não era para estar na lei, mas, agora, está. Quanto a ele, apenas tenha atenção ao lacre do recipiente usado para guardar o vestígio, pois teremos perguntas a respeito da sua destinação. Quando um recipiente tiver seu lacre rompido (o que pode se dar pelo perito responsável ou por pessoa autorizada), posteriormente, outro lacre deve ser usado para isolar o vestígio e o lacre antigo não é descartado; ele é acondicionado no interior do novo recipiente - prevejo questões dizendo que o lacre velho seria descartado, o que estará errado. Obviamente, todo esse trâmite precisa ser registrado cronologicamente pela Central de Custódia, pois toda história do vestígio tem de ser anotada para controle e posterior consulta se questionada a autenticidade da prova pericial. O art. 158-E define que todo órgão pericial, agora, tem de contar com Central de Custódia. O artigo vai além e até trata da PACOTE ANTICRIME – CPP 24 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. estruturação dessa central. Veja: toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio (os caras acham que estão na Dinamarca kkkkk). De qualquer forma, esse artigo é todo bom para provas de concursos e OAB. Ele ainda diz que a entrada e saída do vestígio devem ser protocoladas, informando o inquérito a que se relaciona. Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio deverão ser identificadas e o acesso registrado com data e hora. Se o vestígio tramitar entre setores ou órgãos, tudo deve ser registrado, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. EM SUMA: A CENTRAL DE CUSTÓDIA REGISTRARÁ TUDO!!! Grave isso que você não errará questão alguma. O art. 158-F é bem bobinho e diz que o vestígio, após terminada a perícia, vai para a... Central de Custódia (óbvio). Se não houver espaço, o Diretor da tal central requererá o armazenamento noutro local, o que poderá ser determinado pela Autoridade Policial ou pelo Juiz. Super simples!!! BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! Cadeia de custódia é o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. A cadeia de custódia tem início na preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. O primeiro responsável pelo possível vestígio é o agente público que primeiro identificar sua potencial utilidade na persecução penal. É proibido o ingresso em local isolado para preservação de vestígios até que seja liberado pelos peritos. PACOTE ANTICRIME – CPP 25 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Todo órgão de criminalística tem de contar com Central de Custódia. A Central de Custódia é o Big Brother o livro 1984 de George Orwell: ela vê tudo; nada passa por ela sem que ela fique sabendo; ela zela pelo vestígio e registra toda sua vida CRONOLOGICAMENTE – grave assim que você não errará questão alguma. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 26 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O REFLEXO DO SISTEMA ACUSATÓRIO NAS MEDIDAS CAUTELARES!!! JUIZ NÃO PODE PIORAR A SITUAÇÃO DE OFÍCIO, MAS PODE MELHORÁ-LA. SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 282, §2º AO § 6 º, DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Desde a reforma de 2011, as medidas cautelares pessoais diversas da prisão foram inseridas no CPP. Elas estão listadas no artigo 319 do código, dentre as quais temos, por exemplo: comparecimento periódico em juízo, proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, suspensão do exercício de função pública e monitoração eletrônica. Elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente e devem ser preferidas à prisão. Logo, a prisão preventiva (e a prisão temporária), desde 2011, passou a ser vista como a última alternativa – só deve ser decretada a prisão provisória se as medidas cautelares do artigo 319 do CPP não forem suficientes e/ou adequadas ao caso concreto. Isso é assim porque a regra tem de ser a liberdade – Princípio da Presunção de Inocência. Antes do Pacote Anticrime, porém, o Juiz poderia decretar medidas cautelares (qualquer delas – prisionais ou não) de ofício na fase de ação penal. Era assim: MOMENTO CAUTELAR SEMPRE FIXADA PELO JUIZ NO IP - via representação do Delegado; - via requerimento do MP. NO PROCESSO (AP) - via requerimento das partes (não mais do Delegado); - ou de ofício. Quando a cautelar era provocada, a regra da lei era que o Juiz intimasse a parte contrária para se manifestar e não havia prazo fixado em norma para essa manifestação – na