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CONTRATOS AGRÁRIOS

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Contratos agrários
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar um contrato de arrendamento rural.
  Definir os contratos de parceria rural.
  Reconhecer contratos de integração agroindustrial.
Introdução
Os contratos agrários, que abrangem os contratos de arrendamento e 
parceria rural e, mais recentemente, os contratos de integração agroindus-
trial, são instrumentos estabelecidos no Estatuto da Terra que possibilitam 
a posse ou o uso temporário de imóvel rural, visando à manutenção de 
qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista.
Tais instrumentos são firmados entre o proprietário da terra e aquele que 
exerça nela as referidas atividades, obedecendo às normas estabelecidas 
pela legislação vigente. Os contratos agrários possibilitam o estabele-
cimento de renda e o acesso à terra aos produtores não proprietários, 
assim como outros usos.
Neste capítulo, você vai estudar as normas gerais aplicáveis a todas 
as modalidades de contratos agrários. Vai também aprender sobre os 
contratos de arrendamento rural, de parceria rural e de integração agroin-
dustrial e as especificidades dispostas nas Leis que os regulamentam.
Tipos de contrato
A atividade agrária envolve inúmeras relações de âmbito econômico que 
exigem a aplicação da legislação infraconstitucional vigente, que trata de 
forma específi ca o direito agrário, a fi m de garantir legalidade e segurança 
jurídica para as partes envolvidas. Sabemos que são muito comuns, no meio 
rural, os contratos de arrendamento, de parceria rural ou, ainda, de integração 
agroindustrial, este inserido recentemente nas relações agrárias. Vamos, então, 
defi nir esses tipos de contratos agrários e suas especifi cações.
O Estatuto da Terra é a lei que instituiu as normas gerais e as formas de uso 
e posse temporária da terra. Ele dispõe que ambos devem ser exercidos por 
meio da realização de contrato expresso ou tácito, a ser estabelecido entre o 
proprietário e os que exercem atividade agrícola ou pecuária na propriedade, 
sob forma de arrendamento rural ou de parceria agrícola, pecuária, agroin-
dustrial ou extrativa. Tais contratos permitem a posse ou o uso temporário 
de imóvel rural por aquele que exerça na terra qualquer atividade agrícola, 
pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, viabilizando, assim, a realização 
de negócios envolvendo troca econômica entre partes interessadas, garantindo 
renda ao proprietário, bem como o acesso e a adequada utilização do imóvel 
rural aos produtores não proprietários, assim como outros usos.
A Lei nº. 4.947, de 6 de abril de 1966, que fixa normas de direito agrário e 
dispõe sobre o sistema de organização e funcionamento do Instituto Brasileiro 
de Reforma Agrária (Ibra), além de outras providências, estabelece, em seu art. 
13, que “Os contratos agrários regulam-se pelos princípios gerais que regem os 
contratos de Direito comum, no que concerne ao acordo de vontade e ao objeto, 
observados alguns preceitos de direito agrário” (BRASIL, 1966b, documento 
on-line). O mesmo art. estabelece os seguintes princípios do Direito Agrário 
a serem observados no estabelecimento dos contratos agrários:
  os dispositivos do Estatuto da Terra que tratam do uso ou posse tempo-
rária da terra, do arrendamento rural e da parceria agrícola, pecuária, 
agroindustrial e extrativa;
  a obrigatoriedade de cláusulas irrevogáveis que visem à conservação 
de recursos naturais;
  a proibição de renúncia, por parte do arrendatário ou do parceiro não 
proprietário, de direitos ou vantagens estabelecidas em leis ou regu-
lamentos; e
  a proteção social e econômica aos arrendatários cultivadores diretos 
e pessoais.
São características gerais dos contratos agrários:
  o exercício do uso ou da posse temporária da terra para fins agrários;
  a bilateralidade;
  a onerosidade;
  a consensualidade;
Contratos agrários2
  a não exigência da solenidade, admitindo-se a forma verbal de acordo 
com o art. 92, caput, do Estatuto da Terra e o art. 11 do Decreto nº. 
59.566/1966; e
  o direcionamento estatal pró hipossuficiente, ou seja, em benefício 
daqueles que não são proprietários de terras.
Temos também alguns princípios que regem os contratos agrários, sendo 
os principais deles:
  a autonomia privada das partes, cabendo aqui frisar que o Estado impõe 
características e diretrizes por meio da lei, que deverão ser cumpridas;
  a força vinculante do contrato, prevalecendo o pacta sunt servanda;
  o respeito à função social da propriedade;
  a equivalência das prestações a que cada parte se submete; e
  a boa-fé contratual.
Conforme o art. 13 do Decreto nº. 59.566/1966 (BRASIL, 1966a, documento 
on-line), “Nos contratos agrários, qualquer que seja a sua forma, contarão 
obrigatoriamente, cláusulas que assegurem a conservação dos recursos naturais 
e a proteção social e econômica dos arrendatários e dos parceiros-outorgados 
[...]”, existindo, portanto, forte apelo social e prevalência de normas de ordem 
pública sobre o interesse privado, com previsão de irrenunciabilidade de 
direitos e garantias das partes e da sociedade.
Assim, qualquer modalidade de contrato agrário deve conter cláusulas 
obrigatórias, que tratem:
  da proibição de renúncia dos direitos ou vantagens por quem trabalha 
sem ser proprietário;
  dos prazos mínimos de exploração previstos em lei;
  da observância das normas do Código Florestal e das práticas de explo-
ração agrícolas admitidas, no intuito de promover o uso racional da terra;
  da fixação do preço do arrendamento em quantia certa especificada em 
dinheiro, com a possiblidade de se dar em dinheiro ou o equivalente 
em produto;
  das condições de renovação do contrato, assegurado o direito de 
preferência;
  da indenização de benfeitorias;
3Contratos agrários
  do auxílio do proprietário ao arrendatário ou do parceiro na solicitação 
de crédito rural;
  da proibição da prestação de serviço gratuito;
  da proibição de práticas atentatórias à liberdade individual de quem 
está explorando a terra;
  da proibição de dispor dos frutos antes da partilha.
