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A construção da Preservação Ambiental

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
GABRIEL JOIA DE FIGUEIREDO BALBINO 
 
 
 
 
A CONSTRUÇÃO DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: análise da evolução dos 
aspectos e normas jurídicas do direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus-AM 
2019 
 
A CONSTRUÇÃO DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: análise da evolução dos 
aspectos e normas jurídicas do direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado no Brasil 
 
Gabriel Joia de Figueiredo Balbino12 
Jeibson dos Santos Justiniano3 
Denison Melo de Aguiar 4 
 
INTRODUÇÃO 
 
A ação do homem sobre o meio ambiente acompanha o próprio 
desenvolvimento de sua história. A história da evolução humana é a da utilização dos 
recursos naturais, para a realização da subsistência e demais necessidades. De igual 
maneira, identifica-se desde o início da civilização o reconhecimento da existência de 
determinados sítios geográficos, merecedores de proteção. Tais locais estavam 
associados à proteção de fontes de água, caça, plantas medicinais e fornecimento de 
pele de animais e madeiras para se aquecer. 
O cenário muda com o crescimento demográfico. Crescimento demográfico 
esse proporcionado por conta do aumento da capacidade produtiva humana, um 
reflexo visto especialmente a partir do século XX, a partir do advento da Revolução 
Industrial. E esse quadro fez surgir um imenso desequilíbrio social e, 
consequentemente, ambiental no planeta. Desde então, as populações não usufruem 
dos recursos naturais apenas para saciar suas necessidades básicas de 
sobrevivência, mas também sua ganância e demais gostos supérfluos. 
 
1 Graduando em Direito pela Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do 
Amazonas (ESO/UEA). E-mail para contato: gabriel_joia@hotmail.com Título do trabalho: A 
CONSTRUÇÃO DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: análise da evolução dos aspectos e normas 
jurídicas do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no Brasil 
2 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pré-requisito para a obtenção de 
Bacharelado em Direito pela Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do 
Amazonas (ESO/UEA). 
3 Procurador do Trabalho. Mestre em Direito Ambiental pelo Programa de Pós-graduação em Direito 
Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas (PPGDA-UEA). Professor da Escola Superior de 
Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas. 
4 Advogado. Mestre em Direito Ambiental pelo Programa de Pós-graduação em Direito Ambiental da 
Universidade do Estado do Amazonas (PPGDA-UEA). Professor da Escola Superior de Ciências 
Sociais da Universidade do Estado do Amazonas. 
 
mailto:gabriel_joia@hotmail.com
Trata-se de fenômeno que perdura até a década de 1970, pois, até então, 
a análise do meio ambiente se dava de forma única e exclusivamente voltada para o 
desenvolvimento econômico. Nesse sentido, o nível de degradação ambiental 
experimentado não era exatamente um problema, tendo em vista que a busca de 
riquezas sem limite pelo homem impedia que observasse a escassez dos recursos. 
Nesse sentido, dada a relevância do tema, o Direito Ambiental se tornou 
parte central da comunidade jurídica e das políticas públicas no Brasil. A extensão 
territorial, o volume (ainda) elevado de recursos naturais preservados e toda a 
biodiversidade existente fazem com que seja motivo de grande preocupação a 
capacidade de preservar o meio ambiente. 
Sob esses aspectos, o Brasil, a partir da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, fez um importante avanço, com a constitucionalização 
do Direito Ambiental. O avanço consiste, exatamente, em ter na Carta Magna do país 
o dever de preservação, o qual se estende, desde já, ao Estado, às empresas e aos 
indivíduos. E a contrapartida também é verdadeira. Cria-se o direito a um meio 
ambiente equilibrado e saudável, do qual todos têm a possibilidade de usufruir. 
Além da proteção concedida pela Constituição da República Federativa do 
Brasil, em 1998 foi aprovada a Lei 9.605, intitulada Lei de Crimes Ambientais. Em 
síntese, tal diploma teve como finalidade a de melhor definir as penalidades contra 
aqueles que utilizavam os recursos naturais de forma inadequada. Além disso, os 
delitos contra o meio ambiente passaram a ser crimes, e não mais meras 
contravenções penais. 
Diante de tais circunstâncias, questiona-se: o Brasil, diante de todas as 
mudanças legislativas promovidas, possui uma legislação adequada para assegurar 
o meio ambiente ecologicamente equilibrado? 
Nesse contexto, o presente trabalho tem por escopo estudar a evolução do 
Direito Ambiental no Brasil, dos seus princípios aos aspectos normativos, em especial 
com foco no advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e da 
Lei de Crimes Ambientais, a fim de conceituar e delimitar o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
A metodologia utilizada para a realização do estudo consiste em pesquisa 
bibliográfica e documental, com a utilização do levantamento de referências teóricas 
constantes em meios escritos e eletrônicos. A composição do referencial teórica é 
formada por artigos científicos, livros, periódicos e legislação, para que se possa 
realizar a ampla e precisa investigação acerca do tema. 
 
