Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EMPREENDEDORISMO E-book 2 Alessandra Simões Neste E-book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 Identificando ideias e avaliando oportunidades ��������������������������������������������4 Buscando novas ideias ����������������������������������������� 10 Conceitos básicos sobre negócios e empresas ��������������������������������������������������16 A influência dos ambientes ���������������������������������� 17 Dificuldades durante o caminho do negócio ������� 20 Conceito e classificação das empresas �������������� 22 O Microempreendedor Individual ������������������������� 27 Considerações finais�������������������������������29 Síntese ����������������������������������������������������������31 2 E-book 2 Compreendendo o mundo dos negócios E-book 2 INTRODUÇÃO Agora você entrará no mundo dos negócios! Primeiramente vamos abordar o processo de geração de ideias, diferenciando-o do conceito de oportunida- de de negócio e salientando a importância de cada um. Também vamos conhecer algumas técnicas uti- lizadas para criar ideias, assim como algumas dicas para facilitar o processo de geração delas. A seguir, você conhecerá os conceitos básicos sobre negócios, como os ambientes macro e micro podem influenciar os negócios e as dificuldades que o em- preendedor pode encontrar pelo caminho, impedindo ou dificultando a chegada ao sucesso. Na sequência será apresentado o conceito de empresa, sua classi- ficação em porte e suas fases. Para finalizar, serão apresentadas observações iniciais sobre microem- preendedor individual, promovendo o conhecimento, principalmente àqueles que desejam empreender um dia e não se encaixam no porte de empresa. Durante a leitura, serão apresentados materiais extras através de caixas complementares e podcasts, que trazem conteúdo para aprimorar seu conhecimen- to por meio de reportagens ou exemplos reais de empreendedorismo. Este material tem como objetivo apresentar a você o mundo dos negócios e das empresas, promovendo a discussão sobre o papel fundamental das ideias e das oportunidades no processo empreendedor, além de incentivar a busca por mais conhecimento na área. 3 IDENTIFICANDO IDEIAS E AVALIANDO OPORTUNIDADES O primeiro momento do processo de empreender é identificar uma ideia e avaliar as oportunidades de negócio, tendo em mente que são coisas distintas. A ideia não é necessariamente única, enquanto a oportunidade é, sendo o mais importante definir como o empreendedor vai utilizar sua ideia, transfor- mando-a em produto ou serviço (DORNELAS, 2018). O empreendedor precisa saber que por mais que sua ideia seja boa ela nunca será única no mundo dos negócios e que concorrentes aparecerão. Sendo assim, é importante que o empreendedor discuta sua ideia com pessoas de confiança, para que a mesma seja analisada sob outro ponto de vista, além de criar possibilidades de testá-la junto a clientes em poten- cial, com amigos ou com outros empreendedores que sejam mais experientes (DORNELAS, 2018). Ideias surgem aos montes e sozinhas não chegam a lugar nenhum no mundo dos negócios. O importante é discuti-las, avaliando as possibilidades de desenvol- vimento a partir da identificação de oportunidades de negócio para elas, somente assim o empreendedor saberá se vale a pena continuar ou não com o projeto. Para Mendes (2017), muitas ideias podem surgir de maneira inesperada, mas cabe ao empreendedor ter 4 perspicácia para analisar e entender a oportunidade como possibilidade de negócio. De maneira simples, se existe cliente para o que sua ideia se propõe a ofe- recer, seja produto ou serviço, existe oportunidade. As oportunidades, muitas vezes, podem ser únicas, e o empreendedor pode não as notar, seja para desen- volver um produto novo, conquistar um novo mercado ou estabelecer parcerias para seu negócio. Dornelas (2018) apresenta um caso real, que nos dá a noção da diferença entre uma ideia e uma oportunidade e o quanto esta última é importante para o sucesso do negócio: O caso é sobre um grupo de empreendedores jovens que desenvolveram um software de automação comercial para pequenos estabe- lecimentos. O desejo era desenvolver um sof- tware o mais completo possível, com várias funcionalidades, sendo possível customizá- -lo para cada cliente. Acreditavam que essa customização seria um diferencial na hora de conquistar os clientes. Inicialmente, consegui- ram clientes que aceitaram financiar o desen- volvimento do primeiro módulo, porém cada cliente tinha uma necessidade que queria ver atendida pelo produto. Assim, já começaram o empreendimento com problemas, pois não conseguiam atender a todos os clientes com suas particularidades. Também por isso, não conseguiam aumentar a carteira de clientes, pois eram apenas três pessoas na equipe. 