Portanto, por força da Lei, nos contratos agrários devem ser observados os 
prazos mínimos, estipulados pelo art. 13, II, do referido Decreto, que serão:
  de três anos, nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de 
exploração de lavoura temporária e ou de pecuária de pequeno e médio 
porte, ou em todos os casos de parceria; 
  de cinco anos, nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de 
exploração de lavoura permanente e ou de pecuária de grande porte para 
cria, recria, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal; 
  de sete anos, nos casos em que ocorra atividade de exploração florestal.
Fica claro então que o desrespeito a estes prazos mínimos, assim como 
a qualquer das cláusulas obrigatórias, torna nulo o contrato e sem nenhum 
efeito jurídico entre as partes.
É importante destacar que, quando houver mais de uma atividade, ao exem-
plo da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o prazo a ser considerado 
é o da atividade mais longa.
A definição do que seria pecuária de pequeno, médio ou grande porte, para 
fins de fixação do prazo mínimo para o contrato de arrendamento, é objeto 
de discussão em casos judicializados. No Recurso Especial nº. 1455709/SP, 
julgado em 05 de maio de 2016 pela 3ª Turma, o Relator Ministro Ricardo 
Villas Bôas Cueva sustentou que não se deve considerar as dimensões do 
empreendimento para definir "pecuária de grande porte", já que, em verdade, 
trata-se do tipo de ciclo biológico (BRASIL, 2016b). Por exemplo, para se 
definir como pecuária de grande porte, deve-se considerar o tipo de atividade 
como sendo bovina, equina, bufalina, entre outros, e a pecuária de pequeno 
porte como sendo criação de aves, caprinos, coelhos, rãs, etc. 
Ainda, o art. 12 do Decreto nº. 59.566/1966 prevê que as partes poderão 
ajustar estipulações que julguemconvenientes aos seus interesses, desde 
que não infrinjam a legislação aplicável. No entanto, os contratos escritos 
necessariamente deverão conter:
Contratos agrários4
  lugar e data da assinatura do contrato;
  nome completo e endereço dos contratantes;
  características do arrendador ou do parceiro-outorgante (espécie, capital 
registrado e data da constituição), se pessoa jurídica, e tipo e número 
de registro do documento de identidade, nacionalidade e estado civil, 
se pessoa física, e sua qualidade (proprietário, usufrutuário, usuário 
ou possuidor);
  característica do arrendatário ou do parceiro-outorgado (pessoa física 
ou conjunto família);
  objeto do contrato (arrendamento ou parceria), tipo de atividade de 
exploração e destinação do imóvel ou dos bens;
  identificação do imóvel e número do seu registro no cadastro de imó-
veis rurais do Ibra (constante do Recibo de Entrega da Declaração, do 
Certificado de Cadastro e do Recibo do Imposto Territorial Rural);
  descrição da gleba (localização no imóvel, limites e confrontações, 
área em hectares e fração), enumeração das benfeitorias (inclusive 
edificações e instalações), dos equipamentos especiais, dos veículos, 
máquinas, implementos e animais de trabalho e, ainda, dos demais bens e 
ou facilidades com que concorre o arrendador ou o parceiro-outorgante;
  prazo de duração, preço do arrendamento ou condições de partilha dos 
frutos, produtos ou lucros havidos, com expressa menção dos modos, 
formas e épocas desse pagamento ou dessa partilha;
  cláusulas obrigatórias com as condições enumeradas no art. 13 do 
Estatuto da Terra;
  foro do contrato; e
  assinatura dos contratantes ou de pessoa a seu rogo e de quatro testemu-
nhas idôneas, se analfabetos ou não poderem assinar (BRASIL, 1966a). 
5Contratos agrários
Conforme estabelece o Estatuto da Terra (BRASIL, 1964, documento on-line):
Art. 94. É vedado contrato de arrendamento ou parceria na exploração 
de terras de propriedade pública, ressalvado o disposto no parágrafo 
único deste artigo.
 Parágrafo único. Excepcionalmente, poderão ser arrendadas ou dadas 
em parceria terras de propriedade púbica, quando:
 a) razões de segurança nacional o determinarem;
 b) áreas de núcleos de colonização pioneira, na sua fase de implantação, 
forem organizadas para fins de demonstração;
 c) forem motivo de posse pacífica e a justo título, reconhecida pelo 
Poder Público, antes da vigência desta Lei.
Quanto à sua classificação, os contratos agrários podem ser típicos (ar-
rendamento rural e parceria rural) ou atípicos, como o contrato do fica, o 
contrato de invernada ou pastoreio e o comodato rural, normalmente usados 
em determinadas regiões do país como forma de contratação que obedece aos 
regionalismos, usos e costumes locais.
Neste capítulo, vamos verificar quais são os contratos agrários típicos 
e compreender especificamente cada um deles, bem como conhecer suas 
respectivas regulamentações previstas pelo Estatuto da Terra, pelo Decreto 
nº. 59.566/1966 e pelo Decreto nº. 3.288, de 15 de julho de 2016.
Contratos de arrendamento rural
Os contratos agrários são modalidades contratuais de direito agrário que 
possuem como principal característica viabilizar o exercício da posse ou do 
uso temporário da terra. Seu objeto é a exploração da atividade agrária.
Uma das formas de se realizar o uso ou a posse temporária da terra é o 
conhecido arrendamento rural, que se constitui, conforme o art. 3º do Decreto 
nº. 59.566/1966 (BRASIL, 1966a, documento on-line), por meio de:
Contratos agrários6
[...] contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo 
determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, 
incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de 
nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, 
extrativa ou mista, mediante, certa retribuição ou aluguel, observados os 
limites percentuais da Lei.
Trata-se, basicamente, de um contrato de aluguel de parte ou do todo de 
determinado imóvel rural, no qual o arrendador (proprietário) não se submete 
aos riscos da atividade agrária desenvolvida pelo arrendatário (locatário) na 
área arrendada (locada).
Conforme determinação prevista no art. 92 do Estatuto da Terra e no art. 
1º do Decreto nº. 59.566/1966, o arrendamento rural será exercido em virtude 
de contrato de arrendamento expresso ou tácito, celebrado entre o proprietário, 
quem detenha a posse ou tenha a livre administração de um imóvel rural, e 
aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, 
extrativa ou mista.