prática, essa intimação jamais acontecia (o Quase nada mudou!!! O regramento básico segue o mesmo. Contudo, agora, adotou-se o Sistema Acusatório com maior seriedade, de modo que o Juiz passa a só pode decretar medida cautelar (qualquer delas) se provocado para tanto. Ele não pode agir de ofício para piorar a situação do investigado/acusado. Entretanto, o Juiz poderá agir de ofício para melhorá-la,por exemplo, para revogar cautelar antes decretada ou substituí-la por alguma mais branda. Vou falar com outros termos para que você entenda e fixe a matéria, pois isso virá em nossas provas: agora, a decretação de medidas cautelares efetivamente respeita o Sistema Acusatório, de modo que o Juiz não poderá fixar qualquer medida cautelar de ofício, nem durante as investigações nem ao longo do próprio processo. Desse modo, apesar da decretação ser judicial, é preciso que o Juiz seja provocado. Na investigação, a provocação caberá ao MP e à Autoridade Policial. No processo, ela será realizada pela “parte” (MP, assistente de acusação, querelante). Então, nosso quadrinho fica assim: MOMENTO CAUTELAR SEMPRE FIXADA PELO JUIZ NO IP - via representação do Delegado; - via requerimento do MP. NO PROCESSO (AP) - via requerimento das partes (não mais do Delegado) – e elas são: MP, assistente de PACOTE ANTICRIME – CPP 27 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. §3º do artigo 292 do CPP sempre quase que letra morta... e vai continuar assim, apesar da modificação que você verá do outro lado do quadro). Ademais, a cautelar sempre foi precária, ou seja, poderia ser revogada ou substituída e decretada novamente... tudo a depender da necessidade fática do caso. Assim, a prisão preventiva já tinha caráter subsidiário e precário desde 2011. acusação ou querelante. ATENÇÃO: não há mais decretação de ofício pelo Juiz. O Pacote ainda trouxe algo de todo inútil. Ele acrescentou os 5 dias de prazo para que a parte contrária se manifeste diante do requerimento de decretação da cautelar. Veja: ele só acrescentou o tal prazo, pois a manifestação já existia, mas dificilmente era usada, em especial na fase das investigações. Ela era quase letra morta e isso não deve mudar, pois sempre estamos diante de casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o que excepciona tal oitiva da parte contrária. O §4º do artigo 282 do CPP trata da substituição de medidas cautelares diante do descumprimento de outras anteriormente fixadas e, ainda, da possibilidade de decretação de prisão preventiva diante desse descumprimento, mas sempre como a última alternativa. Assim, organizando nosso texto, diante do descumprimento injustificado de medidas cautelares decretadas, o Juiz pode: 1) substituir a medida anterior por outra; 2) impor outras medidas cumulativamente; ou, 3) se nenhuma dessas saídas for suficiente, decretar a prisão preventiva (a ultima ratio). Isso já era assim! Porém, antes, o Juiz poderia fazer isso tudo de ofício, o que não pode mais, seja na investigação seja no processo. Hoje, no processo, o Juiz terá de ser provocado pelo MP, assistente de acusação ou pelo querelante. O §5º do artigo 282 do CPP vem recordar que as cautelares seguem a cláusula jurídica rebus sic stantibus, que nos diz que a medida cautelar só subsiste enquanto presentes os requisitos concretos que a fundamentaram. Alterado o quadro concreto, ela perde sua razão de existir, seu fundamento, e deve ser revogada ou substituída por outra menos gravosa, o que, agora sim, o Juiz pode fazer PACOTE ANTICRIME – CPP 28 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. de ofício. Completando nosso quadrinho fica assim: MOMENTO CAUTELAR SEMPRE FIXADA PELO JUIZ NO IP - via representação do Delegado; - via requerimento do MP. NO PROCESSO (AP) - via requerimento das partes (não mais do Delegado) – e elas são MP, assistente de acusação ou querelante. ATENÇÃO: não há mais decretação de ofício pelo Juiz. Se alterada a situação fática que ensejou a decretação da medica cautelar de modo que ela não mais se justifique, o Juiz, de ofício, poderá revogá-la ou substituí-la por outra menos gravosa. Por fim, o §6º do artigo 282 do CPP apenas reafirma o caráter subsidiário da prisão preventiva (a ultima ratio) e a necessidade imperiosa de que as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade (artigo 564, V, do CPP). BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! O Juiz não pode agir de ofício para piorar a situação do