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Deficiência Auditiva_ Fundamentos e Metodologias

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Prévia do material em texto

2018
Deficiência auDitiva: 
funDamentos e 
metoDologias
Profª. Jacqueline Leire Roepke
Prof. Kelvin Custódio Maciel
Prof. Valdecir Reginaldo de Oliveira
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Jacqueline Leire Roepke
Prof. Kelvin Custódio Maciel
Prof. Valdecir Reginaldo de Oliveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
R716d
 Roepke, Jacqueline Leire
 Deficiência Auditiva: Fundamentos e Metodologias. / Jacqueline Leire 
Roepke; Kelvin Custódio Maciel; Valdecir Reginaldo de Oliveira – Indaial: 
UNIASSELVI, 2018.
 254 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0188-7
 1.Distúrbios da audição – Brasil. 2.Surdos - Educação – Brasil. I. Maciel, 
Kelvin Custódio. II. Oliveira, Valdecir Reginaldo de. III. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 371.912 
III
apresentação
Olá, prezado acadêmico! Que alegria ter você conosco, na disciplina 
de Deficiência Auditiva: Fundamentos e Metodologias! Nós preparamos este 
livro de estudos com o intuito de que você acesse informações históricas 
e teóricas sobre o tema, visualizando ainda, pesquisas que têm sido feitas 
recentemente, além de orientações voltadas à prática docente com estudantes 
que tenham deficiência auditiva ou que sejam surdos.
Na Unidade 1, você verá assuntos que tratam da deficiência auditiva 
ou surdez ao longo da história. Os surdos, nas primeiras civilizações do 
Ocidente, não tinham uma vida comum, eram tratados com desconfiança, 
com menosprezo, descaso, abandono e até foram condenados à morte. 
Após o surgimento de instituições de caridade, como a Igreja, percebe-se 
uma preocupação, ainda que pequena, com os surdos, considerados, muitas 
vezes, na Idade Média, como seres amaldiçoados, como também, pessoas 
que possuíam uma sabedoria de ordem divina. 
Você entenderá que na modernidade, por mais que são criados 
inúmeros mecanismos que visam à qualidade de vida dos surdos, também, 
foram feitas experiências desumanas para chegar a um resultado desejado. 
Além disso, é na modernidade que o surdo cada vez mais é considerado 
um doente, e seu corpo passa a ter uma utilidade dentro da sociedade 
capitalista, que busca a todo momento, investir e produzir através dos 
corpos. Nesse sentido, a Unidade 1 apresentará, passo à passo, quais foram 
os marcos históricos que deram visibilidade e conscientizaram as pessoas de 
que os surdos também são pessoas, e que possuem igual dignidade. Você 
aprenderá conceitos que fazem parte da educação inclusiva, que auxiliam 
significativamente na compreensão do que trata a deficiência auditiva ou 
surdez. Por isso, apresentamos não somente uma corrente teórica para afirmar 
os pressupostos dos conceitos e das abordagens históricas e filosóficas que 
permeiam a educação dos surdos, mas buscamos confrontar ideias, e trazer 
as críticas de pensadores e estudiosos que discutem a temática da educação 
especial com maior atenção.
 
Na Unidade 2, o foco está sobre a pessoa com deficiência auditiva ou 
surdez. Você aprenderá o que ocasiona as alterações no sentido da audição. 
Você verificará quais são os árduos e compridos caminhos que a família 
geralmente percorre desde a desconfiança de que há algo errado com a audição 
da pessoa, até o recebimento do diagnóstico. Terá informações sobre como 
acontece o diagnóstico, e as reações que tanto o surdo comumente apresenta, 
quanto a sua família, diante dessa constatação. Na sequência, descobrirá quais 
são os desafios que o surdo precisa superar dia após dia, em sua própria casa, 
IV
nos locais públicos, nos ambientes de trabalho e estudo. Geralmente pensa-
se que o surdo não requer adaptações no ambiente voltadas à acessibilidade. 
Mas, ele precisa sim, de que algumas mudanças sejam feitas para que ele se 
integre ativamente nos espaços em que circula. Depois, conhecerá um pouco 
sobre alguns profissionais que costumam atender ao surdo, e seus objetivos e 
ações. Ali, você verá quais são algumas das opções em termos de reabilitação 
da audição, ou seja, formas de tratamento e intervenções. Para encerrar, 
essa unidade mostramos quais são as peculiaridades de comunicação que 
os surdos apresentam. Oralmente, é fácil deduzir que eles têm dificuldades 
para se expressarem e compreenderem o que os outros dizem. Mas, e na 
escrita? Será que ela também é afetada? 
Por fim, a Unidade 3 trata acerca da pessoa com deficiência auditiva 
e a educação. A unidade inicia com reflexões sobre diferenças individuais 
e aprendizagem. Em seguida, ela aborda a proposta atual da educação 
especial, trazendo reflexões também sobre a educação inclusiva, e mostra 
brevemente o percurso histórico que foi tecendo a atual concepção de 
educação especial. Essas ponderações desembocam na polêmica entre 
escolas inclusivas e escolas bilíngues, na atualidade. O penúltimo tópico 
discorre sobre os desafios e as perspectivas da ação docente com crianças, 
ou seja, quando o professor possui um estudante com surdez em sua sala 
de aula, quais são os aspectos que ele precisa levar em conta para que essa 
criança seja contemplada durante as aulas, de modo que possa desenvolver 
um processo de aprendizagem? O livro termina abordando os desafios e as 
perspectivas da ação docente com jovens, adultos e idosos surdos. Assim, 
focaliza quais são os desafios que o estudante surdo enfrenta no ensino 
médio e na educação superior, bem como, os desafios que se apresentam 
àqueles que se dedicam a ensiná-lo – professores e intérpretes. 
Caro acadêmico! Conforme a célebre escritora Helen Keller (surda e 
cega), “A ciência poderá ter encontrado a cura para a maioria dos males, mas 
não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos”. 
Então, o nosso desejo é que esse livro colabore para o seu desenvolvimento, 
de modo que seja acolhedor e sensível diante dos alunos com necessidades 
educacionais especiais que você encontrará. Já não é mais concebível que os 
surdos fiquem do lado de fora das escolas e universidades e que os poucos 
que nelas entram saiam antes do tempo, ou fiquem lá como se não existissem. 
Esperamos que esse livro contribua na sua formação docente 
auxiliando nos estudos que permeiam os desafios que serão encontrados 
pelos alunos surdos quando escolhem trilhar a vida educacional, lembrando 
que estudantes surdos estão cada vez mais buscando chegar ao mundo 
acadêmico, vislumbrados por políticas públicas lentas, mas, atentas a essa 
situação. 
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo paraum bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Nós também ansiamos por seus estudos durante esta disciplina, que 
sejam feitos com dedicação e alegria. Afinal, como a própria Helen Keller 
dizia: “A alegria é o fogo que mantém aquecido o nosso objetivo, e acesa a 
nossa inteligência”. 
Bons estudos!
