Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caso 11- TUT 9- 1 Semestre CASO 11 Os estudantes da UNIFTC hoje foram convidados a participar do ambulatório e enfermaria de endocrinologia do Hospital Santa Izabel, inaugurado em 1893 e onde aconteceram a primeira transfusão de sangue da Bahia, em 1915, e a primeira reunião da Liga Bahiana Contra o Câncer, em 1936. O professor Dr. Tomaz Adisson recebeu-os, mostrou as instalações e de pronto apresentou-lhes dois pacientes: A primeira delas é Marcia dos Santos, 26 anos. Ela chegou à emergência com história de que, há um mês da admissão, começou a apresentar astenia, emagrecimento, fadiga intensa, associadas a hiperpigmentação* em certas regiões da pele da face e dos membros inferiores, bem como rarefação dos pelos pubianos e axilares. No pronto atendimento, ela apresentava hipotensão importante (TA = 80 X 40 mmHg), sendo que seus níveis tensionais médios antes da doença eram de 120 X 80 mmHg e não apresentava febre. Após anamnese completa e exame físico, os médicos solicitaram exames complementares, cujas alterações principais foram os seguintes: Hemograma completo – sem alterações significativas. Glicemia sérica em jejum: 81 mg/dl (Normal: 80 a 99 mg/dl). Dosagem de ACTH: 2302 pg/ml (normal: 7-50 pg/ml) Concentração sérica de sódio: 103 mEq/l (Normal – 135 a 145 mEq/l). Concentração sérica de potássio: 6,2 mEq/l (Normal – 3,5 a 4,5 mEq/l).). Cortisol sérico: <0,2 mg/dl (normal: 4,3 – 22,4 mg/dl). Aldosterona: indetectável (normal: 10-160 pg/ml). Renina sérica: 969 pg/ml (normal: 3,6-20,1 pg/ml). O segundo paciente é Diogo Almeida, 6 anos de idade. Sua mãe o levou ao ambulatório do Dr. Tomaz porque vem achando que “ele está se desenvolvendo muito cedo”. Aos 6 anos, Diogo já apresenta pelos pubianos e axilares espessos, aumento importante dos volumes testicular e peniano e, segundo ela, parece que “os músculos e o crescimento dele estão mais desenvolvidos” do que os dos seus coleguinhas da mesma idade. Os exames complementares demonstravam: concentrações séricas de sódio e potássio sem alterações, níveis séricos bastante elevados de ACTH, 17-hidroxiprogesterona, androstenediona e testosterona; já os níveis de Cortisol e Aldosterona estavam discretamente abaixo da normalidade, mas não ausentes, para a idade do paciente. Os níveis urinários de 17-cetoesteroides (17-KS) estavam também bastante elevados. Maria Clara, monitora da matéria de bioquímica, suspeitou que uma enzima poderia estar envolvida na patologia deste paciente. Os estudantes ficaram um pouco confusos..., porém, após os ensinamentos do Dr Adisson e da discussão em tutoria, ficaram ainda mais maravilhados pelo universo da medicina e firmes na escolha que fizeram de abraçar esta profissão fascinante. *OBSERVAÇÃO: A pro-opiomelanocortina (POMC) é um peptídeo precursor tanto do ACTH, quanto do hormônio estimulante dos melanócitos (MSH), ambos produzidos pela hipófise. Se os níveis de MSH elevarem-se, estimularão os melanócitos a produzirem mais melanina, gerando hiperpigmentação cutânea. 1. Histologicamente como se classifica a glândula suprarrenal? As glândulas adrenais ou suprarrenais localizam-se sobre o polo superior de cada rim, possuindo forma de meia-lua. Seu tamanho varia com a idade e as condições fisiológicas do indivíduo. Elas têm como função básica manter a homeostase. Além disso, a adrenal é revestida por uma capsula de tecido conjuntivo denso com uma rica rede de fibras reticulares, as quais sustentam as células secretoras. A glândula possui origem embrionária dupla. O córtex tem origem do mesoderma, enquanto a medula é originada das células da crista neural, possuindo então funções e morfologia diferentes. Córtex adrenal: Pode ser divido em três zonas, não muito bem delimitadas . Zona glomerulosa: Ocupa cerca de 15% do volume total da glândula. Situa-se imediatamente abaixo da capsula de tecido conjuntivo. Composta de celular piramidais ou colunares, organizadas em cordões, envolvidos por capilares. Responsáveis pela secreção de mineralocorticoides, principalmente a aldosterona, a qual contribui para a manutenção dos níveis de pressão arterial e do equilíbrio de eletrólitos e de água no organismo. Zona fasciculada: Ocupa cerca de 65% do volume total da glândula. Situa-se logo abaixo da zona glomerulosa, possuindo células em cordões de uma ou duas células de espessura, semelhantes a feixes, entremeados por capilares. As células são poliédricas, contendo muitas gotículas de lipídios no citoplasma, aparecendo