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ADMINISTRAÇÃO DE IMÓVEIS
TEMA 1
DEFINIÇÃO
Aquisição, alienação e locação como elementos-chave na atuação do profissional no mercado imobiliário. A importância atual do segmento do mercado de imóveis rurais e seu impacto na questão ambiental. Plano Diretor Municipal como um item fundamental do processo de ocupação do solo. Tributos aplicados ao segmento de imóveis.
PROPÓSITO
Compreender o processo de administração de imóveis a partir dos diferentes aspectos norteadores desse processo gerencial.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar seu estudo, é importante que você disponibilize o acesso ao site do Cofeci–Creci em seu dispositivo eletrônico e verifique as últimas atualizações sobre os temas elencados. Procure acompanhar a legislação apontada no texto acerca das transações imobiliárias. O site Portal da Legislação - Planalto também deve ser visitado.
OBJETIVOS
Módulo 1 - Identificar as características mais importantes dos institutos de alienação e locação de imóveis
Módulo 2 - Descrever as políticas comerciais e ambientais para valorização do imóvel rural
Módulo 3 - Definir os impactos do Plano Diretor Municipal na organização do espaço urbano
INTRODUÇÃO
Neste tema, conheceremos os elementos que, de forma global, afetam a administração de imóveis desde a parte mais comum, que se refere à compra, à venda e à locação de imóveis, até a questão dos imóveis rurais, do meio ambiente rural, da ocupação do solo urbano e da tributação de imóveis.
MÓDULO 1
IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS MAIS IMPORTANTES DOS INSTITUTOS DE ALIENAÇÃO E LOCAÇÃO IMÓVEIS
CONDIÇÕES GERAIS DE COMPRA E VENDA
O mercado imobiliário vem assumindo uma posição de destaque no cenário econômico nacional, ampliando cada vez mais as possibilidades de atuação do profissional de negócios imobiliários. O fortalecimento dos fundos imobiliários como instrumento de captação de recursos para investimentos no segmento vai exigir dos profissionais da área cada vez mais conhecimentos para o enfrentamento de uma nova realidade que, a despeito da maior complexidade e competição, possui oportunidades em um ambiente em constante transformação.
Os agentes que participam de uma transação imobiliária (imobiliária, corretor, proprietário, incorporador e construtor) não estão mais isolados. Pelo contrário: eles permanecem agora conectados a um mundo digital no qual não existe mais espaço para qualquer amadorismo, e sim para um trabalho especializado capaz de acompanhar a modernidade da sociedade atual.
Os compradores estão exigindo cada vez mais serviços para os imóveis que pretendem adquirir. Questões como segurança e área de recreação, por exemplo, são fundamentais para a valorização de um imóvel residencial.
As construções destinadas a imóveis comerciais se especializam no oferecimento de comodidade aos clientes, que, por sua vez, solicitam serviços especializados ao profissional da área. Existe ainda uma tendência de parcela da população deslocar-se para o interior, escapando dos problemas inerentes à vida urbana.
Por conta disso, é fundamental que o profissional da área imobiliária se atualize e considere as novas oportunidades de negócio, mostrando ao seu cliente um imóvel que realmente atenda aos seus anseios e necessidades. Nos próximos anos e décadas, veremos uma valorização cada vez maior daquele que se dedicar a promover o crescimento desse segmento importante em nossa atividade econômica.
LEGISLAÇÃO DE COMPRA E VENDA
O artigo 481 do Código Civil define o instituto da compra e venda na legislação quando um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Existem, portanto, obrigações para as duas partes: o vendedor deve transferir o domínio do bem, enquanto o comprador precisa pagar o preço acordado.
O mercado imobiliário tem como atividade essencial a compra e a venda de imóveis. É fundamental existir uma liquidez nesse mercado para se estimular o surgimento de empreendimentos que ampliarão a oferta de imóveis dos mais diversos tipos, como, por exemplo, unidades residenciais, salas comerciais, shopping centers e galpões industriais.
O contrato de compra e venda tem sua natureza jurídica baseada na vontade das partes. Este tipo de contrato surge com base no consenso dos envolvidos no negócio jurídico. Havendo concordância quanto ao imóvel e ao preço, o negócio pode ser concretizado.
O artigo 482 do Código Civil estabelece que a compra e a venda, quando puras, serão consideradas obrigatórias e perfeitas desde que as partes estejam de acordo quanto ao objeto e ao preço.
O contrato de compra e venda de um imóvel consiste em um negócio jurídico existente, válido e eficaz, ainda que restrito às partes envolvidas. Ele apresenta as seguintes características:
·	Bilateral ou sinalagmático: Contém prestações recíprocas de ambas as partes
·	Oneroso: Envolve transferência de patrimônio tanto pelo comprador quanto pelo vendedor.
·	Consensual: As partes devem estar de acordo quanto ao objeto da transação e ao seu preço.
·	Comutativo:As partes têm consciência de que existe uma equivalência na transação, sem que nenhuma delas obtenha uma vantagem que torne o negócio desproporcional.
A ESCRITURA PÚBLICA
O art. 108 do Código Civil dispõe que, não havendo lei em contrário, a escritura pública é necessária para a validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país. É essencial, portanto, a realização de um contrato escrito mediante uma escritura pública. Em seguida, ele deve ser registrado no Registro Geral de Imóveis (RGI) a fim de possuir efeitos para terceiros.
Isso fica claro no texto do artigo 1227 do Código Civil: os direitos reais sobre imóveis constituídos ou transmitidos por atos entre vivos só são adquiridos com o registro no cartório de registro de imóveis dos referidos títulos. Desse modo, pode-se entender que a simples assinatura de um contrato de compra e venda de bem imóvel resulte em efeitos meramente obrigacionais, e não reais.
