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COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 1 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Entender a origem do empreendedorismo e as formas como os empreendimentos foram organizados em seus primórdios é uma necessidade para futuros administradores, pois assim podem entender as mudanças, as evoluções e as necessidades de atuação na atualidade de forma mais contextualizada. Os objetivos desta aula são apresentar o histórico do empreendedorismo, correlacionando-o ao surgimento do sistema capitalista de produção; apresentar conceitos e diferenças entre empreendedorismo, empreendimento, empreendedor e intraempreendedor; diferenciar os tipos de empreendedores existentes; conceituar e distinguir as funções do administrador, empreendedor e gestor; e, por fim, discutir as características do empreendedor e intraempreendedor. CONTEXTUALIZANDO Você sabia que, como estudante, você é considerado um empreendedor? Sabe por quê? Todo aquele que tem projetos e dedica-se a iniciá-los e concluí- los é considerado empreendedor. Logo, iniciar e terminar um curso superior é algo para poucos, para aqueles que possuem garra, determinação e muita dedicação, que são características do empreendedor. Mas qual é o seu perfil enquanto empreendedor? Esperamos que o conteúdo desta aula o aproxime dessa resposta. TEMA 1 – HISTÓRICO DO EMPREENDEDORISMO A história do empreendedorismo no mundo se confunde com o surgimento, crescimento e desenvolvimento do capitalismo, pois, com essa forma de organização da produção da vida na terra, muda-se a configuração dos negócios, como são iniciados, como são geridos, para quem estão voltados, o que e como são produzidos os bens e serviços, bem como seus impactos na vida e na organização social. Antes do capitalismo, era o feudalismo o sistema de organização social que se desenvolveu. Tratou-se de um sistema econômico, político e social fundamentado na posse da terra. O senhor feudal era dono de uma grande faixa de terra em suas cercanias e admitia vassalos que se sujeitavam a produzir nas 3 terras do feudo pagando com trabalho, produção e impostos para ali permanecer. O senhor feudal possuía sobre seu feudo poderes jurídicos e políticos. Produzia-se para a subsistência, não havendo grandes excedentes, mas quando estes existiam, fazia-se permuta ou escambo, em que se trocava um produto pelo outro com vistas a satisfazer as necessidades de ambos. A terra era dividida em setores ou partes, conforme podemos observar na Figura 1: Figura 1 – Organização de um feudo Crédito: Magnon Almeida A tentativa de integrar-se a um feudo deu-se no sentido de buscar proteção e segurança, coisa que já não se podia encontrar nos povoados da época. Mas, aos poucos, a terra foi perdendo seu vigor, pelo uso constante sem o devido tratamento e correções, pelas enchentes e por causa dos desmatamentos e uso contínuo do solo. A produção era artesanal: o vassalo ia à natureza, retirava elementos que lhe fossem úteis para a produção de algum objeto ou produto e fazia todo o processo até ter em suas mãos o que havia planejado. O desgaste da terra, a baixa produção e o aumento de impostos contribuíram para o descontentamento dos vassalos, que começaram a migrar 4 para os povoados e cidades mais próximas. Nesses espaços, a sobrevivência era tão ou mais complicada que na área rural. As necessidades de itens básicos, como roupas e comida, não era mais como no passado. Não era possível produzir tudo o que se precisava, muito menos trocar uma coisa pela outra. Aos poucos, a forma de organização social, econômica e política vai se transformando e surge, a partir do século XVII, o capitalismo. Nesse novo sistema, os donos do capital possuem os meios de produção (local, máquinas e utensílios e o capital, é claro) e ao homem “comum” só lhe resta a venda de sua força de trabalho para apresentá-la como moeda de troca com o capitalista. Assim, um tem o poder financeiro para adquirir a força de trabalho do outro e dela se apropriar, mediante salário e dela fazer o uso que lhe aprouver. O capitalismo baseia-se na posse e na administração do capital. Aqueles que o possuem têm o poder dos meios de produção e, por isso, controlam como irão organizá-lo para obter lucro, o que é algo novo na relação homem/trabalho, pois no feudalismo o pagamento era feito com parte do que se produzia e por meio do pagamento impostos; agora, o trabalhador tem de vender sua força de trabalho em troca de um salário. Ele não é mais o dono dos meios de produção, como quando era o artesão, que dominava o processo do início, meio e fim. Agora lhe resta vender sua força de trabalho, sujeitar-se ao capitalista que, por meio de seu esforço, produz o lucro. Vários foram os fatores que contribuíram para o surgimento e a estruturação do capitalismo como organização social, econômica e política, mas com certeza as revoluções industriais constituíram em marcos, em fatores que impulsionaram essa nova forma de organização. As revoluções industriais foram mudanças significativas advindas de invenções ou melhorias em máquinas, utensílios, equipamentos, fontes de energia, processos e especialmente na organização do trabalho que possibilitaram o surgimento e a estruturação do capitalismo como forma de organização da produção da vida material na terra. A seguir, apresentamos as características e respectivas influências dessas Revoluções sobre a forma de organização de produção. Para tanto, utilizaremos das descrições feitas por Chiavenato, em seu livro Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações, de 2003. 5 O autor inicia sua explanação destacando que foi a invenção da máquina a vapor por James Watt e sua utilização junto aos processos produtivos que levaram a uma nova concepção de trabalho. Segundo ele, esse equipamento “modificou completamente a estrutura social e comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social” (Chiavenato, 2003, p. 33). Essas alterações não se processaram do dia para a noite, mas foram profundas e marcaram uma nova forma de utilização da energia, não mais à mercê do tempo, em termos climatológicos, pois sim deu ao homem a supremacia de poder ter à sua mão outra forma de energia, a qual podia ser controlada, condicionada à vontade humana, e não como ocorria até então, em que um navio se movimentava graças ao vento, que se não fosse forte o suficiente, deixava a embarcação parada. Os moinhos sofriam do mesmo mal: quando os rios tinham seus níveis reduzidos, as atividades eram prejudicadas. Com o advento dessa importante máquina para a história humana, há um controle maior sobre o fornecimento de energia. Segundo Chiavenato (2003, p. 33), a Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra e pode ser dividida em duas épocas: • 1780 a 1860: 1ª Revolução Industrial ou revolução do carvão e do ferro; • 1860 a 1914: 2ª Revolução Industrial ou do aço e da eletricidade. Quadro 1 – Quatro fases distintas da Revolução Industrial Fase Data Acontecimentos relevantes 1ª Fins do século XVIII Máquina de fiar – Hargreaves (1767) Tear hidráulico – Arkwright (1769) Tear Mecânico – Cartwright (1785) Descaroçador de algodão – Whitney (1792) Todas substituíram o trabalho muscular do homem, do animal ou da roda de água. Aumentaram em muitas vezes a produtividade. 2ª Meados de 1776 Invenção da máquina a vapor por Watt Aplicação do vapor às máquinas. De oficinas a fábricas. Relevantes transformações nos transportes, nas comunicações e na agricultura. 3ª Final do século XVIII e início do XIX Desenvolvimento do sistema fabril. Sai de cena o artesão e entra em seu lugar o operário. Surgimento de fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho. Novas indústrias em detrimento da atividade rural. Migraçãodas áreas agrícolas para as proximidades das fábricas levando à urbanização. (continua) 6 (continuação do Quadro 1) 4ª Início do século XIX Aceleramento dos transportes e das comunicações. Surgimento da navegação a vapor – Robert Fulton (1807) Surgimento da Estrada de Ferro na Inglaterra (1825) Telégrafo elétrico – Morse (1835) Telefone – Graham Bell (1876) Aparecem os efeitos do enorme desenvolvimento econômico, social, tecnológico e industrial. Fonte: Chiavenato, 2003. Como já descrito, a partir de 1860, a Revolução Industrial passa para a segunda fase, influenciada pelos seguintes eventos: • Aparecimento do processo de fabricação do aço (1856); • O aperfeiçoamento do dínamo (1873); • Invenção do motor de combustão interna (1873). Segundo Chiavenato (2003), as características da 2ª Revolução Industrial foram as seguintes: • Substituição do ferro pelo aço como material industrial básico; • Substituição do vapor pela eletricidade e derivados de petróleo como fontes de energia; • Desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador; • Crescente domínio da indústria pela ciência; • Transformações radicais nos transportes e nas comunicações; • Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista, que sai do capitalismo industrial para o capitalismo financeiro. Chiavenato (2003, p. 34) ainda afirma que “A calma produção do artesanato – em que os operários se conheciam e eram organizados em corporações de ofício regidas por estatutos –, foi substituída pelo regime de produção por meio de máquinas, dentro de grandes fábricas. Em função disso, houve uma súbita transformação”. A transformação foi o surgimento das empresas capitalistas, que reuniam no mesmo espaço físico máquinas, equipamentos, utensílios, matéria-prima e especialmente os trabalhadores, que agora deveriam seguir regras e normas impostas pelos capitalistas, como quantidade de horas trabalhadas, quantidade a ser produzida, atendimento a padrões a serem produzidos. 7 1.1 Fases do capitalismo 1.1.1 Capitalismo comercial Nessa fase, o que se busca é expandir os territórios de comercialização dos produtos manufaturados. É a época das grandes navegações e expansão de negócios para outros continentes, bem como do domínio de outros territórios e países, conhecido como a busca e domínio de novas colônias. 1.1.2 Capitalismo industrial É uma das marcas do final do século XIX e início do XX. É o momento das grandes corporações, conglomerados e empresas. Graças às revoluções industriais, foi possível a organização de grandes estruturas fabris. Os produtos industrializados eram comercializados nos centros urbanos, que só cresceram nessa época e também serviram para exportação e comercialização junto às colônias dos países centrais, das quais provinham as matérias-primas e metais preciosos. 1.1.3 Capitalismo financeiro Segundo alguns autores, ele é fruto da junção do capitalismo industrial, grandes conglomerados, com o capital financeiro proveniente da abertura do capital em bolsa, de financiamentos para a estruturação de grandes negócios e perdurou durante quase todo o século passado. 1.1.4 Capitalismo informacional Resultado das novas tecnologias, especialmente o advento e o desenvolvimento da internet e sistemas computacionais. O controle do mundo dos negócios é possível hoje na palma da mão com os smartphones, computadores, tablets e notebooks. As novas tecnologias levaram as relações do capital com o mercado para novos patamares. 1.1.5 Capitalismo contemporâneo Ainda têm forte impacto as novas tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas, com níveis de controles nunca vistos, com possibilidades de controle 8 e comando presentes nas mãos de quem tem o capital ou seus representantes. Esse momento também é marcado por novos modelos de negócios, inovadores e diferentes, que, segundo alguns observadores de tendências, pode ser o início de uma nova fase, do consumo consciente, do compartilhamento, dos negócios sustentáveis, da economia criativa e também solidária, temas que veremos posteriormente. A seguir apresentaremos conceitos de empreendimento, empreendedores e empreendimento. TEMA 2 – CONCEITOS E CONTEXTO Vamos iniciar pelo conceito que dá nome à área da administração que estuda a estruturação de negócios, o perfil de quem os inicia, seus motivos, a conjuntura em que esses negócios têm origem e são geridos: trata-se do campo do empreendedorismo, que se preocupa e cuida desses assuntos. Para Biagio (2012, p. 13), “empreendedorismo é a área de conhecimento dedicada a estudar os processos de idealização de empreendimentos, destacando tanto o valor de uma ideia como a sua capacidade de agregar valor ao que já existe (produto e processo)”. Já empreendedor é toda pessoa que possui um projeto, dedica tempo e energia, podendo gastar dinheiro para tornar seu projeto uma realidade. Podemos usar como exemplo aquele que busca um curso superior para aumentar sua qualificação, quem se planeja para comprar um automóvel, fazer uma viagem importante, realizar um projeto em sua comunidade, melhorar sua capacitação por meio de algum curso específico. Tudo isso é empreender, pois sem planejamento, organização, dedicação e comprometimento nenhum desses projetos sairá da mente ou do papel. Ele não é somente um fundador de novas empresas, o construtor de novos negócios ou o consolidador e impulsionador de negócios atuais. Ele é muito mais do que isso, pois proporciona a energia que move toda a economia, alavanca as mudanças e transformações, produz a dinâmica de novas ideias, cria empregos e impulsiona talentos e competências. Mais ainda: ele é quem fareja, localiza e rapidamente aproveita as oportunidades fortuitas que aparecem ao acaso e sem pré-aviso, antes que outros aventureiros o façam. (Chiavenato, 2012, p. 3) O conceito clássico do que é ser empreendedor é aquela pessoa que inicia um novo negócio ou compra um já existente, dedicando-se para que o 9 empreendimento seja um sucesso. As características do empreendedor e sua forma de atuação passaram por grandes transformações nos últimos 200 anos. E o empreendimento, o que é? É todo e qualquer projeto do empreendedor, que possa ser a modelagem de um negócio, a elaboração de um plano de negócios, o início de um negócio em si, a compra de uma empresa já existente, uma viagem, a construção de uma casa, a compra de um carro. Assim, fica claro que o empreendimento é o que move o empreendedor na direção de seus objetivos. Os conceitos são diversos e alguns bastante amplos, mas em geral tratam de uma figura reconhecível quando estamos diante dela, seja por seu comportamento, seja pela sua motivação e empolgação, seja pela paixão que demonstra por seus projetos. Mas quando conhecemos de fato os empreendedores, vemos que, além dessas características, essas pessoas são também racionais e com visão de longo prazo. São empreendedores, mas não iguais em seu perfil, pois existem tipos diferentes, e é a esse tema que nos dedicamos a seguir. TEMA 3 – TIPOS DE EMPREENDEDORES A depender do autor que se consulte, teremos a apresentação de alguns tipos de empreendedores, pois esses podem variar, a depender de quem escreve e no que se baseia. Quando optamos em descrever perfis, estamos apenas destacando algumas características que se evidenciam em umas pessoas e não em outras, pois somos resultantes dos aspectos biopsíquicosociais, e esses perfis podem apresentar variações, a depender justamente desses fatores. A seguir, apresentamos diversos tipos de empreendedores, descritos por Dornelas (2015) em seu livro Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor de sucesso: 10 Quadro 2 – Tipos de empreendedores Tipo Descrição do perfil Empreendedor informal (necessidade) É aquele que criaseu empreendimento por necessidade, como meio de subsistência, está desempregado faz tempo, busca uma fonte de renda para manter a si e sua família. São negócios que pouca contribuição ao desenvolvimento econômico oferece. Eles são resultantes das políticas econômicas-sociais dos governos centrais, mas são muito esforçados e guerreiros, pois sabem que o prato de comida seu e o de sua família dependem de seu empreendimento e desempenho. Empreendedor cooperado É mais um associado que se uniu a outras com vistas a ganhar força, a se organizar melhor, a ter algum tipo de apoio. Pode ser um cooperado de periferia que está atuando numa panificadora comunitária, uma empresa de costura, de catadores de recicláveis, entre outros. É uma porta para deixar de ser empreendedor por necessidade e ganhar mais força e autonomia. Muitos destes estão na categoria da economia solidária. Empreendedor individual É o antigo empreendedor informal ou mesmo cooperado que avançou e conseguiu se formalizar, tornando-se um MEI. Aumenta seu faturamento e sua organização e estrutura podem dar passos mais largos com o decorrer do tempo, ou permanecer pequeno, mas estruturado. A grande vantagem é que tem alguma segurança em caso de imprevisto ou doença. Empreendedor franqueado Ele torna-se empresário por meio de uma marca já conhecida no mercado, que se transformou em franquia, pois cresceu e estruturou-se tendo condições de ter outros profissionais tocando seu negócio, mantendo as características e padrões estabelecidos. Há vantagens e desvantagens desse tipo. Uma coisa é certa: trabalha-se tanto ou mais do que ao começar um negócio do zero. Empreendedor social Seu foco maior é o mundo que o cerca. Dedica-se fortemente a construir um mundo melhor, com vistas a fazer a diferença para pessoas, meio ambiente ou animais. É um altruísta. Por vezes, faz sacrifícios pessoais para ajudar os outros e não mede esforços, tempo ou mesmo recursos próprios para fazer o bem. E o que é mais impressionante é que faz tudo isso sem esperar nada em troca. Não busca o lucro, mas resultados financeiros que são aplicados na manutenção do empreendimento e/ou reinvestidos na causa, para fazê-la crescer e prosperar. Empreendedor corporativo (intraempreendedor) É uma figura que se destaca entre os colaboradores por seu grau de motivação, de iniciativa, de disposição para o novo, para superar dificuldades e atuar para fazer a diferença para a corporação e para sua carreira. Ele olha e trata o negócio como se fosse o dono. Empreendedor público São servidores no sentido mais amplo da palavra. Estão dispostos a fugir do estereótipo do típico funcionário público. Tem energia e disposição para servir, para colocar-se no lugar do contribuinte; tem iniciativa e criatividade para fazer a diferença, mesmo com recursos mínimos ou frente às resistências típicas do serviço público. Empreendedor do conhecimento São figuras de destaque em sua área de atuação, mas geralmente não fazem parte de uma empresa; são a própria empresa, como um advogado, psicólogo, médico, atleta, músico. Esses, com base em conhecimentos adquiridos ou que buscaram com seu esforço e dedicação ganham destaque frente aos seus pares. Fonte: Dornelas, 2015 Há alguns subtipos que, conjugados com os descritos acima, podem melhorar nossa percepção sobre os tipos de empreendedores. 11 Quadro 3 – Subtipos de empreendedores Tipo Características Empreendedor nato São populares e bem conhecidos. São criadores de grandes impérios. São visionários e otimistas. São comprometidos em realizar seus sonhos e não medem esforços para isso. Têm como referência seu pai ou mãe e se inspiraram em grandes empreendedores. Empreendedor que aprende Não planejou muito, mas se deparou com uma oportunidade de negócio e resolveu investir. É um aproveitador de oportunidades. Vê-se obrigado a aprender a lidar com sua nova escolha e com as consequências disso. Pode ser aquele que está em busca de uma alternativa para sua aposentadoria. Empreendedor serial Apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas também pelo ato de empreender. Vive criando novos negócios e não fica até se tornarem grandes empreendimentos. É uma pessoa de muito networking. Cria negócios, estrutura equipe e busca financiamento para suas ideias. Motiva-se pelo novo, pois o desafio é o que o move. Empreendedor herdeiro Sua missão é levar à frente o legado de sua família. O desafio do empreendedor herdeiro é multiplicar o patrimônio recebido. Isso tem sido cada vez mais difícil. O empreendedor herdeiro aprende a arte de empreender com exemplos da família, e geralmente segue seus passos. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famílias, preocupados com o futuro de seus negócios, têm optado por buscar mais apoio externo, através de cursos de especialização, MBAs, programas especiais voltados para empresas familiares. Fonte: Dornelas, 2015. E você, identificou-se com qual tipo e subtipo? Quais são suas características como empreendedor? Qual seu estilo? Isso não importa, pois o mais relevante é que tenha energia para sempre se lançar aos seus projetos e torná-los realidade. Se um de seus objetivos é constituir uma empresa, um empreendimento, cabe a você conhecer melhor algumas semelhanças e diferenças entre o conceito e papel do administrador, do gestor e empreendedor, temas da próxima seção. TEMA 4 – ADMINISTRADOR, EMPREENDEDOR E GESTOR Esses três papéis podem ser desempenhados por uma mesma pessoa, ao mesmo tempo ou ao longo de sua carreira. Isso dependerá das suas características pessoais, de sua formação, da carreira que desenvolveu e do mercado em que estiver. É considerado administrador o profissional que se sujeitou a uma formação de nível superior, cursando todas as disciplinas ofertadas no curso que foram baseadas nas DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais, que, para o curso de Administração, se deu por meio da Resolução n. 4, de 13 de julho de 2005, a qual descreve as seguintes competências que devem ser alcançadas: 12 Art. 4º O Curso de Graduação em Administração deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I. Reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão; II. Desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais; III. refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento; IV. Desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais; V. Ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional; VI. Desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável; VII. desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; e VIII. desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e operacionais. Art. 5º Os cursos de graduação em Administração deverãocontemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, conteúdos que revelem inter-relações com a realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e contextualizada de sua aplicabilidade no âmbito das organizações e do meio através da utilização de tecnologias inovadoras. (Brasil, 2005) O administrador, ao passar por esse curso superior, deverá ter condições de fazer a gestão de pequenas, médias ou grandes empresas e poderá atuar em suas principais áreas: gestão de pessoas, marketing, logística, produção, estratégia e financeira. Pode ocupar cargos iniciais na estrutura organizacional, como o de estagiário, podendo desenvolver sua carreira e avançar para outros patamares, como assistente, analista, coordenador, gerente e, a depender de suas competências e resultados alcançados em cargos anteriores, chegar à posição máxima, o cargo de diretor. Já para se tornar um empreendedor não se requer formação específica, pois basta ter o espírito voltado a novos projetos, estar disposto a encarar desafios e dificuldades para colocar em prática seus projetos, o que pode ser inclusive o início de um novo negócio, mas não necessariamente. Pode propor melhorias nas empresas em que atua, resolver problemas em sua comunidade, auxiliar outro empreendedor em seus projetos, ou seja, ser empreendedor tem 13 mais a ver com visão e comportamentos do que com uma formação específica. O que nos faz reconhecer um empreendedor é sua energia para o novo, para se lançar a novos projetos, a se desafiar constantemente, ter coragem para transformar em realidade sonhos. Sua automotivação contagia, arrasta as pessoas em sua direção, agrega conhecimentos e novos olhares para seus projetos. Mas sem formação, sem capacitação e preparação, todo empreendedor sofrerá as consequências disso, pois não obterá o mesmo sucesso em seus projetos ou alcançará resultados pífios. Assim, nada substitui uma formação sólida e de qualidade, a qual dará condições para ele fazer a gestão de seu projeto de forma racional e estruturada, aumentando as chances de sucesso. Essa formação poderá ser na área de gestou ou não, isso dependerá dos objetivos que se pretende alcançar. O gestor, por sua vez, é todo aquele que administra projetos e organizações, atuando nas mais diversas áreas da administração. Ele pode ser formado em administração ou não, mas, por força das circunstâncias, pelas escolhas que fez ou pela busca de objetivos de sua carreira, direcionou-se para a área de gestão, podendo ser apenas um executor das diretrizes tomadas pelo empreendedor ou administrador do negócio ou responsável por uma ou mais áreas dentro de uma empresa. Para Dornelas (2008, p. 18), “existem muitos pontos em comum entre o administrador e o empreendedor. Ou seja, o empreendedor é um administrador, mas com diferenças consideráveis em relação aos gerentes ou executivos de organizações tradicionais, pois os empreendedores são mais visionários que os gerentes”. Assim, seja qual for seu objetivo de carreira, independentemente de aonde pretende chegar, o mais importante é a disposição para superar sempre desafios, estando atento para novos projetos e feitos. O empreendedor sempre estará em destaque em comparação às demais posições e cargos por suas características que o diferenciam dos demais, e é justamente sobre elas que nos dedicamos a seguir. 