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Na economia capitalista, o crescimento depende do aumento da produção e do consumo de mercado- rias e serviços. Isso leva à ampliação constante, e em escala cada vez maior, da transformação do espaço, da geração de energia, da exploração de recursos naturais e da produção de resíduos. O grande desafio do mundo atual é encontrar caminhos alternativos que conciliem expansão econômica com conserva- ção ambiental e diminuição da desigualdade social. Nesta unidade você vai explorar os processos histó- ricos que moldaram os atuais padrões de produção e de consumo e os problemas socioambientais decorrentes. Verá de que forma as instituições internacionais e os governos têm agido e vai conhecer os tratados e os acor- dos entre países que visam regulamentar e estabelecer objetivos para a questão ambiental. Vai, ainda, explorar de que forma o Brasil trata a questão socioambiental e conhecer os domínios morfoclimáticos brasileiros. Manifestantes protestam contra o aquecimento global na Cidade do México, 2015. O protesto aconteceu na semana em que representantes de 140 países se reuniam em Paris, na COP 21, no intuito de chegar a um consenso sobre como lidar com as mudanças climáticas observadas atualmente. M A r C O U g A r t E /A p p h O t O /g L O W I M A g E S NATUREZA, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE U n idade 5 222 TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 222 5/7/16 1:30 PM QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 12 c a pÍ tUlo Ciclo perverso Observe as imagens. Pode ser interessante complementar o tema abordado apresentando aos estudantes o documentário E-wasteland, de David Fedele, lançado em 2012. Com duração de 20 minutos, sem narração e mostrando apenas imagens, o filme denuncia a reali- dade vivida pelos moradores da favela Agbogbloshie, em Gana, para onde são levadas anualmente toneladas de lixo eletrônico consumido nos países desenvolvidos. O documentário está disponível em: <www.e-wastelandfilm.com>. Acesso em: nov. 2015. 1. Quais são as etapas do ciclo de vida de um produto? Quais estão evidenciadas nas imagens? 2. Onde ocorre o maior consumo de produtos eletrônicos? 3. O que as situações acima expressam a respeito da sociedade em que vivemos? Consumidores acampam em rua de Londres (reino Unido), em 18 de setembro de 2014, em frente a uma loja de eletrônicos, à espera do lançamento de novo modelo de smartphone, que ocorreria no dia seguinte. Quando um novo modelo de smart- phone é lançado no mercado, algumas pessoas costumam fazer fila para comprá-lo e acabam inutilizando ou descartando seu aparelho antigo. Estima-se que, anualmente, em todo o mundo são produzidas cerca de 50 milhões de toneladas de lixo ele- trônico, a maior parte nos países desenvolvidos. Cerca de 80% do lixo eletrônico dos países desenvolvidos são levados para países pobres, como gana, na África. Lá, adultos e crianças trabalham diariamente separando materiais recicláveis do lixo eletrônico. O manuseio e a queima desse lixo liberam substâncias tóxicas, nocivas às pessoas e também ao ambiente. Na imagem, Agbogbloshie, uma área de despejo de lixo eletrô- nico em Accra (gana), 2015. EM BAIXA M At t h E W C h At t LE /A LA M y S t O C k p h O t O /F O t O A r E N A p E r -A N D E r S p E t t E r S S O N /C O r B IS /F O t O A r E N A grande parte dos metais que podem ser recicla- dos, como cobre, alumínio e bronze, são transformados nas indústrias multinacionais e retor- nam ao mercado como produ- tos a serem consumidos pela sociedade, sobretudo nos países mais ricos. 223capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 223 5/7/16 1:30 PM 1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: UM MARCO NA QUESTÃO AMBIENTAL No mundo contemporâneo, as questões ambientais não são novidade, mas é relativamente recente a formação de uma consciência mundial da gravidade dos problemas decorrentes da degradação ambiental e da necessidade de buscar solu- ções sustentáveis e que envolvam toda a sociedade. O maior impacto das atividades humanas sobre o espaço teve início nos últimos 270 anos, a partir da Revolução Industrial, que paulatinamente promoveu a produção em massa de mercadorias e o aumento da exploração de fontes de energia não reno- váveis e altamente poluentes, como o carvão e, posteriormente, o petróleo (figura 1). A consolidação da produção industrial intensificou o consumo de matérias-primas, retiradas do solo, do subsolo, dos mares, dos rios e das florestas, e a geração de resíduos. As conquistas tecnológicas desse período propiciaram também a Revolução Agrícola, objetivando abastecer uma população crescente que se aglomerava, cada vez mais, nas áreas urbanas. As transformações agrícolas modificaram radicalmente diversos ecossistemas da terra, transformando-se em áreas de cultivo e de criação de animais. hoje, a agricultura consome a maior parte da água doce do planeta (reveja no Capítulo 10) com a irrigação, ocupa extensas áreas, avança sobre paisagens naturais remanescentes e utiliza grande quantidade de agrotóxico, poluindo o solo, o lençol freático e as águas superficiais (figura 2). Figuras 1 e 2. À esquerda, congestionamento de automóveis sob uma intensa camada de poluentes na atmosfera, em Jinan (China), 2015. À direita, placa alerta para solo contaminado por pesticidas em plantação de tabaco, na Carolina do Norte (Estados Unidos), 2014. As consequências negativas da ação humana no espaço, intensificadas com a revolução Industrial, são observadas tanto nas cidades como no campo. Atualmente, mais da metade da população mundial habita as áreas urbanas. A cidade é a expressão mais complexa da ação humana. Está em constante transformação, materializando, de maneira exemplar, a capacidade humana de alterar o espaço natural. No entanto, o crescimento desenfreado trouxe consequências negativas. Nas grandes cidades, os problemas socioambientais manifestam-se com mais gravidade e atingem diretamente a população em seu cotidiano. São exemplos: o aumento da desigualdade social e da violência; a poluição atmosférica; as enchentes, a insuficiência de recursos hídricos; a ocupação das áreas de mananciais, comprometendo a qualidade do fornecimento de água à população; a precariedade ou a falta de saneamento básico; o acúmulo de lixo e a escassez de áreas verdes. Leia o Entre aspas na página seguinte. FilMe A última hora De Leila Conners Petersene e Nadia Conners. Estados Unidos, 2007. 95 min. Muitos são os problemas ambientais decorrentes da ação humana. Mas há alternativas para eles. Dezenas de renomados cientistas, pensadores e líderes discutem essas questões neste documentário. C h IN A F O t O p r E S S V IA g E t t y I M A g E S A N D r E W L IC h t E N S t E IN /C O r B IS /F O t O A r E N A 224 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 224 5/7/16 1:30 PM Mobilidade urbana a favor do meio ambiente Ao pensar em uma grande cidade, uma das imagens que nos vêm à cabeça é o trânsito carregado de automóveis particulares. O que poderia ser o retrato de sucesso e dinamismo econômico é também sinônimo de degradação ambiental e da qualidade de vida. Os gases emitidos pelos automóveis são um dos principais responsáveis pela poluição atmosférica e pelo aquecimento global. A qualidade de vida da população também é prejudicada pela poluição sonora, pelo estresse e pelas horas perdidas nos imensos congestionamentos urbanos. Mas essa imagem tão tipicamente urbana vem dando espaço a outras paisagens. Em algumas das maiores cidades do mundo, o transporte individual e motorizado vem paulatinamente sendo substituído por soluções menos ou nada poluentes – além de mais baratas e democráticas –, como o transporte coletivo e a bicicleta. Ciclistas utilizam ciclovia ao lado de bonde em Estrasburgo (França), 2015. As cidades dos paísesem desenvolvimento são as mais vulneráveis, pois con- centram situações de extrema pobreza e maiores desigualdades sociais. Além disso, os recursos públicos nesses países são insuficientes para a criação de infraestrutura adequada ao atendimento da população. Observe o mapa (figura 3). Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS). Disponível em: <gamapserver.who.int>. Acesso em: mar. 2016. Figura 3. Mundo: proporção da população com acesso ao saneamento básico – 2015 OCEANO PACÍFICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR M E R ID IA N O D E G R E E N W IC H OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO ÁRTICO OCEANO GLACIAL OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO ÍNDICO 0° 0°Sem dados Menos de 50 % da população total De 50 a 75 De 76 a 90 Mais de 90 N 0 2.520 km JE A N I S E N M A N N /O N Ly F r A N C E /A F p D A C O S t A M A p A S leitUra Sustentabilidade planetária, onde eu entro nisso? De Fábio Feldmann. Terra virgem, 2011. O autor delineia um panorama dos desafios socioambientais que a humanidade precisa enfrentar em um futuro próximo. O livro oferece um conjunto amplo de ilustrações, gráficos e fotografias. 225capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 225 5/7/16 1:30 PM sociedade de consUMo No último século o desenvolvimento tecnológico acarretou um crescimento sem precedentes da pro- dução e a formação de uma sociedade fortemente estimulada ao consumo, que passou a exercer papel fundamental nas relações sociais. Vivemos em uma sociedade marcada pela desi- gualdade e na qual possuir determinados bens é uma demonstração de sucesso. A própria concepção de desenvolvimento econômico de um país está associada à capacidade de produzir e consumir bens materiais e outros serviços. para estimular a produção, o mercado cria hábitos e necessidades, reduz a vida útil dos produtos e multiplica as opções de mercadorias e embalagens descartáveis, estimulando a sociedade de consumo. Na fase atual, essa “lógica de mercado” apoia-se no desenvolvimento tecnológico incessante: novos produtos são criados ou a eles são acrescentados novos recursos, tornando a mercadoria obsoleta em um período cada vez mais curto (obsolescência planejada ou programada). As pessoas são estimuladas pelos meios de comunicação a consumir cada vez mais. As mensagens publicitárias, além de enaltecerem as qualidades de determinado produto, costumam associá-lo ao sucesso, ao prazer e à felicidade. Essa associação induz o consumidor a imaginar que a aquisição de determinado bem poderá propiciar ascensão social e realização pessoal (figura 4). Sobre a obsolescência planejada, veja Volume 2, Capítulo 9. Pode ser interessante problematizar a questão trazida pela imagem propondo uma discussão com os estudantes sobre consumismo, identidade e inserção na sociedade pela via da cultura do consumo. Essa discussão pode ser feita a partir dos rolezinhos ou de letras de música e do comportamento dos cantores do funk ostentação, e pode ser conduzida em uma abordagem interdisciplinar com Sociologia. Para apoiar as discussões, sugerimos a leitura de alguns textos e vídeos: Los Angeles Times discute os reflexos sociais da ascensão do funk ostentação. Jornal do Brasil, 10 abr. 2014. Disponível em: <www.jb.com. br/cultura/noticias/2014/04/10/los- angeles-times-discute-os-reflexos- sociais-da-ascensao-do-funk- ostentacao/>; e MOURA, Lisandro Lucas de Lima. Consumo, imaginário e “rolezinhos”. Blog Café com Sociologia, fev. 2014. Disponível em: <www. cafecomsociologia.com/2014/01/ consumo-imaginario-e-rolezinho. html>. Acessos em: dez. 2015. Figura 4. Adolescentes cami- nham em shopping center em São paulo (Sp), 2014. Sobre- tudo adolescentes e jovens são estimulados pela mídia a se sentir parte da sociedade por meio do consumo, por exemplo, de roupas, calçados, acessó- rios e eletrônicos de marca. por muito tempo, porém, par- cela da sociedade foi excluída desse “direito”. Os rolezinhos nos shopping centers das gran- des cidades brasileiras foram uma maneira de os jovens mais pobres dizerem à sociedade que eles querem consumir o que a mídia vende. A palavra é uma forma de resistência “Foi ao lembrar da infância na Romênia e da posterior mudança para a França que o autor [romeno] Matéi Visniec [1956-] explicou a 350 pessoas presentes à 4a Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), cidade no Recôncavo Baiano, por que escrever é um ato político. Ao rememorar a censura que seus textos sofriam sob o regime de Nicolau Ceausescu [1918- -1989], ele contou que na primeira vez que publicou um texto percebeu a dimensão do poder que aquilo tinha: ‘Quando tinha 11 anos, publiquei um poema na revista da escola e me dei conta de que todo mundo poderia lê-lo. Foi a revelação da força da palavra. Decidi me tornar escritor e lutei para poder publicar as minhas palavras’, disse. ‘No país onde nasci, antes do fim do comunismo, era muito difícil conseguir fazer com que nossa palavra circulasse. Percebi ali que a palavra é uma forma de resistência, de se colocar contra a ditadura. A poesia era sempre mais forte que o poder. E, em um país onde não há liberdade, a cultura é um oxigênio social.’ Cansado da censura, em 1987 Visniec decidiu viver na França. A ideia que tinha de liberdade em países democráticos, no entanto, foi frustrada pelo estilo de vida capitalista que vigorava no país da Europa ocidental. ‘Entendi que nos grandes países democráticos existem outras formas de ditadura, e B r U N O p O L E t t I/ F O L h A p r E S S 226 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 226 5/7/16 1:30 PM 1. Por que o autor afirma que a palavra é uma forma de resistência? 2. A que o autor compara o consumismo? Explique. precisamos resistir também a outras formas de lavagem cerebral’, contou o autor [...]. ‘A minha impressão é que o meu papel não mudou, seja no tota- litarismo da Romênia e também no totalitarismo do consumo.’ [...] ‘Quando era jovem e escritor na Romênia, era muito fácil porque o mal era visível, sabíamos o que tínhamos de criticar, os símbolos do regime totalitário estavam presentes: o presidente, o partido, a polícia política’, disse. ‘Mas, nas grandes sociedades de consumo, às vezes não podemos ver onde está o mal. Na época de Stalin, era muito fácil criticar e identificar o mal. Mas como fazer isso hoje? Com a manipulação pela imagem, a indústria da televisão? Porque é muito mais fácil ter uma tela sem ter uma civilização por trás.’ [...]” GOMBATA, Marsílea. A palavra é uma forma de resistência, lembra Visniec. Carta Capital, 2 nov. 2014. Disponível em: <www.cartacapital.com.br>. Acesso em: nov. 2015. Ter ou Ser Observe o cartum do desenhista estadunidense Andy Singer (1965-). Filosofi a • Considerando a sociedade em que vivemos, explique o cartum. A N D y S IN g E r 227capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 227 5/7/16 1:30 PM Modelo de desenvolviMento Nos países desenvolvidos, que compõem o centro da economia capitalista, como Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, Austrália e vários países europeus, o crescimento econômico apoiado na produção industrial e na produtividade agrícola foi acompanhado, em certo período1, de melhorias nas condições de vida da população. Os governos desses países fizeram grandes investimentos em saúde e educação; implantaram mecanismos de distribuição de renda, com base na arrecadação de impostos e na elevação de salários; e reestruturaram gastos e investimentos com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais. No entanto, os impactos ambientais não fizeram parte da preocupação das políticas econômicas implantadas nesse grupo de países. A partir de meadosdo século XX, parte dos países em desenvolvimento seguiu o mesmo modelo de cresci- mento industrial, porém desvinculado dos benefícios sociais que a ele pode- riam estar associados. Desconsiderou- se, nesse grupo de países, que o desen- volvimento não deve se limitar ao bom desempenho da economia: conquistas sociais, culturais e ambientais devem ser contempladas nesse processo. Não foi diferente nos países socia- listas. O modelo de crescimento e do produtivismo industrial e agrícola, par- ticularmente na ex-União Soviética e em parte do Leste Europeu, estava presente nos países que adotaram o sistema socialista no século XX, com objetivo de se igualar aos padrões econômicos conquistados pelos países capitalistas mais desenvolvidos. Em todos os casos, as políticas econômicas orientadas no sentido de aumentar a produção colocaram em risco o equilíbrio da natureza. O atual padrão de crescimento econômico, quantificado pela produção de mer- cadorias e pela geração de serviços, exige dos sistemas naturais muito além de sua capacidade de renovação. Se a maioria da população mundial atingisse a mesma capacidade de consumo da população dos países desenvolvidos, a poluição seria insustentável e muitos dos recursos usados como matéria -prima e fonte de energia desaparece- riam em pouquíssimo tempo (figura 5). 1 A partir da década de 1930 – como reflexo da grande crise econômica mundial ocorrida em 1929 – e ao longo dos séculos XX e XXI, várias reformas foram realizadas nas políticas econômicas dos países desenvolvidos. Em muitos países, o estado de bem-estar social tem sido revertido com a adoção de medidas econômicas voltadas para a elevação da competitividade no mercado internacional, por meio da redução de impostos e, consequentemente, do menor investimento dos governos nas áreas sociais. Trata-se do modelo neoliberal, que será discutido no Volume 2 desta coleção. M A r L E N E B E r g A M O /F O L h A p r E S S Figura 5. Vista aérea de multidão na Marcha da Cúpula dos povos na Avenida rio Branco, no centro do rio de Janeiro (rJ), que fez parte do evento rio +20, organi- zado pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2012. 228 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 228 5/7/16 1:30 PM 1. A Revolução Industrial pode ser considerada um marco para a questão ambiental. Explique a relação entre a Revolução Industrial e essa questão. 2. Leia os textos e responda às questões. Texto 1 “O primeiro ponto de transformação trazido pela Revolução Industrial, com reflexos no meio ambiente, foi a relação entre o homem e a natureza. O pro- gresso trazido pelas máquinas fez emergir um novo conceito de progresso, no qual a aceleração é valori- zada, bem como a capacidade humana de se sobrepor aos ambientes naturais. Podemos encontrar também neste momento as raízes do consumismo que, hoje, é um dos principais obstáculos para a preservação do planeta, sobretudo nos países ricos. Lembremos: quanto mais consumo, mais indústrias!” Pensamento Verde. Disponível em: <www.pensamentoverde. com.br>. Acesso em: nov. 2015. Texto 2 “Há anos, sinaliza-se que a principal causa dos proble- mas sociais e ambientais são os padrões insustentáveis de produção e consumo. Mas a verdadeira revolução no cenário econômico mundial e o equilíbrio entre o poder produtivo e a preocupação com o impacto no meio ambiente dependem de diversos fatores. Nesse ponto, temos mais perguntas do que respostas. A primeira questão diz respeito a quem é o responsá- vel por criar novos padrões de consumo: o governo, as empresas ou os consumidores? Avaliando a condução dessas mudanças, percebe-se que as empresas já trabalham para oferecer aos con- sumidores produtos sustentáveis e que os próprios consumidores já buscam alternativas aos produtos tradicionais. No entanto, o consumo gera resíduos e sua administração ainda é tema de