5 Sem aumentar a receita com a captação de novos clientes, pois não havia mão de obra suficiente para atender, o trabalho estava atra- sado. Ao mesmo tempo, um empreendedor da área de informática visitou um dos clientes, viu o software e gostou da ideia, iniciando o desenvolvimento de um software básico de automação, sem muitas funcionalidades e sem a customização. Pronto! O empreendedor estabeleceu parcerias com sindicatos, que passaram a recomentar o software, e isso fez com que suas vendas se multiplicassem. Assim foi possível contratar mais funcioná- rios e dar suporte aos clientes, ampliando os serviços ofertados com novos módulos. Na contramão disso, os jovens empreendedo- res que desenvolveram a ideia inicialmente tiveram que encerrar as atividades por não conseguir atender os seus primeiros clientes com suas particularidades no software. Fica claro aqui que a ideia dos jovens era uma boa ideia de negócio, porém estes não souberam identificar a oportunidade com a necessi- dade de atendimento do mercado, o que foi feito por outro empreendedor mais experien- te. Podemos concluir que nem sempre ter a ideia primeiro é garantia de sucesso, mas sim identificar a necessidade do mercado e saber atendê-la antes de qualquer outro. Isso é a oportunidade de negócio. 6 Conhecer o mercado para o qual se deseja desenvol- ver a ideia de negócio é essencial ao empreendedor que almeja sucesso. Planejar como vai desenvolver essa ideia também é uma fase importante, além de identificar suas fraquezas e deficiências, bem como avaliar os concorrentes potenciais e proteger suas ideais (DORNELAS, 2018). Para auxiliar nessa identificação do mercado e da oportunidade, Dornelas (2018) apresenta algumas questões que devem ser respondidas pelo empre- endedor inicialmente. Caso não consiga responder, terá somente uma ideia e não uma oportunidade: • Quem são os clientes que comprarão o serviço ou produto? • Qual o tamanho do mercado em número de clientes? • Esse mercado está crescendo, estável ou parado? • Atualmente já existe alguém atendendo a esses clientes, ou seja, já existem concorrentes? O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também coloca algumas questões para se- rem respondidas pelo empreendedor que o auxiliará na análise da oportunidade de negócio: • Realmente existem interessados em comprar o que o negócio se propõe a vender? • O preço que estão dispostos a pagar compensa todos os custos e ainda gera lucro? 7 • Esse lucro, ao longo do tempo, compensa todos os gastos investidos no negócio e gera algum retorno ao empreendedor? • O empreendedor está disposto a mudar seu estilo de vida, caso o mesmo venha a ser alterado por seu negócio? Mendes (2017) também salienta a importância de se estudar a oportunidade encontrada antes de se tomar a decisão em relação a empreender ou não, sendo que, para isso, faz-se necessário desenvolver-seum projeto que permita avaliar de forma clara o novo negócio, descrevendo o produto ou serviço de forma detalhada, avaliando a necessidade de uma equipe para desenvolver e detalhar o máximo possível as atividades e recursos necessários para se viabilizar o negócio, bem como o capital que será investido e os possíveis concorrentes. Importante termos em mente que não existem téc- nicas formais para identificar oportunidades. Esse processo resulta da percepção e conhecimento do empreendedor em relação ao produto ou serviço e: [...] envolve prestar atenção à criação e ao al- cance da oportunidade, seu valor real e seu valor percebido, seus riscos e possibilidades de retorno, sua adequação às habilidades, às metas e aos objetivos pessoais e sua vanta- gem competitiva em relação aos demais negó- cios existentes no mercado. Antes de decidir ir em frente ou não, é importante compreen- 8 der os verdadeiros motivos da oportunidade. Finalmente, uma oportunidade deve ser ava- liada sob o ponto de vista do aproveitamento das habilidades e dos objetivos pessoais do empreendedor (MENDES, 2017). Outra dica valiosa é que a ideia deve ser dirigida a um mercado que o empreendedor conheça bem, em áreas que domine ou nas quais já possua experiência profissional (DORNELAS, 2018). Se o empreendedor tiver paixão por uma área que desconheça tecnica- mente, mas é seu desejo de negócio, deve buscar capacitação e adquirir experiência naquilo que lhe dá motivação para se dedicar. Assim terá condições de colocar uma