14 TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR E INTRAEMPREENDEDOR São inúmeras as características que podem ser citadas, pois o empreendedor é um homem/mulher comum que está entre nós em nosso dia a dia, mas tem comportamentos e atitudes que os diferenciam dos demais. São várias também a possibilidade de autores que tratam do tema, bem como, algumas entidades, como o Sebrae, por exemplo. Segundo Dornelas (2008) essas são as características dos empreendedores: • São visionários: veem à frente de seu tempo, pois são informados e comprometidos com seus projetos e têm capacidade de realizá-los; • Sabem tomar decisões: escolhem sempre o caminho que sua razão, emoção e conhecimentos lhes indicam. Implementam suas decisões; • Fazem a diferença: porque aproveitam e desenvolvem o potencial que tem. São incansáveis, comprometidos e dedicados, por tudo isso é que se diferenciam dos demais; • Exploram ao máximo as oportunidades: sempre enxergando além das aparências, são criativos e fazem ligações e conexões inesperadas; • São determinados e dinâmicos: não se cansando diante dos primeiros obstáculos, conseguem cuidar de várias coisas ao mesmo tempo, sabem administrar seu tempo; • São dedicados: sabem que sem essa entrega não chegarão aonde planejaram; • São otimistas e apaixonados: procuram ver sempre o que se pode tirar de bom de uma situação, ainda que negativa; não desistem frente ao primeiro não e contagiam as pessoas à sua volta pela energia que empregam em seus projetos; • São independentes: tomam decisões que julgam serem as melhores para concretizarem seus projetos; • São líderes: se não desenvolverem essa competência, não terão condições de agregar pessoas aos seus projetos. Conseguem unir pessoas em torno de um objetivo; 15 • São bem relacionados: ampliam constantemente sua rede de contatos e a alimentam, procuram ampliar sua rede e estão sempre dispostos a contribuir com os outros; • Planejam, planejam, planejam: dedicam-se ao antes, para que, na hora de executar, possam saber por onde caminhar, por isso usam ferramentas disponíveis para realizar o planejamento de seus projetos; • Possuem conhecimento: adquirido através da dedicação e esforço, porque sabem que o conhecimento impõe respeito e os aproxima do sucesso; • Assumem riscos: por planejarem sempre seus passos, sabem os riscos que correm e estão dispostos a arriscar para se diferenciarem dos demais; • Criam valor para a sociedade: por meio dos projetos que implementam, das suas criações e sua atuação junto ao seu meio. Algumas das características destacadas Tajra (2014): • Iniciativa: não espera as circunstâncias o forçarem a agir, está sempre alerta e atento às ações que devem implementar para garantir a realização de seus projetos; • Persistência: ser empreendedor não é algo fácil, logo, se não persistir e desistir, não concretizará nenhum projeto; • Persuasão: desenvolve, por meio de estudos, vivência e exercício diário, o poder de convencer o outro com argumentos; • Autoconfiança: sabe que se não confiar em sua capacidade de realização e potencial, ninguém o fará. Busca em suas realizações e feitos a referência para autoafirmar que é capaz; • Automotivação: às vezes chega até a exagerar e isso o impede de fazer uma leitura mais racional da realidade, pois se energiza e se motiva constantemente com vistas a manter-se disposto a superar os desafios que enfrentará para chegar aonde planejou; • Criatividade: consegue pensar em coisas inimagináveis, fazer conexões inesperadas, pensar por outros ângulos e encontrar soluções simples, mas efetivas para resolver problemas do dia a dia até aqueles mais complexos. Uma última característica: o empreendedor é humano. Essa afirmação é importante para que não esqueçamos que, acima de tudo, ele tem a mesma 16 natureza que nós, a mesma origem, é da mesma espécie. Ele é um ser comum, que desenvolveu algumas qualidades que, se bem empregadas, lhe possibilitam feitos por vezes de destaque. A seguir, discutiremos intraempreendedorismo, cuja origem, características e fatores influenciam seu desenvolvimento dentro das organizações. 5.1 Intraempreendedor Esse termo está presente na literatura nas últimas duas décadas e até então não era mencionado. Ele faz referência ao empregado que tem uma visão e atuação diferenciada. É aquele que se destaca dos demais por sua iniciativa e disposição para pensar, planejar e executar novos projetos, pois,segundo Hirich; Peters; Shepherd (2009, p. 38), “Na atual era da hipercompetição, a necessidade de novos produtos e o espírito empreendedor tornaram-se tão grandes que cada vez mais as empresas estão desenvolvendo um ambiente intraempreendedor, frequentemente na forma de unidades estratégicas de negócios”. Características das empresas que promovem e valorizam o intraempreendedorismo: • Tem gestão moderna e contemporânea: usam das técnicas e visões mais modernas de gestão para atrair e reter talentos; • Sistemas de recompensas: possuem um programa de recompensas formalizado e divulgado para que os colaboradores saibam o que podem ter em troca de seu comprometimento e ideias; • Patrocinadores disponíveis: têm em seus gestores figuras que incentivam a busca pelo novo; • Comprometimento da alta direção: com criatividade, inovação e implementação das ideias; • Programas de melhorias implementados: para que, de forma organizada e estruturada, cada um possa oferecer sua contribuição; • Pouca burocracia: na análise de projetos inovadores. A análise preliminar não é focada em limitar a criatividade, mas incentivá-la; • Política de Gestão de Pessoas: atual e moderna, estruturada para valorizar o colaborar e lhe dar condições gerais para que ofereça o melhor de si; 17 • Remuneração e benefícios: no mínimo, dentro da média de mercado, para que talentos sejam atraídos e retidos; • Cultura organizacional: focada na liberdade de expressão, na valorização da criatividade, no respeito à diversidade, em lideranças motivadoras e foco em resultados com base nas pessoas; Não é fácil para uma empresa ser considerada uma incentivadora e promotora do intraempreendedorismo, mas é possível, desde que haja boa vontade da direção, dos gestores e da área de gestão de talentos. TROCANDO IDEIAS Leia o trecho de texto a seguir: O intraempreendedorismo influencia diretamente na satisfação do colaborador, auxiliando ainda na retenção de talentos, otimização de recursos e manutenção do capital intelectual. É possível afirmar ainda que essa modalidade de empreendedorismo pode estar condicionada a três aspectos: o perfil dos colaboradores, o ambiente e a cultura organizacional e, finalmente, o papel da liderança. (Krummenauer, 2016, grifos do autor) Na empresa em que você trabalha ou faz estágio, como a cultura organizacional e as lideranças contribuem ou não para o desenvolvimento do intraempreendedorismo? NA PRÁTICA O administrador, com base nos conhecimentos adquiridos nesta aula, poderá pautar seus projetos de carreira e atuação profissional, escolhendo de forma mais consciente qual caminho quer dar à sua vida como empresário ou optará por ser empregado/intraempreendedor. FINALIZANDO Nesta aula discutimos a história e a origem do empreendedorismo, conceitos e contexto, os tipos de empreendedores possíveis, o conceito e diferenças entre administrador, empreendedor e gestor, além das características do empreendedor e intraempreendedor. Cabe ao estudante refletir sobre tudo isso e analisar com qual tipo de empreendedor se identifica mais e buscar desenvolver melhor suas características com vistas a ter maior sucesso. https://endeavor.org.br/lideranca 18 REFERÊNCIAS BIAGIO, L. A.; Empreendedorismo: construindo seu projeto de vida. Barueri, SP: Manole, 2012. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n. 4, de 13 de julho de 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 19 de julho de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces004_05.pdf>. Acesso em 26 abr. 2019. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2012. _____. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios, 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. _____. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor de sucesso Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. Tradução de Teresa Cristina Felix de Souza. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. KRUMMENAUER, A. Como o intraempreendedorismo pode impulsionar a inovação em sua empresa. Endeavor, 6 maio 2016. Disponível em: <https://endeavor.org.br/pessoas/intraempreendedorismo-inovacao- empresa/#>. Acesso em: 26 abr. 2019. TAJRA, S. F. Empreendedorismo: conceitos e práticas inovadoras. São Paulo: Érica, 2014. Prof. Ademir Bueno COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 2 2 CONVERSA INICIAL O empreendedor precisa ter um espírito de pesquisador e se dedicar a buscar informações em órgãos públicos, na internet – maior fonte de dados e informações na atualidade –, em suas redes de contatos, prováveis fornecedores e clientes e também em seus concorrentes diretos e indiretos. Realizando essas pesquisas terá condições de fazer as melhores escolhas e tomar as melhores decisões. O objetivo desta aula é discorrer sobre as fórmulas para identificar oportunidades de negócios, o que deve levar o futuro empreendedor a ver que não existem meios mágicos e é com muita disposição e criatividade que ele encontrará possiblidades de negócios viáveis. Em seguida, apresentamos os fatores que devem ser observados na escolha do negócio e para verificar a viabilidade prévia do negócio. A seguir, apresentamos os diversos tipos de negócios/empresas existentes para que o empreendedor se direcione ao que tenha mais a ver com sua ideia e estrutura. E, para finalizar, discutimos os aspectos legais que devem ser observados e seguidos a fim de formalizar o empreendimento. CONTEXTUALIZANDO Atualmente, ainda temos muitos empreendedores que estão na informalidade, isto é, que não registraram suas empresas, o que acontece especialmente por falta de condições financeiras ou mesmo desinformação. Estar à margem dos aspectos legais traz mais desvantagens do que ganhos, e o empreendedor deve ter essa consciência. Diante de tantas informações, o futuro empreendedor por vezes fica perdido quanto a aonde ir, o que pesquisar e quais fatores são mais relevantes para escolher o melhor negócio, o caminho para formalizá-lo, e como analisar sua viabilidade diante de um mercado tão competitivo. Percorrer uma trajetória que o leve a fazer a melhor escolha é a missão desta aula, e apresentaremos alguns caminhos possíveis para que as escolhas e decisões sejam as melhores. 3 TEMA 1 – IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS As duas principais fontes de identificação de oportunidades de negócios são: disposição e criatividade. A primeira diz respeito à energia da qual o empreendedor sempre deve dispor para trabalhar um pouco mais, ler mais, investigar mais, ser mais curioso, mais observador e, com tudo isso junto, deparar-se com inúmeras situações que demandam novo negócio, seja para criar algo novo ou para melhorar algo que já existe. Com disposição para descobrir oportunidades, entra em cena a criatividade, elemento essencial na busca de respostas aos problemas ou necessidades identificadas. Ela, a criatividade, é a condição para se ter ideias inesperadas, fazer conexões únicas e pensar por um ângulo ainda não visto. Colocada em prática, propicia excelentes resultados ao empreendedor. Para Hisrich (2009), existem várias fontes de novas ideias: Consumidores: estar atento ao que os consumidores querem, seus desejos, necessidades, reclamações e expectativas em relação a novos produtos e serviços pode fazer com que o empreendedor se antecipe e saia na frente dos concorrentes. Pesquisas realizadas por outras empresas e pesquisas informais são uma fonte rica de informações. Produtos e serviços existentes: observar aquilo que o mercadojá oferece, sua estrutura, vantagens, desvantagens, defeitos, deficiências, preço, forma de entrega, embalagem, como funciona o pós-venda, garantia etc. serve de base para se ter ideias de novos negócios, produtos e serviços. Canais de distribuição: como os produtos dos concorrentes são vendidos? Quais canais estão disponíveis para aquisição e depois para entrega? Essas informações podem levá-lo(a) a pensar em formas diferentes de venda e entrega. Você já fez uma assinatura para receber chocolates em sua casa? Recebe algum produto regularmente em sua residência? Hoje há inúmeros produtos que podem ser adquiridos via assinatura. Legislação: o que está mudando (ou mudou) e demanda novos produtos ou serviços? Estar atento à legislação pode fazer com que o empreendedor se antecipe ou aja rapidamente para responder a uma nova necessidade. 4 Pesquisa e desenvolvimento: são fontes inesgotáveis de novas ideias, pois levam à criação de elementos ou produtos que podem revolucionar o mercado. O post-it é um exemplo disso, um case mundial de sucesso, que apenas foi possível por intermédio da pesquisa e desenvolvimento que faz parte dos investimentos da 3M e de sua cultura organizacional. Tendências: não são uma fonte de único acesso; existem inúmeras possibilidades de o empreendedor manter-se informado sobre as tendências e saber para onde o mundo está indo, o que é importante para o mercado e para o consumidor no futuro. Isso pode ser feito pelo empreendedor observando, lendo, conversando com especialistas, participando de feiras, congressos e eventos, não somente de sua área de atuação, mas de todas que estiverem ao seu alcance. Segundo Dornelas (2008, p. 37), negócio junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes (conselheiros), amigos próximos, antes que a paixão pela ideia cegue sua visão analítica do negócio. Uma ideia sozinha não vale nada; em empreendedorismo, elas surgem diariamente. O que importa é saber desenvolvê-las e construir um negócio de sucesso. De acordo com Degen (1989), existem algumas fórmulas para identificar oportunidades de negócios, e, embora sua obra seja da década de 1980, os pontos apresentados a seguir continuam valendo para se vislumbrar novos negócios: Identificação de necessidades: essa é uma fórmula clássica; a maior parte dos negócios deve ser planejada e iniciada para atender às necessidades de seu público-alvo. Mas a área de marketing da empresa pode trabalhar para que um produto inovador seja desejado e percebido pelo consumidor como importante e necessário à sua vida. Observação de deficiências: estar atendo ao que o mercado oferece e entender quais são suas deficiências, em termos de funcionalidade, canais de vendas e entrega, prazos, preço, qualidade, durabilidade e/ou atendimento oferecido, pode levar o futuro empreendedor a pensar em algo que sane parte das deficiências observadas e tenha a preferência do consumidor. Derivação da ocupação atual: aproveitar a experiência que se tem em um segmento como empregado para iniciar um novo negócio é uma 5 possibilidade interessante. Mas, antes disso, faz-se necessária uma autoanálise para ver se todas as áreas da empresa serão atendidas pela experiência do empreendedor. Caso contrário, ou ele se qualifica para tal ou terá de contratar alguém para suprir sua deficiência, que pode ser na área de produção, comercial, gestão de pessoas ou mesmo financeira. Procura de outras aplicações: é colocada em prática por intermédio da criatividade, ou seja, trata-se de olhar para um produto ou serviço e vê-lo transposto para outra utilidade. Exemplo: utilizar a lógica de funcionamento do plano de saúde humana para um plano de saúde pet. Exploração de hobbies: se você gosta de pescar, pedalar, tocar instrumentos musicais etc., você não é o(a) único(a). Aproveitar seu hobby para transformá-lo em negócio é uma possibilidade. Mas tenha claro que hobby é diferente de empreendimento. Deve-se tomar cuidado para que um prazer não se transforme em um lamento. Lançamento de moda: pensar em algo inusitado e fazer com que caia no gosto popular é possível, mas não é fácil. Sem ajuda da mídia ou de alguém famoso, os planos podem não se concretizar. As novelas e programas populares geralmente dão o pontapé inicial, divulgando e valorizando um produto ou serviço. Imitação do sucesso alheio: o raciocínio aqui é o seguinte, se está dando certo para fulano, pode dar certo comigo também. Mas essa análise deve ser abrangente e cuidadosa, pois se não conhecer a trajetória do empreendimento analisado pode deixar de considerar aspectos importantes que fizeram o sucesso acontecer. Por exemplo, tempo de mercado do empreendimento, capacidade financeira , entre outros fatores que pode comprometer um novo negócio. Identificadas as oportunidades de negócios, faz-se necessário estudá-las para fazer a escolha mais adequada e, com isso, minimizar as possibilidades de falhas e possível fechamento precoce do empreendimento. Esse é o tema que discutiremos a seguir. TEMA 2 – FATORES A CONSIDERAR NA ESCOLHA DO NEGÓCIO Existem dois níveis de análise que o futuro empreendedor deve considerar na escolha de seu negócio: nível pessoal e do negócio em si. 6 No primeiro nível – pessoal –, deve-se questionar sobre seus gostos e preferências, aproximações e distanciamentos, prazer e desprazer, satisfação e desmotivação. Ao responder aspectos ligados à personalidade, será possível saber quais negócios se adaptariam melhor ao seu estilo que outros. Se a pessoa gosta de dormir até tarde, curtir o final de semana com amigos, jogar futebol no domingo de manhã e viajar muito, tudo isso pode ser empecilho para um negócio na área de alimentação, um restaurante por exemplo, que exige disponibilidade de horários, finais de semana e sacrifícios pessoais para que funcione adequadamente e tenha sucesso. Se gosta da área técnica, de consertar coisas, de viver no meio de cabos e ferramentas, talvez deva pensar em loja de materiais elétricos, de construção, de consertos residenciais, entre outros. Quando se tem uma ideia de negócio, é praticamente a mesma coisa quando estamos apaixonados, pois diminuímos nossa percepção, analisamos superficialmente as coisas e não colocamos a razão ao nosso serviço. E depois do ponto alugado, será preciso trabalhar muito para transformar uma ideia bonita em um negócio de sucesso. Segundo Chiavenato (2012), algumas perguntas devem ser respondidas: Que volume de capital pretende investir? Em quanto tempo? Que retorno quer (ou precisa) obter? Qual a natureza das atividades de trabalho envolvidas? Quais são suas experiências profissionais? Quais são seus objetivos? Quais são suas atitudes e opiniões a respeito de negócios? Quais são suas características de personalidade? Quais são seus conhecimentos e habilidades? Quanto tempo pode ficar sem receber remuneração mensal? Portanto, não deixe de considerar suas características pessoais na escolha do negócio. Veja os prós e contras, se está disposto a mudar completamente sua rotina, se consegue se adaptar a coisas e hábitos diferentes do quais tem hoje. Se a resposta a todos esses questionamentos forem sim, passe para o segundo nível, a análise do negócio em si. Na análise do negócio, não se deve deixar de considerar os seguintes pontos: 7 Estruturar um novo negócio ou comprar um já existente: se o negócio existente já tiver alcançado sucesso fica mais fácil a decisão, mas se está no vermelho precisará de mais empenho por parte do futuro empreendedor e de análises mais detalhadas e profundas para tomar a decisão. Se for iniciar um novo negócio, não pode abrir mão de fazer a modelagem via BMG Canvas e depois elaborar um plano de negócios. Isso consome tempo e disposição, mas é necessário. Se optar por uma franquia, não deixe de fazer muita pesquisa, da marca, de franqueados de sucesso e insucesso, de ouvir quem já foi cliente, de observar uma unidade em funcionamento. E tenha claro que, ao optar por franquia, o sucesso não vem como brinde pelo valor pago, ele deve ser conquistado, com muito trabalho e dedicação. Optando por um negócio em andamento, saiba que virtudes e vícios virão junto, e terá de trabalhar arduamente para manter e aumentar os pontos positivos e minimizar os negativos. Toda empresa à venda tem segredos que são descobertos só depois da compra, por isso, seja minucioso(a) na análise de fatos e especialmente dados. Cuide com financiamentos e dívidas existentes; eles podem ser uma dor de cabeça constante para o novo gestor. A empresa pode estar desatualizada e desconectada com o mercado, por isso, evite se apaixonar por ela e limitar seu olhar para entender seus aspectos positivos e negativos. Conheça o que os clientes, fornecedores e competidores pensam a respeito da empresa que pretende adquirir. Não abra mão de fazer uma negociação espetacular para você ter a vantagem do seu lado. Esprema ao máximo o vendedor. Caso opte por estruturar um negócio do zero, não deixe de analisar os seguintes fatores: Tenha um olhar para o todo primeiro; veja como está a situação econômica, social e política do país, e se é a hora certa de investir. Analise as macrotendências: veja para onde o mundo está indo em relação ao segmento de seu interesse, segmentos correlatos e alguns que não tenham nada a ver com a sua ideia. 8 Destrinche o segmento escolhido, estude números, dados de pesquisas, entrevistas com especialistas, empresários do setor, pessoas do ramo. Analise o negócio em si, fazendo um plano de negócios. Todos sabem que dá trabalho e gasta-se tempo para elaborar um, mas é essencial para tomada de decisão acertada. Ao pensar em seu negócio, considere três cenários: realista, otimista e pessimista, e se pergunte como reverter de uma situação complicada e negativa para uma favorável e rentável. Você pode ter de colocar em prática as respostas que obtiver na teoria. Avalie como está estruturando seu negócio, se é a melhor forma, se funcionará bem como parece no planejamento, e se já ouviu outras pessoas a respeito. Pense no segmento de clientes que pretende atingir e responda, colocando-se no lugar deles: o que os levaria a escolher seu produto ou serviço em detrimento da concorrência? Reflita no mercado fornecedor, está bem estruturado? Não está nas mãos de poucos? As políticas de comercialização e preços estão adequadas à sua realidade? Em relação aos competidores, analise suas forças e fraquezas, seu poder de reação, tempo de mercado e espaço que ocupam. Você está preparado para superá-los? Em quanto tempo? Tem capital para isso? Se tratando de varejo, dê atenção especial ao local onde a empresa será instalada; isso é fundamental para o sucesso do negócio. Não abra mão de um excelente local, espere um pouco mais se for o caso. Faça muitas contas, calcule e recalcule todos os números da empresa, do investimento, necessidade de vendas, faturamento necessário, principais despesas, imprevistos, mal previstos etc. Seja incansável na fase de planejamento e análise para evitar surpresas desagradáveis. Depois que iniciar o empreendimento, o que pode ficar para trás será um rastro de decepção e dívidas. TEMA 3 – VIABILIDADE DE NEGÓCIOS O ideal é que na busca de oportunidades o empreendedor não se limite a pensar apenas em um tipo de negócio; deve listar vários, e aos poucos, conforme 9 vai pesquisando e se inteirando sobre o segmento, descartar os que não considera viáveis para aquele momento. Nos negócios que achar mais interessante, relevante e com potencial para obter sucesso, deve empregar mais energia e disposição para se informar, estudar e verificar com mais calma e de forma mais detalhada e estruturada sua viabilidade. Para Tajra (2014), é necessário que sejam avaliadas várias situações que possam ter impacto positivo ou negativo no futuro negócio. São elas: Sazonalidade: o produto ou serviço que pretende disponibilizar ao mercado possui alterações significativas de demanda? Se for produto, analise se as mudanças climáticas afetam ou não aquele segmento. Exemplo: sorveteria em Curitiba, conhecida nacionalmente por ter temperaturas amenas o ano todo. Se for serviço, reflita se períodos de festas e férias são positivos ou negativos para seu empreendimento. Exemplo: serviços de consultoria e terapia sofrem influências negativas em períodos festivos. Situação econômica: investigue qual a condição econômica de seu público-alvo. Se for trabalhar com foco na classe C, pense que, num momento de recessão, a primeira coisa a ser cortada em seus orçamentos são os supérfluos, cursos, viagens, comidas prontas etc. Controle governamental: alguns segmentos de negócios estão vinculados a legislações específicas, cabendo ao empreendedor estudá- las, buscar ajuda de especialistas na área (advogados, contadores, legisladores), e se informar se há algum projeto em andamento que pode ajudar ou atrapalhar o novo empreendimento. Dependência e disponibilidade dos insumos: conhecer com detalhes o mercado fornecedor antes de dar sequência em um empreendimento é obrigação. Descuidar-se disso pode levar a surpresas desagradáveis, como: não existe matéria-prima de fácil acesso, os preços são controlados por um grupo econômico, o dólar tem grande impacto nos custos. Ciclo de vida do produto/serviço: surgimento, crescimento/ desenvolvimento, estabilidade e declínio; estudar para saber se o momento é favorável pode evitar entrar em um mercado que já está finalizando um ciclo, como empresas de táxi. 10 Lucratividade: quanto você precisa ganhar, retirar de pró-labore após a empresa alcançar o ponto de equilíbrio? Ela será viável financeiramente? Procure ajuda de especialistas se necessário. Para ter sucesso, você deve dominar sua empresa por meio dos números. Mudanças no segmento: além da questão da legislação, também é válido refletir e pesquisar como está o desenvolvimento do segmento em que pretende atuar, em crescimento, estável ou em declínio. Na área de estética e beleza, os números só crescem, já os produtos à base de proteína animal, com altos teores de sódio, estão cada vez mais sendo preteridos por produtos mais naturais e menos nocivos à saúde. Efeitos da evolução científica e tecnológica: o produto ou serviço que está pensando em iniciar já não está sendo feito de outra forma? Mais automatizado, em menor tempo e com custos atrativos em relação ao que pretende fazer? Às vezes novos insumos, elementos e componentes inovadores podem mudar o rumo de um produto ou serviço. Os apps são exemplo disso, eles podem substituir produtos e serviços. Grau de imunidade à concorrência: sua ideia de negócio enfrentará concorrência baixa, média ou alta? O mercado em que está entrando é bem pulverizado ou está concentrado nas mãos de poucos? O tamanho e estrutura financeira de seu empreendimento te dará fôlego para enfrentar seus concorrentes? Por quanto tempo? Atração pessoal: qual o seu grau de identificação com o negócio ou segmento? Tem disponibilidade e interesse no atendimento ao público? Consegue ficar 8 horas sentado em frente a um computador trabalhando? Faça algo que possua identificação com o negócio, produto, segmento de clientes e atividades, para que sejam motivadores de sua ação e não limitadores. Barreiras à entrada: quais obstáculos enfrentará, visíveis ou não, para fazer o negócio acontecer? Somente pesquisas e estudos darão a dimensão das facilidades e dificuldades que terá pela frente. Se o empreendedor não possuir conhecimentos ou habilidades para realizar as análises,deve buscar a ajuda de consultorias especializadas. Sabemos nem sempre há dinheiro para planejar um negócio, mas o Sebrae pode ajudar e contribuir neste processo. O mais relevante é ter dados suficientes para tomar decisões que levem ao sucesso. 