debates sobre a eficiência das políticas públicas. De um lado, a indústria geradora; do outro, o cliente/consumidor. Quem deve se responsabilizar pela correta destinação dos resíduos sólidos, incluindo embalagens, caixas e restos orgânicos?” Instituto Ethos. Disponível em: <www.ethos.org.br>. Acesso em: nov. 2015. a) Em que medida os dois textos convergem? b) Em que medida eles divergem? c) De acordo com o texto 2, qual problema ainda temos a resolver? Quem são os envolvidos nessa problemática? Faça no caderno 1. (Etec-SP 2015) A peça teatral O Reino das Futi- lidades, texto escrito por Berenice Gehlen Adams e Marina Strachman, discute a questão da moder- nização e do aumento do consumo de futilidades. O texto pretende despertar a consciência para a valorização dos recursos naturais e alertar o quanto somos induzidos a consumir em excesso. Sobre esse tema, podemos afirmar corretamente que a) a rapidez da inovação tecnológica não induz ao aumento de consumo, pois as mercadorias produ- zidas há mais tempo não conseguiriam ser vendi- das, levando a um colapso do mercado varejista. b) a ampliação do consumo não leva a uma crise ambiental, pois a quantidade de matérias-primas disponíveis no planeta aumenta na mesma pro- porção que a fabricação de produtos industriais. c) o desenvolvimento tecnológico não gera o aumento da vida útil dos produtos, levando a um aumento considerável da produção e a consequente dimi- nuição da retirada de matérias-primas da natureza. d) o aumento do consumismo não impacta o meio ambiente, uma vez que, ao realizarmos o descarte de um determinado objeto, o meio ambiente cuida para que este retorne à natureza, reiniciando o ciclo. e) ao praticar o consumismo, as pessoas não estão agindo coletivamente, pois não levam em conta o impacto que o consumo exagerado provoca sobre o meio ambiente, bem como suas consequências para o futuro da humanidade. 2. (UFG-GO 2004) O meio ambiente urbano dos países ricos apresenta problemas ambientais que mobili- zam a sociedade civil desses países. Esses proble- mas decorrem a) do consumismo aliado à grande produção de mercadorias. b) da vasta produção de lixo oriundo de embalagens de material plástico. c) do uso intenso de propaganda interferindo no efeito visual dos sítios urbanos. d) do uso dos produtos descartáveis articulados ao modismo veiculado pela mídia. e) do incentivo do poder público para a instalação de estabelecimentos industriais. 229capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 229 5/7/16 1:30 PM despertar da consciência ecológica Embora já houvesse estudos ecológicos de caráter científico desde a segunda metade do século XVIII, foi somente depois da Segunda guerra Mundial que a gravidade dos proble- mas ambientais passou a ser considerada e debatida com maior intensidade. principal- mente a partir da década de 1960, passaram a ser realizados estudos por pesquisadores e cientistas de diversas disciplinas e em pratica- mente todos os países do mundo. Os avanços tecnológicos, como a construção e o lança- mento de satélites artificiais de sensoriamento remoto e o desenvolvimento da informática, tiveram papel fundamental na qualidade das pesquisas voltadas ao meio ambiente. As inúmeras catástrofes ambientais do último século alertaram a humanidade para o fato de que a natureza não suportaria por muito mais tempo as agressões causadas pelas atividades humanas e seu modelo de desenvolvimento (figura 6). Iniciou-se, então, um processo de mobilização em torno da questão ambiental, que se expandiu e se consolidou por meio da divulgação de estudos científicos e da publicação de livros2 e conferências internacionais patrocinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema. Iniciava-se um caminho para uma concep- ção que zelasse pela proteção de valores considerados prioritários, que fugissem do âmbito dos interessesrestritos de determinado Estado, para servirem de parâmetro a toda a comunidade internacional. Surgiram instituições e movimentos ecológicos com fins variados, mas tendo em comum a defesa da vida. Esses esforços vêm gerando mudanças na postura de empre- sários e governantes, que passaram a participar da elaboração de leis de proteção ambiental e a incluir o estudo da ecologia nos meios educacionais. Diversos concei- tos ambientais também foram incorporados às discussões. Uma grande mudança de paradigma, mas que ainda requer mais aprofundamento e, principalmente, a implantação de ações efetivas para a construção de uma sociedade sustentável. • conferência de estocolmo Em 1972, em Estocolmo (Suécia), representantes de 113 países reuniram-se para debater questões relacionadas ao meio ambiente. Nessa primeira grande iniciativa da ONU, conhecida como Conferência de Estocolmo (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano), os países participantes confrontaram-se com duas posições distintas sobre a relação entre crescimento econômico e proteção ambiental (figura 7, na página seguinte). A primeira posição alertava que, mantidas as tendências de crescimento da população mundial, da industrialização, da produção de alimentos, do consumo e da poluição, o planeta entraria em colapso ambiental no período de um século. A única forma de recuperar o equilíbrio ambiental e evitar catástrofes futuras seria a paralisação imediata do crescimento econômico. Essa proposta ficou conhecida como política do crescimento zero. 2 Em 1962, a escritora e cientista estadunidense Rachel Carson (1907-1964) publicou o livro Primavera silenciosa, considerado um marco do movimento ecológico moderno. É possível fazer um levantamento com os estudantes sobre os problemas ambientais presentes em seu coti- diano e, de forma geral, no município onde vivem. p E t t y O F F IC E r 3 r D C L A S S t O M A t k E S O N /U .S . C O A S t g U A r D /M C t V IA g E t t y I M A g E S Figura 6. A explosão da plataforma de petróleo Deepwater horizon, operada pela petrolífera inglesa British petroleum (Bp), no golfo do México (Estados Unidos), em 2010, provocou vazamento de óleo por quase duas semanas. Foi o maior desastre ecológico ocorrido nos Estados Unidos. 230 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 230 5/7/16 1:30 PM A segunda posição defendia o crescimento econômico, independentemente do custo ambiental. Apoiada pela maioria dos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, essa visão apontava que o crescimento econômico era a única solução para a superação da miséria e da pobreza, que atingem diretamente milhões de pessoas no mundo. O grupo defendia que a superação desses problemas era mais importante que as questões relacionadas à conservação e à proteção ambientais. A política do crescimento zero foi rejeitada pela maioria dos países e nenhuma medida concreta comum foi tomada para evitar uma possível catástrofe ambiental. A principal objeção a essa política afirmava que ela congelaria as diferenças socio- econômicas existentes entre os países e negaria aos países em desenvolvimento a possibilidade de crescimento, fundamental para a solução dos graves problemas sociais neles enfrentados. Muitos foram os entraves e poucos os resultados. Ainda assim, a Conferência de Estocolmo foi um marco na tomada de consciência de que a conservação do meio ambiente depende da cooperação de todos os países. Nela, foram delineados os princípios da Declaração sobre o Ambiente Humano, que ampliaram o conceito de qualidade de vida associada à qualidade ambiental e à justiça social. Além disso, foram apontadas a necessidade e a responsabilidade de toda a humanidade de proteger e melhorar as condições ambientais, tanto para a geração presente como para as futuras. Desde então, o conceito de desenvolvimento passou a ser relacionado ao controle da poluição e ao uso racional dos recursos naturais, para evitar seu esgotamento. Foi também a partir da Conferência de Estocolmo que se criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), instituição da ONU para as ques- tões ambientais. O pNUMA tem como objetivo conciliar interesses nacionais e globais, visando à busca de soluções para problemas ambientais comuns a toda a humanidade. • desenvolvimento sustentável Apresentado pela primeira vez em 1987, com a divulgação do Relatório Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland, na Assembleia geral da ONU, o con- ceito de desenvolvimento sustentável parte do princípio de que o atendimento às necessidades das populações no presente não deve comprometer o suprimento das necessidades das gerações futuras. A utilização dos recursos deve ocorrer de acordo com a capacidade de reposição da natureza, de modo que o crescimento econômico não agrida violenta e irreparavelmente os ecossistemas e possa, ao mesmo tempo, equacionar problemas sociais. SITE Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) www.pnuma.org.br O site traz textos breves e de fácil entendimento que podem ser acessados clicando nas abas “Mudança climática”, “Desastres e conflitos”, “Manejo de ecossistemas”, “Governança ambiental”, “Substâncias nocivas e resíduos”, “Eficiência de recursos” e “O meio ambiente em estudo”. Além disso, apresenta notícias, galeria de imagens e publicações da instituição. y U t A k A N A g A t A /U N Figura 7. O dia de abertura da Conferência de Estocolmo, 5 de junho de 1972, foi escolhido pela ONU como o Dia Mundial do Meio Ambiente. 231capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 231 5/7/16 1:30 PM Um modelo de desenvolvimento cujas prioridades sejam a diminuição da pobreza e da desigualdade social e a conservação do ambiente exige mudanças nos mecanismos de distribuição da riqueza gerada pelo crescimento econômico. Essas mudanças, por sua vez, exigem alterações nas relações de trabalho, na estrutura fundiária, na arrecadação de impostos e na aplicação dos recursos governamentais. Exigem, também, estímulo ao desenvolvimento e ao uso de fontes renováveis e limpas de energia, modificações nos atuais padrões de produção, seja na agricultura – que utiliza agrotóxicos em larga escala e invade os diferentes biomas do planeta –, seja na indústria – que lança milhares de toneladas de gases nocivos e dejetos no ambiente. A viabilização do desenvolvimento sustentável requer, portanto, o estabeleci- mento de políticas governamentais e de ações empresariais e da sociedade civil; a elevação do nível de vida de parte significativa da população que vive em condições subumanas; a modificação dos padrões de consumo das sociedades do mundo desenvolvido, visando diminuir a demanda por recursos da natureza e a produção de resíduos. Leia o Entre aspas. Reciclagem de produtos eletrônicos Com o maior desenvolvimento tecnológico, muitos celulares, computadores, televisores, entre outros produtos eletrônicos, são descartados, gerando um aumento considerável no e‑lixo ou lixo eletrônico. Em razão disso, no Brasil – atendendo à lei federal de 2010, denominada Política de Resíduos Sólidos, que obriga as empresas a se responsabilizarem pelo descarte de seus produtos –, em vários municípios surgiram empresas que reciclam materiais utilizados nos produtos eletrônicos, sobretudo os metais. Além de contribuir para reduzir a exploração de recursos naturais, a poluição do ambiente e a quantidade de lixo gerada, a reciclagem emprega muitas pessoas, trazendo benefícios sociais e econômicos para parcela da população. triagem de produtos eletrônicos descartados para posterior reciclagem, em São paulo (Sp), 2010. • consumo sustentável Desenvolvimento e consumo sustentáveis3 são faces da mesma moeda. Do ponto de vista ambiental, é necessário modificar hábitos e estimular o consumo conscientepara evitar o desperdício, consi- derando inclusive a maneira como fazemos uso de água e energia. Além disso, os produtos consumidos deveriam atender a neces- sidades reais, ter qualidade comprovada e garantir que sua produ- ção não deteriorou o meio ambiente. É fundamental, também, a mudança nos hábitos do consumidor com vistas a dar preferência aos produtos recicláveis e às embalagens retornáveis. O consumo sustentável prevê, ainda, a correta destinação do lixo. O consumo sustentável, no entanto, requer a atuação de gover- nantes e empresários para poder se efetivar. Em relação ao lixo, por exemplo, é fundamental que as instituições públicas completem o processo iniciado pela coleta seletiva. Ou seja, não adianta o lixo ser separado se o município não tem usina de compostagem (figura 8) para os materiais orgânicos ou não direciona o material coletado para o processo de reaproveitamento ou de reciclagem. 3 Para a proposta de desenvolvimento sustentável tornar-se viável, é preciso promover mudanças nos hábitos de consumo e reduzir as diferenças sociais. O conceito de consumo sustentável, lançado em 1995 pela ONU no relatório da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, é uma tentativa de viabilizar essas mudanças. h É LV IO r O M E r O /E S tA D Ã O C O N t E Ú D O tA LE S A Z Z I/ p U LS A r I M A g E N S leitUra 40 contribuições pessoais para a sustentabilidade De Genebaldo Freire Dias. Gaia, 2005. O livro apresenta um conjunto de ações individuais alinhadas às políticas de conservação ambiental, que, se praticadas de forma coletiva, aumentarão as chances de vivermos em um ambiente mais saudável no futuro. Sobre a Rio-92, na página seguinte, uma garota canadense de 12 anos, Severn Cullis-Suzuky, fez um discurso emocionante aos chefes de governo presentes no evento. Hoje, com mais de 30 anos, ela é formada em Biologia e atua como ativista ambiental. Caso julgue adequado, utilize esse discurso para sensibilizar os estudantes para o tema. O vídeo pode ser facilmente encontrado na internet com legenda em português. Um dos ende- reços em que o vídeo está disponível: <www. youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU>. Acesso em: dez. 2015. Figura 8. A compostagem é o processo de decomposição de matéria orgânica, cujo produto final é um adubo natu- ral. Exige menor espaço que o aterro sanitário e permite reaproveitamento da matéria orgânica, reciclando seus nutrientes para fertilização do solo. Na imagem, compos- tagem de coco, em São Miguel dos Milagres (AL), 2015. 232 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 232 5/7/16 1:30 PM • rio-92 Em 1992, o rio de Janeiro (rJ) abrigou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de Rio-92, Cúpula da Terra ou Eco-92. Desse evento, que teve grande repercussão mundial, participaram repre- sentantes de 176 países e 1.400 ONGs. Nessa conferência, o conceito de desenvolvimento sustentável ocupou o centro dos debates, legitimando-se como princípio básico a ser considerado nas análises e nas perspectivas ambientais em todo o planeta. Dela resultaram as metas e os compromissos destacados a seguir, na figura 9. Fonte: elaborado pelos autores. Figura 9. principais resultados da rio-92 Agenda 21 Reúne recomendações de como promover o desenvolvimento sustentável. Principais objetivos Universalização do saneamento básico e do ensino; combate à miséria; viabilização de uma política energética com fontes limpas e renováveis; uso sustentável dos recursos naturais; conservação da biodiversidade; redução da emissão de poluentes. Energia limpa só é possível com investimento em pesquisa. No Brasil, 85% da energia eólica é produzida no Nordeste. A universalização da educação ainda não se dá no Brasil, mas desde os anos 1990 o número de estudantes tem aumentado. Convenção da Diversidade Biológica (CDB) Estabelece metas para a exploração sustentável e a preservação da biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos. Os países desenvolvidos detêm tecnologia para garantir a conservação; os países em desenvolvimento, maior biodiversidade. A CDB promove a interação entre eles, visando a repartição dos benefícios da pesquisa e a divisão dos custos para a preservação. As Unidades de Conservação (UCs) são espaços do território de rica biodiversidade, delimitados com o objetivo de preservar o patrimônio biológico e permitir que as comunidades tradicionais explorem os recursos de forma sustentável, como nos seringais na Amazônia. Atualmente, há cerca de 320 UCs delimitadas pelo Governo Federal. Convenção do Clima Tratado ambiental que reúne países num esforço conjunto de estabilizar a emissão de gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa. A convenção deu origem ao Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, que definiu metas mais rígidas, principalmente para os países desenvolvidos, que devem reduzir suas emissões de gases que causam o aquecimento anormal da Terra até 2020. Existe um mercado para a comercialização do carbono emitido na atmosfera: são os créditos de carbono. Os países que emitem mais carbono podem comprar a cota daqueles que emitem menos. O projeto surgiu no Protocolo de Kyoto, e vigora desde 2000. O Brasil não tem metas de redução de carbono, mas empresas brasileiras já venderam créditos a países mais ricos. Declaração de Princípios sobre Florestas Existe um mercado para a comercialização do carbono emitido na atmosfera: são os créditos de carbono. Os países que emitem mais carbono podem comprar a cota daqueles que emitem menos. O projeto surgiu no Protocolo de Kyoto, e vigora desde 2000. O Brasil não tem metas de redução de carbono, mas empresas brasileiras já venderam créditos a países mais ricos. O selo FSC (Forest Stewardship Council, em inglês, ou Conselho de Manejo Florestal), criado em 1993, certifica que peças que o recebem são feitas de madeira cuja origem não é uma floresta nativa, mas provém de manejo florestal sustentável. O Brasil é o país com mais produtos certificados. ALGUNS RESULTADOS CONCRETOS: BRASIL www.fsc.org FSC® A000521 ONG Organização não governamental, formada pela sociedade civil, sem fi ns lucrativos, cujas atividades estão voltadas para a resolução de problemas da sociedade, como meio ambiente, pobreza, saúde, educação, desenvolvimento, defesa de direitos civis e humanos e fi scalização do poder público. E V E r t O N p r U D Ê N C IO 233capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 233 5/7/16 1:30 PM • rio+10 A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002, em Johanesburgo (África do Sul), também denominada Rio+10, contou com a participação de representantes de 189 países. Nessa Cúpula, os objetivos de sus- tentabilidade ambiental apontavam para o aumento do uso de fontes renováveis de energia; a recuperação dos estoques pesqueiros e sua sustentabilidade; e reforçavam a preservação da biodiversidade. Foram, ainda, reafirmados os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), apresentados pela ONU no ano 2000 com base nos principais problemas mundiais e que deveriam ser atingidos até 2015, que são: redução da pobreza; atingir o ensino básico universal; igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade na infância; melhorar a saúde materna; combater o hIV/Aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. realizada dez anos depois da Rio-92, a Cúpula Mundial avaliou os avanços e as dificuldades em torno da questão ambiental no planeta e redefiniu metas e compro- missos da Agenda 21. Entretanto, medidas importantes não foram aprovadas, como a proposta de mudanças na matriz energética – de combustíveis fósseis (não renováveis e alta- mente poluentes)para energia solar e outras fontes renováveis e limpas. Essa proposta previa alcançar até 2010 