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Juliana Silva XXIII Patologia das Hepatites A hepatite é a presença de células inflamatórias de forma aguda ou crônica dependendo do agente etiológico, gravidade e tempo de evolução. ↪ As lesões virais começam no espaço porta, pois vêm pela circulação. Etiologia ↪ Vírus hepatotrópicos: A, B, C, D, E e não A-E: F, G, TTV, Sen-V. ↪ O u t r o s v í r u s ( i n f e c ç õ e s sistêmicas): febre amarela, CMV, dengue, febres hemorrágicas bolvina e argentina, herpes, adenovírus, Epsteinn-Barr → a c o m e t e m o f í g a d o secundariamente ↪ F u n g o s , b a c t é r i a s , e t c : blastomicose, TB, leptospirose, Malásia, amebíase, drogas, tóxicos Hepatite Aguda V!al Epidemiologia ↪ Esporádica ou endêmica Vias de transmissão ↪ fecal/oral ↪ parenteral ↪ sexual ↪ vertical Quadro clínico ↪ Muitas vezes é incaracterísticos ↪ Presente ou ausente: anorexia, náuseas, colúria e icterícia (nem sempre): formas colestáticas. ↪ Icterícia e colúria → nem sempre dá. Alterações bioquímicas (lesão hepatocelular) ↪ aumento de aminotransferases (TGO, TGP) e bilirrubinas, com ou sem aumento de enzimas de membrana (FA e γGT) Página 1 Juliana Silva XXIII Macroscopia ↪ F í g a d o c o n g e s t o e edemaciado (dilatação dos vasos, com muito afluxo de sangue), f ica avermelhado, quando predomina o edema fica pálido. ↪ Diminuido (principalmente na hepatite fulminante) Microscopia ↪ 81,6% do órgão → hepátocitos, escasso estroma. ↪ Na hepatite aguda, lesões hepatocelulares predominam. ↪ Uma lesão agredindo o fígado há muita lesão hepatocelular. ↪ Os hepatócitos infectados a t i v a m o s l i n f ó c i t o s C D 8 citotóxicos, os quais agride, os próprios hepatócitos. Alterações parenquimatosas ↪ Degeneração ↪ Necrose ↪ Regeneração C o n f e r i n d o a s p e c t o d e d e s a r r a n j o d a s t r a b é c u l a s hepáticas. ✴D e g e n e r a ç ã o : a l t e r a ç ã o celular reversível ✴Hepatócitos → células estáveis O fígado só se regenera quando des t ró i a s cé lu la s (hepatócitos). Achados histológicos inespecíficos (Comuns a qualquer agente viral) Degeneração hidrópica ↪ Com prejuízo da bomba de s ó d i o : t u m e f a ç ã o d o s hepatócitos — degeneração balonizante Pode evoluir para necrose: “Drop-out-necrosis”: o hepatócito simplesmente se destaca da t rabécula, de ixando como marca a presença do infiltrado inflamatório no local. São as n e c r o s e s d o s h e p a t ó c i t o s individuais. Página 2 Juliana Silva XXIII Degeneração acidofílica ↪ Retração citoplasmática, evolução para morte celular resu l ta nos corpúsculos de C o u n c i l m a n - R o c h a L i m a (descritos na febre amarela, vistos em várias doenças hepáticas), processo de apoptose , sem resposta inflamatória ✴Processo de apoptose, sem resposta inf lamatór ia. → acelera a apoptose. Resposta inflamatória linfomononuclear ↪ P r e c e d e a l e s ã o hepatocelular ou consequente à necrose do hepatócito nos espaços-porta e nas áreas de necrose. ↪ Presença de Linfócitos (ainda que seja inflamação aguda) Quando o infiltrado inflamatório está contido no espaço porta, ou seja, quando a fileira de hepatócitos junto ao espaço porta tem que estar integra, a chance de curar é muito grande. Os l in fóci tos começam a ci rcular e f icam entre os h e p a t ó c i t o s n a c a m a d a limitante, chama-se spillover. → não tem necrose nesse período ↪ Passagem do espaço-porta