investigado/acusado. O Juiz não pode decretar medidas cautelares de ofício em nenhuma das fases da persecução penal – nem na investigação nem no processo (AP). Quando provocado, ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o Juiz deve intimar a parte contrária para que se manifeste no prazo de 5 dias. Diante do descumprimento imotivado de medida cautelar anteriormente fixada, o Juiz poderá: 1) Substituir a medida; 2) Impor outras medidas cumulativamente; ou, 3) Se nenhuma dessas saídas for suficiente, decretar a prisão preventiva. MAS NÃO PODERÁ AGIR DE OFÍCIO. PACOTE ANTICRIME – CPP 29 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. O Juiz só poderá agir de ofício para revogar a medida cautelar anteriormente decretada ou para substituí-la por medida mais branda. De resto, é tudo a mesma coisa. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 30 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: SENTENÇA NÃO! VAMOS USAR CONDENAÇÃO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGOS 283, CAPUT, DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ O artigo 283 do CPP usava termo equivocado, pois parcial. Ele dizia que somente se aceitaria prisão pena decorrente de sentença penal condenatória com trânsito em julgado – essa expressão não era a mais correta, já que, ao utilizá-la, esquecia-se do acórdão penal condenatório, que é a condenação em segunda instância (simplificadamente). O artigo 283 do CPP foi corrigido. Onde ele dizia sentença penal condenatória com trânsito em julgado, passou a dizer condenação penal com trânsito em julgado, expressão mais ampla e que congloba todo e qualquer tipo de decisão final condenatória, seja sentença ou acórdão penal. Aqui, reforço algo pra ti: não há, como regra, prisão decorrente de decisão condenatória antes que essa transite em julgado. É preciso aguardar a sentença penal condenatória ou o acórdão penal condenatório transitar em julgado para se falar em prisão pena. Antes disso, porém, é possível a decretação de prisão preventiva, se estiverem presentes seus requisitos. Portanto, a regra é não haver execução provisória da pena – a não ser no caso específico (e um tanto quanto inexplicável) de sentença condenatória de crime doloso contra a vida cuja pena privativa de liberdade concreta tenha sido fixada em patamar igual ou superior a 15 anos (artigo 492 do CPP). BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! A regra é: venha a condenação criminal de uma sentença ou de um acórdão penal (tanto faz), é preciso aguardar que a decisão transite em julgado para se falar em prisão pena. Antes disso, porém, é possível a prisão preventiva, se estiverem presentes seus requisitos. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 31 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: OLHA A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO CÓDIGO!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGOS 287 DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ O artigo 287 do CPP trazia a possibilidade de se prender alguém sem aapresentação imediata do mandado de prisão contra ele decretada. Isso sempre pode ser feito, desde que em casos extraordinários, pois a apresentação do mandado é a regra, e desde que se trate de crime inafiançável. Uma vez realizada a prisão, é necessário apresentar o preso ao Juiz que expediu o referido mandado. Nada mudou! Segue a possibilidade de se prender sem o mandado, sempre em casos extraordinários e de crimes inafiançáveis. Apenas se acrescentou que o preso deve ser imediatamente encaminhado ao Juiz que decretou sua prisão para que seja realizada já a audiência de custódia. Só perfumaria, pois essa audiência, nos termos da Resolução 213 do CNJ, deve ocorrer em qualquer modalidade prisional (de cunho penal). BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! No caso de cumprimento de ordem de prisão sem exposição de correspondente mandado (só em crimes inafiançáveis), o preso deve ser imediatamente encaminhado ao Juiz para que seja realizada a audiência de custódia já. Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 32 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: PRENDEU EM FLAGRANTE? ARTIGO 310 NELE JÁ, LOGO, SEM DEMORA, NA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA!!! SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 310, CAPUT E § 1º AO § 4º, DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Isso era super simples e... continua super simples. Para que você possa compreender bem o tema, é importante ler o artigo 310 do CPP em conjunto com a Resolução 213/2015 do CNJ. Assim, você passa a ter o regramento quase completo da prisão em flagrante e da audiência de custódia a ser realizada em seguida. Em suma, a ordem das coisas era essa: 1) O sujeito era preso em flagrante, conduzido até a Delegacia, quando era ouvido, com 2 testemunhas (pelo menos) e, se fosse o caso, lavrado o auto de prisão em flagrante pelo Delegado - devidamente auxiliado pelo Escrivão; 2) Esse auto era enviado ao Juiz que, em até 24h, precisava realizar audiência de custódia para verificar se as garantias constitucionais do preso tinham sido observadas durante a prisão e lavratura do respectivo auto e, também, para que fosse determinado o destino do sujeito, que nada mais era do que aplicação imediata do art. 310 do CPP; 3) Esses “destinos” eram arrolados nos incisos do referido artigo: liberdade provisória (com ou sem fiança), medidas cautelares pessoais diversas da prisão, prisão preventiva. Se o preso tivesse agido acobertado por excludente de ilicitude (legítima defesa, por exemplo), ele seguiria solto, sob o compromisso de comparecimento aos atos processuais. Isso era básico! A fase do item 1 acima é a chamada fase administrativa da prisão em flagrante. Já, os itens 2 e 3 correspondem à fase judicial, que era extraída do artigo 310 do CPP e da Resolução 213/2015 do CNJ. Nessa última etapa, resumidamente, temos a análise do respeito às garantias fundamentais do preso durante sua prisão e sua destinação Bom, se você era meu aluno ou minha aluna, já tinha aula específica sobre a audiência de custódia logo depois do tema prisões. Assim, para você, pouca coisa mudou - apenas acrescentaram essa audiência no CPP e vedaram a liberdade provisória para certas situações. Vamos ver isso tudo já! A princípio, pegaram a Resolução 213/2015 do CNJ (que trata da audiência de custódia) e a colocaram, em parte, aqui, no artigo 310 do CPP, que teve seu caput estendido e parágrafos acrescentados sobre esse tema - §§ 3º, 4º e 5º. Então, fica assim: artigo 310, caput e §§ 3º, 4º e 5º, do CPP tratam da fase judicial da prisão em flagrante, ou seja, a análise do caso concreto pelo Juiz (os itens 2 e 3 que você viu do lado de lá desse quadrinho). Na extensão do caput, o Pacote incluiu a audiência de custódia especificamente para a hipótese de prisão em flagrante. Essa audiência judicial segue sendo a mesma da Resolução 213/CNJ, de modo que visa a verificar a legalidade da prisão e as garantias do preso, bem como determinar sua destinação pelo Juiz (agora, Juiz das Garantias). Ela deve ser realizada em até 24h após a realização da prisão e contará com a presença do preso, de sua defesa e do MP. O §3º acrescentado ao artigo 310 do CPP chama atenção ao fato de que a autoridade que, sem motivo, acabar causando a não realização da audiência nesse prazo citado no caput, responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. O §4º do artigo 310 do CPP diz que, se depois daquele prazo inicial, ainda transcorrerem 24 horas sem a realização da referida audiência, PACOTE ANTICRIME – CPP 33 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. (definir para onde ele vai agora que a situação de flagrante já se encerrou). Só isso. esse simples decurso imotivado de tempo já torna a prisão ilegal. Prisão ilegal, como você deve saber, precisa ser relaxada (artigo 310, I, do CPP). Caberá ao Magistrado relaxar essa prisão ou... e aqui é importante, se for caso, já decretar a prisão preventiva do sujeito, situação em que a alegada ilegalidade restará prejudicada. Isso significa que, nesse caso de atraso injustificado por mais de 24h, a decretação da preventiva sana a ilegalidade da prisão em flagrante por excesso de prazo – simples introdução de regra jurisprudencial há muito existente no país. Num segundo momento, quanto aos destinos possíveis que o Juiz pode dar ao preso, nada mudou. Eles seguem sendo: 1) Liberdade provisória, com ou sem fiança; 2) Medidas cautelares diversas da prisão; 3) Prisão preventiva (como última alternativa – lembre-se de que prisão é a medida cautelar mais extrema e, portanto, subsidiária às demais). Porém, tivemos um pequeno acréscimo que virá em nossas provas certamente. É que o pacote trouxe a vedação em abstrato da liberdade provisória para algumas pessoas (você precisa prestar atenção, pois essa alteração cairá em concursos