o patamar mínimo de 10% para uso de fontes energéticas renováveis em relação ao total de energia gerada nos países, o que não ocorreu. Embora apoiada pelo Brasil e pela União Europeia, a proposta não foi aprovada pelos Estados Unidos nem pela Organização dos países Exportadores de petróleo (Opep). • rio+20 Em 2012, novamente a cidade do rio de Janeiro recebeu líderes e representantes de 193 países com a finalidade de estabelecer novos consensos e rumos que assegurem a sustentabilidade do planeta: a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentá- vel, também chamada de Rio+20. O documento final, intitulado O futuro que queremos, reafirmou compromissos e princípios das cúpulas ante- riores, introduziu outros, mas não definiu os meios e as metas para sua implantação (figura 10). Um dos debates da rio+20, realizado com base em discussões feitas no interior da ONU e de algumas instituições, e há muito tempo incentivado pelo movi- mento ambientalista, foi sobre a necessidade de novas formas de mensurar o progresso e a riqueza. para com- plementar a medida usual fornecida pelo pIB (produto Interno Bruto), criou-se o Índice de Riqueza Inclusiva ou Inclusive Wealth Report (IWr, das iniciais em inglês), que considera não apenas a produção de riqueza, mas também o nível de educação e formação de mão de obra (capital humano) e a situação dos recursos naturais e as perdas ambientais (capital natural). O documento final da rio+20 manteve os princí- pios acordados desde a rio-92, de responsabilidade comum dos países para implementação de ações de SITE Rio+20 www.onu.org.br/rio20/ 1992-2012/ Apresenta as principais discussões realizadas na Rio+20. Figura 10. A jovem neozelandesa de 17 anos Brittany trilford dis- cursou aos chefes de Estado durante a abertura da rio+20. Em nome das crianças e dos adolescentes, ela disse: “De forma cora- josa e ousada, façam o que é certo. Estou aqui hoje para lutar pelo meu futuro. Quero pedir que considerassem por que estão aqui”. E VA r IS t O S A /A F p leitUra Desenvolvimento sustentável – Que bicho é esse? De José Eli da Veiga e Lia Zatz. Autores Associados, 2008. Procura respostas às questões ambientais da atualidade a partir da busca de evidências e da formulação de hipóteses. É possível baixar o livro no site disponível em: ‹http://liazatz.com.br/site/ livros/desenvolvimento- sustentavel-que-bicho-e- esse/›. Acesso em: dez. 2015. 234 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 234 5/7/16 1:30 PM sustentabilidade, mas diferenciados: aos países ricos cabe o maior desembolso financeiro. Com relação à cartografia, a rio+20 reconheceu a importância da tec- nologia espacial para a obtenção de infor- mações geoespaciais precisas e que são essenciais para a fiscalização e formulação de projetos de desenvolvimento sustentá- vel. Veja a figura 11 e leia o Entre aspas. • economia verde A economia verde, conceito desenvol- vido pelo pNUMA em 2008, está centrada na melhoria do bem-estar social e deve ser estruturada na redução dos riscos ambien- tais e de escassez dos recursos ecológicos. Deve estimular o crescimento da renda e do emprego – impulsionados por investi- mentos públicos e privados –, a redução das emissões de carbono e outros poluen- tes, a melhoria da eficiência energética e do uso dos recursos naturais. Seu objetivo é evitar a perda de biodi- versidade e dos serviços ecossistêmicos. É um modelo de desenvolvimento que deve manter, melhorar e reconstituir o capital natural e torná-lo fonte de benefícios públi- cos, especialmente para as pessoas pobres, cujos meios de subsistência e segurança dependem fortemente da natureza. Sobre o conceito de serviços ecossis- têmicos, vale retomar com os estu- dantes o tema sobre biodiversidade no Cap’tulo 8. A LE X A r g O Z IN O O D S /O N U Fonte: ONU.The road to dignity by 2030: ending poverty, transforming all lives and protecting the planet. p. 16. Disponível em: <www.pnud.org.br>. Acesso em: nov. 2015. Figura 11. principais resoluções da rio+20 Prosperidade: para o desenvolvimento de uma economia forte, inclusiva e transformadora. Parceria: para catalisar a solidariedade global, visando ao desenvolvimento sustentável. Planeta: para proteger nossos ecossistemas para todas as sociedades e nossas crianças. Pessoas: para garantir uma vida saudável, conhecimento e a inclusão de mulheres e crianças. Dignidade: para acabar com a pobreza e lutar contra as desigualdades. Justiça: para a promoção de sociedades seguras e pacíficas e instituições fortes. Desenvolvimento Sustentável Objetivos de Desenvolvimento Sustent‡vel (ODS) Com base no que se constatou em termos da evolução e das análises dos 8 Objetivos de Desenvolvi‑ mento do Milênio, entre 2000 e 2015, a ONU definiu e lançou em setembro de 2015 os Objetivos de Desen‑ volvimento Sustentável (ODS), propondo outra agenda de ação até o ano de 2030. São 17 objetivos (veja a imagem) e 169 metas, que buscam estabelecer estratégias para: acabar com a fome e a pobreza; reduzir as desigualdades entre os países e dentro deles; promover a igualdade de gênero; proteger os ecossitemas naturais; tornar as cidades sustentáveis; promover o acesso à energia, ao saneamento, à justiça; entre outros. 235Capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 235 5/7/16 1:30 PM Apesar dos princípios éticos, sociais e ambientais dessa nova concepção econô- mica, a efetivação de uma economia verde é bastante complexa e polêmica. trata-se de atribuir um valor monetário a cada serviço ecossistêmico, avaliar o custo de conservação e gerenciá-lo a partir de mecanismos econômicos próprios do mercado capitalista. por um lado, a economia verde pode significar a construção de uma sociedade ambientalmente saudável, baseada na reconstituição e no uso adequado de recursos naturais, na ampliação de geração e consumo de energias limpas e renováveis, na reciclagem de resíduos, além de incluir as perdas ambientais na contabilidade da eco- nomia. por outro, ela pode induzir a novas formas de exploração empresarial, como a privatização de serviços – por exemplo, o da água potável –, tornando-os mais caros e coibindo o seu consumo; pode abrir brechas a possíveis restrições comerciais aos pro- dutos oriundos dos países em desenvolvimento – os que detêm a maior biodiversidade do planeta –, configurando-se, assim, como um pretexto para a ampliação dos negócios, para a criação de novas oportunidades de exploração econômica da natureza e para a abertura de novos investimentos, sob o disfarce da conservação dos ecossistemas. Jovens e sustentabilidade “A palavra sustentabilidade consolidou-se como ordem contra a degradação ambiental. Presente em discursos oficiais, em documentos das conferên- cias internacionais, no ativismo ambientalista e na comunidade científica, ela tornou-se pública, porém parece que a tomada de consciência da situação de degradação ambiental, cada ano mais crítica, estagnou-se. A sustentabilidade está perdendo seu sentido, sua razão, o motivo pelo qual existe hoje. Está vagando em meio à lista das inúmeras palavras criadas para definir apenas uma coisa: DESENVOL- VIMENTO SIM, A QUALQUER CUSTO NÃO! A garantia de sustentabilidade do patrimônio natu- ral, aliada a um desenvolvimento econômico social e pleno, supõe muitos desafios. Um deles, o maior eu diria, implica a negociação de regras universais de uso sustentável dos recursos naturais que quase sempre são ignoradas pela maioria poluidora. Esse desafio, além de exigir a adoção de uma posição de força, remete a um exame crítico da noção de necessidade e dos padrões de consumo atuais, o que envolve tam- bém mudança de atitudes individuais. O crescimento econômico vem gerandomuitas repercussões sociais que foram ‘abafadas’ pela comodidade que ele proporciona. O que a susten- tabilidade, proposta há muitos anos, valoriza é o benefício a todos, conduzindo a uma sociedade harmoniosa e equitativa, logo mais sustentável. Consumo e necessidades se confundem, não sabe- mos mais se o que consumimos é essencial, ou se é essencial consumirmos. Não parece haver disposição da humanidade para uma vida mais moderada, a expansão de um modelo de consumo mundial reforça a pressão sobre os recursos natu- rais, e nós ‘jovens de hoje’ e os ‘antigos jovens’ temos grande parcela de culpa nisso. Estamos muito longe de nos preocuparmos apenas com o ‘comer’, o ‘vestir’ ou o ‘ter onde morar’; no âmago de cada um dos jovens está a vontade de consumir, estar na moda, usar a tecnologia, os prazeres que dela podemos aproveitar. [...] Não podemos mudar o mundo, mas ao menos podemos tentar mudar o local em que vivemos; mobilizar é a palavra chave. Mais uma vez, o jovem tem a oportunidade: temos uma força incompará- vel. [...] Temos a força para mudar e o que direcio- nará o sentido da mudança, na minha opinião, é a esperança de um mundo melhor. [...]” SILVA, Patrícia T. da. Jovens, sustentabilidade e aquecimento global. Agenda 21 & Juventude, ano 2, maio 2008. p. 15-16. 1. Segundo a autora, qual é o maior desafio para garantir o desenvolvimento sustentável? 2. Relacione esse desafio às convenções mundiais sobre o meio ambiente, patrocinadas pela ONU. Para isso, considere suas principais discussões, metas e conquistas. 3. Você concorda que os jovens têm o poder de mudar a realidade local? Explique. 