11 TEMA 4 – TIPOS DE NEGÓCIOS São várias as possibilidades que o futuro empreendedor tem na escolha da forma jurídica de sua empresa. O mais recomendável é sempre visitar um contador, expor as ideias de negócios, tamanho, público-alvo e segmento, para saber qual é a melhor opção e quais as vantagens e desvantagens de cada constituição jurídica. Segundo Chiavenato (2012, p. 121), A escolha da forma ou espécie de firma ou sociedade a ser utilizada depende de um conjunto de fatores relacionados entre si, tais como a capacidade financeira dos sócios, o volume de capital necessário para o negócio, o tipo de produto/serviço que pretendem produzir, o risco maior ou menor do negócio etc. Assim, com base nesses fatores é que se pode escolher a forma ou a espécie de sociedade a ser utilizada. De acordo com Roveda (2018), estas são as possibilidades jurídicas para a abertura de uma empresa: Empresário individual: a empresa é constituída de apenas um profissional, o qual dá o seu nome à companhia nos documentos oficiais. Ele responde integralmente pela empresa e pode ter seu patrimônio usado para arcar com dívidas. MEI – Microempresário Individual: é similar ao enquadramento de empresário individual; neste, o empresário é responsável sozinho e seus bens pessoais podem ser utilizados para pagamento de dívidas. Seu faturamento não pode ultrapassar R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) anuais e só pode ter um funcionário. EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada: não é necessário sócio; é preciso investimento em capital social de 100 salários mínimos, os quais são o limite de responsabilidade do empresário em caso de dívidas. Pode usar nome empresarial em lugar de seu nome próprio; seus bens não ficam disponíveis em caso de dívidas. Sociedade limitada (Ltda.): é a constituição empresarial mais comum no Brasil quando há sócios no negócio; tem de ter no mínimo dois sócios e deve ser registrada na junta comercial. A responsabilidade dos sócios está vinculada às cotas que possuem registradas no contrato social. Sociedade anônima (S/A): podem ser de capital aberto ou fechado. O capital da empresa é dividido entre os sócios acionistas. Em caso de 12 capital aberto, as ações são negociadas na bolsa de valores. Em caso de capital fechado, a companhia não emite ações, divide-as entre os sócios. Sociedade simples: os sócios do empreendimento prestam o serviço para o qual a empresa foi aberta, por exemplo, sociedade entre profissionais da área da saúde, jurídica, artística, educacional. Não precisa ser registrada na Junta Comercial, somente no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Conforme Chiavenato (2012, p. 122), estes são os principais atos que devem ser registrados no órgão de empresas: Modificações patrimoniais do empresário (atos que alterem ou possam alterar a situação patrimonial do empresário, tais como separação judicial, doações de herança, pacto antenupcial etc.); Nome ou saída de administrador e gerente; Redução do capital social; Cessão de cotas; Renúncia do administrador; Atas da assembleia ou reunião; Dissolução da sociedade. Outro tipo de associação é a cooperativa, cujo objetivo mais importante é atender aos interesses e necessidades dos cooperados. O capital é formado por quotas-partes, podendo aumentar ou diminuir conforme aumente ou diminua o número de associados. Estes, em assembleia, tomam as decisões sobre os caminhos que a cooperativa deve seguir, elege nova diretoria, decide sobre estatuto, política de preços e diretrizes em geral. A organização do cooperativismo segue uma lógica diferente daquela da empresa capitalista, pois os cooperados são os donos do negócio e participam nas decisões da organização e da divisão dos resultados financeiros. Uma cooperativa é uma sociedade cujo o capital é formado pelos associados e que tem a finalidade de somar esforços para atingir objetivos comuns que beneficiem a todos. (Martins, 2017, p. 130) Tipos de cooperativas: Agropecuárias; De consumo; De crédito; Educacionais; 13 Habitacionais; De infraestrutura; De mineração; De produção; De saúde. Depois de identificar uma oportunidade de negócios e estudá-la a fundo, o próximo passo é ver com um contador como optar pelo regime jurídico que melhor se encaixe no tipo de empresa que se quer abrir. Outro passo importante é cuidar dos aspectos legais para a abertura, tema da próxima seção. TEMA 5 – ASPECTOS LEGAIS PARA ABERTURA DE UMA EMPRESA Para realizar a abertura oficial de uma empresa, faz-se necessário inteirar-se de todas as etapas que virão pela frente, mesmo que parte delas seja feita por uma empresa de contabilidade, pois conhecer os passos que virão pode fazer com que tudo saia o mais rápido possível, afinal, todos sabem que o Brasil é um país com nível de burocracia elevado. No portal do Sebrae há uma descrição de cada etapa, bem como documentos necessários para iniciá-las e concluir com êxito a missão da abertura da empresa. Vejamos: Viabilidade do nome: faça uma pesquisa antecipada sobre a existência de empresas constituídas com nomes empresariais idênticos ou semelhantes ao nome pesquisado. A fonte para essa pesquisa é o site da Junta Comercial. Outra ação é dirigir-se à prefeitura onde o empreendimento será instalado e verificar as questões legais para concessão de alvará de funcionamento. Registro de pessoa jurídica: o registro legal de uma empresa é feito na Junta Comercial do estado ou no cartório de registro de pessoa jurídica. Para as pessoas jurídicas, esse passo é equivalente à obtenção da certidão de nascimento de uma pessoa física. A partir desse registro, a empresa existe oficialmente – o que não significa que ela possa começar a operar. Verifique com antecedência a documentação necessária (geralmente contrato social e documentos pessoais do(s) sócio(s)). Contrato social: documento que descreve do que se trata a empresa, seus objetivos, sócios e divisão de cotas, em caso de sociedade. 14 Documentos necessários para inscrição na Junta Comercial ou cartório de registro: se tudo estiver certo, será possível prosseguir com o arquivamento do ato constitutivo da empresa, quando geralmente serão necessários os documentos: Contrato social, requerimento de empresário individual ou estatuto, em três vias; Cópia autenticada do RG e CPF do titular ou dos sócios; Requerimento padrão (capa da Junta Comercial), em uma via; FCN (Ficha de Cadastro Nacional), modelo 1 e 2, em uma via; Pagamento de taxas por meio de DARF; Os preços e prazos para abertura variam de estado para estado. Registrada a empresa, será entregue ao seu proprietário o NIRE (Número de Identificação do Registro de Empresa), que é uma etiqueta ou um carimbo, feito pela Junta Comercial ou cartório, contendo um número que é fixado no ato constitutivo. CNPJ: com o NIRE em posse do empreendedor, é hora de registrar a empresa como contribuinte, ou seja, criar o CNPJ, o qual é feito exclusivamente por meio do site da Receita Federal. Escolha das atividades: no momento da busca do CNPJ deve-se informar a atividade que comporá o objetivo de trabalho da empresa. Essa classificação visa tanto a questão tributária, como para fins de fiscalização das atividades da empresa. Recomenda-se indicar uma atividade principal e no máximo 14 secundárias. Inscrição estadual: se a empresa trabalhará com produção de bens e/ou comercialização de mercadorias, é necessário o registro na Secretaria Estadual da Receita. Certifique-se que esse procedimentoé obrigatório para a sua empresa e busque ajuda de uma assessoria contábil, a qual lhe passará os documentos necessários e devidos tramites e custos. Registro municipal: empresas que atuam no segmento de prestação de serviços precisam ser registradas na prefeitura local. Em algumas cidades basta o registro na Junta Comercial que automaticamente o registro irá para o órgão municipal. Alvará corpo de bombeiros: edificações e áreas de risco de incêndio devem possuir Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio – APPCI, expedido pelo corpo de bombeiros militar do estado. Em municípios de 15 pequeno ou médio porte, esse serviço poderá estar atrelado aos procedimentos da prefeitura. Alvará de funcionamento: todo e qualquer empreendimento precisa obter junto ao município o alvará para seu funcionamento. Cada cidade tem legislação específica sobre o assunto. A depender do segmento da empresa, esse alvará poderá ser concedido sem muita exigência, mas o contrário também pode ser verdadeiro; se a empresa for de certos segmentos o nível burocrático e exigências podem ser mais elevadas. Cadastro na previdência social: após a concessão do alvará de funcionamento, a empresa já está apta a entrar em operação, contudo, é preciso realizar o cadastro junto à previdência social, tendo ou não funcionários. Aparato fiscal: concluídas as etapas anteriores, que não são poucas, deve-se buscar junto à prefeitura autorização para impressão dos blocos de notas e autenticação de livros fiscais. Hoje há possibilidade de emissão de notas fiscais digitais; verifique como proceder para obter esse tipo de ação. Pode-se perceber que o caminho para abertura legal de um empreendimento não é fácil, rápido ou simples, por isso, o empreendedor deve reservar tempo específico para a realização de cada etapa, ou acompanhar o processo feito por uma empresa contratada para esse fim – devendo ter claro que, além das respectivas taxas cobradas por cada órgão ou repartição, a empresa contábil cobra honorários por etapa ou pela realização de todo o processo. Negocie valores justos para que ele seja realizado com êxito. TROCANDO IDEIAS Escolher o negócio no qual investir não é uma missão fácil, mas possível se o empreendedor gastar tempo e energia para levantar informações. Apresente quais caminhos seguiria para buscar informações sobre uma ideia de negócio. Discuta as vantagens e desvantagens dos meios escolhidos. 16 NA PRÁTICA Com base nos conteúdos aqui apresentados, o futuro empreendedor pode escolher as melhores maneiras para identificar oportunidades de negócios, avaliá-las e, a partir daí, tomar decisões. Na etapa de identificação de oportunidades, análise e criação da empresa legalmente, o empreendedor pode e deve buscar ajuda de outros profissionais e entidades, como Sebrae, Junta Comercial e a prefeitura da cidade/município, para que tenha o devido suporte e informações e para que sua escolha seja mais acertada. FINALIZANDO Nesta aula o foco foi apresentar maneiras de identificar oportunidades de negócios, analisar sua viabilidade, escolher o melhor negócio levando em consideração alguns fatores e estando de acordo com aspectos legais. A melhor escolha que o empreendedor pode fazer é aquela que respeite seu perfil pessoal, seus gostos e preferências e sua experiência profissional. O negócio deve ter espaço para ser iniciado e crescer mesmo com muita concorrência, e o empreendedor deve ver, além das projeções numéricas, a viabilidade financeira da ideia que deseja implementar. 17 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito. 4. ed. Barueri: Manole, 2012. DEGEN, R. J. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Makron Books, 1989. DORNELAS, J. C. A.; Empreendedorismo: transformando ideias em negócios, 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. HISRICH, R. D. Empreendedorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. MARTINS, J. R. Introdução à sociologia do trabalho. Curitiba: InterSaberes, 2017. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa. Como abrir uma empresa. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ar tigos/passo-a-passo-para-o-registro-da-sua- empresa,665cef598bb74510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 15 mar. 2019. ROVEDA, V. Tipos de empresas: conheça as estruturas de negócios. Conta Azul, 16 maio 2018. Disponível em: <https://blog.contaazul.com/tipos-empresas- brasil/>. Acesso em: 15 mar. 2019. TAJRA, S. F. Empreendedorismo: conceitos e práticas inovadoras. São Paulo: Érica, 2014. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 3 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Existem várias maneiras de se iniciar o planejamento de um negócio, podendo ser mentalmente, com alguns rascunhos sem muita estrutura, baseando-se apenas no conhecimento e experiência que se tem na área. Mas nenhuma delas será efetiva, pois uma ideia de negócio de sucesso passa por um processo até se tornar algo concreto e que produza resultados. A maneira mais prática e objetiva de se organizar uma ideia de negócio é utilizar o BMG Canvas, formulário com nove campos que incitam o empreendedor a pensar o negócio em termos dos aspectos principais, seus diferenciais, público-alvo, canais, parcerias, receitas e despesas, entre outros. É desta preciosa ferramenta que trataremos aqui. Os objetivos deste estudo são: apresentar o BMG Canvas; descrever cada um dos seus campos; explicar o que se espera que contenha em cada um deles; dar exemplos para facilitar a compreensão; fundamentar o bastante para que fique claro e possibilite ao leitor utilizá-lo de forma prática e segura. CONTEXTUALIZANDO O BMG Canvas pode ser utilizado na modelagem/ estruturação de uma ideia de negócio, para tanto basta ao futuro empreendedor estudá-lo, compreendê-lo e colocar em prática. Ele pode ser utilizado para novos negócios, negócios existentes que estejam passando por reestruturação ou modernização, para lançamento de nova linha de produto, nova proposta de valor ou novo público-alvo. A questão é: qual é a efetividade deste formulário para se ter uma visão geral do empreendimento? Esperamos que ao longo do texto essa questão seja respondida. TEMA 1 – O BMG CANVAS Quanto mais tempo for gasto no planejamento do negócio, maior será a probabilidade de se ter sucesso. Esse planejamento inicial é feito com o(a) empreendedor(a) gastando tempo e energia para pensar no negócio, suas 3 características mais marcantes, seu público-alvo, canais de relacionamento e comercialização/ entrega, quem serão os parceiros, quais recursos serão necessários, principais atividades, despesas e a tão sonhada receita são aspectos que devem permear o planejamento. Mas só ficar no subjetivo e pensar a respeito não basta. Para avançar, faz-se necessário sair do mundo das ideias e ir para o mundo prático, objetivo, colocar no papel, em um arquivo do computador/ celular. Assim, o planejamento fica objetivado e torna-se uma base, referência para se consultar o que já se produziu e também serve como pontapé inicial para transformar a ideia em realidade. Para contribuir na transição das ideias para o concreto, existe o BMG Canvas. Osterwalder e Pigneur (2011) criaram, em conjunto com profissionais espalhados por todos os continentes, em uma verdadeira rede de relacionamentos, o conceito do BMG (modelo para geração de ideias de negócios), ou, como também é conhecido, o BMG – Canvas, ou ainda Canvas de Modelos de Negócios. Trata-se de um formulário, de uma página com 9 (nove) quadrantes na qual se deve, por meio de palavras e termos e não texto corrido, expressar do que se trata o negócio e todos os aspectos ligados a ele. Para facilitar a compreensão, pense numa massa de modelar: ela não tem forma alguma, é uma junção de váriaspartículas; se não for trabalhada continuará sendo uma massa única. Modelar significa dar forma, ajustar, transformar, montar, juntar, encaixar, trabalhar para que ganhe forma. Ao utilizar o BMG Canvas, o futuro empreendedor(a) fará isso, dará sentido e forma à sua ideia inicial. Ele serve para novas ideias de negócios ou para negócios já existentes que precisem ser renovados, repensados e inovados. Pode ser utilizado para se pensar em modelar um novo negócio, novo produto, um conjunto de produtos/ serviços etc. Ou seja, não serve apenas para futuros negócios. Pode ser usado inclusive para se organizar ideias inovadoras relativas a uma empresa ou produto já existente. Por que ganhou tanta popularidade? Porque é fácil de trabalhar com ele, não exige recursos, somente uma folha A4, uma cartolina ou um quadro negro etc., um espaço no qual se possa escrever os nomes dos campos do BMG e preenchê-los. Seu preenchimento deve ser feito com post-it ou a lápis para ficar fácil de fazer alterações/ mudanças. Pode ser feito por meio de trabalho coletivo com a 4 participação de várias pessoas, inclusive, elas estando em locais distintos, utilizando-se os recursos audiovisuais disponíveis por meio de celulares e notebooks. Após seu preenchimento total, ele serve como base para desenvolvimento de outros documentos como o Plano de Negócios, por exemplo, permitindo ao elaborador verificar as principais características do negócio descritas no BMG, utilizando-as para alimentar as informações solicitadas pelo Plano de Negócios. A seguir, descrevemos os itens do BMG Canvas, seu detalhamento ocorrerá nos próximos itens: 1) Proposta de valor: quais diferenciais sua empresa apresentará ao seu público-alvo que o fará escolher sua empresa e não seus concorrentes? Seriam seus diferenciais. E valor não tem conotação aqui de número ou dinheiro, mas sim no sentido do que o cliente considera importante, relevante para sua escolha. 2) Segmentos de clientes: toda empresa deve ser pensada para atender a um ou mais segmentos de clientes, mas nunca para atender a todos os públicos. Ao se definir para quem vender ou prestar serviço, isso traz junto as características do produto/ serviço, localização da empresa, forma de atendimento, entrega, meio e forma de comunicação e preço que será cobrado pelo produto ou serviço. © 2 0 1 3 . S e rv iç o B ra s ile ir o d e A p o io à s M ic ro e P e q u e n a s E m p re s a s – S e b ra e 5 3) Relacionamento com clientes: quando você tem dúvida sobre algum aspecto de uma empresa/ produto/ serviço você utiliza qual meio para saná-la? A decisão da melhor maneira do cliente se comunicar com sua empresa estará presente neste item quando for detalhado. 4) Canais: eles podem ser de divulgação, comercialização e/ ou entrega. Defini-los adequadamente é importante para que se atenda de forma mais rápida e efetiva ao seu público-alvo. 5) Atividades principais: onde está a essência de sua empresa? O que ela faz melhor que as outras? No que ela quer ser a referência? Isso descrito adequadamente facilita a formação da identidade da empresa para si e para seus clientes. 6) Recursos principais: para tornar realidade as atividades principais, você precisa de quais recursos: humanos, financeiros, tecnológicos e materiais? Isso, claro, dá uma ideia de estrutura necessária, custos, entre outros aspectos. 7) Parcerias principais: para transformar sua proposta de valor perceptível e real para seus clientes, você precisa ter claro com quem precisa contar, de quem precisará para ir adiante. 8) Estrutura de custos: saber quais são os custos, despesas que a empresa terá mês a mês evita desilusões ou mau planejamento financeiro. 9) Fontes de receitas: de onde virão as receitas para fazer de seu projeto de negócio uma empresa de sucesso? Ter claro de onde e como virão é de extrema importância para evitar ilusões e decepções. Todos esses itens serão destrinchados a seguir, conceituando-os, detalhando-os para que o futuro empreendedor(a) possa trabalhar de forma segura e rápida com o BMG Canvas. TEMA 2 – PROPOSTA DE VALOR A pergunta que deve responder neste item é: “O que seu empreendimento irá oferecer aos seus clientes que os farão optar a fazer negócios com sua empresa? Isso deve ser traduzido em palavras ou termos que representem seus diferenciais. 6 Para definir suas propostas de valor, é preciso conhecer para quem serão oferecidas. Não adianta oferecer novidade se o produto ou serviço é utilizado comumente por pessoas conservadoras, pois elas não verão diferencial, não se sentirão atraídas pela empresa. Definir os diferenciais, os pontos de atração de sua marca não é uma tarefa fácil, mas necessária e importante. Toda proposta de valor deve ir na direção de satisfazer necessidades dos clientes. Assim, As empresas atendem a necessidades por meio da emissão de uma proposta de valor, um conjunto de benefícios capazes de satisfazer essas necessidades. A proposta de valor intangível é materializada por uma oferta, que pode ser uma combinação de produtos, serviços, informações e experiências. O valor é a relação da somatória dos benefícios tangíveis e intangíveis proporcionados pelo produto e a somatória dos custos financeiros e emocionais envolvidos na aquisição desse produto. O valor pode ser considerado como uma combinação de qualidade, serviço e preço (psp), denominada tríade de valor para o cliente. As percepções de valor aumentam com a qualidade e o serviço, mas diminuem com o preço. (Kotler, 2012, p. 35) Quais são os ganhos palpáveis ou não que seu negócio proporcionará? O que o cliente verá ou sentirá que lhe encantará? O serviço agregado ao seu produto é de qualidade? Você vende ou proporciona experiências? Essas respostas lhe farão montar mentalmente qual ou quais propostas de valor você elencará para seus negócios. Para objetivar, colocar no papel sua proposta de valor, considere: Público-alvo: entenda quem é seu cliente, mas não aquele que de vez em quando compra ou comprará seu produto ou serviço, mas aqueles que sustentam sua empresa. São sobre esses que deve saber o que pensam, suas necessidades, o que buscam, quais desejos têm, como se comportam em relação ao seu produto/ serviço. Competidores: olhe para o mercado e veja aqueles concorrentes que brigarão com você pelo seu cliente; o que ele vende? Quais seus diferenciais? Como entrega? Quanto cobra? Quais são suas políticas de crédito? Só podemos superar aquilo que conhecemos. Forças internas: quais são os pontos que ao fazer a análise SWOT1 foram destacados como os pontos de destaque da empresa? Eles podem ser revigorados, fortalecidos, trabalhados para que virem sinônimo da proposta de valor. 1 Para mais informações, acesse: <http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-conceito-e- aplicacao.html>. Acesso em 31 mar. 2019. 7 Quais dores quer amenizar ou extirpar? Pense em seus clientes e naquilo que lhe causa sofrimento, ainda que mínimo; pense em como resolver e, mais: em surpreender para que ele se torne fiel. Pesquise seus clientes: não faça apenas pesquisas informais, mas procure a ajuda de um especialista em marketing para lhe auxiliar a estruturar uma pesquisa junto ao seu público-alvo/ clientes, pois os conhecendo terá mais possibilidades de definir adequadamente as propostas de valor. Figura 1 – Questões a serem pensadas para definir sua proposta de valor Fonte: disponível em <https://www.mariaspinola.com/b2b/nao-e-apenas-uma-boa-proposta-de- valor-do-produto-e-diferenciadora-e-muito-relevante/>. Acesso em: 31 mar. 2019. Tipos de Propostas de Valor segundo Osterwalder e Pigneur (2011): Novidade – Oferecer ao mercado algo que nem os clientes sabem que querem ou precisam.Exige inovação e exploração de novos mercados. Não se trata de aproveitar uma demanda, mas, sim, de criá-la. Exemplos: Uber ou Airbnb. Desempenho – Oferecer ao mercado algo que irá provocar nos clientes a sensação de que o que possuem é muito limitado. Disputa mercados 8 concorridos gerando espaço mediante oferta de produtos melhores, mais rápidos e/ ou mais versáteis. Exemplo: carros elétricos. Personalização – Oferecer ao cliente a opção de tornar único seu produto ou serviço. Disputa nichos de mercado agregando valor a produtos ou serviços tradicionais, dando a eles a possibilidade de se tornarem diferenciados, atendendo o gosto do cliente. Exemplo: cardápio personalizado, sapatos feitos com base no molde do pé do cliente. Design – Gerar a necessidade pelo modismo, pelo padrão mais moderno, diferente, “cool”. Exige investimento em criação, pesquisa e desenvolvimento, mas atinge em cheio o público jovem e conectado! Exemplos: Etna e Tok Stok. Marcas – Oferecer ao cliente não um relógio, um carro, um tênis ou uma roupa, mas o status que a marca vai lhe oferecer. Exige investimento massivo em marketing e ainda em inovação, modernidade, qualidade. Se não passar isso, não vira uma “marca” de sucesso! Exemplo: Nike. Preço – Oferecer ao cliente o menor preço possível. Ele não está buscando qualidade, status ou algo diferente, ele só quer um produto barato! Produzir com o menor custo possível, mesmo que isso represente construir um produto de média ou baixa qualidade. Exemplo: lojas multicoisas. Redução de custo – Oferecer ao cliente possibilidades de economizar em suas compras e gastos. Criar modos inovadores de gerar valor para o cliente, obtendo receita indireta em virtude disso! Exemplo: loja de produtos a granel. Redução de risco – Oferecer ao cliente algo que não é normalmente oferecido e que reduz o seu risco caso aconteça algum problema com o produto ou serviço. Gerar segurança ao cliente! Isso pode ser agregado, complementar ou ser o próprio serviço a ser oferecido. Exemplo: sistemas de segurança no produto ou na prestação de serviços. Escolha qual ou quais serão as propostas de valor do seu empreendimento e não descuide em momento algum para que sejam praticadas por todos da empresa, assim os clientes não verão apenas, mas perceberão e sentirão aquilo que você definiu como seus diferenciais. Isso garantirá a fidelização dos seus clientes. 