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CAPÍTULO 10 - OS REMÉDIOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas de Direito Constitucional – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN).
CAPÍTULO X - OS REMÉDIOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL
X.1. GENERALIDADES
736) Em que consistem os remédios de Direito Constitucional?
R.: Remédios de Direito Constitucional (ou remédios constitucionais) são mecanismos, expressamente previstos na Constituição Federal, que se destinam a reclamar o restabelecimento de categoria especial de direitos públicos subjetivos violados, que são os direitos fundamentais do homem.
737) Todos os remédios constitucionais são ações judiciais?
R.: Não. Dentre eles, por exemplo, está o direito de petição, que não é ação.
738) Como se denominam os remédios constitucionais que têm a forma de ação judiciária?
R.: Os remédios constitucionais que têm a forma da ação judiciária são denominados ações constitucionais.
739) Constituem os remédios constitucionais, também, garantias constitucionais?
R.: Sim. Os remédios constitucionais são, também, garantias constitucionais, na medida em que são instrumentos adequados para assegurar o exercício de direitos violados ou em vias de sê-lo.
740) Quais os remédios constitucionais previstos na atual Constituição Federal?
R.: Os remédios constitucionais atualmente previstos na CF são: a) habeas corpus; b) mandado de segurança; c) mandado de injunção; d) habeas data; e) ação popular; f) ação civil pública; g) direito de petição; e h) direito a certidões.
X.2. HABEAS CORPUS
741) Qual a origem histórica do habeas corpus?
R.: O habeas corpus surgiu na Inglaterra, antes da Carta Magna de 1215, que foi o primeiro diploma legal escrito, contendo o instituto.
742) O que significa a expressão habeas corpus?
R.: Habeas corpus significa, literalmente, "tenhas o corpo", e era parte da formulação escrita do writ of habeas corpus, que dispunha: "Tome o corpo do delito e venha submeter ao Tribunal o homem e o caso".
743) Era o habeas corpus inicialmente utilizado nos casos de violação do direito de locomoção?
R.: Não. No início, sua utilização, inclusive em matéria de Direito Civil, estava ligada à noção do devido processo legal (due process of law).
744) Quem concedia, inicialmente, o habeas corpus?
R.: A concessão do habeas corpus era privativa do Court of King's Bench, ou seja, o Tribunal do Rei.
745) Como evoluiu, a seguir, o instituto?
R.: O habeas corpus passou a ser usado nos mais variados ramos do Direito, sendo considerado meio para conduzir pessoas perante Tribunais; a Petição de Direitos (Petition of Rights), de 1628, demandava seu estabelecimento como garantia ao direito de locomoção, mas, nos casos de ordem de prisão dada pelo rei, recusavam-se os Tribunais a concedê-lo; somente em 1679, com a promulgação da legislação que o emendou (Habeas Corpus Amendment Act), ficou o instituto caracterizado como meio de assegurar, de modo amplo, a liberdade de locomoção dos súditos ingleses, inclusive os enviados às colônias inglesas de além-mar; em 1816 foi o instituto ampliado, cabendo em todos os casos de constrangimento ilegal.
746) Como ingressou o instituto do habeas corpus no Direito brasileiro?
R.: O primeiro diploma legal a acolher formalmente o instituto foi o Código de Processo Criminal, de 1832 (art. 340), embora o Código Criminal de 1830 já delineasse, tentativamente, o habeas corpus; a Lei n.º 2.033, de 1871 estendeu o habeas corpus aos estrangeiros.
747) Acolheu formalmente, a Constituição do Império, de 1824, o habeas corpus?
R.: Não. Nossa primeira Constituição não acolheu formalmente o instituto, mas como tampouco o extinguiu, entende-se que o instituto continuou a vigorar, até ser expressamente incluído no texto da Constituição de 1891 (art. 72, § 22).
748) Qual a amplitude do instituto, na CF de 1891?
R.: Segundo o art. 72, § 22, da CF de 1891, deveria ser concedido habeas corpus, sempre que alguém estivesse sofrendo, ou em iminente perigo de sofrer, violência ou coação, por ilegalidade ou abuso de poder, o que, sem dúvida, ampliava os casos de cabimento do instituto, relativamente à legislação de 1832, incluindo, por exemplo, garantias a violações de direitos civis.
749) Como passou a ser empregado o habeas corpus?