Comentário: A escritura pública permite a segurança jurídica e a publicidade ao ato. Com ela, o comprador pode ter acesso à certidão de ônus reais relativa ao imóvel, conhecendo sua situação por meio de um histórico feito das alienações e das alterações sofridas por ele no decorrer do tempo. Dessa forma, ele consegue verificar se existe alguma restrição que possa inviabilizar a transação, como, por exemplo, hipoteca ou penhora.
Na operação de compra e venda de imóvel, é comum que as despesas de escritura e registro fiquem a cargo do comprador. Por outro lado, é obrigação dele pagar o preço como uma contraprestação característica da compra e venda. Já o vendedor é obrigado a entregar a coisa e transmitir a posse e a propriedade do imóvel vendido.
VEDAÇÕES À COMPRA E VENDA
O artigo 497 do Código Civil estabelece vedações para que determinadas pessoas participem do contrato de compra e venda, seja como comprador ou vendedor, sob pena de nulidade, ainda que ele seja adquirido em leilão (hasta pública).
Listaremos a seguir as pessoas vetadas nesses tipos de contrato:
·	Tutores, curadores, testamenteiros e administradores (quanto a bens confiados à sua guarda ou à sua administração).
·	Servidores públicos (em relação a bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem ou que estejam sob sua administração direta ou indireta).
·	Juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça (quanto a bens ou direitos sobre os quais se possa litigar em tribunal, juízo ou conselho no lugar onde eles servirem ou ao qual se estenda a sua autoridade).
·	Leiloeiros e seus prepostos (em relação aos bens de cuja venda eles estejam encarregados).
Essas vedações buscam impedir que uma pessoa em posição privilegiada venha a se aproveitar da situação para obter vantagem sobre outra na venda ou na compra de um imóvel. Surgindo essa situação, o ato fica sujeito à nulidade, além das consequênciaslegais para essa pessoa caso haja má-fé.
DAÇÃO EM PAGAMENTO
O Código Civil, em seu artigo 356 e nos artigos seguintes, dispõe sobre a dação em pagamento. Ela é um acordo firmado entre o credor e o devedor por meio do qual um credor pode consentir em receber uma prestação diversa da que lhe é devida. Vale ressaltar, no entanto, que ele não é obrigado a receber tal prestação, ainda que ela tenha um valor maior que o seu crédito.
Os contratos de compra e venda podem ser realizados parcialmente mediante um pagamento no qual sejam utilizados, por exemplo, outros imóveis. Ocorrendo uma incorporação imobiliária, ele pode ser efetuado como “dação em pagamento futura” em lotes ou unidades habitacionais do empreendimento.
Isso permite ao proprietário do terreno a possibilidade de participar do empreendimento, recebendo, nesse contexto, parte de seu pagamento em imóvel resultante do investimento. O dono do terreno pode se interessar em receber um apartamento, por exemplo, no prédio a ser construído em seu terreno. Dessa maneira, ele pode vir a morar no mesmo local e se beneficiar dos serviços oferecidos pelos condomínios modernos.
ANÁLISE PRÉVIA DA DOCUMENTAÇÃO
A análise prévia da documentação consiste em uma forma de se conhecer as condições do proprietário e do imóvel, garantindo, assim, a segurança jurídica da transação imobiliária. Trata-se, em suma, de uma avaliação prévia da documentação com o objetivo de proteger o comprador em relação aos riscos jurídicos que a negociação possa ter no futuro.
Com a apresentação da documentação do proprietário e do imóvel, será possível verificar a existência de restrições atuais e eventualmente futuras que venham a causar prejuízos ao comprador.
Atenção: A ausência dessa análise prévia pode gerar o cancelamento posterior da transação, causando prejuízos ao comprador que eventualmente declinou de outros negócios ou que tenha comprometido recursos valiosos como sinal e princípio de pagamento.
Essa documentação é composta por certidões importantes a serem exigidas – entre outras documentações – previamente para a análise documental. Lembre-se de que elas podem variar segundo a região, o tipo e destinação do imóvel:
·	 PROPRIETÁRIO
Distribuidores de ações cíveis e criminais;
Distribuidores de ações executivas fiscais (Fazenda Estadual e Municipal);
Distribuidores de falência e concordata;
Distribuidores de interdições e tutelas;
Distribuidores de protestos;
Justiça Federal;
Certidão negativa de débitos trabalhistas;
Certidão negativa de débito do INSS (CND).
·	IMÓVEL
Ônus reais e de ações reais e pessoais reipersecutórias;
Certidão de inteiro teor do imóvel, com filiação vintenária;
Cópia do título aquisitivo do imóvel pelo atual proprietário;
Cópia da convenção de condomínio;
Certidão de situação enfitêutica;
Declaração de quitação de condomínio;
Quitação de impostos municipais.
A PERMUTA DE IMÓVEIS
Com relação às permutas de imóveis, o Código Civil prevê, em seu artigo 533, que elas se aplicam às disposições referentes à compra e venda, havendo as seguintes modificações:
·	Salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade das despesas com o instrumento da troca.
·	É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Apesar de não ser uma prática tão comum quanto a compra e a venda, a permuta constitui uma forma de dar liquidez a determinado imóvel. O vendedor pode se interessar por outro imóvel e viabilizar a transação oferecendo o seu em troca. No entanto, há restrições legais a fim de evitar trocas com valores desiguais entre ascendentes e descendentes, exigindo-se, para isso, a anuência dos demais descendentes e do cônjuge do transmitente.
Caso seja uma troca que envolva somente imóveis, deve ser lavrada a escritura pública de permuta, e não a pública de compra e venda. A operação precisa ocorrer pelo valor real dos imóveis para efeitos de tributação de ganho de capital.