Como qualquer outro tipo de contrato civil, nos contratos de arrendamento 
existem direitos e deveres estabelecidos pela legislação para ambos os contra-
tantes, que são enumerados nos arts. 40 e 41 do referido Decreto. Veja abaixo 
o rol de obrigações do arrendador e dos arrendatários:
Art. 40. O arrendador é obrigado:
I − a entregar ao arrendatário o imóvel rural objeto do contrato, na data 
estabelecida ou segundo os usos e costumes da região;
II − a garantir ao arrendatário o uso e gozo do imóvel arrendado, durante todo 
o prazo do contrato (artigo 92, § 1º do Estatuto da Terra);
III − a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as obras e reparos 
necessários;
IV − a pagar as taxas, impostos, foros e toda e qualquer contribuição que 
incida ou venha incidir sobre o imóvel rural arrendado, se de outro modo 
não houver convencionado.
 
Art. 41. O arrendatário é obrigado:
I − a pagar pontualmente o preço do arrendamento, pelo modo, nos prazos 
e locais ajustados;
II − a usar o imóvel rural, conforme o convencionado, ou presumido, e a 
tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu, não podendo mudar sua 
destinação contratual;
III − a levar ao conhecimento do arrendador, imediatamente, qualquer ameaça 
ou ato de turbação ou esbulho que, contra a sua posse vier a sofrer, e ainda, 
de qualquer fato do qual resulte a necessidade da execução de obras e reparos 
indispensáveis à garantia do uso do imóvel rural;
7Contratos agrários
IV − a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as benfeitorias úteis 
e necessárias, salvo convenção em contrário;
V − a devolver o imóvel, ao término do contrato, tal como o recebeu com 
seus acessórios; salvo as deteriorações naturais ao uso regular. O arrendatário 
será responsável por qualquer prejuízo resultante do uso predatório, culposo 
ou doloso, quer em relação à área cultivada, quer em relação às benfeitorias, 
equipamentos, máquinas, instrumentos de trabalho e quaisquer outros bens 
a ele cedidos pelo arrendador. (BRASIL, 1966a, documento on-line).
Uma característica desse tipo de contrato agrário é o fato de que o arrenda-
tário se obriga a assumir os riscos da atividade rural a ser desenvolvida na terra 
arrendada, comprometendo-se a pagar quantia líquida e certa ao arrendador, 
independentemente da obtenção de êxito em sua produção.
Conforme o art. 3º, § 2º, do Decreto nº. 59.566/1966, “arrendador é quem cede o imóvel 
rural ou o aluga; e arrendatário é a pessoa ou conjunto familiar, representado pelo 
seu chefe, que o recebe ou toma por aluguel” (BRASIL, 1966a, documento on-line).
O § 3º do mesmo art. define que o “arrendatário outorgante de subarrendamento 
será, para todos os efeitos, classificado como arrendador” (BRASIL, 1966a, documento 
on-line). Ou seja, aquele arrendatário que subarrendar área arrendada por ele, nessa 
relação, também será classificado como arrendador. Para o subarrendamento, é im-
prescindível o expresso consentimento do arrendador, conforme estabelece o art. 31 
do mesmo Decreto e o art. 95, VI, do Estatuto da Terra.
É possível, então, o subarrendamento, que, conforme o art. 3º, § 1º, do 
referido decreto, constitui-se na transferência parcial ou total dos direitos e 
das obrigações do contrato de arrendamento, que o arrendatário faz a outra 
pessoa, um terceiro na relação contratual, sendo imprescindível paraa validade 
desse negócio o consentimento prévio e expresso do arrendador, sob pena de 
poder ser movida por este a ação de despejo.
Também é vedado ao arrendatário ceder o contrato de arrendamento ou 
emprestar total ou parcialmente o imóvel rural, sem prévio e expresso con-
sentimento do arrendador. Resolvido ou findo o contrato, extingue-se de 
pleno direito o subarrendamento, salvo disposição convencional ou legal em 
contrário, conforme o art. 31, caput, e o § 1º do Decreto nº. 59.566/1966. Assim, 
Contratos agrários8
aquele que subarrendou poderá permanecer usufruindo do imóvel, caso assim 
esteja previsto no contrato.
Conforme o art. 16 do Decreto nº. 59.566/1966, “A renda anual dos con-
tratos de arrendamento será ajustada pelas partes contratantes” (BRASIL, 
1966a, documento on-line), não podendo ser, nos moldes do art. 95, VII, do 
Estatuto da Terra,
[...] superior a 15% do valor cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que 
entrarem na composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e 
recair apenas em glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de 
alta rentabilidade, caso em que a remuneração poderá ir até o limite de 30% 
(trinta por cento). (BRASIL, 1964, documento on-line). 
O art. 18, caput, e o parágrafo único do Decreto nº. 59.566/1966 dispõem 
que “O preço do arrendamento só pode ser ajustado em quantia fixa de di-
nheiro, mas o seu pagamento pode ser ajustado que se faça em dinheiro ou em 
quantidade de frutos cujo preço corrente no mercado local, nunca inferior ao 
preço mínimo oficial, equivalha ao do aluguel, à época da liquidação”, sendo 
“vedado ajustar como preço de arrendamento quantidade fixa de frutos ou pro-
dutos, ou seu equivalente em dinheiro” (BRASIL, 1966a, documento on-line).
É importante mencionar que a razão da opção do legislador agrário, desde a 
elaboração do Estatuto da Terra e da legislação agrária complementar aplicável 
aos contratos agrários (Lei nº. 4.749/1966 e Decreto nº. 59.566/1966), sempre 
teve como base proteger o arrendatário (considerado como hipossuficiente 
na relação contratual agrária) de prejuízos decorrentes da falta de certeza do 
preço a ser pago pelo uso da terra, principalmente pela grande variação do 
preço dos produtos agrícolas. Com isso, a fixação do preço do arrendamento 
em quantia fixa em dinheiro resguardaria a certeza do valor a ser pago ao 
arrendador, evitando que o arrendatário fosse obrigado a entregar quantias 
maiores de produtos se a cotação do período fosse baixa, segundo Querubini 
(2016).
