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Questões ambientais

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Prévia do material em texto

Na economia capitalista, o crescimento depende 
do aumento da produção e do consumo de mercado-
rias e serviços. Isso leva à ampliação constante, e em 
escala cada vez maior, da transformação do espaço, 
da geração de energia, da exploração de recursos 
naturais e da produção de resíduos. O grande desafio 
do mundo atual é encontrar caminhos alternativos 
que conciliem expansão econômica com conserva-
ção ambiental e diminuição da desigualdade social.
Nesta unidade você vai explorar os processos histó-
ricos que moldaram os atuais padrões de produção e de 
consumo e os problemas socioambientais decorrentes. 
Verá de que forma as instituições internacionais e os 
governos têm agido e vai conhecer os tratados e os acor-
dos entre países que visam regulamentar e estabelecer 
objetivos para a questão ambiental. Vai, ainda, explorar 
de que forma o Brasil trata a questão socioambiental 
e conhecer os domínios morfoclimáticos brasileiros.
Manifestantes protestam contra o 
aquecimento global na Cidade do México, 
2015. O protesto aconteceu na semana em 
que representantes de 140 países se reuniam 
em Paris, na COP 21, no intuito de chegar 
a um consenso sobre como lidar com as 
mudanças climáticas observadas atualmente. 
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NATUREZA, 
SOCIEDADE 
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QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL 
E DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
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tUlo
Ciclo perverso
Observe as imagens.
Pode ser interessante complementar o tema abordado apresentando aos estudantes o documentário E-wasteland, de David 
Fedele, lançado em 2012. Com duração de 20 minutos, sem narração e mostrando apenas imagens, o filme denuncia a reali-
dade vivida pelos moradores da favela Agbogbloshie, em Gana, para onde são levadas anualmente toneladas de lixo eletrônico 
consumido nos países desenvolvidos. O documentário está disponível em: <www.e-wastelandfilm.com>. Acesso em: nov. 2015. 
1. Quais são as etapas do ciclo de vida de um produto? Quais estão evidenciadas nas imagens? 
2. Onde ocorre o maior consumo de produtos eletrônicos? 
3. O que as situações acima expressam a respeito da sociedade em que vivemos? 
Consumidores acampam em rua de Londres (reino Unido), em 
18 de setembro de 2014, em frente a uma loja de eletrônicos, 
à espera do lançamento de novo modelo de smartphone, que 
ocorreria no dia seguinte. Quando um novo modelo de smart-
phone é lançado no mercado, algumas pessoas costumam fazer 
fila para comprá-lo e acabam inutilizando ou descartando seu 
aparelho antigo. Estima-se que, anualmente, em todo o mundo 
são produzidas cerca de 50 milhões de toneladas de lixo ele-
trônico, a maior parte nos países desenvolvidos.
Cerca de 80% do lixo eletrônico dos países desenvolvidos são 
levados para países pobres, como gana, na África. Lá, adultos e 
crianças trabalham diariamente separando materiais recicláveis 
do lixo eletrônico. O manuseio e a queima desse lixo liberam 
substâncias tóxicas, nocivas às pessoas e também ao ambiente. 
Na imagem, Agbogbloshie, uma área de despejo de lixo eletrô-
nico em Accra (gana), 2015.
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grande 
parte dos metais 
que podem ser recicla-
dos, como cobre, alumínio e 
bronze, são transformados nas 
indústrias multinacionais e retor-
nam ao mercado como produ-
tos a serem consumidos pela 
sociedade, sobretudo nos 
países mais ricos. 
223capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: UM MARCO NA 
QUESTÃO AMBIENTAL
No mundo contemporâneo, as questões ambientais não são novidade, mas é 
relativamente recente a formação de uma consciência mundial da gravidade dos 
problemas decorrentes da degradação ambiental e da necessidade de buscar solu-
ções sustentáveis e que envolvam toda a sociedade.
O maior impacto das atividades humanas sobre o espaço teve início nos últimos 
270 anos, a partir da Revolução Industrial, que paulatinamente promoveu a produção 
em massa de mercadorias e o aumento da exploração de fontes de energia não reno-
váveis e altamente poluentes, como o carvão e, posteriormente, o petróleo (figura 1). 
A consolidação da produção industrial intensificou o consumo de matérias-primas, 
retiradas do solo, do subsolo, dos mares, dos rios e das florestas, e a geração de resíduos.
As conquistas tecnológicas desse período propiciaram também a Revolução Agrícola, 
objetivando abastecer uma população crescente que se aglomerava, cada vez mais, 
nas áreas urbanas. As transformações agrícolas modificaram radicalmente diversos 
ecossistemas da terra, transformando-se em áreas de cultivo e de criação de animais. 
hoje, a agricultura consome a maior parte da água doce do planeta (reveja no 
Capítulo 10) com a irrigação, ocupa extensas áreas, avança sobre paisagens naturais 
remanescentes e utiliza grande quantidade de agrotóxico, poluindo o solo, o lençol 
freático e as águas superficiais (figura 2).
Figuras 1 e 2. À esquerda, congestionamento de automóveis sob uma intensa camada de poluentes 
na atmosfera, em Jinan (China), 2015. À direita, placa alerta para solo contaminado por pesticidas 
em plantação de tabaco, na Carolina do Norte (Estados Unidos), 2014. As consequências negativas 
da ação humana no espaço, intensificadas com a revolução Industrial, são observadas tanto nas 
cidades como no campo. 
Atualmente, mais da metade da população mundial habita as áreas urbanas. A 
cidade é a expressão mais complexa da ação humana. Está em constante transformação, 
materializando, de maneira exemplar, a capacidade humana de alterar o espaço natural. 
No entanto, o crescimento desenfreado trouxe consequências negativas. Nas 
grandes cidades, os problemas socioambientais manifestam-se com mais gravidade 
e atingem diretamente a população em seu cotidiano. São exemplos: o aumento da 
desigualdade social e da violência; a poluição atmosférica; as enchentes, a insuficiência 
de recursos hídricos; a ocupação das áreas de mananciais, comprometendo a qualidade 
do fornecimento de água à população; a precariedade ou a falta de saneamento básico; 
o acúmulo de lixo e a escassez de áreas verdes. Leia o Entre aspas na página seguinte.
FilMe
A última hora
De Leila Conners Petersene 
e Nadia Conners. Estados 
Unidos, 2007. 95 min.
Muitos são os problemas 
ambientais decorrentes 
da ação humana. Mas há 
alternativas para eles. 
Dezenas de renomados 
cientistas, pensadores 
e líderes discutem 
essas questões neste 
documentário.
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224 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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Mobilidade urbana a favor do meio ambiente
Ao pensar em uma grande cidade, uma das imagens que nos vêm à cabeça é o trânsito carregado de 
automóveis particulares. O que poderia ser o retrato de sucesso e dinamismo econômico é também sinônimo 
de degradação ambiental e da qualidade de vida. 
Os gases emitidos pelos automóveis são um dos principais responsáveis pela poluição atmosférica e 
pelo aquecimento global. A qualidade de vida da população também é prejudicada pela poluição sonora, pelo 
estresse e pelas horas perdidas nos imensos congestionamentos urbanos.
Mas essa imagem tão tipicamente urbana vem dando espaço a outras paisagens. Em algumas das maiores 
cidades do mundo, o transporte individual e motorizado vem paulatinamente sendo substituído por soluções 
menos ou nada poluentes – além de mais baratas e democráticas –, como o transporte coletivo e a bicicleta.
Ciclistas utilizam ciclovia ao lado de bonde em Estrasburgo (França), 2015.
As cidades dos paísesem desenvolvimento são as mais vulneráveis, pois con-
centram situações de extrema pobreza e maiores desigualdades sociais. Além disso, 
os recursos públicos nesses países são insuficientes para a criação de infraestrutura 
adequada ao atendimento da população. Observe o mapa (figura 3). 
Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS). Disponível em: <gamapserver.who.int>. Acesso em: mar. 2016.
Figura 3. Mundo: proporção da população com acesso ao saneamento básico – 2015
OCEANO
PACÍFICO
CÍRCULO POLAR ÁRTICO
CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
TRÓPICO DE CÂNCER
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PACÍFICO
OCEANO
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OCEANO GLACIAL
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO
ÍNDICO
0°
0°Sem dados
Menos de 50
% da população total
De 50 a 75
De 76 a 90
Mais de 90
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0 2.520 km
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leitUra
Sustentabilidade 
planetária, onde 
eu entro nisso? 
De Fábio Feldmann. 
Terra virgem, 2011.
O autor delineia um 
panorama dos desafios 
socioambientais que 
a humanidade precisa 
enfrentar em um futuro 
próximo. O livro oferece 
um conjunto amplo de 
ilustrações, gráficos e 
fotografias.
225capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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sociedade de consUMo 
No último século o desenvolvimento tecnológico 
acarretou um crescimento sem precedentes da pro-
dução e a formação de uma sociedade fortemente 
estimulada ao consumo, que passou a exercer papel 
fundamental nas relações sociais.
Vivemos em uma sociedade marcada pela desi-
gualdade e na qual possuir determinados bens é uma 
demonstração de sucesso. A própria concepção de 
desenvolvimento econômico de um país está associada 
à capacidade de produzir e consumir bens materiais e 
outros serviços.
para estimular a produção, o mercado cria hábitos e 
necessidades, reduz a vida útil dos produtos e multiplica 
as opções de mercadorias e embalagens descartáveis, 
estimulando a sociedade de consumo. Na fase atual, 
essa “lógica de mercado” apoia-se no desenvolvimento 
tecnológico incessante: novos produtos são criados ou 
a eles são acrescentados novos recursos, tornando a 
mercadoria obsoleta em um período cada vez mais curto 
(obsolescência planejada ou programada). 
As pessoas são estimuladas pelos meios de comunicação a consumir cada vez 
mais. As mensagens publicitárias, além de enaltecerem as qualidades de determinado 
produto, costumam associá-lo ao sucesso, ao prazer e à felicidade. Essa associação 
induz o consumidor a imaginar que a aquisição de determinado bem poderá propiciar 
ascensão social e realização pessoal (figura 4).