Pode haver uma situação em que o proprietário receba como parte do pagamento um imóvel de menor valor. A ausência de financiamento habitacional, por exemplo, é capaz de estimular operações dessa natureza. O vendedor, neste caso, pode receber uma quantia que atenda às suas necessidades e, de forma simultânea, um imóvel de menor valor, o qual, aliás, pode ser usado para moradia ou locação
A LOCAÇÃO DE IMÓVEIS E O CONTRATO DE LOCAÇÃO
O contrato de locação tem sua base legal definida no Código Civil e na Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/1991). O artigo 565 do Código Civil determina que, no contrato de locação, uma das partes obriga-se a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e o gozo do imóvel mediante certa retribuição. 
A propriedade não é transferida, mantendo-se o locador proprietário do bem imóvel independentemente do prazo estipulado para a locação. O contrato de locação possui as seguintes características:
·	Bilateral: As partes envolvidas têm direitos e deveres.
·	Oneroso: O uso e o gozo do bem imóvel pressupõem o pagamento de prestações sucessivas.
·	Consensual: O contrato se aperfeiçoa com a vontade das partes.
·	Comulativo: As vantagens são equânimes.
·	Não solene: Salvo exceções, a forma é livre
·	Sucessivo: Prolonga-se no tempo.
No contrato de locação, devem estar definidas as condições que regerão o acordo entre locador e locatário, como, por exemplo, o valor do aluguel, os pagamentos da taxa condominial e dos impostos incidentes sobre o imóvel, além da execução de obras de manutenção ou de benfeitorias previamente acordadas. O detalhamento do estado em que se encontram o imóvel e as benfeitorias existentes, inclusive com fotografias, é importante para que futuros questionamentos sejam evitados.
A rescisão contratual poderá ser realizada se houver descumprimento por parte do locatário das condições previamente estabelecidas no contrato de locação. Segundo o artigo 570 do Código Civil, se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado ou ao qual ela se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, o locador poderá, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos.
Eles serão apurados por um perito nomeado pelo juiz se a cobrança se der por vias judiciais. Havendo um prazo estipulado para a duração do contrato, o locador não poderá reaver o imóvel antes do vencimento, a não ser que ele ressarça ao locatário as perdas e danos resultantes.
Da mesma forma, o locatário não poderá devolvê-lo ao locador antes do fim do prazo contratual, senão pagando proporcionalmente a multa prevista no contrato (conforme está disposto no artigo 571 do Código Civil).
Comentário: A devolução do imóvel por parte do locatário com o pagamento da multa prevista no contrato normalmente é um procedimento mais comum e simples que o locador rescindir o contrato de locação de forma antecipada sem que o locatário tenha descumprido cláusula contratual. Neste caso, o locatário poderá solicitar o ressarcimento por despesas referentes às benfeitorias realizadas no imóvel que forem necessárias para a conservação do bem.
Existe a possibilidade de haver mais de um locador ou locatário no contrato de locação. De acordo com o previsto no artigo 264 do Código Civil, há solidariedade entre credores ou devedores, cada um com direito ou obrigação em relação à dívida toda. Entretanto, para o locatário sublocar o imóvel, ele precisa obrigatoriamente observar se, no contrato original de locação, existe uma cláusula de permissão específica; caso contrário, pode solicitar uma autorização por escrito do locador.
A locação é um instituto legal importante para incentivar o desenvolvimento do segmento imobiliário. A possibilidade de receber um aluguel pela locação de seu imóvel faz com que inúmeras pessoas invistam em imóveis. Afinal, ele é utilizado por uma parcela da população como complemento de renda. É necessário haver segurança jurídica em seus trâmites a fim de que ocorra um investimento em imóveis para locação, além de assegurar uma estabilidade econômica para que os efeitosinflacionários não venham a desestimular potenciais investidores.
 AS GARANTIAS DA LOCAÇÃO
A Lei do Inquilinato determina que, no contrato de locação, podem ser exigidas as seguintes modalidades de garantia:
·	Caução;
·	Fiança;
·	Seguro de fiança locatícia;
·	Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento.
Não é permitido, sob pena de nulidade, mais de uma das modalidades de garantia e um mesmo contrato de locação.
A caução pode ser feita em bens móveis ou imóveis. Quando realizada em dinheiro, não pode exceder o equivalente a três meses de aluguel. Ela é depositada em caderneta de poupança autorizada pelo Poder Público e por ele regulamentada.
Já a fiança é uma garantia na qual um terceiro garante o contrato e assegura o cumprimento das obrigações do locatário, que é o devedor efetivo. Apesar de ser o tipo de garantia preferida pelo locador, dificuldades operacionais têm tornado este tipo de garantia cada vez menos frequente.
O seguro de fiança locatícia, por sua vez, abrange a totalidade das obrigações do locatário. Nesta modalidade de garantia, a seguradora se obriga a cumprir com o acordado pelo locatário quando ele fica inadimplente. Apesar de cada vez mais frequente, esse seguro ainda apresenta custos elevados.
Por fim, a cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento é realizada mediante um registro perante o fundo do titular das cotas, que poderá ser o locatário ou um terceiro que venha a garantir o contrato de locação. Essa cessão não constitui um tipo de garantia de locação utilizada com frequência pelos locatários nos contratos de locação.
OBRIGAÇÕES DO LOCADOR E DO LOCATÁRIO
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QUESTIONARIO
1. A escritura pública e o registro no Registro Geral de Imóveis (RGI) poderão possibilitar à transação imobiliária:
Resposta: Segurança jurídica e publicidade ao ato.
A escritura pública e seu registro no RGI poderão permitir que terceiros tenham acesso à situação do imóvel e ao seu histórico, possibilitando maior segurança a transações que envolvam o respectivo bem. Caso haja alguma restrição quanto ao negócio, o próprio cartório se recusará a lavrar a escritura pública.