9 TEMA 3 – SEGMENTO DE CLIENTES, RELACIONAMENTO E CANAIS 3.1 Segmento de clientes Se você conversar com alguém que está pensando em estruturar um negócio e lhe perguntar: quem serão seus clientes? Qual o perfil deles? Moram aonde? Qual é a faixa de renda? Provavelmente, as respostas que terá serão genéricas e superficiais. E esse é um erro crucial para o novo empreendedor. Vejamos, “A segmentação de mercado é o processo de divisão do mercado em pequenos grupos homogêneos. Ela permite que o empreendedor reaja de forma mais eficiente às necessidades de consumidores mais homogêneos”. (Hisrich, 2009, p. 264) Para realizar a segmentação de clientes, o empreendedor deve: I. Decidir que mercado ou setor geral que deseja atingir; II. Dividir o mercado em grupos menores, com base nas características do cliente ou nas situações de compra. a. Características do cliente: i. Geográficas (estado, país, cidade, região) ii. Demográficas (idade, sexo, ocupação, escolaridade, renda e raça) iii. Psicográficas (personalidade e estilo de vida) b. Situação de compra i. Benefícios almejados (características do produto) ii. Uso (frequência de uso) iii. Condições de compra (tempo disponível e finalidade do produto) iv. Consciência da intenção de comprar (familiaridade do produto e disposição para comprar) III. Selecionar o(s) segmento(s) a ser(em) atingido(s). IV. Desenvolver um plano de marketing integrando produto, preço, distribuição e promoção. (Hisrich, 2009, p. 264) Tarefa difícil, mas necessária, pois começar pensando que todo mundo comprará seu produto ou utilizará seu serviço é a primeira armadilha que o empreendedor cai. Recomenda-se que, em se tratando de empresas voltadas ao varejo, comércio e serviços, defina-se o segmento de clientes pela classe econômica que faz parte (Tipo Classe A, B, C, D ou E), pois isso traz uma referência de renda e comportamentos típicos daquele grupo. Depois de definida a classe, reflita quais são as características principais do seu público-alvo. Exemplo: Loja de Cosméticos, público-alvo sendo mulheres da Classe C, que trabalhem ou 10 estejam pelo centro, local de instalação da loja, que tenham o hábito de comprar frequentemente produtos de beleza. Temos alguns tipos de segmentos: Massa: Não distingue entre diferentes segmentos de clientes. Exemplo: empresas que vendem para todas as classes, como as Lojas Americanas. Nicho de Mercado: Atendem segmentos específicos e especializados. Exemplo: empresa que vende roupas para quem pratica esportes. Segmentado: Faz distinção entre segmentos de mercado com necessidades e problemas sutilmente diferentes. Daí oferecerem propostas de valor sutilmente diferentes. Exemplo: Banco Itaú: normal; Uniclass; Personnalité. Exemplo: empresas que fabricam e vendem roupas para atletas de alto desempenho. Diversificado: Serve segmentos de clientes com necessidades e problemas muito diferentes. Exemplo: Amazon.com, que atende a variados públicos. Plataforma Multilateral: Servem dois ou mais segmentos de clientes interdependentes. Exemplo: cartão de crédito: clientes; comerciantes; Jornal gratuito: muitos leitores; ganhos com anunciantes. 3.2 Relacionamento com clientes Escolhidos os segmentos de clientes com os quais sua empresa irá trabalhar, ou segmento, faz-se necessário definir quais serão os meios que o cliente terá para se relacionar/ comunicar com a empresa. A finalidade dos canais de relacionamento, primeiramente, é possibilitar que seus produtos sejam conhecidos, sabendo como funcionam, quanto custam, horário de funcionamento da empresa, suas políticas de crédito; dúvidas e reclamações também chegam por esses canais. Para Osterwalder e Pigneur (2011, p. 26), os Canais servem a diversas funções, incluindo: Ampliar o conhecimento dos clientes sobre os produtos e serviços da empresa; Ajudar os clientes a avaliar a Proposta de Valor de uma empresa; Levar uma Proposta de Valor aos clientes; Fornecer suporte ao cliente após a compra. 11 É por meio dos canais de relacionamento que seus clientes receberão as propostas de valor definidas anteriormente. Assim, definiu-se que uma delas é a qualidade no atendimento, ao ligar, mandar um e-mail, uma WhatsApp, uma mensagem via site, poderá receber, degustar ou não a proposta de valor definida. Os canais de relacionamento são a porta de entrada do cliente, pois, se ao buscar informações não for atendido em suas necessidades ou for mal atendido, pode ocorrer aí o desinteresse e abandono. Assim, definir claramente os canais e estruturá-los adequadamente pode ser uma das causas do sucesso empresarial. Os canais também servem para o pós-venda como dúvidas sobre data de entrega, horário, problemas com assistência técnica, defeitos ou funcionalidade do produto etc. A fidelização de clientes passa pela qualidade dos serviços prestados por meio dos canais. Para Osterwalder e Pigneur (2011), existem diversas categorias de Relacionamento com os Clientes, sendo elas: Assistência pessoal: ocorre por meio da interação entre humanos. Esse contato pode ocorrer por meio do ponto de venda (loja), call center, e-mail, redes sociais (Facebook, Instagram e WhatsApp). Assistência Pessoal Dedicada: essa relação é mais próxima do que do tipo anterior, não sendo para qualquer tipo de cliente. Bancos segmentam clientes e aqueles com maior poder aquisitivo têm agênciasexclusivas e profissionais preparados para dar atendimento especial. Grandes empresas dispõem de grandes clientes de atendimento personalizado e dedicado. Self-service: não há um tipo de relacionamento direto da empresa com seus clientes, mas dá a possibilidade de eles se servirem. Exemplos: Restaurante por quilo ou Lojas de Departamentos. Serviços automatizados: os processos de atendimento são automatizados. Hoje, há uma gama enorme de empresas que utilizam robôs e Inteligência Artificial – IA – para fazer vários tipos de trabalho de atendimento. Há serviços de qualidade, mas ainda muitos que precisam de aperfeiçoamento. Exemplos: caixas eletrônicos, vendas de ingressos em shopping, cobrança de estacionamento. 12 Comunidades: as empresas utilizam de comunidades de usuários para entender o que pensam, o que querem, suas reivindicações, reclamações, sugestões e elogios dos clientes. Exemplo: Harley Davidson, Jeep, O Boticário. Cocriação: as empresas estão dando maior valor, vez e voz aos seus clientes, podendo esses participar da criação de produtos e serviços. Redes de TVs que dão espaço aos seus telespectadores para enviarem vídeos, fotos. Empresas de alimentos que estimulam seus clientes a desenvolverem produtos, exemplo, a PepsiCo que criou um salgadinho com base na sugestão de um cliente. Qual ou quais desses tipos de canais você acha mais adequado à sua proposta de valor, ao seu público-alvo? Essas respostas são importantes para conectar sua empresa com os anseios, desejos e necessidades de seus clientes para atrai-los e fidelizá-los. 3.3 Canais Uma vez definidos os tipos e canais de relacionamento, é hora de olhar para outro tipo de canal, aqueles que devem levá-la a entregar, não somente a apresentar, as Propostas de Valor. Segundo Osterwalder e Pigneur (2011, p. 27), são essas as fases do canal: Quadro 1 – Faces do canal para as Propostas de Valor 1. Conhecimento Como a empresa possibilita que seus produtos e serviços sejam conhecidos? 2. Avaliação Como ajudamos os clientes a avaliarem a Proposta de Valor da empresa? 3. Compra Como permitimos aos clientes comprar produtos e serviços específicos? 4. Entrega Como entregamos uma Proposta de Valor aos clientes? 5. Pós-venda Como fornecemos apoio pós-venda aos clientes? Fonte: adaptado de Osterwalder e Pigneur, 2011, p. 27 13 A seguir, detalhamento dos canais: Conhecimento: Seus clientes conhecerão seus produtos via site? Apresentação pessoal por um vendedor/ representante? Via redes sociais (Facebook, Instagram ou WhatsApp)? Por propaganda em meios de comunicação? Avaliação: e, para realizar esse processo, ele faz como? Por atendimento pessoal? Por meio de teste? De uso? De simuladores eletrônicos? Compra: quais são os caminhos que seu futuro cliente terá que percorrer para adquirir produtos ou serviços? Vendedor? Representante? Distribuidor? Via site? Redes Sociais? Autosserviço? Entrega: como seu produto será entregue? Como uma Proposta de Valor é entregue ao cliente? Pós-venda: como seu cliente e por meio do que ele será tratado após a compra? Por represente? Assistência técnica? Os Canais precisam ser capazes de fazer para com que seu cliente chegue até sua proposta de valor, avalie se deve comprar com você, realize a compra, receba o seu produto/ serviço e continue em contato para que você possa colher feedback e manter um relacionamento pós-venda. Cabe ressaltar que canais de relacionamento podem se repetir nos canais aqui descritos, porém, com funcionalidades diferentes. Exemplo: Rede Social para apresentar o produto e funcionamento e o mesmo meio para aquisição pelo cliente. TEMA 4 – PARCERIAS, ATIVIDADES E RECURSOS PRINCIPAIS 4.1 Parcerias principais São compostas por fornecedores e parceiros que contribuem para o funcionamento do negócio e entrega das Propostas de Valor elencadas. Pense, por exemplo, em uma empresa que definiu Qualidade no Atendimento e terceiriza sem muitos critérios essa atividade: será que o cliente receberá/ perceberá essa Proposta de Valor? Para Osterwalder e Pigneur (2011, p. 38), alguns tipos de parcerias possíveis são: Alianças estratégicas entre não competidores; Competição: parcerias estratégicas entre concorrentes; 14 Joint Venture para desenvolver novos negócios; Relação Comprador-Fornecedor para garantir suprimentos confiáveis. Fique atento a alguns pontos na avaliação de parceiros: 1. Histórico da empresa: pesquise muito antes de fechar uma parceria, veja sites, notícias, o que os especialistas dizem a respeito; se for o caso, pesquise ações contra tal empresa; 2. Analise se as Propostas de Valor do parceiro são compatíveis com as do seu negócio, caso contrário um pode ir para um lado e o outro para outro; 3. Fale com clientes dos possíveis parceiros, ouça o que têm a dizer no texto e no contexto, veja o nível de satisfação deles, explore as fraquezas daquele possível fornecedor; 4. Analise se tem capacidade técnica, de produção, para lhe atender; 5. Entenda a proposta dele para tratar um possível plano de contingência; 6. Pesquise se os preços pedidos estão dentro da média de mercado. Não se fixe só em preço para fechar uma parceria. Já ouviu aquele ditado que diz que “o barato pode custar caro”? Então... 7. Compare os níveis de tecnologia que cada fornecedor avaliado utiliza, pois pode ser que um bom preço pode ser sinal de defasagem tecnológica. 8. Os prazos oferecidos são razoáveis? 9. Tenha sempre na manga uma carta para colocar em lugar de uma que não lhe trouxe o resultado esperado. 10. E, por fim, não relaxe, avalie constantemente seus parceiros e fornecedores para ver se mantêm os mesmos níveis de quando foram escolhidos. 4.2 Atividades principais Sua empresa vende produtos ou presta serviços? Ou faz as duas coisas juntas? O foco é atender o cliente em sua totalidade ou apenas em uma ou outra necessidade? As atividades-chave ou principais são aquelas que são as mais importantes para uma empresa. Exemplo para uma empresa área: comercializar bilhetes, fazer check-in, despachar bagagens, transportar passageiros e cargas, cuidar da segurança de suas aeronaves, trabalhar para ser pontual etc. 15 Para Osterwalder e Pigneur (2011, p. 36), as atividades-chave são “necessárias para criar e oferecer a Proposta de Valor, alcançar os Resultados Principais e se diferenciam dependendo do tipo de Modelo de Negócios.” Logo, faz-se necessário elencá-las de forma objetiva e clara para que sejam tratadas com a prioridade que merecem. 4.3 Recursos principais Eles variam de um modelo de negócio para outro, podem ser mais numerosos e complexos ou mais simples e fáceis de serem adquiridos e utilizados. Eles podem ser recursos físicos/ materiais, intelectual/ tecnológico, humano e principalmente financeiro. Recursos físicos e materiais: infraestrutura, imóvel, equipamentos, máquinas, utensílios, ferramentas, móveis, veículos. É tudo aquilo que é visível aos olhos e que são necessários para colocar a empresa em funcionamento. Recursos intelectuais/ tecnológicos: licenças de software, permissões de uso, tecnologias desenvolvidas para aquele modelo de negócio, por exemplo, um App, patentes. Recursos Humanos: são as pessoas que direta ou indiretamente são necessárias para realizar as atividades principais e entregar as propostas de valor elencadas pela empresa. O sucesso de uma empresa passa impreterivelmente pelas mãos e intelecto das pessoas, assim, saber recrutá-las, selecionar, treinar, remunerar e avaliar adequadamente são competências que o empreendedor terá que aprender por bem ou forçado pelas circunstâncias ou mal resultados. Recursos Financeiros: é a base necessária para se concretizar qualquer ideia de negócio. Sem eles, muitos visionários veem suas ideias não saíremda tela de um computador. Existem formas variadas de se ter acesso a ele, mas saiba de uma coisa, com dinheiro ninguém brinca, seja sócio, investidor, banco, parentes e mesmo o empreendedor. Para ter sucesso, esse recurso deve ser bem planejado, aplicado e controlado para que se multiplique. Esses recursos devem ser bem planejados e administrados para que o modelo de negócios escolhido dê retorno e seja um sucesso. 16 TEMA 5 – ESTRUTURA DE CUSTOS E FONTES DE RECEITAS 5.1 Estrutura de Custos Cada modelo de negócio, produtos e serviços a serem oferecidos, tamanho do empreendimento, grau de complexidade das atividades-chave, número de colaboradores, parceiros envolvidos no negócio, perfil do público- alvo, tudo isso acarretará em custos para a empresa. Não os conhecer detalhadamente está na lista de coisas graves que podem causar o insucesso do empreendimento. Assim, o empreendedor deve se debruçar sobre os números, conhecê- los, entendê-los e administrá-los como quem administra um tesouro, pois é isso que literalmente a área financeira do empreendimento é. Muitos empreendedores(as) abrem mão desta missão nobre, repassando para terceiros (colaboradores) ou fazendo superficialmente o levantamento dos custos, seu impacto nos produtos e serviços e seu gerenciamento. Isso leva inevitavelmente à desorganização, má gestão, que, caso se estenda por muito tempo, pode comprometer a saúde financeira da empresa. Ao estruturar modelos de negócios, em relação à Estrutura de Custos, eles podem ser: Direcionadas pelo custo: neste modelo, o foco é redução de custos para poder oferecer ao cliente Proposta de Valor de preço baixo, pela busca de fornecedores com preços melhores, aumento da tecnologia para reduzir pessoal e agilizar processo, terceirização extensiva para minimizar custos e com isso se diferenciar da concorrência. Mas aí você pode se perguntar: mas todas as empresas não deveriam agir assim? Sim, deveriam, mas aquelas que adotam esse modelo fazem mais, colocam isso em sua missão de gestão e na estruturação do negócio. Exemplos: bancos com suas áreas de autoatendimento ou os bancos virtuais; a empresa aérea Gol, que, em seu começo, tinha preços imbatíveis; Jerônimo Hamburgueria (do grupo Madero) que não tem atendentes para tirar o pedido, pois o cliente chega, direciona-se para uma tela touch screen e por lá faz todo seu pedido, que, por sua vez, vai direto para cozinha, e em minutos seu nome é chamado no sistema de som para retirar seu lanche. 17 Direcionadas pelo valor: nestes modelos de negócios, a preocupação não são os custos, pois a Proposta de Valor pode ser redução de risco, desempenho, novidade, e todas essas propostas por vezes não custam pouco. Assim, as empresas optam por ter um modelo de negócios em que o preço é secundário, o que vem em primeiro são os diferenciais que a empresa oferece e que, por isso, pode cobrar mais, uma vez que há sempre alguém disposto a comer num restaurante com estrela Michelin,2 hospedar-se em um hotel 5 estrelas, adquirir ou locar carro de luxo, consultar-se com médico famoso, realizar compras em lojas de grife etc. São empresas em que o luxo é cobrado em moeda corrente. Os custos podem ser: Fixos: são aqueles que permanecem os mesmos apesar do volume de artigos e serviços produzidos. Exemplo: salário do pessoal fixo, aluguel, contratos de prestação de serviços de fornecedores. Variáveis: são aqueles que variam proporcionalmente com o volume de artigos ou serviços produzidos. Água, luz, mão de obra temporária, matéria-prima se alteram com o aumento da produção. Economia de escala: são utilizadas pelas grandes empresas, pois, como compram em altos volumes, conseguem preços diferenciados. Exemplo são as redes de supermercados que tratam/ negociam direto com o fornecedor, conseguindo com isso melhores preços. Economia de escopo: está voltada às grandes organizações que, por serem negócios complexos, economizam, pois podem utilizar na operação um canal de distribuição para diversos produtos. Exemplo: Coca-Cola, que por meio de seus canais de vendas e entregas fazem chegar ao varejo seus principais refrigerantes, água e sucos. Se você não é bom com números, isso precisa ser revertido antes de iniciar um empreendimento, pois ainda que não fique sob sua responsabilidade a área financeira, é necessário entender o negócio por meio dos números. Faça cursos, fale com especialistas, dedique-se a aprender conceitos e estruturas que lhe permitam fazer essa análise objetiva e direta do negócio. 2 Para mais informações, acesse: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guia_Michelin>. Acesso em: 31 mar. 2019. 18 5.2 Fontes de Receitas Elas são provenientes das operações realizadas pela empresa para cada um dos seus segmentos de clientes. É a fonte de sobrevivência da empresa; devem ser sempre superiores aos custos. Claro que, no início de todo empreendimento, faz-se necessário se ter um montante denominado capital de giro suficiente para a empresa “rodar” até chegar ao ponto de equilíbrio, quando despesas e receitas se equiparam, para, na sequência, apresentar lucro. Para Osterwalder e Pigneur (2011), há várias maneiras de se gerar Fontes de Receitas: I. Venda de Recursos: é o que ocorre em toda empresa que trabalha com produtos. Sua comercialização, dos produtos, é venda de recursos. II. Taxa de Assinatura: é gerada pela venda do acesso contínuo a um serviço. Empresas de telefonia, portal de notícias, aplicativos pagos. Exemplo: Netflix. Mas hoje tem uma gama enorme de empresas que se baseiam neste modelo de negócios. Assinatura de vinhos, cervejas, chocolates, cuecas e meias, produtos orgânicos. Pesquise, você irá se surpreender com tantas opções disponíveis no mercado. III. Empréstimo/ aluguel/ leasing: dá direito temporário exclusivo a um recurso em particular. Empresas de locação de imóveis, de equipamentos, de automóveis, de roupas. Tem até marido de aluguel! Claro que isso é uma forma de escrever, pois trata-se de um prestador de serviços na área de manutenção residencial para o qual você paga por suas horas de trabalho. IV. Licenciamento: dá aos clientes a permissão para utilizar propriedade intelectual protegida, em troca de taxas de licenciamento. Exemplos: empresas de software, veículos. V. Taxa de corretagem: é resultado de serviços de intermediação executadas em prol de duas ou mais partes. Corretores de imóveis, de locação, como Airbnb. VI. Anúncios: resulta de taxas para anunciar determinado produto, serviço ou marca. Blogueiros fazem isso constantemente, assim como sites especializados. 19 Defina qual ou quais serão as fontes de renda do seu empreendimento e trabalhe arduamente para que os resultados levem o negócio a se tornar um sucesso. TROCANDO IDEIAS O BMG Canvas é uma ferramenta útil para quem está pesquisando para saber se as ideias que teve são ou não uma oportunidade, pois, todos os dias temos insights de como “mudar o mundo”, mas ao pensarmos um pouco mais, realizar pesquisas, quase sempre chegamos a conclusão de que é apenas uma ideia e não uma oportunidade de negócio. Como você analisa a utilização do BMG Canvas na busca da análise de uma ideia como Oportunidade de Negócio? Como percebe sua efetividade para dar respostas que permitam ao futuro empreendedor tomar decisões? Você utilizaria essa ferramenta em seu processo de análise e escolha? NA PRÁTICA Ao se optar pelo preenchimento do BMG Canvas, o futuro empreendedor terá uma visão geral do negócio, o que quer que seus clientes vejam como diferencial, como dará a conhecer os seus produtos e serviços, como entregará, qual estrutura será necessária, custos e receitas. Assim, podemos afirmar que, se bem elaborado, o BMG pode proporcionar uma visão ampla e geral, paraque as decisões sobre o empreendimento sejam as mais acertadas possíveis. FINALIZANDO Neste estudo, o foco foi apresentar o conceito do BMG Canvas, sua origem, estrutura/ partes, seu correto preenchimento, detalhamento do que se espera em cada ponto. Com tudo isso, o empreendedor passa a ter e dominar uma ferramenta objetiva e prática para sair do mundo das ideias e colocar em prática seu sonho de empreendimento. 20 REFERÊNCIAS HISRICH, R. D. Empreendedorismo. Trad. Teresa Felix de Souza. 7. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. KOTLER, P. Administração de marketing. Trad. Sonia M. Yamamoto, Rev. Téc. Edson Crescitelli. 14 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation. Inovação em modelos de negócio. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 4 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Depois de ter a ideia, é o momento de verificar se ela corresponde a uma oportunidade de negócio ou não. Uma das formas de se fazer isso é colocar as ideias no papel, num arquivo. Para tanto, existe o Plano de Negócios, e é dele que trataremos neste estudo, entre outros assuntos. Os objetivos deste estudo são: 1. Conceituar o que é um Plano de Negócios; 2. Apresentar suas seções e o que elas contêm; 3. Descrever os passos para se elaborar um PN; 4. Discutir os pontos que o empreendedor deve ficar atento para escolher um sócio, caso ache necessário; 5. E, para finalizar, discorreremos sobre as fontes de financiamento para novos negócios. CONTEXTUALIZANDO Na atualidade, tudo é muito fugaz, muito passageiro e rápido, as pessoas vivem correndo, fazendo as coisas apressadas. E, muitas vezes, isso se reflete no planejamento para abertura de um negócio. Tem-se a ideia, pensa-se e planeja-se minimamente e já vai à busca de ponto comercial para implantação. O Plano de Negócios é um caminho que utiliza mais a razão do que a emoção; ele permite ao empreendedor pensar sua ideia em termos de dados, informações e números. Você já pensou ou já elaborou um Plano de Negócios? TEMA 1 – PLANO DE NEGÓCIOS Teoricamente, todos que estão envolvidos na abertura de um novo negócio já ouviram falar ou conhecem um Plano de Negócios – PN. Mas, quando questionados se já elaboraram um, a maioria responde que não, sendo que as desculpas para a não consecução são: Vou usar mesmo? Gasta muito tempo; Não sei para que serve; É muito difícil elaborar um; 3 Não tenho ideia por onde começar; Já comecei e não consegui ir adiante; Quem poderia me auxiliar na elaboração? Já conheço bem o negócio que pretendo abrir; Ele é complexo e pede muitos dados e informações; Minha experiência em gestão me libera de escrever um. E assim o futuro empreendedor dribla sua própria consciência da cobrança de elaborar um Plano de Negócios e segue no planejamento mental do seu negócio, começa a colocá-lo em prática e inicia o empreendimento. Se tiver sorte, pois, só contando com ela, terá pleno sucesso, alcançará seu objetivo, mas na maior parte das vezes isso não acontece e o negócio fracassa. O que se segue é a diminuição da autoestima do empreendedor, desenvolvendo sentimento de fracasso, de impotência, de falta de aptidão e capacidade para empreender. Após isso, tem a missão de reconstruir sua vida – sendo a financeira inevitavelmente, pois essa sempre será afetada caso um empreendimento não dê certo –, voltar ao mercado de trabalho e tocar o seu barco. Mas isso pode ser diferente, ele pode criar força e coragem, fazer leituras, assistir vídeos, praticar, buscar ajuda e elaborar um PN que o levará a ver de forma mais completa o negócio, estudar seus detalhes, ver seus prós e contras, analisar vantagens e desvantagens, fazer cálculos e mais cálculos até chegar a um ponto em que possa fazer a abertura do empreendimento o dominando suficientemente para lograr êxito. Um dos mais respeitáveis escritores sobre empreendedorismo, o professor Dornelas, afirma que, O plano de negócios é um documento utilizado para planejar um empreendimento ou unidade de negócios, em estágio inicial ou não, com o propósito de definir e delinear sua estratégia de atuação para o futuro. Trata-se ainda de um guia para a gestão estratégica de um negócio ou unidade empresarial. (2016, p. 13) Assim, fica claro que o PN serve tanto para negócios novos como para aqueles que já existem e precisam de inovação, atualização, reestruturação. Para tudo isso o PN pode ser útil. Cabe ao empreendedor decidir qual seu objetivo com o PN e colocar suas ideias no papel. 4 Vejamos o processo empreendedor descrito por Dornelas e onde o Plano de Negócios se encaixa: Figura 1 – Processo empreendedor descrito por Dornelas Fonte: Dornelas, 2011. O pontapé inicial em qualquer empreendimento são as ideias, que geralmente são numerosas, desorganizadas, confusas, empolgantes, entre outros adjetivos que podemos citar para qualificá-las. Elas devem ser pensadas e analisadas para saber em qual ou quais delas o empreendedor irá se aprofundar, irá se dedicar para conhecer mais e depois tomar a decisão de empreender de fato. Com base na análise e estudo prévio das ideias, o empreendedor chegará a aquelas ou aquela que é uma oportunidade de negócio que vale a pena investir mais tempo. Aí ele deve então partir para o PN, pois somente elaborando-o de forma detalhada é que terá condições de tomar as melhores decisões. 5 O PN dá ao empreendedor a chance de quantificar e objetivar a ideia, saindo do abstrato e partindo para o concreto, tendo condições de ver em números os recursos (materiais, financeiros, tecnológicos e humanos) que serão necessários para iniciar e tocar o empreendimento. Depois de elaborado e o negócio colocado em prática, o gestor poderá utilizar o PN para gerenciar o negócio, para acompanhar se aquilo que projetou/ planejou está ocorrendo ou não. Caso algo esteja fora dos padrões esperados, é possível usar o mesmo PN para fazer ajustes, adequações para que consiga realinhar o empreendimento com a realidade encontrada. A seguir, são apresentadas as seções que compõem um PN, suas descrições e explicações, para que, conhecendo, o futuro empreendedor possa ter a coragem de colocar a mão na massa e escrever um. TEMA 2 – SEÇÕES DE UM PLANO DE NEGÓCIOS Segundo Dornelas (2016, p. 16-17), o PN pode ser utilizado para atender aos seguintes objetivos de uma empresa: Testar a viabilidade: serve para verificar a viabilidade econômica do negócio ou unidade empresarial. Caso se chegue à conclusão de que não é viável, isso é melhor do que iniciar o negócio e fracassar. Com base nesse resultado o empreendedor pode mudar a estratégia pensada, o produto/ serviço, entre outras possibilidades. Orientar o desenvolvimento das operações e estratégia: o conteúdo do PN servirá de base para o desenvolvimento da estratégia da empresa, sua colocação em prática e avaliação dos resultados. Atrair recursos financeiros: é o meio pelo qual o empreendedor pode conseguir financiamento, sócio ou investidor, pois é um documento formal, o qual descreve detalhadamente o negócio em si. Transmitir credibilidade: o empreendedor ganha respeito por entenderem que ele sabe da importância do planejamento para a gestão e o crescimento de uma empresa. Desenvolver equipe de gestão: um PN bem estruturado pode servir para o empreendedor negociar com talentos em potencial e, eventualmente, atrai-los para o negócio. 