para o parênquima (“spillover”) ↪ Células inflamatórias infiltram o parênquima → necrose ↪ Necrose da interface (necrose em saca-bocado) Página 3 Juliana Silva XXIII Células de Kupfer e macrófagos ↪ C é l u l a s d e K u p f e r e macrófagos portais ativados contendo lipofuscina (lipídeos armazenados dentro das células - fígado e coração) - pigmento fisiológico Colestase intra- hepatocítica e intra- canalicular ↪ Costuma ser mais acentuada na hepatite a e c. Classificação histológica da hepatite aguda (tipo de necrose) ↪ Clássica, com necrose focal ↪ Com necrose em ponte ↪ Com necrose panacinar (maciça ou submaciça) Página 4 Juliana Silva XXIII Classificação temp"ária da hepatite aguda (tempo de evolução) ↪ Classificação (até 6 meses) → pode ser aguda ↪ Prolongada (6 meses a 1 ano) ↪ Em resolução Hepatite A “Hepatite infecciosa” ↪ V í r u s : H e p a t o v í r u s R N A (Picornavírus) Transmissão ↪ F e c a l - o r a l , g e r a l m e n t e alimentos e água contaminados Período de Incubação ↪ 3 a 5 semanas Quadro clínico ↪ Anorexia ↪ Náuseas ↪ Vômitos ↪ Icterícia (varia com a fase) ↪ Muitos casos são sub-clínicos. ↪ Aumenta a quantidade de enzimas e bilirrubinas Lesão hepatocelular ↪ C i t o x i d a d e a n t i c o r p o - dependente, através de resposta imune do tipo humoral. Sorologia ↪ IgM anti VHA na fase aguda ↪ IgG permanece por toda a vida Evolução ↪ Não produz hepatite crônica, nem leva a estado de portador. ↪ Toda infecção por Hepatite A leva a cura definitiva Hepatite B “Hepatite sérica” ↪ Vírus: Hepadnavírus DNA. Particulas de Dane. Transmissão ↪ Parenteral ↪ Sexual ↪ Vertical (durante o parte) Página 5 Juliana Silva XXIII ↪ Presente no sêmen ↪ Leite materno ↪ Saliva ↪ Lágrimas ↪ Suor Indivíduos infectados ↪ Aproximadamente 300 milhões Período de Incubação ↪ 30 a 180 dias (média de 1,5 a 2 meses) Quadro clínico ↪ Anorexia ↪ Náuseas ↪ Vômitos ↪ Icterícia (varia com a fase) Cronificação Pers is tência das alterações c l í n i c a s , b i o q u í m i c a s e sorológicas por mais de 6 meses. Ocorre em aproximadamente 3-10% dos casos. ↪ Os que cronificam devem ter um sistema imune deficiente. Lesão hepatocelular M e d i a d a p o r m e c a n i s m o s humoral e celular Hepatite C ↪ Vírus: RNA → isolado em 1989 entre os assim chamados vírus NANB Transmissão ↪ Parenteral → pós-transfusional - 90% ↪ Consumo excessivo de drogas (drogadição) ↪ Vertical e sexual não habituais Período de Incubação ↪ 14 a 180 dias Quadro clínico ↪ Igual ao da Hepatite A e o da Hepatite B. ↪ Tem maior evolução para doença crônica ( ≈ 50%) Lesão hepatocelular ↪ Imunologicamente mediada. ↪ Anti-VHC + no soro por época da elevação das transaminases Forma fulminante ↪ Rara Página 6 Juliana Silva XXIII Hepatite D (delta) Vírus: RNA (viruóide - agente delta) - centro δ encapsulado pelo AgHbs, necessário para sua replicação Transmissão ↪ Parenteral Apresentação 1) Como hepatite aguda em hepatite aguda pelo VHB 2) Como hepatite aguda em portador crônico do VHB 3) Como hepatite crônica em portador crônico do VHB Lesão hepatocelular ↪ Citotóxica direta Imuno-histoquímica ↪ H D A g n o n ú c l e o d e hepatócitos Hepatite E Vírus: RNA (calicivírus) - descrito em 1990 Transmissão ↪ Fecal-oral ↪ Acomete principalmente na Ásia, África e América Latina Clínica e epidemiologia ↪ Aproximadamente igual ao da Hepatite A. ↪ Possui um curto período de incubação ↪ Apresenta formas mais graves