O Decreto nº. 59.566/1966 exige que os contratos agrários contenham 
cláusulas obrigatórias visando à proteção social e econômica dos arrendatários, 
determinando que o arrendador deve manifestar concordância à solicitação 
de crédito rural feita pelos arrendatários. Nesse caso, quando o arrendador 
financiar o arrendatário por inexistência ou impossibilidade de financiamento 
pelos órgãos oficiais de crédito, é facultado o direito de, vencida a obrigação, 
exigir a venda dos frutos até o limite da dívida acrescida dos juros legais de-
vidos, observados os preços do mercado local, conforme o art. 20 do Decreto.
9Contratos agrários
Conforme previsão trazida pelo art. 13, II, do referido Decreto, quanto ao 
prazo do contrato de arrendamento, a Lei exige um limite mínimo conforme 
a atividade a ser explorada, estando garantida pelo art. 21 a presunção de um 
prazo mínimo de três anos quando o arrendamento for pactuado por tempo 
indeterminado. Os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de fina-
lizada a colheita, inclusive a de plantas forrageiras cultiváveis, após a parição 
dos rebanhos ou depois da safra de animais de abate. Em caso de retardamento 
da colheita por motivo de força maior, esses prazos ficarão automaticamente 
prorrogados até o final da colheita, conforme estabelece o art. 21, § 1º, do 
referido Decreto (BRASIL, 1966a, documento on-line).
Findo o contrato de arrendamento, o arrendatário terá preferência à reno-
vação do arrendamento, em igualdade de condições com terceiros, devendo 
o arrendador, até seis meses antes do vencimento do contrato, notificá-lo das 
propostas recebidas, instruindo a respectiva notificação com cópia autêntica 
das mesmas. Na ausência de notificação, o contrato é considerado automa-
ticamente renovado, salvo se o arrendatário, nos 30 dias seguintes ao do 
término do prazo para a notificação, manifestar sua desistência ou formular 
nova proposta, conforme determina o art. 22, caput, e o § 1º do referido 
Decreto (BRASIL, 1966a). Caso tenha interesse em retomar o imóvel para 
exploração direta ou cultivo direto e pessoal, o arrendador deverá notificar 
o arrendatário, declarando sua intenção, até o prazo de seis meses antes do 
vencimento do contrato.
A notificação do arrendatário é também imprescindível no caso de o ar-
rendador receber proposta de compra do imóvel por terceiro interessado, sob 
pena de, nos moldes do art. 47 do Decreto regulamentador, o arrendatário 
poder haver para si o imóvel arrendado depositando o preço, “[...] se o requerer 
no prazo de 6 (seis) meses, a contar da transcrição da escritura de compra e 
venda no Registro Geral de Imóveis local, resolvendo-se em perdas e danos o 
descumprimento da obrigação” (BRASIL, 1966a, documento on-line). 
É muito importante saber que as notificações de desistência ou proposta 
deverão ser feitas por carta, por meio do Cartório de Registro de Títulos e 
Documentos da comarca da situação do imóvel, ou por requerimento judicial. 
A insinceridade do arrendador poderá ser provada por qualquer meio em direito 
permitido, sem prejuízo de eventuais perdas e danos causados ao arrendatário, 
conforme estabelece o art. 22, §§ 3º e 4º, do Decreto nº. 59.566/1966.
Portanto, a renovação do contrato de arrendamento ocorrerá quando, findo 
o contrato:
Contratos agrários10
a) a oferta do arrendatário for equivalente à oferta de terceiros interessados 
na exploração do imóvel;
b) houver silêncio por parte do arrendador quanto ao interesse de reto-
mada; e
c) a notificação premonitória do arrendador for viciada.
Ao término do contrato, o arrendatário terá direito à indenização das 
benfeitorias necessárias e úteis, sendo que, enquanto o arrendatário não for 
indenizado por essas benfeitorias, poderá reter o imóvel em seu poder, no 
uso e gozo das vantagens por ele oferecidas, nos termos do contrato de ar-
rendamento. Quanto às benfeitorias voluptuárias, somente serão indenizadas 
se sua construção for expressamente autorizada pelo arrendador, conforme 
estabelece o art. 25, caput, e o § 1º do Decreto nº. 59.566/1966.
Sobre a classificação das benfeitorias, nos termos do Decreto nº. 59.566/1966 (BRASIL, 
1966a, documento on-line):
Art. 24. As benfeitorias que forem realizadas no imóvel rural objeto 
de arrendamento, podem ser voluptuárias úteis e necessárias, assim 
conceituadas:
I − voluptuárias, as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o 
uso habitual do imóvel rural, ainda que o tornem mais agradável ou 
sejam de elevado valor;
II − úteis, as que aumentam ou facilitam o uso do imóvel rural; e
III − necessárias, as que tem por fim conservar o imóvel rural ou evitar 
que se deteriore e as que decorram do cumprimento das normas esta-
belecidas neste Regulamento para a conservação de recursos naturais.
Parágrafo único. Havendo dúvida sobre a finalidade da benfeitoria, e 
quanto à sua classificação prevalecerá o que for ajustado pelos con-
tratantes.
Temos que destacar as hipóteses ou causas de extinção dos contratos agrá-
rios de arrendamento, conforme rol estabelecido pelo art. 26 do Decreto nº. 
59.566/1966 (BRASIL, 1966a, documento on-line): 
11Contratos agrários
I − Pelo término do prazo do contrato e do de sua renovação.
II − Pela retomada.
III − Pela aquisição da gleba arrendada, pelo arrendatário.
IV − Pelo distrato ou rescisão do contrato.
V − Pela resolução ou extinção do direito do arrendador.
VI − Por motivo de força maior, que impossibilite a execução do contrato.VII− Por sentença judicial irrecorrível.
VIII − Pela perda do imóvel rural.
IX − Pela desapropriação, parcial ou total, do imóvel rural.
X − Por qualquer outra causa prevista em lei.
O parágrafo único do mesmo art. dispõe que “Nos casos em que o arren-
datário é o conjunto familiar, a morte do seu chefe não é causa de extinção 
do contrato, havendo naquele conjunto outra pessoa devidamente qualificada 
que prossiga na execução do mesmo” (BRASIL, 1966a, documento on-line).
É importante reforçar que, visando à proteção do arrendatário, há previsão 
de que, verificada a resolução ou extinção do contrato, estará garantido ao 
arrendatário a permanência no imóvel rural até o término dos trabalhos que 
forem necessários à colheita, conforme estabelece o art. 28 do referido Decreto.
