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RESENHA CRÍTICA - TRAJETÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO: PONDERAÇÕES ACERCA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 E O DE 2015

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RESENHA CRÍTICA
TRAJETÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO: PONDERAÇÕES ACERCA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 E O DE 2015
Adaptado do trabalho de Camila Nunes1
No artigo “Do Código Buzaid ao novo Código de Processo Civil: uma nova análise das influências culturais sofridas por ambas as codificações”, a autora Camila Nunes aborda, em um primeiro momento, as fases metodológicas do Direito processual civil como ciência, de modo a adentrar no contexto e a fase em que surge o Código Buzaid. Em seguida, é explicitado a conjuntura em que nasce o Código de Processo Civil de 2015, finalizando com uma análise sobre a influência sociocultural presente em ambos os Códigos e as diferenças que existem entre ambos. 
À princípio, é interessante saber que o direito processual, na fase praxismo, é tido como mero acessório do direito material e não havia nenhuma preocupação científica para com ele. De forma diferente, no processualismo, o direito processual surge como ciência autônoma do direito material, mas ele passa a ser meramente técnico e distante dos valores sociais. Por isso, o instrumentalismo ganha espaço, pelo qual o processo era um meio para realizar o direito material, entretanto, dava-se grande importância a efetividade do direito em detrimento do papel reconstrutor que ele deveria possuir. Em consequência, surge uma nova fase denominada de formalismo-valorativo ou Neoprocessualismo, através do qual o processo fica intimamente ligado a realização da justiça material e aos valores constitucionais.
Posto isso, com as ponderações feitas no item 3, nota-se que o Código Buzaid desponta no Direito brasileiro durante a fase do processualismo, com características típicas do direito processual alemão e italiano, tendo sido influenciado, portanto, pela sociedade europeia do século XIX. Ademais, foi de grande relevância a autora ter citado o Código Civil de 1916, visto que, ficou evidente que o Código Buzaid também apresentou traços do ordenamento brasileiro, tais quais os valores de liberdade individual, segurança, patrimonialidade, entre outros. No que tange ao novo Código Processo Civil, foi criado em 2015 sob a luz da Constituição Federal de 1988.
Com a promulgação da Constituição Cidadã, houve uma tendência de “constitucionalização do direito”, e com o Direito Processual Civil não poderia ter sido diferente. Logo, ele foi fundado com base nos valores e princípios constitucionais, diferindo do anterior pela predominância de direitos extrapatrimoniais, prevalecendo o coletivo sobre o individual. A exemplo de princípios constitucionais existentes do CPC de 2015 pode-se mencionar a dignidade da pessoa humana e a segurança jurídica, pelos quais “o processo se destina à tutela dos direitos através da prolação de decisões justas e a formação de precedentes (NUNES, 2015, p. 7).” 
Por fim, essa resenha crítica teve o intuito de opinar sobre o artigo intitulado por “Do Código Buzaid ao novo Código de Processo Civil: uma nova análise das influências culturais sofridas por ambas as codificações”, de Camila Nunes. Conclui-se que o estudo possui grande relevância ao interligar a trajetória do processo civil com a história do direito processual civil brasileiro até a contemporaneidade. A elaboração da sequência explicativa dos fatos em questão facilitou o entendimento sobre como o contexto social e cultural influenciaram a criação dos Códigos, assim como favoreceu a análise comparativa entre eles. 
REFERÊNCIA
NUNES, CAMILA. Do Código Buzaid ao novo Código de Processo Civil: uma análise das influências culturais sofridas por ambas as codificações. Revista de Processo, São Paulo, n. 246, ago. 2015. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RPro_n.246.21.PDF. Acesso em: 14 jul. 2021
Mestranda em Direito pela UFRGS. Membro do Grupo de Pesquisa CNPQ Mercosul e Direito do Consumidor - UFRGS.

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