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APG 1 – SOI 4 “fASes dA lua ” Objetivos 1. Rever a morfofisiologia da glândula adrenal. (Produção dos glicocorticóides) 2. Revisar a função dos glicocorticóides. 3. Entender os efeitos fisiológicos da diminuição dos glicocorticóides e as manifestações clínicas da Síndrome de Addison. 4. Compreender os fatores de risco, fisiopatologia e manifestações clínicas da Síndrome de Cushing. 5. Estudar o mecanismo de ação dos esteróides utilizados no tratamento do aumento e diminuição de glicocorticóides (focar na ação dos Anti- inflamatórios esteroidais). OBJETIVO 1 REVENDO A MORFOFISIOLOGIA DA GLÂNDULA ADRENAL Anatomia - As glândulas adrenais são duas glândulas que possuem formato de pirâmide achatada e se localizam acima dos rins no espaço retroperitoneal. - São altamente vascularizadas e revestidas de tecido conjuntivo. - Em geral no adulto pesa entre 3,5 a 5 gramas, varia de 3 a 5 cm de altura, 2 a 3 cm de largura e um pouco menos de 1 cm de espessura. - Essas glândulas são divididas em duas regiões separadas tanto do ponto de vista estrutural quanto do funcional: córtex da suprarrenal (compreende a maior parte da glândula 80 a 90%) e uma medula pequena localizada na parte central. Fisiologia CÓRTEX DA SUPRARRENAL - Esse córtex é dividido em 3 regiões. Zona glomerulosa = mais externa Zona fasciculada = a do meio Zona reticular = a mais interna - Cada uma delas secreta um hormônio diferente. - A zona glomerulosa irá secretar os mineralocorticoides (principal aldosterona) o que afetam a homeostasia mineral. Essa zona possui células, densamente condicionadas e distribuídas em grupos esféricos e colunas arqueadas. - A zona fasciculada secretam os glicocorticoides (conhecidos por afetar a homeostasia da glicose) em especial o cortisol. É a coluna mais larga, com células distribuídas em colunas longas e retas. - A zona reticular possui células distribuídas em cordões ramificados. Elas sintetizam pequenas quantidades de androgênios fracos, que são hormônios esteroides que exercem efeitos masculinizantes. O córtex da glândula suprarrenal secreta hormônios esteroides essenciais à vida. Mineralocorticoides - Auxiliam na regulação da pressão arterial e volume sanguíneo, além de evitar a acidose. - Isso ocorre devido a aldosterona que promove a excreção de H+ na urina. E também regula a homeostasia dos íons sódio e potássio. - O controle da secreção de aldosterona é dado pela via renina-angiotensina- aldosterona - Quando a pressão do indivíduo abaixa (desidratação, deficiência de NA+, Hemorragia) irá ocorrer várias reações que vai contribuir para a formação de angiotensina II e esse hormônio estimula o córtex da suprarrenal a secretar aldosterona. Com isso, sangue contendo níveis elevados de aldosterona circula para os rins e lá ela irá aumentar a reabsorção de NA+ que, por sua vez, promove a reabsorção de água por osmose. Em consequência disso, perde-se menos água na urina. A aldosterona também estimula os rins a intensificarem a secreção de K+ e H+ na urina. Com a reabsorção mais intensa de água pelos rins, o volume de sangue aumenta. Além da angiotensina II, um segundo fator que estimula a secreção de aldosterona é uma concentração maior de K+ no sangue (ou líquido intersticial). A diminuição no nível sanguíneo de K+ produz o efeito oposto. Glicocorticoides - Os glicocorticoides são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide. - Glicocorticoides são hormônios esteroides, ou seja, tem em sua estrutura um núcleo esteroide formado por quatro anéis com 17 átomos de carbono que remetem ao seu precursor, a molécula de colesterol. - A síntese dos glicocorticoides inicia-se na membrana interna da mitocôndria, onde o colesterol é convertido enzimaticamente à pregnenolona pela citocromo CYP11A. - Em humanos, a