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126 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Unidade III 5 TRANSFORMAÇÕES VISUAIS 5.1 Composição espacial O processo normal de percepção é utilitário e voltado para o reconhecimento. Quando vemos uma cadeira, a reconhecemos como cadeira se sua forma e configuração estiverem de acordo com o padrão estabelecido por cadeiras que vimos e usamos anteriormente. Se olhássemos cuidadosamente, no entanto, também teríamos a capacidade de perceber a forma, o tamanho, a proporção, a cor, a textura e o material específicos da cadeira. Essa habilidade de ver além do reconhecimento e da utilidade é muito importante aos projetistas. Devemos continuamente nos esforçar para ver e estar conscientes das características das coisas e como elas se relacionam e interagem para formar as características estéticas de nossos ambientes visuais (CHING; BINGGELI, 2013, p. 84). Devemos estar conscientes de que a composição visual de um ambiente não depende apenas de móveis, objetos e acessórios. Como vimos anteriormente, o estilo desses elementos pode ser combinado de formas diversas, definidas pelo contexto histórico, funcional ou estético. No entanto, essa combinação entre os diferentes elementos está não apenas em como cada um se apresenta a nós visualmente, mas também na composição deles em um espaço definido. As possíveis combinações serão percebidas de formas determinadas, de acordo com a maneira como foram organizados e, portanto, se apresentam visualmente. Ching e Binggeli (2013) listam uma série de conceitos que devem ser considerados quando pensamos em um projeto de interiores, apresentando o que ele sugere como “um vocabulário de projeto”. Vamos separar essa lista em dois grupos. O primeiro está relacionado aos elementos físicos e a suas características formais e visuais, que interferem visualmente na composição, e o segundo inclui as possíveis relações espaciais que podem ser trabalhadas: • Características visuais: — Forma. — Formato. — Cor. 127 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES — Textura. — Luz. • Composição espacial: — Proporção. — Escala. — Equilíbrio. — Harmonia. — Homogeneidade e variedade. — Ritmo. — Ênfase. De certa forma, todas essas possíveis relações entre os diferentes elementos dispostos no espaço fazem parte da concepção de um projeto de interiores e assim, tais elementos se apresentam com maior ou menor ênfase visual, dependendo da composição e da combinação física entre eles. Por isso é importante pensarmos em estratégias para trabalhar. Tais estratégias para o arranjo físico estão ligadas aos valores objetivos e funcionais, mas principalmente aos valores visuais e emocionais que se pretendem para um determinado ambiente. Estão relacionados ao processo de percepção e de entendimento do que vemos. Sendo assim, é possível direcionar a maneira como queremos que cada elemento seja percebido. 5.1.1 Forma A forma está relacionada ao desenho ou à maneira como as diferentes partes de um objeto ou ambiente são pensadas e organizadas. Toda forma é composta por pontos, linhas, planos e volumes, elementos básicos do desenho. Ponto, linha, plano e volume: esses são os elementos primários da forma. Todas as formas visíveis são, na realidade, tridimensionais. Ao descrever as formas, esses elementos primários diferem de acordo com suas dimensões relativas de comprimento largura e profundidade – uma questão de proporção e escala (CHING; BINGGELI, 2013, p. 87). Assim, podemos perceber que a tridimensionalidade do mundo que vemos é definida pela maneira como percebemos o seu desenho e a relação entre seus elementos formadores. E talvez a capacidade 128 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III de perceber a forma seja comum a todos nós; no entanto, estabelecer as relações formais, percebendo quais relações podem ser trabalhadas para se criar o efeito desejado, é uma habilidade que requer um melhor entendimento da linguagem visual da forma. Figura 80 – Elementos básicos da forma Quanto aos elementos básicos da forma, podemos enumerar os seguintes: O ponto é uma unidade mínima do desenho e da forma, sem tridimensionalidade, mas capaz de oferecer uma forte atração visual. Seu posicionamento em um espaço pode nos fazer perceber diferentes relações visuais em relação a outros elementos. Usamos, por exemplo, o conceito de ponto de atração quando temos um elemento simples e único que, portanto, se destaca em um ambiente em relação aos demais. A linha é formada por dois ou mais pontos que se unem. É também um elemento sem largura ou profundidade, tendo apenas comprimento. No entanto, se o ponto oferece a ideia de equilíbrio e centralidade, a linha tem direcionamento e, portanto, orientação. No espaço ela pode ser longitudinal, transversal, diagonal, vertical ou horizontal. Pode direcionar o olhar para cima, para baixo, para os lados, modificando a maneira de perceber a forma. As linhas também podem apresentar configurações diversas. Caso das retas, que remetem ao pensamento racional geométrico, ou ainda das curvas e sinuosidades, que representam o pensamento orgânico, ligado às formas da natureza. Podem ainda estabelecer padrões de repetição e combinação que dão origem a diferentes texturas quando se estendem por uma superfície. Os planos são formados por linhas contínuas ou conjuntos de linhas organizadas de maneira a sugerir contornos e fechamentos que dão origem a formas bidimensionais. São elementos essenciais na Arquitetura e no Design, pois são eles que delimitam o espaço interno na materialização dos planos verticais, das paredes, e horizontais, dos pisos e tetos. Mas também dão materialidade ao mobiliário e a outros objetos dentro do espaço, estabelecendo relações visuais entre eles e os elementos arquitetônicos. O volume é o que atribui dimensão aos planos. A combinação dos planos em altura, largura e profundidade é o que sugere a tridimensionalidade das formas e evidencia a perspectiva de uma composição visual. 129 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Observação Os elementos que compõem a forma são os mesmos que compõem o desenho e fazem parte da linguagem visual bi ou tridimensional. É necessário, portanto, que o designer de interiores domine essa linguagem. 5.1.2 Formato O formato deriva da forma. A linha que confere a forma ao plano – e, consequentemente, ao volume – estabelece uma relação de tamanho e dimensão, criando uma aparência externa aos objetos e dando a eles um formato. Esse formato influencia a maneira como percebemos as coisas, e que sensações e entendimentos ela pode nos transmitir. O formato é o principal modo pelo qual distinguimos uma forma de outra. Ele pode se referir ao entorno de uma linha, ao perfil de um plano ou ao limite de uma massa tridimensional. Em cada caso, o formato é definido como a configuração das linhas ou dos planos que separam a forma de seu fundo ou seu entorno (CHING; BINGGELI, 2013, p. 95). Os formatos podem ser classificados de acordo com certos padrões que dão a eles uma determinada configuração de formas, e então podemos defini‑los como naturais, abstratos (também chamados de não figurativos) ou geométricos. Tudo depende da forma como se organizam as partes de um conjunto. Figura 81 – Elementos básicos da forma 130 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III • Os formatos naturais estão relacionados às formas orgânicas e, portanto, se assemelham aos elementos que vemos e reconhecemos na natureza. • Os formatos abstratos apresentamformas não figurativas e, portanto, não se assemelham às coisas do mundo e não fazem referência a objetos ou matérias existentes. • Os formatos geométricos são talvez os mais significativos em relação à arquitetura e aos objetos produzidos pela humanidade. Simbolizam a racionalidade e o domínio do homem sobre o mundo natural. Os mais utilizados são o quadrado (ou o retângulo), o círculo e o triangulo. A cada um deles podemos atribuir valores: — O círculo é contínuo e representa a unidade e o movimento. — O quadrado traz consigo a racionalidade e a regularidade. — O triângulo pode ser estável, quando apoiado em um de seus lados; mas também pode ser dinâmico, quando apoiado em uma de suas pontas. Observação A geometrização das formas foi trabalhada pelo Design e pela Arquitetura no período moderno. Sua utilização influenciou toda a criação visual do século XX. Tais formatos primários, como afirmam Ching e Binggeli (2013), podem ser ampliados em profundidade criando uma terceira dimensão, gerando volumes como por exemplo a esfera, o cilindro, o cone, a pirâmide e o cubo. Figura 82 – Formatos volumétricos 5.1.3 Cor As cores são elementos visuais marcantes que influenciam nossa percepção da forma, dando a ela outras qualidades. Podem ser combinadas de diversas formas, a partir de suas diferenças ou semelhanças ou ainda das diferentes sensações que podem transmitir. 