R.: O habeas corpus, na época de Rui Barbosa, passou a ser utilizado não apenas nos casos de violação ao direito de locomoção, mas também quando qualquer direito se encontrasse ameaçado, ou seu exercício impossibilitado pela intervenção de um abuso de poder ou de uma ilegalidade; generalizou-se a tal ponto seu uso, que o STF, em 1909, passou a conceder habeas corpus também para garantir a liberdade de movimentos necessária ao exercício de qualquer direito, desde que certo e incontestável.
750) Como foi, a seguir, reformulado o instituto, no Direito brasileiro? 
R.: A Emenda Constitucional de 1926 limitou a aplicação do instituto à garantia do direito de locomoção, sendo seu texto (art. 142, § 2.º) bastante semelhante ao texto da atual Constituição.
751) A partir de que momento passou o instituto a ser efetivamente utilizado de modo mais restrito, para garantir somente o direito de locomoção?
R.: Somente a partir da promulgação da Constituição de 1934, com a criação do mandado de segurança, passou o habeas corpus a ser utilizado somente para garantir a liberdade de locomoção.
752) Em que dispositivo constitucional se encontra, atualmente?
R.: Atualmente, encontra-se no art. 5.º, LXVIII, da CF de 1988: "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder".
753) Quem tem legitimidade para impetrar habeas corpus?
R.: Qualquer pessoa pode impetrar habeas corpus, inclusive diretamente, sem advogado.
754) Quem pode beneficiar-se do habeas corpus?
R.: Qualquer pessoa cuja liberdade de locomoção se encontre tolhida ou ameaçada, por ato ilegal ou que caracterize abuso de poder, seja ela nacional ou estrangeira, maior ou menor de idade, poderá socorrer-se de habeas corpus.
755) Contra quem se dirige o habeas corpus?
R.: O habeas corpus é ação, cujo pedido é ordem judicial, dirigida contra quem estiver ilegalmente restringindo a locomoção de outrem.
756) A ordem judicial é sempre dirigida contra agente do Poder Público?
R.: Geralmente, a ordem judicial é dirigida contra autoridade pública, como Delegado ou Juiz de Direito; a jurisprudência tem admitido, no entanto, habeas corpus contra particular, como, por exemplo, o diretor de hospital, que não permite saída de paciente sem que tenha pago a conta de internação.
757) Estará a ordem judicial, dirigida contra autoridade pública, pertencente ao Poder Executivo, violando o princípio da separação dos poderes?
R.: Não. A ordem judicial tem o sentido de indicar como deve a lei ser aplicada ao caso concreto, havendo descumprimento, por parte da autoridade coatora.
758) Que limitações sofre a aplicação do habeas corpus?
R.: De acordo com a CF, art. 142, § 2.º, não caberá habeas corpus no caso de cerceamento ao direito de locomoção com relação a punições disciplinares, previstas na legislação militar.
759) Quais os pressupostos da punição militar?
R.: Para que seja aplicada punição militar, são necessários os seguintes pressupostos: a) hierarquia - o infrator deverá estar subordinado a quem o punir; b) poder disciplinar - ao superior hierárquico deverá ser concedido o poder de punir; c) o fundamento da punição deve estar ligado à função do infrator; e d) para a infração, deve haver pena, prevista em lei.
760) Como será considerada a punição militar, à qual falta um dos pressupostos legais?
R.: Caso falte qualquer dos pressupostos legais, a punição militar será ilegal, podendo, nesse caso, ser utilizado o habeas corpus.
V. MANDADO DE SEGURANÇA
761) O que é o mandado de segurança?
R.: Mandado de segurança é espécie de remédio constitucional, considerado pela maioria dos doutrinadores como ação civil documental, de rito especial, destinado a socorrer titular de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado delesão, por ato ou por omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Pontes de Miranda classifica-o como ação mandamental.
762) Com que institutos do direito estrangeiro costuma ser comparado o mandado de segurança?
R.: O mandado de segurança costuma ser comparado ao writ of injunction, do direito norte-americano, e ao juicio de amparo, do direito mexicano.
763) Situa-se a origem histórica do mandado de segurança no direito estrangeiro?
R.: Não. O mandado de segurança é criação original do direito brasileiro, tendo suas raízes no instituto do habeas corpus, cuja aplicação foi limitada, pela reforma constitucional de 1926, à garantia do direito de locomoção, não mais podendo amparar outros direitos fundamentais; a polêmica entre os mais renomados juristas da época, sobre a criação de novo instituto, que deveria tutelar esses direitos, somente findou com a promulgação da CF de 1934, que criou o mandado de segurança (art. 113).