Profª. Jacqueline Leire Roepke
Prof. Kelvin Custódio Maciel
Prof. Valdecir Reginaldo de Oliveira
VI
VII
UNIDADE 1 – DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA 
 HISTÓRIA ...................................................................................................................... 1
TÓPICO 1 – MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO ...... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 COMO A DEFICIÊNCIA FOI SENDO VISTA AO LONGO DA HISTÓRIA .......................... 3
3 O SURDO NA HISTÓRIA .................................................................................................................. 10
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA ................................ 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO MUNDO ................................................... 19
3 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL .................................................... 32
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41
TÓPICO 3 – DEFICIÊNCIA AUDITIVA HOJE: CONCEITOS E DESAFIOS ............................. 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA: CONCEITOS ...................................................................................... 43
3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA: DESAFIOS ......................................................................................... 51
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS: QUANTO AO TIPO E 
 GRAU .................................................................................................................................. 59
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 PERDAS AUDITIVAS: CLASSIFICAÇÕES QUANTO AO TIPO .............................................. 59
3 PERDAS AUDITIVAS: CLASSIFICAÇÕES QUANTO AO GRAU ........................................... 61
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 63
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 64
UNIDADE 2 – A PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ......................................................... 65
TÓPICO 1 – DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SUAS CAUSAS ........................................................... 67
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67
2 AS CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA ................................................................................. 68
3 A EXPOSIÇÃO AOS ELEVADOS RUÍDOS E A DEFICIÊNCIA AUDITIVA .......................... 72
4 DIAGNÓSTICO TARDIO E AGRAVOS ......................................................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
sumário
VIII
TÓPICO 2 – DIAGNÓSTICO DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ANTES E DURANTE O 
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA SAÚDE AUDITIVA .......................................... 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 CAMINHOS PERCORRIDOS DIANTE DA SUSPEITA DE PERDA AUDITIVA ................. 78
3 O DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................... 82
4 A REAÇÃO DA FAMÍLIA E DO DEFICIENTE AUDITIVO FRENTE AO 
 DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................... 84
5 AS DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO ENTRE PACIENTES SURDOS E 
PROFISSIONAIS DA SAÚDE ........................................................................................................... 89
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 93
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 94
TÓPICO 3 – DESAFIOS COTIDIANOS QUE O DEFICIENTE AUDITIVO ENFRENTA ....... 95
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 95
2 DESAFIOS QUE SURDOS PRECISAM SUPERAR NO DIA A DIA ......................................... 96
3 SURDEZ E PRECONCEITO .............................................................................................................101
4 SURDEZ E AUTOCONCEITO .........................................................................................................104
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................110
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................111
TÓPICO 4 – PROFISSIONAIS QUE ATENDEM AO DEFICIENTE AUDITIVO:
 TRATAMENTO E INTERVENÇÕES ..........................................................................113
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113
2 OS PROFISSIONAIS QUE ATENDEM AOS DEFICIENTES AUDITIVOS ..........................114
3 TRATAMENTOS ................................................................................................................................115
4 PSICÓLOGOS ....................................................................................................................................120
5 FONOAUDIÓLOGOS .......................................................................................................................1226 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ...............................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
TÓPICO 5 – ESPECIFICIDADES DA LINGUAGEM DOS SURDOS ........................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 A LINGUAGEM E SUAS ESPECIFICIDADES ...........................................................................130
3 A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS............................................................................................133
4 AS ESPECIFICIDADES NA LINGUAGEM ESCRITA DOS SURDOS ...................................139
5 AS ESPECIFICIDADES NA APRENDIZAGEM DA LEITURA POR PARTE DE 
 ALUNOS SURDOS ............................................................................................................................142
6 LINGUAGEM E SURDEZ: PROVOCAÇÕES FINAIS ...............................................................143
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
UNIDADE 3 – A PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA OU SURDEZ E A 
 EDUCAÇÃO ................................................................................................................149
TÓPICO 1– DIFERENÇAS INDIVIDUAIS: APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO ....................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS .........................................................................................................153
3 A DEFICIÊNCIA AUDITIVA E A APRENDIZAGEM ................................................................156
4 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS E AVALIAÇÃO ............................................................................163
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................166
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................167
IX
TÓPICO 2 – A PROPOSTA ATUAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ..............................................169
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169
2 DEFICIÊNCIA .....................................................................................................................................170
3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................................................................................................171
4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM ESTUDANTES SURDOS......................................................173
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................176
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177
TÓPICO 3 – ESCOLAS INCLUSIVAS OU ESCOLAS BILÍNGUES ...........................................179
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179
2 ESCOLAS BILÍNGUES ......................................................................................................................179
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................186
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
TÓPICO 4 – PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA AÇÃO DOCENTE COM CRIANÇAS 
SURDAS ...........................................................................................................................189
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189
2 CRIANÇAS SURDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O BRINCAR .........................................190
2.1 OS SENTIDOS DO BRINCAR ....................................................................................................191
2.2 O BRINCAR E A SURDEZ ..........................................................................................................192
3 APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS SURDAS NA ESCOLA .....................................................196
3.1 A IMAGEM QUE PROFESSORES TÊM ACERCA DO ALUNO SURDO .............................197
3.2 AÇÕES EDUCACIONAIS COM ALUNOS SURDOS ..............................................................200
4 CRIANÇAS SURDAS: LETRAMENTOS E APRENDIZAGEM DA LEITURA E 
 ESCRITA ...............................................................................................................................................205
5 A LITERATURA E AS CRIANÇAS SURDAS ...............................................................................211
6 CRIANÇAS SURDAS E O USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO EM PROL DA EDUCAÇÃO ...........................................................................213
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................215
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217
TÓPICO 5 – PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA AÇÃO DOCENTE COM JOVENS, 
ADULTOS E IDOSOS ...................................................................................................219
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................219
2 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE SURDOS ...221
3 O ENSINO MÉDIO E A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO .....................................................224
4 O ENSINO SUPERIOR E A INCLUSÃO DO ACADÊMICO SURDO ....................................226
4.1 ACESSO ...........................................................................................................................................227
4.2 PERMANÊNCIA ...........................................................................................................................228
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................234
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................236
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................237
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................239
X
1
UNIDADE 1
DEFICIÊNCIA AUDITIVA: 
ENTENDIMENTOS AO LONGO DA 
HISTÓRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir dos estudos esta unidade, você será capaz de:
• conhecer como o surdo era tratado ao longo da história;
• refletir sobre os avanços no tratamento fornecido as pessoas com deficiên-
cia auditiva;
• compreender a visão de alguns teóricos e educadores na história da educa-
ção dos surdos; bem como, as primeiras formas de metodologia de ensinoaplicados aos surdos;
• conhecer a história dos principais termos e seus significados que envolvem 
a educação inclusiva: deficiência, surdo, educação especial e/ou necessida-
des educacionais especiais.
• refletir sobre os desafios da deficiência auditiva atualmente;
• conhecer as classificações das perdas auditivas, os tipos de surdez, e os 
graus de surdez.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À
 CONSCIENTIZAÇÃO
TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
TÓPICO 3 – DEFICIÊNCIA AUDITIVA HOJE: CONCEITOS E DESAFIOS
TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS AUDITIVAS: QUANTO AO 
TIPO E GRAU
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À 
CONSCIENTIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Nesta primeira unidade do livro, você acessará os aspectos históricos e 
culturais que formaram entendimentos sobre a deficiência auditiva. 
Para situar você, prezado acadêmico, que deseja se aprofundar nesse 
universo tão rico que é a educação especial, saiba que a nossa pretensão é fornecer 
as ferramentas necessárias para sua melhor compreensão do que se trata quando 
falamos em deficiência auditiva, quais passos foram dados para a sua visibilidade 
nos dias atuais, quais os desafios atualmente enfrentados pela deficiência auditiva, 
quais as perdas nas classificações auditivas ao longo da história e, mais ainda, 
como a deficiência auditiva interage com o campo da Educação. 
2 COMO A DEFICIÊNCIA FOI SENDO VISTA AO LONGO DA 
HISTÓRIA
Na Antiguidade, durante as primeiras civilizações do Ocidente até 
o declínio do Império Romano em 476 d.C., surgem as primeiras formas de 
tratamento fornecidas às pessoas com deficiência. O período greco-romano é 
marcado pelas relações de produção baseadas na escravidão, na qual o poder 
estava centralizado na figura do rei ou chefe de Estado, que detinha o poder sob 
o território e seus exércitos. O poder era passado de geração para geração, do rei 
para o príncipe, configurando por séculos a dominação de outros povos, através 
das guerras e conflitos travados pelos governantes. Deste modo, as pessoas que 
não eram aptas para as guerras ou para o trabalho, ou seja, que não tinham 
utilidade dentro da sociedade, estavam destinadas ao abandono e à morte.
Vemos que na Antiguidade as pessoas que apresentavam algum tipo de 
deficiência, física ou mental, eram imediatamente descartadas, rejeitadas e até 
condenadas à morte. As sociedades antigas consideravam que essas pessoas eram 
subumanas, ou seja, que não tinham plena capacidade de viver em sociedade, em 
convívio social, e muito menos ter alguma serventia para o governo. Segundo 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
4
Aranha (1979), a deficiência inexistia enquanto problema, sendo que as crianças 
que apresentavam deficiências eram imediatamente detectáveis, e a atitude 
praticada na época era da exposição, ou seja, o abandono ao relento, até a morte. 
Nas sociedades antigas, a busca pelos ideais de perfeição não permitia 
a inclusão das pessoas deficientes no contexto social. As civilizações gregas 
e romanas tinham a meta de construir uma sociedade perfeita, e para isso os 
homens teriam que ser plenamente aptos para as atividades diárias, inclusive 
para o trabalho braçal, que era praticado pelos escravos. Logo, para permanecer 
vivo nesse modelo de sociedade, era preciso cultivar um corpo em plena 
funcionalidade, caso contrário, se portasse alguma deficiência era considerado, 
muitas vezes, alguém amaldiçoado, castigado pelos deuses. 
FIGURA 1 – INFÂNCIA NA ANTIGUIDADE
FONTE: Disponível em: <http://centauroalado.blogspot.com.br/2015/10/
historia-da-infancia-na-antiguidade.html>. Acesso em: 10 abr. 2018.