Sobre a obsolescência planejada, veja Volume 2, Capítulo 9.
Pode ser interessante problematizar 
a questão trazida pela imagem 
propondo uma discussão com os 
estudantes sobre consumismo, 
identidade e inserção na sociedade 
pela via da cultura do consumo. Essa 
discussão pode ser feita a partir dos 
rolezinhos ou de letras de música e do 
comportamento dos cantores do funk 
ostentação, e pode ser conduzida em 
uma abordagem interdisciplinar com 
Sociologia. Para apoiar as discussões, 
sugerimos a leitura de alguns textos e 
vídeos: Los Angeles Times discute os 
reflexos sociais da ascensão do funk 
ostentação. Jornal do Brasil, 10 abr. 
2014. Disponível em: <www.jb.com.
br/cultura/noticias/2014/04/10/los-
angeles-times-discute-os-reflexos-
sociais-da-ascensao-do-funk-
ostentacao/>; e MOURA, Lisandro 
Lucas de Lima. Consumo, imaginário e 
“rolezinhos”. Blog Café com Sociologia, 
fev. 2014. Disponível em: <www.
cafecomsociologia.com/2014/01/
consumo-imaginario-e-rolezinho.
html>. Acessos em: dez. 2015.
Figura 4. Adolescentes cami-
nham em shopping center em 
São paulo (Sp), 2014. Sobre-
tudo adolescentes e jovens são 
estimulados pela mídia a se 
sentir parte da sociedade por 
meio do consumo, por exemplo, 
de roupas, calçados, acessó-
rios e eletrônicos de marca. 
por muito tempo, porém, par-
cela da sociedade foi excluída 
desse “direito”. Os rolezinhos 
nos shopping centers das gran-
des cidades brasileiras foram 
uma maneira de os jovens mais 
pobres dizerem à sociedade 
que eles querem consumir o 
que a mídia vende.
A palavra é uma forma de resistência
“Foi ao lembrar da infância na Romênia e da posterior mudança para a 
França que o autor [romeno] Matéi Visniec [1956-] explicou a 350 pessoas 
presentes à 4a Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), cidade 
no Recôncavo Baiano, por que escrever é um ato político. Ao rememorar a 
censura que seus textos sofriam sob o regime de Nicolau Ceausescu [1918-
-1989], ele contou que na primeira vez que publicou um texto percebeu a 
dimensão do poder que aquilo tinha: ‘Quando tinha 11 anos, publiquei um 
poema na revista da escola e me dei conta de que todo mundo poderia lê-lo. 
Foi a revelação da força da palavra. Decidi me tornar escritor e lutei para 
poder publicar as minhas palavras’, disse.
‘No país onde nasci, antes do fim do comunismo, era muito difícil conseguir 
fazer com que nossa palavra circulasse. Percebi ali que a palavra é uma forma de 
resistência, de se colocar contra a ditadura. A poesia era sempre mais forte que 
o poder. E, em um país onde não há liberdade, a cultura é um oxigênio social.’
Cansado da censura, em 1987 Visniec decidiu viver na França. A ideia 
que tinha de liberdade em países democráticos, no entanto, foi frustrada pelo 
estilo de vida capitalista que vigorava no país da Europa ocidental. ‘Entendi 
que nos grandes países democráticos existem outras formas de ditadura, e 
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226 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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1. Por que o autor afirma que a palavra é uma forma de resistência?
2. A que o autor compara o consumismo? Explique. 
precisamos resistir também a outras formas de lavagem cerebral’, contou o 
autor [...]. ‘A minha impressão é que o meu papel não mudou, seja no tota-
litarismo da Romênia e também no totalitarismo do consumo.’ [...]
‘Quando era jovem e escritor na Romênia, era muito fácil porque o mal era 
visível, sabíamos o que tínhamos de criticar, os símbolos do regime totalitário 
estavam presentes: o presidente, o partido, a polícia política’, disse. ‘Mas, nas 
grandes sociedades de consumo, às vezes não podemos ver onde está o mal. 
Na época de Stalin, era muito fácil criticar e identificar o mal. Mas como fazer 
isso hoje? Com a manipulação pela imagem, a indústria da televisão? Porque 
é muito mais fácil ter uma tela sem ter uma civilização por trás.’ [...]”
GOMBATA, Marsílea. A palavra é uma forma de resistência, lembra Visniec. Carta Capital, 
2 nov. 2014. Disponível em: <www.cartacapital.com.br>. Acesso em: nov. 2015.
Ter ou Ser
Observe o cartum do desenhista estadunidense Andy Singer (1965-). 
Filosofi a
• Considerando a sociedade em que vivemos, explique o cartum.
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227capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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Modelo de desenvolviMento
Nos países desenvolvidos, que compõem o centro da economia capitalista, 
como Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, Austrália e vários países europeus, 
o crescimento econômico apoiado na produção industrial e na produtividade 
agrícola foi acompanhado, em certo período1, de melhorias nas condições de 
vida da população. Os governos desses países fizeram grandes investimentos em 
saúde e educação; implantaram mecanismos de distribuição de renda, com base 
na arrecadação de impostos e na elevação de salários; e reestruturaram gastos e 
investimentos com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais. No entanto, os 
impactos ambientais não fizeram parte da preocupação das políticas econômicas 
implantadas nesse grupo de países. 
A partir de meadosdo século XX, 
parte dos países em desenvolvimento 
seguiu o mesmo modelo de cresci-
mento industrial, porém desvinculado 
dos benefícios sociais que a ele pode-
riam estar associados. Desconsiderou-
se, nesse grupo de países, que o desen-
volvimento não deve se limitar ao bom 
desempenho da economia: conquistas 
sociais, culturais e ambientais devem 
ser contempladas nesse processo.
Não foi diferente nos países socia-
listas. O modelo de crescimento e do 
produtivismo industrial e agrícola, par-
ticularmente na ex-União Soviética e em 
parte do Leste Europeu, estava presente 
nos países que adotaram o sistema 
socialista no século XX, com objetivo 
de se igualar aos padrões econômicos 
conquistados pelos países capitalistas 
mais desenvolvidos.
Em todos os casos, as políticas 
econômicas orientadas no sentido de 
aumentar a produção colocaram em 
risco o equilíbrio da natureza. O atual 
padrão de crescimento econômico, 
quantificado pela produção de mer-
cadorias e pela geração de serviços, 
exige dos sistemas naturais muito além 
de sua capacidade de renovação. Se a 
maioria da população mundial atingisse 
a mesma capacidade de consumo da 
população dos países desenvolvidos, 
a poluição seria insustentável e muitos 
dos recursos usados como matéria
-prima e fonte de energia desaparece-
riam em pouquíssimo tempo (figura 5).
1 A partir da década de 1930 – como reflexo da grande crise econômica mundial ocorrida em 1929 – e ao longo dos 
séculos XX e XXI, várias reformas foram realizadas nas políticas econômicas dos países desenvolvidos. Em muitos 
países, o estado de bem-estar social tem sido revertido com a adoção de medidas econômicas voltadas para a elevação 
da competitividade no mercado internacional, por meio da redução de impostos e, consequentemente, do menor 
investimento dos governos nas áreas sociais. Trata-se do modelo neoliberal, que será discutido no Volume 2 desta coleção.
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Figura 5. Vista aérea de multidão na Marcha da Cúpula dos povos na Avenida rio 
Branco, no centro do rio de Janeiro (rJ), que fez parte do evento rio +20, organi-
zado pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2012.
228 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente
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1. A Revolução Industrial pode ser considerada um 
marco para a questão ambiental. Explique a relação 
entre a Revolução Industrial e essa questão.
2. Leia os textos e responda às questões.
Texto 1
 “O primeiro ponto de transformação trazido pela 
Revolução Industrial, com reflexos no meio ambiente, 
foi a relação entre o homem e a natureza. O pro-
gresso trazido pelas máquinas fez emergir um novo 
conceito de progresso, no qual a aceleração é valori-
zada, bem como a capacidade humana de se sobrepor 
aos ambientes naturais. Podemos encontrar também 
neste momento as raízes do consumismo que, hoje, 
é um dos principais obstáculos para a preservação 
do planeta, sobretudo nos países ricos. Lembremos: 
quanto mais consumo, mais indústrias!”
Pensamento Verde. Disponível em: <www.pensamentoverde.
com.br>. Acesso em: nov. 2015.
Texto 2
 “Há anos, sinaliza-se que a principal causa dos proble-
mas sociais e ambientais são os padrões insustentáveis 
de produção e consumo. Mas a verdadeira revolução 
no cenário econômico mundial e o equilíbrio entre o 
poder produtivo e a preocupação com o impacto no 
meio ambiente dependem de diversos fatores.
 Nesse ponto, temos mais perguntas do que respostas. 
A primeira questão diz respeito a quem é o responsá-
vel por criar novos padrões de consumo: o governo, 
as empresas ou os consumidores?
 Avaliando a condução dessas mudanças, percebe-se 
que as empresas já trabalham para oferecer aos con-
sumidores produtos sustentáveis e que os próprios 
consumidores já buscam alternativas aos produtos 
tradicionais. No entanto, o consumo gera resíduos 
e sua administração ainda é tema de debates sobre 
a eficiência das políticas públicas. De um lado, a 
indústria geradora; do outro, o cliente/consumidor. 
Quem deve se responsabilizar pela correta destinação 
dos resíduos sólidos, incluindo embalagens, caixas e 
restos orgânicos?”
Instituto Ethos. Disponível em: <www.ethos.org.br>. 
Acesso em: nov. 2015.
a) Em que medida os dois textos convergem? 
b) Em que medida eles divergem? 
c) De acordo com o texto 2, qual problema ainda 
temos a resolver? Quem são os envolvidos nessa 
problemática? 
