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COMUNICACAO ST 02 - a questão indígena no império brasileiro

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II Simpósio de Escravidão e Abolicionismo na Amazônia.
SIMPÓSIO TEMÁTICO – ST 02
Tráfico e Redes de Comércio de Escravos.
A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Eliandra Gleyce dos Passos Rodrigues
Graduanda; UFPA; Licenciatura em História; Ananindeua. E-mail: Rodrigues.f@outlook.com.br
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
O presente trabalho é resultado das pesquisas desenvolvido no projeto intitulado “Com a palavra, os deputados e senadores do Pará e Amazonas: debate político e a questão agrária no Parlamento imperial”
RESUMO
Quando se fala de Brasil império a imagem que logo nos vem à mente é sobre a questão da escravidão de pessoas vindas do continente africano bem como as rotas e a forma do desenvolvimento de comercialização dessas pessoas, mais outro fato nos merece atenção e olhar, isso ocorrem no caso das populações indígenas aqui presente, seu protagonismo pouco aparece quando se trata do século XIX nas aulas de História. Porém cabe a nós historicizar como era tratado à população indígena dentro desse contexto brasileiro, para recorrer a isso, verificaremos a documentação, isto é os Anais do parlamento brasileiro imperial, e como eles apareciam nos discursos de senadores e deputados e se eles apareciam, e assim verificar quais os interesses desses políticos em relação a essas comunidades indígenas, e quem eram esses senadores e deputados. Percebe-se então que, uma vez que os políticos buscavam modernizar o país e reorganizar socialmente e economicamente, questões como terras, colonização estrangeiras, investimentos, comercialização de pessoas bem como questões indígenas deviam estar presentes como objeto de discussão na Câmara dos Deputados e Senadores do Império, devemos então verificar se: ela estava presente, a forma que ela aparecia, e qual era o tratamento dado a esses indígenas no país.
 
Palavras – Chaves: Índios. Brasil. Século XIX. Câmara dos Senadores. Câmara dos Deputados.
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Vivos e atuantes nos sertões, vilas, aldeias e cidades do Brasil oitocentista, povos e indivíduos indígenas agiam e reagiam diferentemente ás múltiplas formas de aplicação da politica para eles traçada. ( ALMEIDA, 2012, p.22)
Lutavam e continuavam reivindicando direitos na justiça na condição de índios, enquanto discursos políticos e intelectuais previam e, em muitos casos, já os consideravam desaparecidos, como resultado dos processos de civilização e mestiçagem. ( Almeida, 2012, p. 22)
era criar a nação em moldes europeus, onde não havia lugar a para pluralidades étnicas e culturais. ( ALMEIDA, 2012, p.22 )
a história é um processo constituído de interesses conflitantes e pode variar de acordo com os interesses de quem interpreta ou expõe os fatos. 
(MOTA, 1998, p. 157 )
Terra, trabalho e guerras associavam-se à questão indígena tão amplamente debatida no século 
os intensos debates sobre como lidar com os índios no século XIX não deixam dúvidas sobre sua significativa presença nas províncias do Império. ( ALMEIDA, 2012, p.24)
Divergências
Incorporação ÍNDIOS no Império
Cidadãos civilizados a serviço do novo Estado 
Trabalhadores eficientes
Século XIX
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
A distinção dos índios entre mansos e selvagens presentes na legislação desde o século XVI se acentuou, sem dúvida, com a declaração dessas guerras, porém o Príncipe Regente manteria a prática de zelar pela defesa dos índios aliados enquanto incentivava o combate aos inimigos. ( ALMEIDA, 2012, p.25 )
Os índios aldeados séculos antes, em contato com o mundo colonial, haviam incorporado a cultura política do Antigo Regime e chegaram ao Oitocentos reivindicando antigos direitos que lhes haviam sido concedidos pela Coroa portuguesa por sua condição de súditos cristãos e fiéis servidores do rei. Aprenderam a valorizar acordos e negociações com autoridades e com o próprio rei, reivindicando mercês em troca de serviços prestados ( ALMEIDA, 2012, p. 25)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
O lugar dos indios na historiografia XIX
Exploração de mão obra indígena em diversas regiões do império
Incorporação dos índios dos sertões, pelo estabelecimento de novas missões religiosas etc.
Conflitos nas regiões das fronteiras. Negociação dos indios.