Mais especificamente ligado ao sistema auditivo, o filósofo grego 
Aristóteles já dizia no século IV a.C, que para atingir a consciência humana era 
preciso que tudo penetrasse em um dos órgãos do sentido, a audição. Para ele, 
esse órgão era superior aos demais órgãos sensoriais do homem, pois a audição 
era considerada o principal meio para o aprendizado. Nesse sentido, para o 
filósofo grego, alguém que nascia surdo ou mudo naquela época era incapaz de 
compreender as coisas e aprender. Assim, durante séculos os surdos estavam à 
margem da sociedade, tanto na Grécia Antiga, considerando os surdos inaptos 
para o aprendizado, quanto na Roma Antiga, onde os surdos não poderiam nem 
fazer testamento e sempre necessitavam de um curador para fazer algum negócio 
(DUARTE et al., 2013, p. 1717). 
Para Pessotti (1984), qualquer criança portadora de alguma deficiência na 
cidade-estado de Esparta era eliminada de imediato, por decisão do Estado. Logo 
que a criança nascesse, antes mesmo de receber os cuidados e o afeto dos pais, 
ela era inspecionada, ou seja, o Estado fiscalizava os nascimentos para garantir 
que as crianças recém-nascidas fossem sadias, que não portassem nenhuma 
deformação, diferente de Atenas, na qual a decisão se a criança era digna de viver 
ou não, era tomada unicamente pelos pais. 
TÓPICO 1 | MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO
5
DICAS
O filme 300 (2007) mostra algumas batalhas persas, dando enfoque ao 
desempenho do exército espartano. Dirigido por Zack Snyder, o filme possui uma cena que 
retrata essa reação diante do nascimento de uma criança deficiente. No começo do filme, 
quando mostram o personagem Leônidas ainda bebê, sendo minuciosamente analisado por 
dois sujeitos no alto de uma colina na escuridão da noite, aparece a seguinte legenda em 
língua portuguesa:
“Quando o menino nasceu...
Como todos os espartanos, ele foi examinado...
Se ele fosse pequeno, frágil...
Doente ou deformado...
Teria sido descartado”.
A cena contém tochas de fogo, que clareiam o corpo do bebê, diante dos olhos do ancião 
que o segura friamente. Em seguida, aparecem centenas de caveiras na profundeza do 
penhasco, abaixo dessa colina, dando a entender que muitos “eram descartados”.
Segundo Silva (2012), na Roma Antiga, logo que a criança nascia, caso ela 
fosse do sexo feminino ou apresentasse alguma deficiência, tão logo era submetida 
à decisão do pai. Caberia ao pai julgar as condições de seu filho, decidindo se 
manteria vivo ou se condenava ao abandono ou morte. Portanto, essas práticas 
cruéis para com os deficientes eram recorrentes na Antiguidade e aconteciam 
em muitas regiões europeias. Na visão de Sueli (2011, p. 38), são comuns as 
narrativas dos filósofos, dos trabalhadores e intelectuais daquela sociedade sobre 
o extermínio de crianças com deficiências:
 
Há relatos que comprovam como era comum o ato de abandonar 
crianças em montanhas e florestas ou atirá-las de penhascos ou nos 
rios, por serem consideradas uma ameaça à manutenção daquela 
forma de divisão social do trabalho: homens livres versus escravos, 
trabalho manual versus trabalho intelectual.
Com o declínio do Império Romano no século V, em decorrência da 
invasão dos povos bárbaros, as riquezas passam a se concentrar nas mãos de 
poucas pessoas, levando ao colapso o modo de produção escravista, iniciando 
um novo ciclo econômico baseado nas relações de servidão. A expansão do 
cristianismo por toda as regiões da Europa ocidental, “tem suas raízes materiais 
na hegemonia de uma nova classe proprietária de terras, cuja economia era 
fortemente subsidiada na agricultura, pecuária e artesanato: o clero” (SUELI, 
2011, p. 39). Assim, a partir de uma visão teocêntrica do mundo, o cristianismo 
impõe sua visão de mundo através dos dogmas religiosos, estabelecendo uma 
nova ordem social e condenando os prazeres mundanos, tão presentes nas 
civilizações gregas e romanas. 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
6
Desse modo, a relação de produção que antes se baseava na escravidão, 
onde o trabalho essencialmente estava ligado à atividade manuale era indigno 
ao homem livre, na Idade Média essa ideia cai por terra. As relações de trabalho 
se ancoram nos ideais religiosos, em que o trabalho exige sacrifício, exige que o 
homem supere as dificuldades físicas e se submeta a um estado de docilidade 
para que haja o enriquecimento do seu espírito. Portanto, a divisão do trabalho 
neste período da Idade Média se dá pelos servos, que eram considerados os 
vassalos e obedeciam aos comandos dos senhores feudais que possuíam grandes 
propriedades de terras, e que, por sua vez, eram subordinados ao clero e à nobreza. 
Assim, é no século XII, quando se configura essa dinâmica econômica-
social da Idade Média, que se passa a questionar a situação do aniquilamento 
das pessoas que apresentavam deficiência. Afinal, a visão do cristianismo sugere 
que todos os homens são criaturas de Deus e, portanto, têm o direito à vida, se 
contrapõe à condenação da morte (SUELI, 2011). Logo, a morte de crianças que 
eram rejeitadas pelos pais passou a ser condenada. 
DICAS
Sugestão de filme: O filme O nome da rosa, escrito por Umberto Ecco, é um 
romance que retrata o século XIV, ou seja, a Idade Média. É indicado para quem deseja 
compreender mais a fundo os dogmas e as imposições religiosas exercidos pela Igreja 
Católica.
Essa atenção dada às pessoas com deficiência na Idade Média, por parte 
da Igreja, era vista de uma forma ambígua, pois como destaca Sueli (2011), havia 
uma tendência a interpretar o nascimento de uma pessoa com deficiência como 
um castigo de Deus, ou seja, uma punição dada em virtude dos pecados cometidos 
pelos seus pais ou familiares. Nesse sentido, as pessoas que apresentavam 
deformidades no corpo, de acordo com essa interpretação, estavam sob a posse 
de um ser maligno. Por exemplo, as pessoas que sofriam de epilepsia ou atitudes 
psicóticas eram tratadas como criaturas possuídas por demônios, ou também, 
enfeitiçadas por bruxas, ou simplesmente loucas. 
É comum, da Idade Média, ouvir relatos de pessoas que possuíam 
deformidades nos corpos, ou alguma deficiência mental, serem taxadas de loucas 
e servirem de divertimento para a população, de distração para a corte. No caso 
dos anões, comumente se fazia uso dessas pessoas para a distração dos nobres, 
expondo-os em praça pública. 
TÓPICO 1 | MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO
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FIGURA 2 – OS ALEIJADOS, DE PIETER BRUEGHEL (1568)
FONTE: Disponível em: <http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/10/
os-aleijados-pieter-bruegel.html>. Acesso em: 14 abr. 2018.
NOTA
Na figura apresentada, supostamente o pintor quis ilustrar que as pessoas 
saudáveis não se importavam com as demais. Repare, que além dos bastões que utilizam, 
dando a entender que possuíam dificuldades de locomoção, eles também apresentam 
expressões faciais intrigantes. Além do mais, você notou que os cinco estão juntos, dando 
a impressão de que estão à margem da sociedade? Notou que apenas a pessoa de cabelos 
brancos parece “normal” e ela parece indiferente à existência deles?
A Idade Média foi o palco de inúmeras doenças epidêmicas. Os relatos 
das causas dessas doenças fatais estão relacionados à falta de higienização da 
população e, também, ao comércio realizado pelos navios, que traziam em seus 
porões ratos que encontravam nas cidades europeias, o ambiente propício, 
pois não existia um sistema de esgoto fechado e uma preocupação com o lixo 
depositado nas ruas, o que ocasionou a morte de um terço da população europeia, 
em decorrência da peste bubônica, chamada de “peste negra” pela população.
IMPORTANT
E
A Idade Média foi marcada pela supremacia da Igreja, pela economia rural, pela 
sociedade estática e hierarquizada, pela ausência de condições de higiene e a presença de 
doenças epidêmicas. Foi em meio a esse cenário que surgiu a necessidade de instituições 
precursoras dos modernos hospitais (DUARTE et al., 2013, p. 1718).
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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Portanto, houve a necessidade de instalações de hospitais, que nesta 
época funcionavam como instituições assistencialistas de caridade, já que eram 
de matriz religiosa e se amparavam nos princípios cristãos. Alguns dos maiores 
hospitais europeus que se desenvolveram nesta época foram: Hôtel-Dieu, em 
Paris; Santo Espírito, em Roma e St. Thomas e St. Bartholomew, na Inglaterra.
Os atos de caridade, como um meio de conduzir a alma à vida eterna, à 
salvação, moldou as instituições filantrópicas do século XVI e motivou a criação 
de asilos e abrigos de assistência às pessoas com deficiências. Como destaca Sueli 
(2011, p. 41):
Esse movimento histórico caracteriza o chamado período de segregação 
das pessoas com deficiências em instituições, que tinha o objetivo 
de enclausurar aqueles que não se encaixavam nos padrões da 
normalidade, como os leprosos, os paralíticos, os doentes venéreos, os 
doentes mentais e toda sorte de desajustados. 