Faça no 
caderno
1. (Etec-SP 2015) A peça teatral O Reino das Futi-
lidades, texto escrito por Berenice Gehlen Adams 
e Marina Strachman, discute a questão da moder-
nização e do aumento do consumo de futilidades. 
O texto pretende despertar a consciência para a 
valorização dos recursos naturais e alertar o quanto 
somos induzidos a consumir em excesso.
 Sobre esse tema, podemos afirmar corretamente que 
a) a rapidez da inovação tecnológica não induz ao 
aumento de consumo, pois as mercadorias produ-
zidas há mais tempo não conseguiriam ser vendi-
das, levando a um colapso do mercado varejista.
b) a ampliação do consumo não leva a uma crise 
ambiental, pois a quantidade de matérias-primas 
disponíveis no planeta aumenta na mesma pro-
porção que a fabricação de produtos industriais. 
c) o desenvolvimento tecnológico não gera o aumento 
da vida útil dos produtos, levando a um aumento 
considerável da produção e a consequente dimi-
nuição da retirada de matérias-primas da natureza.
d) o aumento do consumismo não impacta o 
meio ambiente, uma vez que, ao realizarmos 
o descarte de um determinado objeto, o meio 
ambiente cuida para que este retorne à natureza, 
reiniciando o ciclo.
e) ao praticar o consumismo, as pessoas não estão 
agindo coletivamente, pois não levam em conta o 
impacto que o consumo exagerado provoca sobre 
o meio ambiente, bem como suas consequências 
para o futuro da humanidade.
2. (UFG-GO 2004) O meio ambiente urbano dos países 
ricos apresenta problemas ambientais que mobili-
zam a sociedade civil desses países. Esses proble-
mas decorrem 
a) do consumismo aliado à grande produção de 
mercadorias. 
b) da vasta produção de lixo oriundo de embalagens 
de material plástico. 
c) do uso intenso de propaganda interferindo no 
efeito visual dos sítios urbanos. 
d) do uso dos produtos descartáveis articulados ao 
modismo veiculado pela mídia. 
e) do incentivo do poder público para a instalação 
de estabelecimentos industriais.
229capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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despertar da consciência ecológica
Embora já houvesse estudos ecológicos de 
caráter científico desde a segunda metade do 
século XVIII, foi somente depois da Segunda 
guerra Mundial que a gravidade dos proble-
mas ambientais passou a ser considerada e 
debatida com maior intensidade. principal-
mente a partir da década de 1960, passaram 
a ser realizados estudos por pesquisadores e 
cientistas de diversas disciplinas e em pratica-
mente todos os países do mundo. Os avanços 
tecnológicos, como a construção e o lança-
mento de satélites artificiais de sensoriamento 
remoto e o desenvolvimento da informática, 
tiveram papel fundamental na qualidade das 
pesquisas voltadas ao meio ambiente.
As inúmeras catástrofes ambientais do 
último século alertaram a humanidade para 
o fato de que a natureza não suportaria por 
muito mais tempo as agressões causadas 
pelas atividades humanas e seu modelo de 
desenvolvimento (figura 6). 
Iniciou-se, então, um processo de mobilização em torno da questão ambiental, 
que se expandiu e se consolidou por meio da divulgação de estudos científicos e da 
publicação de livros2 e conferências internacionais patrocinadas pela Organização 
das Nações Unidas (ONU) sobre o tema. Iniciava-se um caminho para uma concep-
ção que zelasse pela proteção de valores considerados prioritários, que fugissem do 
âmbito dos interessesrestritos de determinado Estado, para servirem de parâmetro 
a toda a comunidade internacional.
Surgiram instituições e movimentos ecológicos com fins variados, mas tendo em 
comum a defesa da vida. Esses esforços vêm gerando mudanças na postura de empre-
sários e governantes, que passaram a participar da elaboração de leis de proteção 
ambiental e a incluir o estudo da ecologia nos meios educacionais. Diversos concei-
tos ambientais também foram incorporados às discussões. Uma grande mudança 
de paradigma, mas que ainda requer mais aprofundamento e, principalmente, a 
implantação de ações efetivas para a construção de uma sociedade sustentável.
• conferência de estocolmo
Em 1972, em Estocolmo (Suécia), representantes de 113 países reuniram-se para 
debater questões relacionadas ao meio ambiente. Nessa primeira grande iniciativa da 
ONU, conhecida como Conferência de Estocolmo (Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente Humano), os países participantes confrontaram-se com duas 
posições distintas sobre a relação entre crescimento econômico e proteção ambiental 
(figura 7, na página seguinte).
A primeira posição alertava que, mantidas as tendências de crescimento da 
população mundial, da industrialização, da produção de alimentos, do consumo 
e da poluição, o planeta entraria em colapso ambiental no período de um século. 
A única forma de recuperar o equilíbrio ambiental e evitar catástrofes futuras seria 
a paralisação imediata do crescimento econômico. Essa proposta ficou conhecida 
como política do crescimento zero.
2 Em 1962, a escritora e cientista estadunidense Rachel Carson (1907-1964) publicou o livro Primavera silenciosa, 
considerado um marco do movimento ecológico moderno.
É possível fazer um levantamento com 
os estudantes sobre os problemas 
ambientais presentes em seu coti-
diano e, de forma geral, no município 
onde vivem.
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Figura 6. A explosão da plataforma de petróleo Deepwater horizon, operada 
pela petrolífera inglesa British petroleum (Bp), no golfo do México (Estados 
Unidos), em 2010, provocou vazamento de óleo por quase duas semanas. 
Foi o maior desastre ecológico ocorrido nos Estados Unidos.
230 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente
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A segunda posição defendia o crescimento econômico, independentemente do 
custo ambiental. Apoiada pela maioria dos países em desenvolvimento, inclusive o 
Brasil, essa visão apontava que o crescimento econômico era a única solução para 
a superação da miséria e da pobreza, que atingem diretamente milhões de pessoas 
no mundo. O grupo defendia que a superação desses problemas era mais importante 
que as questões relacionadas à conservação e à proteção ambientais.
A política do crescimento zero foi rejeitada pela maioria dos países e nenhuma 
medida concreta comum foi tomada para evitar uma possível catástrofe ambiental. 
A principal objeção a essa política afirmava que ela congelaria as diferenças socio-
econômicas existentes entre os países e negaria aos países em desenvolvimento a 
possibilidade de crescimento, fundamental para a solução dos graves problemas 
sociais neles enfrentados. 
Muitos foram os entraves e poucos os resultados. Ainda assim, a Conferência de 
Estocolmo foi um marco na tomada de consciência de que a conservação do meio 
ambiente depende da cooperação de todos os países. Nela, foram delineados os 
princípios da Declaração sobre o Ambiente Humano, que ampliaram o conceito de 
qualidade de vida associada à qualidade ambiental e à justiça social. Além disso, foram 
apontadas a necessidade e a responsabilidade de toda a humanidade de proteger e 
melhorar as condições ambientais, tanto para a geração presente como para as futuras. 
Desde então, o conceito de desenvolvimento passou a ser relacionado ao controle da 
poluição e ao uso racional dos recursos naturais, para evitar seu esgotamento.
Foi também a partir da Conferência de Estocolmo que se criou o Programa das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), instituição da ONU para as ques-
tões ambientais. O pNUMA tem como objetivo conciliar interesses nacionais e globais, 
visando à busca de soluções para problemas ambientais comuns a toda a humanidade.
• desenvolvimento sustentável
Apresentado pela primeira vez em 1987, com a divulgação do Relatório Nosso 
Futuro Comum ou Relatório Brundtland, na Assembleia geral da ONU, o con-
ceito de desenvolvimento sustentável parte do princípio de que o atendimento às 
necessidades das populações no presente não deve comprometer o suprimento 
das necessidades das gerações futuras. A utilização dos recursos deve ocorrer de 
acordo com a capacidade de reposição da natureza, de modo que o crescimento 
econômico não agrida violenta e irreparavelmente os ecossistemas e possa, ao 
mesmo tempo, equacionar problemas sociais.
SITE
Programa das Nações 
Unidas para o Meio 
Ambiente (PNUMA) 
www.pnuma.org.br
O site traz textos breves 
e de fácil entendimento 
que podem ser acessados 
clicando nas abas 
“Mudança climática”, 
“Desastres e conflitos”, 
“Manejo de ecossistemas”, 
“Governança ambiental”, 
“Substâncias nocivas e 
resíduos”, “Eficiência 
de recursos” e “O meio 
ambiente em estudo”. Além 
disso, apresenta notícias, 
galeria de imagens e 
publicações da instituição.
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Figura 7. O dia de abertura da 
Conferência de Estocolmo, 5 
de junho de 1972, foi escolhido 
pela ONU como o Dia Mundial do 
Meio Ambiente. 
231capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 231 5/7/16 1:30 PM
Um modelo de desenvolvimento cujas prioridades sejam a diminuição da pobreza e 
da desigualdade social e a conservação do ambiente exige mudanças nos mecanismos 
de distribuição da riqueza gerada pelo crescimento econômico. Essas mudanças, 
por sua vez, exigem alterações nas relações de trabalho, na estrutura fundiária, na 
arrecadação de impostos e na aplicação dos recursos governamentais. Exigem, 
também, estímulo ao desenvolvimento e ao uso de fontes renováveis e limpas de 
energia, modificações nos atuais padrões de produção, seja na agricultura – que 
utiliza agrotóxicos em larga escala e invade os diferentes biomas do planeta –, seja na 
indústria – que lança milhares de toneladas de gases nocivos e dejetos no ambiente.
A viabilização do desenvolvimento sustentável requer, portanto, o estabeleci-
mento de políticas governamentais e de ações empresariais e da sociedade civil; a 
elevação do nível de vida de parte significativa da população que vive em condições 
subumanas; a modificação dos padrões de consumo das sociedades do mundo 
desenvolvido, visando diminuir a demanda por recursos da natureza e a produção 
de resíduos. Leia o Entre aspas.