ideia ligada à área em prática, por meio de um planejamento adequado e aproveitando as oportunidades vislumbradas no mercado. SAIBA MAIS Estudar e planejar são as atividades iniciais para quem deseja empreender e ter um negócio pró- prio. Aprofundar-se no tema e conhecer casos de sucesso ajudam a trilhar o caminho do em- preendedorismo, de forma a pular-se obstáculos que outros já enfrentaram anteriormente. Vamos te ajudar dando um pontapé inicial com a repor- tagem: Você foi mordido pelo bichinho do em- preendedorismo? Siga essas dicas, que auxilia quem deseja iniciar esse longo processo, com algumas dicas valiosas. Acesse através do link: https://revistapegn.globo.com/Como-comecar/ noticia/2018/11/voce-foi-mordido-pelo-bichinho- -do-empreendedorismo-siga-essas-dicas.html 9 Ter talento e vocação para os negócios são caracte- rísticas atribuídas aos empreendedores de sucesso. Mas sabemos que de nada adianta ter essas carac- terísticas se não houver preparo e dedicação. O ta- lento pode advir do estudo e do preparo e requer dedicação para que o negócio resulte em sucesso. Assim foi com vários empreendedores, incluindo Bill Gates. Para conhecer como Gates conheceu a programação, que resultou na Microsoft, atente-se ao podcast 1 e se inspire. Podcast 1 Buscando novas ideias Para gerar uma ideia não basta ser somente criati- vo, como muitos pensam, ou esperar algo aparecer na mente de repente: uma lâmpada que surge na cabeça, como nos desenhos infantis. A busca por novas ideias de negócio e oportunidades reais de mercado ocorre por meio de pesquisa, leitura, análise, discussão, estudo e observação de tudo que ocorre no mundo. A informação é a matéria-prima princi- pal para quem deseja empreender. Mendes (2017) acredita que quanto maior o volume de informações maior será a possibilidade de gerar novas ideias e avaliar as oportunidades. Já Dornelas (2018) afirma que as novas ideias aparecem quando a mente está preparada para isso, onde qualquer fonte de infor- mação será ponto de partida para o surgimento de 10 novas ideias. Sendo assim, este último salienta a importância de se manter bem informado, principal- mente nos dias de hoje, em que a informação está ao alcance de todos e sob diversas formas, como na televisão, rádio, revistas, jornais, livros, sites e outros meios de comunicação (DORNELAS, 2018). Técnicas e dicas auxiliam o empreendedor a desen- volver, avaliar e selecionar as ideais e oportunidades, tendo em vista o volume de informações disponíveis nos dias de hoje. Algumas dessas dicas são apre- sentadas por Dornelas (2018) como: 1. Conversar com pessoas de todos os níveis so- ciais e idades, sobre os mais variados temas, tam- bém pode trazer novas ideias de produtos e serviços. 2. Pesquisar novas patentes e licenciamentos de produtos, em áreas nas quais o empreendedor tenha a intenção de atuar com um novo negócio. 3. Estar atento aos acontecimentos sociais de sua região e até mesmo do mundo. 4. Observar tendências, preferências da população, mudanças no estilo e padrão de vida das pessoas e hábitos. 5. Visitar institutos de pesquisa, universidades, fei- ras de negócios, conferências e congressos da área. Avaliar os negócios que estão surgindo em outras empresas ou buscar saber o que os clientes estão querendo também são possibilidades de encontrar- -se uma ideia ou uma oportunidade de negócios. O 11 importante é estar atento a tudo que está acontecen- do, bem como às tendências tecnológicas que são apresentadas no mercado diariamente. Faz parte do papel do empreendedor de sucesso estar atualizado, sempre. Encontrar função para algo que não deu certo tam- bém é uma maneira de empreender e gerar novos negócios. Foi assim que surgiu o famoso papelzinho que cola e descola, o Post-it. Acesse o podcast 2 e conheça um pouco mais sobre essa outra técnica de gerar ideias. Podcast 2 Em relação às técnicas, Dornelas (2018) indica uma bastante conhecida e fácil de aplicar, o método de brainstorming. Na tradução literal, significa tempesta- de cerebral e se baseia na estimulação das pessoas a gerarem novas ideias em grupo, a partir de regras preestabelecidas, como: 12 Ninguém pode criticar outras pessoas do grupo, sendo todos livres para expor as ideias que vierem à cabeça. Também podem dar sugestões baseadas em ideias anteriores de outras pessoas. Em cada rodada todos os participantes devem dar uma ideia a respeito do tema em discussão. Crie rodadas para a geração de ideias, quanto mais rodas entre os participantes melhor. Não deve haver um líder e a sessão deve ser divertida, garantindo-se apenas que todos participem. Brainstorming