131 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES As cores podem ser classificadas da seguinte forma: • As cores primárias são o azul, o vermelho e o amarelo. São consideradas cores puras, ou seja, não podem ser fragmentadas e é a partir delas, de suas possíveis combinações, que conseguimos todas as outras cores. • As cores secundárias são obtidas pela mistura das primárias em partes iguais. • As cores terciárias são obtidas pela mistura de uma primária e outra secundária. Ou ainda pela mistura de duas cores primárias em diferentes proporções. • As cores neutras são o branco e o preto e suas variações de cinza, podendo ainda ser representadas com outras tonalidades de cores em variações do marrom e do bege. Elas servem, muitas vezes, como complementos para as cores mais fortes. Outra forma de classificação das cores está relacionada às suas propriedades: • A matiz está relacionada à cor propriamente dita que reconhecemos visualmente em seu estado mais puro. • O tom pode ser percebido a partir da luminosidade ou do escurecimento da cor em sua combinação com o preto e/ou o branco. • A saturação tem a ver com o brilho ou a opacidade da cor. Quanto mais saturada, maior a luminosidade da cor. As cores também apresentam sensações que nos remetem a diferenciá‑las a partir da sua temperatura. • As cores frias transmitem uma sensação de tranquilidade e são representadas pelas variações das cores verde e azul. Figura 83 – Ambiente com predominância de cores frias 132 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III • As cores quentes transmitem maior vibração e intensidade e são representadas pelas variações de vermelho, laranja e amarelo. Figura 84 – Ambiente com predominância de cores quentes As cores podem ser combinadas a partir da relação com a sua proximidade visual ou com o contraste, apresentando assim maior ou menor diferença entre elas. Portanto, elas podem ser trabalhadas para destacar ou mesclar um objeto em um determinado ambiente. Não há regras em relação a isso, tudo depende do que se pretende criar quanto à sensação visual, ou seja, quais elementos devem ou não predominar no ambiente. Quando trabalhamos com o contraste entre a cor intensa de algum objeto ou mobiliário e a cor de um ambiente neutro, evidenciamos o elemento e damos destaque a ele. Figura 85 – Mobiliário com cor intensa em um ambiente de cores neutras O uso das cores pode ser feito por meio de elementos mais diversos, como uma cortina, um quadro, um tapete, o mobiliário ou qualquer outro objeto decorativo. Muitas vezes o que se destaca é uma superfície, como uma parede que recebe uma textura diferente das outras e, portanto, chama mais atenção para os elementos que estiverem dispostos próximos a ela, em decorrência do contraste que cria. 133 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Quando usamos cores semelhantes ou neutras, estabelecemos uma relação de paridade na maneira como cada elemento será percebido dentro de um ambiente. Assim, nenhum objeto, móvel ou revestimento se sobressai, criando uma percepção mais uniforme. Figura 86 – Ambiente com cores neutras Utilizamos o círculo cromático para estabelecer relações de contraste e de aproximação entre as cores e suas diferentes propriedades. • Cores análogas são as que têm uma mesma base cromática. No círculo das cores, são localizadas mais próximas ou lado a lado e determinam um contraste mais baixo entre elas, já que muitas vezes são variações de tonalidade, e não de cor. • Cores complementares são as que têm uma base cromática diferente. No círculo das cores, são localizadas de forma oposta e determinam um contraste maior entre elas. Figura 87 – Círculo cromático 134 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III É importante que as cores sejam consideradas na composição de um ambiente. Elas são determinantes de sensações e podem causar diferentes percepções de um mesmo ambiente. São utilizadas em todas as áreas do Design por carregarem um forte impacto visual e perceptivo. Saiba mais Para saber mais sobre as cores e as sensações visuais que elas causam, leia: FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. São Paulo: Blucher, 2006. 5.1.4 Textura A textura é uma característica resultante da materialidade de uma superfície, podendo apresentar dois tipos: o visual e o tátil. Figura 88 – Texturas Pode ser aplicada em forma de revestimento sobre as superfícies ou estar diretamente ligada às propriedades físicas de um material específico. São usadas para causar determinadas sensações. A diferenciação mais comum entre as texturas vem da ideia de aspereza ou rugosidade em oposição ao que é liso e aparenta suavidade. 135 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Figura 89 – Exemplo de paredes com texturas áspera e lisa As texturas estão inteiramente ligadas aos sentidos. Quando olhamos para uma superfície, podemos senti‑la e associá‑la por meio do sentido tátil, assim como quando tocamos algo podemos imaginá‑lo visualmente. Esses aspectos acontecem através da associação dos sentidos. É importante provocar os sentidos, pois isso torna os ambientes mais dinâmicos em termos perceptivos, mesmo que sejam usados sem provocar contrastes bruscos. As cores também estão relacionadas à textura e, portanto, aos sentidos. Por isso, como vimos anteriormente, podemos classificá‑las, por exemplo, como quentes ou frias, brilhantes ou opacas, pois nos incitam a uma sensação traduzida a partir de sua visualidade. As texturas permitem ainda que possamos usar determinados materiais em substituição a outros. Por exemplo, podemos usar um material cerâmico de revestimento para pisos ou parede que apresente uma textura associada à madeira, assim como podemos revestir a madeira com materiais que nos remetem a outros, usando tinta, verniz ou mesmo revestimentos como o tecido e a fórmica. As texturas leves, finas, claras e brilhantes agradam mais ao público feminino, sendo que as rugosas, grossas, escuras e opacas dizem mais respeito ao público masculino. Sãodados genéricos que utilizamos no sentido da predominância de uma ou outra característica, não querendo, com isso, dizer que ambientes masculinos, por exemplo, não possam vir a ter cores claras ou mesmo utilização de tecidos finos. A valorização dos espaços de sua conotação dá‑se, essencialmente, pela predominância das texturas, nunca situações isoladas (MANCUSO, 2015, p. 68). As texturas estão em tudo o que está ao nosso redor dentro de um ambiente; todos os elementos do projeto de interiores apresentam materialidade e visualidade, portanto, devem ser trabalhadas e combinadas de acordo com as sensações pretendidas. Nesse conjunto, o que vale em termos de tipificação é o que predomina em um ambiente como um todo. Por exemplo, um ambiente onde a textura de madeira é predominante será associado a um estilo mais rústico; e outro onde predominam materiais metálicos e superfícies lisas será associado a um estilo mais moderno. Mas os contrastes podem ser bem‑vindos para proporcionar uma quebra e um centro de interesse na composição. 136 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Diferentes padrões de texturas podem ser associados em um mesmo espaço. Geralmente, o que vale é seguir uma linha e um estilo que combine, bem como ter criatividade a fim de atingir o aspecto visual desejado. É necessário ainda pensar na associação das texturas e nas formas dos objetos e mobiliários. Textura mínima A textura preenchendo o espaço Recinto bem texturizado Texturas concorrentes Figura 90 – Texturas Um ambiente com predomínio de texturas lisas ressalta mais as formas através das cores e dos tons e torna o ambiente mais tranquilo. Figura 91 – Texturas lisas 137 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Um ambiente com poucas texturas e estampas destaca alguns elementos, dependendo das cores e do contraste. Por exemplo, em um ambiente com papel de parede estampado com predomínio de cores neutras e tons pastel, as texturas lisas e com cores mais fortes tendem a chamar mais atenção. Figura 92 – Ambiente com estampas e texturas lisas Quanto mais texturas e menos contrastes usamos, menor é o destaque para as formas e superfícies e maior é a concorrência visual entre elas. Figura 93 – Ambiente com muitas texturas e pouco contraste de cor 5.1.5 Luz Neste tópico, abordaremos questões menos técnicas e mais visuais sobre a escolha das luzes. É importante, por exemplo, perceber como a luz afeta a percepção das cores, das texturas e das formas. Uma lâmpada não ilumina por si só, é necessária uma superfície que reflita a luz por ela emitida. Portanto, diferentes superfícies respondem diferentemente à iluminação gerada por uma mesma lâmpada, dependendo da cor, do material e da textura que os compõem. As superfícies lisas refletem mais a luz, enquanto as rugosas serão responsáveis por uma absorção maior da luz refletida (GURGEL, 2007, p. 229). A luz, quando atinge determinada superfície, reflete e gera sombras. No caso das texturas físicas ou tridimensionais, a luz pode acentuar ou diminuir sua intensidade. A mesma coisa acontece com a cor. Uma iluminação direcionada a uma superfície gera sombras mais duras e delimitadas; já uma iluminação mais difusa cria sombras menos intensas. 138 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Figura 94 – Luz e textura em relevo O efeito da sombra e da luz também interfere na visualização das formas – tanto do ambiente como dos objetos e do mobiliário –, pois acentuam ou não o contraste, interferindo na percepção da tridimensionalidade e da materialidade. Quando direcionada para um móvel, uma superfície ou ainda um lugar, a luz cria pontos de atenção que interferem na leitura visual do ambiente. Figura 95 – Luz, forma e cor É importante aqui percebermos como todos os elementos do Design de Interiores criam interferências visuais e sensoriais. Portanto, é preciso planejar com cuidado e atenção a relação entre todos eles. A luz é um dos principais elementos, pois ela pode modificar toda a ambientação, interferindo na hierarquia visual. Lembrete Os tipos de iluminação, de lâmpadas e de luminárias são parte da composição visual do ambiente. 