Guerras, terras coletivas, Guerras violentas, criação de novos aldeamentos e extinção de antigos 
Porém, tal como no período anterior, diferentes procedimentos tinham que ser adotados para lidar com populações indígenas muitos diversas, com diferentes níveis de inserção nas sociedades envolventes. Para os povos do sertão previa-se o aldeamento, mediante a criação de missões religiosas e presídios militares, com recurso às guerras justas quando se julgasse necessário; 
para os aldeados, já considerados civilizados, propunha-se a assimilação, com a distribuição de parcelas individuais de suas antigas terras coletivas que seriam extintas com as antigas aldeias. ...foram práticas que coexistiram e se sucederam ao longo do século XIX. Todas visavam a um mesmo fim: ocupação das terras indígenas e a transformação de seus habitantes em cidadãos e eficientes trabalhadores para servir ao novo Estado. (ALMEIDA, 2012, p. 25
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
No longo contato com os vários agentes sociais com os quais conviviam, os índios das aldeias desenvolveram suas próprias formas de compreensão sobre a nova realidade na qual se inseriam, sobre os direitos que lhes haviam sido concedidos e sobre as suas possibilidades de ação para obtê-los. ( ALMEIDA, 2012, p. 26)
Após a Independência, o novo Estado imperial brasileiro viu-se diante do desafio de criar a nação e o povo brasileiro, até então inexistentes. Era necessário criar a nação e o povo Brasileiro, até então , inexistentes. Era necessário criar no país uma unidade territorial, política e ideológica, gerando uma memoria coletiva que unifca-se as populações em torno de uma única identidade. A pluralidade étnica e cultural tão valorizada em nossos dias não tinha lugar nessa época, e a ideologia do novo Estado brasileiro baseava-se nos valores europeus de modernização, progresso e superioridade do homem branco. ( ALMEIDA, 2012, p. 27)
A enorme diversidade de populações indígenas no território brasileiro dificultava não só a aplicação de uma política de caráter geral, como também a construção de uma única imagem de índio condizente com os ideais da nova nação. ( ALMEIDA, 2012, p. 27)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Foi a imagem idealizada do índio que permitiu, no plano ideológico transforma-lo em símbolo nacional. Essa imagem pouco teria a ver com os reais habitantes dos sertões e das aldeias do Império. Discursos e obras políticas, literárias, históricas, cientificas e artísticas desse período caracterizam-se pela idealização dos índios do passado, enquanto ignoravam ou demonizavam os grupos ou indivíduos indígenas ainda muito presente no território brasileiro, Estes últimos, bastantes vivos e atuantes no século XIX, eram presença constante nos artigos das revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ( IHGB), nos Relatórios dos Presidentes de Província (...) Essa documentação não deixa dúvidas sobre a atuação desses povos ao longo do século XIX, atuação essa que, como em períodos anteriores, influenciava os rumos das políticas para eles traçadas.
Discutia-se essencialmente se os índios deviam ser integrados de forma pacífica ou violenta. As concepções políticas e ideológicas sobre os índios se associavam e eram fundamentalmente influenciadas pelas realidades econômico-sociais do novo Estado. ( ALMEIDA, 2012,p.28)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Embora não fossem novidade do século XIX, as discussões sobre práticas
de brandura ou de violência para lidar com os índios foram foco de intensos
debates nesse período. Sem abordar essa complexa discussão, importa ressaltar
a predominância das teorias racistas e discriminatórias entre políticose intelectuais
que, grosso modo, concordavam com a ideia da inferioridade dos índios. ( ALMEIDA, 2012, p. 28)
E o império ....
No século XIX incentivava o processo de individualização das terras
indígenas com um discurso humanitário que visava integrar os índios em
igualdade de condições, transformando-os em cidadãos.
 Afinal, os ideais de
civilização e progresso característicos do novo Estado não comportavam a
ideia de índios, nem de vida comunitária. O objetivo era, sem dúvida, extinguir
as aldeias, mas de acordo com a lei e respeitando-se os direitos dos índios,
enquanto eles fossem considerados como tais.