Com a onda revolucionária por toda a Europa, que ocorreu a partir do 
século XVIII, com a revolução na Inglaterra em 1640, a Revolução Francesa em 
1789, o cenário econômico e político das sociedades europeias sofreu uma grande 
transformação. A Igreja já não é mais detentora do poder absoluto, o poder 
monárquico não atende às demandas dos revolucionários, que lutam segundo os 
ideais do Iluminismo, da liberdade do homem, da igualdade e do livre mercado. 
Os estados modernos começam a se desenhar e ganhar forma com o processo de 
industrialização e de transformação da produção capitalista. É neste período que se 
institui o poder disciplinar, o poder da norma, o nascimento das ciências naturais.
DICAS
Para ter um panorama melhor do período concernente à Revolução Francesa, 
que tal assistir a um filme?
• Maria Antonieta (1938), dirigido por W. S. Van Dyke.
• Maria Antonieta (2007), dirigido por Sofia Coppola.
 As duas versões permitem compreender alguns dos motivos que levaram à famosa 
Queda da Bastilha. Paris sendo moradia de centenas e centenas de miseráveis que dividiam as 
ruas com os ratos, enquanto no palácio de Versalhes, uma minoria de pessoas vivia regalada, 
gastando quantias exageradas em comida, festas e roupas requintadas.
 Os filósofos foram personagens centrais dessa revolução, pois levaram a população 
a questionar tamanha desigualdade social e a se levantar em protestos.
TÓPICO 1 | MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO
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O grande crescimento demográfico da população urbana, gerado pelo 
impulso da economia capitalista, faz com que os estados invistam em mecanismos 
de prevenção à vida da população. Logo, tem-se um maciço investimento em 
saúde, no controle da natalidade, no tratamento de doenças venéreas, na 
preocupação com a higiene etc. Se na Idade Média o poder estava centralizado 
na figura do soberano que decidia sobre a vida do povo, no Estado moderno a 
finalidade é manter de todas as formas possíveis o investimento nos corpos dos 
indivíduos, pois eles fazem parte da economia e produzem economicamente. 
Como ressalta Sueli (2011, p. 42-43), “a explicação da vida humana e de 
seus fenômenos entra em contraposição ao pensamento fundado no misticismo 
e em dogmas que regeram a visão teológica medieval”. Dito de outro modo, se 
na Idade Média a mentalidade teocêntrica proposta pela Igreja através de seus 
dogmas de fé tentavam explicar a realidade e impor a verdade para os homens, 
a partir da criação do Estado moderno e das ciências da natureza o homem 
passa a buscar a explicação do mundo através da ciência. A nova mentalidade 
antropocêntrica passa a fundamentar a visão de mundo, com o homem no centro 
do universo, aquele que busca desvendar a verdade à luz da ciência.
Nas sociedades modernas, o trabalho manual, a mão de obra humana sede 
o espaço para a produção em grande escala. Surge a necessidade de substituir 
o homem pela máquina, que é mais eficiente e mais lucrativo para o sistema 
capitalista de produção. Logo, há pouco espaço aos deficientes no contexto de 
produção, causando umaintensa desigualdade operada pelo modo de produção, 
que ao mesmo tempo que “apregoa a liberdade da propriedade do corpo como 
força de trabalho na esfera da circulação, opera, contraditoriamente, como a 
condição que potencializa a desigualdade” (SUELI, 2011, p. 43). 
Por causa das desigualdades impregnes no sistema econômico capitalista, 
nos séculos XVIII e XIX são criados os primeiros espaços específicos para a 
educação de pessoas com deficiências na Europa e nos países colonizados por 
ela (SUELI, 2011). Portanto, nesta época emergem inúmeras instituições de 
caráter assistencialista, sobretudo na América, na qual o objetivo sinalizava para 
o máximo aproveitamento dessas pessoas com deficiência para inseri-los no 
mercado de trabalho. 
As instituições funcionavam como asilos, alimentando e abrigando os 
internos; como escolas, oferecendo instrução básica na leitura, escrita 
e cálculo; como oficinas de produção, pois as pessoas com deficiências 
constituíam mão de obra barata no processo inicial de industrialização 
(SUELI, 2011, p. 44).
Em tese, a economia capitalista ocupa a totalidade do espaço social, não 
deixando escapar corpo desviante algum. Todo corpo é aproveitado no sistema 
capitalista que investe, seja através do sistema carcerário, ou das instituições como 
hospitais, os manicômios, os asilos, as escolas etc. Nas sociedades modernas, o 
corpo se torna objeto do poder, e por ser útil, também é dócil. Para o filósofo 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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francês Michel Foucault (1977), esse momento em que a disciplina aparece como 
um mecanismo estratégico de funcionamento do poder, é que brota uma arte 
do corpo humano, que tem por objetivo não somente aprofundar a sua sujeição 
ou aumentar as habilidades e aptidões, mas como uma maquinaria, ela funciona 
na fabricação de corpos padronizados, aptos para assumirem uma função na 
sociedade.
FIGURA 3 – CENA DO FILME “TEMPOS MODERNOS” 
FONTE: Disponível em: <https://www.portalraizes.com/80-anos-de-
tempos-modernos/>. Acesso em: 16 abr. 2018.
O filme Tempos modernos (1936), interpretado por Charlie Chaplin, ilustra 
diversos mecanismos adotados pela gestão da fábrica, no intuito de disciplinar o 
corpo do operário para que seja o mais produtivo possível, rendendo mais lucros 
à instituição para a qual trabalha. 
Logo, a medicina tem um papel importante no controle e no processo de 
adestramento dos indivíduos que, por algum motivo, escapam da normatividade 
social. Em síntese, historicamente as pessoas com deficiência eram classificadas 
ora como amaldiçoadas, ora como seres semidivinos, apesar disso, sempre foram 
exclusas do contexto social e viviam mediante ações de caridade da comunidade.
3 O SURDO NA HISTÓRIA
De acordo com Duarte et al. (2013), a humanidade certamente sempre 
teve representantes surdos. O que difere é que, dependendo do período histórico, 
os surdos eram vistos de modo diferente pela sociedade, e assim eram tratados, 
também, de modos diferenciados. Nem sempre eles foram (são) respeitados em 
suas diferenças. Existiram momentos em que nem eram considerados como seres 
humanos.
Duarte et al. (2013) acrescentam que antigamente os surdos eram 
perseguidos, e até supliciados em praça pública, por serem vistos como aberrações 
TÓPICO 1 | MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO
11
da natureza. Por outro lado, em determinadas civilizações do Egito e da Pérsia 
os surdos eram honrados, pois acreditava-se que eram pessoas privilegiadas, 
enviadas pelos deuses. Pensava-se dessa forma, pois viviam em silêncio, então 
talvez tinham poderes de conversar secretamente com os deuses. Isso fazia com 
que os surdos fossem respeitados, estimados e até mesmo venerados. Entretanto, 
ainda assim eles eram privados da vida social, já que eram mantidos acomodados 
e não precisavam ser instruídos, por serem pessoas especiais. 
Com o avanço da medicina no século XIX, o surdo passa a ser entendido 
como um doente. Para Lunardi (2002), a institucionalização da norma, que 
constituiu no século XIX o conceito de anormal, age sob a forma de diferentes 
técnicas e dispositivos: a escola, a família, o hospício, a prisão, e no caso deste 
trabalho, a educação especial. 
Como destaca Maciel (2008, p. 41), “o modelo médico interpreta a 
deficiência como sendo um desvio padrão normal do ser humano”. Dito em outras 
palavras, o objetivo da ciência está alinhado à “correção” de certa anormalidade, 
de um certo “desvio” presente neste ser humano. Segundo o autor, “o modelo 
assistencialista interpreta a deficiência como algo inconciliável com a vida 
‘normal’, portanto, sua orientação é voltada à manutenção de redes paralelas de 
atendimento” (MACIEL, 2008, p. 41).
Neste sentido, a partir da modernidade é que a situação dos deficientes 
auditivos começa a ter um rumo diferente. Se antes, na Antiguidade e na Idade 
Média, o surdo era tratado como indiferente, como alguém marginalizado, 
por vezes nem reconhecido como ser humano, no período moderno inicia-se a 
conscientização de que os deficientes também ocupam um lugar na sociedade.
 
Há uma institucionalização de metodologias e práticas educacionais que 
amparam os deficientes auditivos, mas não sejamos ingênuos de generalizar 
essas ações. Para Skliar (2013), o despreparo dos profissionais ao atendimento aos 
surdos e a visão apenas clínica discriminou os surdos como sujeitos totalmente 
incapazes. A título de exemplo, temos os povos de matriz religiosa judaico-cristã, 
que durante o período moderno passaram por diversos tipos de torturas físicas e 
até holocausto, em virtude de atitudes eugênicas. 