pregnenolona é enviada ao retículo endoplasmático rugoso e convertida em progesterona e 17-α-hidroxipregnenolona pelas enzimas 3β-HSD e CYP17, respectivamente. Em seguida, através de hidroxilações subsequentes, essas moléculas originam os esteroides, incluindo mineralocorticoides, glicocorticoides e hormônios sexuais. - A regulação da síntese e dos níveis circulantes de glicocorticoides é feita através do eixo Hipotálamo- hipófise-Adrenal. - Em geral, os níveis de glicocorticoides variam ao longo do dia, estando o hormônio presente em altos níveis durante os períodos de maior atividade diária, tendo o seu pico correspondente ao início do período de atividades. - Em situações de estresse, os níveis circulantes dos glicocorticoides são automaticamente elevados. Para isso, células localizadas nos núcleos paraventriculares hipotalâmicos secretam o fator liberador de corticotropina (CRF) e vasopressina (AVP), que atuam em receptores específicos, CRF1 e AVPR1B respectivamente, presentes na região anterior da hipófise. Na hipófise, a ativação de CRF1 induz a produção e liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que é potencializada pela ativação simultânea do AVPR1B. - O ACTH liberado ativa seu receptor específico, denominado MC2R, presente no córtex da adrenal. A ativação do MC2R na adrenal induz a síntese de enzimas esteroidogênicas bem como o transporte do colesterol através da membrana mitocondrial culminando na produção e liberação de glicocorticoides. - Na presença de níveis elevados de glicocorticóides, os mesmos atuam em seus receptores (GR) presentes nos núcleos paraventriculares hipotalâmicos e na adenohipófise, reduzindo a síntese e secreção de ACTH. Esse processo, denominado de feedback negativo, é importante em situações de hiperatividade do eixo Hipotálamo-hipófise-adrenal. - Além disso, os níveis de glicocorticoides ainda podem ser modulados em seus locais de ação, antes da sua interação com seus receptores, através da interconversão entre cortisol, forma ativa, e a cortisona, forma inativa do hormônio. - Esta modulação é realizada pela enzima 11- β-hidroxiesteróide dehidrogenases (11βHSD), que possui duas isoformas. A 11βHSD1 está associada com a formação de glicocorticoides ativos nos tecidos a partir da sua forma inativa. Como exemplo, a expressão aumentada da 11βHSD-1 no hipocampo e córtex cerebral de animais idosos, e, consequentemente, de cortisol nestes tecidos, associa-se com o aparecimento de deficiências cognitivas. - A 11βHSD-2 está relacionada com a conversão tecidual do cortisol em cortisona e, sua atuação é fundamental em gestantes que apresentam altos níveis circulantes de glicocorticóides, atuando como barreira funcional na placenta destas com efeito protetor para o feto. Androgênios - A glândula suprarrenal secreta alguns androgênios fracos tanto em homens quanto em mulheres. O principal androgênio secretado pela glândula suprarrenal é a desidroepiandrosterona (DHEA). - Em geral, nos homens o efeito desses androgênios é insignificante, pois são secretados de forma tão baixas e após a puberdade eles secretam pelos testículos o androgênio testosterona em quantidades muito maiores. - Nas mulheres, no entanto, os androgênios suprarrenais desempenham funções importantes. Eles promovem a libido (desejo sexual) e são convertidos em estrogênios (esteroides sexuais feminilizantes) por outros tecidos corporais. Após a menopausa, quando a secreção ovariana de estrogênios cessa, todos os estrogênios femininos são provenientes da conversão dos androgênios suprarrenais. - Os androgênios suprarrenais também estimulam o crescimento de pelos axilares e púbicos nos meninos e nas meninas e contribuem para o estirão de crescimento pré- puberal. Embora o controle da secreção suprarrenalde androgênio não seja totalmente compreendido, o