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Transformações de Fases em Metais Prof. Dr. José Henrique Alano Transformação de Fases em Metais Importância As transformações de fases modificam a microestrutura, que por sua vez, modificam as propriedades dos materiais. 2 Transformação de Fases em Metais Classificação: ✓ Sem alteração de composição química: exemplo → solidificação, transformações alotrópicas, recristalização, crescimento de grão. ✓ Com alguma alteração de composição química e na quantidade de fase: exemplo→ reação eutetóide. ✓ Formação de uma fase metaestável sem difusão: exemplo → transformação martensítica. 3 Transformação de Fases em Metais ✓ O processo de transformação pode ser dividido em dois estágios: ▪ Nucleação; ▪ Crescimento. 4 Na maioria dos casos, a transformação de fase no estado sólido não ocorre instantaneamente. Transformação de Fases em Metais Nucleação Envolve o aparecimento de partículas pequenas capazes de crescer→ núcleos da nova fase; ✓ Existe dois tipos de nucleação: ▪ Homogênea; ▪ Heterogênea. 5 A nucleação pode ser definida como a formação de uma nova fase a partir de outra. Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea ✓ Não existe um local específico para a formação do núcleo, a nucleação ocorre uniformemente na fase de origem; Nucleação heterogênea ✓ O núcleo é formado preferencialmente em heterogeneidades estruturais do metal, como contornos de grão, contornos de fase, impurezas insolúveis, etc. 6 Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea ✓ Uma transformação ocorrerá espontaneamente se a variação da energia livre de Gibbs do sistema (∆G) for negativa. 7 ∆𝐺 < 0 Transformação espontânea Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea 8 • Um núcleo formado no interior do líquido; • Assumindo que este núcleo seja esférico; • Existe duas contribuições para a energia total do sistema que acompanha esta transformação de fase: Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea 9 1. A diferença de energia livre entre o sólido e o líquido, ∆Gv, (a magnitude desta contribuição é produto do volume da esfera); 2. A segunda contribuição é a formação de uma interface sólido/líquido, que depende da área da esfera, γ. Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea 10 Ou seja, a variação de energia livre para a nucleação e crescimento homogênea é dada por: Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea 11 Ou seja, a variação de energia livre para a nucleação e crescimento homogênea é dada por: Contribuição do volume (- abaixo de Tm) Contribuição da interface (+) Transformação de Fases em Metais Nucleação homogênea 12 Transformação de Fases em Metais Variação de Energia Livre Crítica, ΔG* 13 ∆G* representa a energia de ativação para a formação de um núcleo estável. Transformação de Fases em Metais Variação de Energia Livre Crítica, ΔG* 14 ∆G* representa a energia de ativação para a formação de um núcleo estável. Nota: ∆Gv é a força motriz para a solidificação. Na temperatura de fusão, Tm, ∆Gv = 0. Com a diminuição da temperatura, ∆Gv se torna cada vez mais negativo. Transformação de Fases em Metais Variação de Energia Livre Crítica, ΔG* 15 Quanto menor a temperatura, menor a energia de ativação para a nucleação (r* e ∆G*); Transformação de Fases em Metais Variação de Energia Livre Crítica, ΔG* ✓ ∆Gv é, portanto, função da temperatura. 16 Onde, ∆Hf é o calor latente de fusão e Tm a temperatura de fusão. Substituindo nas equações anteriores: Transformação de Fases em Metais Variação de Energia Livre Crítica, ΔG* ✓ ∆Gv é, portanto, função da temperatura. 17 ΔG* é função da temperatura! Transformação de Fases em Metais Número de Núcleos Estáveis, n* ✓ n* é o número de núcleos estáveis em uma dada temperatura. 18 O efeito da temperatura no numerador (ΔG*) é maior que no denominador, por isto, n* aumenta com a diminuição da temperatura. Transformação de Fases em Metais Número de Núcleos Estáveis, n* 19 Núcleos estáveis T1 T2 T1 > T2 Transformação de Fases em Metais Frequência de Agrupamento, Vd ✓ vd é a frequência na qual os átomos próximos ao embrião se agrupam para formar um núcleo, é dado por: 20 Onde, Qd é a energia de ativação para a difusão (independente da temperatura). A difusão difusão aumenta com a temperatura! Transformação de Fases em Metais Frequência de Agrupamento, Vd 21 • A dependência de Vd na temperatura é a mesma do coeficiente de difusão. • Uma redução