Reciclagem de produtos eletrônicos
Com o maior desenvolvimento tecnológico, muitos celulares, computadores, 
televisores, entre outros produtos eletrônicos, são descartados, gerando um 
aumento considerável no e‑lixo ou lixo eletrônico. Em razão disso, no Brasil – 
atendendo à lei federal de 2010, denominada Política de Resíduos Sólidos, 
que obriga as empresas a se responsabilizarem pelo descarte de seus produtos 
–, em vários municípios surgiram empresas que reciclam materiais utilizados 
nos produtos eletrônicos, sobretudo os metais. Além de contribuir para reduzir 
a exploração de recursos naturais, a poluição do ambiente e a quantidade de 
lixo gerada, a reciclagem emprega muitas pessoas, trazendo benefícios sociais 
e econômicos para parcela da população.
triagem de produtos eletrônicos descartados para 
posterior reciclagem, em São paulo (Sp), 2010.
• consumo sustentável
Desenvolvimento e consumo sustentáveis3 são faces da mesma 
moeda. Do ponto de vista ambiental, é necessário modificar hábitos 
e estimular o consumo conscientepara evitar o desperdício, consi-
derando inclusive a maneira como fazemos uso de água e energia.
Além disso, os produtos consumidos deveriam atender a neces-
sidades reais, ter qualidade comprovada e garantir que sua produ-
ção não deteriorou o meio ambiente. É fundamental, também, a 
mudança nos hábitos do consumidor com vistas a dar preferência 
aos produtos recicláveis e às embalagens retornáveis. O consumo 
sustentável prevê, ainda, a correta destinação do lixo. 
O consumo sustentável, no entanto, requer a atuação de gover-
nantes e empresários para poder se efetivar. Em relação ao lixo, por 
exemplo, é fundamental que as instituições públicas completem 
o processo iniciado pela coleta seletiva. Ou seja, não adianta o 
lixo ser separado se o município não tem usina de compostagem 
(figura 8) para os materiais orgânicos ou não direciona o material 
coletado para o processo de reaproveitamento ou de reciclagem.
3 Para a proposta de desenvolvimento sustentável tornar-se viável, é preciso promover mudanças nos hábitos de 
consumo e reduzir as diferenças sociais. O conceito de consumo sustentável, lançado em 1995 pela ONU no 
relatório da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, é uma tentativa de viabilizar essas mudanças.
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40 contribuições 
pessoais para a 
sustentabilidade
De Genebaldo Freire 
Dias. Gaia, 2005.
O livro apresenta um 
conjunto de ações 
individuais alinhadas às 
políticas de conservação 
ambiental, que, se 
praticadas de forma coletiva, 
aumentarão as chances de 
vivermos em um ambiente 
mais saudável no futuro.
Sobre a Rio-92, na página seguinte, uma garota canadense de 12 anos, Severn Cullis-Suzuky, fez um discurso emocionante aos chefes de governo presentes no evento. Hoje, 
com mais de 30 anos, ela é formada em Biologia e atua como ativista ambiental. Caso julgue adequado, utilize esse discurso para sensibilizar os estudantes para o tema. O vídeo 
pode ser facilmente encontrado na internet 
com legenda em português. Um dos ende-
reços em que o vídeo está disponível: <www.
youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU>. 
Acesso em: dez. 2015. 
Figura 8. A compostagem é o processo de decomposição 
de matéria orgânica, cujo produto final é um adubo natu-
ral. Exige menor espaço que o aterro sanitário e permite 
reaproveitamento da matéria orgânica, reciclando seus 
nutrientes para fertilização do solo. Na imagem, compos-
tagem de coco, em São Miguel dos Milagres (AL), 2015.
232 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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• rio-92
Em 1992, o rio de Janeiro (rJ) abrigou a Conferência das Nações Unidas sobre 
o Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de Rio-92, Cúpula da Terra ou 
Eco-92. Desse evento, que teve grande repercussão mundial, participaram repre-
sentantes de 176 países e 1.400 ONGs.
Nessa conferência, o conceito de desenvolvimento sustentável ocupou o centro 
dos debates, legitimando-se como princípio básico a ser considerado nas análises 
e nas perspectivas ambientais em todo o planeta. Dela resultaram as metas e os 
compromissos destacados a seguir, na figura 9.
Fonte: elaborado pelos autores.
Figura 9. principais resultados da rio-92
Agenda 21 
Reúne recomendações de como 
promover o desenvolvimento 
sustentável.
Principais objetivos
Universalização do saneamento 
básico e do ensino; combate 
à miséria; viabilização de 
uma política energética com 
fontes limpas e renováveis; 
uso sustentável dos recursos 
naturais; conservação da 
biodiversidade; redução da 
emissão de poluentes.
Energia limpa só é possível com 
investimento em pesquisa. No 
Brasil, 85% da energia eólica é 
produzida no Nordeste.
A universalização da educação 
ainda não se dá no Brasil, mas 
desde os anos 1990 o número 
de estudantes tem aumentado.
Convenção da Diversidade 
Biológica (CDB)
Estabelece metas para a 
exploração sustentável e a 
preservação da biodiversidade em 
três níveis: ecossistemas, espécies 
e recursos genéticos. Os países 
desenvolvidos detêm tecnologia 
para garantir a conservação; os 
países em desenvolvimento, maior 
biodiversidade. A CDB promove 
a interação entre eles, visando 
a repartição dos benefícios da 
pesquisa e a divisão dos custos 
para a preservação.
As Unidades de Conservação 
(UCs) são espaços do território de 
rica biodiversidade, delimitados 
com o objetivo de preservar o 
patrimônio biológico e permitir 
que as comunidades tradicionais 
explorem os recursos de forma 
sustentável, como nos seringais 
na Amazônia. Atualmente, há 
cerca de 320 UCs delimitadas 
pelo Governo Federal. 
Convenção do Clima
Tratado ambiental que reúne 
países num esforço conjunto de 
estabilizar a emissão de gases 
responsáveis pela intensificação 
do efeito estufa. A convenção 
deu origem ao Protocolo de 
Kyoto, assinado em 1997, que 
definiu metas mais rígidas, 
principalmente para os países 
desenvolvidos, que devem reduzir 
suas emissões de gases que 
causam o aquecimento anormal 
da Terra até 2020. 
Existe um mercado para a 
comercialização do carbono 
emitido na atmosfera: são 
os créditos de carbono. Os 
países que emitem mais 
carbono podem comprar a 
cota daqueles que emitem 
menos. O projeto surgiu no 
Protocolo de Kyoto, e vigora 
desde 2000. O Brasil não tem 
metas de redução de carbono, 
mas empresas brasileiras já 
venderam créditos a países 
mais ricos. 
Declaração de Princípios 
sobre Florestas
Existe um mercado para a 
comercialização do carbono 
emitido na atmosfera: são os 
créditos de carbono. Os países 
que emitem mais carbono 
podem comprar a cota daqueles 
que emitem menos. O projeto 
surgiu no Protocolo de Kyoto, 
e vigora desde 2000. O Brasil 
não tem metas de redução 
de carbono, mas empresas 
brasileiras já venderam créditos 
a países mais ricos.
O selo FSC (Forest Stewardship 
Council, em inglês, ou 
Conselho de Manejo Florestal), 
criado em 1993, certifica que 
peças que o recebem são feitas 
de madeira cuja origem não 
é uma floresta nativa, mas 
provém de manejo florestal 
sustentável. O Brasil é o país 
com mais produtos certificados. 
ALGUNS RESULTADOS CONCRETOS: BRASIL
www.fsc.org
FSC® A000521
ONG 
Organização não governamental, 
formada pela sociedade civil, 
sem fi ns lucrativos, cujas 
atividades estão voltadas para 
a resolução de problemas da 
sociedade, como meio ambiente, 
pobreza, saúde, educação, 
desenvolvimento, defesa de 
direitos civis e humanos e 
fi scalização do poder público.
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233capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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• rio+10
A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002, 
em Johanesburgo (África do Sul), também denominada Rio+10, contou com a 
participação de representantes de 189 países. Nessa Cúpula, os objetivos de sus-
tentabilidade ambiental apontavam para o aumento do uso de fontes renováveis de 
energia; a recuperação dos estoques pesqueiros e sua sustentabilidade; e reforçavam 
a preservação da biodiversidade.
Foram, ainda, reafirmados os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), 
apresentados pela ONU no ano 2000 com base nos principais problemas mundiais 
e que deveriam ser atingidos até 2015, que são: redução da pobreza; atingir o ensino 
básico universal; igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres; reduzir a 
mortalidade na infância; melhorar a saúde materna; combater o hIV/Aids, a malária 
e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria 
mundial para o desenvolvimento. 
realizada dez anos depois da Rio-92, a Cúpula Mundial avaliou os avanços e as 
dificuldades em torno da questão ambiental no planeta e redefiniu metas e compro-
missos da Agenda 21.
Entretanto, medidas importantes não foram aprovadas, como a proposta de 
mudanças na matriz energética – de combustíveis fósseis (não renováveis e alta-
mente poluentes)para energia solar e outras fontes renováveis e limpas. Essa 
proposta previa alcançar até 2010 o patamar mínimo de 10% para uso de fontes 
energéticas renováveis em relação ao total de energia gerada nos países, o que 
não ocorreu. Embora apoiada pelo Brasil e pela União Europeia, a proposta não 
foi aprovada pelos Estados Unidos nem pela Organização dos países Exportadores 
de petróleo (Opep). 
• rio+20
Em 2012, novamente a cidade do rio de Janeiro 
recebeu líderes e representantes de 193 países com a 
finalidade de estabelecer novos consensos e rumos que 
assegurem a sustentabilidade do planeta: a Conferência 
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentá-
vel, também chamada de Rio+20. 
O documento final, intitulado O futuro que queremos, 
reafirmou compromissos e princípios das cúpulas ante-
riores, introduziu outros, mas não definiu os meios e as 
metas para sua implantação (figura 10). 