principal hormônio que estimula sua secreção é o ACTH. Medula da glândula suprarrenal - Está localizada na parte mais interna da glândula e consiste em um gânglio simpático da divisão autônoma do sistema nervoso (SNA) modificado. A diferença é que essas células não vão possuir axônios. - Essas células formam grupos em torno de vasos sanguíneos e secretam hormônios (epinefrina e norepinefrina). Esses hormônios são secretados de forma desigual: 80% de epinefrina e 20% de norepinefrina - As células produtoras de hormônio, chamadas de células cromafins. - Em situações de estresse e durante a prática de exercícios, impulsos provenientes do hipotálamo acionam os neurônios pré- ganglionares simpáticos que, por sua vez, estimulam as células cromafins a secretarem epinefrina e norepinefrina. Esses dois hormônios intensificam a resposta de luta ou fuga. - Ao aumentar a frequência e a força de contração cardíacas, a epinefrina e a norepinefrina elevam o débito cardíaco e a pressão arterial. Além disso, aumentam o fluxo de sangue para o coração, o fígado, os músculos esqueléticos e o tecido adiposo; dilatam as vias respiratórias para os pulmões e elevam os níveis sanguíneos de glicose e ácidos graxos. OBJETIVO 2 REVISANDO A FUNÇÃO DOS GLICOCORTICOIDES - Os glicocorticoides são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide. - Eles regulam o metabolismo e a resistência ao estresse (reações capazes de perturbar a homeostasia). - Em geral atua no metabolismo e no sistema imunológico. - Os glicocorticoides atuam principalmente por meio da transcrição gênica, a qual podem estimular ou inibir, a depender dos fatores de transcrição presentes no tecido alvo. Os receptores dos glicocorticoides ficam localizados no citoplasma, ligados a um complexo de proteínas estabilizadoras. Efeito dos glicocorticoides - Degradação de proteína: os glicocorticoides intensificam a taxa de degradação de proteína, principalmente nas fibras musculares e, dessa forma, aumentam a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea. Os aminoácidos podem ser usados pelas células corporais na síntese de novas proteínas ou na produção de ATP. - Formação de glicose: ao serem estimulados pelos glicocorticoides, os hepatócitos convertem determinados aminoácidos ou ácido láctico em glicose, que será usada por neurônios e outras células para produzir ATP. Tal conversão, de uma substância que não seja o glicogênio ou outro monossacarídio em glicose, é chamada de gliconeogênese. - Lipólise: os glicocorticoides estimulam a lipólise, degradação dos triglicerídeos e liberação de ácidos graxos do tecido adiposo para o sangue. - Resistência ao estresse: os glicocorticoides trabalham de muitas maneiras para promover a resistência ao estresse. A glicose extra fornecida pelos hepatócitos oferece aos tecidos uma pronta fonte de ATP para combater inúmeros estresses, inclusive exercício, jejum, medo, temperaturas extremas, altitudes elevadas, sangramento, infecção, cirurgia, traumatismo e doença. Uma vez que tornam os vasos sanguíneos mais sensíveis a outros hormônios que causam vasoconstrição, os glicocorticoides elevam a pressão sanguínea. Esse efeito é vantajoso nos casos de perda significativa de sangue, que faz com que a pressão arterial caia. - Efeitos anti-inflamatórios: esse hormônio inibe as células participantes das respostas inflamatórias. Com isso, o cortisol consegue diminuir o número dos mastócitos, as células residentes do conjuntivo que produzem histamina (substância vasodilatadora). Com menos histamina, o inchaço (edema) também será menor. Além disso, esse hormônio estabiliza e impede que ocorra a liberação do fagolisossomo presente nos fagócitos, macrófagos e neutrófilos. Sem a liberação do fagolisossomo, não haverá o aparecimento do ácido araquidônico, substância que se transforma