na temperatura resulta em uma redução em Vd. Transformação de Fases em Metais Taxa de Nucleação, N 22 Quanto menor a temperatura, maior n* e menor Vd → a taxa de nucleação é proporcional ao produto destas duas curvas. Transformação de Fases em Metais Taxa de Nucleação, N 23 Taxa máxima de nucleação. N aumenta com a redução da temperatura devido ao aumento da força motriz para a nucleação, ∆G*. N diminui devido a uma redução da mobilidade atômica em baixas temperaturas. Transformação de Fases em Metais Super-resfriamento 24 Pela figura, observa-se que até determinado ponto, uma taxa de nucleação apreciável (ex: solidificação) ocorre com o aumento de ∆T; Este fenômeno é chamado de super- resfriamento. Transformação de Fases em Metais Super-resfriamento O super-resfriamento para a nucleação homogênea pode ser bastante elevado. 25 Transformação de Fases em Metais Nucleação heterogênea ✓ Em situações práticas o super-resfriamento não é tão elevado; ✓ Motivo: a energia de ativação para a nucleação, ∆G*, é reduzida quando o núcleo é formado em uma superfície pré-existente. 26 Transformação de Fases em Metais Nucleação Heterogênea versus Nucleação Homogênea 27 Transformação de Fases em Metais Nucleação Heterogênea versus Nucleação Homogênea ✓ O raio crítico é o mesmo para os dois tipos de nucleação; ✓ A energia de ativação é menor para a nucleação heterogênea; ✓ Para um mesmo super-resfriamento, a taxa de nucleação é maior na nucleação heterogênea. 28 Transformação de Fases em Metais Nucleação heterogênea 29 Transformação de Fases em Metais Crescimento, G ✓ Em uma transformação de fase, o crescimento ocorre após o embrião atingir o raio crítico; ✓ A taxa de crescimento, G, depende da difusão atômica, consequentemente, a taxa de crescimento é determinada pela taxa de difusão e depende da temperatura: 30 Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 31 Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 32 Muitos fenômenos físicos podem ser explicados pela análise da curva da figura ao lado. Qual o tamanho de partícula em uma transformação ocorrendo próximo a Tm? Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 33 Muitos fenômenos físicos podem ser explicados pela análise da curva da figura ao lado. Qual o tamanho de partícula em uma transformação ocorrendo próximo a Tm? Baixa taxa de nucleação, núcleos que crescem rápido → microestrutura com cristais grandes →menor quantidade. Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 34 Muitos fenômenos físicos podem ser explicados pela análise da curva da figura ao lado. Em temperaturas bem abaixo da Tm? Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 35 Muitos fenômenos físicos podem ser explicados pela análise da curva da figura ao lado. Em temperaturas bem abaixo da Tm? Alta taxa de nucleação e baixa taxa de crescimento. Transformação de Fases em Metais Taxa de Transformação 36 Nota: Embora o tratamento utilizado para explicar a taxa de transformação tenha sido aplicado para o processo de solidificação, o mesmo princípio pode ser utilizado para outros tipos de transformação (ex: sólido-sólido, sólido-gás). Transformação de Fases em Metais Curva C O tempo requerido para que um determinado grau de transformação ocorra (ex: 50%, t0,5) é inversamente proporcional à taxa de transformação. 37 Transformação de Fases em Metais Curva C 38 A cinética das transformaçõesde fases são normalmente plotadas em curvas com este formato (em C). Transformação de Fases em Metais Curva C 39 O que pode ocorrer se resfriarmos rapidamente??? Lembrando que a curva vermelha é a taxa de transformação em condições de equilíbrio. Transformação de Fases em Metais Considerações Cinéticas das Transformações de Fases Cinética: Envolve a dependência do tempo nas transformações de fases; Os dados cinéticos são obtidos e plotados em curvas fração de transformação em função do logaritmo do tempo para um temperatura constante. 40 Transformação de Fases em Metais Curva S 41 Transformação de Fases em Metais Curva S 42 Esta é uma curva tipo-S (transformação vs log, t) para uma dada temperatura. O que deve ocorrer com a curva em temperaturas menores??? Transformação de Fases em Metais Curva S 43 Por convenção, a taxa de transformação é definida como o inverso do tempo para 50% de transformação. Transformação de Fases em Metais Diagramas de Transformação Isotérmica A maioria das transformações de fases necessitam de um tempo para completar a transformação e a taxa de transformação é importante para a relação entre tratamentos térmicos e desenvolvimento de microestruturas. 