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
As propostas assimilacionistas construíam-se de forma a ressaltar as vantagens
que a nova condição de cidadão daria aos índios. Tais propostas eram
reforçadas pelas construções dos intelectuais que idealizavam os índios do
passado enquanto viam seus contemporâneos como degradados. A solução
ideal para eles era, de acordo com esses discursos, integrarem-se à sociedade
nacional, tornarem-se cidadãos e terem acesso a propriedades individuais. Valores
caros aos índios, como vida comunitária e reciprocidade, eram vistos
como negativos e obstáculos ao progresso.
( ALMEIDA, 2012, p.30)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Vale lembrar que : Nenhuma outra atividade absorveu mais a força de trabalho indígena do que os
empreendimentos rurais. Esta constatação é unânime nos relatórios provinciais. 
Os índios do império trabalharam a salários nos povoados e fazendas circunvizinhas aos
aldeamentos, tanto nas roças quanto nos campos de criação, sendo esta uma das principais razões do esvaziamento dos mesmos
 
(SALES, 2017, p. 142)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Em 1861, a questão dos índios passou à esfera do Ministério da Agricultura
e Obras Públicas, o que aponta para a associação entre a política indigenista
e questões agrárias. ( ALMEIDA, 2012, p.30)
No século XIX, a construção do Estado nacional foi levada adiante pela eficácia da persuasão ou pela força da guerra. A expansão agropastoril, em territórios ainda não conquistados aos índios, fez parte dessa construção. Novas áreas foram ocupadas, novos territórios incorporados e o Estado nacional trabalhou no sentido de demarcar essas novas fronteiras, fazendo-se presente nesses territórios. A ocupação de territórios indígenas, a modernização e as idéias de europeização foram práticas que marcaram, de forma geral, a sociedade nacional no século XIX. Foi também nesse século que ocorreram profundas transformações em todos os níveis da vida do país (econômico, sóciocultural, político-administrativo) Transformações estas que moldaram as principais características da sociedade brasileira atual. 
(MOTA , 1998, p. 150)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Não havia uma legislação comum para todo o Império, pois na Constituição de 1824, não existe nenhum artigo sobre os índios, apesar de José Bonifácio ter escrito seus Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil para essa Constituição. No entanto, esse texto de José Bonifácio foi referência para as políticas indigenistas traçadas nos anos posteriores. MOTA, 1998, p. 152
>>> Em meados do século XIX, as populações indígenas tornavam-se um obstáculo à consolidação desse Estado em expansão. Muitas foram as formulações sobre como resolver a questão, e várias delas foram (... )
MOTA , 1998. p. 153
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Por todo o Império os índios demonstraram sua serventia como trabalhadores.
As autoridades provinciais estiveram plenamente cientes sobre ser um dos fins últimos
da Catequese e Civilização dos Índios, o interesse em aumentar o número da força de trabalho produtora, principalmente em tempos nos quais o governo recorria à colonização estrangeira, e aproveitar os milhares de braços dispersos pelo interior, perdidos para o trabalho, era uma questão de grande relevância. SALES, 2017, p. 139 
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Dessa forma SALES 2017, conclui que : 
Assim, houve uma estreita relação entre a aplicação das políticas indigenistas, as políticas de ocupação territorial e o acesso à mão de obra no sul da Bahia, onde, a partir do princípio dos oitocentos, a produção de cacau foi responsável pela expansão agrária e econômica. Os índios atuaram, naquele contexto, na viabilização estrutural do projeto através da abertura da estrada, mas também, da navegação dos rios, como trabalhadores nas fazendas dos “frutos de ouro,
 (SALES, 2017, p. 140)
Na documentação
O Sr. Silveira Mendonça em nome da commissão de colonisação e catechisação dos indios,leu também o seguinte :
PARECER
A commissão de colonisação, cibilisação e catechisação dos indios vio com satisfação os - Apontamentos sobre a civilisação dos indios do imperio do Brazil - offerecidos a este augusto congresso pelo seu illustre membro o Sr. José Bonifacio de Andrada e Silva.
Reconhecendo a importancia da materia, considera este trabalho precioso resultado de profunda philosophia e consummada pericia na marcha gradual da civilisação do genero humano.
A commissão se guarda de extractal-o por não desfigurar o original que pensa digno de se imprimir tal qual se acha, devendo julgar-se como um compendio de principios elementares da sciencia, ou arte de dirigir e civilisar os selvagens do Brazil, summamente interessante aos governos e habitantes das provincias com elles limitrophes, emquanto o estado o não póde tornar geralmente effectivo.