764) As Constituições posteriores mantiveram o mandado de segurança?
R.: A CF de 1937 não dispunha sobre o instituto, que, no entanto, não deixou de ser utilizado, só retornando ao texto constitucional com a promulgação da CF de 1946, e sendo mantido pelas Constituições posteriores.
765) Qual a importante inovação da CF de 1988, relativamente ao mandado de segurança?
R.: A CF de 1988 introduziu nova espécie de mandado de segurança; ao lado do mandado de segurança individual, criou o mandado de segurança coletivo.
766) Em que dispositivo constitucional atual se encontra o mandado de segurança?
R.: O mandado de segurança consta do art. 5.º, LXIX da CF de 1988, que dispõe: "Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público".
767) O que significa a expressão "direito líquido e certo"?
R.: Significa que há certeza quanto aos fatos e que o direito pertence ao impetrante. O direito deverá ser comprovado de plano, juntamente com a petição inicial, pois não existe a fase de instrução, nem qualquer outra posterior oportunidade processual para oferecer prova.
768) O mandado de segurança ampara somente os direitos constitucionalmente assegurados?
R.: Não. O mandado de segurança pode ser utilizado para amparar o exercício de qualquer direito líquido e certo, e não apenas os constitucionalmente assegurados.
769) Quem tem legitimidade para impetrar mandado de segurança individual?
R.: Qualquer pessoa, natural ou jurídica, que possua capacidade de direito, tem legitimidade para impetrar mandado de segurança. Admite-se também que entidades sem personalidade jurídica, mas dotadas de capacidade processual (espólio, massa falida, consórcio, condomínio de edifícios, herança jacente ou vacante), e entidades públicas possam utilizar-se do mandado de segurança.
770) A autoridade coatora é citada?
R.: Não. É notificada para, em 10 dias prestar informações, se o desejar. A falta de informações não acarreta revelia nem confissão.
771) O Ministério Público intervém?
R.: Após a prestação de informações, por parte da autoridade coatora, ou do decurso do prazo de 10 dias, deixado passar in albis, o MP recebe os autos, devendo-se sobre eles manifestar dentro de 5 dias. Sem a manifestação do MP, que se justifica por sua atuação como defensor do interesse público, o processo ficará eivado de nulidade insanável.
772) O que se entende por autoridade pública?
R.: Entende-se por autoridade pública toda pessoa física que exerce função pública, tal como os agentes administrativos, os agentes delegados e os agentes políticos.
773) Quem se considera agente delegado?
R.: Agente delegado é aquele que exerce função pública por delegação, como concessionário ou permissionário de obras ou serviços, os funcionários dos registros públicos, os serventuários da Justiça, e todos aqueles cuja atividade está sujeita à autorização do Poder Público.
774) Qual diploma legal regula o mandado de segurança?
R.: O diploma legal que regula o mandado de segurança é a Lei n.º 1.533, de 31.12.1951.
775) Contra quem deverá ser impetrado mandado de segurança, no caso de violação de direito líquido e certo por ato emanado de órgão colegiado?
R.: O mandado de segurança deverá ser impetrado contra o presidente do órgão colegiado.
776) Contra quem deverá ser impetrado mandado de segurança, no caso de violação de direito líquido e certo por ato complexo, isto é, em cuja formação interferem vontades de vários órgãos?
R.: O mandado de segurança deverá ser impetrado contra a última autoridade que, com sua vontade, integrou o ato.
777) Violado direito líquido e certo, pelo Poder Público, como se determinará qual o remédio constitucional adequado à tutela, habeas corpus, habeas data ou mandado de segurança?
R.: A determinação de qual remédio constitucional deverá ser utilizado é feita examinando-se a natureza do direito violado, por exclusão: se de locomoção, deverá ser utilizado habeas corpus; se relativo à informações sobre a pessoa do impetrante, ou retificação de dados, habeas data; se não for nenhum desses casos, conclui-se que deverá ser utilizado mandado de segurança.
778) Qual o prazo para impetração do mandado de segurança?
R.: O prazo, de decadência, é de 120 dias, após a ciência, pelo interessado, da ocorrência da lesão ou ameaça de lesão.
779) Perdido o prazo para a impetração de mandado de segurança, ficará o titular do direito líquido e certo desamparado?
R.: Não. Poderá ajuizar a ação civil correspondente à tutela do direito que pretende ter assegurado, que é, no entanto, procedimento muito mais moroso e complicado.