1. O CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL 
 
Como destaca Paulo Affonso Leme Machado (2012, p. 58), a disciplina de 
Direito Ambiental no Brasil é primeiro conceituada como “Direito Ecológico”, sob forte 
influência dos professores Sérgio Ferraz e Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Para 
Sérgio Ferraz (1972, p. 4), essa denominação significaria “o conjunto de técnicas, 
regras e instrumentos jurídicos organicamente estruturados, para assegurar um 
comportamento que não atente contra a sanidade mínima do meio ambiente”. 
Já Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1976, p. 26), o “Direito Ecológico” 
seria formulado por um conjunto de técnicas, instrumentos jurídicos e regras que 
poderiam ser sintetizados e informados a partir de determinados princípios, 
apropriados e condizentes com a finalidade de disciplinar o comportamento 
relacionado ao meio ambiente. De acordo com Paulo Affonso Leme Machado (2012, 
p. 60), o Direito Ambiental pode ser compreendido como o processo sistematizador 
de articulação entre a legislação, a doutrina e a jurisprudência ligadas aos elementos 
que compõem e integram o ambiente. 
Para o autor (2012, p. 61), não se trata mais de se falar em um Direito das 
águas, um Direito da atmosfera ou mesmo um Direito florestal ou Direito da Fauna. 
Para o importante constitucionalista José Afonso da Silva (2010, p. 41-42), a temática 
do estudo do Direito Ambiental deve ser observada sob dois aspectos. São eles: a) 
Direito Ambiental objetivo, que consiste no conjunto de normas jurídicas 
disciplinadoras da proteção da qualidade do meio ambiente, b) Direito Ambiental como 
ciência, que busca o conhecimento sistematizado das normas e princípios 
ordenadores da qualidade do meio ambiente. 
Compreendido o escopo e o conceito do Direito Ambiental, deve ser 
estudada a legislação pertinente brasileira, compreendendo os períodos históricos e 
suas peculiaridades. 
 
2. A HISTÓRIA DO DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL 
 
O modelo de desenvolvimento econômico mais exitoso e longínquo no 
Brasil, desde o seu descobrimento, consiste na exploração dos recursos ambientais, 
quase sempre de forma bastante predatória. E isso decorre da própria política adotada 
pela Coroa Portuguesa no desembarque no país, voltado apenas para a exploração 
da grande extensão de riquezas naturais aqui disponíveis. 
 
2.1 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA DURANTE O PERÍODO DO BRASIL 
COLÔNIA (1500-1822) 
 