236 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 236 5/7/16 1:30 PM 2 ONGS E MEIO AMBIENTE Os movimentos ambientalistas surgiram principalmente a partir da década de 1960, junto com outros movimentos sociais importantes na época, como o movimento hippie, o estudantil, o feminista, o pacifista, entre outros. Embora com foco de atuação distintos, todos esses movimentos apontavam para o questionamento do sistema econômico capitalista e seu modelo de produção de mercadorias e da sociedade de consumo. O movimento ecológico protestava contra a pesca predatória e as poluições química e industrial, que infesta rios e intoxica o ar das cidades. ONGs, como a WWF (iniciais de World Wildlife Fund, em inglês) ou Fundo Mundial para a Natureza, criada em 1961, e o greenpeace, criado uma década depois, tornaram-se referências mundiais na luta organizada pela conservação e pela recuperação do meio ambiente. Outras organizações importantes são a Conservação Internacional e organizações ambientalistas brasileiras, como o Instituto Socioambiental e a Fundação SOS Mata Atlântica. Veja a figura 12. Muitas ONgs têm alvos ambientais específicos, como o combate à poluição, ao des- matamento, ao tráfico de animais; outras apresentam uma linha de ação direcionada para a melhoria das condições sociais, inclusive de comunidades tradicionais, como povos indígenas, comunidades quilombolas e caiçaras. Atualmente, essas entidades desem- penham papel de destaque na ampliação das discussões sobre questões ambientais e, em alguns casos, na mudança de postura de empresas, instituições, governos e pessoas. relaÇÕes internacionais A prática do desenvolvimento sustentável em escala global é um grande desafio para a comunidade internacional. Os interesses conflitantes dos países em relação a uma série de aspectos, tais como o prazo para a redução da emissão de gases tóxicos, a conservação de florestas tropicais e a origem dos recursos financeiros para proteção ambiental, são obstáculos à consolidação do desenvolvimento sustentável. As dificuldades aumentam se considerarmos que o crescimento econômico acele- rado de vários países do sudeste e do leste da Ásia – como China, Malásia, Indonésia e tailândia – apoia-se nos modelos de produção de riquezas e de consumo dos países desenvolvidos, sobretudo dos Estados Unidos. Exemplos disso são a expansão da indústria automobilística e a matriz energética baseada no petróleo e no carvão mineral. Um dos méritos da Agenda 21 foi promover a participação do poder local – governo e sociedade do município, entidades de moradores de bairro, comunidades rurais, ONgs – no encaminhamento de soluções para os problemas ambientais e para a implementação de práticas de desenvolvimento sustentável. SITES WWF www.wwf.org.br A WWF é uma ONG ambientalista que atua mundialmente desde a década de 1960. O site brasileiro traz notícias, publicações, informações sobre conservação ambiental, mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável, povos indígenas, entre outros. Greenpeace www.greenpeace.org/brasil O Greenpeace é uma ONG cuja atuação está voltada para a defesa do meio ambiente e a paz. Suas manifestações de grande impacto costumam atrair a atenção da mídia. O site apresenta notícias, fotos, vídeos e relatórios sobre temas ligados ao meio ambiente. r E N At O S . C E r Q U E Ir A /F U t U r A p r E S S Figura 12. Fundação SOS Mata Atlântica realiza protesto conta projeto de lei que regulariza o des- matamento e diminui as Áreas de preservação permanente (Apps), em frente à Assembleia Legisla- tiva de São paulo (Sp), 2014. 237capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 237 5/7/16 1:30 PM A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Susten- tável (Rio+10) reafirmou esse propósito, recuperando o slogan amplamente divulgado após a Rio-92: “Pensar globalmente, agir localmente”. É um alerta de que a conquista da qualidade ambiental do planeta depende, em boa medida, da soma de ações localizadas, as quais procuram evitar que a agressão ao ambiente continue com intensidade e ritmo avassaladores. É preciso considerar, por exemplo, que a chuva ácida produzida em várias cidades da Alemanha afeta as florestas norueguesas; que a destruição de florestas na Índia contribui para a ocorrência de enchentes em Bangladesh; que o desmatamento da Floresta Amazô- nica prejudica o sistema de chuvas em outras regiões do Brasil e da América; que o lançamento de dióxido de carbono pelos automóveis amplia o efeito estufa global; que a inexistência de sistema de tratamento de esgotos, em algumas cidades, polui vários rios de uma bacia hidrográfica; que, no início do século XXI, cerca de 500 milhões de pessoas na África ainda dependem da lenha como fonte energética e que esse uso é um dos fatores que provocam a expansão da desertificação em toda a região do Sahel (figura 13). Esses são alguns exemplos de problemas ambientais (que serão mais detalhados no Capítulo 13) que, apesar de terem origem local, alcan- çam dimensão regional, nacional e até mesmo global. Pode ser feito com os estudantes um levantamento de medidas e ações ambientalmente corretas e que, de acordo com o conceito de desenvolvimento sustentável, poderiam ser implantadas nos hábitos cotidianos de cada um, inclusive na escola. História Preocupação com o meio ambiente Atualmente convivemos com notícias e discus- sões sobre a questão ambiental e seus reflexos no planeta e na qualidade de vida das pessoas. Como você viu, a ação da sociedade no ambiente se intensificou a partir da Revolução Industrial, mas a consciência da gravidade dos problemas ambientais só teve maior relevância a partir dos anos 1960. Trabalhos científicos, conferências internacio- nais, a ação de ONGs e a produção de obras de arte sobre essa temática são exemplos da relevância que a questão ambiental adquiriu nos dias atuais. Mas será que essa preocupação não existia antes? Desde quando havia pessoas se preocupando e denunciando a devastação ambiental no Brasil? Observe a obra abaixo e responda às questões. C O LE Ç Ã O P A R T IC U LA R M A X IM IL IA N N O R Z /D P A /C O R B IS /F O T O A R E N A Figura 13. Crianças recolhem lenha para usarcomo fonte de energia em suas casas, no Sudão do Sul, 2011. 1. Descreva os principais elementos observados nesta obra. 2. Qual teria sido a intenção do artista ao retratar essa paisagem? Vista de um mato virgem que se está reduzindo a carvão (1843), óleo sobre tela do artista francês Felix-Émile Taunay (1795-1881), membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado na primeira metade do século XIX com o objetivo de publicar e arquivar documentos históricos e geográficos do Brasil. 238 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 238 5/23/16 9:04 AM Redução da mortalidade de crianças com menos de 5 anos Observe o mapa a seguir, que mostra os agrupamentos regionais do mundo utilizados pela ONU em suas análises socioambientais. OCEANO PACÍFICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO TRÓPICO DE CÂNCER EQUADOR M E R ID IA N O D E G R E E N W IC H OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO ÁRTICO OCEANO GLACIAL OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO ÍNDICO 0° 0° Regiões desenvolvidas Norte da África África Subsaariana Sudeste Asiático Ásia Oriental Ásia Meridional Ásia Ocidental Cáucaso e Ásia Central Oceania América Latina e Caribe N 0 3.150 km Fonte: ONU. Relatório Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. p. 71. Disponível em: <www.un.org>. Acesso em: nov. 2015. Mundo: agrupamentos regionais - 2015 Considerando que um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) tinha como meta reduzir em 2/3 a taxa de mortalidade de menores de 5 anos, no período de 1990 a 2015, analise os dados da tabela e faça o que se pede. taxa de mortalidade de menores de 5 anos (mortes por mil nascidos vivos) – 1990 e 2015 regiões do mundo 1990 Meta para 2015 projeção para 2015 África Subsaariana 179 86 Ásia Meridional 126 50 Oceania 74 51 Cáucaso e Ásia Central 73 33 Sudeste Asiático 71 27 Ásia Ocidental 65 23 Norte da África 73 24 América Latina e Caribe 54 17 Ásia Oriental 53 11 Regiões desenvolvidas 15 6 Regiões em desenvolvimento 100 47 Fonte: ONU. Relatório Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. p. 32. Disponível em: <www.un.org>. Acesso em: nov. 2015. 1. Calcule as metas aproximadas dos ODM relativas à taxa de mortalidade de menores de 5 anos para 2015, com base nos dados de 1990, e preencha a segunda coluna da tabela no caderno. 2. Elabore um gráfico de barras com os três dados apresentados na tabela, agrupados de acordo com as regiões correspondentes. Dê um título ao gráfico e indique a fonte dos dados. 3. Com base no gráfico que você fez, analise a situação das regi- ões quanto ao cumprimento das metas dos ODM. Para a construção do gráfico na atividade 2, que poderá ser, preferencial- mente, de barras ou colunas, integre conhecimentos de Matemática. D A C O S t A M A p A S 239capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 239 5/7/16 1:31 PM A produção de alimentos ao longo do tempo O cartunista holandês Willem Rasing (1954-) fez uma paródia (imagem 2) de uma das mais famosas obras de seu conterrâneo do século XVI Pieter Brueghel (1525-1569) (imagem 1). Banquete nupcial (1568), óleo sobre madeira de pieter Brueghel. C O LE Ç Ã O p A r t IC U LA r paródia da obra de Brueghel, feita pelo cartunista holandês Willem rasing. ¥ Comente a paródia (imagem 2) relacionando-a com temas abordados no capítulo. Vale comentar com os estudantes que na obra Banquete nupcial, Pieter Brueghel buscou reproduzir a realidade das pequenas aldeias holandesas que ainda conservavam a cultura medieval. Ao trabalhar a leitura dessa imagem, é importante que os estudantes sejam orientados a acionar seus conhecimentos de História sobre os modos de vida desse período, como as festas (no caso, um banquete). A atividade também possibilita um trabalho interessante com Arte. Brueghel foi fortemente influenciado pelo pintor renascentista alemão Hieronymus Bosch (1450-1516). Na obra reproduzida, observam- -se aspectos do Renas- cimento, como a ilusão de profundidade. iMageM 2 iMageM 1 M U S E U D E h IS t Ó r IA D A A r t E , V IE N A ( Á U S t r IA ) 240 Unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd 240 5/7/16 1:31 PM 1. Analise a importância das relações internacionais para o encaminhamento de soluções dos problemas ambientais. 