6 Existe apenas um modelo de PN? Claro que não, hoje, há uma gama enorme de modelos, tipos, formatos de PN. Se der um google, encontrará uma infinidade de possibilidades. Mas considere em sua análise se o modelo escolhido contém a maior parte das seções que citamos e descrevemos a seguir com base em Tajra (2014, p.124-128): 1. Dados dos empreendedores: é o espaço para descrever quem são os empreendedores responsáveis, informando dados pessoais, qual é a participação societária de cada um, atribuições e responsabilidades. Pode-se, também, especialmente se for buscar financiamento, fazer uma breve apresentação das experiências e formação de cada um deles. Isso dá credibilidade ao projeto e garante no mínimo que o PN será analisado para se ter retorno sobre a liberação ou não do crédito solicitado. 2. Descrição geral do empreendimento: espaço para explicar detalhadamente a origem da ideia, quem a teve, em qual contexto, como o negócio foi pensado inicialmente, para quem estará voltado, quais os diferenciais que se pretende colocar em prática na gestão. Deve-se destacar quais são as matérias-primas ou insumos que serão utilizados. Principais produtos e/ ou serviços oferecidos. Qual é o público-alvo que se pretende atingir. Também se deve apresentar uma projeção de quanto tempo de vida útil o produto terá, para que se deixe claro que houve estudos para se planejar e implantar tal empreendimento. 3. Descrição detalhada do empreendimento: deve-se apresentar se o produto ou serviço é inovador, se já foi testado, resultados já alcançados, suas vantagens competitivas sobre a concorrência, se este deverá seguir algum padrão ou norma, se está vinculado a algum fator legal. 4. Capacitação técnica da equipe: se inicialmente foi exposto o currículo dos sócios/ empreendedores, nesta seção é momento de descrever quem é a equipe técnica, seu know how, experiência e como fará a diferença no empreendimento. 5. Descrição do processo produtivo: como está organizado, quais máquinas e equipamentos serão necessários, quais matérias-primas serão utilizadas, riscos e cuidados necessários. 7 6. Macroambiente: espaço para expor qual ambiente o empreendimento estará enfrentando, quanto às questões econômicas, políticas, legais e culturais. 7. Mercado e comercialização: estratégias comerciais que serão adotadas, perfil dos clientes do empreendimento. 8. Comportamento da concorrência: apresentação das principais características dos competidores, suas estratégias, seus pontos fortes e fracos. 9. Aspectos organizacionais e de gestão: apresentar a estrutura organizacional por meio de organograma, demonstrando as hierarquias, distribuição de trabalho e comunicação, bem como as atribuições das pessoas que trabalharão nela. 10. Diretrizes estratégicas: por meio da elaboração da missão, visão, valores, objetivos organizacionais e estratégias para a definição do planejamento estratégico. Apresentar a Matriz SWOT. 11. Aspectos financeiros: detalhamento do cronograma físico-financeiro, custos críticos do empreendimento, investimentos e capital dos sócios em caso de alguma emergência. 12. Receita bruta: para cada produto/ serviço relacionado, deve ser informado o preço unitário e a previsão anual de vendas. 13. Custos: apresentar quais serão os custos fixos e variáveis. 14. Resultados bruto e líquido: após o levantamento da receita bruta, devem ser lançados todos os custos. Esse resultado é chamado de lucro operacional. Em seguida, devem ser subtraídos os impostos que incidem diretamente sobre a receita para obter o resultado líquido, ou seja, o lucro líquido. 15. Payback: Com base no lucro líquido, efetue o cálculo do tempo para o retorno do capital investido. Para Dornelas (2016, p. 21-24), a estrutura de um PN deve conter: a. Sumário executivo: é a apresentação do negócio em si, com todos os aspectos mais relevantes para que o leitor queira continuar lendo e explorando o PN. b. Conceito do negócio: visão, missão e valores, porque é uma oportunidade, produtos e serviços a serem oferecidos, aspectos legais e 8 composição societária, certificações, licenças, regulamentações necessárias, localização e abrangência, parcerias e terceiros. c. Mercado e competidores: análise do setor, mercado-alvo que se pretende atingir, análise dos competidores e vantagens competitivas. d. Equipe de gestão: descrição dos principais executivos. e. Produtos e serviços: descrição, diferenciais, tecnologia e ciclo de vida. f. Estrutura operacional: organograma funcional, máquinas e equipamentos, processos de produção, fornecedores, infraestrutura física e tecnológica. g. Marketing e vendas: posicionamento do produto/ serviço e 4 Ps. h. Estratégia de crescimento: SWOT, cronograma e riscos do negócio. i. Finanças: investimentos, composição dos custos e despesas, evolução dos resultados financeiros, demonstrativo de resultados, fluxo de caixa, balanço. j. Indicadores financeiros: taxa de retorno, valor presente líquido, breakeven e payback, necessidade de aporte e contrapartida, cenários alternativos e plano de expansão. k. Anexos: currículo da equipe de gestão/ sócios, dados complementares, detalhamento das pesquisas de mercado, detalhamento das projeções financeiras. Qual modelo utilizar é uma decisão que o empreendedor deve tomar. Para tanto, deve escolher não o mais fácil e rápido, mas aquele que fará uma radiografia clara e objetiva do negócio que pretende implementar. Não vale a pena economizar tempo e dedicação na fase de elaboração, pois os resultados desta economia serão negativos. Mas, se ao contrário, o empreendedor se dedicar com afinco para elaborar um bom PN, isso aumentará as chances de sucesso do seu empreendimento. TEMA 3 – DESENVOLVENDO UM PLANO DE NEGÓCIOS Um Plano de Negócios (PN) é um documento que está dividido em seções com especificidades, assim, cada uma delas demandará por parte do empreendedor informações claras e objetivas que caracterizem o negócio, produtos, serviços, estratégias, parte financeira, entre outras. Não há uma metodologia única para se escrever um PN, mas como todo material escrito, o 9 PN demanda preparação, reserva de tempo, de local apropriado, de materiais para pesquisa, de um bom computador com acesso à internet de qualidade, de um celular para realizar contatos, um bloco de anotações para destacar tarefas e pontos a pesquisar ou fazer posteriormente. Tudo isso providenciado, é hora de colocar a mão na massa. Para Dornelas (2016, p. 26), um PN é iniciado pela análise da oportunidade, na sequência, passa-se para uma criteriosa análise do mercado, do público-alvo e dos concorrentes. Depois disto feito, o empreendedor deve se dedicar a: a. Definir o seu modelo de negócio (o que vender, o que é o negócio, como vender, para quem, a que preço, o plano de marketing) e projeções iniciais de receita; b. Estabelecer os investimentos iniciais necessários; c. Verificar a necessidade de recursos humanos; d. Projetar custos, despesas e receitas ao longo do tempo; e. Fechar o modelo de negócio cruzando necessidade de recursos com resultados; f. Criar demonstrativos financeiros; g. Fazer análises de viabilidade por meio de índices de retorno sobre investimento, rentabilidade etc.; h. Revisão completa de todos os passos; i. Concluir a redação do plano e fechamento do modelo. O ideal é que o futuro empreendedor baixe um modelo,1 dos inúmeros que existem disponíveis, salve em seu computador e na nuvem, para que possa de qualquer lugar e a qualquer tempo trabalhar em seu PN. O PN serve para se analisar se a oportunidade vislumbrada pelo empreendedor é viável ou não. Para Dornelas (2016, p. 29), “a oportunidade é uma ideia com potencial de retorno econômico, a partir da qual o empreendedor poderá criar produtos e serviços de interesse dos consumidores. Ideias que não proporcionam o retorno econômico serão apenas ideias.” O PN possibilita ao empreendedor, por meio de dados, informações, análises e estudos verificar se a ideia ou ideias tidas são viáveis para implantação e se dará o resultado esperado.1 Aqui você encontra modelos de PN: <www.josedornelas.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2019. 10 Aspectos a serem considerados para o Desenvolvimento do Plano de Negócios, segundo Dornelas (2016): 1. Análise da oportunidade: público-alvo para a ideia de negócio, ciclo de vida do produto, potencial de crescimento do mercado, tempo de recuperação do investimento, estudo de pesquisas sobre o público-alvo, barreiras de entrada, competidores, tamanho do mercado em números, potencial de lucro e necessidade de capital, ponto de equilíbrio e retorno do investimento. 2. Análise de mercado: análise do setor no qual o negócio se encaixa, estudos sobre o nicho de mercado escolhido, caracterização detalhada do público-alvo e estudo dos concorrentes. 3. Modelo de negócio: o que vender, como, para quem, a que preço: prévia do plano de marketing e previsão de receitas. 4. Investimentos: o que será necessário inicialmente em termos de recursos humanos, custos, despesas e infraestrutura. 5. Demonstrativos financeiros: análise de viabilidade e rentabilidade. 6. Conclusão: finalização do plano, revisar as premissas, projeções, cenários e desenvolver o sumário executivo. Para Tajra (2014), são necessárias as seguintes informações para se elaborar um PN: Tipo de empreendimento: escolha algo que tenha proximidade, experiência, isso facilitará a elaboração, os estudos, a implementação e avaliação do negócio; Recurso financeiro: consiste em um levantamento detalhado sobre quais recursos são necessários para se iniciar e bancar o empreendimento até que este alcance o ponto de equilíbrio; Localização e mercado consumidor: tratando-se de varejo, a localização é um dos fatores determinantes para o sucesso do empreendimento. Estudar o mercado consumidor é uma obrigação, só assim se elencarão propostas de valor atrativas. Carga tributária: consultar um contador para entender quais são as opções mais adequadas e econômicas para a ideia de negócio. 11 Registros e licenças: consiste na busca junto a órgãos públicos e privados sobre o que é necessário em termo de registros e licenças necessárias para o tipo de negócio escolhido. Gestão: levantamento dos aspectos mais importantes para se fazer uma gestão profissional que traga os resultados esperados. Equipe: levantamento dos profissionais que serão necessários para se iniciar e fazer a gestão da empresa. Insumos: identificação dos materiais e matérias-primas necessários para o empreendimento. Marca: criação de uma marca que represente a empresa adequadamente. O ideal é contar com a ajuda de um profissional da área de marketing. Todos esses aspectos não são levantados do dia para a noite; o futuro empreendedor sabe que precisará de tempo para se dedicar à elaboração do PN. Para isso, deve organizar sua rotina para ter esse tempo para poder elaborar com calma o PN, realizando pesquisas, indo atrás de informações, visitando concorrentes, potenciais clientes, fornecedores, consultores. Deve-se ter claro que elaborar um PN não é uma tarefa fácil, mas possível, e que a maior recompensa é o resultado que se alcançará com o PN, seja no momento do planejamento, implantação e/ ou gestão do negócio. TEMA 4 – SÓCIO: TER OU NÃO TER? Antes de se lançar ao desafio de buscar e escolher um sócio, o futuro empreendedor deve fazer uma autoanálise, com vistas a se conhecer melhor. Isso porque se nego ou ignoro algumas de minhas características, se não identifico quais comportamentos tenho, como me posiciono, como e o que me agrada e desagrada nas pessoas com quem trabalho, o que me motiva e desmotiva quando alguém fala ou se comporta de alguma maneira, assim, sem me conhecer, ficará difícil fazer uma escolha que complemente, evite conflitos e renda integração e resultados. O exercício de autoconhecimento pode ocorrer de várias maneiras, reflexão, terapia, conversa com amigos, feedback de colegas de trabalho. O que importa é que o futuro empreendedor faça a lição de casa, se conheça, se 12 descubra e, com isso, tenha condições de utilizar essas informações na hora de buscar e escolher seu futuro sócio. Mas nem sempre é possível escolher, sendo o sócio alguém próximo do empreendedor, familiar, amigo, cônjuge, colega de trabalho. Poucos empreendedores buscam a ajuda de profissionais especializados para identificar um sócio. O sócio-administrador é aquele que fica responsável por todas as atividades da empresa, executando-as ou gerenciando, tem a responsabilidade por fazê-las. Já o sócio quotista é aquele que investe na empresa, coloca capital para permitir que a empresa inicie suas atividades e alcance o ponto de equilíbrio. Existe, na atualidade, o investidor-anjo, que é caracterizado por pessoa física ou jurídica que investe seu próprio dinheiro em empreendimentos com alta capacidade de rentabilidade. Geralmente, investem em empresas nascentes ou em estágio inicial, com grande potencial de retorno. Os investidores-anjo são profissionais que têm experiência em gestão, com seus próprios empreendimentos, e servem como apoio, mentores dos empreendedores dos quais acabaram de se tornar sócios. A vantagem de se ter um investidor-anjo no negócio é que ele divide com o novo empreendedor/ negócio seu know how, suas expertises, sua rede de relacionamentos, a infraestrutura de seus negócios para fazer com que o novo negócio no qual investiu prospere. Mas, se analisar e decidir que a melhor forma para planejar, implementar e gerenciar o negócio é com um ou mais sócios, atente-se para os seguintes pontos. Pense bem qual é o percentual que irá disponibilizar, lembrando que alguns investidores têm claro o quanto da empresa em termos de percentuais exigem para alocar recursos. Antes de sentar para negociar, tenha claro o quanto de poder está afim de dividir. Lembre-se: é melhor ceder para contar com dinheiro e know how do que ter poder total e ter problemas com o negócio, não obtendo sucesso. Pesquise a vida pessoal e profissional dos interessados em ser seu sócio, isso evitará decepções futuras. 13 Compreenda qual é o perfil dos interessados, formação, experiência, vivência na gestão de negócios, estilo de gestão, objetivos de vida e profissionais, hábitos e forma da pessoa organizar e administrar sua vida. Liste coisas que você admira nos profissionais com quem trabalha ou já trabalhou, pontue o que mais lhe agrada e incomoda nas pessoas com quem se relaciona profissionalmente. Utilize esses pontos na análise do seu futuro sócio. Tenha claro quais são suas qualidades, defeitos, deficiências e expertises. Procure no outro aquilo que te complemente, não caia na besteira em acreditar que depois ajustará isso, que depois tudo se acertará, que o outro melhorará ou se superará. Isso pode nunca ocorrer. Veja no que o outro te complementa na área pessoal, por exemplo, se você é calmo e o outro agitado. Na área técnica, o que você domina e o que precisa de ajuda. Você não é tecnológico, então deve buscar alguém com perfil que complemente essa deficiência. Intelectualmente, encontre alguém que esteja próximo do nível, se você tem formação superior não deixe de considerar esse fator como importante na seleção do sócio, pois isso poderá fazer alguma diferença. Tecnicamente, encontre alguém que complemente aquilo que você não sabe, mas especialmente aquilo que é importante para a empresa; não confunda seus desejos com as necessidades da empresa. Explore quais são os objetivos dos potenciais sócios, eles pretendem fazer o que daqui a 5 anos? Será que é algo próximo daquilo que você pensou para a empresa? Ou será que pretendem estar aposentados ou viajando 3 meses por ano? Compreenda como seu potencial sócio administra sua família e seus negócios, eles trabalham com ele? Consegue e tem maturidade para separar as coisas? A áreaque ele pretende cuidar, caso seja um sócio que irá trabalhar na empresa, é aquela que você acha mais adequada ou haverá conflito de interesses? Qual é o estilo de gestão e especialmente de liderança? São idênticos ao seu? Antagônicos? Ideal para o tipo de negócio que pretende empreender? 14 Tempo, será que o futuro sócio tem tempo suficiente para uma empresa que está iniciando suas atividades? Ou você e o negócio terão de disputar as 24 horas dele com um milhão de outras atividades, afazeres, hobbies? Enfim, não deixe seu feeling de lado, use sua percepção para sentir se é aquela pessoa com quem quer dividir sua ideia, a oportunidade identificada, no negócio, seus sabores e dissabores. Mas, não deixe de arriscar um pouco, pois sociedade quando bem-feita é fácil de se desfazer, quando mal elaborada é dor de cabeça no certo no futuro. E, por fim, tenha claro que estará buscando um humano, o sócio é uma pessoa comum, que tem qualidades e defeitos, ter isso claro evita no futuro decepções com comportamentos e atitudes. TEMA 5 – FONTES DE FINANCIAMENTO As fontes de financiamento para negócios novos são escassas e em muitos casos inexistentes, pois as instituições financeiras não possuem linhas de créditos para quem só tem uma boa ideia; é preciso já tê-la colocado em prática, ter números que comprovem a viabilidade do negócio para conseguir dinheiro para ampliar, modernizar, relocalizar o negócio. Sei que essa informação é meio desanimadora, mas é a realidade nua e crua. Não pense que terá uma ideia, identificará uma oportunidade, fará um BMG Canvas, depois um bem-elaborado Plano de Negócios que conseguirá facilmente dinheiro para transformar sua ideia em algo concreto. Faça o seguinte: depois de ter o BMG elaborado e revisado, procure as instituições financeiras e conheça quais são os critérios adotados por elas para conceder financiamentos. O ideal é economizar, poupar, investir em bens que possam ser vendidos para se transformar em capital para dar início ao negócio e não ficar contando com dinheiro emprestado. Nunca se desfaça de imóvel residencial, especialmente se tiver um apenas para investir naquela ideia e oportunidade maravilhosa que você identificou, pois todo negócio tem risco e você pode perder algo que levou uma vida inteira para conquistar. Um dos caminhos que o futuro empreendedor pode seguir é procurar uma incubadora.2 Nelas, terá suporte técnico, material tecnológico e até 2 O objetivo das incubadoras é dar suporte estratégico aos pequenos negócios em seus primeiros anos de vida. Cada incubadora possui suas características, como processo seletivo 15 mesmo de gestão, aumentando as chances de sucesso do empreendimento. E mais: uma vez incubada, isso favorece para que se consiga financiamento para transformar o negócio em algo maior, que possa sair da incubadora e andar com suas próprias pernas. Cada incubadora tem regras específicas para aceitar novos negócios para serem incubados. Tipos de negócios que aceitam, tipo de suporte que oferecem, custos, assim o melhor é pesquisar e encontrar aquela em que haverá maiores chances de ter seu negócio aceito para ser desenvolvido. Bancos como a Caixa e Banco do Brasil possuem taxas mais atrativas para financiamento do que os bancos comerciais, porém, isso muda o tempo todo, especialmente no início de novos governos. Vale a pena colocar aquele melhor terno ou tailleur para ir a uma agência bancária falar com o gerente de pessoa jurídica para conhecer quais as possibilidades e exigências. Isso porque o contato pessoal e uma boa comunicação podem abrir portas, encurtar caminhos, ter acesso a informações que não estão disponíveis para o grande público. O Sebrae desenvolveu um material intitulado Como obter financiamento.3 Vale a leitura para estar preparado para esse momento importante que é transformar a ideia em algo concreto por meio de financiamento. O BNDES, a Fomento Paraná, o BRDE4 são instituições que possuem linhas de crédito, porém, cabe uma visita ao site ou à própria instituição para conhecer o que eles oferecem e o que exigem de contrapartida. Não crie grandes expectativas, pois pode se frustrar rapidamente, geralmente são muitas exigências, pouca flexibilidade e muita propaganda. A melhor forma para o empreendedor obter dinheiro para iniciar um empreendimento é por meio da poupança com recursos próprios. Caso opte em utilizar verbas rescisórias, provenientes de sua demissão, é bom planejar bem antes para evitar de gastar tudo o que tem e o negócio não decolar, ficando sem dinheiro para dar continuidade e ter que encerrar as atividades ficando somente com as dívidas. para candidatos, taxa de manutenção, serviços e consultorias oferecidas. Fonte: <http://www.startupsc.com.br/lista-de-incubadoras-brasileiras/>. Acesso em: 31 mar. 2019. 3 Para acessar a apostila: <https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/c30a4bc89ae4 a6ce6c8a9df7a2f0a6e5/$File/5868.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2019. 4 BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento, Fomento Paraná – Agência de crédito do Estado do Paraná, BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. 16 Esta seção tratou da busca de financiamento e as palavras usadas e termos não foram muito positivas ou otimistas, mas é para que o futuro empreendedor não se iluda, não caia na armadilha de que será fácil. Mas com dedicação e planejamento ele pode sim executar seu projeto e obter sucesso. TROCANDO IDEIAS Você, depois de ler sobre a importância do Plano de Negócios, suas seções, como desenvolvê-lo, estaria disposto(a) a elaborar um para planejar e estudar detalhadamente uma ideia/ oportunidade de negócio? NA PRÁTICA O que é necessário para se realizar um PN? Boa vontade e disposição são essenciais, são o pontapé inicial para se fazer um. Mas, além disso, tem de realizar pesquisas, buscar informações, fazer visitas. Tem de buscar conhecer clientes, fornecedores, competidores, prováveis parceiros. Depois de tudo isso realizado, é hora de reservar algumas horas do seu dia, reunir o material selecionado para esse fim e mãos à obra. FINALIZANDO Nesta aula conceituamos o que é um Plano de Negócios, apresentamos suas seções e o que elas contêm, descrevemos os passos para se elaborar um PN. Discutimos os pontos que o empreendedor deve ficar atento para escolher um sócio e discorreremos sobre as fontes de financiamento para novos negócios. 17 REFERÊNCIAS DORNELAS, J. Plano de negócios: seu guia definitivo – o passo a passo para você planejar e criar um negócio de sucesso. 2. ed. São Paulo: Empreende, 2016. TAJRA, S. F. Empreendedorismo: conceitos e práticas inovadoras. São Paulo: Érica, 2014. COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 5 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Não é fácil para o empreendedor tomar certas decisões, como escolher iniciar um negócio do zero, comprar um negócio já existente ou adquirir os direitos de uma franquia. Mas ele deve se munir de informações para escolher o melhor caminho a seguir. Outro drama vivido pelo empreendedor é chegar à conclusão de que não tem mais interesse pelo negócio e que quer vendê-lo. Ele terá de enfrentar um caminho tortuoso e pedregoso para quem sabe conseguir negociar seu empreendimento. Liderar situações como essas é responsabilidade de um empreendedor. Os objetivos desta aula são: • Apresentar os pontos aos quais o empreendedor deve ficar atento, caso opte por iniciar um negócio do zero; • Elencar pontos que devem ser observados e estudados, caso escolha adquirir um negócio já em andamento; • Conceituar sistema de franquia,indicando suas características, vantagens e desvantagens tanto para franqueador quanto para franqueado; • Apresentar pontos importantes a serem considerados na venda de um negócio; • Conceituar liderança, suas características e estilos. CONTEXTUALIZANDO Tomar a decisão de se tornar um empreendedor não é algo fácil, mas, algumas pessoas, por força das circunstâncias (demissão, mudança de cidade, aposentadoria, entre outras) ou por terem identificado uma boa oportunidade de negócios são levadas à decisão de iniciar uma empresa do zero, comprar uma já existente ou adquirir uma franquia. Isso causa ansiedade e estresse nos empreendedores, porque eles têm de escolher um novo caminho a seguir. Espera-se que essa aula, com base nas informações nela contidas, sirva de suporte para a tomada de decisão do futuro empreendedor. 