De acordo com o autor Vladimir Passos de Freitas (1998, p. 9), a legislação 
portuguesa protegia as árvores, os animais e as águas, pois as OrdenaçõesAfonsinas, contidas no Livro V, título LVIII, traziam a expressa proibição de árvores 
frutíferas; enquanto o Livro V, Título LXXXIIII das Ordenações Manoelinas vedavam a 
caça de perdizes, lebres e coelhos com o uso de redes, fios e outros instrumentos que 
pudessem causar doe s sofrimento aos animais. Já as Ordenações Filipinas 
continham a expressa punição com multa de quem jogasse material que matasse os 
peixes. 
Para os autores Borges, Rezende e Pereira (2009, p. 452), tem-se que 
todas essas medidas foram compiladas através das Ordenações Afonsinas e 
introduzidas no Brasil, porém restrito apenas aquelas que atendiam os interesses da 
exploração. E isso decorre do fato de que a abundância de recursos florestais no Brasil 
detinha grande importância para os portugueses, dada a alta demanda por madeiras 
para a expansão da navegação. 
Também no seu interesse, tendo em vista a intensificação do 
desmatamento, foi promulgada em 1800 uma nova Carta Régia. De acordo com essa 
nova legislação, houve a imposição do dever de conservar “todas as espécies de 
interesse da Coroa em uma faixa de 10 léguas da costa” (BRASIL, 1800). Como 
destacam os autores Borges, Rezende e Pereira (2009, p. 453), “a fim de executar e 
fazer cumprir essa determinação foi criado o cargo de ‘Juiz Conservador’ e criada a 
‘Patrulha Montada’ com o objetivo de fiscalizar a atividade de exploração de 
madeireira e da manutenção dos recursos florestais da coroa portuguesa em terras 
do Brasil”. 
Em 1802, por recomendação de José Bonifácio, foram baixadas as 
primeiras instruções para se reflorestar a costa brasileira, já bastante devastada. 
Essas medidas tinham a finalidade de se fazer plantios em “covas” e evitar o pastoreio 
(MAGALHÃES, 2002, p. 73). Nesta época, já se previa a necessidade de restaurar as 
florestas objetivando atender a demanda de certas localidades, principalmente as no 
entorno das metrópoles que se formavam. 
A chegada da família real ao Brasil, em 1808, promoveu grandes mudanças 
em todos os âmbitos e áreas do governo e da sociedade, sendo importante o destaque 
da criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1811. Sua implantação 
representa marco de maior importância, ainda que ele tivesse como objetivo a 
aclimatação de plantas e o estudo da flora brasileira de interesse econômico 
(BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009, p. 454). 
Como se verifica, ainda durante o período compreendido como “Brasil 
Colônia”, há um avanço no âmbito do Direito Ambiental. Mais do que uma perspectiva 
preservacionista, os avanços são reflexos apenas do desmatamento e destruição de 
recursos naturais realizados de forma desenfreada. Entendeu-se, portanto, ser 
necessário algum nível de preservação para se perpetuar ou, ao menos, se prolongar 
o ciclo de exploração. 
 
2.2 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA DURANTE O PERÍODO DO BRASIL 
IMPÉRIO (1822 A 1889) 
 
Mesmo com a extinção do sistema sesmarial, foram mantidas as principais 
regras referentes à exploração dos recursos naturais, especialmente aquelas relativas 
à exploração de florestas (MAGALHÃES, 2002, p. 74). Em 1825 foi reiterada a 
proibição de licença a particulares para a exploração do pau-brasil, mantendo-se o 
monopólio do Estado. 
A exportação do pau-brasil nesta época era uma das receitas mais 
importantes da Coroa. Em 11 de junho de 1829 foram reafirmadas as proibições de 
roçar, derrubar matas em terras devolutas sem autorização das câmaras municipais. 
Os juízes de paz das províncias eram os competentes para fiscalizar as matas e zelar 
pela interdição do corte das madeiras de construção, conhecidas por madeiras nobres 
(BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009, p. 454). 
Como destaca Vladimir Passos de Freiras (1998, p. 15), em conformidade 
com a Constituição Imperial de 25 de maço de 1824, houve a determinação da criação 
de dois códigos, um Código Civil e um Código Criminal. E o Código Criminal, em vigor 
a partir de 1830, trouxe a expressa previsão em dois dispositivos de penas para cortes 
ilegais de madeira (artigos 178 e 257). 
A partir dessa época surgiu a agricultura e com ela a devastação das 
florestas brasileiras (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009, p. 455). O fogo era usado 
indiscriminadamente objetivando limpar terrenos e em seu lugar formar pastos e 
lavouras que seriam cuidados pelas mãos dos escravos que abundantemente 
chegavam ao país. A proteção à arvore, à floresta, enfim, dos recursos naturais como 
um todo, nesta época, não era politicamente interessante. O marco desta época foi o 
incentivo à ocupação do imenso território brasileiro. 
 