vacuoladas em preparações histológicas, devido a dissolução de lipídios. Por esses motivos, tais células são chamadas de espongiócitos. Secreta glicocorticoides- cortisona e cortisol – responsáveis pela regulação do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Zona reticulada: É a zona mais interna do córtex, ocupando cerca de 7% do volume total do órgão. Possui células menores que as das outras camadas, dispostas em cordões irregulares que formam uma rede anastomosada, as quais podem apresentar lipofuscina. Há sinais de morte celular frequente nessa camada. Secreta principalmente esteroides androgênicos. Medula da adrenal: Composta por células poliédricas organizadas em cordões ou aglomerados arredondados sustentados por uma rede de fibras reticulares. Há, também, inervação por terminações colinérgicas de neurônios simpáticos pré-ganglionares. A secreção se acumula no polo celular próximo a veia. As células da medula são capazes de armazenar seus hormônios, podendo, assim, liberar grandes quantidades de hormônio em resposta a estímulos. Produz, principalmente, catecolaminas. Essas produzem efeitos, como vasoconstricção, hipertensão, alterações na frequência cardíaca e efeitos metabólicos. A epinefrina e a norepinefrina circulante não dão retroalimentação para a glândula produtora. 2. Quais são os hormônios produzidos na glândula suprarrenal? Como os andrógenos agem? Como ocorre a síntese dos andrógenos pelo córtex da suprarrenal? Córtex adrenal: cortisol (principal glicocorticoide), aldosterona (principal mineralocorticoide), e outros como, corticosterona, DHEA, androstenediona e progesterona. Medula adrenal: catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) Os andrógenos possuem ação orgânica similar à testosterona no corpo de ambos os sexos, porém com eficácia ação reduzida, sendo responsável apenas por 5% das características sexuais secundárias. Sua síntese é dada a partir do colesterol que por ação enzimática será transformado em outras substâncias que darão origem aos hormônios corticosteroides por enzimas específicas para cada tipo de hormônio. 3. Qual receptor e mecanismo de ação do ACTH? O hormônio adrenocorticotrófico é produzido pela adenohipófise e age no córtex da glândula suprarrenal. A estimulação do hipotálamo pelas concentrações de cortisol no sangue gera a produção do CRH, hormônio trófico que induz a hipófise a produzir ACTH que irá agir na zona fasciculada da adrenal. O receptor do ACTH é o MC2R que está localizado na zona fasciculada. Essa ligação gera uma via de transdução de sinal por adenilciclase na membrana celular. E essa ativação vai induzir a formação de AMPciclico no citoplasma da célula e isso vai estimular a ativação de enzimas intracelulares que vão produzir os hormônios cortisol e androgênio. E lembrar também que o ACTH estimula a ativação da enzima proteína quinase A, que causa a conversão inicial do colesterol em pregnenolona, que é a etapa inicial da produção desses hormônios. 4. Como funciona relação cortisol x ACTH? A hipófise produz ACTH que induz o córtex adrenal para haver síntese de cortisol. Ele induz a entrada de colesterol na glândula que será o precursor de todos os corticosteroides produzidos. O hipotálamo é responsável pela produção de CRH, um hormônio estimulante 5. Como regular a alta taxa de liberação do ACTH e suas consequências? 6. Como pode se dar uma resoluçãodo quadro apresentado na aldosterona sérica com quadro da Aldosterona indetectável? Sua determinação é útil no diagnóstico do hiperaldosteronismo e do hipoaldosteronismo associado à doença de Addison. Em casos suspeitos de doença de Addison, é necessário demonstrar que o nível sanguíneo dos hormônios adrenais está baixo (geralmente medidos às 08:00, quando o seu nível é maior devido ao ciclo circadiano) e o nível de ACTH está elevado (refletindo que há estímulo da glândula hipofisária para a adrenal, mas que essa não produz hormônios suficientes). Além disso, pode-se dosar o nível dos hormônios adrenais, que permanecerão baixos após o estímulo da glândula com hormônio hipofisário sintético. Além do diagnóstico da insuficiência adrenal, é necessário investigar a sua causa. A doença autoimune pode ser investigada com a pesquisa de anticorpos para 21-hidroxilase (A 21-hidroxilase esteroidal é uma enzima citocromo P450 que está envolvida na biossíntese dos hormônios esteroidais aldosterona e cortisol. Em humanos, a 21- hidroxilase é codificada pelo gene CYP21A2). Se negativos, são necessários