2. Constitui uma obrigação do locador ao firmar o contrato de locação...
Resposta: Manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel.
O locador não pode modificar a destinação do imóvel sem o consentimento do locatário, que, com isso, pode ver a desvalorização do imóvel locado. As despesas ordinárias, entretanto, são de responsabilidade do locatário, que deve cuidar do imóvel durante seu uso.
___________________________________________________________________________
MÓDULO 2
DESCREVER AS POLÍTICAS COMERCIAIS E AMBIENTAIS PARA VALORIZAÇÃO DO IMÓVEL RURAL.
CONCEITOS GERAIS SOBRE IMÓVEIS RURAIS
O Estatuto da Terra (Lei nº. 4504/1964) regula direitos e obrigações relativos aos bens imóveis rurais para os fins de execução da reforma agrária e promoção da política agrícola.
(REFORMA AGRÁRIA: Considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que busque promover uma melhor distribuição da terra mediante modificações no regime de sua posse e uso com o propósito de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
POLÍTICA AGRÍCOLA: Ela é entendida como o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra que se destine a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias a fim de garantir-lhes o pleno emprego ou de harmonizá-las com o processo de industrialização do país.)
A legislação da terra preserva o princípio da propriedade, mas agrega valores de natureza social, econômica e ambiental a seu uso. O imóvel rural tem importância na manutenção da população no campo, evitando seu deslocamento para as cidades, as quais, aliás, já sofrem seus inúmeros problemas.
A questão ambiental está diretamente associada ao uso adequado da terra. São utilizadas, portanto, técnicas que não venham a degradar o meio ambiente.
ARRENDAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS E SEUS ASPECTOS LEGAIS
O contrato de arrendamento de imóvel rural apresenta similaridade com o de locação em muitos aspectos. Tanto no contrato de locação quanto no de arrendamento de imóvel rural, o locador ou arrendador obriga-se a proporcionar ao locatário ou arrendatário o uso e o gozo do bem mediante o pagamento de um valor contratado por certo espaço de tempo.
No contrato de arrendamento, o proprietário do bem assegura ao arrendatário o uso do imóvel rural mediante uma contribuição fixa ou reajustável a um prazo certo de tempo, podendo o arrendatário exercer o direito de preferência para a compra do bem em caso de alienação.
De forma geral, o contrato de arrendamento mercantil se diferencia do de locação, pois, no arrendamento, existe uma opção de compra na qual um bem móvel ou imóvel pode ser adquirido pelo arrendatário ao final do contrato. O valor da compra é um valor residual, podendo ser o valor de mercado do bem ao final do contrato (considerando a depreciação pelo seu uso). Aquele pago durante a vigência do contrato pode, por sua vez, compor o valor final da compra.
Apesar de mais comum no arrendamento de máquinas e equipamentos, esse instituto do arrendamento é muito empregado em imóveis rurais. Como o arrendatário trabalha no próprio imóvel rural, o contrato de arrendamento potencialmente evita eventuais demandas de natureza trabalhista. O valor do arrendamento pode ser, aliás, proporcional aos frutos obtidos com a exploração da terra.
O contrato de arrendamento é caracterizado como um negócio jurídico bilateral, oneroso, consensual e não características semelhantes às do contrato de locação.
O contrato de arrendamento é considerado um contrato intuitu personae, levando em conta o caráter personalíssimo em relação à pessoa contratada.
(INTUITU PERSONAE: Trata-se de um contrato personalíssimo que leva em consideração a pessoa da parte contratada. Ele é realizado com base na confiança que o contratante tem no contratado.)
No aspecto legal, o Decreto nº 59.566/1966 determina que o arrendamento e a parceria são contratos agrários que a lei reconhece, para o fim de posse ou uso temporário da terra, entre o proprietário, quem detenha a posse ou tenha a livre administração de um imóvel rural e aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista.
Observa-se na legislação que regula o Estatuto da Terra o reconhecimento da validade do arrendamento do imóvel rural, estando evidenciada preocupação do legislador de tornar economicamente viável a produção no âmbito rural.
O mesmo decreto determina que o arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa obriga-se a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e o gozo de imóvel rural (parte ou partes dele, incluindo ou não outros bens, benfeitorias e/ou facilidades) com o objetivo de nele ser exercida uma atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei.
O Estatuto da Terra ainda determina que, na alienação do imóvel, o arrendatário terá a preferência para adquiri-lo em igualdade de condições, devendo o proprietário dar-lhe conhecimento sobre a venda para que possa exercer seu direito de preferência no prazo de 30 dias a serem contados a partir da notificação. Caso não seja notificado, o arrendatário poderá depositar o preço e ter para si o imóvel arrendado no prazo de seis meses contado da transcrição do ato de alienação no registro de imóveis.
Pela legislação, vê-se que o valor da propriedade rural é afetado por sua capacidade de gerar renda por intermédio da produção, além de contar com a possibilidade de realização de contratos de arrendamento como um incentivo à produção agrícola e ao desenvolvimento da mão de obra local especializada. As particularidades da área rural devem ser levadas em conta quando são analisadas as possibilidades de investimentos no segmento rural, especialmente em um país de grandes dimensões e tradição agrícola como o Brasil.
As obrigações do arrendadore do arrendatário estão previstas no Decreto nº 59.566/1966:
·	ARRENDADOR
O arrendador é obrigado:
a.	A entregar ao arrendatário o imóvel rural objeto do contrato na data estabelecida ou segundo os usos e costumes da região;
b.	A garantir ao arrendatário o uso e gozo do imóvel arrendado durante todo o prazo do contrato;
c.	A fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as obras e os reparos necessários;
d.	A pagar as taxas, impostos, foros e toda e qualquer contribuição que incida ou venha incidir sobre o imóvel rural arrendado se, de outro modo, não houver sido convencionado.