2.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA DURANTE O PERÍODO 
REPUBLICANO (ESTÁGIOS A PARTIR DE 1889) 
 
Como se verifica das fases anteriores, houve fatos marcantes e 
significativos em termos de preservação. Há de se levar em consideração que as 
mudanças ocorriam de forma muito mais lenta, por vezes atendendo apenas aos 
interesses da Coroa e dos grupos mais próximos à Coroa. No período compreendido 
como República Velha, de 1889 a 1930, o país adotou uma postura compreendida 
como mais liberal em relação ao uso de recursos naturais, sem grande preocupação 
com o nível de utilização desses (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009, 455). 
A década de 1960 é bastante fundamental para a evolução da Legislação 
Ambiental, quando o Brasil faz escolhas políticas bastante significativas em favor da 
preservação ambiental. No ano de 1965, houve a criação de um segundo Código 
Florestal Brasileiro, em substituição àquele de 1935. Como destaca Magalhães (2002, 
p. 102), “esse novo código representou importante instrumento disciplinador das 
atividades florestais ao declarar as florestas existentes no território nacional como 
bens de interesse comum à toda população”. 
Após um período de insucesso na busca por preservação ambiental, há a 
criação do segundo PND, a partir da Lei 6.151 de 04 de dezembro de 1974, para o 
período entre 1975 a 1979. Como destaca Magalhães (2002, p. 147), há uma 
verdadeira mudança no tipo de política desenvolvida, pois há a adoção de medidas 
de caráter mais ambiental. Cita-se, a título exemplificativo, a perspectiva de que na 
expansão da fronteira agropecuária seria importante a adoção de uma diretriz de 
caráter conservacionista, de forma a se evitar o uso indiscriminado do fogo. 
Como destacam os autores Borges, Rezende e Pereira (2009, p. 457), é 
com a criação da Lei nº 6.938, de 1981, que há uma verdadeira consolidação do 
Direito Ambiental. Trata-se da Lei que dispôs sobre a Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA). Para os autores, “surgiram leis, decretos e resoluções que 
objetivaram a utilização racional, a conservação e a proteção efetiva dos recursos 
naturais. A partir da PNMA foram mostrados com maior clareza os passos que devem 
ser seguidos para uma conduta ambientalmente sustentável”. São seus principais 
artigos: 
 
“Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 
235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus 
fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa 
Ambiental. 
DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos 
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, 
atendidos os seguintes princípios: 
(...) 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas 
as suas formas; 
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das 
características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidadeambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos; 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental; 
V - recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos 
da biosfera. 
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos 
da biosfera, a fauna e a flora.” (BRASIL, 1981) 
 
Compreendida a evolução legislativa do Direito Ambiental no Brasil, 
estudar-se-ão os princípios do direito ambiental, compreendendo como se constitui 
sua proteção no âmbito doutrinário. Após, analisar-se-ão especificamente as 
disposições da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e da Lei de 
Crimes Ambientais, para concluir como o Brasil consolidou o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
 
3. OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL BRASILEIRO 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art235
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art235
 A formulação de regras ambientais no direito brasileiro é dotada de uma 
complexidade específica. Sendo assim, os princípios do Direito Ambiental tornam-se 
mais importantes, pois “é a partir deles que as matérias que ainda não foram objeto 
de legislação específica podem ser tratadas pelo Poder Judiciário e pelos aplicadores 
do Direito, pois, na inexistência de norma legal, há que se recorrer aos diferentes 
elementos formadores do Direito” (ANTUNES, 2015, p. 22). 
“Princípio”, em linhas gerais, é “utilizado como alicerce ou fundamento do 
Direito” (MACHADO, 2014, p. 61). A análise dos princípios gerais que norteiam 
qualquer sistema jurídico, de qualquer ramo do Direito, tem, dessa maneira, uma 
indiscutível importância na prática, pois permite a visualização global do sistema para 
a melhor aplicação das normas no mundo real dos fatos, tornando-as mais concretas. 
 