em prostaglandina e que causa a dor na inflamação. - Depressão das respostas imunes: Doses elevadas de glicocorticoides deprimem as respostas imunes. Por esse motivo, os glicocorticoides são prescritos para receptores de órgãos transplantados com objetivo de retardar a rejeição tecidual promovida pelo sistema imune. - Efeitos psicológicos: Os hormônios glicocorticoides aparentam estar direta ou indiretamente envolvidos no comportamento emocional. Receptores desses hormônios foram identificados no tecido cerebral, sugerindo que eles desempenham um papel na regulação do comportamento. Pessoas tratadas com hormônios do córtex suprarrenal sabidamente apresentam um comportamento que varia de levemente aberrante a psicótico. OBJETIVO 3 ENTENDENDO OS EFEITOS DA DIMINUIÇÃO DOS GLICOCORTICÓIDES E A SINDROME DE ADDISON Diminuição dos glicocorticoides - Os glicocorticoides apresentam um importante papel na regulação metabólica, nos sistemas cardiovascular, imune, nervoso, e na resposta adaptativa ao estresse. A insuficiência adrenal pode ser causada por uma doença primária da adrenal (baixas concentrações plasmáticas de cortisol e altas de ACTH) ou secundária a doenças do eixo hipotálamoipofisário (baixas concentrações plasmáticas de cortisol e de ACTH). - A insuficiência adrenal primária (doença de addison) a causa mais comum é a destruição autoimune, mas também pode ser causada por infecções como a tuberculose e afeta diretamente as suprarrenais com pelos 90% do córtex destruído o que causa a dificuldade da produção dos hormônios. - Já a insuficiência adrenal secundária é causada por doenças que comprometem o eixo hipotalamoipofisário e sua principal causa é a suspensão de glicocorticoide de forma abrupta. - A falta crônica de glicocorticoide leva a sintomas inespecíficos, tais como mal-estar geral, fraqueza, inapetência, perda de peso, queixas gastrintestinais, como náusea, vômitos, dor abdominal e diarreia alternada ou não com constipação intestinal. São sintomas comuns em muitas outras doenças, entretanto, a insuficiência adrenal deve ser sempre considerada no diagnóstico diferencial. Manifestações clínica doença de Addison - Essas manifestações clínicas estão relacionadas principalmente com as deficiências de glicocorticoides e mineralocorticoides e com a hiperpigmentação resultante dos níveis altos de ACTH. Embora a escassez de androgênios suprarrenais (i. e., DHEAS) cause poucos efeitos nos homens, porque os testículos produzem esses hormônios, as mulheres têm poucos pelos axilares e púbicos. - A deficiência de mineralocorticoides aumenta as perdas urinárias de sódio, cloreto e água, além de reduzir a excreção de potássio. As consequências são hiponatremia, perda de líquidos extracelulares, redução do débito cardíaco e hiperpotassemia. Os pacientes podem ter desejo exagerado de sal e é comum detectar hipotensão ortostática. - Desidratação, fraqueza e fadiga são sinais e sintomas iniciais. Quando as perdas de sódio e água são extremas, o paciente pode ter colapso cardiovascular e choque. Em razão da falta de glicocorticoides, os pacientes com doença de Addison têm pouca tolerância ao estresse. Essa deficiência causa hipoglicemia, letargia, fraqueza, febre e queixas gastrintestinais como anorexia, náuseas, vômitos e emagrecimento. - A hiperpigmentação é causada pelos níveis altos de ACTH. A pele adquire tonalidade bronzeada nas áreas expostas e descobertas e os sulcos e os pontos de pressão normais tendem a ficar especialmente escuros. As gengivas e as mucosas orais podem adquirir tonalidade azul-escura. A sequência de aminoácidos do ACTH é acentuadamente semelhante à sequência do hormônio de estimulação dos melanócitos;a hiperpigmentação ocorre em mais de 90% dos pacientes com doença de Addison e ajuda a diferenciar as formas primária e secundária