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Resumo Psicanálise Freud não foi o inventor da ideia de recalque e o reconhece. - Admite a presença da ideia em Schopenhauer (O mundo como vontade e como representação); - O termo ‘inibição’ como aparece em Nietzeche; Nos trabalhos de Friedrich Herbart e Theodor Meynert (um dos mestres de Freud). A história do movimento psicanalítico (1914): Freud declarou que ‘a teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise’. - Superar a teoria do trauma e defrontar-se clinicamente com a resistência, leva Freud a produzir o recalque como conceito pilar. - Reconhece o recalque como consequência, como aquisição do trabalho analítico. - A resistência, que aparecia como fenômeno clínico, trazido à luz no convite à associação livre (e abandono da hipnose), foi interpretado por Freud como defesa a uma ideia ameaçadora. - Censura do ego sobre a ideia que causava dor ou sentimento de vergonha. Nos artigos de 1894 e 1896, o recalque vai sendo obscurecido pela noção de defesa, mas depois retomado. O recalque diz respeito a um mecanismo particular, e defesa uma designação geral para todas as técnicas empregadas pelo Eu em conflitos que passam a gerar uma neurose. O que constitui a defesa é, portanto, a impossibilidade de uma conciliação entre uma representação e o ego, que se transforma em sujeito da operação defensiva. A partir da interpretação dos sonhos, o conceito de recalcamento vai ganhando delineamento próprio: consiste em afastar certa representação do consciente, mantendo-a a distância. Há uma relação íntima entre a angústia e o recalque. “A repressão (recalque) não é um mecanismo defensivo que esteja presente desde o início; que ela só pode surgir quando tiver ocorrido uma cisão marcante entre a O recalcamento (repressão) O recalcamento Recalque e defesa O recalcamento (Verdrängung) atividade mental consciente e a inconsciente; e que a essência da repressão consiste simplesmente em afastar determinada coisa do consciente, mantendo-a à distância. “Esse conceito de repressão ficaria mais completo se supuséssemos que, antes de a organização mental alcançar essa fase, a tarefa de rechaçar os impulsos instintuais cabia às outras vicissitudes, às quais os instintos podem estar sujeitos – por exemplo, a reversão no oposto ou o retorno em direção ao próprio eu (self) do sujeito”. (pág. 152) Teoria das pulsões – o recalque é uma das vicissitudes das pulsões. Recalca-se o representante ideativo da pulsão que seria causador de desprazer em face das exigências da censura exercida pelo sistema pré-consciente/consciente. O que se recalca é o representante ideativo (se não fosse assim, seria impossível falar de ‘satisfação da pulsão’). Sendo assim, o recalque de um representante da pulsão nunca é definitivo (continua sempre ativo). Quanto ao afeto, não se pode falar em “afeto inconsciente”. Ele não pode ser recalcado. Somente a ideia a ele ligada. Um afeto pode ser suprimido, ou seja, inibido ou eliminado, Na teoria do trauma, o trauma psíquico seria o provocador de sintomas histéricos. Anteriormente Freud deduziu que o trauma psíquico seria provocado por abuso. Freud abandona a teoria do trauma por constatar que não era de ordem do trauma em si, mas de como o paciente tinha lembranças que por vezes estariam desconectadas a eventos reais vividos e que o valor do trauma não está no acontecimento em si, mais na associação estabelecida pelo sujeito. A ênfase é colocada sobre a lembrança e não sobre o acontecimento, portanto a partir dessa descoberta Freud passar a tratar como teoria da fantasia. Freud percebe a importância da atividade simbólica na formação dos sintomas histéricos, ele vai perceber que essas ligações simbólicas têm mais importância do que eu trauma em si. Freud conclui que o trauma emerge posteriormente, no momento em que o sujeito produz uma interpretação da cena vivida e que o trauma tem ordem psíquica e não real. Recalque Mudança na concepção freudiana da teoria do trauma para a teoria da fantasia (ou do fantasma): Freud afirma que o inconsciente pensa, então a hipnose já não seria necessária. Um dos motivos de Freud abandonar hipnose foi a repulsa às práticas sugestivas, pelos riscos implicados nesse tipo de tratamento que, além de não ser um método confiável, seu efeito era de curta duração. Ele percebe que os pacientes por si próprios lembram- se de acontecimentos e nesse caso, os efeitos são mais duradouros. Segundo Freud, esse tipo de tratamento é baseado no pressuposto que sugestivos seriam induzidos a certa servidão mental, ao poder do hipnotizador pelo fato do neurótico apresentar uma certa inclinação a sugestionabilidade. Além do mais, não há um controle e sim o manejo nesse tipo de tratamento, e por questões éticas Freud não concorda com tal prática. Sujeito dividido é ideia de que o sujeito não é o senhor do seu próprio psiquismo, que ele não está centrado em torno da consciência e da racionalidade. É dividido pelo inconsciente e não dividido em termos da divisão da consciência, mas dividido no que diz respeito à complexidade e dinamismo do aparelho psíquico. A teoria do recalque seria definida como o meio pelo qual o sujeito expulsa do campo da consciência as ideias que parecem incompatíveis com as representações que faz de si mesmo. O recalque seria o mecanismo responsável pela dissociação psíquica das ideias, ou seja, um grupo psíquico de ideias é ser separado das ideias conscientes. A teoria do recalque tem grande importância para a psicanálise por ser na verdade a base da psicanálise. Freud descobre que os fundamentos dos traumas são as repressões. Quando o “eu” do paciente foi abordado por uma ideia que se mostrou incompatível, provocou por parte do ego uma força de repulsão com a finalidade defender-se da ideia incompatível. O recalque vai incidir sobre as ideias, garantindo que elas sejam indestrutíveis e tornando-as inacessíveis à consciência. Essas ideias vão se manifestar de várias formas; no caso das histerias, elas vão se manifestar com sintomas histéricos. Pois a histeria se origina uma repressão de uma ideia compatível. Referência: Baratto, G. (2009). A descoberta do inconsciente e o percurso histórico de sua elaboração. Psicologia: ciência e profissão, 29(1), 74-87. Freud abandona a hipnose como técnica para “acessar” o inconsciente A concepção do sujeito “dividido” A teoria do recalque e a sua importância para a psicanálise
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