Figura 1: Regras brainstorming. Fonte: adaptado de Dornelas (2018) Uma outra maneira de se fazer as ideias surgirem é por meio da resolução de problemas. As soluções para um problema ou uma necessidade real também são consideradas ideias, que levam o empreende- dor a boas oportunidades de negócio. Para Mendes (2017), “as oportunidades surgem de uma nova ma- neira de resolver um problema ou determinada situa- ção”, ou, ainda, “com a solução em mente, as oportu- nidades se abrem”. Colocar em prática requer que o empreendedor foque na solução e não no problema, além de avaliar se a solução atende a um grande número de pessoas, pois só assim poderá se tornar 13 um novo negócio. Mendes (2017) propõe a prática dessa técnica por meio do raciocínio lógico, que se dá com a avaliação inicial das seguintes questões: • Identificando-se o problema, pensar na solução, mesmo que ela não dependa somente de você. • Ao identificar a solução, verifique se é possível adotá-la para que o problema seja resolvido como um todo. • Se é possível ganhar dinheiro com essa solução, faz-se necessário planejar como essa solução poderá se transformar em um negócio. O mapa mental é outra técnica muito utilizada para a geração de novas ideias ou para organizá-las a partir de ramificações que representam a ligação de uma palavra à outra. Se o empreendedor já tem a ideia em mente, basta escrevê-la no centro de um papel ou documento eletrônico e, a partir de então, escrever ao redor tudo queaparecer em mente e que diz respeito a essa ideia. Após esgotar o surgimento de informações, o empreendedor analisa tudo que escreveu e ordena de maneira lógica. Também serve para organizar o brainstorming. A seguir, o modelo gráfico do mapa mental: 14 Palavra associada 1 Palavra associada 3 Palavra associada 2 Palavra associada 4 Palavra chave Figura 2: Mapa Mental. Fonte: Autor Finalizando este tópico, Mendes (2017) salienta a importância de não se deixar morrer as ideias, pois estas são transformadas em oportunidades, as quais vão movimentar a economia, e que nem todas as téc- nicas e métodos comprovados são 100% adequados. Muitas vezes a oportunidade está na possibilidade de enxergar benefícios onde os demais enxergam somente prejuízos. 15 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE NEGÓCIOS E EMPRESAS A partir do momento em que se decide empreender, colocando-se a ideia e a oportunidade em prática, sendo dono do próprio negócio, um mundo de de- cisões, planejamento e muita dedicação chega ao empreendedor, que deve estar preparado para en- frentar os desafios que virão. Esse preparo requer conhecimento e estudo, principalmente do negócio que se quer propor. Mas, afinal, o que significa o ter- mo negócio? Diversos conceitos são discutidos nas literaturas, acadêmicas ou não, e Chiavenato (2012) apresenta o negócio de forma clara como sendo “um esforço organizado por determinadas pessoas para produzir bens e serviços, a fim de vendê-los em um determinado mercado e alcançar a recompensa fi- nanceira do seu esforço”. Um negócio envolve uma cadeia complexa, con- tendo fornecedores, clientes, entradas, processos e saídas, que produza um produto ou serviço em resposta à oportunidade do mercado, que podem ser (CHIAVENATO, 2012, p. 26): • Produtos: bens de produção, como máquinas, com- ponentes etc.; bens para consumo, como alimentos, eletrodomésticos, roupas etc. 16 • Serviços: bancos, cinemas, escolas, restaurantes, hospitais etc. Ainda segundo Chiavenato (2012), um negócio tem como objetivo lucrar com a venda de produtos ou com a oferta de serviços, atendendo às necessida- des dos clientes. Sendo que essa venda ou oferta de serviços pode acontecer por diversos meios, como diretamente ao consumidor ou através de uma loja física e até virtual nos dias de hoje. O negócio pode buscar atender a um novo mercado, por meio do fornecimento de produtos ou serviços ainda inexistentes, pode apresentar uma nova tecno- logia que impacte os processos de desenvolvimento de algo que já existe, diminuindo tempo ou custo de fabricação, dar uma nova função ou design a produ- tos mais antigos, ou ainda aprimorar algo que já está no mercado, atendendo a um pedido do consumidor ou tentando angariar novos consumidores (MENDES, 2017). A influência dos ambientes Assumir vários riscos, como em relação ao capital financeiro investido, ao tempo e ao esforço dispen- dido, também faz parte do empreendedor que inicia um novo negócio, assim como avaliar os ambientes micro ou macro que o cercam. O ambiente macro é composto por diversas variáveis que interagem entre si, como as