ARRENDATÁRIO
O arrendatário é obrigado:
a.	A pagar pontualmente o preço do arrendamento, pelo modo, nos prazos e locais ajustados;
b.	A usar o imóvel rural conforme o convencionado ou presumido e a tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu, não podendo mudar sua destinação contratual;
c.	A levar ao conhecimento do arrendador imediatamente qualquer ameaça ou ato de turbação ou esbulho que contra a sua posse vier a sofrer, além de qualquer fato do qual resulte a necessidade da execução de obras e reparos indispensáveis à garantia do uso do imóvel rural;
d.	A fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as benfeitorias úteis e necessárias, salvo convenção em contrário;
e.	A devolver o imóvel, ao término do contrato, tal como o recebeu com seus acessórios, salvo as deteriorações naturais ao uso regular. O arrendatário será responsável por qualquer prejuízo resultante do uso predatório, culposo ou doloso, quer em relação à área cultivada ou quanto às benfeitorias, aos equipamentos, às máquinas, aos instrumentos de trabalho e a quaisquer outros bens a ele cedidos pelo arrendador.
TENDÊNCIAS NO ARRENDAMENTO
Observa-se que as características do contrato de arrendamento assemelham-se muito com os contratos de locação, especialmente quanto ao cuidado com o bem e às condições de devolução do imóvel ao término do contrato. O crescimento de um mercado de locação comercial com suas especificidades (clínicas médicas, academias de ginástica etc.) fez com que a diferenciação dele em relação ao arrendamento do imóvel rural seja a de que esse arrendamento se destina, em sua maior parte, ao cultivo da área agrícola.
No mercado globalizado em que se insere o Brasil, o setor agrícola se moderniza e se transforma em sua capacidade de gerar renda. Novas técnicas de produção agrícola (orgânicos, hidroponia etc.) nas quais se utilizam estufas e equipamentos especiais exigirão um maior cuidado e ainda mais detalhamento nos contratos de arrendamento de imóveis rurais.
Além disso, a possibilidade de exploração do turismo rural, com a visitação de turistas a suas instalações, vai requerer cada vez mais um olhar criterioso nos contratos que envolvam compra e venda ou arrendamento de áreas agrícolas.
GEORREFEREN­CIAMENTO DO IMÓVEL RURAL
Trata-se de um processo de certificação do imóvel rural que é importante para reduzir os questionamentos sobre a propriedade neste tipo de área. Por meio desse procedimento, são definidos os limites, as características e a confrontação dele.
As informações são obtidas pelo emprego das tecnologias mais modernas para dirimir quaisquer dúvidas quanto aos reais limites das propriedades. No entanto, apesar da evolução observada ao longo do tempo no processo de identificação dos limites das propriedades rurais, os dados obtidos ainda geram dúvidas em função de suas imprecisões.
As informações obtidas nas matrículas dos imóveis rurais ainda geram dúvidas sobre os limites dos terrenos. Conflitos entre proprietários rurais são frequentes. Em um país cujo segmento agrícola tem um peso significativo na produção total, a insegurança jurídica causada por esses conflitos na terra gera constantemente um ambiente de incerteza na economia.
O profissional de negócios imobiliários deve conhecer como se processa o sistema de georreferenciamento caso venha a trabalhar com um imóvel na área rural. Hoje em dia, investidores no setor imobiliário querem saber a real condição do imóvel antes de aportar recursos; portanto, o desconhecimento dessas informações poderá ocasionar sérios prejuízos para quem estiver negociando o imóvel.
Conforme determinação do Decreto nº 4.449/2002, a identificação do imóvel rural será obtida a partir de memorial descritivo elaborado, executado e assinado por profissional habilitado e com a devida anotação de responsabilidade técnica (ART).
A ART contém as coordenadas – georreferenciadas graças ao Sistema Geodésico Brasileiro – dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais. Sua precisão posicional é estabelecida em ato normativo, inclusive em manual técnico, expedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Comentário: Cabe ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas conforme ato normativo próprio.
O processo de georreferenciamento possibilita uma padronização e precisão nos procedimentos técnicos para a elaboração dos memoriais descritivos dos imóveis rurais, facilitando a identificação do imóvel para efeito de registro público. Desse modo, evita-se a sobreposição de áreas causadoras de conflitos fundiários, além de se organizar melhor os procedimentos de cobrança de tributos.
A Lei nº 6.015/1973, que dispõe sobre os registros públicos, determina que, para os imóveis rurais, é necessário constar o código do imóvel, dos dados constantes do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), da denominação e de suas características, confrontações, localização e área.
Já a Lei nº. 10.267/2001 estabelece que os serviços de registro de imóveis ficam obrigados a encaminhar mensalmente ao Incra as modificações ocorridas nas matrículas imobiliárias decorrentes de mudanças de titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento, remembramento, retificação de área, reserva legal e particular do patrimônio natural e outras limitações e restrições de caráter ambiental que envolvam os imóveis rurais, inclusive os destacados do patrimônio público.
A preocupação do legislador com o processo de certificação por georreferenciamento é promover maior transparência nas relações fundiárias, melhorando os registros públicos de propriedade do imóvel rural. Isso certamente valorizará esse imóvel; com isso, mais investidores se interessarão em colocar recursos nesse mercado.
Esse processo será mais um incentivo para que as pessoas se desloquem da área urbana para a rural, aumentando a produção agrícola, ou mesmo como um instrumento para reter o homem no campo, reduzindo as pressões populacionais verificadas nas grandes cidades.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
A Lei nº. 9.985/2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.