139 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES As luminárias também são muito importantes, pois são objetos e têm uma configuração visual e formal. Portanto, devem conversar com o restante do ambiente. Lustres podem ser bem‑vindos em ambientes mais clássicos; e os spots e pendentes, em ambientes cujos estilos são mais modernos. 5.1.6 Proporção A proporção é um aspecto importante para a composição espacial de um ambiente. É preciso perceber a relação do espaço e dos elementos que o compõem. A proporção tem dois aspectos: se por um lado faz referência ao aspecto do conforto visual; por outro, é essencial para oferecer funcionalidade e praticidade ao espaço. O espaço interno tem que ser elaborado e planejado em relação a todas as suas dimensões: altura, largura e profundidade. Ou seja, o espaço, assim como os objetos que o preenchem, é tridimensional; portanto, deve ser trabalhado para que as proporções e as relações entre essas dimensões sejam feitas de forma equilibrada. Diferentes ambientes apresentam diferentes configurações e, portanto, precisam de diferentes soluções de ocupação. Recinto quadrado Recinto retangular Recinto alto Figura 96 – Diferentes proporções de ambientes internos Um ambiente com o pé‑direito muito alto oferece uma sensação de amplitude e arejamento. Esse tipo de ambiente pode receber elementos mais verticalizados, como quadros grandes em posição de retrato. Também é comum o uso de pendentes ou de lustres para a iluminação de recintos desse tipo. Figura 97 – Ambiente com pé‑direito alto 140 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Ambientes quadrados ou retangulares também têm diferentes maneiras de ser ocupados. No primeiro caso, o espaço é mais contido e pede uma ocupação que privilegie o centro do ambiente como circulação, ocupando os espaços próximos às paredes, principalmente nos ambientes com dimensões menores. No caso dos quartos e da sala de jantar a ordem é inversa: a cama ou a mesa ocupam o espaço central e a circulação fica em torno delas. Figura 98 – Ambiente com composição em quadrado Já os ambientes retangulares podem definir uma ocupação mais setorizada, na qual os próprios elementos, como móveis e tapetes, servem para destacar os conjuntos. A circulação também deve ser pensada entre as composições ou ao redor delas. Figura 99 – Ambiente com composição retangular A proporção tem a ver com tamanho, mas especialmente com a relação entre diferentes tamanhos, ou então com a configuração da forma. As relações impostas por diferentes elementos combinados ou mesmo a relação das partes de um mesmo objeto criam interferências na maneira como eles são percebidos e compreendidos. Embora seja frequentemente definido em termos matemáticos, um sistema de proporções estabelece um conjunto consistente de relações visuais entre as partes de uma composição. Ele pode ser uma ferramenta de projeto útil na promoção da unidade da harmonia. Porém, nossa percepção das dimensões físicas das coisas muitas vezes é imprecisa. O esforço da perspectiva, a distância do observador e até mesmo preconceitos visuais podem distorcer nossa percepção (CHING; BINGGELI, 2013, p. 125). 141 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORESDessa forma, entendemos a proporção das coisas na medida em que as relacionamos ao nosso repertório formal. Assim, uma mesa muito alta nos parece deformada – pois estamos habituados a pequenas variações de altura, aplicadas aos diferentes usos que ela pode ter –, e por isso percebemos que a proporção do mobiliário deve estar adequada ao usuário e à atividade para a qual serão utilizados. Quando a dimensão de uma das partes é alterada, a proporção também é. Uma mesa de centro ou de apoio não tem a mesma altura de uma mesa de jantar, embora possa ter mesma largura e comprimento. Lembrete Abordamos os padrões dimensionais dos objetos definidos para as diferentes ações humanas a partir da proporção média do corpo. 5.1.7 Escala A escala é mais um aspecto relacionado à dimensão das coisas. Enquanto a proporção está ligada a composição, ou seja, “diz respeito às relações entre as partes de uma composição, a escala se refere especificamente ao tamanho de alguma coisa relacionada a algum padrão conhecido ou a uma constante reconhecida” (CHING; BINGGELI, 2013, p. 127). A escala dos elementos físicos e a forma como eles são combinados é que estabelece uma relação de proporção. Quando ocupamos um espaço dimensionado em uma escala maior que o padrão e o ocupamos com elementos padronizados em escala, temos nossa percepção influenciada por tal relação de tamanhos. Um conjunto de relações de escala pode existir dentro de um contexto maior. Figura 100 – Escala dos elementos em relação às dimensões do espaço A escala pode ser vista a partir de referências distintas dentro de um projeto de interiores: • A escala mecânica está ligada ao aspecto físico, ao tamanho real de alguma coisa, sua mensuração em altura, largura e comprimento com base em um sistema padronizado de medidas. Assim, se dizemos que uma mesa de jantar tem 75 cm de altura, por 80 cm de largura e 1,60 m de comprimento, podemos visualizar o tamanho da mesa. 142 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III • A escala visual está ligada à nossa percepção de tamanho das coisas, ou seja, é uma relação que estabelecemos entre a coisa em si e os elementos do seu entorno próximo. Podemos usar o exemplo da mesa anterior: se ela estiver em um espaço de grandes dimensões, pode parecer pequena demais; mas se estiver em um espaço apertado, pode parecer grande demais. Ou seja, essa escala tem relação com a proporção. • A escala humana está ligada às nossas dimensões corporais e, portanto, à relação entre os objetos ou ao espaço em relação às dimensões humanas. Usando novamente a mesma mesa como exemplo, ela pode estar ou não adequada em termos de tamanho, dependendo da quantidade de pessoas que devem se sentar ao redor dela. O espaço também estabelece uma relação com o nosso tamanho; assim, quando estamos em um ambiente amplo, com pé‑direito alto, podemos ter a sensação de que somos pequenos e vice‑versa. Escala humana A sensação de pequenez ou grandiosidade que um espaço ou elemento de interior nos dá Figura 101 – Escala O projeto de arquitetura e design sempre usa como base a escala humana para a medida das coisas e dos espaços. As dimensões humanas são o ponto de partida de um projeto, fazendo do usuário o centro de interesse. Portanto, todas as decisões são pensadas para o seu conforto estético e funcional. 5.1.8 Equilíbrio O equilíbrio está associado também à proporção. É um sistema de compensação, que atribui diferentes pesos visuais e cria sensações como a de estabilidade ou de dinamismo, de ordem ou desordem; o que certamente influencia a nossa percepção do espaço. O equilíbrio pode ser simétrico ou assimétrico, possuindo cada um uma conotação mais ou menos formal. No equilíbrio simétrico, eu possuo um eixo imaginário que divide o meu ambiente ou meu objeto em duas partes iguais. Esse equilíbrio é bem mais formal, mais clássico, utilizado em ambientes de características mais rígidas. No equilíbrio assimétrico, esse eixo continua central, porém meus objetos se aproximam ou se distanciam do eixo conforme seu peso e volume, dando assim a sensação de equilíbrio necessária. Esta forma de equilibrar, por ser mais solta, nos traduz um ambiente mais moderno e dinâmico (MANCUSO, 2015, p. 74). 143 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Figura 102 – Simetria e assimetria Simetria ou assimetria são os tipos de equilíbrio mais evidentes. A partir do eixo, podemos espelhar uma composição ou modificar sua forma ou seu volume. Assim, como afirma Mancuso (2015), podemos criar diferentes sensações. Figura 103 – Composição assimétrica A assimetria é, de certa maneira, considerada uma forma de desequilíbrio; o que não quer dizer que ela não tenha sido planejada. A assimetria causa uma sensação mais dinâmica por não trabalhar com a repetição. Para cada lado de um ambiente olhamos novas formas, cores, volumes e texturas, os quais podem nos surpreender. No entanto, é necessária certa proximidade com o estilo desejado para que não se torne visualmente incômodo. Figura 104 – Composição simétrica 144 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III A simetria, no entanto, é considerada a máxima expressão da ordem, pois torna todo o ambiente fácil de ser percebido. A sensação de rigidez e organização é mais forte, o que combina com estilos mais limpos em relação ao uso de acessórios e estampas, com mobiliário disposto em forma de quadrado. Figura 105 – Composição simétrica com elementos assimétricos É muito comum que a simetria seja mantida pela organização do mobiliário, mas seja quebrada pelos elementos decorativos e pela própria disposição do espaço arquitetônico, fato que atende a dois aspectos: uma certa rigidez em relação aos volumes maiores (móveis), mas permitindo algum dinamismo em relação à organização dos acessórios. Um terceiro tipo de equilíbrio é o radial, que cria ênfase para uma organização que tem como base um ponto central. Ele causa sensação de movimento, a forma se expande se os elementos estão voltados para fora e se contrai se estiverem voltados para dentro. Esse tipo de composição é muito frequente em salas de jantar e de reunião, com a mesa redonda como ponto central. Mas também pode ser aplicada em salas de estar, pois permite que as pessoas possam estar sempre de frente umas para as outras. Figura 106 – Composição radial 5.1.9 Harmonia Num projeto, é importante manter a harmonia entre seus vários centros de interesse. O projeto não deve parecer uma junção de elementos unidos ao acaso, que competem entre si. Deve ser um todo, um conjunto de formas, cores, texturas, etc., que se relacionam e interagem (GURGEL, 2007, p. 34). 