780) Em que dispositivo constitucional se encontra o mandado de segurança coletivo?
R.: O mandado de segurança coletivo encontra-se na atual CF, no art. 5.º, LXX: "O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados".
781) Que espécies de interesses podem ser tutelados pelo mandado de segurança coletivo?
R.: O mandado de segurança coletivo serve para tutelar direitos subjetivos individuais dos membros das instituições legitimadas, e também para a defesa de direitos difusos e coletivos.
X.4. MANDADO DE INJUNÇÃO
782) Quando é prevista a concessão de mandado de injunção?
R.: Sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (CF, art. 5.º, LXXI).
783) Qual a principal finalidade do mandado de injunção?
R.: A principal finalidade do mandado de injunção é impor imediata aplicabilidade à norma constitucional que contém os direitos e prerrogativas previstos no art. 5.º, LXXI, à qual falta disciplinação legal.
784) Quais os pontos comuns e as diferenças entre o mandado de injunção e a ação direta de constitucionalidade por omissão (Adin)? 
R.: Ponto comum: o alcance de ambos é o mesmo, isto é, têm por fundamento uma inconstitucionalidade por omissão. Diferenças: a) o mandado de injunção só cabe quando faltar norma relativa aos exercícios dos direitos e liberdades constitucionais e o exercício da cidadania, nacionalidade e soberania; a Adin tem maior alcance, pois é cabível para promover a efetivação de qualquer norma constitucional; b) a competência para julgar, no mandado de injunção, pode ser do STF ou do STJ; na Adin, a competência é diversa, a depender da autoridade que se omitiu na produção da norma; c) tem legitimidade para o mandado de injunção qualquer titular de direitos que não possam ser exercidos por falta de norma infraconstitucional regulamentadora; para promover a Adin, somente estão legitimadas as pessoas indicadas pelo art. 103 da CF; e d) no mandadode injunção, várias autoridades podem ser responsabilizadas pela ausência de norma, enquanto que na Adin, a omissão somente pode ser dos Poderes Executivo e Legislativo.
X.5.HABEAS DATA
785) Quando se concederá habeas data?
R.: Será concedido habeas data (art. 5.º, LXXII): a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; e b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
786) Que espécie de proteção é assegurada pelo habeas data?
R.: O habeas data, inovação da CF de 1988, confere proteção aos indivíduos do uso indevido, errôneo ou abusivo de dados pessoais, de interesse particular, obtidos pelo Estado, durante o regime autoritário, muitas vezes por meios ardilosos ou indiretos.
787) Quem é legitimado ativa e passivamente no habeas data?
R.: Legitimado ativo: qualquer pessoa, brasileira ou estrangeira, dotada de capacidade postulatória, desde que a informação governamental se refira a ela própria e seja de seu interesse particular; legitimado passivo: é a entidade governamental ou de caráter público que mantenha sob sua guarda e responsabilidade conjunto de dados sobre a pessoa.
X.6. AÇÃO POPULAR
788) O que é ação popular?
R.: Ação popular é a ação civil por meio da qual qualquer cidadão pode pedir a anulação de ato lesivo ao patrimônio público, ao erário, ou à entidade de que o Estado participe, ou ainda à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (CF, art. 5.º, LXXIII). A ação popular foi regulamentada pela Lei n.º 4.717, de 19.06.1965, recepcionada pela CF de 1988.
789) Qual a origem histórica da ação popular?
R.: A doutrina identifica a origem da ação popular já no Direito Romano, da qual subsistiram alguns resquícios, no direito dos países europeus, até o século XIX. A Constituição Espanhola de 1931 previa essa ação, especialmente no campo do Direito Penal; a CF de 1934 foi nossa primeira Carta a estabelecê-la, mas a CF de 1937 não a contemplou; desde a CF de 1946, consta de nossas Constituições.
790) Quem tem legitimidade ativa e passiva para propor ação popular?
R.: Legitimidade ativa: qualquer cidadão, isto é, qualquer pessoa em pleno gozo de seus direitos políticos; legitimidade passiva: pessoas jurídicas, públicas e privadas, de quem emanou o ato; autoridades, funcionários ou administradores que houverem aprovado, ratificado ou praticado o ato lesivo, ou que, por omissões, tiverem dado oportunidade a que tenha ocorrido lesão; beneficiários diretos do ato lesivo.
791) Qual a natureza jurídica da ação popular?
R.: A ação popular é ação cognitiva, de natureza dúplice, constitutiva e condenatória.