3.1 O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
O conceito de ‘desenvolvimento sustentável’ foi estabelecido pela 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das 
Nações Unidas, em 1987 (SILVA; FELÍCIO, 2017, p. 5). No documento denominado 
‘Nosso Futuro Comum’ como “aquele que atende às necessidades do presente sem 
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias 
necessidades”, ou seja, sem esgotar os recursos naturais ou degradar o ambiente, 
que o torna inadequado para a manutenção da vida. 
Há a possibilidade de ser utilizado, também, com o significado de “melhorar 
a qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos 
ecossistemas” (MILARÉ, 2014, p. 65). Para Sarlet e Fensterseifer (2012, p. 114) no 
conceito de desenvolvimento sustentável elaborado pela Comissão Brundtland, 
“verifica-se, de forma evidente, o forte conteúdo social de tal compreensão, na medida 
em que há uma preocupação em atender à necessidades vitais das gerações 
humanas presentes e futuras em sintonia com a eliminação da pobreza”. 
No direito brasileiro, a Lei 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio 
Ambiente, contempla no seu art. 4º, I3 o princípio de desenvolvimento sustentável 
como um dos seus objetivos, ao estabelecer “a compatibilização do desenvolvimento 
econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio 
ecológico”. Para Silva (2013, p. 27), a conciliação dos dois valores consiste, assim, 
nos termos deste dispositivo, na promoção do chamado desenvolvimento sustentável, 
“que consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da 
satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua 
conservação no interesse das gerações futuras”. 
 
3.2 PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU CIDADÃ 
 
O princípio de participação comunitária pressupõe a conduta de “tomar 
parte em alguma coisa, agir em conjunto” (FIORILLO, 2013, p. 126). Assim, dada a 
importância e a necessidade de uma ação conjunta, “ legislador constituinte 
consagrou na Constituição Federal de 1988 que a defesa do meio ambiente deve ser 
imposta à coletividade e ao poder público. Sendo assim, referido princípio foi inserido 
no art. 225, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil (SILVA; 
FELÍCIO, 2017, p. 6). 
É, portanto, necessário reconhecer que o princípio da participação 
comunitária é decorrente do direito de todos usufruírem de um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, como um bem comum de uso do povo, o qual deve ser 
defendido por toda a sociedade (GARCIA; THOMÉ, 2015, p. 52). 
Oportuno considerar que não se trata de um aconselhamento, mas de um 
dever, um agir, imposto à coletividade na defesa e preservação do meio ambiente 
para as presentes e futuras gerações. 
 
3.3 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
 
O princípio da precaução foi proposto formalmente na Conferência do Rio 
92, no princípio 15 da ‘Declaração do Rio’, da qual o Brasil foi signatário (SILVA; 
FELÍCIO, 2017, p. 7). Trata-se da “dúvida científica. Trabalha com risco incerto, 
desconhecido ou abstrato” (AMADO, 2015, p. 34). Nesse sentido, “na dúvida, opta-se 
pela solução que proteja imediatamente o ser humano e conserve o meio ambiente 
(in dubio por salute ou in dubio pró-natura)” (MACHADO, 2014, p. 108). 
Deve ser considerado ainda que tal princípio está implícito na Constituição 
da República Federativa do Brasil, no inciso V do artigo 225, onde o legislador se 
preocupou em “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente” (BRASIL, 1988). 
 
3.4 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR 
 
O princípio do poluidor-pagador é considerado fundamental na política 
ambiental (SILVA; FELÍCIO, 2017, p. 7), sendo entendido como um “instrumento 
econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de 
prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais” (GARCIA; THOMÉ, 2015, 
p. 41). Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo 
de produção devem ser internalizados. 
 