Comentário: Essa lei define a unidade de conservação como o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes. Ele é legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos, estando sob um regime especial de administração ao qual aplicam-se as garantias adequadas de proteção. O legislador define, portanto, as áreas que devem sofrer proteção especial tendo em vista a manutenção do meio ambiente.
A legislação divide as unidades de conservação em dois grupos:
·	Unidades de proteção integral: Visam preservar a natureza, sendo admitido, em regra, apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.
·	Unidades de conservação de uso sustentável: Buscam compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
 As unidades de proteção integral não podem ser habitadas pelo homem, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais em atividades, como, por exemplo, pesquisa científica e turismo ecológico.
Já as unidades de conservação de usosustentável são áreas naturais que promovem o uso sustentável dos recursos naturais locais e a conservação da natureza. Nessas unidades, é permitida a exploração dos recursos de forma controlada.
Atenção: O profissional de negócios imobiliários deve compreender as limitações impostas ao homem em áreas de conservação ambiental. Empreendimentos de turismo rural, por exemplo, precisam observar a orientação definida na legislação. Já os investimentos em hotelaria devem focar o uso sustentável do meio ambiente – e assim por diante.
O CÓDIGO FLORESTAL E O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR)
O Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) é a lei que estabelece as normas gerais sobre a proteção da vegetação e as áreas de preservação permanente (APP) de reserva legal, além de outras medidas de preservação.
Ele ainda cria o CAR, um registro público eletrônico de âmbito nacional, que é obrigatório para todos os imóveis rurais com o objetivo de integrar as informações ambientais de propriedades e posses rurais, compondo uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
No Código Florestal, verifica-se a preocupação do legislador de que o CAR seja objeto de acompanhamento pelo órgão ambiental municipal ou estadual, pois esses órgãos estão mais aptos para analisar a situação da ocupação do solo e a preservação do meio ambiente local.
Para isso, eles exigem:
·	Identificação do proprietário ou possuidor rural;
·	Comprovação da propriedade ou posse;
·	Identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa e das áreas consolidadas, de preservação permanente e de uso restrito, além de, caso existente, da reserva legal.
Comentário: O imóvel rural está diretamente relacionado à preservação do meio ambiente. Sua valorização, portanto, depende de que a conservação da vegetação nativa esteja evidenciada. O profissional de negócios imobiliários que trabalha com investimentos na área rural, seja para exploração agrícola ou turismo rural, deve estar atento a essas exigências, evitando que demandas posteriores pelos órgãos ambientais possam inviabilizar a transação.
Com o CAR, o proprietário ou possuidor do imóvel rural registrará no Sistema Nacional de Cadastro Rural (Sicar) todos os dados referentes à sua propriedade ou à posse rural. Eles serão objeto de análise pelo órgão ambiental para a verificação de eventuais passivos de natureza ambiental que ainda estejam pendentes de regularização.
O CAR não tem como objetivo a concessão de licenciamento ambiental para a realização de atividades no imóvel rural; portanto, ele não garante ao proprietário ou possuidor rural o direito automático à exploração da terra. Por sua vez, o cadastramento no Sicar tampouco afiança um título de posse ou propriedade em relação ao imóvel rural, o qual, aliás, somente pode ser concretizado no cartório de registro de imóveis competente.
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPS) E ÁREAS DE RESERVA LEGAL
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QUESTIONARIO
1. O contrato de arrendamento de imóvel rural tem como característica o uso desse imóvel...
Resposta: Mediante o pagamento de contribuição fixa ou reajustável a um prazo certo de tempo com o direito de preferência do arrendatário em caso de alienação do imóvel.
No contrato de arrendamento, que é firmado com prazo determinado, o arrendatário pode exercer o direito de preferência em caso de alienação do imóvel. Esse contrato, portanto, não pode sê-lo com prazo indefinido, pois isso gera o risco de não devolução do imóvel de forma espontânea em um prazo certo.
2. Nas áreas de preservação permanente (APPs), é correto afirmar o seguinte:
Resposta: No Código Florestal, as APPs são áreas protegidas e previstas na lei, estando cobertas ou não por vegetação nativa.
Não existe a possibilidade de se construir um imóvel em área de APPs, não cabendo uma indenização dele por valor de mercado. Entretanto, é permitida nelas, com a autorização do respectivo órgão ambiental, a circulação de pessoas e de animais para a obtenção de água e a realização de atividades associadas à preservação do meio ambiente. A resposta correta está expressa no artigo 3º, inciso II, da Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal).
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MÓDULO 3
DEFINIR OS IMPACTOS DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO.
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O PLANO DIRETOR MUNICIPAL E OCUPAÇÃO DO SOLO
A função social da propriedade prevista no artigo 170 da Constituição Federal brasileira é fundamental para o desenvolvimento econômico e social de nossas cidades. Em linhas gerais, a propriedade urbana deve seguir os princípios de sustentabilidade, procurando atender aos objetivos de se promover o desenvolvimento econômico e social, o ordenamento, o uso adequado do solo, a preservação ambiental e a qualidade de vida da população.
Já o artigo 182 da Constituição Federal brasileira determina que a política de desenvolvimento urbano, a ser executada pelo Poder Público do município, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
Devem ser atendidas, portanto, as seguintes diretrizes:
·	Aprovado pela Câmara Municipal, o Plano Diretor obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
·	A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
·	As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
·	É facultado ao poder público municipal exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento.
Seguindo orientação da Constituição Federal, o Plano de Diretor Municipal é uma legislação municipal que estabelece obrigações a proprietários de solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado. Seu objetivo é alcançar o desenvolvimento econômico sustentável da região graças à ocupação regular do solo urbano e rural.