exames específicos para cada suspeita, incluindo exames de imagem da glândula adrenal. Como no Brasil a tuberculose, é uma das principais causas, muitos casos em que a investigação não encontra uma etiologia são tratados como tuberculose. Na doença de Addison, as glândulas adrenais estão hipoativas, o que resulta em uma deficiência de hormônios adrenais. A doença de Addison pode ser causada por uma reação autoimune, câncer, infecção ou alguma outra doença. A pessoa com doença de Addison sente fraqueza, cansaço e tontura ao se levantar após estar sentada ou deitada e pode apresentar manchas escuras na pele. O médico mede os níveis de sódio e potássio e de cortisol e corticotrofina no sangue para pode fazer um diagnóstico. Essas pessoas são tratadas com corticosteroides e líquidos. A doença de Addison pode começar em qualquer idade e afeta igualmente homens e mulheres. Em 70% das pessoas com a doença de Addison, a causa não é conhecida, mas suspeita-se que as glândulas adrenais possam ter sido afetadas por uma reação autoimune, na qual o sistema imunológico do corpo ataca e destrói o córtex adrenal (a parte externa da glândula, que é diferente da medula adrenal, que é a parte interna que produz hormônios diferentes). Nos outros 30%, as glândulas adrenais são destruídas pelo câncer, por uma infecção, como a tuberculose, ou outra doença identificável. Em bebês e crianças, a doença de Addison pode ocorrer devido a uma anomalia genética nas glândulas adrenais. Quando as glândulas adrenais ficam hipoativas, elas tendem a produzir uma quantidade inadequada de todos os hormônios adrenais, incluindo corticosteroides (sobretudo o cortisol) e os mineralocorticoides (sobretudo a aldosterona, que controla a pressão arterial e os níveis de sal [cloreto de sódio] e de potássio no organismo). As glândulas adrenais também estimulam a produção de uma pequena quantidade de testosterona e estrogênio e outros hormônios sexuais semelhantes (andrógenos, como a desidroepiandrosterona [DHEA]), cuja concentração também está baixa em pessoas com insuficiência adrenal. Desse modo, a doença de Addison afeta o equilíbrio de água, sódio e potássio no organismo, assim como a capacidade do organismo de controlar a pressão arterial e reagir ao estresse. Além disso, a perda de andrógenos pode causar a queda dos pelos no corpo da mulher. Nos homens, a testosterona produzida nos testículos mais que compensa essa queda. A DHEA pode ter outros efeitos não relacionados aos andrógenos. Quando as glândulas adrenais são destruídas por infecção ou câncer, a medula adrenal e, portanto, a fonte de adrenalina também é perdida. Entretanto, essa perda não provoca sintomas. Em particular, uma deficiência de aldosterona faz com que o corpo excrete grandes quantidades de sódio e retenha potássio, o que resulta em níveis baixos de sódio e níveis altos de potássio no sangue. Os rins não conseguem reter sódio facilmente, de modo que, quando uma pessoa com doença de Addison perde muito sódio, a concentração de sódio no sangue cai e a pessoa fica desidratada. A desidratação grave e uma baixa concentração de sódio reduzem o volume de sangue e podem dar origem ao choque. A deficiência de corticosteroide causa uma sensibilidade extrema à insulina, de modo que o nível de glicose no sangue pode ter uma queda tão acentuada que chega a ser perigosa (hipoglicemia). Essa deficiência impede que o organismo produza carboidratos, que são necessários para a função celular, e proteína para combater infecções adequadamente e controlar inflamações. Os músculos enfraquecem e até mesmo o coração pode enfraquecer e se tornar incapaz de bombear o sangue adequadamente. Além disso, a pressão arterial pode ter uma queda tão acentuada que chega a ser perigosa. As pessoas com doença de Addison não conseguem produzir mais corticosteroides quando estão estressadas. Portanto, estão suscetíveis a graves sintomas e complicações quando enfrentam doenças, cansaço extremo, lesões graves, cirurgias ou, possivelmente, estresse psicológico grave. Na doença de Addison, a hipófise produz uma quantidade maior de corticotrofina (também chamada de hormônio adrenocorticotrófico ou ACTH) para tentar estimular as glândulas adrenais. A corticotrofina também estimula a produção de melanina, de modo que a pele e a boca muitas vezes apresentam manchas escuras (atreladas a hiperpigmentação). 