Um dos debates da rio+20, realizado com base 
em discussões feitas no interior da ONU e de algumas 
instituições, e há muito tempo incentivado pelo movi-
mento ambientalista, foi sobre a necessidade de novas 
formas de mensurar o progresso e a riqueza. para com-
plementar a medida usual fornecida pelo pIB (produto 
Interno Bruto), criou-se o Índice de Riqueza Inclusiva 
ou Inclusive Wealth Report (IWr, das iniciais em inglês), 
que considera não apenas a produção de riqueza, mas 
também o nível de educação e formação de mão de obra 
(capital humano) e a situação dos recursos naturais e 
as perdas ambientais (capital natural). 
O documento final da rio+20 manteve os princí-
pios acordados desde a rio-92, de responsabilidade 
comum dos países para implementação de ações de 
SITE
Rio+20 
www.onu.org.br/rio20/
1992-2012/
Apresenta as principais 
discussões realizadas 
na Rio+20.
Figura 10. A jovem neozelandesa de 17 anos Brittany trilford dis-
cursou aos chefes de Estado durante a abertura da rio+20. Em 
nome das crianças e dos adolescentes, ela disse: “De forma cora-
josa e ousada, façam o que é certo. Estou aqui hoje para lutar pelo 
meu futuro. Quero pedir que considerassem por que estão aqui”.
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Desenvolvimento 
sustentável – Que bicho 
é esse? 
De José Eli da Veiga 
e Lia Zatz. Autores 
Associados, 2008.
Procura respostas às 
questões ambientais da 
atualidade a partir da 
busca de evidências e da 
formulação de hipóteses. 
É possível baixar o livro 
no site disponível em: 
‹http://liazatz.com.br/site/
livros/desenvolvimento-
sustentavel-que-bicho-e-
esse/›. Acesso em: 
dez. 2015.
234 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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sustentabilidade, mas diferenciados: aos 
países ricos cabe o maior desembolso 
financeiro. Com relação à cartografia, a 
rio+20 reconheceu a importância da tec-
nologia espacial para a obtenção de infor-
mações geoespaciais precisas e que são 
essenciais para a fiscalização e formulação 
de projetos de desenvolvimento sustentá-
vel. Veja a figura 11 e leia o Entre aspas.
• economia verde
A economia verde, conceito desenvol-
vido pelo pNUMA em 2008, está centrada 
na melhoria do bem-estar social e deve ser 
estruturada na redução dos riscos ambien-
tais e de escassez dos recursos ecológicos. 
Deve estimular o crescimento da renda e 
do emprego – impulsionados por investi-
mentos públicos e privados –, a redução 
das emissões de carbono e outros poluen-
tes, a melhoria da eficiência energética e 
do uso dos recursos naturais. 
Seu objetivo é evitar a perda de biodi-
versidade e dos serviços ecossistêmicos. É 
um modelo de desenvolvimento que deve 
manter, melhorar e reconstituir o capital natural e torná-lo fonte de benefícios públi-
cos, especialmente para as pessoas pobres, cujos meios de subsistência e segurança 
dependem fortemente da natureza. 
Sobre o conceito de serviços ecossis-
têmicos, vale retomar com os estu-
dantes o tema sobre biodiversidade 
no Cap’tulo 8.
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Fonte: ONU.The road to dignity by 2030: ending poverty, transforming all lives and protecting 
the planet. p. 16. Disponível em: <www.pnud.org.br>. Acesso em: nov. 2015.
Figura 11. principais resoluções da rio+20
Prosperidade:
para o 
desenvolvimento
de uma economia
forte, inclusiva e
transformadora.
Parceria:
para catalisar a
solidariedade global,
visando ao
desenvolvimento
sustentável.
Planeta:
para proteger 
nossos ecossistemas 
para todas as 
sociedades e 
nossas crianças.
Pessoas:
para garantir
uma vida saudável,
conhecimento e a inclusão
de mulheres e crianças.
Dignidade:
para acabar com
a pobreza e lutar 
contra as 
desigualdades.
Justiça:
para a promoção de sociedades
seguras e pacíficas e
instituições fortes.
Desenvolvimento
Sustentável
Objetivos de Desenvolvimento Sustent‡vel (ODS)
Com base no que se constatou em termos da evolução e das análises dos 8 Objetivos de Desenvolvi‑ 
mento do Milênio, entre 2000 e 2015, a ONU definiu e lançou em setembro de 2015 os Objetivos de Desen‑
volvimento Sustentável (ODS), propondo outra agenda de ação até o ano de 2030. São 17 objetivos (veja a 
imagem) e 169 metas, que buscam estabelecer estratégias para: acabar com a fome e a pobreza; reduzir 
as desigualdades entre os países e dentro deles; promover a igualdade de gênero; proteger os ecossitemas 
naturais; tornar as cidades sustentáveis; promover o acesso à energia, ao saneamento, à justiça; entre outros.
235Capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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Apesar dos princípios éticos, sociais e ambientais dessa nova concepção econô-
mica, a efetivação de uma economia verde é bastante complexa e polêmica. trata-se de 
atribuir um valor monetário a cada serviço ecossistêmico, avaliar o custo de conservação 
e gerenciá-lo a partir de mecanismos econômicos próprios do mercado capitalista.
por um lado, a economia verde pode significar a construção de uma sociedade 
ambientalmente saudável, baseada na reconstituição e no uso adequado de recursos 
naturais, na ampliação de geração e consumo de energias limpas e renováveis, na 
reciclagem de resíduos, além de incluir as perdas ambientais na contabilidade da eco-
nomia. por outro, ela pode induzir a novas formas de exploração empresarial, como a 
privatização de serviços – por exemplo, o da água potável –, tornando-os mais caros e 
coibindo o seu consumo; pode abrir brechas a possíveis restrições comerciais aos pro-
dutos oriundos dos países em desenvolvimento – os que detêm a maior biodiversidade 
do planeta –, configurando-se, assim, como um pretexto para a ampliação dos negócios, 
para a criação de novas oportunidades de exploração econômica da natureza e para 
a abertura de novos investimentos, sob o disfarce da conservação dos ecossistemas.
Jovens e sustentabilidade
“A palavra sustentabilidade consolidou-se como 
ordem contra a degradação ambiental. Presente em 
discursos oficiais, em documentos das conferên-
cias internacionais, no ativismo ambientalista e na 
comunidade científica, ela tornou-se pública, porém 
parece que a tomada de consciência da situação 
de degradação ambiental, cada ano mais crítica, 
estagnou-se. A sustentabilidade está perdendo seu 
sentido, sua razão, o motivo pelo qual existe hoje. 
Está vagando em meio à lista das inúmeras palavras 
criadas para definir apenas uma coisa: DESENVOL-
VIMENTO SIM, A QUALQUER CUSTO NÃO!
A garantia de sustentabilidade do patrimônio natu-
ral, aliada a um desenvolvimento econômico social e 
pleno, supõe muitos desafios. Um deles, o maior eu 
diria, implica a negociação de regras universais de uso 
sustentável dos recursos naturais que quase sempre 
são ignoradas pela maioria poluidora. Esse desafio, 
além de exigir a adoção de uma posição de força, 
remete a um exame crítico da noção de necessidade 
e dos padrões de consumo atuais, o que envolve tam-
bém mudança de atitudes individuais. 
O crescimento econômico vem gerandomuitas 
repercussões sociais que foram ‘abafadas’ pela 
comodidade que ele proporciona. O que a susten-
tabilidade, proposta há muitos anos, valoriza é o 
benefício a todos, conduzindo a uma sociedade 
harmoniosa e equitativa, logo mais sustentável. 
Consumo e necessidades se confundem, não sabe-
mos mais se o que consumimos é essencial, ou 
se é essencial consumirmos. Não parece haver 
disposição da humanidade para uma vida mais 
moderada, a expansão de um modelo de consumo 
mundial reforça a pressão sobre os recursos natu-
rais, e nós ‘jovens de hoje’ e os ‘antigos jovens’ 
temos grande parcela de culpa nisso. Estamos 
muito longe de nos preocuparmos apenas com o 
‘comer’, o ‘vestir’ ou o ‘ter onde morar’; no âmago 
de cada um dos jovens está a vontade de consumir, 
estar na moda, usar a tecnologia, os prazeres que 
dela podemos aproveitar. [...]
Não podemos mudar o mundo, mas ao menos 
podemos tentar mudar o local em que vivemos; 
mobilizar é a palavra chave. Mais uma vez, o jovem 
tem a oportunidade: temos uma força incompará-
vel. [...] Temos a força para mudar e o que direcio-
nará o sentido da mudança, na minha opinião, é a 
esperança de um mundo melhor. [...]”
SILVA, Patrícia T. da. Jovens, sustentabilidade e aquecimento global. Agenda 21 & Juventude, ano 2, maio 2008. p. 15-16.
1. Segundo a autora, qual é o maior desafio para garantir o desenvolvimento sustentável?
2. Relacione esse desafio às convenções mundiais sobre o meio ambiente, patrocinadas pela ONU. Para isso, 
considere suas principais discussões, metas e conquistas.
3. Você concorda que os jovens têm o poder de mudar a realidade local? Explique. 
236 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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2 ONGS E MEIO AMBIENTE
Os movimentos ambientalistas surgiram principalmente a partir da década de 1960, 
junto com outros movimentos sociais importantes na época, como o movimento hippie, 
o estudantil, o feminista, o pacifista, entre outros. Embora com foco de atuação distintos, 
todos esses movimentos apontavam para o questionamento do sistema econômico 
capitalista e seu modelo de produção de mercadorias e da sociedade de consumo.
O movimento ecológico protestava contra a pesca predatória e as poluições química 
e industrial, que infesta rios e intoxica o ar das cidades. ONGs, como a WWF (iniciais de 
World Wildlife Fund, em inglês) ou Fundo Mundial para a Natureza, criada em 1961, 
e o greenpeace, criado uma década depois, tornaram-se referências mundiais na luta 
organizada pela conservação e pela recuperação do meio ambiente. Outras organizações 
importantes são a Conservação Internacional e organizações ambientalistas brasileiras, 
como o Instituto Socioambiental e a Fundação SOS Mata Atlântica. Veja a figura 12.
