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Aplicação da lei penal do espaço 1. Princípios aplicáveis e territorialidade Sabe-se que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal do espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional Nas possíveis colisões, seis princípios sugeres a solução: Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do local do crime, não portando a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico Princípio da personalidade ativa: aplica-se a lei do país a que pertence o agente Princípio da personalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do ofendido Princípio da defesa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado Princípio da justiça penal universal: o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado Princípio da representação: a lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas O ordenamento brasileiro adotou a territorialidade como princípio, entretanto esta não é absoluta, comportando exceções previstas em contravenções, tratados e regras de direito internacional (territorialidade temperada) Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Resumo feito por Amanda Grilo de Oliveira Eficácia da lei penal no espaço localdocrime nacionalidade doautor nacionalidadedavítima nacionalidadedo bem onde o véu foi encontrado aeronaves eembarcações tornadas localdo crime efsrimãpiodaterritorialidade Entende-se por território nacional a soma do espaço físico com o espaço jurídico. Para efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e as aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar Art. 5º, §1º do CP - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Art. 5º, §2º do CP - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Observação: Embaixada As embaixadas, embora sejam invioláveis, não constituem extensão do território do país que representam Observação: Embarcação privada estrangeira de passagem pelo mar territorial brasileiro A Lei n° 8.617/93 regula o direito de passagem inocente. Para que seja reconhecido esse direito, o navio privado deve utilizar o mar territorial brasileiro somente como caminho (passagem) para seu destino, sem pretensão de atracar no nosso território. Nesse caso, ocorrendo crime a bordo da embarcação, não se aplicará a lei brasileira, desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida → não seaplica ia avião 2. Lugar do crime O CP determina que seja aplicada a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. No entanto, da mesma forma que uma infração penal pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares diversos, percorrendo, inclusive, territórios de dois ou mais países igualmente soberanos Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Adotou-se, quanto ao lugar do crime a teoria da ubiquidade, híbrida ou mista. Logo, sempre que por força do critério da ubiquidade o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira. Outras duas teorias buscam explicar o lugar do crime, são elas a teoria da atividade, considerando lugar do crime aquele em que o agente desenvolveu a atividade criminosa, e a teoria do resultado, do efeito ou do evento, segundo a qual lugar do crime é o lugar da ocorrência do resultado Atenção: Artigo 6, CP – teoria da ubiquidade, (crime a distância - relação de internacionalidade); Artigo 70º, CPP – teoria do resultado, (crimes plurilocais – lugares distintos, mas todos no mesmo país); x Jurisprudência: o STJ e o STF vêm entendendo (tem precedentes) que nos crimes contra a vida, a competência será o local da ação criminosa e não do resultado. Sendo assim, a jurisprudência vem excepcionando a competência territorial do local do resultado; Artigo 63º, da Lei 9.099/95 (juizados especiais) – teoria da atividade, (infrações de menor potencial ofensivo – contravenções penais e crimes com pena máxima de até dois anos) → teoriadaubiquidade→ aplica -se alei brasileira → onde o resultado foiproduzido → onde vaesenvoluueOcrime 3. Extraterritorialidade Em casos excepcionais, a lei penal brasileira poderá extrapolar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro, gerando o fenômeno da extraterritorialidade A extraterritorialidade incondicionada está prevista no §1º do art. 7º do CP. Nesses casos, a lei brasileira, para ser aplicada, não depende do preenchimento de qualquer requisito. Verificada a infração penal, aplica-se a lei brasileira, não importando se o autor foi absolvido ou condenado no estrangeiro Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; A extraterritorialidade condicionada alcança os crimes trazidos pelo inciso II do art. 7º. Nesses casos, para que a lei penal brasileira possa ser aplicada, faz-se necessário o concurso das seguintes condições: - Entrar o agente no território nacional: não se exige a permanência do agente, apenas o seu ingresso no território nacional, considerado na sua dimensão física ou jurídica. - Ser o fato punível também no país em que foi praticado - Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição: há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição e os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira I →exceção ao bis in idem eincondicionada da Aam → crime praticado yrãr pessoaque trabalha naAdm Que = não haveráaextradição emcrimepuramentemilitar ; crimereligioso. . crime políticooude gamão - Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena - Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro II - os crimes a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. A extraterritorialidade hipercondicionada está positivada no §3º do art. 7º. Ao crimecometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil, fora das condições previstas no §2º, para a aplicação da lei brasileira é preciso observar ainda se não houve ou foi negada a extradição e ter tido requisição do Ministro da Justiça Art. 7º, §3º do CP - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 4. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º do CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Da análise da extraterritorialidade da lei brasileira, é possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como pela estrangeira, cumprindo nesta total ou parcialmente a pena. Conclui-se que dois fatores devem ser considerados: a quantidade e a qualidade exceção ao bis in idem das penas. Se da mesma qualidade (duas penas privativas de liberdade, por exemplo), da sanção aplicada no Brasil será abatida a pena cumprida no exterior; se de qualidade diversa (privativa de liberdade e pecuniária), o julgador deverá atenuar a pena aqui imposta considerando a pena lá cumprida Por força do princípio do ne bis in idem penal (material) ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo crime. Essa regra, entretanto, não é absoluta. A exceção está precisamente na hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira: nesse caso, pode o país onde se deu o crime condenar o agente e o Brasil também. São duas condenações pelo mesmo fato
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