variáveis econômi- 17 cas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, ecológicas etc., causando impacto nos negócios (CHIAVENATO, 2012). A seguir, exemplos dessas variáveis: Econômicas: período de desenvolvimento ou recessão, renda per capita, produto interno bruto (PIB), juros, preços, inflação, câmbio, balança comercial etc. Sociais: nível de emprego, educação e saúde, bem como a segurança e o bem-estar, entre outros no ambiente social dos seres humanos. Tecnológicas: desenvolvimento de novos métodos e processos de fabricação, assim como novas máquinas e equipamentos. Culturais: arte, expectativa e tipo de vida. Legais: leis e normas que regulamentam ou impactam de alguma maneira os negócios. Ecológicas: ligadas ao meio ambiente e à sustentabilidade de cada região, pensando no im- pacto aos recursos naturais, como água, terra, clima etc Figura 3: Variáveis econômicas. Fonte: Adaptado 18 Já o ambiente micro é também denominado am- biente de tarefa ou de operações da empresa, onde estão os mercados diretos e por onde se obtém re- cursos e se comercializa seus produtos ou serviços (CHIAVENATO, 2012). A seguir, exemplos desses setores: • Fornecedores: quem fornece os recursos ou insu- mos para o desenvolvimento do negócio, podendo ser financeiros, materiais, tecnológicos etc. • Clientes: destinatário final dos produtos ou serviços. • Concorrentes: outras empresas que disputam os mesmos clientes e até os mesmos fornecedores. • Agências reguladoras: mantêm reguladas as ope- rações dos negócios, fiscalizando e monitorando o desenvolvimento das operações, como sindicatos e outros órgãos governamentais. Percebe-se, assim, que os negócios terão que en- frentar ambientes que sofrem alterações de forma constante e intensa. Cabe ao empreendedor estar preparado e atento aos ambientes que o cercam para saber lidar com essas incertezas e obter sucesso na jornada empreendedora. 19 Dificuldades durante o caminho do negócio Não só os ambientes ao redor dificultam o cami- nho dos negócios. O estágio de seleção do negócio, que surge a partir de uma ideia e da visibilidade de uma oportunidade, não é tão simples quanto pare- ce. Algumas armadilhas podem aparecer durante o caminho do empreendedor, segundo Kuratko (2016, p. 126), podem ser: • Falta de avaliação de objetivos: empreendedores com formação técnica, normalmente, estão apaixona- dos pelas ideias, mas não estudam cuidadosamente sua concepção e não as avaliam de forma objetiva. Todas as ideias devem ser investigadas e analisadas cuidadosamente. • Falta de visão real do mercado: conhecer o merca- do que se deseja atingir é essencial para que o negó- cio tenha sucesso. A estratégia de marketing deve ser desenvolvida para cada estágio do ciclo de vida do produto ou serviço, que deve ser analisado logo no início do planejamento do novo negócio. Tomar ações no momento certo também é fundamental para alavancar o negócio. • Compreensão inadequada dos requisitos técnicos: a ausência de conhecimento técnico pode levar um negócio ao fracasso. Durante a fase de planejamento, dificilmente o empreendedor consegue se aprofundar muito tecnicamente no novo negócio e em todos os processos que o envolvem, porém ao longo do seu 20 desenvolvimento se faz necessário o estudo técnico para que se evite perdas financeiras e de tempo. • Pouca compreensão financeira: algumas vezes os empreendedores não conhecem as estimativas reais para se concluir o negócio ou realizam pesquisas e planejamento inadequados, e acabam com menos recursos financeiros do que se deveria ter. • Falta de originalidade do empreendimento: para ser singular, o negócio deve ser original, ter carac- terísticas e conceitos especiais. Os clientes devem ter ciência de que o negócio é superior ao que já é oferecido no mercado, pois somente assim o esta- belecimento de preços não se torna um problema. • Ignorância sobre questões legais: conhecer as exigências legais dos mercados em que se pretende atuar é fator primordial ao empreendedor que deseja ter sucesso. Cuidar do ambiente de trabalho, para que este seja seguro aos colaboradores, assim como fornecer produtos e serviços confiáveis e seguros, faz parte do planejamento do negócio e deve ser avalia- do cuidadosamente. Observar regras para marcas, patentes, direitos autorais e proteção de invenções e produtos também evita problemas legais. Essas armadilhas, se não superadas de forma eficaz, podem levar o negócio ao fracasso. Alguns fatores também contribuem para o fracasso dos negócios, conforme podemos analisar nos itens a seguir(POR QUE, 2014): • Escolha errada de negócio, sem