Muitas ONgs têm alvos ambientais específicos, como o combate à poluição, ao des-
matamento, ao tráfico de animais; outras apresentam uma linha de ação direcionada para 
a melhoria das condições sociais, inclusive de comunidades tradicionais, como povos 
indígenas, comunidades quilombolas e caiçaras. Atualmente, essas entidades desem-
penham papel de destaque na ampliação das discussões sobre questões ambientais e, 
em alguns casos, na mudança de postura de empresas, instituições, governos e pessoas.
relaÇÕes internacionais
A prática do desenvolvimento sustentável em escala global é um grande desafio 
para a comunidade internacional. Os interesses conflitantes dos países em relação 
a uma série de aspectos, tais como o prazo para a redução da emissão de gases 
tóxicos, a conservação de florestas tropicais e a origem dos recursos financeiros para 
proteção ambiental, são obstáculos à consolidação do desenvolvimento sustentável.
As dificuldades aumentam se considerarmos que o crescimento econômico acele-
rado de vários países do sudeste e do leste da Ásia – como China, Malásia, Indonésia 
e tailândia – apoia-se nos modelos de produção de riquezas e de consumo dos países 
desenvolvidos, sobretudo dos Estados Unidos. Exemplos disso são a expansão da 
indústria automobilística e a matriz energética baseada no petróleo e no carvão mineral.
Um dos méritos da Agenda 21 foi promover a participação do poder local – governo 
e sociedade do município, entidades de moradores de bairro, comunidades rurais, 
ONgs – no encaminhamento de soluções para os problemas ambientais e para a 
implementação de práticas de desenvolvimento sustentável.
SITES
WWF 
www.wwf.org.br
A WWF é uma ONG 
ambientalista que atua 
mundialmente desde a 
década de 1960. O site 
brasileiro traz notícias, 
publicações, informações 
sobre conservação 
ambiental, mudanças 
climáticas, desenvolvimento 
sustentável, povos 
indígenas, entre outros.
Greenpeace 
www.greenpeace.org/brasil
O Greenpeace é uma ONG 
cuja atuação está voltada 
para a defesa do meio 
ambiente e a paz. Suas 
manifestações de grande 
impacto costumam atrair 
a atenção da mídia. O site 
apresenta notícias, fotos, 
vídeos e relatórios sobre 
temas ligados ao meio 
ambiente.
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Figura 12. Fundação SOS Mata 
Atlântica realiza protesto conta 
projeto de lei que regulariza o des-
matamento e diminui as Áreas de 
preservação permanente (Apps), 
em frente à Assembleia Legisla-
tiva de São paulo (Sp), 2014. 
237capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 237 5/7/16 1:30 PM
A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Susten-
tável (Rio+10) reafirmou esse propósito, recuperando 
o slogan amplamente divulgado após a Rio-92: “Pensar 
globalmente, agir localmente”. É um alerta de que a 
conquista da qualidade ambiental do planeta depende, 
em boa medida, da soma de ações localizadas, as quais 
procuram evitar que a agressão ao ambiente continue 
com intensidade e ritmo avassaladores.
É preciso considerar, por exemplo, que a chuva 
ácida produzida em várias cidades da Alemanha afeta 
as florestas norueguesas; que a destruição de florestas 
na Índia contribui para a ocorrência de enchentes em 
Bangladesh; que o desmatamento da Floresta Amazô-
nica prejudica o sistema de chuvas em outras regiões 
do Brasil e da América; que o lançamento de dióxido de 
carbono pelos automóveis amplia o efeito estufa global; 
que a inexistência de sistema de tratamento de esgotos, 
em algumas cidades, polui vários rios de uma bacia 
hidrográfica; que, no início do século XXI, cerca de 500 
milhões de pessoas na África ainda dependem da lenha 
como fonte energética e que esse uso é um dos fatores 
que provocam a expansão da desertificação em toda a 
região do Sahel (figura 13). Esses são alguns exemplos 
de problemas ambientais (que serão mais detalhados no 
Capítulo 13) que, apesar de terem origem local, alcan-
çam dimensão regional, nacional e até mesmo global.
Pode ser feito com os estudantes um levantamento de medidas e ações ambientalmente corretas e que, de acordo com o 
conceito de desenvolvimento sustentável, poderiam ser implantadas nos hábitos cotidianos de cada um, inclusive na escola.
História
Preocupação com o meio ambiente
Atualmente convivemos com notícias e discus-
sões sobre a questão ambiental e seus reflexos 
no planeta e na qualidade de vida das pessoas. 
Como você viu, a ação da sociedade no ambiente se 
intensificou a partir da Revolução Industrial, mas a 
consciência da gravidade dos problemas ambientais 
só teve maior relevância a partir dos anos 1960.
Trabalhos científicos, conferências internacio-
nais, a ação de ONGs e a produção de obras de arte 
sobre essa temática são exemplos da relevância 
que a questão ambiental adquiriu nos dias atuais. 
Mas será que essa preocupação não existia antes? 
Desde quando havia pessoas se preocupando e 
denunciando a devastação ambiental no Brasil? 
Observe a obra abaixo e responda às questões.
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Figura 13. Crianças recolhem lenha para usarcomo fonte de 
energia em suas casas, no Sudão do Sul, 2011.
1. Descreva os principais elementos observados 
nesta obra. 
2. Qual teria sido a intenção do artista ao retratar 
essa paisagem? 
Vista de um mato virgem que se está reduzindo a carvão 
(1843), óleo sobre tela do artista francês Felix-Émile Taunay 
(1795-1881), membro do Instituto Histórico e Geográfico 
Brasileiro, criado na primeira metade do século XIX com 
o objetivo de publicar e arquivar documentos históricos e 
geográficos do Brasil.
238 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente
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Redução da mortalidade de crianças com menos de 5 anos
Observe o mapa a seguir, que mostra os agrupamentos regionais do mundo utilizados pela ONU em 
suas análises socioambientais.
OCEANO
PACÍFICO
CÍRCULO POLAR ÁRTICO
CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
TRÓPICO DE CÂNCER
EQUADOR
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OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
ÁRTICO
OCEANO GLACIAL
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO
ÍNDICO
0°
0°
Regiões desenvolvidas
Norte da África
África Subsaariana
Sudeste Asiático
Ásia Oriental
Ásia Meridional
Ásia Ocidental
Cáucaso e Ásia Central
Oceania
América Latina
e Caribe
N
0 3.150 km
Fonte: ONU. Relatório Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. p. 71. Disponível em: <www.un.org>. 
Acesso em: nov. 2015.
Mundo: agrupamentos regionais - 2015
Considerando que um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) tinha como meta reduzir 
em 2/3 a taxa de mortalidade de menores de 5 anos, no período de 1990 a 2015, analise os dados da 
tabela e faça o que se pede.
taxa de mortalidade de menores de 5 anos 
(mortes por mil nascidos vivos) – 1990 e 2015
regiões do mundo 1990
Meta 
para 2015
projeção 
para 2015 
África Subsaariana 179 86
Ásia Meridional 126 50
Oceania 74 51
Cáucaso e Ásia Central 73 33
Sudeste Asiático 71 27
Ásia Ocidental 65 23
Norte da África 73 24
América Latina e Caribe 54 17
Ásia Oriental 53 11
Regiões desenvolvidas 15 6
Regiões em desenvolvimento 100 47
Fonte: ONU. Relatório Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. p. 32. 
Disponível em: <www.un.org>. Acesso em: nov. 2015.
1. Calcule as metas aproximadas 
dos ODM relativas à taxa de 
mortalidade de menores de 5 
anos para 2015, com base nos 
dados de 1990, e preencha a 
segunda coluna da tabela no 
caderno. 
2. Elabore um gráfico de barras 
com os três dados apresentados 
na tabela, agrupados de acordo 
com as regiões correspondentes. 
Dê um título ao gráfico e indique 
a fonte dos dados.
3. Com base no gráfico que você 
fez, analise a situação das regi-
ões quanto ao cumprimento das 
metas dos ODM.
Para a construção do gráfico na atividade 2, que poderá ser, preferencial-
mente, de barras ou colunas, integre conhecimentos de Matemática.
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239capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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A produção de alimentos ao longo do tempo
O cartunista holandês Willem Rasing (1954-) fez uma paródia (imagem 2) de uma das mais famosas 
obras de seu conterrâneo do século XVI Pieter Brueghel (1525-1569) (imagem 1).
Banquete nupcial (1568), óleo sobre madeira de pieter Brueghel.
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paródia da obra de Brueghel, feita pelo cartunista holandês Willem rasing.
¥ Comente a paródia (imagem 2) relacionando-a com temas abordados no capítulo.
Vale comentar com os estudantes que na obra Banquete nupcial, Pieter Brueghel buscou reproduzir a realidade das pequenas aldeias 
holandesas que ainda conservavam a cultura medieval. Ao trabalhar a leitura dessa imagem, é importante que os estudantes sejam 
orientados a acionar 
seus conhecimentos de 
História sobre os modos 
de vida desse período, 
como as festas (no 
caso, um banquete). 
A atividade também 
possibilita um trabalho 
interessante com Arte. 
Brueghel foi fortemente 
influenciado pelo pintor 
renascentista alemão 
Hieronymus Bosch 
(1450-1516). Na obra 
reproduzida, observam-
-se aspectos do Renas-
cimento, como a ilusão 
de profundidade.
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240 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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1. Analise a importância das relações internacionais 
para o encaminhamento de soluções dos problemas 
ambientais.
2. A partir da leitura do texto e do cartum, responda 
às questões.
 “Nós, os Chefes de Estado e de Governo e repre-
sentantes de alto nível, reunidos no Rio de Janeiro 
(Brasil) de 20 a 22 de junho de 2012, com a plena 
participação da sociedade civil, renovamos nosso 
compromisso com o desenvolvimento sustentável e 
da promoção do futuro econômico, social e ambien-
talmente sustentável para o nosso planeta e para o 
presente e o futuro.”