Reconhece-se que as pessoas que possuíam algum tipo de deficiência 
eram afastadas do convívio social e as ações direcionadas a esse 
grupo eram basicamente assistencialistas, com objetivo curativo, e 
engendradas por motivação religiosa ou caritativa. Esta situação ainda 
é presente, mas vem se tornando menos frequente, em parte, como 
resultado das atitudes e comportamentos das próprias pessoas com 
deficiência (FIGUEREDO, 2013, p. 445).
Neste sentido, as instituições especializadas no século XX, iniciam um 
processo de transição entre abordagens clínicas e pedagógicas, conhecida mais 
tarde por “escolas especiais” (SUELI, 2011). Devido à compreensão da deficiência 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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como um desvio da normalidade, viu-se a necessidade de um estudo para 
compreender as suas causas, os seus fatores etiológicos. Beyer (2005 apud SUELI, 
2011, p. 47-48), sintetiza os posicionamentos de diversos estudiosos em relação a 
esse modelo na educação especial:
1. A explicação da origem da deficiência localizada no indivíduo, por 
meio da investigação de fatores genéticos-hereditários, relativos às 
circunstâncias pessoais ou familiares.
2. A imutabilidade na condição da deficiência, posto que se considerava 
impossível reverter quadros de atraso social, intelectual e linguístico.
3. A adoção de um padrão de normalidade físico que balizava a 
avaliação dos desvios apresentados.
4. A identidade entre a deficiência e a doença mental, uma exótica 
fusão entre psiquiatria e pedagogia, determinando tratamento clínico, 
independentemente da natureza do “desvio” apresentado.
Como se percebe, essa concepção da deficiência relacionada à doença, a 
tratamento e à cura, fez com que as pessoas reproduzissem o senso comum de que 
“lugar de deficiente é no hospital” (SUELI, 2011, p. 48). Essa crença explícita, em 
diversos posicionamentos de estudiosos da ciência, que consideraram o deficiente 
um ser doente na qual só alcançaria a cura através de tratamento adequado, é 
extremamente atual. 
Você conhece alguém que acredita ainda que “lugar de deficiente é no hospital”? 
Qual postura você tomaria frente a um posicionamento desses?
ATENCAO
As pessoas com deficiência auditiva, ao longo da história, além de não 
terem visibilidade, foram privadas de realizar atividades comuns no meio 
social.Os motivos que inviabilizaram os direitos dessas pessoas na história 
foram diversos. A falta de compromisso do Estado em prestar o assistencialismo 
adequado, a cultura do descaso e do preconceito, também colocaram essas 
pessoas à margem da sociedade. Mas o motivo principal que fez com que os 
deficientes auditivos não possuíssem seus direitos foi, definitivamente, por não se 
comunicarem oralmente, e consequentemente, não estarem incluídos na cultura 
da sociedade ouvinte (DUARTE et al., 2013).
TÓPICO 1 | MARCOS HISTÓRICOS: DA INVISIBILIDADE À CONSCIENTIZAÇÃO
13
NOTA
Você sabia que o termo ouvinte é utilizado para se referir às pessoas não surdas, 
que decorre de ouvintismo, que trata de um conjunto de representações dos ouvintes, a 
partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e a narrar-se como se fosse ouvinte? (SKLIAR, 
2013).
Neste cenário, nas palavras de Skliar (2013, p. 21):
A configuração do ser ouvinte pode começar sendo uma simples 
referência a uma hipotética normalidade, mas se associa rapidamente 
a uma normalidade referida à audição, a partir desta, a toda uma 
sequência de traços de outra ordem discriminatória. Ser ouvinte 
é ser falante e é, também, ser branco, homem, profissional, letrado, 
civilizado etc. Ser surdo, portanto, significa não falar – surdo-mudo – e 
não ser humano.
Deste modo, o tratamento com as pessoas com deficiência auditiva era de 
exclusão do meio social, sendo que as ações que eram empregadas não passavam 
de um simples e básico assistencialismo, prestado por instituições religiosas 
ou de caridade. Essas características de desprezo e de despreocupação com os 
deficientes auditivos ainda estão presentes no convívio social contemporâneo. 
Entretanto, há uma forte iniciativa que vem dos próprios deficientes auditivos, 
fazendo com que a visão excludente e preconceituosa seja substituída pelo 
engajamento, pela participação e competência dessas pessoas no âmbito social. 
No que se refere à história dos surdos no Brasil, um dos marcos 
mencionados por Duarte et al. (2013) ocorreu em 1855, no momento em que o 
imperador dom Pedro II trouxe um professor francês, que era surdo – Hernest 
Huest –, para começar um trabalho educativo com os surdos.
Para Figueredo (2013, p. 5): 
Observou-se maior respeito a esse grupo no momento em que a 
legislação brasileira, através do Decreto nº 5.626/20054 , em seu art. 2º, 
considerou a pessoa surda como aquela que, por ter perda auditiva, 
compreende e interage com o mundo por meio de experiências 
visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a pessoa com perda auditiva como 
aquela com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis 
(dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500, 1.000, 
2.000 e 3.000Hz.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
14
Nesse sentido, o processo de conscientização das pessoas com deficiência 
auditiva começa a ganhar força. A partir da modernidade, há um salto qualitativo 
na inclusão e na educação das pessoas surdas, com a fundação de diversas escolas 
que começam a usar a Língua de Sinais, na qual os surdos podem aprender a 
dominar muitos assuntos, exercendo diversas profissões.
Contudo, até hoje o surdo precisa desenvolver suas habilidades para 
factualmente se inserir na sociedade letrada e, para isso, ele precisa se esforçar 
muito, precisando contar com a ajuda de profissionais da saúde e da educação 
para que isso realmente se efetive.
Em outras palavras, no decurso da História, os surdos eram considerados 
dignos de pena e vítimas da incompreensão, tanto da sociedade quanto da própria 
família. Felizmente essa situação vem mudando e a sociedade está percebendo 
que a pessoa com deficiência auditiva é um ser humano igual aos demais.
15
 Neste tópico, você aprendeu que:
• Na Antiguidade, as pessoas que tinham algum tipo de deficiência eram 
excluídas e marginalizadas, pois não eram aptas para as guerras ou para o 
trabalho. 
• Na Antiguidade, as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência, física 
ou mental, eram imediatamente descartadas, rejeitadas e até condenadas à 
morte.
• Para Aristóteles, alguém que nascia surdo ou mudo, na Grécia Antiga, era 
incapaz de compreender as coisas e aprender.
• Na Roma Antiga, os surdos não poderiam fazer testamento e sempre 
necessitavam de um curador para fazer algum negócio.
• O cristianismo impôs sua visão de mundo através dos dogmas religiosos, 
estabelecendo uma nova ordem social e condenando os prazeres mundanos.
• Com a visão cristã de que todos os homens são criaturas de Deus, feito a sua 
imagem e semelhança, a morte de crianças que eram rejeitadas pelos pais por 
possuírem algum tipo de deficiência, passou a ser condenada.
• As pessoas que sofriam de epilepsia ou atitudes psicóticas eram tratadas como 
criaturas possuídas por demônios, ou também, enfeitiçadas por bruxas, ou 
simplesmente loucas.
• Os atos de caridade moldaram as instituições filantrópicas do século XVI, e 
motivou a criação de asilos e abrigos de assistência às pessoas com deficiências.
• A partir do século XVIII, com as grandes revoluções na Inglaterra e na França, 
o cenário econômico e político das sociedades europeias sofre uma grande 
transformação.
• Concomitantemente à Revolução Francesa, a Igreja perde o seu poder absoluto; 
o poder monárquico não atende às demandas dos revolucionários; o processo 
de industrialização começa a ganhar força baseado nos princípios capitalistas. 
Nascem os estados modernos.
• O grande crescimento demográfico da população urbana, gerado pelo impulso 
da economia capitalista, faz com que os estados invistam em mecanismos de 
prevenção à vida da população.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
• A nova mentalidade antropocêntrica passa a fundamentar a visão de mundo, 
com o homem no centro do universo; surgem as ciências naturais.
• Surge a necessidade de substituir o homem pela máquina, que é mais eficiente 
e mais lucrativo para o sistema capitalista de produção.
• Nos séculos XVIII e XIX são criados os primeiros espaços específicos para a 
educação de pessoas com deficiências na Europa e nos países colonizados por 
ela.
• Com o avanço da medicina no século XIX, o surdo passa a ser entendido como 
um doente; há uma institucionalização de metodologias e práticas educacionais 
que amparam os deficientes auditivos.