até que seja declarada inconstitucional - há grande probabilidade desta declaração acontecer um dia). Grave que, de acordo com o §2º do artigo 310 do CPP, é vedada a liberdade provisória de reincidentes, integrantes de organização criminosa armada ou milícia, pessoas presas portando arma de fogo de uso restrito. Ademais, ainda quanto à liberdade provisória, permanece a regra de que, se o preso tiver agido acobertado por qualquer das excludentes de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito), ele seguirá livre, desde que se comprometa a comparecer aos atos processuais, sob pena de revogação – nada mudou nesse ponto. PACOTE ANTICRIME – CPP 34 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! O pacote anticrime trouxe a audiência de custódia para o CPP e a regulamentou apenas na prisão em flagrante. Porém, até pela dicção do novo art. 287 do CPP, que trata de cumprimento de ordem de prisão sem apresentação de mandado, fica claro que a audiência deve ser realizada em qualquer modalidade prisional penal, conforme nos diz a Resolução 213/2015 do CNJ – ela segue vigente e complementa o tema nas omissões do CPP, diga-se. Participam da audiência de custódia: o Juiz (claro), o MP, o preso e seu Defensor. A audiência de custódia deve ser realizada em até 24h após a realização prisão. Se a audiência, imotivadamente, não for realizada, o causador dessa omissão responde civil, administrativa e penalmente. Se o atraso imotivado ultrapassar outras 24h, a prisão é consideradailegal e deve ser relaxada. Nesse caso, pode-se decretar a prisão preventiva do sujeito, quando, então, a alegação de excesso de prazo fica esvaziada/prejudicada. Diante do preso que lhe é apresentado, o Juiz vai definir seu destino, que pode ser: 1) liberdade provisória (com ou sem fiança) – salvo se reincidente, integrante de organização criminosa armada ou milícia, pessoa presa portando arma de fogo de uso restrito, casos em que a liberdade provisória está vedada a princípio; 2) medidas cautelares diversas da prisão – que são aquelas lá do art. 319 do CPP; 3) prisão preventiva (como última alternativa – lembre-se de que prisão é a medida cautelar mais extrema e, portanto, subsidiária às demais). Bzo pra ti!!! PACOTE ANTICRIME – CPP 35 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: O REFLEXO DO SISTEMA ACUSATÓRIO SOBRE A PRISÃO PREVENTIVA!!! JUIZ NÃO PODE PIORAR A SITUAÇÃO DE OFÍCIO, MAS PODE MELHORÁ-LA. SENGIK MOYES E O PACOTE ANTICRIME ARTIGO 311; 312, CAPUT e §2º, E 313, §2º DO CPP. COMO ERA ANTES DE VOCÊ DEPOIS DE VOCÊ Grande parte do que foi dito com relação à decretação das medidas cautelares, pode ser repetido aqui. Com a inserção das medidas cautelares pessoais diversas da prisão no CPP em 2011, a prisão preventiva acabou se tornando a última opção, já que é a medida cautelar mais constritiva de todas. Dessa forma, somente se as demais medidas não foram adequadas e suficientes, seja isolada ou cumulativamente, é que tem espaço a prisão preventiva - a regra tem de ser a liberdade, a prisão, exceção – Princípio da Presunção de Inocência. Antes do pacote, porém, o Juiz poderia decretar a prisão preventiva de ofício. Era assim: MOMENTO PREVENTIVA SEMPRE FIXADA PELO JUIZ NO IP - via representação do Delegado; - via requerimento do MP. NO PROCESSO (AP) - via requerimento das partes (não mais do Delegado); - ou de ofício!!! Portanto, antes do Pacote Anticrime, o Juiz poderia decretar a prisão preventiva de ofício durante a ação penal (mas não podia durante as investigações, quando precisava ser provocado). Ademais, sendo a prisão preventiva uma medida cautelar, sempre foi precária, ou seja, deveria ser revogada se os pressupostos Nesse ponto do curso, você já leu o que foi alterado lá no artigo 282 do CPP quanto ao que se refere à atual falta de legitimidade do Juiz decretar medidas cautelares de ofício. Assim, você já sabe que Juiz não pode decretar medidas cautelares de ofício, seja na fase de investigações ou durante o processo. Considerando que a prisão preventiva é uma das espécies de medidas cautelares pessoais, na verdade, a mais rigorosa delas, fica fácil concluir, sem nem mesmo ler o novo artigo 311, que o Juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício. Ele terá de ser provocado. A questão que fica é: quem poderá provocar o Juiz?! A resposta é simples: os mesmos que podem provocá-lo para a decretação das demais medidas cautelares. Fica assim: MOMENTO PRISÃO