7. O que é mineralocorticoide, glicocorticoides e corticosteroides? Mineralocorticoides: Chamados de mineralocorticoides, pois afetam a homeostasia mineral. As células da zona glomerulosa do córtex da adrenal sintetizam e secretam preferencialmente o mineralocorticoide aldosterona. A aldosterona é o principal mineralocorticoide; regula a homeostasia de dois íons minerais – íons sódio (Na+) e potássio (K+) – e ajuda a ajustar a pressão arterial e o volume de sangue. Glicocorticoides: Chamados de glicocorticoides por afetarem a homeostasia da glicose Os glicocorticoides, que regulam o metabolismo e a resistência ao estresse, são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses três hormônios secretados pela zona fasciculada, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide. Corticosteroides: É um grupo de hormônios que envolve os mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios. São todos os esteroides produzidos pela glândula suprarrenal e derivados do colesterol. 8. O que está causando a hiponatremia e o baixo nível de cortisol? A hiponatremia é causada pelo déficit de aldosterona no organismo, hormônio necessário para a regulação hidroeletrolítica do plasma sanguíneo. O baixo nível de cortisol é causado por possíveis insuficiências na glândula adrenal, neste caso, a enzima 21- hidroxilase, que participa da reação de formação do cortisol, apresenta déficit, impossibilitando a síntese de tal hormônio. 9. Como ocorre a síntese do cortisol e qual é a sua importância fisiológica? 10. Como a hiperpigmentação está relacionada com as disfunções na hipófise e as outras alterações apresentadas pela paciente? 11. Como funciona o sistema renina- angiotensina? Atua de modo a reverter a tendência à hipotensão arterial através da indução de vasoconstricção arteriolar periférica e aumento na volemia por meio de retenção renal de sódio (através da aldosterona) e água (através da liberação de ADH-vasopressina). O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) trata-se de uma série de reações concebidas para ajudar a regular a pressão arterial. Quando a pressão arterial cai (no caso da pressão sistólica, para 100 mm Hg ou menos), os rins liberam a enzima renina na corrente sanguínea. A renina divide o angiotensinogênio, uma grande proteínaque circula na corrente sanguínea, em duas partes. Uma parte é a angiotensina I, que se mantém relativamente inativa e é dividida em partes pela enzima de conversão da angiotensina (ECA). A outra parte é a angiotensina II, um hormônio que é muito ativo. A angiotensina II faz com que as paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas) se contraiam, aumentando a pressão arterial também provoca a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético) pela hipófise. A aldosterona e a vasopressina fazem com que os rins retenham sódio (sal). A aldosterona também faz com que os rins excretem potássio. O aumento de sódio faz com que a água seja retida, aumentando, assim, o volume de sangue e a pressão arterial. 12. Como funciona o metabolismo e mecanismo de ação da aldosterona? 13. O que o nível sérico aumentado do ACTH acarreta uma maior liberação de hormônios sexuais bem como dos caracteres sexuais precoces para a idade do paciente? 14.O que está acontecendo para que haja uma alta excreção de cetosteroides na urina do paciente? 15. O que causou essa virilidade tão precoce de Diogo? 16. Qual ação dos hormônios 17- hidroxiprogesterona, androstenediona e testosterona e como se dá a sua correção? 17-HIDROXIPROGESTERONA: A 17-alfa- hidroxiprogesterona é um esteroide secretado principalmente pelas adrenais e pelas gônadas. A principal indicação clínica para sua dosagem é o diagnóstico de deficiência da enzima 21-hidroxilase, o defeito de síntese adrenal mais comumente encontrado. ANDROSTENEDIONA: A Androstenediona é um hormônio esteroide de 19-carbonos produzido nas glândulas suprarrenais e nas gônadas, como um passo intermediário na via metabólica que produz o andrógeno testosterona e os estrógenos estrona e estradiol. TESTOSTERONA: Testosterona, esteroide anabolizante, é o principal hormônio sexual masculino. É responsável por regular a fertilidade, a massa muscular, a distribuição de gordura e a produção de glóbulos vermelhos. Os ovários das mulheres também produzem testosterona, embora em quantidades muito menores. 17. Qual a relação do sistema reprodutor masculino e o sistema osteomioarticular da pélvis? 18. Qual anatomia do córtex adrenal e o que a região das glândulas sintetizam? 19. Quais enzimas estão empregadas no metabolismo andrógeno, para ocorrer essas alterações anatomopatológicas?
Compartilhar