• As pessoas reproduzem o senso comum de que “lugar de deficiente é no 
hospital”.
• A partir da modernidade há um salto qualitativo na inclusão e na educação das 
pessoas surdas.
17
1 Nas civilizações gregas e romanas era almejada a construção de uma 
sociedade perfeita, em todas as dimensões, e para isso os homens teriam que 
ser plenamente aptos para as atividades diárias, inclusive para o trabalho 
braçal, que era praticado pelos escravos. Diante disso, descreva como eram 
vistas as pessoas com deficiência na Antiguidade. 
2 A partir do século XII, na Idade Média, se configura uma nova dinâmica 
econômica-social, na qual a situação do aniquilamento das pessoas com 
deficiência passa a ser questionada pela Igreja. Qual foi a postura da Igreja 
diante do abandono e da morte de pessoas que apresentavam algum tipo de 
deficiência?
3 Com as grandes revoluções nos séculos XVII e XVIII, na Inglaterra e na 
França, o cenário econômico e político das sociedades europeias sofre uma 
grande transformação. A Igreja já não é mais detentora do poder absoluto, 
o poder monárquico não compactua com os ideais dos revolucionários, que 
reivindicam a liberdade do homem, a igualdade e o livre mercado. Neste 
período, surgem os estados modernos junto ao processo de industrialização 
e a economia capitalista. Diante do exposto, elenque as principais medidas 
que o Estado passa a empregar frente ao crescimento da população urbana e 
explique a situação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
UNIDADE 11 INTRODUÇÃO
No segundo tópico desta primeira unidade, trataremos da história da 
educação dos surdos no mundo e no Brasil. Quais foram os principais teóricos 
e educadores na história da educação dos surdos? Quando surgiu a educação 
formal para os surdos? Como eram as primeiras formas de metodologia no 
ensino dos surdos? Para responder a estas questões, você encontrará ao longo 
deste tópico um estudo detalhado sobre a história da educação dos surdos, com 
livros e artigos de estudiosos sobre o tema. 
Além disto, este tópico apresenta ao leitor alguns acontecimentos que 
marcaram a história da educação dos surdos, por exemplo, o primeiro Congresso 
Internacional de Educação de Surdos em Paris, no ano de 1878, e o segundo 
Congresso Internacional de Educação de Surdos, que ocorreu na cidade de 
Milão, em 1880. Veremos que na modernidade a educação dos surdos toma um 
rumo diferente, em que surgem critérios internacionais e científicos que norteiam 
os parâmetros educacionais. Por outro lado, é na modernidade que o surdo 
passa a ser entendido, cada vez mais, como um doente, seja pela comunidade 
científica, como também pela sociedade em geral. Para entendermos os aspectos 
educacionais que constituíram o surdo até a modernidade, convidamos você, 
acadêmico, para que mergulhe, sem pressa, neste tópico da Unidade 1 e para que 
amplie sua visão quanto à importância histórica que a comunidade surda tem em 
nossa sociedade e no mundo.
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO MUNDO
O primeiro registro na história da educação dos surdos é em 673 d.C., 
com o professor de surdos, o arcebispo inglês John Beverly. Entretanto, o método 
praticado pelo professor foi desconsiderado, já que o fato de ter ensinado um 
surdo a falar de forma compreensível foi considerado um milagre (DUARTE et 
al., 2013). Após esse acontecimento, tem-se o registro na Europa no século XV, 
entre os sacerdotes médicos; há presença de educadores que desenvolviam 
métodos em prol da comunidade surda. Um século mais tarde, surge o médico de 
Pádua, Girolamo Cardano (1501-1576), ensinando aos surdos através do uso de 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
20
símbolos, levando uma melhor compreensão social desses indivíduos, “deixando 
como legado maior o conceito de que os surdos são educáveis, logo, aptos para o 
convívio social” (DUARTE et al., 2013, p. 1718).
Antes do século XVI, os surdos não eram considerados aptos para 
receberem uma educação formal, pois a palavra oral tinha enorme importância. 
Logo, a educação formal inicia-se com o padre beneditino Pedro Ponce de Léon 
(1520-1584), que ficou conhecido como “o primeiro professor de surdos, tendo 
consolidado um trabalho de ensino de filhos surdos da aristocracia espanhola no 
mosteiro beneditino de São Salvador em Oña” (REILY, 2007, p. 320-321). 
FIGURA 4 – ESTÁTUA DO FREI PEDRO PONCE DE LEÓN E JUAN PABLO 
BONET
FONTE: Disponível em: <https://www.minube.com.br/fotos/sitio-
preferido/115564>. Acesso em: 22 maio 2018.
Segundo Duarte et al. (2013), o ensino de Ponce de Léon incluía a 
datilografia (alfabeto manual), a escrita e o treino para a fala (oralização). Além 
disso, o monge beneditino utilizava de rótulos, ou seja, nomes escritos pregados 
em tudo. Com isso, Ponce indicava as palavras escritas a seus alunos, associando 
a escrita com a pronúncia da palavra (REILY, 2007). 
NOTA
Você sabia que, segundo testemunhas oculares, o alfabeto manual utilizado 
era um modo de soletrar no ar formando letras com os dedos? Supõe-se que se tratava 
do alfabeto publicado pelo monge franciscano Mechor Sánchez de Yebra (1526-1586), que 
afirmava que a fonte original desse alfabeto se remetia a San Buenaventura (Frei Juan de 
Fidanza, 1221-1274). Mesmo sendo de ordens distintas, alguns pesquisadores suspeitam que 
Yebra e o beneditino Pedro Ponce de León tiveram ocasião de encontrar-se, pois ambos se 
relacionavam com a nobreza da corte espanhola. Ponce de León faleceu antes da publicação 
da obra de Yebra; no entanto, os alfabetos manuais manuscritos certamente circulavam nos 
mosteiros da Espanha, inclusive em várias pinturas renascentistas medievais (REILY, 2007).
TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
21
FIGURA 5 – DATILOLOGIA OU ALFABETO MANUAL
FONTE: Disponível em: <http://senceydarwin.blogspot.com/2015/10/primero-
bachillerato.html>. Acesso em: 22 maio 2018.
Deste modo, a primeira forma de educação formal fornecida pelo monge 
aos filhos dos aristocratas espanhóis tinha como objetivo reconhecer essas pessoas 
surdas como cidadãos frente à lei e à sociedade, para que assim pudessem herdar 
os títulos e a fortuna da família (DUARTE et al., 2013). O sucessor de Ponce de Léon 
foi o professor Manuel Ramírez de Carrión (1579-1652), que se dedicou ao ensino 
dos surdos da nobreza castelhana, tendo publicado Maravilhas da natureza, em 1629. 
Entretanto, Carrión nada esclarece sobre seu método de trabalho com os surdos.
 
Os padres e educadores espanhóis Juan Pablo Bonet (1573-1633) e Lorenzo 
Hervás Panduro (1735-1809) são os pioneiros em trabalhos escritos sobre a 
educação de surdos. Segundo Duarte et al. (2013), o trabalho de Bonet Redução das 
letras e arte de ensinar a falar os mudos, de 1620, baseava-se numa arte da articulação 
e do uso do alfabeto manual, enquanto Hervás escreveu em dois volumes a obra 
Escuela española de sordomudos, datada de 1795. 
Além dos padres e educadores espanhóis, os britânicos John Wallis (1616-
1703), John Bulwer (1606-1656) e John Locke (1632-1704), tiveram grande influência 
na educação dos surdos com suas produções teóricas. Para Duarte et al. (2013), os 
estudos realizados pelo professor John Wallis, sobre a linguagem, consideravam 
que o ouvido é o principal órgão para a manifestação da linguagem, sendo que os 
ouvidos que apresentassem algum tipo de problema alterariam a natureza física 
da aquisição da linguagem e comprometeriam a fala. Os autores ainda afirmam 
que, para que a fala se desenvolva nesse contexto, seria preciso “treinos com a 
garganta, língua, lábios e outros órgãos da fala para que ocorra a emissão dos 
diferentes tipos de som” (DUARTE et al., 2013, p. 1720).
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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Já a contribuição do médico britânico John Bulwer, gira em torno dos 
estudos das expressões artísticas, como maneira da auxiliar o orador. Sua produção 
de 1644 se baseou na linguagem natural da mão, ou quirologia, enquanto sua obra 
de 1648, Philocophus, ou O amigo do homem surdo e mudo, se inspirou em pessoas 
surdas, sendo o primeiro livro em inglês a relacionar a surdez com o problema de 
linguagem (DUARTE et al., 2013). 
DICAS
Você sabe o que é quirologia? 