3 TEMA 1 – INICIANDO UM NEGÓCIO DO ZERO Para iniciar um negócio, o empreendedor tem que antes identificar uma necessidade. Depois de identificá-la ele tem de analisá-la, para saber se é uma boa oportunidade de negócio, pois, às vezes, a necessidade não se traduz em uma excelente oportunidade. Somente por meio de estudos, observações, pesquisas, conversas e visitas é que o empreendedor consegue discernir se vale a pena ou não investir na ideia. O maior desafio para o empreendedor, ao estudar uma ideia de negócio, é conseguir separar sua emoção de sua razão (se é que isso é possível, não é?), pois, ao se apaixonar por uma ideia, se envolver emocionalmente, ele pode acabar deixando de lado em sua análise aspectos importantes que comprometerão as decisões tomadas. A melhor forma de evitar que isso aconteça é anotar, registrar, escrever, desenhar, fazer mapa mental, criar pastas e salvar tudo o que for relevante para a construção mental do negócio e que sirva depois de subsídio para a elaboração do BMG Canvas e do plano de negócio (PN). Porém, só criar pasta e sair salvando tudo pode ser perigoso também; ao final da pesquisa ele poderá ter tanta informação que talvez não consiga se decidir por onde começar. Um artigo Endeavor Brasil (2015) apresenta algumas ferramentas que podem auxiliar o futuro empreendedor desde o momento da produção de ideias de negócios até o de análise da viabilidade das mais interessantes. Vamos a algumas delas: • Funil de ideias: serve para gerar ideias a partir da experiência do empreendedor e da observação do mercado. Ideal para quem ainda não decidiu em qual negócio investir; • Scamper: meio para realizar o brainstorming com vistas a chegar a um novo produto ou serviço ou para modificar algo já existente. É preciso a cooperação de outras pessoas para executar dessa técnica; • Mapa mental: é uma forma gráfica de expressar ideias, de detalhá-las, de resumir pensamentos e ações. Ideal para quem tem pensamento mais visual do que linguístico; • Análise 360º: ferramenta indicada para verificação de viabilidade da ideia de negócio. Permite uma análise mais completa; 4 • Mapa de empatia: leva o empreendedor a desenvolver um negócio ao se colocar do lugar do cliente. Ele pode ver, pensar, sentir e expressar opiniões e sentimentos do cliente em relação a aspectos do negócio; • BMG Canvas: como já exposto anteriormente, trata-se de uma ferramenta para modelar uma ideia de negócios. Serve para compreender vários aspectos importantes do futuro negócio; • Plano de negócios em pirâmide: ajuda o empreendedor a enxergar o negócio como algo sistêmico, em que todas as áreas estão integradas, auxiliando-o na formatação de seu plano de negócio de acordo com um determinado objetivo. Você já fez uma pesquisa para saber qual é o nível de burocracia para abrir negócios de alguns ramos? Pois bem, nesse aspecto, você poderá se surpreender tanto positiva quanto negativamente. Dependendo do tipo de negócio, com pouco tempo e dedicação você rapidamente terá sua empresa iniciada. Por exemplo, a abertura de uma microempresa individual (MEI) pode ser feita pela internet, com rapidez e segurança. Mas se o seu negócio for uma S/A, aí a conversa, os documentos, as exigências e, principalmente, o tempo que levará para pode iniciar o negócio serão bem mais extensos, os custos serão mais elevados e as pessoas e os processos envolvidos, bem mais complexos. Pesquisar para ter claro o que é necessário para iniciar um negócio é importante para não se gastar tempo desnecessariamente. A ajuda de um contador de confiança é imprescindível, pois ele está acostumado com os trâmites, exigências e o tempo necessários para que cada processo se finalize. Além disso, ele sabe quais serão os custos do processo e os pontos relevantes a que se deve se ficar atento para evitar desperdícios – de tempo, de dinheiro e de paciência. O dinheiro que você utilizará para a abertura é próprio? Melhor que seja, pois se algo não sair conforme o planejado você não comprometerá sua capacidade de adquirir crédito. Mas, pense bem antes de se desfazer de seu patrimônio pessoal para investir em um negócio; algo que levou uma vida para ser construído pode ruir em poucos meses. O planejamento, a elaboração de um sólido PN, pode evitar esse tipo de situação. Juntamente com o PN, faça um planejamento de gastos e investimentos, assim, você não corre o risco de, no terceiro mês de atividade, se dar conta de 5 que não tem dinheiro para pagar a segunda parcela daquela máquina importante para seu faturamento. A maior parte dos pequenos empreendedores parece desconhecer o significado e a importância do capital de giro, especialmente quando são iniciantes. Ele é o total de recursos financeiros necessários para bancar sua empresa para que continue funcionando. Veja a figura a seguir: Figura 1 – Capital de giro: cálculo Fonte: Sebrae, 2019. Pensar no capital de giro tira o sono do empreendedor, pois o que lhe vêm à mente é o seguinte: “Preciso de R$ 100.000,00 para colocar a ideia para rodar, fazer o negócio funcionar. Precisaria de mais uns R$ 40.000,00 de capital de giro... Bom, não tenho todo esse valor, mas depois do início do negócio irei faturar, obter lucro, e, com isso, esse valor não será tão necessário”. Para começar, ele gastará 20 ou até 30% a mais para finalizar a preparação do negócio. Depois, o que pensava em vender, em faturar e lucrar acaba não se confirmando na prática: o tempo mudou, o governo lançou uma medida, o fornecedor atrasou a entrega dos produtos e isso tudo faz com que o dinheiro que se esperava ter proveniente da nova empresa venha pela metade. E então: o que acontece? Atrasos de fornecedores, de pagamentos de títulos, de salários e benefícios fazem com que se diminua os gastos cortando despesas cruciais para o bom funcionamento do negócio. Todos já vivenciamos o final dessa história, ou conhecemos alguém bem próximo que já passou por essa situação, ou já ouvimos uma triste história de fracasso nos negócios por essa razão. 6 Assim, planejar o capital de giro necessário para que a empresa tenha tempo de andar com a próprias pernas é imprescindível para aqueles que pretendem alcançar o sucesso. O relato anterior lhe parece muito pessimista ou negativo? Saiba que não é. Essa é uma realidade de empresas que são abertas e fechadas antes de um ano de existência. Assim, é melhor começar o negócio de cara mais sisuda, sabendo de todos os desafios que terá de enfrentar até alcançar o sucesso, do que iniciar o projeto empolgadíssimo e meses depois perceber que a infraestrutura é frágil e que você não conseguirá aguentar os trancos do mercado e sucumbirá. TEMA 2 – COMPRA DE UM NEGÓCIO EM ANDAMENTO Quando o empreendedor pensa em adquirir um negócio em andamento, geralmente o que lhe vem primeiro à mente é que terá lucro rápido. Afinal, o negócio já está totalmente estruturado, com clientela formada e fiel. Mas será que é sempre assim? Discutiremos algunspontos a seguir para que, ao optar por um negócio já existente, o empreendedor não caia em armadilhas. • Armadilha nº 1: dá menos trabalho do que iniciar um negócio do zero. Isso pode até ser verdade; a estrutura já está montada, a empresa, em funcionamento, com clientela. Mas ela está estruturada? As contas estão em dia? Impostos e taxas foram pagos? As licenças e permissões necessárias são válidas? A parte burocrática da gestão de pessoas está organizada e devidamente arquivada? • Armadilha nº 2: passivo trabalhista. Muitas vezes, o comprador deixa de checar ou não é informado pelo vendedor sobre as ações trabalhistas que estão correndo. Isso pode detonar, no futuro, o caixa da empresa. Chame seu advogado e lhe dê a missão de fazer uma busca minuciosa; • Armadilha nº 3: os números apresentados representam de fato a realidade. Muitos vendedores inflam, maquiam dados, apresentam números que não são reais e que não poderão ser comprovados na prática se checados e calculados com atenção; • Armadilha nº 4: contrato de aluguel. Na hora da negociação, o vendedor informa que já tratou com o dono do imóvel ou com a imobiliária a transferência, a passagem do contrato, e que está tudo certo. Não confie. 7 Fale com o responsável pela administração do imóvel para conhecer a realidade, o contrato, o índice de reajustes, entre outros aspectos relevantes; • Armadilha nº 5: imóvel, estrutura física. Faça uma vistoria em todo o imóvel: telhado, partes hidráulica e elétrica. Isso é essencial para evitar surpresas desagradáveis; • Armadilha nº 5: infraestrutura tecnológica. Se você conhece o bastante, faça você mesmo a verificação das reais condições das máquinas e dos softwares necessários para o bom funcionamento da empresa, além de revisar licenças necessárias e prazos de validade. Isso pode evitar a visita por órgãos fiscalizadores e o recebimento pesadas multas; • Armadilha nº 6: folha de pagamento. Chame seu contador e o apresente ao contador que atende a empresa na época da transação. Ele saberá pesquisar e identificar irregularidades que poderão lhe custar ações trabalhistas no futuro. Veja também se não há pagamentos por fora, além daquilo que é registrado em carteira. Se houver, já defina uma estratégia para resolver o caso; • Armadilha nº 7: processos na PROCON ou em juizados especiais. Verifique se não há nada em andamento, como uma negociação que esteja sendo paga em parcelas. Descuidar-se disso pode, no curto prazo, levar a empresa a ter que desembolsar valores para os quais não está preparada; • Armadilha nº 8: fornecedores. Conhecê-los e ver os contratos com eles – se existirem – é essencial para saber na mão de quem você estará ao assumir a empresa. Eles poderão ser o motor de seu sucesso ou a causa de seu fracasso; • Armadilha nº9: clientes. Pesquise para saber se as informações que recebeu sobre os clientes são verdadeiras ou não. Faça você mesmo uma pesquisa, no sistema, com os colaboradores, com os que estiverem comprando quando estiver na empresa. Peça o contato dos clientes mais importantes e fale com eles, visitando-os, se for o caso; • Armadilha nº 10: faturamento. Essa é a armadilha mais comum em que se pode cair quando se está comprando uma empresa. Duvide sempre dos números que receber. Se não for muito bom com números, contrate alguém que seja para fazer uma varredura, uma checagem, uma análise 8 detalhada para evitar um choque depois que o contrato de compra e venda já estiver sacramentado. Gaste tempo e energia para entender a empresa por meio dos números. Isso lhe garantirá maior segurança de que está fazendo um bom negócio. Maximiano (2011) apresenta os pontos favoráveis e desfavoráveis que existem na aquisição de um negócio já estruturado. Quadro 2 – Pontos a considerar na compra de um negócio existente Pontos a favor e vantagens Pontos contra e risco • Produto e mercado definidos • Empresa em funcionamento • Clientela formada • Fornecedores operando • Experiência do proprietário anterior • Herança de problemas • Problemas futuros ocultos • Mão de obra qualificada • Imagem comprometida • Modernização necessária • Localização desvantajosa • Preço alto Fonte: Maximiano, 2011, p. 31. Assim, se você pretende empreender comprando um negócio já existente, fique atento a esses pontos e desconfie sempre. Isso o fará se aproximar de dados e informações que tornarão sua decisão mais acertada. TEMA 3 – FRANQUIAS Ao se pensar em franquia, alguns nomes vêm à nossa mente: McDonald’s, Habib’s, Boticário, entre outras grandes marcas que, sendo nacionais ou não, caíram no gosto popular e estão presentes em nosso dia a dia. Mas o que é uma franquia? Definição legal de acordo com o art. 2º da Lei n. 8.955/1994: Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca e patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. Definição oficial da Associação Brasileira de Franchising (ABF) (a partir da definição da comissão da Comunidade Europeia): Franchising é um sistema de comercialização de produtos e/ou serviços e/ou tecnologias, baseado em estreita e contínua colaboração entre empresas jurídica e financeiramente distintas e independentes, através do qual o franqueador concede o direito e impõe a obrigação 9 aos seus franqueados de explorarem uma empresa de acordo com seu conceito. O direito assim concedido tem por objetivo autorizar e obrigar o franqueado, mediante uma contraprestação financeira, direta ou indireta, a utilizar as marcas de serviços, logotipos e insígnias, ou know-how, direitos de propriedade industrial e intelectual e outros direitos autorais apoiados por uma prestação contínua de assistência técnica, no âmbito e durante a vigência de um contrato de franquia escrito e celebrado entre as partes para esse fim. Assim, se tiver uma ideia, estudá-la, implementá-la, testar todas as possibilidades de produtos, processos, tecnologias entre outros aspectos relevantes poderá levá-lo a transformar o seu negócio em uma franquia e a comercializar o direito de outras pessoas de trabalhar com a sua marca. O Sebrae (2018) nos oferece os seguintes conceitos de franquia: Franqueador – Pessoa jurídica detentora dos direitos sobre determinada marca ou patente, que formata um modelo de negócio e cede a terceiros (franqueados) o direito de uso desta marca ou patente e do know-how por ela desenvolvido, sendo remunerada por eles pelo uso deste sistema. Franqueado – Pessoa física ou jurídica que adere à rede de franquias idealizada pelo franqueador, mediante o pagamento de um determinado valor pela cessão do direito de uso da marca ou patente e transferência de know-how, comprometendo-se a seguir o modelo por ele definido. Royalty – Remuneração periódica paga pelo franqueado pelo uso da marca e serviços prestados pelo franqueador. Geralmente é cobrado um percentual sobre o faturamento bruto. Taxa de franquia (franchise fee ou taxa inicial) – É um valor único estipulado pelo franqueador para que o franqueado possa aderir ao sistema, pago na assinatura do pré-contrato ou contrato de franquia. Esta taxa também remunera o franqueador pelos serviços inicialmente oferecidos ao franqueado. Alguns franqueadores cobram um percentual da taxa de franquia no momento da renovação do contrato. Fundo de Propaganda (ou fundo de promoção) – Montante referente às taxas de publicidade pagas pelos franqueados e pelas unidades próprias dos franqueadores e que deve ser utilizado para ações de marketing que beneficiem toda a rede. Em geral,o franqueador é o administrador do fundo, mas deve prestar contas periódicas aos franqueados. Conselho de Franqueados – Tem caráter consultivo e é constituído pela franqueadora e por um grupo de franqueados principalmente para a administração do Fundo de Propaganda. Circular de Oferta de Franquia – Documento que, segundo a legislação brasileira, deve ser entregue pelo franqueador ao candidato a franqueado até 10 dias antes da assinatura do pré-contrato, contrato ou pagamento de qualquer valor. Em resumo, ela deve ser entregue por escrito e ser redigida de forma clara, contendo as informações sobre a franquia, a rede de franqueados e tudo o que será exigido do franqueado antes e após a assinatura do contrato de franquia. http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/a-circular-de-oferta-de-franquia,349df925817b3410VgnVCM2000003c74010aRCRD 10 3.1 Etapas da franquia Basicamente, são cinco as etapas a serem cumpridas por um franqueador em seu objetivo maior de ver implantada sua rede de franquias: • 1ª etapa: teste de viabilidade do conceito por meio de uma unidade-piloto para as devidas correções; • 2ª etapa: após verificada a viabilidade, ocorre a formatação, quando então os conceitos testados são padronizados e documentados na circular de oferta de franquia e nos manuais. A formatação, portanto, visa a identificar os padrões e as referências de um negócio, permitindo, assim, a sua reprodução igual pelos franqueados. • 3ª etapa: é chegada a hora da divulgação e da comercialização da franquia. Isso pode ser feito das seguintes formas: anúncios em revistas e jornais on-line; sites especializados; participação em feiras; utilização dos serviços profissionais de corretores (brokers) ou até mesmo por meio de formas mais simples, como uma pequena mensagem nas lojas próprias e contatos pessoais. Em geral, o franqueador também prepara material de divulgação como folders, pastas e brindes. Essa etapa visa a recrutar os possíveis interessados na franquia, cujas fichas de candidatura serão analisadas posteriormente; • 4ª etapa: para que uma futura unidade franqueada possa ser implantada é preciso que três variáveis ocorram simultaneamente: perfil adequado, recursos financeiros disponíveis e local aprovado. É nessa hora que o franqueado analisa as informações contidas na circular de oferta de franquia, que deve respeitar o prazo legal de dez dias de antecedência para uma eventual assinatura do contrato de franquia; • 5ª etapa: após todo o assessoramento dado pelo franqueador ao futuro franqueado (escolha de ponto, treinamento), é inaugurada a franquia. O modelo pressupõe acompanhamento e supervisão a fim de verificar se os padrões estão sendo observados na prática do dia a dia. Faz parte também dessa etapa a iniciativa de trocas de experiências com a rede por meio de newsletters e dinâmicas de grupos (encontros, seminários e conselho de franqueados). 11 3.2 Instalação da franquia Uma unidade fraqueada pode funcionar em: • Loja comercial (individual ou combinada); • Sala ou conjunto; • Corner (canto); • Quiosque (por exemplo, sorvete McDonald’s); • Unidade móvel (veículo, por exemplo, lojas de roupas em vans). 3.3 Localização da franquia Geralmente, uma franquia pode estar localizada em um shopping center, em uma rua ou galeria. Também é possível encontrar unidades em aeroportos, hospitais, estações de metrô, instituições de ensino etc. Os aspectos locacionais de uma franquia são de extrema importância para o seu sucesso. A decisão final quanto ao local (ponto) é, em geral, uma atribuição e uma decisão do franqueador, e envolve estudos mercadológicos e custos de ocupação (luvas e aluguel). 3.4 Vantagens para o franqueador • Expansão veloz: como se utiliza de capital de terceiros – franqueados – expande seu negócio mais rapidamente do que se utilizasse de capital próprio. Se tiver uma boa divulgação, conseguirá alavancar novos franqueados, o que levará seu negócio a crescer; • Mais eficiência: a administração é feita pelo franqueado, que tem o maior interesse que a empresa vá bem, pois ele será o maior beneficiado. Então, é do interesse dele seguir normas e procedimentos com vistas a levar a sua unidade franqueada a ter sucesso; • Estrutura central reduzida: com uma pequena estrutura ele consegue administrar muitas unidades franqueadas; • Feedback: recebe retorno dos franqueados sobre produtos, processos, clientes, e isso leva a aperfeiçoamento e melhorias; • Ingresso em novos mercados: com a chegada de novos investidores, de diversas regiões do país, o negócio vai a lugares aos quais o franqueador, sozinho, provavelmente não iria; 12 • Canal diferenciado para seus produtos/serviços: pela expansão por meio de franquias, o negócio chega a clientes e mercados que os concorrentes por vezes não chegam; • Fortalecimento da marca: com a expansão, a marca chega a um número maior de consumidores, e isso a fortalece; • Menos riscos trabalhistas: o franqueado tem muitas pessoas trabalhando para a sua marca. Essas pessoas não são seus colaboradores, são funcionários do franqueado, e isso diminui a chance de o franqueador ter de responder por ações trabalhistas – embora ele seja corresponsável pela empresa; caso o franqueado não pague o trabalhador, o franqueador pode ser responsabilizado. 3.5 Desvantagens para o franqueador • Perda de controle sobre os pontos de venda: os franqueados têm autonomia no gerenciamento e, mesmo tendo que respeitar os padrões estabelecidos pelo franqueador, este não consegue estar presente ou controlar tudo. Com isso, desvios podem ocorrer e prejudicar a marca; • Risco vinculado à atuação dos franqueados: se estes forem desonestos ou antiéticos, poderão comprometer com suas ações e formas de gestão a credibilidade da marca; • Possibilidades de disputa com os franqueados: o franqueado pode querer concorrer com o franqueador, pode planejar se desligar da franquia e abrir a sua própria empresa, oferecendo um produto ou serviço parecido. O contrato de franquia protege o franqueador, mas há sempre caminhos possíveis quando se é mal-intencionado. 3.6 Vantagens para o franqueado • Maior garantia de sucesso: o negócio já foi testado, então já superou os problemas iniciais de qualquer negócio; já tem o know-how e a expertise para fazer da nova unidade franqueada um sucesso; • Marca conhecida: o franqueador já fez a divulgação, já tem canais corretos para que o consumidor conheça a marca e, como tem mais verba, consegue fazer com que a marca chegue mais longe; 13 • Facilidade na instalação: isso ocorre porque o franqueador tem experiência, já testou matérias, móveis, equipamentos e sabe aquilo que funciona melhor para entregar adequadamente suas propostas de valor. Geralmente as grandes marcas são assessoradas por empresas especializadas em projetos e instalações; • Propaganda e marketing cooperados: sozinho, talvez o franqueado não conseguisse estruturar um plano de marketing com vistas a chegar a um público maior; juntos, porém, os franqueados, gerenciados pelo franqueador, podem fazer campanhas e ações que atraiam o consumidor para a sua marca; • Maior poder de negociação: uma coisa é comprar para uma unidade, outra, é comprar para 50. O franqueador tem esse poder e geralmente isso chega ao franqueado em forma de produtos de qualidade com preços que permitirão mais competitividade; • Desenvolvimento de novos métodos e produtos: o franqueador tem e mantém um centro de pesquisa e desenvolvimento, e isso leva o franqueado a poder contar com lançamentos e atualizações constantes. 3.7 Desvantagens para o franqueado • Riscos inerentes à má escolha do franqueador: hoje existe uma gama de possibilidades em termos de franquia. Se essa escolha não for feita com cuidado, em pouco tempo o franqueado verá que seu franqueador não é tudo aquilo que vendeu;• Menos liberdade de ação: há padrões, normas e regras que devem ser seguidos pelo franqueado. Os parâmetros são impostos pelo franqueador, assim, é possível fazer tudo o que se quiser, desde que não se contraponha àquilo que foi definido pelo franqueador; • Risco vinculado à performance do franqueador: se a escolha foi mal feita, se o franqueador na prática não entregar o que prometeu em termos de produtos, serviços, suporte, consultoria etc., o franqueado poderá não ter respaldo para superar dificuldades e obter lucros; • Risco vinculado à imagem da marca: caso haja algum problema com a marca por má gestão ou descuido do franqueador isso impactará no dia a dia do franqueado; 14 • Limitações à venda do negócio: na hora de vender, é obrigação do fraqueado apresentar ou submeter o nome do interessado ao franqueador. Este pode, ao final do processo de análise e avaliação, achar que aquele investidor não atende ao perfil estipulado. Isso fará com que o franqueado volte à estaca zero em relação ao repasse da unidade franqueada; • Limitações na escolha de produtos e fornecedores: tudo o que o franqueado vende é definido pelo franqueador, bem como os fornecedores mais relevantes são escolhidos por aquele que detém a marca. Assim, o franqueado deve se submeter às escolhas do franqueador. Cabe ao empreendedor que optar por iniciar um negócio por meio de franquias estudar arduamente várias possibilidades, ler, visitar, conversar, entrevistar e, principalmente, refletir se aquela será a melhor opção de investimento para o seu dinheiro. Saiba que o negócio franqueado é tão complexo quanto um negócio iniciado do zero. Exige tanto trabalho quanto um negócio independente, e tem os mesmos riscos e um grau de exigência maior, mas traz consigo uma marca conhecida, com seus processos testados e aprovados. TEMA 4 –VENDENDO UM NEGÓCIO A primeira coisa que o futuro empreendedor precisa saber é: se montar um negócio e não gostar, não der certo, não faturar o que era esperado, ou se o segmento não se mostrar promissor, provavelmente ele terá que fechar o empreendimento, pois não achará interessados em comprá-lo. Parece desanimador? Pois bem, essa é a realidade. Não é fácil vender um negócio, pois as pessoas de forma geral raciocinam assim: “Se está vendendo é porque não é um bom negócio”; “Prefiro montar o meu do zero”; “Não quero um negócio já com vícios e formas equivocadas de administração”. Por todas essas e outras razões, pense o seguinte: não será fácil se desfazer de um negócio. Mas se chegar à conclusão de que a melhor opção é fazer a venda, analise e tome cuidado com os seguintes aspectos: 15 • Mantenha a empresa com todos os dados em dia, para que se for negociá-la consiga com rapidez e facilidade acessar as informações que serão solicitadas pelo comprador; • Se a empresa começar a passar por restrições financeiras, faça um planejamento do que e de como cortará – gastos e despesas, serviços ou mesmo pessoal – para que suas decisões não impactem na estrutura e no funcionamento da empresa, impedindo que continue funcionando minimamente até aparecer um comprador; • Comunique a todos, na hora certa, a decisão de venda, pois as pessoas percebem as coisas, ouvem e veem movimentos e sabem aonde eles levarão a empresa. Reúna os colaboradores e explique, dentro do que for possível, qual é a situação da empresa e o interesse em realizar a venda. Eles inclusive podem achar alguém interessado; • Se a empresa for de médio porte e você não conseguir sozinho fazer uma avaliação, procure ajuda de empresas especializadas. Assim, você não corre o risco de supervalorizar ou subvalorizar o negócio; • Para a venda, defina uma estratégia: onde a anunciará? Fará a venda sozinho ou procurará uma empresa especializada? Fará somente anúncio em sites especializados? Arrumará um corretor especializado em negociação de empresas? As respostas a essas perguntas precisam ser dadas ao se tomar a decisão de venda. Não se pode tentar vender sozinho por seis meses e depois pensar em uma outra saída, perdendo um tempo precioso; • Compradores gostam de ver preto no branco, ou seja, tudo impresso, documentos, faturamento, vendas, produtos e documentos legais da empresa. Gaste um tempo para deixar a empresa organizada burocraticamente; • Você é um bom negociador? Se titubear para responder é sinal de que precisa ainda se aprimorar na arte de negociar. Por isso, prepare-se para ter domínio de técnicas de negociação no momento da venda de sua empresa; • Não abra mão da ajuda de especialistas. Um bom advogado e um contador experiente podem ser de grande auxílio, seja na preparação para a venda, seja durante a negociação; 16 • Considere, em lugar de vender, fazer uma fusão com outra empresa do mesmo segmento, movimento que pode fortalecer ambas. O grande lance é identificar no mercado quais empresas poderiam unir-se à sua e com isso aumentar seu faturamento e poder no mercado; • Se achar um interessado, mantenha a calma para poder avaliar com serenidade se vale a pena ou não. É claro que quem está vendendo é o elo mais fraco da relação, mas isso não significa que você deva abrir mão de coisas essenciais, embora deva estar preparado para negociar por valores menores do que aqueles esperados; • Analise com tranquilidade as propostas recebidas e não pense no curto prazo somente, mas projete para o futuro quais serão as consequências de deixar o prédio alugado em seu nome até vencer o contrato. Você pode estar arrumando problemas futuros desnecessários; • Os parcelamentos devem ser registrados em contratos e cartórios. Com isso evita-se ficar de mãos atadas em caso de inadimplência; • Não deixe de negociar e de expressar no contrato de compra e venda como serão as tratativas com os funcionários. Serão todos desligados e recontratados? Parcialmente recontratados? Os salários e benefícios serão os mesmos? • Escolha, se isso for possível, fazer a venda quando o segmento ao qual a sua empresa pertence estiver em alta. Isso ajuda na valorização da empresa; • Prepare relatórios com dados verídicos sobre os movimentos da empresa. Isso certamente será solicitado, e dar desculpas ou maquiar números contará negativamente na negociação; • Prepare-se psicologicamente para conduzir o processo de venda, pois não é um momento fácil. As contas da empresa começam a não fechar, o dinheiro fica curto, as vendas não ficam dentro do esperado, mas você tem que manter a cabeça fria para conduzir racionalmente o processo de venda; • Se tiver sócio é mais do que importante sentar e alinhar os objetivos que pretendem alcançar com a venda, definir qual será o papel de cada um no processo de venda/negociação, como será a transição em caso de venda. É o momento de manter a união e não deixar que intrigas tomem conta da relação. 