PREVENTIVA - SEMPRE FIXADA PELO JUIZ NO IP - via representação do Delegado; - via requerimento do MP. NO PROCESSO (AP) - via requerimento das partes (não mais do Delegado, que só atua no inquérito) – e elas são MP, assistente de acusação ou querelante. O artigo 312, caput, já nos apresentava os pressupostos cautelares da preventiva. Isso segue quase do mesmo jeito. Ele apenas reforçou o periculum libertatis, PACOTE ANTICRIME – CPP 36 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. cautelares deixarem de existir no caso concreto. Assim, a prisão preventiva já tinha caráter subsidiário e precário portanto. acrescentando-lhe o “perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado”. Com toda honestidade, o Legislador demonstrou desconhecer que o perigo da liberdade do sujeito já estava no CPP, mas com outros termos. Trata-se de equívoco, mas que, de qualquer forma, vai cair em provas. Assim, para a decretação da preventiva, o Juiz deve analisar se estão presentes os pressupostos da cautelar: 1) Periculum libertatis: GOP, GOE, CIC ou ALP e perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado (bizarro); 2) Fumus comissi delicti: existência de crime e indício suficiente de autoria. Mas quando será admitida a prisão preventiva? Nas chamadas hipóteses de incidência da preventiva, que estão, basicamente, no artigo 313 e seguem do mesmo jeitinho. Nada mudou aqui de verdade - as hipóteses continuam as mesmas, quais sejam: a) crime doloso com pena privativa de liberdade máxima em abstrato maior do que 4 anos; b) reincidente em crime doloso; c) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; Então, a princípio, para a decretação da prisão preventiva, alguém tem de requerê-la ao Juiz que analisará se, no caso concreto, estão presentes os itens 1 + 2 (cumulativamente) e alguma das hipóteses acima (alternativamente). Por exemplo: pode ser 1+2+a ou 1+2+b. Obviamente, sendo caso de decisão judicial, é necessário que a decretação seja motivada e fundamentada na situação em concreto, sob pena de nulidade. Isso sempre foi assim e, hoje, consta expressamente no artigo 312, §2º, artigo 313, §2º, e artigo 315, §§ 1º e 2º do CPP. PACOTE ANTICRIME – CPP 37 Esse material é parte do curso do Professor Sengik acerca de Pacote Anticrime, que pode ser encontrado no Instagram, no perfil: @professorsengik e pelo WhatsApp (45) 98836-8836. Nesse momento, quero lhe chamar a atenção para o artigo 313, §2º, eis que ele deixa expresso que a prisão preventiva é instituto específico, com regras próprias e que não se confunde com consequência de outros acontecimentos que podem ocorrer na persecução penal. Em outras palavras, a prisão preventiva não é automática!!! Ela não decorre automaticamente da condenação penal sem trânsito em julgado, ou do início de uma investigação criminal, ou do oferecimento ou recebimento da denúncia/queixa. Mais uma vez: para a decretação da prisão preventiva, o que importa é a presença dos dois pressupostos cautelares e de alguma hipótese de incidência. Sem isso, não há preventiva, que precisa ser decretada com fundamento em dados do caso concreto. Quanto aos artigos 315 e 316 do CPP, vou trabalhá-los contigo no próximo card. BILAU AZUL – OOOOOHHHH!!! O Juiz não pode agir de ofício para piorar a situação do investigado/acusado, logo, não pode decretar a prisão preventiva de ofício, já que ela é a medida cautelar pessoal mais constritiva que existe. O Juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício em nenhuma das fases da persecução penal – nem na investigação nem no processo. A prisão preventiva não é automática! A medida precisa ser decretada, sempre com base em dados do caso concreto. Logo, ela não é decorrência da condenação penal sem trânsito em julgado, do início das investigações ou do oferecimento ou recebimento de denúncia ou queixa. Quando provocado, o Juiz buscará, no feito (investigação criminal ou processo penal), identificar os pressupostos cautelares (ambos) e alguma hipótese legal de incidência da prisão preventiva. As hipóteses legais da preventiva não mudaram e seguem, basicamente, no artigo 313 do CPP. Os pressupostos cautelares estão no artigo 312 do CPP e são: periculum libertatis (traduzido pelo CPP em GOP/GOE/CIC/ALP) e fumus comissi delicti (prova da materialidade e indícios suficientes de autoria). Sempre foi assim. Agora, o pacote acrescentou algo inútil, um verdadeiro
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