Nos moldes do art. 29, outra causa de extinção de contrato de arrendamento 
prevista na Lei é a ocorrência de caso de força maior, da qual resulte a perda 
total do objeto do contrato. Nesse caso, ele será extinto, não respondendo 
qualquer dos contratantes por perdas e danos.
Por fim, conforme o art. 32 do mesmo Decreto, mediante a distribuição da 
demanda judicial cabível, o despejo poderá ser concedido nos seguintes casos:
I − Término do prazo contratual ou de sua renovação.
II − Se o arrendatário subarrendar, ceder ou emprestar o imóvel rural, no todo 
ou em parte, sem o prévio e expresso consentimento do arrendador.
III − Se o arrendatário não pagar o aluguel ou renda no prazo convencionado.
IV − Dano causado à gleba arrendada ou às colheitas, provado o dolo ou 
culpa do arrendatário.
V − Se o arrendatário mudar a destinação do imóvel rural.
VI − Abandono total ou parcial do cultivo.
VII − Inobservância das normas obrigatórias fixadas no art. 13 deste regu-
lamento.
VIII − Nos casos de pedido de retomada, permitidos e previstos em lei e neste 
regulamento, comprovada em Juízo a sinceridade do pedido.
IX – Se o arrendatário infringir obrigado legal, ou cometer infração grave de 
obrigação contratual. (BRASIL, 1966a, documento on-line).
Na hipótese de impossibilidade de continuidade da execução do contrato 
em área originalmente determinada, há a possibilidade, também, de as partes 
Contratos agrários12
ajustarem, de comum acordo, a substituição da área arrendada por outra 
equivalente, localizada no mesmo imóvel rural, respeitada as demais cláusulas 
e condições do contrato e os direitos do arrendatário, conforme determina o 
art. 33 do referido decreto.
Contratos de parceria rural
Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à 
outra, por tempo determinado ou não, o uso específi co de parte ou partes de 
imóvel rural, incluindo ou não benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com 
o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, 
agroindustrial, extrativa vegetal ou mista. Abrange também a entrega de ani-
mais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas 
de origem animal. Tal parceria se dá mediante partilha de riscos do caso 
fortuito e da força maior do empreendimento rural, bem como dos frutos, 
produtos ou lucros havidos, nas proporções que estipularem, observados os 
limites percentuais da Lei, conforme estabelece o art. 4º, caput, do Decreto 
nº. 59.566/1966.
O Estatuto Rural prevê, em seu art. 96, § 1º, exatamente o determinado no 
parágrafo acima, incluindo que as partes deverão partilhar do risco referente a 
variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento rural. 
Uma das mais notórias diferenças entre o contrato de arrendamento e o de parceria 
rural é o fato de que, no arrendamento, não se vincula os lucros ou prejuízos do 
empreendimento rural, ficando o arrendatário responsável pelo pagamento anual 
pactuado, independentemente de sua produtividade, enquanto, na parceria rural, 
partilham-se os riscos, os lucros e a percepção dos frutos e/ou produção entre os 
parceiros, nos limites contratados.
Portanto, nos contratos de parceria rural, a relação existente entre os contra-
tantes é de natureza societária, estando não somente o parceiro−outorgado (não 
proprietário), mas também o parceiro−outorgante (proprietário), dependentes 
13Contratos agrários
do sucesso do empreendimento, dividindo os lucros e prejuízos advindos da 
atividade rural desenvolvida na área, nos limites de suas quotas.
O lucro obtido com os frutos e produtos advindos da atividade desenvol-
vida será partilhado entre os parceiros, devendo ser obedecidos os limites 
percentuais que caberá ao parceiro-outorgante, que são aqueles elencados no 
art. 96, VI (BRASIL, 1964, documento on-line), conforme segue:
a) 20%, quando concorrer apenas com a terra nua;
b) 25%, quando concorrer com a terra preparada;
c) 30%, quando concorrer com a terra preparada e moradia;
d) 40%, caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído 
especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas 
ou currais, conforme o caso;
e) 50%, caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico de benfeito-
rias enumeradas na alínea d deste inciso e mais o fornecimento de máquinas 
e implementos agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as 
sementes e animais de tração, e, no caso de parceria pecuária, com animais 
de cria em proporção superior a 50% (cinqüenta por cento) do número total 
de cabeças objeto de parceria;
 f) 75%, nas zonas de pecuária ultra-extensiva em que forem os animais de 
cria em proporção superior a 25% do rebanho e onde se adotarem a meação 
do leite e a comissão mínima de 5% por animal vendido;
g) nos casos não previstos nas alíneas anteriores, a quota adicional do pro-
prietário será fixada com base em percentagem máxima de dez por cento do 
valor das benfeitorias ou dos bens postos à disposição do parceiro. 
Assim, consequentemente, o parceiro-outorgado terá direito ao valor mí-
nimo representado em cada caso, pela diferença do valor máximo da cota do 
parceiro-outorgante, e o restante dos frutos ou produtos percebidos.
A Lei nº. 11.443, de 5 de janeiro de 2007, deu nova redação aos arts. 95 
e 96 do Estatuto da Terra. No entanto, não houve alteração do Decreto nº. 
59.566/1966, devendo prevalecer, nesse caso, o novo texto do Estatuto, por 
tratar-se de norma hierarquicamente superior. Portanto, no texto do Decreto 
constante no art. 35, não consta como revogado o inciso I, que estabelece 
que não poderá ser superior a 10% a cota do parceiro-outorgante na partilha 
dos frutos, quando concorrer apenas com a terra nua, enquanto, a partir da 
alteração do Estatuto da Terra dada pela nova Lei, o limite máximo, quando 
concorrer com a terra nua, é de 20%. Além desta, existem outras alterações 
referentes às cotas do parceiro-outorgante na partilha dos frutos. Para comparar 
as alterações do Estatuto da Terra frente ao Decreto nº. 59.566/1966, basta 
acessar os textos das Leis.