17 Fonte: Boyko.Pictures/Shutterstock. Não é um momento fácil, não é um processo confortável; mas é possível passar por ele sem grandes traumas. O segredo é manter o equilíbrio emocional e não largar o negócio à sua própria sorte, mas continuar cuidando dele até aparecer alguém interessado em dar continuidade ao projeto. TEMA 5 – EMPREENDEDORIMOS E LIDERANÇA Mesmo antes de colocar o negócio para funcionar, na maioria das vezes o empreendedor já deverá estar formando sua equipe, pessoas que lhe ajudarão a tornar seu projeto realidade. O desempenho e a motivação dessas pessoas poderão contribuir para o sucesso, tanto quanto para o fracasso do empreendimento. Assim, faz-se necessário que o empreendedor desenvolva habilidades e competências para uma gestão eficaz de pessoas. Liderar é ter uma visão, compreendê-la em sua totalidade, comunicá- la eficazmente aos seus liderados, mostrar as melhores possibilidades de alcançar o objetivo e dar condições para que as pessoas trilhem o caminhomais adequado. Ele não motiva, mas inspira e dá condições para a automotivação. A seguir, apresentamos características que devem ser buscadas por pessoas que desejam liderar pessoas: • Comunicação: saber expressar-se de forma clara e objetiva é essencial para um líder. Saber usar o tom de voz adequado, olhar no olho quando fala, utilizar as expressões corretas para causar o efeito desejado, saber falar, mas, principalmente, saber ouvir, preocupar-se em ser entendido, sempre procurar perceber se o outro está entendendo seu ponto de vista, 18 usar de seu poder de persuasão para convencer os outros sobre o que acha importante são fatores relevantes que devem ser considerados pelo líder na gestão de sua equipe; • Relacionamento interpessoal: quem faz parte de uma organização, empresa ou órgão público deve saber relacionar-se com os demais. Isso implica ter paciência, ser empático, saber se colocar no lugar do outro, aceitar o outro como ele é, evitar preconceitos, respeitar a posição e a visão do outro, praticar a paciência e a calma. Esse é um fator decisivo para aqueles que vivem e convivem com outras pessoas em um ambiente profissional; • Super visão: isso mesmo, duas palavras escritas separadamente. O líder deve ter um olhar mais amplo e profundo sobre as situações, e pessoas que sirvam de referência para sua equipe, para orientar, dar um norte quando uma decisão precisar ser tomada, para levá-las a olhar a situação por outro ângulo. E essa visão só é alcançada se o líder está constantemente estudando e se capacitando; assim, conseguirá sempre estar pronto para os desafios que o gestor público deve enfrentar em seu dia a dia; • Ética: o líder deve ser a referência em comportamento e em visão ética para seus liderados e outras pessoas. Deve agir de forma que não levante dúvidas sobre seu posicionamento ético, especialmente nos dias de hoje, em que tanto tem se falado de corrupção. O gestor público precisa se comprometer com valores éticos e colocá-los em prática em toda a sua atuação; • Capacidade de tomar decisões: é do líder a difícil tarefa de fazer escolhas, de decidir qual caminho escolher para seguir e levar consigo seus liderados. Para tanto, ele deve estar preparado técnica e pessoalmente com vistas a usar isso como subsídio para tomar decisões. Os liderados esperam que o líder sempre esteja pronto para fazer as melhores escolhas; • Capacidade de delegar: hoje o gestor público tem inúmeras tarefas e responsabilidades. Ele tem que aprender a delegar para poder manter consigo somente aquilo que for essencial. As demais tarefas devem ser repassadas à sua equipe, e ele deve apenas acompanhar para que tudo 19 saia conforme o planejado e todos juntos consigam chegar aos resultados esperados; • Capacidade de avaliar e de oferecer feedback: não é uma tarefa fácil avaliar pessoas. Todos temos dificuldades, mas o gestor público deve aprender muito cedo que esse é um papel essencial do líder. Depois que avaliar, ele deve escolher os melhores local, hora e forma para oferecer feedback aos seus liderados. O feedback deve proporcionar ao liderado um momento de reflexão sobre suas posturas e resultados produzidos, e a partir disso ele deve se dispor a alterar comportamentos e ações para se tornar mais integrado e produtivo naquela equipe. 5.1 Estilos de liderança Os mais conhecidos e discutidos teoricamente são o autocrático, o democrático e o liberal. Cada um deles é marcado por várias características que, uma vez colocadas em prática pelo empreendedor, podem trazer resultados nem sempre positivos. Maximiano (2011) afirma que: Estilos de liderança é uma ideia que todo administrador de empresa deve dominar. As palavras autocracia e democracia são usadas para definir dois estilos básicos de liderança. Em essência, o estilo pode ser autocrático ou democrático, dependendo da maneira como o líder se relaciona com os liderados. Esses dois estilos desdobram-se em outros. (Maximiano, 2011, p. 152) A base então para definir o estilo de liderança é observar e verificar qual é o tipo de relação que o líder mantém com seus colaboradores. O grau de proximidade ou distanciamento, a forma de comunicação utilizada, a capacidade de empatia, a visão que tem do trabalhador; todos esses fatores contribuirão para que se entenda o estilo de liderança adotado pelo empreendedor. Os estilos de liderança podem ser os seguintes: • Autocrático: Usa de comunicação direta e incisiva para com seus liderados; É pouco empático; Quase não dá espaço para participação dos colaboradores na gestão; Mantém distanciamento das pessoas; Não abre mão do poder que tem na relação com seus subordinados e faz valer esse poder; 20 Não é um profissional aberto a novas ideias, gosta de fazer do seu jeito; Pode ser ríspido e até mal-educado em determinadas situações; Faz uma gestão usando a pressão e o medo para que sua equipe alcance bons resultados. • Democrático: Sua comunicação é fluída e sempre dá espaço para ouvir a voz e a opinião do outro; É bastante empático, sempre procurando ver as situações sob o ângulo do colaborador; Prefere que as pessoas participem da gestão; Usa o poder que tem, mas compartilha informações e dá espaço para opinarem nos momentos de tomada de decisões; Está sempre próximo das pessoas; Estimula a participação e promove o debate sobre novas ideias; Sua gestão prima pela participação e pela colaboração. • Liberal: Prefere deixar as pessoas trabalharem com mais liberdade; Reúne os colaboradores, discute os pontos importantes e depois deixa que escolham o melhor caminho para chegar aonde se espera; Pode não estar presente em momentos que sua equipe depende dele; Empodera as pessoas para que tomem as próprias decisões e escolham o melhor caminho para implementá-las. Se observarmos, todo líder tem um pouco de cada estilo, mas algumas características se sobressairão, pois ele preferirá se comportar de determinada maneira em vez de outra. Isso levará as pessoas à sua volta a enxergá-lo como tendo mais um estilo que outro. 21 Figura 3 – Estilos de liderança Fonte: Tabelas para Concursos, 2013. Cabe ao empreendedor observar-se, pensar sobre seus comportamentos e ações e como as pessoas o percebem e a partir disso fazer ajustes, se necessário, em seu estilo, para poder aproximar-se mais das pessoas e fazê-las com que se sintam motivadas a superar os desafios na empresa, contribuindo para o seu sucesso. TROCANDO IDEIAS Você já pensou em ser empreendedor? Ou vender o negócio que possui? Já estudou o sistema de franquias? O que achou? Todas essas perguntas deverão ser respondidas em algum momento da vida de quem está pensando em empreender ou já é empreendedor. Escolher o melhor caminho, a melhor saída, é uma missão difícil, mas possível. Para tanto, o empreendedor deve estar munido do maior número de informações, que precisam ser seguras e confiáveis. NA PRÁTICA Você já pesquisou o segmento de franquias? Estudou essa forma de se iniciar um negócio? Essa é uma boa possibilidade de empreendimento, pois trata-se de um negócio já estruturado, com produtos testados e geralmente conhecidos do grande público. Mas, se for estudar, você verá que não existem só virtudes nesse sistema; há desvantagens também. Mas dedicar-se a conhecer algumas unidades franqueadas, seu funcionamento e suas regras, além de um franqueador lhe possibilitará a formar uma opinião sobre esse sistema que é amplamente divulgado e presente no Brasil. Desafie-se e vá conhecer esse sistema. Você ganhará uma experiência única e significativa. 22 FINALIZANDO Nesta aula partimos de quais pontos devem ser considerados pelo futuro empreendedor ao optar por iniciar um negócio do zero. Passamos a discutir aspectos relevantes a ser analisadosquando se resolve comprar um negócio já existente, e depois apresentamos o conceito, as características, as vantagens e as desvantagens do sistema de franquias. Em seguida, apresentamos os pontos aos quais se deve estar atento para tentar vender um empreendimento. Por último, trabalhamos o tema liderança, tão importante para o sucesso de um empreendedor. 23 REFERÊNCIAS 10 ferramentas para validar e executar novas ideias. Endeavor Brasil, 30 nov. 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/endeavor- recomenda/ferramentas-validar-executar-novas-ideias/>. Acesso em: 30 maio 2019. ABF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING. Disponível em: <https://www.abf.com.br/?s=Franchising+>. Acesso em: 30 maio 2019. BRASIL. Lei n. 8.955, de 15 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 dez. 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8955.htm>. Acesso em: 30 maio 2019. ESTILOS de liderança. Tabelas para Concursos, 3 maio 2013. Disponível em: <http://tabelasdeconcursos.blogspot.com/2013/05/estilos-de-lideranca.html>. Acesso em: 30 maio 2019 MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos negócios. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2011. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa. Capital de giro: aprenda o que é e como funciona o da sua empresa. 31 jan. 2019. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-e-e- como-funciona-o-capital-de- giro,a4c8e8da69133410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 30 maio 2019. ____. Conheça o sistema de franquias. 26 mar. 2018. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-o-sistema-de- franquias,6c9b39407feb3410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 30 maio 2019. https://endeavor.org.br/endeavor-recomenda/ferramentas-validar-executar-novas-ideias/ https://endeavor.org.br/endeavor-recomenda/ferramentas-validar-executar-novas-ideias/ https://www.abf.com.br/?s=Franchising+ COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR AULA 6 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Você já se animou em empreender? Não agora? Essas respostas não são obrigatórias, muito menos precisam ser dadas neste momento, mas em alguma fase de sua vida talvez tenha que refletir e se decidir e escolher qual caminho seguir. Essa aula pretende dar suporte para que, quando esse momento chegar, você faça as melhores escolhas e tome as decisões mais acertadas. Os objetivos desta aula são os seguintes: discutir as características dos novos tipos de negócios, destacando aquilo que se espera que o empreendedor precisa cuidar para atrair clientes que possuem outras expectativas e exigências; depois, trataremos do tema criatividade e inovação. Em seguida, nosso olhar se voltará para as características do novo consumidor. Trataremos na sequência da relação entre sustentabilidade e empreendedorismo. E, para finalizar, os destaques são para os cuidados que se deve ter ao se empreender. CONTEXTUALIZANDO O mundo mudou muito nas últimas décadas: novas empresas e especialmente modelos de negócios surgiram, novas formas de se oferecer produtos e serviços sofreram grandes mudanças pois a disponibilização das tecnologias, o surgimento e solidificação das redes sociais viraram muitos negócios de cabeça para baixo. Conhecer essa realidade por meio de estudos, dados e fatos é obrigação dos novos empreendedores. Se ignorarem todas essas alterações, se criarão apenas negócios para os consumidores do passado e não para os do presente e do futuro. Dessa forma, ao se pensar em novos empreendimentos ou nos já existentes, faz-se necessário considerar a realidade atual em termos do que o consumidor valoriza na hora de suas escolhas e, para tanto, a criatividade e a inovação devem fazer parte do dia a dia das empresas, que só assim continuarão sendo atrativas para um consumidor cada vez mais bem informado e exigente. TEMA 1 – CARACTERÍSTICAS DOS NOVOS TIPOS DE NEGÓCIOS Sabe aquele negócio que você conhece e reflete: “como não pensei nisso antes?”. Esses empreendimentos surgem todos os dias, alguns sobrevivem, outros não, alguns são realmente inovadores e diferentes e outros só são diferentes. Aí está o segredo em se pensar nas ideias de negócios para o futuro: 3 elas têm que ser uma mistura de tudo o que temos hoje, mas com algo inovador, seja em termos de produto, de serviço, de design, de utilidade, de funcionalidade, de preço, de praticidade e, acima de tudo, que responda a alguma necessidade do consumidor que talvez nem ele mesmo saiba ainda que a tem. Para facilitar sua vida, descrevemos abaixo alguns aspectos que devem ser considerados na criação e na implementação de modelos de negócios inovadores: Ele precisa proporcionar uma experiência: o cliente não quer mais apenas produtos ou serviços, ele quer vivenciar algo, quer sentir, guardar em sua memória afetiva. Assim, desde o tapete de entrada, a forma de do seu colaborador cumprimentar, o aroma, o visual, as cores e a decoração da loja, o uniforme utilizado, a maneira de apresentação do produto ou serviço devem ficar registrados como algo diferente. A empresa precisa “fisgar” o cliente pelo lado afetivo; Ele tem que ser minimalista: cada vez mais os consumidores estão se voltando para a simplicidade. Assim, valorizam produtos e serviços que não sejam cheios de enfeites e adornos, ele quer algo específico, que atenda à sua necessidade, mas não deseja para tanto que tenha que fazer peripécias para acessar o produto ou serviço, ou mesmo que tenha que pagar uma fortuna por algo que não lhe será útil; Tem que estar conectado: as tecnologias estão ai, o cliente quer utilizá- las até para saber se seu pet já está pronto e vindo para casa, não quer ter que ligar, esperar chamar, alguém atender, ir verificar para saber de algo, ele quer praticidade e agilidade, e as tecnologias disponíveis podem responder a isso. Os apps são uma saída para isso, mas é bom lembrar que não é barato desenvolver um aplicativo para uma determinada função, mas se houver volume, escala, é claro que o investimento vale a pena. Podem-se utilizar os apps genéricos, aqueles que servem para várias finalidades e empresas; Multiuso: as pessoas querem ter produtos ou utilizar serviços que possam ser aproveitados ou compartilhados por outras pessoas. Talvez não seja tão simples pensar em um negócio que tenha essa possibilidade, ser criativo e pensar fora da caixa é essencial para alcançar esse patamar. Origem dos itens que compõem o produto ou pessoas que estão envolvidas naquela prestação de serviços. A cada dia mais, o consumidor 4 tem pesquisado a origem da empresa, quem são seus parceiros, de onde vêm seus produtos ou com quem está em parceria para prestar um serviço. Cuidar da origem, de onde vem, com quem se junta é essencial para responder positivamente a esse tipo de cliente; Simplicidade: estamos voltando às nossas origens, que tudo era mais fácil, menos complexo e complicado, as pessoas querem cada vez mais interagir com empresas que privilegiem o simples, o prático, o rápido e eficiente. Pensar em processos e produtos que atendam a essa característica dos segmentos de clientes é um diferencial importante; Valores e postura do empreendedor: fatores que hoje o cliente observa e considera na hora da escolha da empresa com a qual irá gastar seu dinheiro. Definir claramente um posicionamento e praticá-lo pode atrair um público que é formador de opinião, que é fiel e valoriza empresas com essa postura; Valorização das pessoas: o consumidor não quer apenas entrar em um site ou em uma loja e adquirir um produto ou usar um serviço. Ele primeiro observa, pergunta e questiona se as pessoas que ali trabalham são respeitadas e valorizadas. Se perceber algo diferente disso, com certezafará outra opção; Parcerias com outros negócios complementares: é comum hoje os coworkings, os compartilhamentos de espaços, de tecnologia, de custos, pessoas para atingir um maior número de clientes e reduzir custos. Assim, pense em um negócio que possa contar com outras empresas e não seja limitado, abra sua mente para novas possibilidades; Estratégias bem claras e definidas: ao se modelar um negócio ou preparar um plano de negócios, o futuro empreendedor tem que ter claro qual é o modelo do seu negócio e qual ou quais estratégias irá utilizar para o lançamento e gestão do empreendimento. Se isso não estiver claro, o futuro empreendedor irá discutir com um cego sem bengala ou cão-guia; Relação próxima com o cliente: ele quer resolver os seus problemas com uma ligação, com uma mensagem via aplicativo, um e-mail, uma visita. Ele quer que sua solicitação seja atendida integralmente, não quer mais ouvir desculpas, não quer mais se enganado, não quer mais esperar eternamente por uma saída que o respeite enquanto consumidor; 5 Cultura e clima organizacional que primem pelo respeito, pela valorização das pessoas (clientes e colaboradores), que incentivem práticas éticas, que acrescentem e proporcionem um ambiente leve e digno para as pessoas ali trabalharem e dali retirarem o fruto de sua subsistência e existência. Mas que não se esqueça de que todo negócio precisa produzir lucros e resultados para existir, crescer e permanecer no mercado; Lucro e sustentabilidade: todo negócio comercial no sistema capitalista de produção precisa dar aos seus empreendedores ou acionistas retorno financeiro, mas isso não deve significar que tudo vale a pena para alcançar esse objetivo. A cada dia mais os consumidores estão atentos a essa relação de geração de lucro e orientação para a sustentabilidade; Diversidade de ideias, de valores, de tipos de pessoas, de credos, de orientação sexual entre outras possibilidades. Isso não é moda, é realidade: novos empreendimentos devem considerar a questão da diversidade para seus quadros, para seus segmentos de clientes. Estar preparado para contratar e manter pessoas que não sejam somente o estereótipo da pessoa branca, magra e heterossexual deve mudar; Saudabilidade: os negócios, sejam de produtos ou de serviços, devem levar isso em consideração. Cada vez mais as pessoas, de diferentes segmentos e perfis, estão em busca de algo que, se não trata algum problema, ao menos não causa nenhum outro. Assim, trabalhar para que o consumidor perceba esse diferencial em sua marca é essencial para o sucesso; Canais de relacionamento que funcionem: o cliente espera e cobra das empresas que disponibilizem canais para esclarecer dúvidas, conhecer a empresa, seus produtos e serviços que sejam de fácil acesso, intuitivos e que funcionem efetivamente; Propostas de valor impregnadas na prática da empresa e não apenas em suas propagandas e divulgações. Os clientes querem perceber, sentir, experimentar aquilo que sua fornecedora diz que são seus diferenciais. O cliente quer ver isso funcionando no atendimento, na qualidade do produto, na agilidade do atendimento, na assistência técnica, durante o uso, ou seja, não basta apenas propagandear, é preciso disponibilizar para percepção e uso. 6 TEMA 2 – CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO Em um mundo em constante transformação, com mudanças que ocorrem todos os dias, com novas tecnologias, produtos, serviços e com os consumidores sempre em busca de algo a mais, ter criatividade é uma condição importantíssima para o empreendedor, pois ela será necessária como um dos requisitos para manter seu empreendimento no topo, tendo a capacidade de continuar atraindo clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Criatividade e Inovação são as mesmas coisas? Não são, porém são complementares. A primeira está relacionada à atitude, ao instante em que se tem a ideia diferente para resolver certo problema ou pensar algo novo ou revolucionário. A inovação é a aplicação daquela ideia, tornando-a realizável e viável economicamente, proporcionando resultados positivos para a empresa ou sociedade. Para Chiavenato (2003, p. 245), “A criatividade provém da inconsistência e permite descobrir novas combinações de fenômenos até então separados”. E ainda, “Criatividade é o desenvolvimento de respostas novas e únicas a problemas ou oportunidades do momento” (Chiavenato, 2003, p. 407). Dessa maneira, o ato de pensar em algo inusitado, que não está ligado a algo fenomenal, mas sim novo, está vinculado ao conceito de criatividade. É criar, é deixar a mente livre para fazer associações inesperadas. Com isso, teremos algo diferente do que os outros haviam pensado até então. Em seu artigo “Modelos inovadores como diferencial competitivo de negócios”, Alves, Freitas e Rolon (2014, p. 80-81) afirmam que: Criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas novas e valiosas. Nesse sentido, inovar é implementar um novo ou significativamente melhorado produto (bem ou serviço), processo de trabalho, ou prática de relacionamento entre pessoas, grupos ou organizações. Quanto a criatividade é ter a habilidade de gerar ideias originais e úteis, e solucionar os problemas do dia a dia [...] podemos entender que a criatividade é uma peça-chave na inovação. Assim, a primeira criatividade é o pensar; é o estalo mental que permite ao seu autor vislumbrar novas possibilidades, enquanto a inovação vai além; é a colocação em prática da ideia tida, de forma que seja rentável produzindo resultados financeiros. Um exemplo da valorização e estimulação da criatividade em seus colaboradores é a empresa 3M: 7 Para melhorar a competitividade, a 3M também investiu pesadamente em tecnologia. As mudanças na empresa se somam a outras estratégias que a 3M mundial mantém para continuar sendo o mais inovadora possível. Como forma de estimular a criatividade, todos os funcionários têm 15% de seu tempo de trabalho livre para fazer o que quiserem, sem precisar apresentar resultados. Mundialmente, a empresa aplica cerca de 6,5% de sua renda total (US$15 bilhões) em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. (Chiavenato, 2003, p. 224) Já para Dolabela (2006, p. 3), numa visão mais inspirada em relação ao termo criatividade, “A criatividade está presente em quem se dedica com abandono a um tema, algo alcançável somente pelos apaixonados. Apenas o sonhador que busca a realização do seu sonho é protagonista e autor de sua vida”. Já para Girardi, Azevedo e Franklin (2001, p. 59), “As fases da produção de ideias inovadoras começam com a pesquisa do que inovar. Absorvidas as diversas informações pertinentes, exploram-se, através da criatividade, as formas de chegar a algo de interesse coletivo”. Sendo a criatividade uma atitude, ou seja, uma predisposição para algo, uma intenção para pensar no novo, no original, no exclusivo, no inédito, ela não ocorre de forma mágica e fantástica, embora algumas criações possam sim se dar dessa forma, mas são raras. A criatividade é um processo, com início, meio e fim. A seguir, descrevemos o pré-requisito e fases presentes no processo criativo (preparação, incubação, iluminação e verificação). Para tanto, nos nortearemos pelos escritos de Kneller, autor da obra Arte e ciência da criatividade (1978). O pré-requisito que está presente no processo criativo é a apreensão, denominada pelo autor como o primeiro insight, o estalo inicial de que algo precisa de solução, de mudança, de alteração, de novidade, de acréscimos ou retiradas, para que continue oferecendo resultados positivos. É aquele momento em que ainda que sem muita razão ou racionalidade, o indivíduo se dá conta de que algo pode ser diferente do que se apresenta em sua realidade. A seguir, vem a primeira fase, a preparação. Nesse momento/fase, apreparação é o momento em que o indivíduo irá se concentrar em obter dados, informações e, com isso, chegar a novos conhecimentos que lhe possibilitem resolver o problema diagnosticado ou detectado que necessite de resolução. Uma vez munido de informações, vem a segunda fase, a incubação, quando ocorre certa pausa de ação para que tudo o que foi buscado e 8 pesquisado possa encontrar seu lugar, fazer os devidos arranjos, sejam conscientes ou não. O próximo momento é designado pelo autor como iluminação. Imagine, para tanto, aquele toque, aquela sensação, aquele súbito pensar inédito, em que tudo parece se encaixar e em que as peças caminham sozinhas para se arrumarem, se agruparem de forma não pensada racionalmente, em que há uma percepção de algo quase sobrenatural, somente quase. O