145 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES A harmonia está ligada ao diálogo entre todos os elementos e sua organização no espaço, é o arranjo visual de todos os componentes e aspectos do projeto. Essa harmonização inclui formas, formatos, cores, texturas e a disposição de tudo isso no espaço. Se uma disposição está equilibrada em detrimento de sua organização espacial, certamente é porque existe harmonia entre os elementos, ou seja, eles conversam em relação ao estilo, à cor, à forma. Essa conversa pode ser concordante ou discordante, tudo depende de como o conceito do projeto está sendo desenvolvido. Para Ching e Binggeli (2013, p. 137), “é a repetição de uma peculiaridade comum que gera unidade e harmonia visual entre os elementos de um ambiente interno”, apresentando algumas possíveis harmonizações. Figura 107 – Harmonia É preciso ainda ter cuidado para que a harmonização não seja pautada apenas nas semelhanças,o que pode acarretar uma composição sem destaques visuais, fazendo com que o ambiente fique pouco interessante. Observação É possível criar ênfases visuais utilizando cortinas, tapetes, quadros, mas também diferentes formas, cores e texturas. 5.1.10 Homogeneidade e variedade Quando trabalhamos padrões muito semelhantes na composição do espaço, o maior esforço deve estar em não deixar que o ambiente fique monótono; portanto, é fundamental que se use uma variedade de 146 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III linhas, formas, cores, texturas e iluminação. Podemos variar as formas e combinar as cores ou vice‑versa. Uma boa estratégia é criar pontos de interesse, fazendo com que tudo não pareça muito óbvio no projeto. O conjunto de elementos no arranjo do espaço pode seguir estilos ou modelos diversos, pois são partes de um todo e, de certa forma, ao mesmo tempo que devem formar um conjunto homogêneo, devem também ter sua identidade e personalidade dentro da composição. Por exemplo, o equilíbrio assimétrico produz equilíbrio entre elementos que diferem de tamanho, forma, cor ou textura. A harmonia produzida por elementos que dividem uma característica comum permite que os elementos também tenham uma variedade de peculiaridades únicas e individuais (CHING; BINGGELI, 2013, p. 139). Por outro lado, se trabalhamos com muita variedade, é preciso adotar estratégias para que a composição não fique cansativa pelo excesso. É possível dedicar‑se, por exemplo, à ideia de coesão trabalhando com conjuntos. Embora se possam ter partes bastante chamativas, é possível criar através do agrupamento a percepção de unidade. Figura 108 – Variedade Em um espaço amplo, por exemplo, podemos usar diferentes estilos para os conjuntos setorizados e dispostos ao longo do ambiente, onde cada um tenha uma personalidade distinta de um, mas semelhante ao outro, estabelecendo uma relação entre as composições. Figura 109 – Unidade, variedade e conjunto 147 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES A unidade é um conceito importante dentro da organização e do planejamento do ambiente, desde a escolha dos elementos em si até a relação com outros elementos e sua disposição no espaço. Essa relação é o que dá identidade ao ambiente. 5.1.11 Ritmo O ritmo é formado pela repetição de elementos: ao mesmo tempo que traz coerência ao conjunto, dinamiza o ambiente de forma organizada e contínua. Ele organiza a percepção do espaço, criando percursos visuais. A repetição pode se dar a partir de elementos físicos ou visuais. Podemos multiplicar elementos decorativos, como quadros ao redor do ambiente, mas também podemos replicar cores, revestimentos ou texturas em diferentes superfícies. Figura 110 – Ritmo e repetição A iluminação também pode definir ritmo, tanto visual quanto físico, considerando as luminárias como objetos que se repetem pelo ambiente de forma organizada. Figura 111 – Ritmo e repetição A organização, o espaçamento e os formatos não precisam ser obrigatoriamente uniformes, a relação pode ser assimétrica e até desproporcional, tudo depende da sensação desejada dentro da composição dos elementos. 148 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III 5.1.12 Ênfase A ênfase pode estar presente em um ambiente, focando toda a diversidade de elementos do Design. Enfatizar é chamar atenção para a diversidade, evitando uma uniformização visual pouco atraente. O destaque cria uma hierarquia entre os elementos, estabelecendo relações entre os dominantes e os subordinados. A ênfase deve ser trabalhada de maneira a não deixar a composição monótona, criando pontos de atenção para o observador. Há várias estratégias possíveis para criar o que podemos chamar de centros de interesse. Podemos destacar um elemento no espaço utilizando seu posicionamento em relação ao próprio espaço, mas também em sua relação e sua imposição sobre os outros elementos. Ele pode se destacar do conjunto em uma composição pelo distanciamento, trabalhando a organização do ambiente de forma assimétrica, na qual em uma das partes um elemento específico se destaque. Existe ainda a possibilidade de que esse elemento esteja centralizado no ambiente, tendo todos os outros organizados a partir dele. Figura 112 – Ênfase espacial Outras possibilidades de destacar elementos estão relacionadas, por exemplo, às cores e às texturas, que podem criar um destaque visual dentro da composição. Elas podem estar em diferentes elementos, como tapetes, cortinas, paredes, entre outros. Figura 113 – Ênfase visual 149 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Quadros também são bastante utilizados como objetos de ênfase em um ambiente, seja pelo tamanho, pela cor ou pela própria imagem e conceito artístico. Figura 114 – Quadro utilizado como fonte de ênfase visual É preciso ainda entender que o propósito desse princípio não é dar destaque a um único elemento, mas sim criar uma hierarquia visual que deixe o espaço mais interessante e surpreendente ao olhar do observador. A forma é outro aspecto que pode garantir tal hierarquia na composição. O uso de diferentes estilos e formatos pode elaborar um ambiente dinâmico e agradável, desde que os princípios de equilíbrio e harmonia estejam presentes na composição. Figura 115 – Ênfase visual sendo exemplificada por meio da forma das mobílias A iluminação pode ser um fator decisivo na hora de resolver o projeto. Em primeiro lugar, ela própria é um centro de atenção, principalmente quando usamos lustres que tenham um aspecto formal chamativo. Em segundo, porque os focos de luz podem direcionar o olhar do observador para determinados elementos, composições ou áreas do ambiente. Figura 116 – Ênfase visual sendo exemplificada pelo uso da iluminação 150 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Vale lembrar que todos os princípios e elementos que vimos até aqui são complementares e devem ser trabalhados no projeto e considerados em todas as decisões a serem tomadas. O projeto deve ser uma somatória de esforços para criar uma unidade de composição que seja agradável, confortável e funcional em seu resultado final. Exemplo de aplicação Observe os lugares ou você frequenta, sejam casas, apartamento ou ambientes comerciais. Repare na composição dos elementos e analise de que maneira foram organizados e faça relações com as sensações visuais que eles causam. Anote e faça esboços que possam servir como repertório e inspiração para projetos futuros ou atuais. Para isso, tenha sempre um bloco ou caderno de anotações em mãos. Uma boa indicação é procurar saber sobre a teoria da Gestalt, um estudo que buscou entender a percepção humana da forma e estabeleceu princípios que podem ser um aprofundamento de todo o conteúdo sobre composição e transformação visual. Saiba mais Para saber mais sobre a teoria da Gestalt, leia: GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras, 2000. 