Contratos agrários14
Denomina-se parceiro-outorgante o cedente, proprietário ou não, que 
entrega os bens, e parceiro-outorgado a pessoa ou o conjunto familiar, repre-
sentado pelo seu chefe, que os recebe para os fins próprios das modalidades de 
parcerias definidas no art. 5º do referido Decreto, conforme estabelece o seu 
art. 4º, parágrafo único. Conforme o art. 5º, a parceria poderá ser concretizada 
nas seguintes modalidades:
I – agrícola: quando o objeto da cessão for o uso de imóvel rural, de parte 
ou partes do mesmo, com o objetivo de nele ser exercida a atividade de pro-
dução vegetal;
II – pecuária: quando o objetivo da cessão forem animais para cria, recria, 
invernagem ou engorda;
III − agroindustrial: quando o objeto da sessão for o uso do imóvel rural, de 
parte ou partes do mesmo, ou maquinaria e implementos, com o objetivo de ser 
exercida atividade de transformação de produto agrícola, pecuário ou florestal;
IV – extrativa: quando o objeto da cessão for o uso de imóvel rural, de parte 
ou partes do mesmo, e ou animais de qualquer espécie, com o objetivo de ser 
exercida atividade extrativade produto agrícola, animal ou florestal;
V – mista: quando o objeto da cessão abranger mais de uma das modalidades de 
parceria definidas nos incisos anteriores (BRASIL, 1966a, documento on-line).
Aplicam-se à parceria agrícola, pecuária, agropecuária, agroindustrial ou 
extrativa as normas pertinentes ao arrendamento rural, no que couber, bem 
como as regras do contrato de sociedade, no que não estiver regulado pela 
presente Lei, conforme define o art. 96, VII, do Estatuto da Terra e o art. 34 
do Decreto nº. 59.566/1966.
Para os contratos de parceria rural, diferentemente dos contratos de ar-
rendamento, nos moldes do art. 36 do referido Decreto (BRASIL, 1966a, 
documento on-line):
Na ocorrência de força maior, da qual resulte a perda total do objeto do contato, 
este se terá por rescindido, não respondendo qualquer dos contratantes, por 
perdas e danos. Todavia, se ocorrer perda parcial, repartir-se-ão os prejuízos 
havidos, na proporção estabelecida para cada contratante.
No arrendamento, nenhuma das partes responderá por perdas e danos, 
ocorrendo apenas a extinção do contrato em caso de força maior.
Assim como nos contratos de arrendamento, “As parcerias sem prazo 
convencionado pelas partes, presumem-se contratadas por três anos” (art. 
37 do Decreto nº. 59.566/1966) (BRASIL, 1966a, documento on-line). Com 
relação às obrigações do parceiro-outorgante, além das enumeradas no art. 
15Contratos agrários
40 do referido Decreto, “assegurará ao parceiro-outorgado que residir no 
imóvel rural, e para atender ao uso exclusivo da família deste, casa de moradia 
higiênica e área suficiente para horta e criação de animais de pequeno porte” 
(BRASIL, 1964, documento on-line), conforme estabelecem o art. 96, IV, do 
Estatuto da Terra e o art. 48, § 1º, do Decreto nº. 59.566/1966. Não havendo 
acordo em contrário, as despesas com o tratamento e a criação dos animais 
correrão por conta do parceiro-outorgado, conforme o art. 96, IV, do Estatuto 
da Terra e o art. 48, § 2º, do mencionado Decreto.
Por fim, tanto “o parceiro-outorgante e o parceiro-outorgado poderão 
a qualquer tempo, dispor livremente sobre a transformação do contrato de 
parceria no de arrendamento”, de acordo com o art. 50 do referido decreto 
(BRASIL, 1966a, documento on-line).
Os prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo cada tipo 
de atividade agrícola; as formas de extinção ou rescisão; e os direitos e as 
obrigações quanto às indenizações por benfeitorias poderão ser convencio-
nadas pelos parceiros, atendendo-se à regra geral disposta pelo Decreto nº. 
59.566/1966, aplicável aos contratos de arrendamento.
Contratos de integração agroindustrial
O Direito Agrário brasileiro passou a contar com uma nova modalidade de 
contrato agrário típico, o contrato de integração agroindustrial, denominado 
também pela Lei como contrato vertical ou contrato de integração, introduzido 
no ordenamento pela Lei Federal nº. 13.288/2016, que estabeleceu requisitos 
essenciais aos sistemas de integração vertical na agricultura, sem impor li-
mitação da autonomia das partes.
É importante observar que, diferentemente dos contratos típicos já existentes 
(parceria e arrendamento), o contrato de integração não regula relações que 
têm como objeto central a cessão do imóvel rural, mas, sim, a matéria-prima, 
ou seja, as atividades que implicam o desenvolvimento de um ciclo biológico 
animal ou vegetal para suprir a demanda agroindustrial.
Verifica-se, claramente, a consolidação jurídica da empresa agrária, que, 
nesse caso, passa a ser integrante do agronegócio, ou seja, está envolvida 
com outra empresa responsável pelo processamento, pela distribuição e pelo 
consumo dos produtos agropecuários in natura ou industrializados, informa 
Trentini (2017).
Os contratos agroindustriais permitem o estabelecimento de regimes de 
integração entre empresas agrárias e agroindústrias, visando a adequar as suas 
Contratos agrários16
atividades em favor do consumidor final, representando, assim, a essencialidade 
do agronegócio moderno.
Segundo Mattioni (2017, documento on-line):
Os contratos agroindustriais representam a essência do agronegócio moder-
no e são celebrados pelos mais diferentes setores da agricultura e pecuária, 
especialmente na criação de aves, suínos, plantio de grãos, cana-de-açúcar, 
café, silvicultura, etc. Por meio desses contratos, empresas agroindustriais e 
produtores rurais estabelecem regimes de integração, para coordenar as suas 
atividades em favor de melhores mercados consumidores, aliando fornecimento 
de crédito, insumos e tecnologia a compromissos de entrega de mercadorias.