E' portanto de parecer:
1º Que seja impresso quanto antes para ser presente a esta augusta assembléa; e para instrucção da nação se exponha á venda publica.
 
2º Que se expeção ordens ao governo para que remettendo alguns exemplares ás respectivas provincias, e exigindo dellas as necessarias noticias, informe sobre os meios mais efficazes de realizar em toda a sua extensão tão importante projecto. ( Anais do senado, Sessão 18.06.1826. p. 97)
 (...)
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
EMENDA
Proponho que se diga – cidadãos – em lugar
de membros da sociedade.– Vergueiro.
Não foi apoiada.
O SR. MONTEZUMA: – Eu quizera que se adoptasse a emenda do Sr. Vergueiro para
desvanecer a idéa de que se ha de fazer differença entre brazileiros e cidadãos brazileiros. Separemonos nesta parte de algumas constituições. Ser brazileiro, é ser membro da sociedade brazilica: portanto todo o brazileiro é cidadão brazileiro:
convém sim dar a uns mais direitos e mais deveres do que a outros; e eis-aqui cidadãos activos e passivos.
O SR. FRANÇA: – Nós não podemos deixar de fazer esta differença ou divisão de brazileiros, e cidadãos brazileiros. Segundo a qualidade da nossa população, os filhos dos negros, crioulos captivos, são nascidos no territorio do Brazil, mas todavia não são cidadãos brazileiros.
Devemos fazer esta differença: brazileiro é o que nasce no Brazil, e cidadão brazileiro é aquelle que tem direitos civicos. Os indios que vivem nos
bosques são brazileiros, e comtudo não são
cidadãos brazileiros, emquanto não abração a nossa
civilisação. Convém por consequencia fazer esta
differença por ser heterogenea a nossa população.
O SR. MONTEZUMA: – Levanto-me para responder ao illustre preopinante, que trouxe por aresto os indios e os crioulos captivos. Eu cuido que
não tratamos aqui senão dos que fazem a sociedade brazileira, fallamos aqui dos subditos do imperio do Brazil, unicos que gozão dos commodos de nossa sociedade, e soffrem seus incommodos, que têm direitos e obrigações no pacto social, na constituição do estado.
Os indios porém estão fóra do gremio da nossa sociedade, não são subditos do imperio, não o reconhecem, nem por consequencia suas
autoridades desde a primeira até á ultima, vivem em guerra aberta comnosco; não podem de fórma alguma ter direitos, porque não têm, nem
reconhecem deveres ainda os mais simplices (fallo dos não domesticados), logo: como consideral-os cidadãos brazileiros?
Como consideral-osbrazileiros no sentido politico, e proprio de uma constituição? Não é minha opinião que sejão desprezados que não ponhamos os necessarios meios de os chamar á civilisação: o facto de nascerem comnosco no mesmo territorio; a moral universal, tudo nos indica este dever. Legislemos para elles; porém neste sentido: ponhamos um capitulo proprio e especial para isso em a nossa constituição; sigamos
o exemplo dos venesuelenses. Mas consideral-os já neste capitulo? Isto é novo.
Emquanto aos crioulos captivos, Deus queira que quanto antes purifiquemos de uma tão negra mancha as nossas instituições politicas: Deus queira
que em menos de um anno extirpemos do coração do estado, cancro tão virulento, e mortifero: mas emquanto o não
fazemos de força havemos confessar que não entrão na classe dos cidadãos, que não são membros de nossa politica communhão, e portanto que não são brazileiros no sentido proprio, technico das disposições politicas.
São homens para não serem tyranisados; mas
(permitta-se-me o uso da expressão dos jurisconsultos, bem que barbara, mas é politica)
emquanto ao exercicio de direitos na sociedade são considerados cousa, ou propriedade de alguem; como taes as leis os tratão, e reconhecem. Logo,
como chamal-os brazileiros no sentido proprio?
Como mencional-os no codigo, que temos á nosso cargo?
Seria de mister consideral-os membros da sociedade brazilica: mas este nome só póde
competir, e só tem competido á homens livres: logo, cahem por terra as reflexões do illustre deputado. Senhores, os escravos não passão de habitantes no
Brazil; e nós não tratamos neste capitulo dos simples
habitantes no Brazil: porque então deveriamos
enumerar aqui os estrangeiros, et alii. 