2. A partir da leitura do texto e do cartum, responda às questões. “Nós, os Chefes de Estado e de Governo e repre- sentantes de alto nível, reunidos no Rio de Janeiro (Brasil) de 20 a 22 de junho de 2012, com a plena participação da sociedade civil, renovamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e da promoção do futuro econômico, social e ambien- talmente sustentável para o nosso planeta e para o presente e o futuro.” Preâmbulo do documento O futuro que queremos. Rio de Janeiro, 22 jun. 2012. BENETT. Disponível em: <https://chargesbenett.wordpress.com>. Acesso em: nov. 2015. a) O que eles têm em comum? b) Aponte o trecho em que o texto contradiz o cartum. 3. Analise as duas declarações a seguir. “Sou a favor da precificação dos recursos naturais. Enquanto tivermos água barata, por exemplo, vamos consumir mais. Devemos nos preocupar com o pro- duto líquido, quer dizer, o quanto que de capital natu- ral perdemos para gerar uma determinada produção. Era isso que deveríamos estar medindo.” Ronaldo Seroa da Motta, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor de Economia Ambiental do Ibmec-RJ. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/15766>. Acesso em: nov. 2015. “Continuar com o ‘business as usual’ e tentar ‘esver- dear’ setores que utilizam mal os recursos natu- rais, como o setor automobilístico, de petróleo e a agroindústria, não é uma opção. A economia global terá de se reinventar, pois já não basta gerar empregos, pagar impostos e criar produtos e servi- ços. A nova economia terá de prover bem-estar às pessoas, para que o futuro não seja espartano por causa dos limites do planeta.” Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP. Folha de S.Paulo, 8 jun. 2012, p. C9. As duas declarações fazem referência a uma das importantes discussões da Rio+20. a) Qual é o tema dessa discussão? b) Em que as duas posições se diferenciam em rela- ção a esse tema? Business as usual No texto, signifi ca a manutenção dos negócios atuais e a valorização dos setores econômicos tradicionais. Faça no caderno • (Enem 2009) No presente, observa-se crescente atenção aos efeitos da atividade humana, em diferen- tes áreas, sobre o meio ambiente, sendo constante, nos fóruns internacionais e nas instâncias nacionais, a referência à sustentabilidade como princípio orien- tador de ações e propostas que deles emanam. A sustentabilidade explica-se pela a) incapacidade de se manter uma atividade eco- nômica ao longo do tempo sem causar danos ao meio ambiente. b) incompatibilidade entre crescimento econômico acelerado e preservação de recursos naturais e de fontes não renováveis de energia. c) interação de todas as dimensões do bem-estar humano com o crescimento econômico, sem a pre- ocupação com a conservação dos recursos naturais que estivera presente desde a Antiguidade. d) proteção da biodiversidade em face das ameaças de destruição que sofrem as florestas tropicais devido ao avanço de atividades como a minera- ção, a monocultura, o tráfico de madeira e de espécies selvagens. e) necessidade de se satisfazer as demandas atuais colocadas pelo desenvolvimento sem comprome- ter a capacidade de as gerações futuras aten- derem suas próprias necessidades nos campos econômico, social e ambiental. B E N E t t M A C E D O 241capítulo 12 – Questão socioambiental e desenvolvimento sustentável TS_V1_U5_CAP12_222-241.indd241 5/7/16 1:31 PM Problemas ambienTais De Dimensão Global13 c a PÍ tulo Alguns problemas ambientais Observe as imagens. 1. As imagens representam os efeitos de dois importantes problemas ambientais do mundo contemporâneo. Identifique-os. 2. Escreva o que você sabe sobre eles. Derretimento da geleira Hubbard, no Alasca (Estados unidos), 2014. Escultura de imagem religiosa em porta de igreja, com fortes sinais de erosão, grécia, 2015. M iC H iO H O S H iN O /M iN D E N p iC t u r E S /B iO S p H O t O /A F p iN g r A M p u B l iS H iN g /N E W S C O M /g l O W i M A g E S 242 unidade 5 | natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 242 5/7/16 1:33 PM 1 Problemas ambienTais e seus imPacTos no PlaneTa Diversas são as questões ambientais cujas consequências ultrapassam as fron- teiras dos países onde são originadas, ganhando dimensões regionais e até globais. Entre os problemas ambientais que atingem todo o planeta, estão os relacionados à emissão de gases que alteram a composição natural da atmosfera. A partir da revolução industrial4, a emissão de grande quantidade de compostos tóxicos que reagem com os gases da atmosfera trouxe consequências que impactam negativamente a vida do planeta e a humanidade, tornando a poluição do ar uma questão de dimensão mundial. pela primeira vez na história, os seres humanos estão modificando o equilíbrio ecológico no mundo inteiro, e não apenas em determinada região. Veja a figura 1. Como essas consequências estão relacionadas à interferência dos seres humanos no ambiente, a solução ou a diminuição da devastação ambiental dependem da ação conjunta das sociedades e do poder público em todo o mundo. cHuVa ÁciDa Chuva ácida é a precipitação de água – na forma de chuva, neblina ou neve – com acidez maior que a das precipitações normais. É a consequência mais imediata do uso de combustíveis fósseis no processo industrial e do lançamento de gases poluentes na atmosfera. A chuva ácida ocorre quando há o lançamento de gases poluentes em grandes quantidades na atmosfera e de forma concentrada, sobretudo em áreas industriais. No entanto, por conta das correntes atmosféricas, essas precipitações podem ocorrer a centenas de quilômetros do local onde os poluentes foram emitidos. A água pura possui pH 7,0, mas, na atmosfera, ao reagir com o dióxido de carbono (CO 2 ), forma o ácido carbônico (H 2 CO 3 ), que faz com que seu pH se estabilize em torno de 5,6. toda chuva contém certo grau de acidez (menor pH), que não é prejudicial ao ambiente. 4 Como você viu no Capítulo 12, a Revolução Industrial promoveu a produção em massa e a utilização de fontes de energia altamente poluidoras: inicialmente o carvão mineral e, posteriormente, o petróleo. lEitura meio ambiente: guia prático e didático De Paulo Roberto Barsano e Rildo Pereira Barbosa. Érica, 2013. Um guia que discute diversos temas relacionados ao meio ambiente, como poluição, desmatamento, extinção de espécies, normas brasileiras e mundiais de regulamentação, coleta seletiva e reaproveitamento de materiais. Figura 1. Área da Floresta Ama- zônica desmatada, em Novo progresso (pA), 2015. O intenso desmatamento das áreas de vegetação interfere no clima nas escalas local e global. A N D r E p E N N E r /A p p H O t O /g lO W i M A g E S 243capítulo 13 – Problemas ambientais de dimensão global TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 243 5/7/16 1:33 PM Essa acidez é resultante tanto de fenômenos naturais, como erupções vulcânicas e processos microbiológicos, quanto de ações humanas, como o CO 2 emitido por automóveis e indústrias. Veja a figura 2 e leia o Entre aspas. O pH das soluções é aproximado. Fonte: Mundo Educação. Disponível em: <www.mundoeducacao.com>. Acesso em: set. 2015. Figura 2. Escala de pH 0,1 Ácido clorídrico 2,0 Limão 4,5 Tomate 6,4 Leite 8,5 Ovo 10,0 Sabonete 12,6 Alvejante 10,5 Leite de magnésia 11,6 Amônia 13,0 Água sanitária 5,6 Água de chuva 7,0 Água de torneira 9,0 Soda cáustica 2,4 Vinagre 0,8 Ácido sulfúrico da bateria de automóveis 0 1 2 3 4 5 igual a 7 NeutroÁcido Alcalino abaixo de 7 acima de 7 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Quando a água da chuva reage com o dióxido de enxofre (SO 2 ) e o dióxido de nitrogênio (NO 2 ), gases resultantes principalmente da combustão do carvão mineral, do petróleo e de seus derivados, ela se torna excessivamente ácida e perigosa, com pH menor que 5,5. A reação da água com o dióxido de enxofre pode formar o ácido sulfuroso (H 2 SO 3 ) e com o nitrogênio, o ácido nitroso (HNO 2 ). Esses gases são absorvidos pelas gotas de chuva, precipitando sob a forma de chuva ácida. A maior acidez ocorre com a combinação da água com trióxido de enxofre (SO 3 ) ou dióxido de nitrogênio (NO 2 ), cuja reação forma, respectivamente, o ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ) e o ácido nítrico (HNO 3 ). Veja a figura 3. Fonte: elaborado pelos autores. Figura 3. Esquema de chuva ácida de maior acidez H2O NO2 Dióxido de nitrogênio SO3 Trióxido de enxofre Ácido sulfúricoH2SO4 Ácido nítricoHNO3 Entenda o que Ž o pH O pH é uma medida do grau de acidez ou de alcalini- dade de uma substância. Para medi-lo, utiliza-se uma escala que vai de 0 – pH mais ácido – até 14 – pH mais alcalino ou básico. Na escala 7 encontra- -se o pH neutro, caracterizado pela água pura. Embora algumas subs- tâncias ácidas sejam inofensi- vas, de modo geral os ácidos são corrosivos e tóxicos, como o ácido clorídrico. Da mesma forma, existem substâncias básicas ou alcalinas que tam- bém são corrosivas e tóxicas, como o alvejante, de pH superior a 11. É possível desenvolver uma atividade conjunta com Química sobre o con- ceito de pH e a acidez da água da chuva. O professor dessa disciplina poderá auxiliar com a demonstração do balanceamento das equações for- madoras dos ácidos componentes da chuva ácida, assim como de algumas soluções utilizadas no cotidiano. A l E x A r g O z iN O p A u l O C E S A r p E r E ir A 244 