6 MATERIAIS DE REVESTIMENTO Os materiais estão presentes em grande diversidade em um projeto de interiores. Todos os elementos usados em um projeto apresentam características como forma, formato, escala, cor, textura, entre outras. Tais características são próprias dos materiais de que são compostos, afinal, eles não apenas definem as características visuais, mas suas propriedades interferem nas possibilidades formais. Além dos elementos utilizados na decoração do ambiente, como mobiliário, tapetes e cortinas, temos que consideraros elementos arquitetônicos que configuram o próprio espaço. Além de suas propriedades estruturantes, suas características visuais são de grande importância para a composição do projeto. Podemos considerar os revestimentos como acabamentos, ou seja, em geral revestem o material de que o elemento é composto, oferecendo a ele novas cores e texturas. Os materiais de acabamento podem ser uma parte integral dos elementos de arquitetura que definem um espaço interno ou podem ser acrescentados como uma camada de jornal ou cobertura a paredes, tetos e pisos previamente 151 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES construídos em um recinto. Em ambos os casos eles devem ser selecionados tendo‑se o contexto da arquitetura em mente. Juntamente com os móveis, os materiais de acabamento desempenham um papel significativo na criação da atmosfera desejada de um espaço interno. Ao se especificar os materiais de acabamento, há fatores funcionais, estéticos e econômicos a serem considerados (CHING; BINGGELI, 2013, p. 288). Tais fatores influenciam as escolhas dos materiais, permitindo que sejam usados de forma apropriada para a proposta do projeto e suas demandas. É importante compreender as reais necessidades e as alternativas possíveis para que possam ser adequadas em relação a todos os aspectos. Os critérios de sustentabilidade para o projeto envolvem questões como: • O reuso de materiais e a diminuição de novos materiais. • O uso de materiais de fácil acesso provenientes de fontes sustentáveis locais ou próximas, reduzindo o uso do transporte em longas distâncias. • A preferência por marcas de fabricantes certificados que utilizam processos sustentáveis na produção dos materiais. • Redução das perdas de materiais através de um bom planejamento e do correto manuseio. Figura 117 – Materiais de acabamento 152 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III 6.1 Piso Revestimento de piso é a camada final de um sistema de piso. Como o piso está sujeito ao desgaste direto e representa uma grande parte da área da superfície de um recinto, ele deve ser selecionado com base em critérios tanto funcionais quanto estéticos (CHING; BINGGELI, 2013, p. 290). Quanto aos fatores funcionais, podemos destacar alguns pontos. É preciso considerar o uso do ambiente para que possamos avaliar se a resistência do material estará adequada. Podemos considerar esse fator relevante ao tráfego de pessoas e também em relação à funcionalidade do próprio ambiente. Áreas úmidas, como cozinha e banheiro, ou abertas, como varandas, devem ser pensadas em relação à facilidade de uso. Ou seja, quando falamos de resistência do material do piso, consideramos também sua resistência ao sol, à umidade e a manchas, por exemplo. Devemos ainda considerar outros aspectos, como facilidade de limpeza e manutenção, conforto, ruídos e também a textura para evitar escorregões. Em cozinhas ou áreas de churrasqueira, a gordura no preparo dos alimentos é um item que deve ser considerado, assim como a umidade e a possibilidade de escorregões. O mesmo vale para banheiros; nesses casos, deve‑se escolher um piso antiaderente e não liso, mas que também seja de fácil limpeza e resistente a manchas. Em apartamentos também é recomendável considerar o nível de ruído. Alguns materiais flexíveis, como borracha ou forrações, podem ser bastante eficientes nesse caso. Também devem atender ao conforto tátil e térmico. Em ambientes como salas e dormitórios, podem ser propostos materiais como a madeira ou a forração, no caso de locais com temperaturas mais baixas. Já os pisos frios podem ser mais eficientes em locais cuja temperatura é mais elevada. Quanto aos fatores estéticos, os materiais para revestimento de piso oferecem uma enorme e variada gama de possibilidades relacionadas a texturas e cores. Nesse caso, devemos pensar no papel visual que o piso desempenha no ambiente. Ele deve sobressair em relação às outras superfícies e aos elementos decorativos ou deve ser neutro e servir de pano de fundo para o mobiliário e outros acessórios? Os tons mais neutros são eficientes em ambientes mais sóbrios, onde o piso serve como um fundo imparcial, no qual se sobressaem os elementos decorativos e o mobiliário, permitindo mais liberdade de composições e cores. Figura 118 – Piso com tom neutro 153 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Os pisos com cores fortes e contrastantes interferem de maneira mais acentuada no aspecto visual do ambiente. Assim, são recomendados, por exemplo, quando se deseja um ar mais lúdico ou divertido. Por outro lado, como assumem certo protagonismo visual, interferem bastante na escolha dos elementos e do mobiliário. Figura 119 – Piso com cor e textura 6.1.1 Tipos de piso A variedade de materiais e de tipos de piso será classificada como de madeira; laminado; de pedra; cerâmicos e porcelanato; forrações e carpetes; e vinílico. Cada um desses tipos apresenta uma grande diversidade de opções relacionadas a texturas, cores ou padrões. 6.1.1.1 Pisos de madeira São produzidos com elementos naturais e variam em cor e textura, dependendo da árvore da qual é extraída. De acordo com Mancuso (2015, p. 152), “atualmente, todas as madeiras, a não ser as de reflorestamento, são utilizadas em lâminas finas aplicadas sobre chapas de MDF ou MDP. Cada uma possui características próprias de cor, veio e nomenclatura”. É possível compreender a importância do reuso dos materiais, principalmente quando se trata de um material natural, que demora muito tempo para se renovar e, portanto, pode ser findável. O comércio de material de demolição colabora com essa iniciativa, permitindo acesso a tipos de madeira escassos e podendo ser considerado uma excelente alternativa, a depender da necessidade do projeto. Segundo Mancuso (2015, p. 152), os tipos de madeira mais utilizados são: • Peroba: tem coloração que varia do amarelo ao vermelho rosado. • Cerejeira: tem a casca lisa e coloração cinza castanho. • Louro: tem cor amarelada e boa durabilidade. 154 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III • Ébano: tem cor escura e é muito compacta e com boa durabilidade. • Imbuia: tem variação de cor do amarelo‑esverdeado ao preto, com textura listrada em preto ou vermelho. • Caviúna: tem variação de cor do bege ao pardo castanho, com texturas e listras mais escuras. • Ipê: tem cor castanha com variação do oliva para o avermelhado e listras mais escuras. É uma madeira dura e pesada. • Pinho: material barato e de fácil conservação. É pouco usada como revestimento para acabamento. • Pau marfim: tem cor bege e clara e um valor mais elevado. Existem também diferentes tamanhos, proporções e, consequentemente, formas de composição. Os mais comuns são as tábuas, os tacos e os parquetes. Tábuas São cada vez mais raras, pois em geral foram sendo substituídas pelos pisos laminados e, de certa forma, em relação ao efeito visual, ambos funcionam da mesma maneira, diferenciando‑se apenas no material. Variam de largura e de comprimento e podem ser colocadas em diferentes orientações. As tábuas também são conhecidas como assoalho. Figura 120 – Tábuas de madeira Tacos São pequenas peças de madeira maciça que variam entre 7x14 cm e 10x40 cm e têm uma espessura de aproximadamente 20 mm. Os tacos atuais também são produzidos com madeira de reflorestamento ou compensados, recobertos com lâminas de madeiras nobres. Essas especificações garantem um efeito visual com as mesmas características. Os tacos garantem um aspecto que se assemelha ao piso de tábua, mas também tem um toque de modernidade;são mais dinâmicos em relação aos desenhos que podem criar, dependendo da maneira como se organizam. 155 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Figura 121 – Piso com tacos de madeira Apresentam formas diferentes de composição, criando diferentes efeitos visuais no piso. A criatividade deve ser explorada na hora de pensar na instalação. Os desenhos mais comuns são apresentados na figura a seguir. Figura 122 – Desenhos comuns em tacos de madeira Parquetes São muito parecidos com os tacos. A diferença está na forma: em geral, são várias peças iguais à do taco reunidas em uma única placa; portanto, criam diferentes desenhos na composição do piso. Variam de tamanho entre 24x24 cm e 48x48 cm. Figura 123 – Parquetes de madeira Os pisos de madeira geram conforto térmico, para temperaturas variáveis, mas são indicados principalmente para temperaturas mais baixas, pois a madeira tem a propriedade de manter o calor 156 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III absorvido por mais tempo. Não são indicados para áreas úmidas e são muito utilizados na área íntima e social da casa. 6.1.1.2 Piso laminado É uma variação de material que substitui o uso de madeiras maciças com o objetivo de economizar os recursos naturais, cada vez mais escassos. O processo de laminação sobre os compensados, aglomerados, MDF ou MDP é uma alternativa para minimizar os danos da extração predatória da madeira na natureza. São eficientes e criam a sensação da madeira natural, sem a necessidade do uso de chapas maciças. O revestimento laminado é utilizado na produção de diversos objetos e mobiliários, além de pisos. Essas chapas que servem hoje de material estruturante para mobiliários, pisos e outros acabamentos são produzidas a partir do reaproveitamento de restos de madeira e toros de pequeno diâmetro, que dependendo do processo podem ser laminados ou triturados e aglomerados com o uso de resinas sintéticas, e depois prensadas em alta temperatura. Os pisos laminados, mais especificamente, são constituídos em seu núcleo pelo HDF (High Density Fiberboard), um aglomerado de alta densidade e resistência. Podem