Anais do senado, sessão 22.09.1823,p. 211
Em uma sessão na camara dos deputados presidenciada por pereira da nobrega que discutia as questões de abertura de estrdas e navegação e exploração dos sertões , se destacou o seguinte pelos ilustrissmos deputados , pediu um naturalista e um engenheiro a fim de se estudar mais a área, porque a provincia do pará naquele momento não era conhecida em todo seu interior, pelo menos é o que diz o sr. Costa aguiar a sessão em uma das suas falas
O Sr. Cunha Mattos: E' também urgente, e de tanta transcendencia a indicação do Sr. Costa Aguiar, que não deve deixar de passar, e eu accrescentarei alguma cousa; mas não sei se já está a urgencia em discussão.... E declarando o Sr. presidente, que entrava em discussão, continuou o ilustre orador.
A ilha de Marajó é a chave de todo o Amazonas, e uma vez, que um só ponto da parte do norte seja occupado pelo inimigo, póde-se dizer, que o imperio está todo invadido. (...)
 ( Anais da Câmara dos deputados, sessão 27.05.1826, p. 148) 
O Sr. Cavalcanti: - (...) A importancia do Pará, é já bem conhecida a todo o brazileiro amigo de sua patria: as conveniencias, que podem provir ao Brazil das riquezas daquella provincia (...) e de mais senhores o Pará offerece grande commodidade a este meio de o fazer engrandecer.
Excellentes madeiras de construcção, que nadão, por assim dizer, no leito dos seus rios; indigenas os mais sociaveis da America, que cercão as margens destes mesmos rios, e tem uma grande aptidão, não só aos serviços de marinhagem, mas até aos officios mechanicos necessarios ás construcções navaes; producções no reino vegetal e mineral, que se prestão ás mesmas construcções; e facilidade de encontrar por toda a extensão da provincia alimentos para o sustento da vida, além de outras muitas vantagens ....
(Anais da câmara dos deputados, sessão 27.05.1826, p. 148)
O Sr. Seixas: - Eu creio, que o Sr. Vasconcellos não percebe bem o fim da indicação, quando ella pede que se mande um engenheiro, e um naturalista; porque diz, que os conselhos das provincias, estão encarregados de formar a estatistica (. ..)
 Alli, não ha uma só escola de primeiras letras, sendo a população de mais de 20 mil habitantes: os indios, que formão a mór parte desta população, tem sido victimas da mais insaciavel cobiça, e atroz tyrannia, de maneira, que espancados, e perseguidos, se tem tornado muitos a refugiar nos bosques, persuadindo aos outros, que se não alliem. E' na verdade impossivel, que homens acostumados a viver no estado da independencia natural, prefirão a essa liberdade absoluta um genero de vida, aonde não encontrão, se não a mais terrivel e insupportavel escravidão.
(....)
pedindo a palavra disse então
O Sr. Seixas: - Sr. Presidente, eu não me cansarei de repetir, que o Rio-Negro se acha reduzido ao mais deploravel estado, especialmente no que diz respeito á população.
As familias indianas, que formão a parte mais preciosa della, acossadas, e perseguidas, andão dispersas, e tem fugido para os matos, que havião deixado: por toda a parte se apresenta aquelle caracter de atrocidade e de perfidia, que particarão com estes innocentes indianos os primeiros conquistadores do Novo-Mundo.
Anais da câmara dos deputados, sessão 27.05.1826, p. 153
Câmara dos deputados, sessão 27.05.1826,
 Após a preocupação exposta na fala de Lino Coutinho em relação a melhorias que deviam ser as obras ao local, o Sr. Cunha Mattos, replica à Lino Coutinho e por fim passando a palavra a sessão para o senhor Cavalcanti que ao pedir a vez na sessão se expressa da seguinte forma :
(....) A importancia do Pará, é já bem conhecida a todo o brazileiro amigo de sua patria: as conveniencias , que podem provir ao Brazil das riquezas daquella provincia, o abandono em que ellas se achão, e a necessidade de socorros, que a mesma provincia exige da nação, estou que são bem conhecidas á grande parte dos illustres deputados desta camara, e mesmo ao governo, que presumo não terá já lançado vistas beneficas sobre aquella parte da nação, por não lh'a ter talvez permittido o embaraço de outros negocios, a que primeiro convinha attender. Parece-me, que quem mais contribuirá á civilisação e fazer florecer as provincias, mesmo no seu interior, é a navegação. Se tivessemos formado a nossa marinha, e eu conhecesse o nosso estado de finanças, diria, que promovessemos quanto antes a navegação dos rios: é este o meio de fazermos florecer o Pará, e as demais provincias, que se prestão a elle. Pela navegação interna nós facilitaremos ao commercio e á agricultura os meios de transportes (...)
