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Atividade física e pessoas com deficiência

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Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes 
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS 
Departamento de Educação Física e do Desporto - DEFD 
Atividades Físicas e Pessoas com Deficiência 
Educação Física, Bacharel - 2° período 
 
 
 
 
 
 
 
 
Síntese - Como Chamar as Pessoas que têm Deficiência 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Elizabeth Durães Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
Montes Claros - MG 
Março 2020 
Síntese - Como chamar as pessoas que tem deficiência? 
 
Sempre tivemos dificuldade em saber qual o termo certo - portador de deficiência, pessoa 
portadora de deficiência ou portador de necessidades especiais. 
É importante esclarecer que não houve e não há termo correto, por razão ao fato de que os 
termos são mudados de acordo com a época e o significado do termo seja de acordo a 
pessoa é vista pela sociedade. 
 
Do século 20 até +/- 1960:​ Eram chamados de ​" os incapacitados "​. Significava 
"​indivíduos sem capacidade"​ e mais tarde evoluiu para ​" indivíduos com capacidade 
residual​". Variação do termo: ​"os incapazes"​ que significava ​"indivíduos que não são 
capazes"​ de fazer algumas coisas por causa da deficiência que possuia. Foi um avanço a 
sociedade reconhecer que a pessoa poderia ter capacidade residual, mesmo que reduzida. 
Consideravam que a deficiência ( qualquer que fosse) , eliminava ou reduzia a capacidade 
da pessoa em todos os aspectos. Após a I e II guerra mundial, a mídia usava o seguinte 
termo " A guerra produziu incapacitados. " 
 
De +/- 1960 até +/- 1980​: "os defeituosos" : indivíduos com deformidade ( principalmente 
física). " Os deficientes " : indivíduos com deficiência ( física, 
intelectual, auditiva, visual ou múltipla, que os levava a fazer atividades do dia a dia de uma 
forma diferente dos demais). " Os excepcionais " :indivíduos com deficiência intelectual. Foi 
usado esses três termos que deixam em evidência as deficiências em si, sem deixar claro o 
que não conseguem fazer como a maioria. Simultaneamente, era levantado o movimento 
em defesa dos direitos " das pessoas superlotadas " ( substituído por " pessoas com altas 
habilidades " ou " pessoas com indícios de altas habilidades "), para mostrar que o termo " 
os excepcionais " não poderia ser usado para referir exclusivamente as pessoas com 
deficiência intelectual, sendo que as pessoas com superdotação também são excepcionais 
por estarem na outra ponta da curva da inteligência humana. 
 
No começo da história, durante séculos:​ " os inválidos " : indivíduos sem valor ( no 
século 20 ainda era usado esse termo, sem nenhum sentido pejorativo). “Inválidos 
insatisfeitos com lei relativa 
aos ambulantes” (Diário Popular, 21/4/76). O portador de deficiência era tido como 
socialmente inútil, peso morto para sociedade. 
 
De 1981 até +/- 1987​: " pessoas deficientes " : passou a ser usado como adjetivo, sendo 
acrescentando o substantivo " pessoas". A partir de 1981, nunca mais foi utilizado a 
expressão " indivíduos " para se referir a pessoas com deficiência. Foi atribuído o valor " 
pessoas ", aos que tinham deficiência, igualando em direito e dignidade a maioria das 
pessoas do país. E o mundo achou difícil começar a dizer 
ou escrever “pessoas deficientes”. O impacto desta terminologia foi profundo e ajudou a 
melhorar a imagem destas pessoas. 
 
De +/- 1988 até +/- 1993:​ " pessoas portadoras de deficiência ": proposto para substituir o 
termo " portadores de deficiência". " Portar uma deficiência" passou a ser algo agregado a 
pessoa, um detalhe. Alguns líderes de organizações de pessoas 
com deficiência contestaram o termo “pessoa deficiente” alegando que ele sinaliza que a 
pessoa inteira é deficiente, o que era inaceitável para eles. 
 
De +/- 1990 até hoje​: " pessoas com necessidades especiais ": surgiu para substituir " 
deficiência " por "necessidades especiais", depois passou a ter significado próprio sem 
substituir o nome " pessoas com deficiência ". " Necessidades especiais", passou a ser 
apenas um novo termo, depois, passou a ser um valor agregado tanto à pessoas com 
deficiência quanto a outras pessoas. 
 
Mesma época acima:​ Surgiram expressões como " crianças/alunos/pacientes especiais " 
para amenizar o impacto da palavra " deficientes". "Pessoas especiais ": termo reduzido da 
expressão " pessoas com necessidades especiais". O adjetivo " especial " permanece como 
uma simples palavra, sem agregar valor, e ainda não é qualificativo exclusivo das pessoas 
com deficiência, pois pode se aplicar a qualquer pessoa. 
 
 ​Em junho de 1994:​ " pessoas com deficiência " e pessoas sem deficiência, tem o direito de 
fazer parte da sociedade como um todo. Empoderamento. 
 
Em Maio de 2002:​ " portadores de direitos especiais": termo apresenta problemas. O termo 
"postadores" vem sendo questionado por alusão a " carregadores" pessoas que levam a 
doença. O termo "direitos especiais " é contraditório, porque pessoas com deficiência 
precisam de equiparação de direitos e não direitos especiais, além de não ser exclusivo a 
pessoas com deficiência, uma vez que qualquer grupo vulnerável tem o direito de " direitos 
especiais. 
 
De +/- 1990 até hoje e além​: A década de 90 e a primeira década do século XXI estão 
sendo marcadas por eventos liderados por organizações de pessoas com deficiência. O 
termo " Pessoas com deficiência " passa a ser o termo preferido para os adeptos, uma vez 
que pessoas com deficiência 
que, no maior evento (“Encontrão”) das organizações de pessoas com deficiência, realizado 
no Recife em 2000, conclamaram o público a adotar este termo, esclarecendo que " não 
são portadoras de deficiência, e não querem ser chamadas por tal nome". Os valores 
agregados são os de empoderamento e da responsabilidade de contribuir com seus 
talentos para a sociedade com a inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência. 
 
É perceptível que a tendência é parar/diminuir de usar a palavra " portadora, pois a 
condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa, e essa pessoa não "leva/porta" sua 
deficiência.

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