44 É uma limitação dos diagramas de fases! Transformação de Fases em Metais Diagramas de Transformação Isotérmica Como visto a aula de diagrama de fases, durante a reação eutetóide, a austenita (%C intermediário) se transforma em ferrita (%C baixo) e cementita (%C alto); Austenita→ Perlita (ferrita + cementita) 45 Transformação de Fases em Metais Diagramas de Transformação Isotérmica 46 A temperatura tem um papel importante na formação da perlita! Transformação de Fases em Metais Diagramas de Transformação Isotérmica ✓ Existe uma forma mais conveniente de representar a dependência do tempo e da temperatura nesta transformação. 47 Transformação de Fases em Metais Diagramas de Transformação Isotérmica ▪ Existe uma forma mais conveniente de representar a dependência do tempo e da temperatura nesta transformação; 48 Este diagrama é conhecido como diagrama TTT (tempo- temperatura-transformação) Transformação de Fases em Metais Diagrama TTT - Perlita 49 Fe-C composição eutetóide. Transformação de Fases em Metais Diagrama TTT - Perlita 50 Por que ocorre a formação de perlita fina e perlita grossa quando modificamos a temperatura da isoterma? Existem diferenças nas propriedades mecânicas? Por quê? Transformação de Fases em Metais Perlita 51Perlita grosseira Perlita fina Transformação de Fases em Metais Bainita (microconstituinte) 52 A bainita também é constituída por ferrita e cementita, no entanto, é formada em temperaturas mais baixas (entre ≈215 e 540 °C). Transformação de Fases em Metais Bainita (microconstituinte) 53 Faça um tratamento térmico em um aço eutetóide para obter uma estrutura totalmente bainítica. Transformação de Fases em Metais Esferoidita Se mantermos um aço abaixo da temperatura eutetóide (≈700 °C) por um tempo relativamente grande (entre 18 e 24 horas), obtemos uma microestrutura formada por cementita na forma globular envolvida por uma matriz ferrítica; 54 Transformação de Fases em Metais Esferoidita 55 A força motriz para a formação da cementita na forma globular ou esferoidal é a redução da área de contorno (interfase) entre as fases ferrita e cementita. Transformação de Fases em Metais Martensita ✓ A martensita é formada quando um aço austenitizado é resfriado rapidamente até baixas temperaturas (ambiente); ✓ É uma fase metaestável; ✓ A transformação martensítica ocorre quando a taxa de resfriamento é rápida o suficiente para prevenir a difusão de carbono. 56 Transformação de Fases em Metais Martensita 57 Tetragonal de corpo centrado A morfologia da martensita também pode ser diferente dependendo da composição e do processamento do metal. Martensita na forma de ripas (tipo folha de grama) Martensita na forma de placas paralelas. Transformação de Fases em Metais Martensita 58 A temperatura de início da transformação martensítica varia conforme a composição da liga. Transformação de Fases em Metais Comportamento Mecânico - Perlita ✓ A cementita é mais dura e frágil que a ferrita; ✓ Controlando as frações de ferrita e cementita na perlita, podemos modificar a resistência mecânica do aço. 59 Transformação de Fases em Metais Comportamento Mecânico - Perlita 60 Transformação de Fases em Metais Comportamento Mecânico – Perlita vs Esferoidita 61 Transformação de Fases em Metais Comportamento Mecânico – Perlita vs Bainita 62 Transformação de Fases em Metais Comportamento Mecânico – Martensita 63 Dentre as fases/microconstituintes que as ligas Fe-C podem apresentar, a martensita é a que apresenta maior dureza e menor ductilidade. Estas propriedades estão associadas com o endurecimento por solução sólida provocado pelo carbono. Transformação de Fases em Metais Martensita Revenida Novo microconstituinte: Durante o aquecimento a martensita é transformada em um novo microconstituinte, um agregado de ferro e cementita (sorbita ou martensita revenida); A martensita revenida é quase tão dura quanto a martensita, porém, bem menos frágil. 64 Transformação de Fases em Metais Martensita Revenida 65 Martensita revenida. 1000x Transformação de Fases em Metais Exemplos de Tratamentos Térmicos 66 Martempera Austempera Transformação de Fases em Metais Exemplos de Tratamentos Térmicos 67 Transformação de Fases em Metais Resumo das Possíveis Transformações 68
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