durante a gestação Lesão hepatocelular ↪ Imunologicamente mediada Hepatite pelos vírus não A-E Vírus F,G (vírus RNA); TTV e Sen-V (vírus DNA) → pouco se sabe ↪ O vírus F se relaionou a casos de hepatite fulminante ↪ O vírus G talvez não seja patogênico Página 7 Hepatite delta só é agressiva quando está associada ao vírus da hepatite B. Juliana Silva XXIII ↪ O vírus TTV talvez evolua para cronificação Evolução da Hepatite Aguda CURA: diminuição progressiva do i n f i l t r a d o i n f l a m a t ó r i o , inicialmente no lóbulo e depois nos E-P. ↪ Placa l imitante se torna íntegra; restituição das trabécula de hepatócitos. C É L U L A S D E K U P F F E R E M A C R Ó F A G O S P O R T A I S : proeminentes por mais tempo, até a cura da hepatite. Hepatite crônica É a inflamação hepática não resolvida no espaço de 6 meses a 1 ano (critério cronológico).N entanto, o melhor critério é o anátomo-patológico. Etiologia ↪ Vírus hepatotróficos (B, C e D), a u t o - i m u n i d a d e , d r o g a s , d o e n ç a s m e t a b ó l i c a s hereditárias, como a doença de Wilson e deficiência de alfa1anti- t r ips ina (no pulmão leva a enfisema e no fígado a hepatite crônica e posteriormente a cirrose) Aspectos morfológicos da hepatite crônica MACROSCOPIA Fígado geralmente aumentado de volume MICROSCOPIA ↪ Espaços-porta alargados, com i n f i l t r a d o i n f l a m a t ó r i o mononuclear, com ou sem necrose de hepatócitos de placa l imitante (saca-bocados ou “piecemeal necrosis”) ↪ Necrose em saca-bocados (NSB): lesão mais importante como sinal de hepatite crônica ativa. Página 8 Necrose em saca-bocado: perda de hepatócitos na placa limitante pelo processo inflamatório linfocitário em decorrência de infecção viral. Juliana Silva XXIII Elementos celulares envolvidos CÉLULAS RETICULARES INTERDIGITANTES ↪ Apresentadoras de antígenos → situadas na periferia dos espaços-porta LINFÓCITOS T SUPRESSOR / CITOTÓXICOS (CD8) ↪ Atacam e dest roem os antígenos de membrana dos hepatócitos Peri-portais CÉLULAS RETICULARES DENDRÍTICAS ↪ Apresentadoras de antígenos: situadas no centro dos espaços- porta LINFÓCITOS T HELPER / INDUTORES (CD4) ↪ Também no centro dos espaços-porta Hepatite Crônica Ativa ↪ O hepatócito da placa limitante sofre desintegraçao → apoptose. ↪ Os espaço-porta se alargam atingindo espaços-porta vizinhos (pontes porta-porta) ou se unem a áreas de necrose da zona Z (pontes porta-centro) ↪ O parênquima peri-portal é substituído por tecido colágeno → septos fibrosos → alterações estruturais, com desorganização e evolução para a cirrose pós- necrótica → tem que dar necrose para ir para cirrose. Página 9 Juliana Silva XXIII Estadiamento da Hepatite Crônica Devem ser diagnosticados e g r a d u a d o s , o p ç ã o d e tratamento anti-viral e também se estadiar a doença. FIBROSE PORTAL ↪ Presente, com septos ou nódulos regenerativos. ↪ Avalia a integridade estrutural do órgão (estadiamento) INFILTRADO INFLAMATÓRIO PORTAL ↪ Quantificado com a presença ou ausência de necrose em saca-bocado (NSB) Estadiamento utilizado: Sociedade Brasileira de Patologia: ✓ Alteração estrutural ✓ Infiltrado portal ✓ Atividade periportal ✓ Alteração parenquimatosa Metavir: ✓ A (atividade) ✓ F (fibrose) ↪ Escores de 1 a 4 Página 10 Toda vez que tem necrose de hepatocitos e as fibras de reticulinas colabam, são substituídas por colágeno. A partir disso começa a fibrosação Juliana Silva XXIII Achados histológicos específicos Marcadores etiológicos Presentes na fase aguda, mas são mais frequentes na doença crônica. 