da insuficiência suprarrenal. OBJETIVO 4 COMPREENDENDO A SÍNDROME DE CUSHING Fatores de riscos - O excesso de glicocorticoides pode ser decorrente da superprodução por um tumor suprarrenal; da estimulação excessiva da síntese de glicocorticoides da suprarrenal pelo ACTH produzido por um tumor hipofisário ou ectópico; ou da administração iatrogênica (prescrição feita pelo médico) de glicocorticoides sintéticos em excesso. - Maior prevalência foi relatada para o hipercortisolismo subclínico (HCSC) em indivíduos com diabetes melito tipo 2 (DM2) mal controlado (2 a 3%), hipertensão (0,5 a 1%), incidentalomas adrenais (até 10%) e osteoporose de início precoce (até 11%). - A doença acomete mais mulheres (que são, em média, três vezes mais propensas a desenvolvê-la do que homens) e com idade entre 20 e 50 anos. - A síndrome de cushing exógena pode ser desencadeado pelo uso prolongado de preparações nasais de GC (para o tratamento de rinite alérgica), o que, muitas vezes, não é informado pelos pacientes, por julgarem que são inócuas e de efeitos limitados ao nariz. A utilização prolongada de cremes e colírios contendo GC pode também resultar em síndrome de Cushing exógena (SCE). O emprego concomitante de substâncias que inibam a metabolização hepática dos GC pelo citocromo P450 (p. ex., itraconazol, inibidores de proteases, fluoxetina, sertralina etc.) aumenta o risco de SCE durante o uso de GC pelas vias oral ou inalatória. A SCE foi também descrita em pacientes medicados com acetato de megestrol. - Rara ainda é a SC induzida pela gravidez (SCIG), havendo na literatura menos de 20 casos descritos. O quadro regride após o parto ou o abortamento, porém pode recidivar em gestações subsequentes. A etiologia da SCIG é desconhecida, mas parece estar relacionada com a produção placentária de um ou mais peptídeos. Entre os possíveis agentes desencadeadores incluem-se o CRH e o ACTH. Fisiopatologia - A síndrome de Cushing dependente de ACTH caracteriza-se por níveis elevados de glicocorticoides em consequência da estimulação excessiva pelo ACTH produzido por tumores hipofisários ou ectópicos (tecido extra-hipofisário). A fonte mais frequente de ACTH de produção ectópica é o carcinoma de pulmão de pequenas células. A secreção ectópica de ACTH em geral não é suprimida pela administração exógena de glicocorticoides (dexametasona), e essa característica é útil no diagnóstico diferencial. O termo “doença de Cushing” é reservado para a síndrome de Cushing causada pela secreção excessiva de ACTH por tumores hipofisários e constitui a forma mais comum da síndrome. - Na síndrome de Cushing independente de ACTH, a produção excessiva de cortisol resulta de anormalidade na produção adrenocortical de glicocorticoides, independentemente da estimulação pelo ACTH. Com efeito, os níveis circulantes elevados de cortisol suprimem os níveis de CRH e de ACTH no plasma. Manifestações clínicas - A alteração do metabolismo lipídico causa uma deposição peculiar de gordura, caracterizada por abdome protuberante; acúmulos de gordura subclavicular ou “corcova de búfalo” nas costas; e uma “face de lua” arredondada e pletórica. - Ocorre fraqueza muscular e os membros são finos, em consequência da degradação proteica e da atrofia muscular. Nos casos avançados, a pele dos antebraços e das pernas se torna fina, com aspecto de pergaminho. - Estrias roxas ou marcas de estiramento resultantes da pele e dos tecidos subcutâneos esticados e metabolicamente enfraquecidos estão distribuídas nas mamas, coxas e abdome. Pode haver desenvolvimento de osteoporose em consequência da destruição das proteínas ósseas e das alterações no metabolismo do cálcio, resultando em dor nas costas, fraturas vertebrais por compressão e fraturas em costelas. Conforme o cálcio dos ossos é mobilizado, pode haver desenvolvimento