pesquisar a viabi- lidade e eficiência; 21 • Ausência ou falha no desenvolvimento do plane- jamento do negócio; • Falta de entusiasmo; • Muitos negócios ao mesmo tempo; • Mercado já saturado pelo produto ou serviço ofer- tado pelo negócio; • Ausência de ajuda ou pessoas com pouca experi- ência envolvidas no negócio; • Pouco investimento e preços baixos podem fun- cionar no começo, mas resultam em problemas no fluxo de caixa mais adiante. Essas e outras dificuldades, e fatores de fracasso, podem ser superadas ou nem existirem se o em- preendedor estruturar seu negócio por meio do planejamento prévio, dominando a área em que vai empreender. Conceito e classificação das empresas Estudamos que o empreendedorismo começa a par- tir de uma ideia e uma boa oportunidade que pode virar um negócio. Agora chegou a hora de começar a planejar e colocar as ideias em desenvolvimento. Porém, antes de colocar seu negócio em prática, faz- -se necessário conhecer conceitos que envolvem o mundo das empresas. 22 Segundo Chiavenato (2012), de forma simples, uma empresa é uma unidade do sistema econômico, onde um conjunto de pessoas desenvolve atividades com- binadas com o uso de recursos diversos para que produtos ou serviços sejam produzidos, sendo essa sua principal função. Se pararmos para avaliar, os seres humanos dependem das empresas para satis- fazer suas necessidades sociais, pois é por meio de- las que compramos, pagamos, comemos, viajamos, divertimo-nos, alugamos e vendemos e cuidamos da saúde, entre outros, além de trabalharmos para elas (CHIAVENATO, 2012). Ainda segundo Chiavenato (2012, p. 44), existem ti- pos diferentes de empresas, classificadas de acordo com seu ramo de atuação: Tipo de empresa Industriais Comerciais Prestadoras de serviço Definição Aquelas que vendem mercadorias adquiridas diretamente do produtor, para o consumidor final, por meio do comércio varejista (lojas, supermercados) ou atacadista (grandes distribuidoras). Aquelas que ofertam trabalho especializado, não produzindo mercadorias e sim atividades profissionais, como no setor de transporte, educação e saúde. Aquelas que produzem bens de consumo ou de produção, por meio da transformação de matérias-primas. Podem oferecer produtos para outras empresas ou para consumidores, abrangendo desde pequenos artesãos a grandes indústrias. Exemplos: para o consumidor final – alimentos, produtos de higiene, automóveis, roupas etc. – ou para outras empresas – componentes eletrônicos, ferramentas, matérias químicas e plásticas etc. Figura 4: Tipos de empresas. Fonte: Adaptado 23 As empresas também são classificadas segundo seu tamanho ou porte, por meio de critérios como nú- mero de empregados, conforme a tabela 1, a seguir: Classificação (porte) Indústria Comércio e Serviços Microempresa (ME) Até 19 Até 9 Pequeno porte (EPP) De 20 a 99 De 10 a 49 Médio porte De 100 a 499 De 50 a 99 Grande porte 500 ou mais 100 ou mais Tabela 1: Porte das empresas segundo número de empregados. Fonte: adaptado de SEBRAE-NA/Dieese (2013). Outra classificação muito comum é aquela a partir da receita operacional bruta anual (ROB). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) utiliza essa classificação para promover con- dições especiais ao crédito de acordo com o porte da empresa, conforme a tabela 2 apresenta: Classificação (porte) ROB Microempresa (ME) Menor ou igual a R$360 mil Pequeno porte (EPP) Maior que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões Médio porte Maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande porte Maior que R$ 300 milhões Tabela 2: Porte das empresas segundo receita operacional bruta anu- al. Fonte: adaptado de BNDS (2019). 24 Diferentemente do que aconteceu até a década de 1970, onde a tendência era a de empresas serem de grande porte, atualmente as empresas de porte menor crescem substancialmente em decorrência de fatores como a preferência de consumidores por pro- dutos personalizados no lugar dos bens produzidos em massa, a globalização exigir maior flexibilidade e as novas tecnologias produzirem em escala menor (CHIAVENATO, 2012). No mundo dos negócios, dificilmente uma empresa inicia suas atividades já com um tamanho grande. O mais comum, segundo Chiavenato (2012, p. 54), é passar por fases durante seu ciclo de vida, conforme a seguir: 1. Fase pioneira: início do negócio, onde há poucas tarefas e seus processos são supervisionados e con- trolados de maneira fácil, possibilitando a adequação rápida quando é necessária a mudança. Sua meta principal é a produção e venda, sua estrutura é infor- mal, o estilo da alta administração é individualista, o sistema de controle é por meio de resultados do mercado e a remuneração da gerência acontece por meio da posse e propriedade. 