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HTLV O vírus linfotrópico para células T de humanos (HTLV) pertence a família Retroviridae e é divido em 4 tipos: • HTLV-1 o Cosmopolita o Malanésia o Zaire • HTLV-2 o HTLV-2a ou HTLV-2 Mo o HTLV-2b ou HTLV-2 NRA o HTLV-2c • HTLV-3 e HTLV-4 → não se sabe muito a respeito desses tipos O HTLV é um vírus envelopado, que possui 2 moléculas iguais de RNA associadas à enzima transcriptase reversa em seu núcleo, ou seja, ele é um retrovírus. O seu envelope possui uma natureza lipoproteica. Além disso, o HTLV é considerado um vírus oncogênico. Isso significa que ele estabelece ima associação com a célula infectada que, em vez de destruí-la, ele cria condições para manter o seu ciclo replicativo BIOSSÍNTESE VIRAL Estudos indicam que o HTLV consegue infectar a célula por meio de duas proteínas na sua superfície: • NRP-1 (neuropilina 1) • GLUT-1 A adsorção ocorre pela interação da proteína de superfície viral (gp46) com a NRP-1. Essa interação induz uma mudança conformacional da glicoproteína viral (gp), aumentando a sua afinidade com o GLUT-1. A formação do complexo gp–NRP-1– GLUT-1 promove a fusão do envelope viral com a membrana celular. Após a liberação do material genético viral para dentro da célula, o RNA do vírus é transcrito em DNA de fita dupla pela transcriptase reversa. Após a síntese do DNA, ele é transportado para o núcleo e inserido ao DNA celular pela IN viral. PATOGÊNESE HTLV-1 A principal forma de transmissão do HTLV-1 é da mãe para o filho, via transplacentária e pelo leite materno (principalmente), mas também pode ocorrer por transfusão sanguínea e contato sexual. A infecção pelo vírus HTLV ocorre predominantemente nas células TCD4, mas as células TCD8, os linfócitos B, as células dendríticas e macrofágicas também podem ser infectadas. Esse vírus é capaz de gerar uma desorganização celular, fazendo com que as células TCD4 entrem em um processo de proliferação espontânea, com uma perda progressiva da resposta imune por conta da presença de uma proteína viral chamada Tax (transativadora viral). A proteína Tax é de suma importância para vírus, visto que ela está associada ao aumento de proteínas pró- inflamatórias. Além disso, a Tax promove a ativação do NF-kB, que é um fator celular o qual age no processo de ativação do linfócito TCD4. Há também a ativação de proto- oncogenes e a perda dos check points do ciclo celular (célula sempre na na fase S). Todos esses eventos estão associados com um aumento da resistência à apoptose. A incorporação do HTLV-1 no genoma das células TCD4 pode resultar em uma infecção silenciosa. Isso significa que apesar do genoma viral estar presente na célula hospedeira, os RNAm virais não são detectáveis, logo a célula infectada é funcionalmente normal. A maior parte das infecções pelo HTLV-1 são assintomáticas e apenas uma pequena parte dos indivíduos desenvolve a leucemia/linfoma de células T do adulto (LLcTA), paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH), uveíte e dermatite infecciosa. HTLV-2 Ao contrário do HTLV-1, o HTLV-2 estimula a proliferação de linfócitos TCD8 in vivo. O seu papel como causador de doença ainda não foi definido. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS LEUCEMIA/LINFOMA DE CÉLULAS T DO ADULTO Na LLcTA, o vírus não está associado com a oncogênese, a sua desregulação celular é mediada pela proteína Tax, e é importante ressaltar que essa doença está associada com a proteína HBZ. Os seus sintomas podem se manifestar como mal-estar, febre, linfoadenopatia, hipercalcemia, Pessoas com HTLV sintomática possuem um número elevadíssimo de linfócitos TCD4. Esse quadro, no entanto, não promove um aumento na resposta imunológica do indivíduo. O corpo gera uma resposta imune ao vírus do HTLV por meios dos linfócitos TCD4 e TCD8, células NK e células B, no entanto são ineficientes. Na PET/MAH, os linfócitos TCD4 infectados com o HTLV-1 migram para o SNC, infectando as células locais e ativando astrócitos e células da micróglia, o que desencadeia uma reação inflamatória. Em consequência disso, células inflamatórias migram para o SNC, causando uma desregulação da barreira hematocefálica, lesão da bainha de mielina e destruição axonal. hepatoesplenomegalia, icterícia, perda de peso, envolvimento cutâneo, envolvimento da medula óssea e infiltrado pulmonar. A LLcTA possui 4 formas clínicas: • Indolente • Crônica • Linfomatosa • Aguda PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL A PET/MAH é uma doença desmielinizaste progressiva crônica que causa danos principalmente na medula espinal torácica, em que seu principal aspecto é a inflamação crônica do material branco e cinza da medula espinal. Seus sintomas são fraqueza e rigidez de MMII, dor lombar, perda sensorial, hiperreflexia, distúrbios da marcha e incontinência fecal e urinária. Após algum tempo, o paciente pode constar com paralisia unilateral. Os indivíduos com PET/MAH apresentam uma maior carga proviral, além de possuírem uma alta frequência de células TCD8 anti Tax. No liquor dessas pessoas encontra-se grande número de citocinas pró- inflamatórias (IFN-g, TNF-a, IL1 e IL- 6), além de grande quantidade de linfócitos ativados UVEÍTE A uveíte é um processo inflamatório que afeta os tecidos intraoculares. DERMATITE INFECCIOSA A dermatite infecciosa é caracterizada por uma dermatite exsudativa grave, com crostas no couro cabeludo, pescoço, orelhas, axilas e virilha. HTLV-2 Evidências mostram a associação do HTLV-2 à leucemia atípica de células T pilosas. DIAGNÓSTICO O diagnostico laboratorial para HTLV- 1 e 2 geralmente é realizado pela pesquisa de anticorpos no soro do indivíduo por ensaio imunoenzimático (ELISA/EIA) ou ensaio de aglutinação de partículas de látex ou gelatina e, em seguida, é confirmado por Western Blotting (WB). Além disso, métodos moleculares como a reação em cadeia da polimerase (PCR) são empregados para a detecção do DNA proviral em células do sangue periférico. O diagnóstico é feito em duas etapas: a triagem e a confirmação. Primeiramente, como triagem, o paciente deve fazer o ELISA. Em seguida, caso o resultado seja positivo, deve ser feita a confirmação, a qual é realizada através do teste de WB. Se o teste der positivo de novo, é feito o PCR que é capaz de diferenciar o HTLV-1 do HTLV-2. Em casos que o A mielina é mimetizada pela proteína Tax, assim as células TCD8 agem destruindo a medula do indivíduo, achando que estão combatendo a Tax. Embora o HTLV-2 ainda não tenha sido ligado a nenhuma doença, estudos associam esse vírus a quadros de PET/MAH pneumonia, bronquite e infecção no sistema urinário. WB tiver resultado inconclusivo, o PCR deve ser feito. Para ser diagnosticado com LLcTA, o exame laboratorial deve constatar com: • Anti-HTLV-1 → por ELISA e WB • Presença de células malignas de origem linfoide em sangue periférico ou linfonodo • Células malignas de linhagem T (CD2, CD3, CD4/CD25) • Integração do DNA proviral do HTLV-1 em padrão monoclonal Caso o ELISA der negativo e o paciente apresentar os sintomas clínicos, o PCR deve ser feito.
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