A urbanização sem controle vem causando sérios problemas nas cidades, que já são carentes de infraestrutura básica, como, por exemplo, saneamento e serviços de saúde, o que afeta diretamente a qualidade de vida da população. Graças a esse descontrole urbano, foram feitas construções em encostas e em locais não adequados para a moradia, oferecendo, assim, sérios riscos à população.
Essa ocupação desigual levou à desvalorização dos imóveis nessas regiões e promoveu uma desigualdade no próprio cenário urbano local.
Nas grandes cidades, observam-se imóveis de luxo ao lado de outros carentes de serviços e construídos sem qualquer planejamento de ocupação do solo. A questão da propriedade do imóvel configura uma realidade preocupante nesses locais, pois muitos deles foram construídos de forma irregular.
Além de afetar, de forma direta, o meio ambiente da região, isso ocasiona riscos para a permanência desses moradores em locais com ameaça de deslizamentos ou inundações, o que, aliás, impede as autoridades locais de lhes conceder um título de propriedade.
A proximidade do local de trabalho e de áreas com ofertas de entretenimento de qualidade faz com que uma parcela da população se sujeite a morar em condições precárias. No entanto, a reversão desse quadro pode ser obtida com um planejamento adequado dentro dos preceitos contidos no Plano Diretor Municipal.
Sempre será melhor organizar com antecedência um plano de ocupação do solo do que tentar remover pessoas de áreas ocupadas, seja de forma regular ou não. As ações de reintegração de posse são demoradas e, muitas vezes, não surtem efeitos. As questões sociais podem sobrepor-se a medidas que queiram preservar o solo urbano e a vegetação lá existente.
O desenvolvimentoeconômico sustentável local é afetado por questões de desorganização na ocupação do solo. Empresas deixam de se instalar em lugares onde não consigam vislumbrar perspectivas em termos de sustentabilidade. A população, por outro lado, procura moradias e escritórios em áreas planejadas nas quais haja serviços básicos de qualidade e um meio ambiente respeitado.
Comentário: O crescimento e o desenvolvimento das cidades devem estar focados no bem-estar coletivo, assim como no uso apropriado dos espaços urbanos. Normalmente, existe uma pressão por parte do setor imobiliário (personificado por incorporadoras, construtoras e investidores) para a liberação de áreas com um maior retorno do ponto de vista comercial, o que nem sempre é compatível com a qualidade da ocupação do espaço urbano.
O Plano Diretor é fundamental para proteger áreas de preservação permanente, reservas legais e parques, além de outros exemplos, propiciando a ocupação ordenada do solo, preservando as vegetações que impedem inundações, garantindo a preservação das paisagens naturais etc.
Por isso, esse plano busca promover o crescimento e o funcionamento de uma cidade, direcionando investimentos em moradia, saúde, transporte, educação, cultura e lazer. As cidades têm seus espaços divididos entre o público (ruas, praças, praias etc.) e o privado (terrenos e edificações), tornando-se fundamental um planejamento sobre a alocação de recursos para que o desenvolvimento econômico sustentado possa ser alcançado.
ASPECTOS LEGAIS DO PLANO DIRETOR
Regulamentado na Lei nº 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, o Plano Diretor prevê que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no respectivo Plano Diretor. Com isso, assegura-se o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento de atividades econômicas.
Quanto à preocupação com o social (determinação contida no Estatuto da Cidade), as cidades deverão dispor em todas as rotas e vias existentes a acessibilidade da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Ela deverá estar presente inclusive naquelas que concentrarem os focos geradores de maior circulação de pedestres, como, por exemplo, órgãos públicos e locais de prestação de serviços públicos e privados de saúde, educação, assistência social, esporte, cultura, bancos, correios e telégrafos. Sempre que possível, isso será feito de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de passageiros.
O Estatuto da Cidade determina que o Plano Diretor, aprovado por lei municipal, deve ser o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. Esse plano precisa ser encaminhado à Câmara Municipal, que fará as análises e deliberações para sua respectiva aprovação, sendo garantida à população o acesso a seu conteúdo, assim como a realização de audiências públicas e debates visando seu amplo entendimento. O público, com isso, poderá conhecer os impactos que tal decisão terá sobre a vida dos cidadãos.
Atenção: Para acompanhar as tendências das sociedades modernas em constante mutação, a lei municipal que institui o Plano Diretor precisa passar por uma revisão a cada 10 anos e deve abranger todo o território do município, incluindo áreas rurais, matas, áreas de preservação, comunidades rurais, recursos hídricos, florestas, áreas industriais etc. Portanto, o profissional de negócios imobiliários tem de estudar o Plano Diretor de sua cidade para ver as exigências lá contidas e tomar ciência das tendências do mercado imobiliário da região.
Um aspecto relevante é a necessidade da implantação do estudo do impacto de vizinhança (EIV) nos projetos a serem desenvolvidos na cidade. No EIV, serão avaliados os locais onde poderão ou não ser implantados empreendimentos industriais que possam gerar impactos para a cidade, visando, com isso, assegurar a qualidade de vida da população e o direito de vizinhança. Nesse ponto estão inseridas questões ambientais que venham a impactar a vida das pessoas.
O controle e a fiscalização são fundamentais para que o planejamento estabelecido no Plano Diretor tenha sucesso. Para isso, deve ser implantado um sistema de informação que garanta a todos um acesso aos dados de forma transparente, permitindo que demandas e políticas públicas tenham um controle social efetivo. A publicidade das medidas adotadas precisa seguir critérios técnicos e não políticos, o que facilita o entendimento das ações por parte da população.