2. Fase de expansão: fase de crescimento e expan- são das atividades, necessitando o aumento do qua- dro de funcionários, aproveitando as oportunidades que surgem. Tem como meta principal a eficiência da operação, sua estrutura é funcional e centralizada, o estilo da alta administração é diretivo, o sistema de controle é por meio de modelos e centros de preço 25 e a remuneração da gerência é por meio de gratifi- cações e salários. 3. Fase de regulamentação: o crescimento das ati- vidades obriga a empresa a estabelecer normas e definir rotinas e processos de trabalho aos diversos departamentos que vão surgindo. A meta principal é a expansão do mercado, sua estrutura é descentra- lizada, o estilo da alta administração é delegativo, o sistema de controle é por centro de lucro e a remune- ração da gerência é através de bonificação individual. 4. Fase da burocratização: o desenvolvimento das operações faz com que a empresa necessite de re- gulamentação de âmbito burocrático, empregando padrões de comportamento dentro das organizações, além de um sistema de regras e procedimentos. Acaba deixando a empresa pouco flexível às mudan- ças. Sua meta principal é a consolidação da empre- sa, sua estrutura é formada por quadro de pessoal e linhas de produto, o estilo da alta administração é observador e monitorador, o sistema de controle é por meio de planos e centros de investimentos e a remuneração da gerência acontece por meio de participação nos lucros e ações. 5. Fase de flexibilização: readaptação à flexibilida- de, por meio de sistemas organizacionais flexíveis, fragmentando as empresas em unidades estratégi- cas de negócios e buscando o retorno às caracterís- ticas das pequenas empresas, fazendo frente assim ao ambiente competitivo. Tem como meta principal a resolução de problemas e a inovação, sua estrutura 26 é formada por rede de equipes, o estilo da alta admi- nistração é participante, o sistema de controle é por meio de metas múltiplas dirigidas e a remuneração da gerência acontece por meio de bônus de equipe. Conhecer e entender essas fases previamente auxilia o empreendedor no planejamento adequado do seu negócio, já prevendo os caminhos por onde irá pas- sar durante sua trajetória empreendedora, podendo, assim, contornar os obstáculos ou ao menos auxiliar a vencê-los. O Microempreendedor Individual Aqui no Brasil, o conceito de microempresa surgiu em 1984, para incentivar e facilitar as operações das empresas com faturamento menor, exigindo poucos documentos relativos ao negócio. Porém, empreendedores que desenvolvem seus negócios de forma individual não se encaixam nesse perfil e, para estes, atualmente, existe a modalidade de Microempreendedor Individual, conhecido também como MEI. Sendo um MEI, o empreendedor passa a ter um cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ), exigênciabrasileira para negócios, e assim tem di- versos benefícios como facilidades nos serviços de bancários, direito a auxílio maternidade às mulheres empreendedoras, aposentadoria, afastamento remu- nerado, isenção para determinados impostos, entre outros (TUDO, 2019). 27 Segundo o Sebrae Nacional (TUDO, 2019), para ser enquadrado como MEI, o negócio do empreendedor deve ter como faturamento anual até R$81.000,00 ou R$6.750,00 mensais, não ser sócio ou ter par- ticipação em outra empresa e ter no máximo um empregado que receba um salário mínimo ou o piso da categoria. Para ser registrado nessa categoria, o empreendedor deve ter seu negócio na área de atuação profissional que consta em uma lista oficial, pois seu objetivo é formalizar a situação de profis- sionais autônomos. Vale salientar que essas regras estavam em vigor no momento em que este material foi desenvolvido, podendo sofrer alterações. FIQUE ATENTO Para se manter atualizado quanto às classifica- ções das empresas, bem como em qual perfil os negócios se encaixam, procure os órgãos gover- namentais da sua cidade, estado ou país, bem como da região onde se quer atuar. Alguns ór- gãos não governamentais também auxiliam, dis- ponibilizando cursos e conteúdo para quem de- seja conhecer o mundo dos negócios. Um deles é o Sebrae, no qual você pode adquirir mais infor- mações acessando: http://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae. 