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 244 5/7/16 1:33 PM • Principais consequências A chuva ácida causa a destruição da vida vegetal e animal em lagos e rios, pre- juízos à vegetação natural e a plantações, contaminação de lençóis freáticos, além de ser prejudicial à saúde humana, pois a corrosão do solo libera metais pesados, como chumbo, mercúrio, cobre e outros, que podem causar disfunções do sistema nervoso e aumento da incidência de câncer. Esses metais podem contaminar águas subterrâneas ou superficiais, afetando espécies aquáticas que fazem parte da cadeia alimentar e que podem ser consumidas pelo ser humano. paredes de edifícios, veículos, estátuas e monumentos históricos, artísticos e arquitetônicos também são degradados pela chuva ácida. Em diversas cidades do mundo, esculturas a céu aberto são substituídas por réplicas para impedir a dete- rioração das obras originais. Os locais mais afetados pela chuva ácida são a Europa, a América do Norte e o Japão, em áreas de grande concentração industrial. Na Europa Oriental, cuja matriz energética é baseada no uso do carvão (linhita) em usinas termelétricas, diversas regiões são afetadas pela acidez das chuvas. Nas últimas décadas, a China e a Índia têm apresentado esse e outros problemas decorrentes da poluição atmosférica, em escala acelerada, em diversas áreas de seus territórios, em razão da rápida e intensa industrialização. No Brasil, a chuva ácida atinge com mais intensidade os grandes centros indus- triais, como o município de Cubatão, em São paulo (figura 4), a zona metalúrgica de Minas gerais e as zonas carboníferas do litoral sul de Santa Catarina. DEstruição Da camaDa DE ozônio O gás CFC (clorofluorcarboneto) é considerado o grande responsável por outro problema de degradação do ambiente em escala global: a destruição da camada deozônio. Esse gás era largamente utilizado em geladeiras, aparelhos de ar condi- cionado, espumas para assentos de automóveis, materiais isolantes de construção e solventes para limpeza de componentes eletrônicos. Até o fim da década de 1980, era também bastante utilizado como propelente de aerossóis, mas hoje seu uso para esse fim está praticamente eliminado. A utilização do CFC não causa problemas ao ambiente, pois não é tóxico. Entretanto, ao atingir altitudes entre 10 km e 40 km – faixa de concentração de 90% do ozônio da atmosfera –, os átomos de cloro fixam-se às moléculas de ozônio, destruindo-as. Propelente Substância utilizada para mover (fazer a propulsão de) qualquer material sólido, líquido ou gasoso. O CFC era o principal propelente de produtos com sprays. Aerossol É a dispersão de partícula em suspensão na atmosfera. Figura 4. Folha atingida por chuva ácida em Cubatão (Sp), 2015. O fenômeno ocorreu por causa da ruptura da tubulação de uma empresa do polo industrial da cidade, que provocou vazamento tóxico de gás dióxido de enxo- fre (SO 2 ) na atmosfera. Além de provocar chuva ácida, o gás se espalhou pelo entorno e causou problemas respiratórios nos habi- tantes da região. g 1 N O t ÍC iA S 245Capítulo 13 – Problemas ambientais de dimensão global TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 245 5/7/16 1:33 PM A camada de ozônio tem papel importantíssimo para a vida na Terra, pois retém os raios ultravioleta emitidos pelo Sol. A diminuição da densidade da camada de ozô- nio leva a uma maior incidência desses raios na Terra, ao consequente aumento dos casos de câncer de pele e de catarata (doença nos olhos) e ao enfraquecimento das defesas imunológicas, além de alterações na reprodução das plantas e morte dos fitoplânctons (base da cadeia alimentar dos oceanos). Para conter o problema, em 1989 entrou em vigor o Protocolo de Montreal, aderido por representantes de cerca de 190 países. Esse tratado estabeleceu o fim da produção de qualquer artigo nocivo às moléculas de ozônio e tinha como meta sua eliminação total até 2010. Embora essa meta não tenha sido atingida, o Protocolo de Montreal foi essencial. Pesquisadores britânicos estimam que os buracos na camada de ozônio poderiam ter aumentado em até 40% até 2013 caso o tratado não tivesse sido feito. Atualmente os produtos à base de CFC foram praticamente banidos do mercado. Isso foi possível graças a alternativas criadas para substituir as substâncias destruidoras do ozônio. É o caso do hidrofluorcarboneto (HFC), que não tem cloro nem bromo, substân- cias que agridem o ozônio presente na atmosfera. No entanto, o HFC é um gás do efeito estufa muito mais potente que o gás carbônico e o metano, representando, portanto, a substituição de um problema ambiental por outro. Veja a figura 5 e leia o Entre aspas. Figura 5. Intensificação do efeito estufa Dióxido de carbono liberado pela aeronave Fábricas liberam dióxido de carbono Queimadas nas florestas liberam dióxido de carbono O vapor liberado pela evaporação dos oceanos e dos demais corpos-d’água, além da evapotranspiração das florestas, é um importante controlador da temperatura atmosférica Queima de combustíveis e emissão de gases pelos veículos automotores 1. A radiação solar penetra a atmosfera, aquecendo o planeta. 2. Parte desse calor é refletida pelas nuvens e pela superfície terrestre, retornando ao espaço. 3. Outra parte é refletida de volta para a superfície pelos gases do efeito estufa, aumentando o calor na superfície. ATM OSF ERA A diminuição da camada de ozônio está ocorrendo mais intensamente sobre algumas regiões de Clima Temperado do Hemisfério Norte, a região do Ártico e, principalmente, a Antártida (figura 6, na página seguinte). Embora esse buraco não esteja mais se expandindo, sua recuperação total ainda está distante. A LE X A R G O Z IN O Efeito estufa É um fenômeno natural, essencial para a existência e a manu- tenção da vida no planeta. O vapor d’água e os gases presentes na atmosfera retêm parte da radiação solar incidente, mantendo o planeta em uma temperatura adequada. As atividades humanas, porém, emi- tem gases de efeito estufa em grandes quantidades, potencializando esse fenômeno e tornando-o prejudicial à vida. Os principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO 2 ), o metano (CH 4 ) e o dióxido de nitrogênio (NO 2 ), que absorvem parte da radiação infravermelha irradiada pela superfície terrestre, retendo-a na atmosfera. Fonte: elaborado com base em IBGE Teen. O efeito estufa e a vida na Terra. Disponível em: <teen.ibge.gov.br>. Acesso em: nov. 2015. Alguns vídeos da internet mostram de forma concreta e realista o buraco na camada de ozônio. Veja a figura 6, na página seguinte. Entre as diversas opções, sugerimos um breve vídeo da Agência de Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, disponível em: <www.noaanews.noaa.gov/ stories2011/20110216_ozone. html>, em que se pode observar a dinâmica dessa camada ao longo de alguns anos, sendo o ano de 2009, no recorte apresentado, o mais crítico. Nesse vídeo, as áreas em vermelho representam a menor quantidade de ozônio. Em outro vídeo, disponível em: <www.youtube.com/watch?v=7QGD- KiqKdE>, o meteorologista britânico Jonathan Shanklin (1953-), um dos descobridores do buraco da camada de ozônio, revela a importância dessa descoberta e de tratados internacionais para a solução do problema. O vídeo, em inglês, pode ser apresentado aos estudantes em uma atividade interdisciplinar com Língua Inglesa. Sites acessados em: nov. 2015. 246 Unidade 5 | Natureza, sociedade e meio ambiente TS_V1_U5_CAP13_242-258.indd 246 5/12/16 3:14 PM De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), variações do ozônio presente na atmosfera deverão ocorrer com relativa frequência, pois, mesmo com a eliminação total do uso de CFC, esse gás permanecerá na atmosfera por longo período – estima-se que mais de 50 anos. aquEcimEnto global A terra está mais quente, e esse aquecimento deve-se principal- mente às atividades humanas. Essa é a conclusão do Painel Intergo- vernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em seu relatório de 2007, o que vem se confirmando. Como você viu na abertura deste capítulo, ao longo das últimas décadas, a temperatura média do planeta vem aumentando a cada ano. leia o Entre aspas. Em 2014, por exemplo, foram registradas as maiores temperaturas da história até então e, no século xxi, sucessivos recordes têm sido superados (figura 7). Figura 7. Homem mostra traços das consequências da seca, como vegetação queimada e esqueletos de animais, em Mandera (Quênia), 2011. uma seca de graves consequências atingiu todo o leste africano entre meados de 2011 e 2012. Considerada a pior seca dos últimos 60 anos, causou prejuízos financeiros e para a saúde e a vida de milhares de pessoas. Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) Criado em 1988 para estudar a influência das ações humanas sobre o meio ambiente, o IPCC é composto por cientistas de diversos países. Está ligado à Orga- nização Meteorológica Mundial (OMM) e ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O IPCC avalia regularmente as mudanças climáticas no mundo. Seus técnicos já publicaram diversos relatórios a respeito, destacando evidências científicas de que as mudanças climáticas são ocasionadas pela ação humana; as consequências dessas mudanças para o meio ambiente e a saúde das pessoas; e as maneiras de combate às mudanças do clima. Para contextualizar o tema ou complementá-lo, indi- camos o vídeo “Mudanças climáticas”, produzido pelo CPTEC/Inpe, disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=ssvFqYSlMho>. Acesso em: set. 2015. N A S A Fonte: Nasa. Disponível em: <http://ozonewatch.gsfc. nasa.gov>. Acesso em: set. 2015. Nessa escala, quanto menos
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