Algumas pessoas confundem esse estudo com a quiromancia, que é a leitura das mãos com 
base na adivinhação. Ao contrário, a quirologia está baseada na lógica e pode explicar traços 
da personalidade do indivíduo, como explica a especialista Karine Maria Zancanaro. Veja o 
que é possível saber analisando apenas a palma da mão: "Vale lembrar que as linhas das 
mãos podem mudar, assim como nossa vida, pois elas apontam o que estamos carregando, 
que caminhos podemos seguir e, se não queremos isso, como podemos mudar". Veja a 
entrevista com a especialista na íntegra, no programa Mais Você, disponível no site Gshow: 
Quirologia: veja o que as mãos podem dizer sobre a sua vida física e mental.
FIGURA 6 – QUIROLOGIA
FONTE: Disponível em: <http://gshow.globo.com/programas/mais-
voce/O-programa/noticia/2012/10/quirologia-veja-o-que-maos-
podem-dizer-sobre-sua-vida-fisica-e-mental.html>. Acesso em: 22 
maio 2018.
TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
23
A contribuição do filósofo John Locke, considerado o “pai do liberalismo” 
e representante do empirismo britânico, é de fundamental importância para o 
processo de ensino das pessoas com deficiência. Para Pessoti (1984), a produção 
teórica de Locke enfatiza que a experiência sensorial é que deve norteara prática 
pedagógica, havendo individualidade no processo de aprendizagem, na qual a 
experiência é a condição fundamental dos processos complexos de pensamento. 
Na obra Ensaio acerca do entendimento humano, John Locke afirma que o objeto da 
sensação é uma fonte das ideias. Segundo Locke (1999, p. 57):
Primeiro, os nossos sentidos, familiarizados com os objetos sensíveis 
particulares, levam para a mente várias e distintas percepções 
das coisas, segundo os vários meios pelos quais aqueles objetos 
os impressionaram. Recebemos, assim, as ideias de amarelo, 
branco, quente, frio, mole, duro, amargo, doce e todas as ideias que 
denominamos de qualidades sensíveis. Quando digo que os sentidos 
levam para a mente, entendo com isso que eles retiram dos objetos 
externos para a mente o que lhes produziu estas percepções. A esta 
grande fonte da maioria de nossas ideias, bastante dependente de 
nossos sentidos, dos quais se encaminham para o entendimento, 
denomino sensação.
O médico holandês Johann Conrad Ammann (1669-1724) também foi 
um personagem importante na história da educação dos surdos, haja vista que 
o médico escreveu em 1692 o livro Surdus Ioquens (O homem surdo falante), no 
qual, segundo Duarte et al. (2013, p. 1720), “tratou da patologia da linguagem, 
escrevendo pela primeira vez sobre a voz e a diferença entre ela e a respiração”. 
Além disso, Ammann também descreveu a natureza da produção dos sons da 
fala, estabelecendo em seu livro um programa educacional para ensinar o surdo 
a falar. Para Duarte et al. (2013), o trabalho do médico holandês teve grande 
repercussão, dando eco à filosofia oral.
Conforme Silva (2012), na segunda metade do século XVII, o abade francês 
Charles Michel de L’Epée (1712-1789), conhecido como “pai dos surdos”, funda a 
primeira escola pública para surdos em Paris, conhecido como Instituto Nacional 
de Surdos-mudos de Paris, inaugurando na história da educação dos surdos, 
uma língua comum aos surdos. Por meio dela, ensina-se aos surdos os sinais 
correspondentes aos objetos e aos eventos concretos. O religioso L’Epée, segundo 
Duarte et al. (2013, p. 1720-2721), “aprendeu com os surdos pobres que viviam na 
rua de Paris a língua de sinais e introduziu esse sistema de signos na educação 
de outros surdos, possibilitando uma transformação significativa da realidade”.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
24
FIGURA 7 – ABADE CHARLES-MICHEL DE L’ÉPÉE
FONTE: Disponível em: <http://sospedagogia-andrea.blogspot.com.
br/2010/08/abade-monge-charles-michel-de-lepee.html>. Acesso em: 
22 maio 2018.
O abade francês L’Épée utilizava uma metodologia de ensino que se 
baseava na própria linguagem dos surdos, ou seja, sistematizando os sinais 
que os surdos utilizavam, criando outros sinais. Segundo Reily (2007, p. 323), o 
abade “acrescentava movimentos aos elementos lexicais para demarcar funções 
gramaticais francesas no conjunto de sinais que considerava fundamentais para a 
comunicação e a aprendizagem das lições”. 
Nesse sentido, L’Épée foi de grande importância na educação dos surdos, 
pois além de contribuir com uma metodologia de ensino que se baseava na 
linguagem de sinais, tinha grande interesse em divulgar seu trabalho e deixar 
seu legado para outras pessoas que desejassem seguir o ensino para os surdos. 
Segundo Reily (2007), com esse trabalho missionário na educação dos surdos, 
o abade francês contribuiu muito para que países como os Estados Unidos 
e posteriormente o Brasil, herdassem o sistema francês de sinais, em vez da 
metodologia oralista inglesa ou alemã.
Entretanto, como destaca Reily (2007), enquanto o abade convencia os 
estudiosos e interessados que seu método era eficaz e produzia sucessos na 
educação dos surdos, posteriormente os mestres que o seguiram perceberam 
que os alunos haviam reproduzido respostas de forma mecânica, sem realmente 
compreender as perguntas. Nas palavras de Reily (2007, p. 323):
Verificavam que os sinais metódicos ensinados pelo abade L’Épée não 
atravessavam para as interações cotidianas: os surdos utilizavam-se 
de outra língua nas interações pessoais. A tentativa de fazer vingar 
uma língua artificial podia funcionar em contextos rígidos de ensino 
religioso para responder a questões fechadas, mas jamais atenderia às 
necessidades do cotidiano.
TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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Segundo Lourenço e Barani (2011), a educação de surdos tem um salto 
qualitativo na modernidade, pois se consolidaram diversas escolas que utilizavam 
da Língua de Sinais que permitiam aos surdos aprender e dominar inúmeros 
assuntos, inclusive para atuarem profissionalmente. Para as autoras, quando o 
médico francês Jean Itard (1774-1838) assume o cargo de médico residente no 
Instituto Nacional de Surdos, em Paris, é que as experiências com os surdos 
começaram a ser publicadas e divulgadas, e os surdos, por sua vez, cada vez mais 
eram considerados doentes. Para Veloso e Maia Filho (2009), o médico francês 
não mediu esforços para erradicar a surdez, para que os surdos tivessem acesso 
ao conhecimento.
O médico-cirurgião e psiquiatra, Jean Marc Gaspard Itard, realizou várias 
experiências científicas com surdos, as quais envolviam até mesmo cadáveres e 
utilizavam de técnicas particulares, como cargas elétricas, sanguessugas, fratura 
de crânios e membranas timpânicas para chegar a um resultado e publicar seus 
artigos (LOURENÇO; BARANI, 2011). Seu aparelho ficou conhecido como Sonda 
de Itard. 
FIGURA 8 – SONDA DE ITARD
FONTE: Disponível em: <http://www.ortop.com.br/detalhes_
produto/83-Sonda-de-Itard>. Acesso em: 23 maio 2018.
Além disso, também ficou conhecido mundialmente por ter sido o 
pioneiro da Educação Especial, com a experiência de educar um menino selvagem 
encontrado na floresta convivendo com animais. Batizado por Itard de Victor de 
Aveyron, o menino selvagem era considerado ineducável, por ter passado a vida 
toda sem o contato com os humanos e por apresentar deficiência mental. Para 
Sueli (2011, p. 46), “Itard desenvolveu um programa baseado em procedimentos 
médicos e pedagógicos, que tinha por objetivo recuperar o potencial cognitivo do 
menino, oportunizando o desenvolvimento de suas capacidades humanas”. 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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FIGURA 9 – VICTOR DE AVEYRON E O MÉDICO FRANCÊS JEAN ITARD 
(1744-1838)
FONTE: Disponível em: <https://www.landrucimetieres.fr/spip/spip.
php?article3988>. Acesso em: 22 maio 2018.
Algumas obras publicadas por Itard tiveram grande contribuição na 
educação dos surdos, como nos anos de 1807 e 1808, em que publicou Sobre 
os métodos de restauração de desenvolver a palavra dos surdos e Sobre os métodos de 
restauração de audição para surdos. Segundo Duarte et al. (2013), o método do 
médico francês se baseava em: 
1- Melhorar a capacidade de detectar e discriminar sons.
2- Treinar a discriminação de vogais.
3- Treinar a discriminação das consoantes. 
4- Apresentar diferentes pares de sílabas.
5- Transcrever essas sílabas e lê-las.
6- Apresentar diferentes palavras. 
7- Apresentar diferentes frases.