ser revestidos por lâminas de madeira, mas em geral as lâminas são produzidas a partir de papel fotográfico com estampa de madeira e revestidas por um verniz que garante a durabilidade do material. Figura 124 – O uso dos laminados 157 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Seu processo de montagem é bastante simples. Produzido em lâminas com espessura de 7 mm, são peças leves, montadas por encaixes do tipo macho e fêmea e são de fácil substituição. Não precisam ser coladas no contrapiso, o qual recebe apenas uma manta de forração. O contrapiso precisa ser liso e bem executado para garantir a instalação adequada. Esse material tem características visuais muito próximas da madeira natural, com propriedades muito próximas que também garantem o conforto térmico, criando um ambiente aconchegante. Figura 125 – Piso laminado Por ser geralmente instalado sobre uma manta acrílica, garante uma boa proteção acústica. Também é resistente à luz solar e é de fácil limpeza (não mancha com facilidade) e textura com riscos de leve intensidade. No entanto, é mais sensível à umidade do que a madeira natural quando esta atinge o HDF, pois tem grande poder de absorção de líquidos. Uma opção mais atual no mercado são os pisos cerâmicos, com padronagem de estampa em madeira natural, que também oferecem um resultado visual bastante agradável e podem ser usados em todo tipo de ambientes por serem resistentes e de fácil limpeza. São indicados para uso em áreas íntimas e sociais, havendo também a opção do chamado piso de alto tráfego, com maior resistência e durabilidade para espaços com grande circulação de pessoas. 6.1.1.3 Piso de pedra É também uma alternativa para o revestimento. É altamente resistente, pois é produzido com pedras naturais, que apresentam grande variação de cor e de textura e podem receber também diferentes tratamentos. As pedras são consideradas pisos frios, pois não garantem um conforto térmico adequado em temperaturas mais baixas. São empregadas em todo tipo de ambiente, embora o mais comum sejam os banheiros e as áreas sociais da casa, como salas, lavabos, varandas, entre outras. Quando se usa o piso frio, é comum amenizar a sensação do toque utilizando tapetes na composição das áreas sociais ou de descanso. 158 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Os tipos de pedras podem variar, principalmente quando consideradas quanto à regionalidade. Algumas pedras são geralmente indicadas para espaços externos, como é o caso da pedra São Tomé ou da pedra Goiás. Ambas são porosas e com textura áspera. Nos ambientes de interiores, as pedras mais utilizadas são: Mármore É uma pedra de composição calcária, sendo menos resistente que o granito, por exemplo. É extraído em blocos e pode apresentar diferentes tonalidades, mesmo quando provém do mesmo lugar. Figura 126 – Piso e revestimento de parede, ambos em mármore A espessura das placas apresenta padrões de 2 e 3 cm e as texturas visuais podem ser variadas, desde as peças mais lisas até as mais desenhadas. O mármore é um material com custo elevado que apresenta um resultado estético bastante requintado, sendo considerado um material nobre. Pode ser usado em ambientes internos ou externos. Alguns tipos de mármore podem apresentar diferentes propriedades e resistências à umidade; portanto, é importante levar em consideração o tipo de uso na hora de escolher o tipo de mármore. Alguns tipos de mármore mais usados são: bege Bahia; branco (com tonalidades de cinza, verde e marrom); chocolate; e rosa Bahia. São ainda possíveis diferentes combinações de cores, que permitem criar um desenho no piso, como um mosaico, criando diferentes formas. É polido e brilhante, resistente e duradouro, porém muito poroso, o que exige cuidados. Pode absorver líquido quando exposto a ele por um tempo prolongado, o que é relativo em consideração à água, pois é incolor; no entanto, pode manchar com facilidade com líquidos que possuam corantes, como um suco de uva, ou pode também ser danificado por líquidos muito abrasivos se não for limpo em tempo hábil e tratado de forma adequada. Granito É outro tipo de pedra bastante utilizado em interiores. Assim como o mármore, é considerado um material nobre, mas que pode ser encontrado a um custo menor, dependendo da escolha. 159 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Segundo Mancuso, “os granitos são pedras rochosas, compostas de quartzo, feldspato e mica, com um índice de dureza maior que os mármores” (2015, p. 147). Como todo elemento extraído da natureza, ele pode oferecer diferentes composições e variações relacionadas às pigmentações, tonalidades e texturas. Indicado para os ambientes internos ou externos, pode ser encontrado com diferentes tipos de acabamentos polidos ou lixados, oferecendo texturas mais lisas e mais crespas para diferentes tipos de uso, inclusive em áreas nas quais é importante um tratamento antiderrapante. O assentamento das placas de granito, assim como o mármore, oferece a possibilidade de trabalhar com as chamadas “juntas secas”, garantindo uma uniformidade visual à superfície do piso sem o desenho das juntas. Figura 127 – Piso de granito Também é muito comum o uso de pequenos filetes metálicos entre as peças, fazendo o lugar das juntas do piso, evidenciando o quadriculado na superfície. Eles podemainda compor desenhos geométricos, em combinação de diferentes cores e texturas. Mancuso (2015, p. 148) lista ao menos 58 tipos de granito diferentes, o que pode nos oferecer uma gama muito grande de variedades, inclusive no custo do material. Outras pedras são menos comuns, mas também são utilizadas em ambientes internos ou externos, como é o caso da ardósia. Ardósia É uma pedra com tonalidade forte, podendo variar entre o cinza escuro e o esverdeado. Mesmo polida, é usada em ambientes mais rústicos. Pode ser usada ao natural ou protegida com resina ou cera. Quando não tratada, apresenta também certa porosidade e precisa de uma manutenção adequada em relação à limpeza. 160 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III 6.1.1.4 Pisos cerâmicos e porcelanato Os revestimentos cerâmicos e o porcelanato compreendem os materiais mais utilizados atualmente na construção civil; porém, o primeiro é mais popular pelo custo menor. Servem tanto para dar acabamento nas superfícies de piso quanto de paredes. Também são considerados pisos frios e com pouco conforto térmico; portanto, assim como as pedras, podem ser complementados com o uso de tapetes em algumas áreas da casa. São duradouros e resistentes à umidade, podendo ser aplicados em todos os ambientes internos e externos. Outra característica importante é a facilidade de manutenção e limpeza. A diferença entre os dois materiais está sobretudo no processo de fabricação e nos materiais. Cerâmica Leva grande quantidade de argila em sua composição, que é misturada a outros minerais, depois prensada e queimada em altas temperaturas. Posteriormente, recebe um tratamento à base de esmalte, que lhe confere cor e padrões de desenho. Existem diferentes tipos de tratamento, havendo diferença em produtos mais ou menos permeáveis e mais ou menos resistentes ao tráfego, e ainda diferentes texturas, que vão dos granulosos, com relativa absorção quando expostos ao contato com líquidos, até os de aparência vitrificada, com alto brilho. Em relação à resistência do material, existe uma classificação universal que varia da graduação “P1” até a “P5”, do mais frágil ao de alta resistência ao tráfego, podendo inclusive ser usado em garagens para automóveis. A cerâmica é um material popular que apresenta uma diversidade enorme tanto de cores, texturas e estampas quanto de dimensões e formatos das peças. Pode ser aplicada em áreas internas ou externas, desde que as características de resistência de cada tipo sejam respeitadas. Em relação às texturas e aos desenhos, existem atualmente opções de estampas amadeiradas que substituem visualmente o material natural, oferecendo maior resistência e durabilidade em áreas úmidas ou abertas, por exemplo. O assentamento do piso requer alguns cuidados, já iniciados no próprio contrapiso, que deve ser liso e limpo. Diferentes tipos de piso cerâmico recomendam diferentes tamanhos para as juntas, e essas informações são fornecidas pelo próprio fabricante do produto. Por esse motivo, na hora da escolha, é importante estar atento a tais informações para atingir o resultado estético esperado. Pisos com juntas maiores aumentam a visibilidade do quadriculado na superfície. Levando em consideração que as juntas são preenchidas com rejunte, um material cimentício para vedação, e que este material é oferecido em grande diversidade de cores, podemos considerar que quanto mais contraste entre a cor do piso e o rejunte, mais acentuado será o quadriculado; e quanto mais próximas as cores, maior a sensação de uniformidade. 