A navegação era a chave para adentrar os “sertões” e conhecer e explorar suas respectivas riquezas em prol do desenvolvimento dos projetos do governo, 
Excellentes madeiras de construção, que nadão por assim dizer, no leito de seus rios, indigenas os mais sociaveis da America, que cercão as margens destes mesmos rios, e tem uma grande aptidão , não só aos serviços de marinhagem, mas até aos officios mechanicos necessarios ás construcções navaes; produções no reino vegetal e mineral 
(Anais da câmara dos deputados, 27.05.1826, P. 148)
Sr. Costa Aguiar :- (...) A Provincia do Pará, não está conhecida em todos os pontos do seu interior: os mesmos habitantes della não conhecem muitas cousas, que alias serião sabidos, se os seus sertões fossem melhor examidos. 
A maior parte das Villas e aldêas estão situadas nas margens dos rios, porém as diversas ramificações destes rios e o seu interior tem sido pouco observados, a excepção dos lugares mais proximos aos mesmos. 
Quase por toda a provincia, há uma quantidade immensa de drogas, e outros muitos productos ainda desconhecidos, e que não podem ser bem analysadas senão por um naturalista 
(....)
(Anais da Camara dos deputados, 27.05.1826, P. 149-151) 
APÓS O TERMINO DE SUA EXPOSIÇÃO PASSA A PALAVRA AO SENADO PARA O SR. MAIA, DEPOIS DE EXPOR-SE OPINIÃO TOMA A VEZ O SENHOR FRANÇA QUE MENCIONA O SEGUINTE 
O SR. FRANÇA: – Combaterei o ilustre preopinante pelas suas mesmas palavras: mostrando
a inconsequencia do seu conceito. Todos os homens livres, diz, habitantes do Brazil, nelle nascidos, são cidadãos brazileiros. Agora pergunto eu, um Tapuia é habitante do Brazil?
E’. Um tapuia é nascido no Brazil? E’. Um tapuia é livre? E’. Logo, é cidadão brazileiro? Não,posto que aliás se possa chamar brazileiro, pois os indios no seu estado selvagem não são, nem se podem considerar como parte da grande familia brazileira; e são todavia livres, nascidos no Brazil, e nelle habitantes. Nós, é verdade, que temos lei que lhes outorgue os direitos de cidadão, logo que eles abração os nossos costumes civilisação, antes disso porém estão fóra da nossa sociedade. Se a população do territorio do nosso paiz fora homogenea não havia que reparar no caso; mas sendo ella como é heterogenea, mister é não confundir as differentes condições de homens por uma inexacta enunciação. Cumpre advertir; e corrigir a expressão.
( Anais do senado, sessã 23.09.1826, p.212) 
ST 02 :A QUESTÃO INDÍGENA NO IMPÉRIO BRASILEIRO.
Referências Bibliográficas
 
Anais da Câmara dos Deputados. Disponível em: http://imagem.camara.gov.br/pesquisa_diario_basica.asp. Acesso: 08/10/2017
 
Anais da Câmara do Senado. Disponível em: http://www.senado.leg.br/publicacoes/anais/asp/IP_AnaisImperio.asp. Acesso: 18/12/2017
 ALMEIDA, M.R.C. Os índios na história do Brasil no século XIX: da invisibilidade ao protagonismo. Revista História hoje, v. 1, nº2, 2012, p. 21-39.
MOTA, L.T. O instituto histórico e geográfico brasileiro e os projetos de integração das comunidades indígenas no Estado nacional. Diálogos, DHI/UEM, v. 2, p. 149- 175
SALES, D. S. A questão indígena e o império: Índios, terra, trabalho e violencia na província paulista, 1845-1891. (Tese de doutorado em História Social), Campinas, 2017. p. 266.

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