3.5 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO NA PROTEÇÃO AMBIENTAL 
 
Trata-se de princípio que impõe ao legislador o dever de evoluir na edição 
de normas ambientais de forma cada vez mais protetiva, de modo que não lhe é 
permitido, em regra, a flexibilização das normas ambientais, sob pena de constituir um 
verdadeiro retrocesso (AMADO, 2015, p. 43). Para Milaré (2014, p. 278), a 
retroatividade deve ser considerada como a ausência de defesa de um direito 
fundamental que foi paulatinamente protegido, daí “falar-se em não retroceder, no 
sentido de não recuar, não se desfazer de um direito já sabidamente fundamental”. 
Compreendidos os princípios que compõem um núcleo essencial do Direito 
Ambiental, estudar-se-ão as disposições da Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 e a Lei de Crimes Ambientais. 
 
4. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 E A LEI 
DE CRIMES AMBIENTAIS 
 
Como anota o Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio 
Herman de Vasconcelos E Benjamin (2008, p. 41), a “Constituição Federal de 1988 
sepultou o paradigma liberal que via (e insistia em ver) no Direito apenas uminstrumento de organização da vida econômica”. O autor Fábio Konder Comparato 
(20001, p. 18) esclarece que foi abandonado o paradigma de “simples regulamento 
econômico-administrativo, mutável ao sabor dos interesses e conveniências dos 
grupos dominantes”. 
Para José Afonso da Silva (2014, p. 825), o capítulo do meio ambiente na 
Constituição da República Federativa do Brasil é um dos mais importantes. E o ilustre 
Ministro Luís Roberto Barroso (1992, 9. 317) complementa tal raciocínio com o 
destaque de que as normas da tutela ambiental são encontradas de forma difusa, ao 
longo de todo o texto constitucional. 
Nesse sentido, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
seguiu as tendências internacionais, com algumas inovações e adaptações para o 
contexto social, geográfico e institucional do país (BENJAMIN, 2008, p. 44). Para 
Milaré (2014, p. 211) é um dos “sistemas mais abrangentes e atuais do mundo sobre 
a tutela do meio ambiente”. 
Na lição de Benjamin (2008, p. 41-42), a Constituição da República se 
rogou o dever de assegurar o bem-estar e a justiça social, o que não poderia ser feito 
sem uma proteção ambiental adequada. Vale-se de fundamentos éticos, explícitos e 
implícitos, que asseguram a tutela do meio ambiente ecologicamente equilibrado 
como um direito para as presentes e futuras gerações. 
A principal técnica de tutela do Meio Ambiente na Constituição da 
República de 1988 está contida em seu artigo 225, pois “cuida-se de dispositivo que, 
pela sua complexidade e feição original, certamente merece estudo muito mais 
aprofundado” (BENJAMIN ,2008, p. 54). Para Milaré (1998, p. 92), trata-se de um 
direito público de caráter subjetivo, o qual é exigível e exercível em face do Estado, 
da sociedade e de cada indivíduo, tendo em vista a missão comum de proteção. 
De acordo com Cristiane Derani (1998, p. 92) o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é o próprio resultado de diversos fatores sociais, os quais 
permitem e impõem a preservação ambiental como fundamental para o próprio 
desenvolvimento das relações sociais. Não se afigura lícito, portanto, que o meio 
ambiente seja tratado de forma desprezível, menor, acessório ou mesmo subsidiário 
(RAPOSO, 1994, p. 115). Dessa forma, assim preceitua o artigo 225 da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988: 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
TÍTULO VIII 
DA ORDEM SOCIAL 
CAPÍTULO VI 
DO MEIO AMBIENTE 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para 
as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies 
ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão 
público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por 
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização 
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não 
se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que 
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição 
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio 
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que 
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
 
Como destaca José Afonso da Silva (2004, p. 181), o direito fundamental a 
um meio ambiente ecologicamente equilibrado se dota de irrenunciabilidade, 
inalienabilidade e imprescritibilidade. Como Benjamin (2008, p. 61), o “direito 
fundamental ao meio ambiente toma para si feição ora primária (ou substantiva) ora 
procedimental (ou formal)”. 
Para Benjamin (2008, p. 47-48), tem-se que há uma completa mudança de 
paradigma. Antes, as Constituições do país não estavam desenhadas de modo a 
acomodar os valores e preocupações próprios de um paradigma jurídico-ecológico. 
Com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, há a 
construção de um arcabouço legislativo com objetivos, direitos, princípios e 
exigências, como é o caso do Estudo Prévio de Impacto Ambiental.. 
Seguindo a orientação constitucional, o Congresso Brasileiro aprovou a Lei 
9.605 de 12 de fevereiro de 1998, marco final do aparato legislativo para zelar pela 
proteção ao direito ambiental (FREITAS; FREITAS, 2006, p. 24). Como se vê do texto 
legal, não há uma definição expressa do que seja crime ambiental. Recorre-se, 
portanto, à lição de Damásio de Jesus (2005, p. 153); 
 