161 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Figura 128 – Piso cerâmico A colocação e a composição devem ser planejadas, de forma a trabalhar a localização dos recortes e das peças inteiras. Também é possível trabalhar com composições de diferentes texturas e cores que podem formar molduras ou desenhos geométricos no piso. Isso exige preparação na hora da escolha, considerando que não existem formatos padronizados pela indústria brasileira; assim, cada fabricante e cada modelo de piso podem apresentar variações que dificultem o processo de composição. Porcelanato Tem o mesmo tipo de uso dos pisos cerâmicos. É diferente dos pisos cerâmicos, pois tem um processo de fabricação mais rigoroso, no qual a argila é mais compactada e exposta a temperaturas mais altas, o que faz esse material ser mais resistente, com cores mais uniformes e acabamento mais refinado. É considerado um produto nobre; portanto, costuma ter um custo mais alto em relação ao piso cerâmico comum. Seu aspecto e textura podem ser classificados como rústico, fosco, polido ou vitrificado, o qual apresenta um brilho intenso. Essa diversidade permite que o porcelanato possa ser aplicado como superfícies antiderrapantes em banheiros, cozinhas e áreas externas. Também apresenta uma infinidade de padrões, cores e texturas. Sua colocação também é muito parecida e sua composição pode ser combinada com diferentes cores e texturas. As juntas costumam ser bem menores que os pisos cerâmicos, em decorrência do processo de retificação que garante uma variação quase nula no tamanho das peças; ou seja, apresenta uma textura mais uniforme na superfície do piso. Uma novidade no mercado é o porcelanato líquido, que é derramado no contrapiso e cria uma superfície totalmente uniforme, sem juntas. É importante que o porcelanato seja aplicado por mão de obra especializada, com o objetivo de atingir a qualidade esperada. 6.1.1.5 Forrações e carpetes As forrações e os carpetes têm sido utilizados com menos frequência na atualidade. Em tempos anteriores, era muito comum o uso desse tipo de revestimento em toda a casa, com exceção das áreas úmidas. Hoje, são mais comuns na área íntima da residência e menos comuns nas áreas sociais. Suas 162 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III maiores qualidades estão ligadas ao conforto térmico e tátil, mas também à sua característica como isolante acústico, diminuindo o ruído. É preciso considerar que é um material que precisa de cuidado e manutenção, sendo mais difícil de limpar que os materiais vistos anteriormente, o que talvez explique sua pouca utilização nas áreas sociais. Atualmente, a tecnologia tem apresentado produtos mais resistentes ao tráfego, assim como propriedades antialérgicas e antichamas, criando produtos mais duradouros e flexíveis em relação às necessidades de uso. Forrações e carpetes possuem cores variadas e diferentes composições de fios, o que pode oferecer texturas diversas, de materiais mais ou menos felpudos. Figura 129 – Piso de carpete A diferença entre as forrações e os tapetes está basicamente no fato de que enquanto os tapetes cobrem áreas especificas do ambiente, as forrações ocupam o espaço todo, criando uma superfície bastante uniforme. Sua aplicação é à base de cola, o que não permite a sua retirada. Para a instalação do carpete, é preciso ter um contrapiso muito bem executado e liso, livre de resíduos. 6.1.1.6 Piso vinílico Essa tem sido uma alternativa muito interessante nos dias de hoje. Oferece diversas vantagens em relação à facilidade de instalação, variedade de estampas e cores, além de ser um excelente isolante térmico e acústico. Também é uma boa alternativa em relação às forrações e carpetes quanto às suas propriedades antialérgicas. O piso vinílico oferece grande resistência ao tráfego de pessoas e à facilidade de limpeza, mas é preciso ter cuidado na hora de arrastar um móvel, por exemplo, pois o piso pode ficar marcado com o desgaste do material. Oferece flexibilidade de composição, pois é um material fácil de cortar, o que pode criar diferentes desenhos na superfície do piso, além de apresentar uma uniformidadevisual, por não ser produzido em peças, mas em mantas de grandes dimensões, assim como as forrações e os carpetes, 163 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES pode ser instalado diretamente no contrapiso ou sobre um piso regularizado existente, desde que este esteja bem assentado e regular. Assim, pode ser uma alternativa menos custosa, trabalhosa e de rápida execução. Suas estampas oferecem uma grande variedade, desde produtos coloridos até aqueles que possuem textura visual de madeira, tendo sido, assim, uma alternativa considerada substitutiva dos pisos laminados. 6.2 Parede Os acabamentos de parede são utilizados para aumentar a durabilidade, absorção de sons e a refletância da luz ou modificar a aparência de uma parede. Alguns são parte integral da estrutura de uma parede, enquanto outros são camadas separadas fixas à estrutura. Já outros acabamentos de parede são finas camadas ou coberturas que são aplicadas sobre uma superfície de parede (CHING; BINGGELI, 2013, p. 303). São inúmeros os materiais que podem ser aplicados sobre a superfície de uma parede. No momento da escolha, a primeira coisa com a qual devemos nos preocupar é com o material do qual a parede é construída. Alguns revestimentos são incompatíveis com determinados materiais, como a aplicação de um revestimento cerâmico sobre uma parede de madeira ou ainda um papel de parede sobre tijolo aparente e sem reboco. As paredes podem não ter um revestimento, mas deixar aparente o próprio material de que são compostas. No caso dos tijolos de barro ou do concreto, é muito comum que recebam apenas uma camada de verniz impermeabilizante, garantindo a textura e a estética do próprio material. Figura 130 – Parede sem revestimento e com tijolo aparente Os tipos de revestimento mais comuns são: papel de parede; tecido; revestimento cerâmico; pastilhas de vidro; pintura e textura. 164 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III Devemos considerar que a paredes são elementos muito significativos para um ambiente interno, pois além de serem responsáveis pela própria organização espacial – já que separam e fragmentam, mostram ou escondem –, também são visualmente muito marcantes. É importante que o projeto preveja a relação dos revestimentos com os outros elementos presentes no espaço. Assim como o piso, as paredes podem ter um papel de destaque, oferecendo maior contraste de cor ou textura, assim como serem neutras, servindo de pano de fundo para a composição do mobiliário e dos elementos decorativos. Devemos dosar todos os elementos para não criar um ambiente carregado de texturas e cores e que se apresente aos olhos do observador de forma confusa. Papel de parede O papel de parede é um produto industrializado que oferece diversas opções de modelos e estilos e possui fácil instalação. É relativamente barato, dependendo do modelo e do material, e possibilita uma instalação limpa e sem maiores complicações, embora seja importante considerar que a instalação deve ser executada por uma mão de obra especializada, para que ela seja feita de forma adequada, evitando desperdício de tempo e de material. É vendido em rolos e pode ser usado em ambientes dos mais diversos. Além do papel, a indústria oferece modelos em material vinílico, que é lavável e de manutenção simples. Além da comodidade na instalação, o papel de parede oferece estampas variadas, que vão desde cores lisas até desenhos e estampas com motivos de todos os tipos e estilos, assim como papéis, texturizados ou não. Esses detalhes geram resultados que a pintura geralmente não é capaz de oferecer. Figura 131 – Papel de parede com estampas suaves Os padrões podem ser carregados de formas, sejam geométricas ou orgânicas, tornando‑se protagonistas na composição do ambiente. Muitas vezes são utilizados em quartos infantis, para tornar o ambiente mais alegre, dinâmico e colorido. Nesse caso, as estampas podem apresentar figuras que pertençam ao universo infantil. 165 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Figura 132 – Papel de parede com estampas temáticas Outros modelos de papel de parede podem oferecer mais discrição e valorizar mais os elementos e o mobiliário. Os motivos florais e tons pastel são muito utilizados em ambientes com visual mais clássico, pois são suaves e não interferem demasiadamente na composição. Outra opção também é não cobrir toda a superfície da parede e sim apenas uma parte ou uma metade, tendo sua altura definida da forma desejada. Tecido É um material bastante presente na decoração, pincipalmente nos revestimentos de assentos de cadeira, poltronas, sofás, cortinas e tapetes. Quando usado como revestimento de parede, tem características próximas ao do papel de parede. Pode ser aplicado e colado sobre a parede rebocada ou receber outro tratamento, utilizando placas de madeira como base e espuma na forração e depois aplicadas sobre a parede. A diferença entre o tecido e o papel de parede está primordialmente na textura e nas tramas do tecido, podendo ter acabamento mais liso e refinado ou mais rústico. Tudo depende do tipo de tecido utilizado: os mais grossos são mais eficientes na hora de dar acabamento. Além disso, também existe uma enorme diversidade de cores e estampas. Assim como o papel de parede, os usos podem ser muito variados, assim como as possibilidades de composição. Pode ser aplicado em apenas uma parede do ambiente ou ainda em meia parede em relação a sua altura, tornando‑se um material de acabamento delicado e muito flexível quanto ao uso. Os tecidos são aplicados nas áreas sociais e íntimas da casa, não sendo indicados para as áreas úmidas, pois assim como o papel de parede, oferecem baixa resistência à umidade. Revestimento cerâmico e porcelanato O revestimento cerâmico para paredes tem características muito