1) Hepatócitos com o citoplasma em “v idro fosco” : VHB - homogêneo → comum no tipo B 2) Esteatose → comum em tipo C 3) F o r m a ç ã o d e f o l í c u l o s / agregados linfóides: VHC 4) Agressão ao ducto biliar → vírus C 5) Depósitos de Cu (coloração - rodanina): doença de Wilson 6) D e p ó s i t o s d e a l f a 1 A - T (coloração específica - PAS): deficiência de alfa-1 A-T. Possíveis evoluções da infecção aguda pelos vírus B e C Hepatite auto-imune Semelhante a Hepatite viral crônica ↪ Predomina em mulheres — 70% jovens ↪ Sorologia negativa ↪ IgG elevado (>2,5g%) ↪ 80% com auto-Ac ANA, anti- musculo liso, anti-mitocondrial, anti-microssomo hepático e renal ↪ Nome antigo → hepatite lupóide: achavam que era o início de lúpus Página 11 Pra A não tem nada que marque, apenas a colestase! Juliana Silva XXIII ↪ Maior frequência em HLA b8 o u D R W 3 — d e t e r m i n a n t e genética Esteato-Hepatites D o e n ç a s p a r e n q u i m a t o s a s associadas à esteatose macro ou microvesicular, de etiologia - EHA o u n ã o - E H N A ( “ o b e s o - diabético”) Hepatite Alcoólica Alcoolismo: ↪ Ingestão de etanol: 28g de bebida. ↪ > risco de cirrose ↪ Homens > 40g/dia e mulheres > 20g/dia Metabolismo do Etanol ↪ < 10% é eliminado através dos pulmões e rins. O restante se transforma em acetaldeído Patogenia do alcoolismo: ↪ ação hepatotóxica direta do etanol e do acetaldeído que produz alterações metabólicas: 1) ↑ peroxidação de lipídios 2) ↑ produção de triglicérides 3) ↑ mobilização dos depósitos periféricos de gordura 4) Inibe o reparo de DNA 5) A u m e n t a a s í n t e s e d e colágeno Morfologia ↪ A primeira alteração hepática é a esteatose associada à denegeração hialina de Mallory ✓ Hepatomegalia ↪ Resposta inflamatória lobular com presença de neutrófilos: esteato-hepatite ✓ D e p o s i ç ã o d e t e c i d o co lágeno, f ib rose per i - venular, septos fibrosos e cirosse. ↪ Consistência flácida e grande Página 12 Juliana Silva XXIII Esteato-hepatite não alcoólica (ehna) ↪ O l igoss intomát ica, com alterações enzimáticas discretas ↪ Evolução para cirrose em menos de 3% Principais causas ↪ Obesidade ↪ Diabetes mellitus tipo 2 ↪ Cirurgia de “by-pass” jejuno- ileal ↪ Jejum prolongado ↪ Drogas-amiodarona ↪ Maleato de perexilene ↪ Diuréticos ↪ Hipoglicemiantes orais ↪ Estrógenos ↪ Hormônios tireoidianos ↪ Corticosteróides Página 13 Como se acumula gordura no fígado? ↪ dificuldade de metabolizar ↪ dificuldade de excretar ↪ chegada de gordura é grande Juliana Silva XXIII Página 14 Juliana Silva XXIII Página 15 Epidemiologia Vias de transmissão Quadro clínico Alterações bioquímicas (lesão hepatocelular) Macroscopia Microscopia Alterações parenquimatosas Transmissão Período de Incubação Quadro clínico Lesão hepatocelular Sorologia Evolução Transmissão Indivíduos infectados Período de Incubação Quadro clínico Cronificação Lesão hepatocelular Transmissão Período de Incubação Quadro clínico Lesão hepatocelular Forma fulminante Transmissão Apresentação Lesão hepatocelular Imuno-histoquímica Transmissão Clínica e epidemiologia Lesão hepatocelular Etiologia Aspectos morfológicos da hepatite crônica Elementos celulares envolvidos Metabolismo do Etanol Patogenia do alcoolismo: Morfologia Principais causas
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