Para que haja crime é preciso, em primeiro lugar, uma conduta humana 
positiva ou negativa (ação ou omissão). Mas nem todo o comportamento do 
homem constitui delito. Em face do princípio da reserva legal, somente os 
descritos pela lei penal podem assim ser considerados. 
(...) 
Fato humano tipicamente previsto por norma jurídica sancionada mediante 
pena em sentido estrito (pena criminal), lesivo ou perigoso para bens ou 
interesses considerados merecedores da mais enérgica tutela. 
 
Como ensina Costa Neto (2003, p. 316), a Lei nº 9.605 de 1998 dedicou 
espaços específicos para tratar de crimes contra a fauna, a flora, contra a poluição, o 
ordenamento urbano e o patrimônio cultural e, além, contra a administração ambiental. 
Para Takada e Ruschel (2012, p. 1050), o “progresso por ela ensejado foi mais político 
do que técnico-jurídico, continuando os juristas pátrios com o débito de escrever para 
nossa sociedade um direito ambiental penal à altura”. 
Takada e Ruschel (2012, p. 1050-1051) destacam que a Lei 9.605 teve 
como um de seus objetivos a adaptação às diretrizes traçadas pela política criminal e 
ambiental do país. E isso impôs a necessidade da criação de um sistema eficiente, no 
qual o objetivo principal não é o encarceramento, mas sim a prevenção, ocaráter 
reparação e a capacidade de punir de forma a dissuadir novos atos de degradação 
ambiental. 
Como destacam Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas 
(2005, p. 292), os tipos penais que levam à restrição de liberdade, por reclusão e 
detenção, são aqueles mais graves. Para Takada e Ruschel (2012, p. 1052) “pode-se 
concluir que as penas aplicadas, na grande maioria, não ultrapassarão quatro anos”. 
Destacam-se os seguintes artigos: 
 
CAPÍTULO V 
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou 
autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
(...) 
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das 
normas de proteção: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
(...) 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou 
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a 
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
(...) 
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: 
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; 
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou 
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano 
de detenção, sem prejuízo da multa. 
 