OS TRIBUTOS NO SETOR IMOBILIÁRIO
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Alguns tributos estão mais associados ao setor imobiliário do que outros. É importante, desse modo, observar os impactos sobre a atividade imobiliária dos seguintes impostos:
·	 IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO (IPTU)
Em seu artigo 156, a Constituição Federal determina a competência dos municípios em instituir impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana. Por sua vez, o Código Tributário Nacional (CTN), que foi promulgado pela Lei nº 5.172/1966, estabelece que esse imposto tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou acessão física – como está definido na lei civil – localizado na zona urbana do município.
O CTN também define que, para efeito da incidência de IPTU, entende-se como zona urbana aquela definida em lei municipal. Observa-se, para isso, o requisito mínimo da existência de melhoramentos – indicados em pelo menos duas das hipóteses seguintes – construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I.	Meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II.	Abastecimento de água;
III.	Sistema de esgotos sanitários;
IV.	Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V.	Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros do imóvel considerado.
O CTN estabelece ainda que o contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. O posseiro é contribuinte do tributo independentemente da existência do título de propriedade. Entretanto, a alíquota do imposto varia em cada município e é progressiva, ou seja, quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota, variando em função do uso, da localização e do valor para cumprir a sua função social.
·	IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI)
A Constituição Federal estabelece que compete aos municípios instituir impostos sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso de bens imóveis, natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como a cessão de direitos à sua aquisição.
No entanto, de acordo com o CTN, esse imposto não incide sobre a transmissão de bens ou direitos quando ela é efetuada para a incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito ou quando decorre da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra (ou com outra). Essa determinação não se aplica ao caso em que a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou a locação de propriedade imobiliária ou sua cessão.
·	IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD)
Previsto na Constituição Federal, o ITCMD é de competência dos estados e do Distrito Federal, tendo como fato gerador a transmissão causa mortis de imóveis e a doação de quaisquer bens ou direitos. A ocorrência da transmissão, no caso de morte, se dá quando ela acontece. Já na doação de bem imóvel, essa ocorrência é feita por meio de registro no respectivo cartório de registro de imóveis.
O contribuinte do ITCMD em princípio é quem irá receber o bem. Na causa mortis, o herdeiro; na doação, o donatário. A base de cálculo desse imposto é o valor venal do bem no momento de sua transmissão, considerando-se a alíquota máxima de 8%, com base em determinação do Senado Federal.
·	IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR)
Segundo a Constituição Federal, é competência da União instituir impostos sobre a propriedade territorial rural. OITR tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza localizado fora da zona urbana do município.
Segundo a Constituição Federal, é competência da União instituir impostos sobre a propriedade territorial rural. O ITR tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza localizado fora da zona urbana do município.
Se pertencer a mais de um município, ele será classificado naquele em que estiver a sua sede e, no caso da inexistência dela, onde ocupar a maior área.
O ITR tem suas particularidades previstas na Constituição:
I.	Será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
II.	Não incidirá sobre pequenas glebas rurais definidas em lei quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
III.	Será fiscalizado e cobrado pelos municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
·	IMPOSTO DE RENDA SOBRE LUCRO IMOBILIÁRIO – GANHO DE CAPITAL (IR)
Por fim, o Conselho Monetário Nacional determina que o imposto (de competência da União) sobre a renda e os proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, considerando entre eles os acréscimos patrimoniais.
O imposto de renda sobre lucro imobiliário é de competência da União, incidindo sobre o lucro apurado na venda de um bem imóvel, que, aliás, é relativo à diferença entre o valor de aquisição e o de alienação.
O CTN estabelece ainda que o contribuinte do imposto deve ser o titular da disponibilidade econômica, sem haver, contudo, prejuízo de se atribuir essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis.
QUESTIONARIO
1. Em relação aos preceitos legais definidos no Plano Diretor Municipal, é correto afirmar:
Resposta: A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor.
O Plano Diretor, ao organizar o uso adequado do solo urbano, cumpre sua função social. A aprovação dele deve ser feita pela Câmara Municipal, e não pelo Senado Federal. Esse plano é obrigatório para cidades com população superior a 20 mil habitantes. A indenização por desapropriação deve ser paga pelo valor de mercado do imóvel, não podendo o Poder Público recusar-se a cumprir essa obrigação.
2. Sobre o imposto territorial rural (ITR), é correto afirmar que:
Resposta: O ITR é imposto de competência da União.
É competência da União instituir impostos sobre propriedade territorial rural. Por sua vez, o ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais quando as explorar o proprietário que não possua outro imóvel. A base de cálculo desse imposto é o valor fundiário. Sua alíquota pode ser progressiva para desestimular terras improdutivas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discorremos neste tema sobre os principais aspectos que envolvem as negociações de compra, venda e locação de imóveis. Com isso, demonstramos que tal conhecimento é fundamental para a formação de um profissional da área de negócios imobiliários.
Salientamos também que o mercado de imóveis começa a ter a dimensão desejada, já que vem assumindo uma posição de destaque na economia brasileira. Pontuamos, em seguida, que os problemas provocados pela ocupação desordenada do solo urbano se refletem na valorização dos imóveis e no direcionamento dos investimentos imobiliários. Isso requer um acompanhamento permanente das políticas públicas e uma análise sistemática do Plano Diretor de cada cidade a fim de verificar o direcionamento que o Legislativo municipal promove para as atividades imobiliárias da região.
Verificamos ainda que a tendência de investimentos em imóveis rurais é um processo irreversível por conta da vocação natural do país para o setor agrícola. Nesse contexto, salientamos que as questões sobre o meio ambiente na área rural são de fundamental importância em face da imagem do setor agrícola brasileiro estar sempre associado à preservação ambiental. Por fim, vimos que o sistema tributário brasileiro é complexo; portanto, isso se reflete no setor imobiliário, cuja gama elevada de tributos afeta o mercado e, em muitos casos, inibe os investimentos em imóveis.

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