Além disso, Itard considerou, mais tarde, que para se educar um surdo 
era indispensável introduzir a língua de sinais. Portanto, publicou em 1821 o 
clássico Tratado das doenças do ouvido e da audição. Nesta obra, Itard divulgou novas 
perspectivas de educação de surdos, como salientam Duarte et al. (2013, p. 1721):
[...] a enfermidade que acometia as crianças surdas podia ser tratada 
pela estimulação acústica dos resíduos auditivos, de forma que as 
informações pudessem ser processadas auditivamente, facultando o 
desenvolvimento da língua oral pelo uso de sua língua natural, ou 
seja, a língua de sinais. 
TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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DICAS
O filme O garoto selvagem, dirigido por François Truffaut, retrata a experiência 
do médico francês Jean Itard em educar Victor de Aveyron. Para quem deseja ter maior 
conhecimento das experiênciasdo médico Itard, o filme se baseia nas anotações do médico 
francês e fornece ao telespectador uma comovente e sensível obra cinematográfica.
Outro personagem importante na história da educação dos surdos no 
mundo foi o professor americano Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851). No 
ano de 1815, Gallaudet viaja para a Inglaterra em busca de novos métodos para 
a educação dos surdos. O professor americano encontrou auxílio no Instituto 
Nacional de Surdos-mudos de Paris, onde aprendeu a língua de sinais francesa 
e os métodos de ensino. Para Duarte et al. (2013), quando Gallaudet volta de 
sua experiência no Instituto de Paris para os EUA, em 1817, acompanhado do 
surdo francês Laurent Clèrc (1785-1869), ele funda a primeira escola exclusiva 
para alunos surdos, denominada American School for the Deaf. 
FIGURA 10 – THOMAS HOPKINS GALLAUDET E ALICE COGSWELL, EM 
DETALHE DE ESCULTURA DE DANIEL C. FRENCH, NA UNIVERSIDADE 
GALLAUDET, WASHIGNTON, EUA
FONTE: Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-
Thomas-Hopkins-Gallaudet-e-Alice-Cogswell-em-detalhe-de-escultura-
de-Daniel-C_fig3_259960058>. Acesso em: 23 de maio 2018.
Segundo Larrosa e Skliar (2001), a partir de 1860, com os avanços 
tecnológicos que facilitavam a aprendizagem da fala dos surdos, muitos 
profissionais da educação e reabilitação se interessam em investir no aprendizado 
da língua oral. Duarte et al. (2013) ressaltam que, na medida em que Laurent 
Clèrc, ícone da educação de surdos na abordagem educacional da língua de sinais, 
faleceu, o contexto político-social era de opressão e intolerância com as minorias 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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linguísticas, religiosas e étnicas. Portanto, a educação dos surdos neste contexto 
é marcada por revoltas, conhecidas como ouvintistas, que tinham como objetivo 
a negação do sucesso adquirido com os métodos que priorizavam a língua de 
sinais, agitando a sociedade para que se voltasse contra a minoria surda e sua 
comunicação visuoespacial (DUARTE et al., 2013).
Entretanto, mesmo com a proibição da própria sociedade com o uso da 
linguagem de sinais, ela sobreviveu graças à própria resistência da comunidade 
surda, que a praticavam às escondidas entre si. Como relata a autora Emmanuelle 
Laborit, em sua autobiografia intitulada O grito da gaivota, de 1994:
Quando um dos professores se virava para escrever no quadro-negro, 
tínhamos hábito de trocar informações na língua de sinais, persuadidos 
de que ele não nos escutava, já que não nos via. Ora, no começo, 
ele se voltava todas as vezes, era estranho, não compreendíamos 
imediatamente por quê. Com o passar do tempo, dei-me conta de que, ao 
falar com as mãos, sem saber, emitíamos ruídos com a boca. Cuidamos 
então de não mais emitir nenhum som e, desde aquele dia, trocamos 
nossas lições o mais tranquilamente possível (LABORITT, 1994, p. 84).
DICAS
Sugestão de leitura: 
Que tal mergulhar nessa obra autobibliográfica da autora Emmanuelle Laborit?
FIGURA 11 – LIVRO DE EMMANUELLE LABORIT, O GRITO DA 
GAIVOTA, DE 1994
FONTE: Disponível em: <http://www.bulhosa.pt/livro/grito-da-
gaivota-o-emmanuelle-laborit/index.ud121?from_zone=logo>. 
Acesso em: 23 maio 2018.
TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO DOS SURDOS AO LONGO DA HISTÓRIA
29
"O Grito da Gaivota" confronta-nos com uma realidade que em 
geral pouco conhecemos. Convida a partilhar as experiências, tantas vezes 
dolorosas, do dia a dia dos que vivem envoltos no silêncio e na incompreensão. 
Emmanuelle Laborit é a protagonista deste testemunho, marcado pela 
memória de um crescimento diferente. A escritora é surda profunda e, através 
deste livro, relata a história pessoal de alguém que sempre viveu no silêncio e 
que nunca conseguiu viver à distância da comunicação. Gaivota, em francês 
"muette", confunde-se com "muette", muda. Foi o apelido que a família colocou 
em Emmanuelle Laborit quando era pequena e se esforçava para se comunicar. 
Uma das ideias essenciais da obra consiste na defesa da língua gestual como um 
meio de comunicação tão eficaz como a linguagem oral. Trata-se do primeiro 
livro escrito por um surdo destinado a surdos e ouvintes. Um relato intenso 
de uma vida vista pelos olhos de uma menina e contada pelo sentir de uma 
mulher. 
FONTE: Disponível em: <https://palavrasnosilencio.blogs.sapo.pt/18712.html>. Acesso em: 23 
maio 2018.
No ano de 1878, aconteceu em Paris o I Congresso Internacional de 
Educação de Surdos, um marco histórico na educação dos surdos. Segundo Duarte 
et al. (2013), neste evento houve a aprovação de uma resolução que privilegiava 
somente a instrução oral a função de incorporar o surdo na sociedade, fazendo 
do método articulatório, que incluía a leitura labial, o principal meio para ensinar 
os surdos. 
 Dois anos mais tarde, ocorreu o II Congresso Internacional de 
Educação de Surdos, na cidade de Milão. O propósito desse segundo congresso, 
segundo Duarte et al. (2013), era estabelecer critérios internacionais e científicos 
para a educação dos surdos. Este congresso teve grande impacto na vida dos 
surdos, decidindo através de uma votação qual seria a língua usada na educação 
dos surdos. Logo, foi estabelecido que somente a língua oral de seu país deveria 
ser aprendida, fazendo da língua de sinais um retrocesso. Carvalho (2007, p. 66-68) 
elenca as oito resoluções que foram aprovadas neste II Congresso Internacional 
de Educação dos Surdos, que ecoaram durante quase um século:
1- O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve 
preferir-se à língua gestual.
2- O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino 
de surdos, afeta a fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo 
que a língua articulada pura deve ser preferida.
3- Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos 
recebam educação.
4- O método mais apropriado para os surdos se apropriarem da fala 
é o método intuitivo (primeiro a fala, depois a escrita); a gramática 
deve ser ensinada através de exemplos práticos, com a maior clareza 
possível; devem ser facultados aos surdos livros com palavras e formas 
de linguagem conhecidas pelo surdo.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA AUDITIVA: ENTENDIMENTOS AO LONGO DA HISTÓRIA
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5- Os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na 
elaboração de obras específicas desta matéria.
6- Os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram 
o conhecimento adquirido, devendo, por isso, usar a língua oral na 
conversação com pessoas falantes, já que a fala se desenvolve com a 
prática. 
7- A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é 
entre os 8-10 anos, sendo que a criança deve permanecer na escola um 
mínimo de 7-8 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 
alunos em simultâneo.
8- Com o objetivo de se implementar, com urgência, o método oralista, 
deviam ser reunidas as crianças surdas recém-admitidas nas escolas, 
onde deveriam ser instruídas através da fala; essas mesmas crianças 
deveriam estar separadas das crianças mais avançadas, que já haviam 
recebido educação gestual, a fim de que não fossem contaminadas; 
os alunos antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo 
sistema oral.
Duarte et al. (2013) destacam que com essas resoluções, a educação dos 
surdos assumiu a responsabilidade de reabilitação, colocando em segundo 
plano a função pedagógica e encarregando-se dos treinos auditivos, para que 
assim todos os sinais sonoros que pudessem ser recebidos se transformassem 
em informações somadas ao treino da leitura orofacial. Vale ressaltar que grande 
parte dessas decisões tomadas no II Congresso Internacional de Educação dos 
Surdos, tiveram a influência direta de Alexander Graham Bell. Bell tinha grande 
prestígio e autoridade, defendia a eugenia e o ensino da língua oral, criticando o 
uso da língua de sinais como língua natural dos surdos.
FIGURA 12 – ALEXANDER GRAHAM BELL (1849-1922)
FONTE: Disponível em: <http://www.teknolojivetasarim.org/alexander-graham-

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