Destaca-se ainda a lição de Milaré et al (2002, p. 19 e 20) de que a 
penalização por um dano ambiental pode ser aplicada também à pessoa jurídica, pois 
o Direito Penal passa por uma adaptação de conceitos e princípios que visa 
proporcionar adequada prevenção em relação a todos os crimes. Rothenberg (2013, 
p. 60), sob esse aspecto, destaca que há uma coesão entre o direito penal atual e a 
possibilidade de condenação penal da pessoa jurídica. 
Ou seja, a Lei de Crimes Ambientais também avança à medida em que 
cuida de estabelecer de forma expressa a responsabilização de todos os agentes 
envolvidos no dano ambiental, o que envolve a pessoa jurídica, seus sócios, diretores 
e prepostos, responsabilizando-os em todas as esferas de reparação, a nível cível e 
penal. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O Meio Ambiente, da mesma forma como foi feito no Brasil e em diversos 
países, foi inicialmente encarado como uma fonte de recursos, apta a fornecer 
matéria-prima e bens essenciais para o desenvolvimento de distintas atividades, do 
extrativismo às mais sofisticadas. É por essa razão que a degradação do meio 
ambiente foi por muito tempo a regra, em decorrência da abundância de recursos. 
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, adotaram ordenações 
portuguesas referentes ao uso de recursos naturais, muitas das quais mantiveram 
apenas o interesse econômico e um regime de exploração degradante e 
despreocupado com a preservação. Ao longo dos séculos, só se pensou na 
preservação quando justificada pelo medo da escassez, de se tornar insuficiente para 
a manutenção a longo prazo do regime econômico. 
Ainda que por toda a história o homem tenha reconhecido a importância de 
determinados sítios, para a obtenção de água, alimentos ou mesmo preservação de 
espécies, é apenas no século XX em que ocorre a mudança de mentalidade. Trata-se 
do momento em que há a percepção da finitude dos recursos e do nível de degradação 
ambiental. 
Reconhece-se, portanto, a necessidade de preservação ambiental por 
parte da espécie humana, no reconhecimento da essencialidade dos bens naturais. 
Passa-se a um contínuo processo de valorização do Meio Ambiente, como expressão 
de saúde e qualidade de vida. Muito decorrente de um movimento internacional, 
apoiado por governos, na busca pela diminuição da poluição e dos danos ambientais. 
É nesse sentido que são formulados diversos princípios para se consolidar 
a preservação ambiental. Sob o princípio do desenvolvimento sustentável, tem-se o 
dever de se utilizar os recursos naturais de modo a melhorar a qualidade de vida 
humana, respeitando-se os limites e capacidade dos ecossistemas. De igual maneira, 
é um sólido princípio a participação comunitária, que impõe o dever e o direito a todos 
de um Meio Ambiente ecologicamente equilibrado. 
Demonstrou-se, ainda, que é vedado o retrocesso. Ou seja, não pode o 
legislador editar normas ambientais que venham a retroceder no caráter protetivo que 
se dá ao meio ambiente. E esses são os princípios fundamentais que devem nortear 
a produção legislativa, os agentes judiciários e os responsáveis por políticas públicas 
no país. 
Em 1981, há um grande avanço, com a introdução da Política Nacional do 
Meio Ambiente. A partir dessa lei, houve um primeiro grande esforço para a 
conceituação do que vem a ser o Meio Ambiente, com sua abrangência e esferas. 
Houve, inclusive, a previsão legal expressa do desenvolvimento sustentável, em claro 
avanço legislativo. 
Sob a égide desse Texto Constitucional, em 1998 foi editada a Lei de 
Crimes Ambientais, com a expressa previsão de responsabilização nas esferas cível, 
penal e administrativa para o poluidor ou quem comete dano ambiental, esse 
caracterizado pela alteração que leve a prejuízo ou degradação do bem jurídico ou da 
qualidade de vida que o Meio Ambiente Proporciona. 
A Constitucionalização do Meio Ambiente ecologicamente equilibrado 
também consolida a vedação ao retrocesso, à medida em que eleva ao status de 
direito fundamental, que deve ser ponderado conjuntamente com as outras garantias 
fundamentais pertencentes a cada indivíduo e à toda a sociedade. Ou seja, todo o 
desenvolvimento econômico e social deve levar em consideração a importância que 
tem o Meio Ambiente. 
Já a Lei de Crimes Ambientais constitui outro avanço fundamental, à 
medida em que eleva ao status de crime várias atitudes que venham a degradar o 
Meio Ambiente, esse em sentido bastante amplo. Passa-se a punir, as pessoas físicas 
e jurídicas, por atentar contra a fauna, a flora, o equilíbrio dos ecossistemas e mesmo 
sítios de preservação. Conclui-se, portanto, que o Brasil consagrou o direito ao Meio 
Ambiente ecologicamente equilibrado, tornando por ele responsável todos os agentes 
sociais, como é o próprio Estado, a sociedade civil organizada, as empresas, bem 
como seus sócios, diretores e prepostos. Trata-se, aliás, de direito cujo retrocesso é 
vedado, tendo em vista a sua essencialidade para as presentes e futuras gerações. 
Por todas essas razões, todos os avanços tecnológicos e econômicos 
devem ser ponderados conjuntamente com eventuais benefícios ou prejuízos ao Meio 
Ambiente, dada a sua consolidação como um direito fundamental, construído há 
décadas, essencial para o bem-estar e o equilíbrio social 
 
 
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