parecidas com os revestimentos cerâmicos para o piso. A única diferença é que eles não precisam ser tão resistentes, pois não há tráfego de pessoas nem objetos apoiados sobre ele. O revestimento cerâmico e o porcelanato também oferecem grande variedade de texturas, padrões, cores e formatos. Os mais comuns atualmente diferem dos pisos por apresentarem dimensões retangulares, 166 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III e não quadradas. Assim, não é necessário que o piso e o revestimento estejam totalmente alinhados em relação à paginação. No entanto, existem modelos complementares de piso e de revestimento que criam uma composição de cores e de texturas mais uniformes e permite trabalhar o alinhamento das peças. Lembrete A paginação dos revestimentos cerâmicos é necessária para executar sua instalação conforme o planejado. Em geral, são usados nas áreas úmidas, como cozinhas e banheiros, ou em ambientes externos, pois oferecem boa resistência à umidade. Atualmente, a tendência é revestir apenas as paredes que têm contato constante com água ou gordura e pintar o restante das paredes, como pode ser visto no banheiro da figura a seguir. Na cozinha, pode‑se revestir a parede próxima ao fogão e à pia, pois oferece fácil limpeza da gordura. Figura 133 – Banheiro cujo revestimento cerâmico foi feito apenas na área do box O uso de cores e formatos também pode ser variado, criando contraste entre o piso, o revestimento, as louças sanitárias e as bancadas, estabelecendo uma hierarquia visual e deixando o ambiente mais descontraído e alegre. No entanto, é importante trabalhar visualmente para que o ambiente não fique muito carregado, principalmente em banheiros com dimensões menores, nos quais as cores claras e frias podem ser umaescolha mais acertada, garantindo a sensação de amplitude ao ambiente. Figura 134 – Composição de revestimento de piso de cor clara e fria em banheiro pequeno 167 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES As pastilhas também são uma boa opção, pois oferecem uma textura diferente e criam um visual interessante. Na maioria dos casos servem para criar detalhes, como faixas de divisão na parede em altura ou ainda criar destaque para uma parede específica, cobrindo, por exemplo, a superfície de uma das paredes do ambiente e as outras, não. A mesma dica serve para as pastilhas de vidro. No entanto, elas são transparentes e deve‑se ter o cuidado de assentá‑las utilizando argamassa branca para realçar as cores do material. Como já comentado, os revestimentos cerâmicos e o porcelanato, por serem materiais pesados, não são indicados para paredes que não sejam constituídas por alvenaria, pois esta é a que oferece maior resistência para suportá‑los. As pedras como revestimentos seguem as mesmas recomendações, com o acréscimo de que são ainda mais pesadas e precisam de uma instalação bem executada para que possam ser fixadas à superfície. Estas também podem ser combinadas com a cerâmica, com atenção para a paginação e para os espaçamentos das juntas. Pintura e textura A pintura é o revestimento mais utilizado para paredes em um ambiente interno por apresentar bom resultado e um menor custo. Ela pode ser aplicada em qualquer tipo de superfície e sobre todo tipo de materiais. Atualmente, existem muitos tipos de tintas que podem adaptar‑se a diferentes necessidades e criar resultados estéticos diversos. As tintas mais indicadas para os ambientes internos são feitas à base de água, em PVA ou acrílica, principalmente para paredes de alvenaria ou de gesso. Mas também são usados os esmaltes, mais comuns para acabamento em madeira e utilizados como revestimento para portas internas ou externas e esquadrias de janelas. Também existem as tintas à base de solventes, que proporcionam boa aderência e são utilizadas principalmente sobre metais e esquadrias do mesmo material. Embora apresentem um ótimo resultado, são mais demoradas na secagem e também têm cheiro forte decorrente de sua composição. A pintura das paredes tem uma função estética importante, no entanto também serve para proteger a superfície da ação do sol, da umidade e para facilitar a limpeza e a manutenção. Mesmo paredes de material aparente, como o tijolo à vista, devem receber uma camada de verniz como fator de impermeabilização e proteção do material. São diversas as técnicas que podem ser aplicadas a uma superfície pintada. A mais comum é colocar uma camada de massa corrida em PVA ou acrílica antes da pintura. Essa camada serve para alisar as texturas do material construtivo. No caso da alvenaria, no entanto, a massa corrida é aplicada sobre o reboco, antes da pintura, deixando a superfície da parede mais suavizada; também pode ser aplicada sobre madeira ou gesso, ajudando a esconder imperfeições e emendas entre as placas instaladas. Outro fator estético relacionado ao uso da cor também influencia a iluminação do ambiente, acentuando ou amenizando a reflexão nas superfícies e auxiliando a distribuição da luz. 168 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III É possível ainda criar outras texturas, rugosas ou ásperas, utilizando a tinta misturada à própria massa e aplicando na parede o produto com espátulas, esponjas, rolos e pincéis específicos para cada tipo de textura pretendida. A vantagem de aplicar tintas texturizadas está em não precisar de uma preparação de fundo. Ou seja, além de um resultado estético agradável, essas técnicas escondem as imperfeições do material construtivo sem precisar de massa corrida. Existem diferentes tipos e técnicas de texturas, como a pátina, o grafiato ou o marmorato. Figura 135 – Pintura com textura de marmorato As tintas à base de PVA são indicadas para superfícies em geral, no entanto apresentam pouca resistência à umidade, embora sejam de fácil limpeza e apresentem um custo menor. As tintas acrílicas, por sua composição, oferecem produtos mais resistentes à umidade e podem ser utilizadas em áreas úmidas, como banheiros e cozinhas, e também indicadas para áreas externas. Esse tipo de material oferece também texturas e resultados estéticos diferentes: foscos, acetinados e brilhantes. As tintas oferecem ainda uma variedade quase infinita de cores e tons, que podem ser personalizadas no momento da compra. Cabe ao designer de interiores criar uma combinação de cores e de texturas com base na composição do ambiente. As paredes podem se destacar visualmente com o uso de cores fortes e ganhar protagonismo no ambiente, assim como podem ser neutras, deixando a atenção para os elementos decorativos. Por isso, é importante que haja criatividade, para que se crie um espaço agradável por meio das cores. Figura 136 – Parede com pintura de cor intensa 169 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES 6.3 Teto O teto é a parte que cobre o ambiente. São diversos os tipos de materiais que podem compor a cobertura, assim, um ambiente pode ser coberto por uma laje plana, mas também pode haver a ausência dela e o telhado ou a cobertura ficarem aparentes. No primeiro caso, um forro pode ter duas funções: diminuir a altura do pé‑direito, dando ao espaço uma ideia maior de aconchego, e ser útil para uma redistribuição da iluminação. No segundo caso, o forro serve para esconder o telhado e sua estrutura, mas também garantir um melhor conforto em relação à temperatura do ambiente. Em ambos os casos, existem alguns materiais indicados para o forro. O gesso e a madeira são os mais comuns, mas também podem ser feitos de PVC ou de metal. No caso dos dois primeiros, o acabamento mais comum é a pintura, enquanto o PVC não costuma receber essa camada final, ficando com o próprio material aparente. Gesso O gesso é leve e de fácil modelagem. É bastante versátil e usado atualmente também na construção de paredes. A instalação do gesso no teto é feita através de placas presas em uma leve estrutura de madeira ou de metal. O acabamento do material é limpo e sem emendas aparentes, o que garante uma superfície uniforme. Também é bastante eficaz em relação ao isolamento térmico e acústico por ser um material de grande densidade. O material permite trabalhar a iluminação em pontos mais localizados no teto e com luminárias embutidas, o que pode ajudar muito o projeto luminotécnico e a redistribuição dos pontos originais, no caso das lajes, e também para esconder toda a fiação, no caso dos ambientes em que o telhado é aparente. O fato de ser de fácil moldagem permite a criação de desenhos e de relevos no teto com o uso das partes rebaixadas, permitindo inclusive a criação de formas curvas. Isso oferece uma função estética bastante interessante, que reforça o estilo adotado e cede uma certa unidade visual para o ambiente interno. Outro uso bastante utilizado nos forros de gesso são as sancas, que são recortes e rebaixos que permitem o uso de uma iluminação indireta e embutida, muitas vezes com o uso de fitas de lâmpadas de LED. Figura 137 – Forro de gesso desenhado e com iluminação embutida 170 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade III O forro é também utilizado para criar o chamado cortineiro, um recorte interrompido no qual a cortina fica embutida, entre o forro e a parede, escondendo os trilhos por onde ela corre. É possível ainda trabalhar com iluminação embutida, gerando uma luz indireta no ambiente e tornando‑o bastante aconchegante. Figura 138
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