de cálculos renais. - Os glicocorticoides têm propriedades mineralocorticoides que promovem hipopotassemia como resultado da excreção excessiva de potássio, além de hipertensão resultante da retenção de sódio. - As respostas inflamatórias e imunes são inibidas, resultando em aumento da suscetibilidade a infecções. O cortisol aumenta a secreção ácida gástrica, o que pode provocar úlceras e sangramentos gástrico. - O aumento nos níveis de androgênio que acompanha o quadro causa hirsutismo, acne leve e irregularidades menstruais em mulheres. Os níveis excessivos de glicocorticoides podem ocasionar instabilidade emocional extrema, a qual varia de uma euforia leve e ausência de fadiga normal a um comportamento psicótico manifesto. - A DC em crianças acontece muito raramente apresentando sintomas insidiosos com características relacionadas à falha do crescimento, obesidade, puberdade e aparência facial. OBJETIVO 5 ESTUDANDO O MECANISMO DE AÇÃO DOS ESTEROIDES USADOS NO TRATAMENTO NO AUMENTO E DIMINUIÇÃO DOS GLICOCORTICÓIDES Mecanismo de ação - Os anti-inflamatórios esteroidais são equivalentes aos glicocorticoides, porém são feitos artificialmente. - Por difusão passiva eles atravessam a membrana citoplasmática, quando se ligam ao receptor intracelular ocorrerá uma mudança conformacional formando o complexo glicocorticoide- receptor tornando- se capaz de penetrar ao núcleo celular e de se ligar ao DNA. Com isto acontecerá à síntese de proteínas anti-inflamatórias como a lipocortina-1 e IKB e também ocorrerá a síntese de outras proteínas que atuam no metabolismo sistêmico. Este processo é chamado de transativação. A proteína lipocortina-1 inibe a fosfolipase A2. Os glicocorticoides inibem a cascata de reação que leva à produção de certas prostaglandinas e leucotrienos, este processo ocorre através da diminuição de oferta do ácido araquidônico. - Isto ocorre devido à capacidade que os glicocorticoides possuem de inibir a enzima fosfolipase A2, como mencionado acima. Por este processo então a enzima fosfolipase A2 é inibida de se ligar aos fosfolipídios de membrana, numa reação fisiológica à ligação da fosfolipase A2 com os fosfolipídios de membrana ocorreria uma formação de ácido araquidônico. O mesmo pode seguir por duas vias, a via das cicloxigenases que produz as prostaglandinas sendo este o principal fator para desencadear um processo inflamatório, ou então o ácido araquidônico pode seguir a via das lipooxigenases que estão relacionados aos processos alérgicos. - Os glicocorticoides sintéticos possuem efeito mais prolongado e potência mais elevada em relação aos naturais, pois o organismo tem mais dificuldade de metabolizar e elimina-los. Os glicocorticoides podem ser classificados de acordo com sua meia-vida, sua potência e sua duração de ação. A sua duração de ação é caracterizada como curta, intermediária e longa ação. - Glicocorticoides de ação curta: temos a cortisona e hidrocortisona, pois suprimem o ACTH por 8 a 12 horas. Glicocorticoides de ação intermediária: temos a prednisona, prednisolona, metilprednisolona e a triamcinolona, estas suprimem o ACTH por 12 a 36 horas. Glicocorticoides de ação longa: temos a dexametasona e a betametasona, pois promovem supressão do ACTH por 36 a 72 horas. A potência dos glicocorticoides é avaliada pela sua afinidade aos receptores citoplasmáticos e pela duração de sua ação. Para o tratamento da síndrome de cushing iatrogênica deve-se retirar gradativamente os glicocorticoides sintéticos, inicialmente trocando o medicamento por uma forma mais semelhante à natural (prednisona ou hidrocortisona) e em doses semelhantes àquelas que existem no organismo naturalmente. Após algumassemanas, deve- se diminuir a dosagem do medicamento gradativamente até ser suspenso.
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