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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS CAMPUS DE POÇOS DE CALDAS MEDICINA VETERINÁRIA ACIDENTES COM SERPENTES PEÇONHENTAS Alessandra Esposito de Castro Cardoso Guilherme Vergilio Menezes de Santana Poços de Caldas Maio – 2020 1. Introdução: As serpentes peçonhentas presentes no Brasil pertencem às famílias Viperidae (como o gênero Crotalus, Bothrops e Lachesis) e Elapidade (gênero Micrurus), sendo estas portanto, responsáveis pela maioria dos acidentes ofídicos no país, e por consequência, com maior importância clínica. Em agosto de 2010, os acidentes por animais peçonhentos foram incluídos na Lista de Notificação de Compulsória (LNC) do Brasil, este fato deve-se pelo alto número de notificações registras no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Com o aumento na frequência de acidentes ofídicos, o diagnóstico correto é de grande importância para que seja estabelecido o tratamento adequado, e sempre que possível, é importante saber identificar qual a espécie de serpente responsável pelo acidente. Para distinguir entre serpentes venenosas de serpentes não venenosas, algumas caraterísticas das serpentes peçonhentas ajudarão nesta identificação, como: • Cabeça: achatada, triangular e bem destacada • Olhos: pequenos, com pupila em fenda vertical e presença de fosseta loreal (exceção: serpentes do gênero Micrurus não possuem fosseta loreal). • Escamas: na cabeça, as escamas serão pequenas e semelhantes ao restante do corpo, que são alongadas, pontudas, imbricadas, com carena mediana, dando ao tato a impressão de aspereza • Cauda: curta e se afina bruscamente • Comportamento: quando ameaçada e perseguida, enrola-se e toma posição de ataque • Presas: - opistóglifa: possui duas ou mais presas com sulco externo, pelo qual o veneno é injetado, localizadas na posição posterior do maxilar superior. - proteróglifa: dotada de um par de presas fixas com um canal central, localizadas na posição anterior do maxilar superior - solenóglifa: possui um par de presas inoculadoras, com um canal central, grandes, pontiagudas e retráteis, localizadas na porção anterior do maxilar superior 2. Gênero Crotalus: Conhecida popularmente como cascavel, essa espécie é responsável de 8 a 15% dos acidentes ofídicos no Brasil. Elas podem ser encontradas (principalmente a noite) em campos abertos, encostas de morro, no cerrado e pouco frequente em florestas. A única espécie encontrada no Brasil é a Crotalus durissus. Estas serpentes apresentam um guizo (emitem som característico quando ameaçadas), dentição solenóglifa e fosseta loreal. • Sintomas e Sinais Clínicos: • Cães: - Paralisia flácida da musculatura - Ataxia - Midríase - Paralisia do Globo Ocular - Mialgia - Perda dos reflexos superficiais e profundos - Vômitos - Dispneia - Insuficiência Respiratória - Frequentemente não há alteração no local da picada • Bovinos: - Inquietação e desconforto - Apatia - Letargia - Edemaciação discreta no local da picada - Tremores musculares - Incoordenação motora - Decúbito - Movimentos de pedalagem - Paralisia Flácida • Equinos: - Aumento de volume no local de inoculação do veneno - Apatia e cabeça baixa - Mioclonias - Dificuldade de movimentação com arrastar de pinças no solo - Decúbito - Redução da sensibilidade cutânea e dos reflexos auriculares - Aumento da frequência cardíaca e respiratória - Redução na temperatura retal 3. Gênero Bothrops: São presentes em larga escala no território brasileiro, sendo as mais conhecidas e mais perigosas a Bothrops alternatus (conhecida como urutu cruzeiro) e Bothrops jararaca (jararaca). A jararaca possue habito noturno e mais terrestre e é reconhecida por suas escamas com desenhos dorsais em “V” escuros e bem destacados, orlados de cores mais claras, em geral, possuem geralmente uma cor parda. Já a urutu cruzeiro (possuidora de um dos venenos mais tóxicos), possui desenhos em forma de “U” pelo corpo e um desenho semelhante a uma cruz na parte superior da cabeça. Possuem uma cor mais acastanhada e seu hábito é crepuscular e noturno, sendo encontrada em áreas de mata, campos e brejos. Urutu Cruzeiro Jararaca • Sintomas e Sinais Clínicos: ▪ Sinais clínicos locais: - Dor intensa - Edema - Hemorragia ▪ Após 12 horas da picada: - Equimoses - Bolhas - Necrose - Picada na região do focinho: pode causar dispneia e insuficiência respiratória - Picada nos membros: os animais o mantêm flexionados, evitando tocá-los no solo - Morte: por hemorragias extensas, insuficiência renal e choque hipovolêmico 4. Gênero Micrurus: Este gênero pertence à família Elapidae (atribuindo, portando, os acidentes ofídicos Elapídicos) e são conhecidas popularmente por cobra coral, coral verdadeira ou boicorá. Comumente, estas serpentes são confundidas com as falsas corais pela semelhança físicas entre elas, entretanto, as falsas corais são de espécie, gênero e família diferentes, além disso, não são venenosas (fogem ao se sentirem ameaçadas). As serpentes do Gênero Micrurus apresentarão algumas características físicas opostas ao padrão de serpentes venenosas. Estas serpentes apresentam anéis corporais de colorações pretas, amarelas, brancas e vermelhas (pode haver variações de coloração), olhos pequenos com pupilas arredondadas, dentição proteróglifa e não possuem fosseta loreal. Além disso, possuem um comportamento marcante quando se sentem ameaçadas, ou seja, levantarão a cauda de forma semienrolada (circulada na imagem). Por mais que os acidentes elapídicos sejam raros e estas serpentes não apresentam comportamento agressivo, seu veneno pode causar a morte em poucas horas se não houver um atendimento rápido após a picada. • Sintomas e sinais clínicos • Humanos: - Mialgia - Parestesia e dor - Vômitos - Face miastênica com ptose palpebral bilateral simétrica ou assimétrica (como mostra a imagem) - Flacidez dos músculos da face - Turvação visual - Dificuldade para deglutição e mastigação - Sialorreia -Mialgia generalizada e dispneia restritiva e obstrutiva - Ptose mandibular - Oftalmoplegia - Diplopia - Morte: por falência respiratória - Nem sempre o local da picada será encontrado • No Brasil, o acidente elapídico só foi relatado apenas em um cão e um gato 5. Gênero Lachesis: Os acidentes laquéticos são causados pelas serpentes conhecidas popularmente por surucuru, pico-de-jaca, surucuru-pico-de-jaca, surucutinga e malha-de-fogo. Estas serpentes apresentam fosseta loreal e as últimas fileiras de escamas subcaudais modificas e eriçadas, terminado com um aspecto de “espinho”. Além disso, são serpentes grandes que podem chegar até 3,5m de comprimento e seu bote pode ultrapassar 50% do seu comprimento total. A surucuru é popularmente considerada agressiva, entretanto, o acidente laquético é pouco frequente, porém é considerado muito grave. Estas serpentes irão habitar áreas florestais e matas úmidas. • Sinais e Sintomas Clínicos: ▪ Humanos: - Dor acentuada - Eritema - Edema - Equimose - Bolhas de conteúdo sero-hemorrágico - Complicações: síndrome comportamental, necrose e déficit funcional do membro. ▪ Animais: a sintomatologia clínica do acidente laquético ainda não está descrita em animais domésticos ▪ O veneno laquético a presenta sintomatologia clínica semelhantes aos acidentes botrópicos. Referências: https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/caderno%20tecnico%2075%20animais%20pecon hentos.pdf http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1461https://portalsinan.saude.gov.br/acidente-por-animais-peconhentos https://www.infoescola.com/repteis/jararaca/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 42302001000100026#:~:text=A%20serpente,e%20malha%2Dde%2Dfogo. https://cobrasvenenosas.com/como-distinguir-a-cobra-coral-verdadeira-da-falsa/ https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/caderno%20tecnico%2075%20animais%20peconhentos.pdf https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/caderno%20tecnico%2075%20animais%20peconhentos.pdf http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1461 https://portalsinan.saude.gov.br/acidente-por-animais-peconhentos https://www.infoescola.com/repteis/jararaca/ https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100026#:~:text=A%20serpente,e%20malha%2Dde%2Dfogo. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000100026#:~:text=A%20serpente,e%20malha%2Dde%2Dfogo. https://cobrasvenenosas.com/como-distinguir-a-cobra-coral-verdadeira-da-falsa/
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