Preâmbulo do documento O futuro que queremos.
Rio de Janeiro, 22 jun. 2012.
BENETT. Disponível em:
<https://chargesbenett.wordpress.com>. Acesso em: nov. 2015.
a) O que eles têm em comum?
b) Aponte o trecho em que o texto contradiz o cartum.
3. Analise as duas declarações a seguir.
 “Sou a favor da precificação dos recursos naturais. 
Enquanto tivermos água barata, por exemplo, vamos 
consumir mais. Devemos nos preocupar com o pro-
duto líquido, quer dizer, o quanto que de capital natu-
ral perdemos para gerar uma determinada produção. 
Era isso que deveríamos estar medindo.”
Ronaldo Seroa da Motta, pesquisador do Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (Ipea) e professor de Economia Ambiental 
do Ibmec-RJ. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/15766>. 
Acesso em: nov. 2015.
 “Continuar com o ‘business as usual’ e tentar ‘esver-
dear’ setores que utilizam mal os recursos natu-
rais, como o setor automobilístico, de petróleo 
e a agroindústria, não é uma opção. A economia 
global terá de se reinventar, pois já não basta gerar 
empregos, pagar impostos e criar produtos e servi-
ços. A nova economia terá de prover bem-estar às 
pessoas, para que o futuro não seja espartano por 
causa dos limites do planeta.”
Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento 
de Economia da FEA/USP. Folha de S.Paulo, 8 jun. 2012, p. C9.
 As duas declarações fazem referência a uma das 
importantes discussões da Rio+20.
a) Qual é o tema dessa discussão?
b) Em que as duas posições se diferenciam em rela-
ção a esse tema?
Business as usual
No texto, signifi ca a manutenção dos negócios atuais e a valorização dos 
setores econômicos tradicionais.
Faça no 
caderno
• (Enem 2009) No presente, observa-se crescente 
atenção aos efeitos da atividade humana, em diferen-
tes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, 
nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, 
a referência à sustentabilidade como princípio orien-
tador de ações e propostas que deles emanam. 
 A sustentabilidade explica-se pela 
a) incapacidade de se manter uma atividade eco-
nômica ao longo do tempo sem causar danos ao 
meio ambiente. 
b) incompatibilidade entre crescimento econômico 
acelerado e preservação de recursos naturais e 
de fontes não renováveis de energia. 
c) interação de todas as dimensões do bem-estar 
humano com o crescimento econômico, sem a pre-
ocupação com a conservação dos recursos naturais 
que estivera presente desde a Antiguidade. 
d) proteção da biodiversidade em face das ameaças 
de destruição que sofrem as florestas tropicais 
devido ao avanço de atividades como a minera-
ção, a monocultura, o tráfico de madeira e de 
espécies selvagens. 
e) necessidade de se satisfazer as demandas atuais 
colocadas pelo desenvolvimento sem comprome-
ter a capacidade de as gerações futuras aten-
derem suas próprias necessidades nos campos 
econômico, social e ambiental. 
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241capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável
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Problemas ambienTais 
De Dimensão Global13
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Alguns problemas ambientais
Observe as imagens.
1. As imagens representam os efeitos de dois importantes problemas ambientais do mundo contemporâneo. 
Identifique-os. 
2. Escreva o que você sabe sobre eles. 
Derretimento da geleira Hubbard, 
no Alasca (Estados unidos), 2014.
Escultura de imagem 
religiosa em porta de igreja, 
com fortes sinais de erosão, 
grécia, 2015.
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242 unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente
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1 Problemas ambienTais 
e seus imPacTos no PlaneTa
Diversas são as questões ambientais cujas consequências ultrapassam as fron-
teiras dos países onde são originadas, ganhando dimensões regionais e até globais. 
Entre os problemas ambientais que atingem todo o planeta, estão os relacionados à 
emissão de gases que alteram a composição natural da atmosfera. 
A partir da revolução industrial4, a emissão de grande quantidade de compostos 
tóxicos que reagem com os gases da atmosfera trouxe consequências que impactam 
negativamente a vida do planeta e a humanidade, tornando a poluição do ar uma 
questão de dimensão mundial. pela primeira vez na história, os seres humanos estão 
modificando o equilíbrio ecológico no mundo inteiro, e não apenas em determinada 
região. Veja a figura 1.
Como essas consequências estão relacionadas à interferência dos seres humanos 
no ambiente, a solução ou a diminuição da devastação ambiental dependem da ação 
conjunta das sociedades e do poder público em todo o mundo. 
cHuVa ÁciDa
Chuva ácida é a precipitação de água – na forma de chuva, neblina ou neve – 
com acidez maior que a das precipitações normais. É a consequência mais imediata 
do uso de combustíveis fósseis no processo industrial e do lançamento de gases 
poluentes na atmosfera.
A chuva ácida ocorre quando há o lançamento de gases poluentes em grandes 
quantidades na atmosfera e de forma concentrada, sobretudo em áreas industriais. 
No entanto, por conta das correntes atmosféricas, essas precipitações podem ocorrer 
a centenas de quilômetros do local onde os poluentes foram emitidos.
A água pura possui pH 7,0, mas, na atmosfera, ao reagir com o dióxido de carbono (CO
2
), 
forma o ácido carbônico (H
2
CO
3
), que faz com que seu pH se estabilize em torno de 5,6. 
toda chuva contém certo grau de acidez (menor pH), que não é prejudicial ao ambiente. 
4 Como você viu no Capítulo 12, a Revolução Industrial promoveu a produção em massa e a utilização de fontes de 
energia altamente poluidoras: inicialmente o carvão mineral e, posteriormente, o petróleo.
lEitura
meio ambiente: guia 
prático e didático
De Paulo Roberto Barsano 
e Rildo Pereira Barbosa. 
Érica, 2013.
Um guia que discute 
diversos temas 
relacionados ao meio 
ambiente, como poluição, 
desmatamento, extinção 
de espécies, normas 
brasileiras e mundiais de 
regulamentação, coleta 
seletiva e reaproveitamento 
de materiais.
Figura 1. Área da Floresta Ama-
zônica desmatada, em Novo 
progresso (pA), 2015. O intenso 
desmatamento das áreas de 
vegetação interfere no clima nas 
escalas local e global.
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243capítulo 13 – Problemas ambientais de dimensão global
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Essa acidez é resultante tanto de fenômenos naturais, como erupções vulcânicas e 
processos microbiológicos, quanto de ações humanas, como o CO
2
 emitido por automóveis 
e indústrias. Veja a figura 2 e leia o Entre aspas.
O pH das soluções é aproximado.
Fonte: Mundo Educação. Disponível em: <www.mundoeducacao.com>. Acesso em: set. 2015. 
Figura 2. Escala de pH
0,1
Ácido 
clorídrico
2,0
Limão
4,5
Tomate
6,4
Leite
8,5
Ovo
10,0
Sabonete
12,6
Alvejante
10,5
Leite de
magnésia
11,6
Amônia
13,0
Água
sanitária
5,6
Água 
de chuva
7,0
Água de 
torneira
9,0
Soda
cáustica
2,4
Vinagre
0,8
Ácido 
sulfúrico
da bateria de
automóveis
0 1 2 3 4 5
igual a 7
NeutroÁcido Alcalino
abaixo de 7 acima de 7
6 7 8 9 10 11 12 13 14
Quando a água da chuva reage com o dióxido de enxofre (SO
2
) e o dióxido de 
nitrogênio (NO
2
), gases resultantes principalmente da combustão do carvão mineral, 
do petróleo e de seus derivados, ela se torna excessivamente ácida e perigosa, com 
pH menor que 5,5. 
A reação da água com o dióxido de enxofre pode formar o ácido sulfuroso (H
2
SO
3
) 
e com o nitrogênio, o ácido nitroso (HNO
2
). Esses gases são absorvidos pelas gotas 
de chuva, precipitando sob a forma de chuva ácida.
A maior acidez ocorre com a combinação da água com trióxido de enxofre (SO
3
) 
ou dióxido de nitrogênio (NO
2
), cuja reação forma, respectivamente, o ácido sulfúrico 
(H
2
SO
4
) e o ácido nítrico (HNO
3
). Veja a figura 3.
Fonte: elaborado pelos autores.
Figura 3. Esquema de chuva ácida de maior acidez
H2O
NO2
Dióxido 
de nitrogênio
SO3
Trióxido 
de enxofre
Ácido sulfúricoH2SO4
Ácido nítricoHNO3
Entenda o que Ž o pH
O pH é uma medida do 
grau de acidez ou de alcalini-
dade de uma substância. Para 
medi-lo, utiliza-se uma escala 
que vai de 0 – pH mais ácido 
– até 14 – pH mais alcalino ou 
básico. Na escala 7 encontra-
-se o pH neutro, caracterizado 
pela água pura.
Embora algumas subs-
tâncias ácidas sejam inofensi-
vas, de modo geral os ácidos 
são corrosivos e tóxicos, como 
o ácido clorídrico. Da mesma 
forma, existem substâncias 
básicas ou alcalinas que tam-
bém são corrosivas e tóxicas, 
como o alvejante, de 
pH superior a 11.
É possível desenvolver uma atividade 
conjunta com Química sobre o con-
ceito de pH e a acidez da água da 
chuva. O professor dessa disciplina 
poderá auxiliar com a demonstração 
do balanceamento das equações for-
madoras dos ácidos componentes da 
chuva ácida, assim como de algumas 
soluções utilizadas no cotidiano.