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para entrar no mundo empreendedor e dos negócios, são exigidos do empreendedor muita dedicação e esforço. Ler, pesquisar, estudar, discutir e avaliar o máximo de informações o possível auxilia no proces- so de desenvolvimento de novas ideias de negócio, assim como no processo de encontrar oportunidades para que essas ideias resultem em sucesso. Estar atento ao que acontece no mundo ou em uma região específica, conversar com as pessoas e enten- der suas necessidades e preferências e conhecer as tecnologias e os novos negócios que estão surgindo pode auxiliar na identificação de ideias e oportuni- dades. Algumas técnicas e dicas também auxiliam, mas nada como o estudo e o aprofundamento dos conhecimentos do empreendedor para aumentar as possibilidades de sucesso. Para se iniciar o processo prático do empreendedo- rismo, conhecer os conceitos básicos de negócios e empresas é o ponto de partida, pois permite avaliar o perfil onde o novo negócio se enquadra e quais es- tratégias serão necessárias durante o seu progresso. Conhecer os fatores que fazem parte dos ambientes micro e macro que influenciam o desenvolvimento do negócio também é de grande importância nessa fase inicial. 29 Mesmo que o empreendedor esteja preparado para iniciar o empreendimento, algumas armadilhas e dificuldades farão parte do seu caminho. Conhecê- las pode ajudar a contorná-las ou enfrentá-las sem muitas dificuldades. Por isso sempre o planejamento e a estruturação adequada do novo negócio serão as chaves para se obter sucesso. O empreendedorismo não é para amadores, requer estudo, técnica e planejamento, mas, também, paixão por aquilo que se faz. A chave do sucesso está na dedicação do empreendedor em aprofundar seus conhecimentos. 30 Síntese Apresentar a diferença entre ideia e oportunidade no mundo dos negócios, bem como algumas dicas e técnicas que auxiliam no processo de desenvolvimento dessas ideias; COMPREENDENDO O MUNDO DOS NEGÓCIOS Identificando ideias e avaliando oportunidades Conceitos básicos sobre negócios e empresas Conceituar o termo negócio e avaliar como os ambientes macro e micro podem influenciar o novo negócio. Estudar as dificuldades que o empreendedor pode encontrar durante sua jornada empreendedora, tentando evitar ou ao menos facilitar o caminho daqueles que vão iniciar essa jornada. Apresentar estudos iniciais sobre a empresa e sua classificação de acordo com o tamanho ou a renda. Referências BNDS. Quem pode ser cliente. BNDS, 2019. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/ financiamento/guia/quem-pode-ser-cliente/� Acesso em: 28 abr. 2019. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 4. ed. Barueri (SP): Manole, 2012� DORNELAS, J. Empreendedorismo, transformando ideias em negócios. 7. ed. São Paulo: Empreende, 2018. KURATKO, D. Empreendedorismo: teoria, processo, prática. 10. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. MENDES, J. Empreendedorismo 360º: a prática na prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017. REVISTA PEGN. Você foi mordido pelo bichinho do empreendedorismo? Siga essas dicas. Revista PEGN, 2018. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/ Como-comecar/noticia/2018/11/voce-foi-mordido-pe- lo-bichinho-do-empreendedorismo-siga-essas-dicas. html. Acesso em: 17 abr. 2019. RUIC, G. Inventor conta a história por trás do lendário Post-it. EXAME, 2012. Disponível em: https://exame. abril.com.br/tecnologia/inventor-conta-historia-por- -tras-do-lendario-post-it/. Acesso em: 26 abr. 2019. SEBRAE-NA/Dieese. Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2013. Disponível em https://www. sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/ Anuario%20do%20Trabalho%20Na%20Micro%20e%20 Pequena%20Empresa_2013.pdf. Acesso em: 27 abr. 2019. SEBRAE. Por que os empreendedores falham? Concurso Sebrae/SC, 2014. Disponível em: http:// concurso.sebrae-sc.com.br/2014/06/27/porque-os- -empreendedores-falham/. Acesso em: 28 abr. 2019. SEBRAE. O início de um novo negócio: Um alerta ao empreendedor. Sebrae. Disponível em: http:// www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_ CHRONUS/bds/bds.nsf/BD9542E6A53D191A03257 14700665954/$File/NT00031FEE.pdf. Acesso em: 28 abr. 2019. SEBRAE NACIONAL. Tudo o que você precisa sa- ber sobre o MEI. Sebrae Nacional, 2019. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ sebraeaz/o-que-e-ser-mei,e0ba13074c0a3410VgnVC M1000003b74010aRCRD. Acesso em: 28 abr. 2019. _GoBack Introdução Identificando ideias e avaliando oportunidades Buscando novas ideias Conceitos básicos sobre negócios e empresas A influência dos ambientes Dificuldades durante o caminho do negócio Conceito e classificação das empresas O Microempreendedor Individual Considerações finais Síntese
Compartilhar