Prévia do material em texto
1 EXPLORANDO OS GENEROS TEXTUAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL: notícia, entrevista, relato pessoal, carta do leitor MUSA ANTONINO 1 Os gêneros textuais são classificações usadas para determinar os textos de acordo com suas características em relação a um contexto. Eles possuem estruturas e características próprias. O gênero de um texto é identificado com base no objetivo, na função e no contexto. São as características do texto que determinam qual gênero ele pertence. Os gêneros variam de acordo com a intenção comunicativa exercendo uma função social dentro de um processo de comunicação. 1. NOTÍCIA A notícia é um gênero textual jornalístico que divulga acontecimentos socialmente reconhecidos como merecedores de publicação numa mídia. Fatos políticos, sociais, econômicos, culturais e científicos podem ser notícia desde que interessem às pessoas e sejam significativos para um determinado veículo da imprensa. Uma notícia relata aquilo que é anormal ou de grande impacto social, como tragédias, guerras, acidentes, corrupção, etc. Em geral relatam acontecimentos recentes, fatos novos, que despertam o interesse do público, veiculados através dos jornais escritos e falados, revistas, rádio, televisão, sites de internet. Uma notícia compõe-se de duas partes: lead e corpo. O lead consiste normalmente no 1º parágrafo da notícia e é parte que apresenta um resumo de poucas linhas no qual são dadas respostas às questões fundamentais do jornalismo: o que (fatos), quem (pessoas/animais/objetos), quando (tempo), onde (lugar), como e por que. 1 Pedagoga pela UFPE. Especialista em Educação Especial e em Docência do Ensino Superior pela Faculdade São Luís. Professora da Rede Municipal. 2 O corpo da notícia é a parte que amplia a lead, acrescentando novas informações. Ao relatar um fato, o jornalista pode proceder de duas formas: de modo impessoal e objetivo, isto é, sem se envolver, sem dar opinião; ou de modo pessoal e subjetivo, Isto é, envolvendo-se e emitindo sua opinião. Embora na linguagem da notícia predomine a impessoalidade, é possível, as vezes, perceber o posicionamento do jornalista em relação ao fato. Finalidade do gênero: Relatar um fato novo, informar. Perfil dos interlocutores: Locutor: jornalista; destinatário: público em geral Suporte/veículo: Imprensa escrita e falada: jornais, revistas, rádio, televisão, internet. Tema: Acontecimentos recentes, fatos novos, que despertam o interesse do público. Estrutura: compõe-se de duas partes: lead e corpo. O lead é a parte que apresenta as informações essenciais sobre o fato ocorrido: o que, quem, quando, onde, como e por que; o corpo é a parte que desenvolve o lead. É encabeçada por um título, geralmente curto e objetivo. Linguagem: Predominantemente impessoal, objetiva e direta. Empregada na variedade padrão. Responda as questões abaixo de acordo com a notícia que está na próxima página. a. Qual o fato principal da notícia? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ b. Quais as pessoas/objetos envolvidos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ c. Qual o lugar onde aconteceu o fato? ______________________________________________________________ d. Como aconteceu o fato? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3 https://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u63928.shtml 2. ENTREVISTA Em linguagem jornalística, entrevista é o texto resultante de um encontro previamente marcado entre duas pessoas no qual um interroga a outra sobre sua profissão, suas ações, suas ideias, etc. A entrevista quase sempre é uma figura de destaque num determinado campo da vida social e é quem autoriza ou não a publicação de suas declarações. Um tipo muito usual de entrevista é o que ajuda a compor uma notícia. Neste caso, o jornalista entrevista pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o fato noticiado e cita trechos da entrevista para dar maior veracidade ao fato, elucidar uma situação, apresentar uma visão diferente, etc. 4 Finalidade do gênero: Expor informações, opiniões, experiências pessoais e profissionais de uma pessoa de destaque. Perfil dos interlocutores: Locutor: jornalista; interlocutor: público em geral. Suporte/veículo: Imprensa escrita e falada: jornais, revistas, rádio, televisão, internet. Tema: Assuntos de interesse geral relacionados com a vida pessoal e profissional do entrevistado. Estrutura: Apresenta título e geralmente um pequeno texto que faz uma apresentação do entrevistado e do assunto que será abordado. O texto principal aparece em geral sob a forma de perguntas e respostas. Pode também apresentar antes de cada pergunta o nome do entrevistador (ou da revista ou jornal que ele representa) e antes de cada resposta o nome do entrevistado. Linguagem: Normalmente emprega a variedade padrão da língua e é transcrita sem marcas de oralidade. PARTE DA ENTREVISTA COM O ESCRITOR LUIS FERNANDO VERÍSSIMO A FINA EXPRESSÃO DA IRONIA 5 a) Essa entrevista está sob forma de perguntas e respostas. As perguntas demonstram terem sido preparadas antecipadamente pelo entrevistador? Justifique sua resposta. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ b) O conhecimento do entrevistado pertence a qual área? As perguntas estão sendo direcionadas para qual área de conhecimento? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3. RELATO PESSOAL O homem é um animal social, isto é, que vive em sociedade e partilha seu dia-a- dia com outros homens. Entretanto, cada homem tem uma história individual, fruto de suas vivencias, experiências, emoções e desejos, de suas ideias e sua forma de ver e sentir o mundo. Gêneros textuais como o relato pessoal, o diário, a biografia, a autobiografia, as memórias e o blog foram criados pelo ser humano para que os fatos reais, vividos por pessoas como nós, pudéssemos ser relatados e, assim, partilhados socialmente. O relato pessoal, na sua forma oral, provavelmente surgiu da necessidade do ser humano de comunicar-se, de interagir com seus semelhantes por meio da linguagem, relatando experiências vividas. Finalidade do gênero: Relatar experiências vividas. Perfil dos interlocutores: Locutor: escritor; destinatário: público em geral. Suporte/veículo: livros, jornais, revistas, internet. Tema: Assuntos pessoais, lembranças, memórias. Estrutura: Apresenta geralmente tempo e espaço bem marcados. Os fatos ocorrem predominantemente no tempo passado. É escrito na 1ª pessoa, pois o narrador é o protagonista. Linguagem: A linguagem é pessoal, subjetiva e direta, e é usada geralmente a variedade padrão. Os verbos são empregados predominantemente no tempo 6 passado. É comum o emprego da descrição, usada para caracterizar as pessoas, lugares, objetos. LEIA O TEXTO Sempre que podíamos, nos reuníamos em casa de meus avós maternos, em Vitória, para o Natal – que nunca, em hipótese alguma dispensava entre os presentes alguns livros e o Almanaque do Tico-Tico, com as aventuras de Chiquinho, Benjamin e Jagunço ou de Zé Renato e Faustina, além dos meus preferidos, Reco-Reco, Bolão e Azeitona. E, logo depois (com sorte, até mesmo antes do Natal) nós todos íamos para Manguinhos, uma praia selvagem e quase deserta num povoado de pescadores, a 30 quilômetros ao norte da capital. Lá, ficávamos dois meses, amontoados numa casa de quatro quartos e ampla varanda,com crianças se espalhando para dormir em esteiras e redes por todo canto. Tinha mar na porta, árvores no quintal, mata nos fundos, riozinho para pescar, carroça, animais, frutas. E um monte de livros, que ninguém dispensava levar uma boa provisão e era um troca-troca de dar gosto. Ana Maria Machado. Esta força estranha: trajetória de uma autora. São Paulo: Atual, 1996. p. 14-15. No texto, a narradora relata fatos que viveu há muitos anos, quando era menina. a) Para onde ia toda a família no Natal? ______________________________________________________________ b) Entre outros presentes, o que ela sempre ganhava? ______________________________________________________________ c) Nos relatos é comum o emprego de descrição. Pela descrição feita, como era a casa de praia de Manguinhos, onde a família ficava no verão? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4. CARTA DO LEITOR A carta de leitor é um gênero textual que permite o diálogo dos leitores com o editor ou entre os leitores de uma revista ou jornal. Por meio da carta de leitor, os leitores podem elogiar, discutir, discordar, solicitar, reclamar. https://psicod.org/tema-da-semana.html https://psicod.org/renato-cesar-de-araujo-porto-v2.html https://psicod.org/ata-da-47-reunio-do-conselho-gestor-intersetorial-do-teias-esc.html https://psicod.org/faculdade-de-psicologia-e-de-cincias-da-educaco.html https://psicod.org/o-velho-relatado-na-histria-possui-um-grande-objetivo-que-era.html https://psicod.org/o-velho-relatado-na-histria-possui-um-grande-objetivo-que-era.html https://psicod.org/o-velho-relatado-na-histria-possui-um-grande-objetivo-que-era.html https://psicod.org/os-ingarik-no-monte-roraima-a-oportunidade-da-dupla-afetaco.html 7 Finalidade do gênero: Relatar a opinião do leitor sobre textos publicados em jornais ou revistas ou fazer alguma solicitação; elogiar o jornal ou revista; dialogar com outro leitor. Perfil dos interlocutores: Locutor: leitor; destinatário: editor de um jornal ou revista; outro leitor Suporte/veículo: Imprensa escrita: jornais e revistas Tema: Assuntos de interesse geral e atuais veiculados na mídia. Estrutura: Semelhante à da carta pessoal; contém: local, data, vocativo, assunto, expressão cordial de despedida e assinatura. Linguagem: Segue geralmente a variedade padrão, mas pode variar conforme o perfil doa leitores. E-mail do Leitor: Ziraldo Em um dos passeios pela minha cidade, eu me deparei com a fantástica revista Língua. Como é delicioso contar com um periódico desse nível, passatempo intrutivo e fértil! Degustei todas as matérias com apetite, mas o manjar dos deuses foi a entrevista com Ziraldo (Língua 6, abril). Como sempre, criativo, ousado, consciente. [...] o melhor da vida é aprender sempre, e é isso que a revista nos possibilita, com muito prazer. (Viviane Rodrigues, Joinville, SC) REFERÊNCIAS ABAURRE, Maria Luiza. A dimensão discursiva da linguagem. Uno Internacional. CEREJA, W.R. Todos os textos. 3.ed. São Paulo: Atual, 2007.