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244 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente
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• Principais consequências
A chuva ácida causa a destruição da vida vegetal e animal em lagos e rios, pre-
juízos à vegetação natural e a plantações, contaminação de lençóis freáticos, além 
de ser prejudicial à saúde humana, pois a corrosão do solo libera metais pesados, 
como chumbo, mercúrio, cobre e outros, que podem causar disfunções do sistema 
nervoso e aumento da incidência de câncer. Esses metais podem contaminar águas 
subterrâneas ou superficiais, afetando espécies aquáticas que fazem parte da cadeia 
alimentar e que podem ser consumidas pelo ser humano.
paredes de edifícios, veículos, estátuas e monumentos históricos, artísticos e 
arquitetônicos também são degradados pela chuva ácida. Em diversas cidades do 
mundo, esculturas a céu aberto são substituídas por réplicas para impedir a dete-
rioração das obras originais.
Os locais mais afetados pela chuva ácida são a Europa, a América do Norte e o 
Japão, em áreas de grande concentração industrial. Na Europa Oriental, cuja matriz 
energética é baseada no uso do carvão (linhita) em usinas termelétricas, diversas 
regiões são afetadas pela acidez das chuvas.
Nas últimas décadas, a China e a Índia têm apresentado esse e outros problemas 
decorrentes da poluição atmosférica, em escala acelerada, em diversas áreas de seus 
territórios, em razão da rápida e intensa industrialização.
No Brasil, a chuva ácida atinge com mais intensidade os grandes centros indus-
triais, como o município de Cubatão, em São paulo (figura 4), a zona metalúrgica de 
Minas gerais e as zonas carboníferas do litoral sul de Santa Catarina.
DEstruição Da camaDa DE ozônio
O gás CFC (clorofluorcarboneto) é considerado o grande responsável por outro 
problema de degradação do ambiente em escala global: a destruição da camada 
deozônio. Esse gás era largamente utilizado em geladeiras, aparelhos de ar condi-
cionado, espumas para assentos de automóveis, materiais isolantes de construção e 
solventes para limpeza de componentes eletrônicos. Até o fim da década de 1980, 
era também bastante utilizado como propelente de aerossóis, mas hoje seu uso para 
esse fim está praticamente eliminado.
A utilização do CFC não causa problemas ao ambiente, pois não é tóxico. Entretanto, 
ao atingir altitudes entre 10 km e 40 km – faixa de concentração de 90% do ozônio 
da atmosfera –, os átomos de cloro fixam-se às moléculas de ozônio, destruindo-as. 
Propelente 
Substância utilizada para 
mover (fazer a propulsão de) 
qualquer material sólido, líquido 
ou gasoso. O CFC era o principal 
propelente de produtos com 
sprays.
Aerossol 
É a dispersão de partícula em 
suspensão na atmosfera.
Figura 4. Folha atingida por chuva 
ácida em Cubatão (Sp), 2015. 
O fenômeno ocorreu por causa 
da ruptura da tubulação de uma 
empresa do polo industrial da 
cidade, que provocou vazamento 
tóxico de gás dióxido de enxo-
fre (SO
2
) na atmosfera. Além de 
provocar chuva ácida, o gás se 
espalhou pelo entorno e causou 
problemas respiratórios nos habi-
tantes da região.
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245Capítulo 13 – Problemas ambientais de dimensão global
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A camada de ozônio tem papel importantíssimo para 
a vida na Terra, pois retém os raios ultravioleta emitidos 
pelo Sol. A diminuição da densidade da camada de ozô-
nio leva a uma maior incidência desses raios na Terra, ao 
consequente aumento dos casos de câncer de pele e de 
catarata (doença nos olhos) e ao enfraquecimento das 
defesas imunológicas, além de alterações na reprodução 
das plantas e morte dos fitoplânctons (base da cadeia 
alimentar dos oceanos).
Para conter o problema, em 1989 entrou em vigor 
o Protocolo de Montreal, aderido por representantes 
de cerca de 190 países. Esse tratado estabeleceu o fim 
da produção de qualquer artigo nocivo às moléculas de 
ozônio e tinha como meta sua eliminação total até 2010. 
Embora essa meta não tenha sido atingida, o Protocolo de Montreal foi essencial. 
Pesquisadores britânicos estimam que os buracos na camada de ozônio poderiam ter 
aumentado em até 40% até 2013 caso o tratado não tivesse sido feito.
Atualmente os produtos à base de CFC foram praticamente banidos do mercado. Isso 
foi possível graças a alternativas criadas para substituir as substâncias destruidoras do 
ozônio. É o caso do hidrofluorcarboneto (HFC), que não tem cloro nem bromo, substân-
cias que agridem o ozônio presente na atmosfera. No entanto, o HFC é um gás do efeito 
estufa muito mais potente que o gás carbônico e o metano, representando, portanto, a 
substituição de um problema ambiental por outro. Veja a figura 5 e leia o Entre aspas.
Figura 5. Intensificação do efeito estufa
Dióxido de carbono 
liberado pela aeronave
Fábricas 
liberam 
dióxido 
de carbono
Queimadas nas 
florestas liberam 
dióxido de carbono
O vapor liberado 
pela evaporação dos 
oceanos e dos demais 
corpos-d’água, além da 
evapotranspiração 
das florestas, é 
um importante 
controlador da 
temperatura 
atmosférica
Queima de combustíveis 
e emissão de gases pelos 
veículos automotores
1. A radiação 
solar penetra 
a atmosfera, 
aquecendo o 
planeta.
2. Parte 
desse calor é 
refletida pelas 
nuvens e pela 
superfície 
terrestre, 
retornando 
ao espaço.
3. Outra parte 
é refletida 
de volta para 
a superfície 
pelos gases do 
efeito estufa, 
aumentando 
o calor na 
superfície.
ATM
OSF
ERA
A diminuição da camada de ozônio está ocorrendo mais intensamente sobre 
algumas regiões de Clima Temperado do Hemisfério Norte, a região do Ártico 
e, principalmente, a Antártida (figura 6, na página seguinte). Embora esse 
buraco não esteja mais se expandindo, sua recuperação total ainda está distante. 
A
LE
X
 A
R
G
O
Z
IN
O
Efeito estufa
É um fenômeno natural, essencial para a existência e a manu-
tenção da vida no planeta. O vapor d’água e os gases presentes na 
atmosfera retêm parte da radiação solar incidente, mantendo o planeta 
em uma temperatura adequada. As atividades humanas, porém, emi-
tem gases de efeito estufa em grandes quantidades, potencializando 
esse fenômeno e tornando-o prejudicial à vida. 
Os principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO
2
), 
o metano (CH
4
) e o dióxido de nitrogênio (NO
2
), que absorvem parte da 
radiação infravermelha irradiada pela superfície terrestre, 
retendo-a na atmosfera.
Fonte: elaborado com base em IBGE 
Teen. O efeito estufa e a vida na Terra. 
Disponível em: <teen.ibge.gov.br>. 
Acesso em: nov. 2015.
Alguns vídeos da internet mostram 
de forma concreta e realista o buraco 
na camada de ozônio. Veja a figura 
6, na página seguinte. Entre as 
diversas opções, sugerimos um breve 
vídeo da Agência de Administração 
Oceânica e Atmosférica (NOAA), 
dos Estados Unidos, disponível 
em: <www.noaanews.noaa.gov/
stories2011/20110216_ozone.
html>, em que se pode observar a 
dinâmica dessa camada ao longo 
de alguns anos, sendo o ano de 
2009, no recorte apresentado, o 
mais crítico. Nesse vídeo, as áreas 
em vermelho representam a menor 
quantidade de ozônio. 
Em outro vídeo, disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=7QGD-
KiqKdE>, o meteorologista britânico 
Jonathan Shanklin (1953-), um dos 
descobridores do buraco da camada 
de ozônio, revela a importância 
dessa descoberta e de tratados 
internacionais para a solução do 
problema. O vídeo, em inglês, pode 
ser apresentado aos estudantes em 
uma atividade interdisciplinar com 
Língua Inglesa. Sites acessados em: 
nov. 2015.
246 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente
TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 246 5/12/16 3:14 PM
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 
variações do ozônio presente na atmosfera deverão ocorrer com 
relativa frequência, pois, mesmo com a eliminação total do uso 
de CFC, esse gás permanecerá na atmosfera por longo período – 
estima-se que mais de 50 anos. 
aquEcimEnto global
A terra está mais quente, e esse aquecimento deve-se principal-
mente às atividades humanas. Essa é a conclusão do Painel Intergo-
vernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em 
seu relatório de 2007, o que vem se confirmando. Como você viu na 
abertura deste capítulo, ao longo das últimas décadas, a temperatura 
média do planeta vem aumentando a cada ano. leia o Entre aspas. 
Em 2014, por exemplo, foram registradas as maiores temperaturas 
da história até então e, no século xxi, sucessivos recordes têm sido 
superados (figura 7). 
Figura 7. Homem mostra traços das consequências da seca, como vegetação 
queimada e esqueletos de animais, em Mandera (Quênia), 2011. uma seca de 
graves consequências atingiu todo o leste africano entre meados de 2011 e 2012. 
Considerada a pior seca dos últimos 60 anos, causou prejuízos financeiros e para 
a saúde e a vida de milhares de pessoas.
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) 
Criado em 1988 para estudar a influência das ações humanas sobre o meio 
ambiente, o IPCC é composto por cientistas de diversos países. Está ligado à Orga-
nização Meteorológica Mundial (OMM) e ao Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente (Pnuma).
O IPCC avalia regularmente as mudanças climáticas no mundo. Seus técnicos já 
publicaram diversos relatórios a respeito, destacando evidências científicas de que as 
mudanças climáticas são ocasionadas pela ação humana; as consequências dessas 
mudanças para o meio ambiente e a saúde das pessoas; e as maneiras de 
combate às mudanças do clima.
Para contextualizar o tema ou complementá-lo, indi-
camos o vídeo “Mudanças climáticas”, produzido 
pelo CPTEC/Inpe, disponível em: <www.youtube.com/
watch?v=ssvFqYSlMho>. Acesso em: set. 2015.
N
A
S
A
Fonte: Nasa. Disponível em: <http://ozonewatch.gsfc.
nasa.gov>. Acesso em: set. 2015.
Nessa escala, quanto menos

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