792) Qual a atuação do Ministério Público na ação popular?
R.: Na fase de conhecimento, o MP exerce função auxiliar, não lhe sendo permitido defender o ato impugnado. Na execução, o MP é dotado de legitimidade extraordinária subsidiária, devendo promovê-la após o prazo de 60 dias da sentença condenatória transitada em julgado, caso dentro desse prazo, o autor da ação ou terceiro não tenha iniciado a execução.
X.7. AÇÃO CIVIL PÚBLICA
793) O que é a ação civil pública?
R.: Ação civil pública é forma processual de tutela de direitos fundamentais expressos na Constituição, especialmente os referentes ao patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
794) A ação civil pública está prevista no Título II ("Dos Direitos e Garantias Fundamentais") da CF de 1988, junto com os demais remédios constitucionais?
R.: Não. Embora se constitua em inequívoco remédio constitucional, aparece a ação civil pública somente no art. 129, III, dentre as atribuições do Ministério Público; além disso, sobre ela dispõe a Lei n.º 7.347, de 24.07.1985.
795) Qual a atuação do MP na ação civil pública?
R.: Embora o MP seja competente para propô-la, a competência não é privativa, pois outros órgãos e entidades podem atuar no pólo ativo; pode, portanto, o MP: a) ser autor da ação; b) atuar como fiscal da lei; c) promover a execução, se não realizada dentro de 60 dias, pelo autor; e d) realizar o inquérito civil exigido pela lei. O MP pode agir de ofício ou por provocação feita por qualquer legitimado.
796) Qual o objeto da ação civil pública?
R.: O objeto da ação civil pública é o da condenação do réu em perdas e danos, sendo o valor da condenação destinado ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados; pode também ser pedido o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, sob pena de execução específica ou cominação de multa diária.
X.8. DIREITO DE PETIÇÃO
797) Em que consiste o direito de petição?
R.: Direito de petição consiste na garantia constitucional que tem qualquer indivíduo, de apresentar, em forma escrita, defesa, perante a autoridade pública, de direito seu ou de outrem, ou formular denúncia contra ilegalidade ou abuso de poder.
798) Em que dispositivo constitucional consta o direito de petição? 
R.: O direito de petição consta do art. 5.º, XXXIV, a, da CF.
799) A quem cabe o direito de petição?
R.: O direito de petição cabe a qualquer pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira. Aos militares, o direito de petição exige, para ser individualmente exercido, que sejam observadas regras de hierarquia e disciplina.
800) A quem deve ser dirigida a petição?
R.: A petição deve ser dirigida a qualquer autoridade do Poder Executivo, do Poder Judiciário ou do Poder Legislativo.
801) Como deverá a autoridade proceder, ao receber a petição?
R.: Ao receber a petição, deverá a autoridade pronunciar-se sobre ela, motivando-lhe a resposta.
802) Qual a conseqüência da falta de pronunciamento, por parte da autoridade que recebeu a petição?
R.: A falta de pronunciamento pode implicar: a) impetração de mandado de segurança contra a autoridade, para que se manifeste, em casos de defesa de direitos; ou b) responsabilização nas esferas administrativa, civil e penal, quando a petição for relativa a correção de abuso de autoridade, conforme a Lei n.º 4.898/65.
803) Qual a relação entre o direito de representação e o direito de petição?
R.: O direito de representação consiste em manifestação de opinião, na forma de informação escrita, contendo aspiração individual ou coletiva, apresentada à autoridade, sendo, anteriormente, separado do direito de petição. O que a CF atual denomina direito de petição, engloba ambos, podendo a representação ser formulada por meio de petição.
X.9. DIREITO A CERTIDÕES
804) Em que consiste o direito a certidões?
R.: Direito a certidões consiste na garantia constitucional a que qualquer pessoa possa obter, da repartição pública competente, certidões que lhe permitam defender seus direitos e esclarecer situações de interesse pessoal, independentemente do pagamento de taxas (art. 5.º, XXXIV, b).
805) A entrega de certidões exige disciplina legal específica?
R.: Não. Desde a CF de 1946, pode o direito a certidões ser exercido independentemente da existência de lei específica, entendendo-se que o texto constitucional é imediatamente aplicável.
806) Qual o remédio constitucional aplicável, no caso de recusa da repartição pública, de entregar certidão àquele que legitimamente a solicitou?
R.: O interessado deverá impetrar mandado de segurança contra o funcionário mais graduado da repartição pública.

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