A Lei nº. 13.288/2016 dispõe sobre os contratos de integração e as obrigações 
e responsabilidades nas relações contratuais entre produtores integrados e 
integradores, e dá outras providências, dispondo, em seu art. 2º, os seguintes 
conceitos relacionados à integração agroindustrial:
Para efeitos desta Lei, entende-se por: 
I − integração vertical ou integração: relação contratual entre produtores 
integrados e integradores que visa a planejar e a realizar a produção e a 
industrialização ou comercialização de matéria-prima, bens intermediários 
ou bens de consumo final, com responsabilidades e obrigações recíprocas 
estabelecidas em contratos de integração;
II − produtor integrado ou integrado: produtor agrossilvipastoril, pessoa física 
ou jurídica, que, individualmente ou de forma associativa, com ou sem a coo-
peração laboral de empregados, se vincula ao integrador por meio de contrato 
de integração vertical, recebendo bens ou serviços para a produção e para o 
fornecimento de matéria-prima, bens intermediários ou bens de consumo final;
III − integrador: pessoa física ou jurídica que se vincula ao produtor integra-
do por meio de contrato de integração vertical, fornecendo bens, insumos e 
serviços e recebendo matéria-prima, bens intermediários ou bens de consumo 
final utilizados no processo industrial ou comercial;
IV − contrato de integração vertical ou contrato de integração: contrato, firma-
do entre o produtor integrado e o integrador, que estabelece a sua finalidade, as 
respectivas atribuições no processo produtivo, os compromissos financeiros, 
os deveres sociais, os requisitos sanitários, as responsabilidades ambientais, 
entre outros que regulem o relacionamento entre os sujeitos do contrato;
V − atividades agrossilvipastoris: atividades de agricultura, pecuária, silvi-
cultura, aquicultura, pesca ou extrativismo vegetal (BRASIL, 2016a, docu-
mento on-line).
Nas palavras de Mendes (2016, documento on-line):
17Contratos agrários
Um produtor consciente sobre a regularização contratual de suas atividades 
garante não só segurança, como maior rentabilidade além de melhor produ-
tividade e por isto é importante a atualização jurídica, como caso da recente 
Lei Federal nº. 13.288, de 15/05/2016, que trouxe regulamentação para os 
contratos de integração, descrevendo a relação entre o produtor (integrado), 
responsável por parte do processo produtivo como, por exemplo, a criação de 
frangos, suínos, hortifrúti e outras atividades; e a indústria (integrador), que 
recebe os produtos, realizando a transformação para consumo.
Sem prejuízo de cláusulas que as partes considerem mutuamente aceitá-
veis, existe uma série de questões acerca das quais os contratos de integração 
agroindustrial devem dispor, sob pena de nulidade, previstas no art. 4º da Lei 
específica, cujo rol segue abaixo: 
I − as características gerais do sistema de integração e as exigências técnicas 
e legais para os contratantes;
II − as responsabilidades e as obrigações do integrador e do produtor integrado 
no sistema de produção;
III − os parâmetros técnicos e econômicos indicados ou anuídos pelo inte-
grador com base no estudo de viabilidade econômica e financeira do projeto;
IV − os padrões de qualidade dos insumos fornecidos pelo integrador para a 
produção animal e dos produtos a serem entregues pelo integrado;
V − as fórmulas para o cálculoda eficiência da produção, com explicação 
detalhada dos parâmetros e da metodologia empregados na obtenção dos 
resultados;
VI − as formas e os prazos de distribuição dos resultados entre os contratantes;
VII − visando a assegurar a viabilidade econômica, o equilíbrio dos contratos 
e a continuidade do processo produtivo, será cumprido pelo integrador o valor 
de referência para a remuneração do integrado, definido pela Cadec na forma 
do art. 12 desta Lei, desde que atendidas as obrigações contidas no contrato;
VIII − os custos financeiros dos insumos fornecidos em adiantamento pelo 
integrador, não podendo ser superiores às taxas de juros captadas, devendo 
ser comprovadas pela Cadec;
IX − as condições para o acesso às áreas de produção por preposto ou em-
pregado do integrador e às instalações industriais ou comerciais diretamente 
afetas ao objeto do contrato de integração pelo produtor integrado, seu pre-
posto ou empregado;
X − as responsabilidades do integrador e do produtor integrado quanto ao 
recolhimento de tributos incidentes no sistema de integração;
XI − as obrigações do integrador e do produtor integrado no cumprimento 
da legislação de defesa agropecuária e sanitária;
XII − as obrigações do integrador e do produtor integrado no cumprimento 
da legislação ambiental;
XIII − os custos e a extensão de sua cobertura, em caso de obrigatoriedade 
de contratação de seguro de produção e do empreendimento, devendo even-
Contratos agrários18
tual subsídio sobre o prêmio concedido pelo poder público ser direcionado 
proporcionalmente a quem arcar com os custos;
XIV − o prazo para aviso prévio, no caso de rescisão unilateral e antecipada 
do contrato de integração, deve levar em consideração o ciclo produtivo da 
atividade e o montante dos investimentos realizados, devidamente pactuado 
entre as partes;
XV − a instituição de Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento 
e Conciliação da Integração (Cadec), a quem as partes poderão recorrer 
para a interpretação de cláusulas contratuais ou outras questões inerentes ao 
contrato de integração;
XVI − as sanções para os casos de inadimplemento e rescisão unilateral do 
contrato de integração (BRASIL, 2016a, documento on-line). 
Tais exigências visam à adequação e à otimização da produção integrada, 
sempre com o objetivo de garantir o cumprimento contratual entre integrador 
e integrado, assim como atender às expectativas do consumidor final.
Com a finalidade de fomentar a discussão de políticas e diretrizes nacionais 
a respeito da agroindústria em seus diversos setores, o art. 5º dispõe que:
Cada setor produtivo ou cadeia produtiva regidos por esta Lei deverão cons-
tituir um Fórum Nacional de Integração (Foniagro), de composição paritária, 
composto pelas entidades representativas dos produtores integrados e dos 
integradores, sem personalidade jurídica, com a atribuição de definir dire-
trizes para o acompanhamento e desenvolvimento do sistema de integração 
e de promover o fortalecimento das relações entre o produtor integrado e o 
integrador (BRASIL, 2016a, documento on-line).
Segundo Trentini (2017, documento on-line), é:
[...] importante ressaltar duas observações feitas pela Lei 13.288/2016. A 
primeira refere-se ao pagamento pela entrega do produto à agroindústria ou 
ao comércio não caracterizar contrato de integração, excluindo, dessa forma, 
quaisquer dúvidas, principalmente em situações de contrato de fornecimento 
de produto. A segunda destaca que a situação regulada pela lei não configura 
prestação de serviço ou relação de emprego entre integrador e integrado, seus 
prepostos ou empregados (artigo 2º, V, §§ 2º e 3º, da Lei nº. 13.288/2016).
Conforme Mendes (2016, documento on-line), com relação ao art. 6º da 
referida lei:
[...] existe também um fórum separado para cada cadeia produtiva que opera 
em modelo de integração agroindustrial, com uma Cadec, instituída em cada 
unidade de integração, com forma paritária, estabelecendo critérios para remu-
19Contratos agrários
neração dos integrados, modernização tecnológica, classificação de carcaça, 
avaliação de insumos, revisão de indicadores de eficiência e ainda dirimir 
conflitos entre as partes antes da tomada de providências judiciais. Os fóruns 
também desenvolverão entre os integradores as metodologias para cálculo da 
remuneração dos integrados, considerando critérios como custos de produção, 
valor de mercado do produto, rendimento médio dos lotes e outras variáveis.
Como o Direito Agrário sempre insere nos textos legislativos normas que 
exigem proteção ao meio ambiente, para os contratos de integração agroin-
dustrial não há divergência, estabelecendo-se, no art. 10, que:
Compete ao produtor integrado e à integradora atender às exigências da legis-
lação ambiental para o empreendimento ou atividade desenvolvida no imóvel 
rural na execução do contrato de integração, bem como planejar e implementar 
medidas de prevenção dos potenciais impactos ambientais negativos e mitigar 
e recuperar os danos ambientais (BRASIL, 2016a, documento on-line).
Ainda a respeito da proteção ambiental, a Lei dispõe, em seu art. 10, § 
3º, que:
Compete ao integrador, no sistema de integração em que as tecnologias em-
pregadas sejam por ele definidas e supervisionadas: 
I − fornecer projeto técnico de instalações e de obras complementares, em 
conformidade com as exigências da legislação ambiental, e supervisionar 
sua implantação; 
II − auxiliar o produtor integrado no planejamento de medidas de prevenção, 
controle e mitigação dos potenciais impactos ambientais negativos e prestar-
-lhe assistência técnica na sua implementação; 
III − elaborar, em conjunto com o produtor integrado, plano de descarte de 
embalagens de agrotóxicos, desinfetantes e produtos veterinários e supervi-
sionar sua implantação; 
IV − elaborar, em conjunto com o produtor integrado, plano de manejo de outros 
resíduos da atividade e de disposição final dos animais mortos e supervisionar 
sua implantação (BRASIL, 2016a, documento on-line).
Também é de responsabilidade de ambas as partes do contrato zelar pelo 
cumprimento da legislação sanitária e planejar medidas de prevenção e con-
trole de pragas e doenças, conforme regulamento estabelecido pelos órgãos 
competentes, de acordo com o art. 11 da Lei nº. 13.288/2016.
Ao final deste capítulo, podemos concluir, segundo Forgioni (2009, p. 23 
apud BURANELLO, 2014), que:
Contratos agrários20
Na economia contemporânea, não se pode mais conceber a empresa de forma 
isolada. Essa visão, que a confina nas próprias fronteiras, desliga-a do fun-
cionamento mercado, reduzindo impropriamente a análise integrada de uma 
atividade como uma unidade microeconômica. A adoção dessa perspectiva 
não permite reconhecer o papel essencial desempenhado pelas relações es-
tabelecidas entre os entes que atuam no mercado.
Portanto, os contratos de integração industrial foram implementados no 
ordenamento jurídico agrário brasileiro justamente no intuito de modernizar 
os setores e as cadeias produtivas, permitindo a integração entre produtor e 
indústria, facilitando e permitindo a verticalização das fases da produção e a 
otimização do produto destinado ao consumidor final.
21Contratos agrários
BRASIL. Decreto nº. 59.566, de 14 de novembro de 1966. Regulamenta as Seções I, II e III do 
Capítulo IV do Título III da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, Estatuto da Terra, 
o Capítulo III da Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966, e dá outras providências. Brasília, 
DF, 1966a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/
d59566.htm>. Acesso em: 27 jul. 2018. 
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá 
outras providências. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L4504.htm>. Acesso em: 27 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966. Fixa Normas de Direito Agrário. Dispõe sobre o 
Sistema de Organização e Funcionamento do Instituto Brasileiro de ReformaAgrária, e 
dá outras Providências. Brasília, DF, 1966b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L4947.htm>. Acesso em: 27 jul. 2018.
BRASIL. Lei º 13.288, de 16 de maio de 2016. Dispõe sobre os contratos de integração, 
obrigações e responsabilidades nas relações contratuais entre produtores integrados e 
integradores, e dá outras providências. Brasília, DF, 2016a. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13288.htm>. Acesso em: 27 jul. 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial: REsp 1455709 SP 2014/0116452-6. 
Relator: Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. DJe: 13/05/2016. JusBrasil, 2016b. Dispo-
nível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/340018009/recurso-especial-
-resp-1455709-sp-2014-0116452-6>. Acesso em: 27 jul. 2018.
BURANELLO, R. Sistemas agroindustriais e contratos de integração vertical. 2014. Disponí-
vel em: <http://agriforum.agr.br/sistemas-agroindustrias-e-contratos-de-integracao-
-vertical>. Acesso em: 27 jul. 2018. 
MATTIONI, C. Contratos agrários agroindustriais: análise à luz da teoria dos contratos atípi-
cos. 2017. Disponível em: <http://direitoagrario.com/contratos-agrarios-agroindustriais-
-analise-luz-da-teoria-dos-contratos-atipicos>. Acesso em: 27 jul. 2018. 
MENDES, P. P. Os novos contratos de integração no agronegócio e o crédito rural. 2016. 
Disponível em: <https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/pedro-puttini-mendes-
-os-novos-contratos-de-integracao-no-agronegicio/284689>. Acesso em: 27 jul. 2018.
QUERUBINI, A. A fixação do preço do arrendamento. 2016. Disponível em: <https://
www.academia.edu/28094910/Albenir_Querubini_-_A_fixa%C3%A7%C3%A3o_do_
pre%C3%A7o_do_arrendamento_rural>. Acesso em: 27 jul. 2018.
TRENTINI, F. Contrato de integração, o novo contrato típico agrário. 2017. Disponível em: 
<https://www.conjur.com.br/2017-nov-10/direito-agronegocio-contrato-integracao-
-contrato-tipico-agrario#_edn2>. Acesso em: 27 jul. 2018.
Contratos agrários22
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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