criador pode estar ouvindo música, praticando esporte, fumando, descansando, dirigindo, meditando, isolado ou no meio da multidão e, de repente, não mais que de repente, surge uma luz, vem a ideia que irá fechar, unir, congregar dados e informações que lhe possibilitem apresentar a solução a algo que vinha buscando uma saída. Vencida essa etapa, vem a próxima, denominada por Kneller (1978) como a verificação. Essa fase é o momento de deixar o inconsciente de lado e utilizar a razão, a fim de que se possa analisar, estudar, entender, perceber qual é o problema, qual é a solução e como elas melhor se encaixam, como se pode operacionalizar a solução, como colocá-la em prática de forma rápida, segura e que propicie inovação, ou seja, que produza resultados positivos à empresa. Para que seja executada, a ideia tida durante a iluminação pode ser revista, repensada, reelaborada para que se encontre o melhor e mais rápido meio de vê-la colocada em prática. O empreendedor deve estimular, como líder, que sua equipe utilize seu potencial criativo para melhorar processos, aprimorar produtos, agilizar entregas, enfim, fazer da empresa uma atração contínua para seus segmentos de clientes. TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DO NOVO CONSUMIDOR Se existem vários aspectos que devem ser observados para quem deseja empreender, isso ocorre porque o consumidor já não é mais o mesmo do passado. Ele ganhou força e poder nas últimas décadas, pois passou a entender que ele pode, que tem poder de barganha, que é importante para as empresas. Atentar para as características relevantes desse novo consumidor é primordial para que a empresa tenha sucesso nesse mercado tão concorrido. A primeira e importante característica do consumidor da atualidade é que ele é e está conectado, está nas redes sociais, participa de inúmeros 9 grupos de WhatsApp, tem opinião formada, influencia e é influenciado. Isso tem dois lados: por ter mais informações, pode fazer melhores escolhas; de outro lado, ficou muito mais exigente, não aceitando qualquer coisa como verdade absoluta e inquestionável; Ele quer sua vida facilitada, não quer esperar, quer atendimento online o tempo todo. Até começa a conversa com um robô, mas se cansa rapidamente e busca formas mais efetivas caso não encontre o que precisa; On-line e presencial, ele é multipresença, está o tempo todo on-line para pesquisar produtos e serviços, mas também se dispõe a ver o produto fisicamente. Assim, quanto melhor e mais efetivos forem os canais de comunicação, venda e entrega, maior a chance de aquela empresa ser escolhida entre a variedade de opções que ele pode acessar com um clique; Inconformado, ele não aceita passivamente qualquer situação ou característica de um produto ou serviço que venha a adquirir, reclama da demora, da funcionalidade, do excesso de embalagem, da propaganda considerada enganosa, de promessas não cumpridas, de apoio a pessoas ou causas que considere inadequadas; Está aberto às novas experiências, novas formas de fazer, de usar, assim empresas tradicionais que evitam modernizar-se podem estar com seus dias contados. O consumidor, por ter acesso a uma gama maior de informações do que tinha no passado, se abre para o novo, mas consegue permanecer fiel se houver uma relação construída na confiança e que proporcione benefícios mútuos; Faz parte de comunidades de marca, por isso tem acesso a outras pessoas com seus mesmos gostos e comportamentos. Juntos eles são mais fortes, conseguem mobilizar mais pessoas, conseguem pressionar mais. Mas também é uma rica fonte para aproximar pessoas de marcas; é uma questão de saber usar isso a favor da empresa; Empresas comprometidas com a responsabilidade e gestão socioambiental são preferidas e valorizadas pelo consumidor, que quer perceber se há comprometimento, não apenas discurso ou falácias. Valores versus preço: essa correlação tem que ser equitativa, justa. O cliente quer que a empresa professe seus valores, suas crenças, seu 10 posicionamento frente aos grandes temas da atualidade e não se apega apenas ao preço na hora de decidir pela opção A ou B. Missão, visão e valores devem estar alinhados com a prática diária da organização; Consumidor cocriador: por estar intimamente ligado à marca, pelas várias possibilidades que existem hoje, via redes sociais, ele acaba tendo papel importante na mudança de um produto ou serviço, na forma de oferta, de entrega, em suas características e mesmo funcionalidade, pois ele participa constantemente dando ideias, fazendo críticas e sugestões; Influenciado pela opinião de outros consumidores, ele considera importante e leva em conta o que outros consumidores estão falando de determinada marca, de seus produtos, serviços e atuação. Assim, ao se preocupar com o consumidor na atualidade, a empresa deve estar preocupada em ter ciência do que seu consumidor está expressando, especialmente via redes sociais, e agir para reparar possíveis danos para que isso não vire uma bola de neve e que se torne um tormento para seus gestores; A população brasileira está envelhecendo, assim produtos, serviços, propostas de valor e/ou canais devem estar alinhados com as novas características desse consumidor. Saber ao que dão importância e responder a isso adequadamente é um dos desafios na atualidade; Smartphone, o mundo do consumidor acontece ali, da pesquisa de um preço à compra de uma casa, o celular é o aparelho pelo qual passam essas transações. Disponibilizar acesso a produtos e serviços que funcionem bem por meio desse aparelho é uma exigência premente. O omnichannel integra lojas físicas, virtuais e compradores. Esse consumidor valoriza essa integração, essa vida de facilidades que pode ser oferecida a ele. Assim, é missão da empresa trabalhar para integrar canais e torná-los eficientes; Para Samara e Morsch (2005), o novo consumidor não é caracterizado por poucas características, mas por uma ampla forma de descrição, pois seu perfil se estendeu, ampliou-se com os novos tempos e novas tecnologias. 11 Quadro 1 – Velhos e novos consumidores Velhos consumidores Novos consumidores Mais passivos e pouco empoderados Ativistas e mais empoderados Mais fiéis Menos fiéis Com tempo Sem tempo Predominantemente locais Locais e globais Procuram satisfazer necessidades Buscam experiências e satisfazer desejos Menos bem informados Bem informados Buscam conveniência Buscam praticidade Sincronizados Individuais Conformistas Independentes Eventualmente envolvidos Constantemente envolvidos Fonte: Samara, 2005. Samara e Morsch (2005, p. 247) afirmam que “O novo consumidor exige, em consequência, novas atitudes e novas posturas do profissional de marketing. Para conquistar e fidelizar o novo consumidor, o marketing também precisa evoluir”. Para o empreendedor, essa afirmação traz algumas implicações: como geralmente os negócios, ao serem iniciados, são pequenos, pouco estruturados e com um quadro enxuto de colaboradores ou prestadoresde serviços, a função de entender esse novo consumidor e atender a suas exigências é um dos papéis fundamentais do empreendedor. Entre outras coisas, este deve se preocupar e cuidar do marketing para que consiga continuar atingindo o consumidor atual. TEMA 4 – SUSTENTABILIDADE E EMPREENDEDORISMO Desde o momento em que o homem passa a explorar a terra, para dela tirar sua subsistência, ele a degrada, a destrói, a suga até perceber que se continuar nesse movimento e ação, em pouco tempo as gerações futuras não terão de onde tirar seu sustento. Assim, o homem, que é um ser inteligente, opta por começar a pensar em diminuir o impacto de suas ações sobre a natureza e, para tanto, começa a exigir que todos, ou sua grande maioria, possam atuar para preservar ou causar sempre o menor impacto possível no meio em que está colocado. Posso pensar somente em mim, enquanto muitos pagam o preço do meu sucesso? Os produtos e os serviços que serão ofertados pelo negócio respeitam as regras ambientais e o espaço comum? Minhas ações empresariais são permeadas por ações de inclusão social e de distribuição de renda? (Schneider; Castelo Branco, 2012, p. 98) Esses questionamentos não ocorreram por acaso, mas pela própria pressão exercida pela sociedade contemporânea, a qual passou a cobrar das empresas uma visão que esteja acima do lucro a qualquer custo, que estejam 12 mais preocupadas com os impactos de suas ações no meio ambiente, nas comunidades em que estão instaladas, nos trabalhadores que fazem parte de seus quadros e, mais que isso, que se preocupem em dar retorno à sociedade e não apenas que vise ao lucro e o busque a qualquer custo. Criar um novo negócio, por si só, já é um grande desafio. Pensar e realizar esse negócio com a preocupação de reduzir discrepâncias sociais e ambientais deixadas pelos precursores do progresso é ainda mais desafiador, principalmente porque exige criatividade e inovação na busca de soluções comuns, visando ao bem-estar coletivo e individual e fazendo com que a riqueza seja mais bem distribuída, a facilidade ao crédito seja estimulada e o meio ambiente seja respeitado (Schneider; Castelo Branco, 2012, p. 99) Essas preocupações hoje fazem parte dos questionamentos que futuros empreendedores realizam, muitas vezes, não por terem uma consciência social ampla e bem formada, mas porque sabem que se não se preocuparem com o meio no qual estão inseridos, sofrerão as consequências da lei, o que lhes custará, além de muito incomodo, muito dinheiro. Quando se trata de dinheiro, todos os empreendedores são inteligentes o bastante para se preocuparem e, mais que isso, agirem dentro dos parâmetros legais e sociais esperados a fim de que possam responder a esses anseios. O desafio da sustentabilidade proposto a esse novo estilo de empreender envolve uma mudança completa de valores, de comportamentos, de atitudes dos seres humanos e da sociedade. A responsabilidade pelo processo de manutenção e melhora das condições de vida em sociedade envolve as empresas, a sociedade, o governo e os indivíduos. Faz-se necessário, portanto, um pensar e um fazer diferente, com criatividade, inovação e empreendedorismo voltados á geração de equilíbrio entre rentabilidade, respeito ao meio ambiente e responsabilidade social. (Schneider; Castelo Branco, 2012, p. 100) Diante do exposto, cabe ao futuro empreendedor ir além de fazer um planejamento puro e simples do seu futuro negócio, pois é preciso refletir que tipo de empreendedor quer ser: se um ser comum, que irá começar uma empresa e buscar o lucro a qualquer custo, ou se estará disposto a gastar tempo e energia para suplantar as dificuldades que encontrar para ter um negócio que seja sustentável, que privilegie o conjunto e não apenas seus objetivos, que vá além, que se preocupe com meio ambiente, com a comunidade, com a sociedade em geral, que faça do seu empreendimento um motivo de orgulho 13 para seus clientes, um espelho para seus concorrentes e para ir um motivo a mais para dormir de consciência tranquila, sabendo que está fazendo sua parte. Para Andion (2003, p. 3) Em geral, o termo desenvolvimento é interpretado como sinônimo de promoção de crescimento, progresso e aumento de riqueza, caracterizando o estágio econômico, social e político de uma dada comunidade com altos índices de rendimento dos fatores de produção (capital, trabalho e recursos naturais). Porém, a mesma autora destaca que essa definição só pode ser entendida com base em uma análise histórico-social e não apenas conceitual, até porque os conceitos também sofrem alterações com o decorrer do tempo e dos fatos que ocorrem no transcorrer do tempo e dos acontecimentos. Para Schneider e Castelo Branco (2012, p. 102), “O empreendedor do século XXI precisa ser aquele que tem consciência, planeja e age em prol do desenvolvimento local sustentável (DLS). Precisa atuar como um ser desperto”. Isso significa ir para além da busca do lucro. O empreendedor socialmente responsável e que se preocupa com a sustentabilidade deve estar atento a vários fatores que levarão seu empreendimento a trilhar o caminho da sustentabilidade: Começar por definir em trabalhar dentro da lei e da ordem, sem querer valorizar o jeitinho brasileiro, sem pensar que tudo é possível, que um pequeno comprometimento aqui e outro ali não fará a diferença; Passa pela escolha de produtos e serviços a ser produzidos e comercializados que atendam às regras e às normas do país no qual a empresa esteja instalada, seguindo-as, mas procurando fazer mais do que apenas obedecer a regras impostas, indo além no sentido de pensar em todos os aspectos que possam ferir algumas delas; Se o empreendimento for de cunho social, administrar não para buscar reconhecimento pessoal ou recompensas financeiras, mas para ajudar a quem ou qual área de fato for o objetivo maior daquele empreendimento; Ser um propagador de boas práticas de gestão e atuação para que sirva de exemplo aos seus parceiros, fornecedores e até concorrentes. Fazer diferente por acreditar que pode fazer a diferença no mundo; Instalar-se em local onde cause o máximo de efeito possível, onde seja possível contribuir com o local, seja com empregos, seja proporcionando renda às pessoas que se dispuserem a trabalhar em seu negócio; 14 Difundir boas práticas de gestão e comercialização a fim de que vire um exemplo em sua comunidade e para as futuras gerações; Contratar e manter pessoas com contrato de trabalho dentro dos parâmetros legais, com vistas a garantir direitos e oferecer retorno aos que estejam contribuindo com seu empreendimento; Usar métodos de trabalho e produção que não agridam a natureza; pelo contrário, que a respeitem e a valorizem; Ter políticas claras de negociação e comercialização de bens e serviços, respeitando o consumidor por meio de produtos que não ofereçam riscos à sua saúde; Não ter em seu quadro e cuidar para que seus fornecedores também não se utilizem de trabalho infantil em seu empreendimento; Pagar salários justos que permitam aos seus colaboradores ter uma vida justa e digna; Oferecer condições de trabalho seguras, a fim de preservar a vida e valorizá-la. Contribuir com a comunidade na qual esteja instalado, seja com produtos, serviços, auxílios ou suporte a algum projeto social; Implementar políticas que valorizem a diversidade dentro da empresa e que esses valores se espalhem pela comunidade, sendo reconhecida como uma empresa que valoriza e respeita as pessoas independente de sua religião, cor, preferência sexual, peso ou sexo; Estimular e criar espaços para a participação dos colaboradores na gestão do negócio com a finalidade de levar seus colaboradores a se sentirem como parte integrantes e importantes daquela empresa e não apenas com apenas força de trabalho necessário; Aperfeiçoarsuas práticas constantemente com vistas a se manter atualizado em relação às políticas socialmente responsáveis. Conforme afirmam Schneider e Castelo Branco (2012, p. 102), Empreendedores sustentáveis não nascem prontos, é preciso formá- los. Neste processo de formação, conceitos de responsabilidade social, ambiental e justiça social precisam estar presentes. Logo, pensar o futuro é estar consciente de seu papel na sociedade, de maneira ética, com respeito aos valores como solidariedade, cooperação, comprometimento, inclusão e retorno econômico e social. 15 Essa formação de empreendedores sustentáveis é responsabilidade de todos na sociedade, passando pelos governos, responsáveis pela educação, pelos próprios empreendedores que devem buscar formar ou contribuir para a formação das gerações futuras de gestores de forma que possam ter valores como respeito e ética com integrantes de seu caráter, além da sociedade em geral, que deve estar atenta para fazer as devidas cobranças para que essa formação seja continuada e que não ocorra somente frente a momentos críticos ou de necessidades extremas. Porque pensar em um empreendimento sustentável é pensar de forma ampla e atuar em vários fatores para se alcançar os objetivos que se propõem. Schneider e Castelo Branco (2012, p. 105) colocam que “a sustentabilidade compreende a atividade que respeite a diversidade cultural, e que pode ser assim classificada: economicamente viável; socialmente justa; ambientalmente correta”. Porque se um empreendedor deseja na atualidade ser reconhecido como alguém de valor, alguém que está empreendendo para somar, para contribuir, deve estar atento ao tema sustentabilidade, do planejamento à ação que regerá seu empreendimento. TEMA 5 – CUIDADOS AO EMPREENDER Para Dantas (2008), o que se vê na mídia, entidades apoiadoras ou promotoras de empreendedorismo é a disseminação de uma visão muito romântica e angelical do que seja ser empreendedor. É uma concepção de um mundo cor de rosa, de quase uma fantasia do mundo perfeito. Assim ele afirma: O empreendedorismo é útil, é positivo e importante para o desenvolvimento de países e regiões. Mas não é o mar de rosas que apregoam. Os artigos e livros que tratam do empreendedorismo costumam apresentá-lo como a solução para todos os males. É raro encontrar, por exemplo, documentos que discutam não apenas as vantagens do empreendedorismo, mas também as suas desvantagens. (2008, p. 3 e 10) Essa afirmação é muito relevante, pois sempre o tema empreendedorismo ou mesmo intraempreendedorismo são tratados na literatura ou por especialistas em suas palestras ou colocações sempre de forma a mostrar uma imagem que não corresponde à realidade. Chega-se até criar em seus ouvintes uma falsa ilusão de que basta empreender para obter ótimos resultados, sucesso e riqueza. 16 Mas, na prática, não é isso que ocorre. A seguir, listamos alguns aspectos que fazem do ato de empreender uma atividade de média a alta complexidade e risco: 1. Falta de preparação do futuro empreendedor para elaborar um plano de negócios com conteúdo confiável e que lhe possibilite planejar, executar e administrar o empreendimento; 2. Alto nível de burocracia para abertura da empresa e autorizações necessárias para seu funcionamento dentro dos padrões legais; 3. Desconhecimento da área de gestão de pessoas, o que leva o empreendedor a recrutar e selecionar mal, não ter condições de treinar adequadamente e criar mecanismos de motivação para sua equipe; 4. Dificuldade do empreendedor em fazer a gestão financeira do seu empreendimento, antes da abertura e depois do início das atividades e esse é um ponto crucial que levará ao sucesso ou ao temido fracasso; 5. Falta de conhecimento do mercado em que irá atuar ou atua por não saber ou não querer realizar pesquisas ou mesmo não ter condições financeiras para contratar empresa especializada; 6. Limitação na elaboração de preço de venda, sem considerar os reais custos e necessidade de rentabilidade; 7. Falta de comprometimento de sua equipe com padrões de qualidade necessários para o sucesso do negócio, isso por causa da falta de experiência na gestão de equipes; 8. Dificuldade em obter financiamento junto ao sistema financeiro, o que dificulta se não a sobrevivência da empresa, no mínimo a impossibilita de inovar e crescer; 9. Dificuldade do empreendedor em utilizar recursos tecnológicos que facilitem a gestão e aumentem seu controle sobre a empresa como um todo; 10. Impostos altos o que o faz ou sonegar ou ter de incorporar ao custo do seu produto ou serviço inviabilizando uma participação mais efetiva no mercado em relação aos seus concorrentes mais bem estruturados; 11. Dificuldade em enxergar as próprias limitações, o que o faz a não buscar maior nível de preparação ou qualificação; 12. Dificuldade em pensar em meios mais efetivos de propaganda e marketing o que o leva fazer somente o “arroz com feijão” na promoção 17 de seus produtos/serviços junto ao seu público alvo – quando tem este bem definido e claro; 13. Problemas para escolher os meios mais eficazes para fidelizar seus clientes, o que não lhe permite manter um equilíbrio entre vendas, despesas e faturamento; 14. Excesso de otimismo antes e durante os primeiros meses do novo empreendimento e quando percebe a realidade, a situação, por vezes, já é insustentável; 15. Baixo retorno financeiro ao empreendedor, o que o desestimula rapidamente, pois percebe que tinha melhores condições financeiras quando era apenas empregado. Os aspectos listados acima não devem servir para desencorajar ou desmotivar futuros empreendedores; pelo contrário, eles estão aqui apresentados com a finalidade de fazer o futuro empreendedor a passar a ver seus projetos de tornar-se empresário de forma mais realista e com isso levá-lo a pensar, pensar, pensar e se preparar muito e exaustivamente para o grande desafio, que é constituir uma empresa e, mais que isso, fazê-la ter sucesso. Porém, não se pode perder o bonde da história, ou seja, não se deve gastar mais tempo que o necessário no planejamento e preparação e com isso perder o time de iniciar o empreendimento. TROCANDO IDEIAS Se fosse empreendedor hoje, levaria em conta quais características do mercado e do consumidor para estruturar seu BMG Canvas e seu Plano de Negócios? São tantas mudanças pelas quais passamos nas últimas décadas que pensar em lançar mão de um empreendimento é uma tarefa complexa que exige de quem a toma como desafio dedicação e comprometimento para alcançar esse difícil objetivo. NA PRÁTICA Ao empreender, decisões precisam ser tomadas em relação a quais diferenciais a empresa apresentará ao mercado e segmento de clientes, quais serão os canais mais efetivos que serão escolhidos para se entregar as propostas de valor elencadas, qual será a melhor forma de iniciar e manter 18 relacionamentos saudáveis, produtivos e positivos com os clientes, de onde virão as receitas, quem serão os parceiros, entre tantas outras questões. Para de fato se diferenciar em um mercado tão competitivo, o desafio é usar e abusar da criatividade com vistas a apresentar diferenciais que atraiam clientes para sua marca. Assim, fazer as reflexões com base nos conteúdos desta aula e colocá- los em prática é a garantia que o empreendedor está atualizando e fazendo sua parte para tornar seus empreendimentos em empresas de sucesso. FINALIZANDO Nesta aula iniciamos discutindo as características dos novos tipos de negócios, destacando aquilo que se espera que o empreendedor precisa cuidar para atrair clientes com outras expectativas e exigências. Depois, tratamos do tema criatividade e inovação. A seguir, nosso olhar se voltou para as características do novo consumidor. Tratamos na sequência da relação entre sustentabilidade e empreendedorismo e, parafinalizar, os destaques foram para os cuidados que se deve ter ao se empreender. 19 REFERÊNCIAS ALVES, E. B; FREITAS, R. F; ROLON, V. E. K; Modelos inovadores como diferencial competitivo de negócios. Revista Organização Sistêmica, v. 5, n. 3, jan./jun. 2014. ANDION, C. Análise de redes e desenvolvimento local sustentável. Revista de Administração Pública, v. 37, n. 5, 2003. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6512>. Acesso em: 1 maio 2019. CHIAVENATO, I, Teoria geral da administração. 7. ed. atualizada e revisada. São Paulo: Campus, 2003. DANTAS, E. B. Empreendedorismo e Intraempreendedorismo: é preciso aprender a voar com os pés no chão. BOCC, 2008. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/dantas-edmundo-empreendedorismo.pdf>. Acesso em: 1 maio 2019. DOLABELA, F; O segredo de Luísa: uma paixão e um plano de negócios – como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. 12. ed. São Paulo: Cultura, 2006 GIRARDI, B. A; AZEVEDO, L. T.; FRANKLIN, T. P. Empreendedorismo e a pequena empresa: riscos e estratégias. Cobenge, p. 57-63, 2001. Disponível em: <http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/18/trabalhos/EMP018.pdf>. Acesso em: 1 maio 2019. KNELLER, G. F; Arte e ciência da criatividade. São Paulo: IBRASA, 1978. SAMARA, B. S.; MORSCH, M. A; Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. SCHNEIDER, E, I; CASTELO BRANCO, H. J. Caminhada empreendedora. Curitiba: InterSaberes, 2012. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/17 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 1 Profª Janete Schmidmeier 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/17 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos de temas relacionados aos subsistemas de recursos humanos bem como à postura que deve ser adotada pelo profissional de recursos humanos nas organizações. A mudança de atuação dos profissionais de RH é uma necessidade emergencial no cenário atual dos mercados e organizações, porém, segundo Knapik (2008, p. 18), mesmo sabendo que precisam mudar, às vezes, as pessoas ou empresas relutam em aceitar os novos paradigmas, porque tem medo do novo ou receio de abandonar o velho, pois permanecer em uma zona de conforto e conhecida é mais fácil, não exige muito esforço, o que pode, entretanto, trazer estagnação. Portanto, esta será a abordagem desta aula: apresentar os princípios que regem os produtos e subsistemas de RH, os novos paradigmas e tecnologias modernas de gestão que permitem à área de RH adotar uma postura mais estratégica dentro da organização. Para nos auxiliar na construção dos argumentos favoráveis à implantação de uma gestão de RH mais estratégica e que gerem resultados extraordinários para a organização, vamos abordar nesta aula os conceitos fundamentais e a evolução da gestão de RH, a gestão estratégica e a atuação do profissional de RH e, finalmente, apresentaremos de forma genérica, os subsistemas de RH. Espero que você esteja motivado, pois teremos muitas questões interessantes a serem analisadas. Saiba mais Acesse o material on-line e assista ao vídeo de introdução apresentado pela profª Janete. CONTEXTUALIZANDO Para iniciar esta aula, você está convidado a refletir, pensando na organização em que você atua ou em que já atuou, sobre as seguintes questões que regem decisões importantes sobre a atuação 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/17 da área de RH: A pirâmide hierárquica parece ultrapassada, mas que outra estrutura poderia substituí-la? E a tomada de decisões? Todos deveriam tomar decisões significativas, não apenas alguns figurões, mas não seria isso uma receita para o caos? E sobre aumentos e promoções salariais? Podemos encontrar maneiras de lidar com estes assuntos sem trazer a política para a mesa? Como podemos ter reuniões produtivas e edificantes, em que possamos falar com base em nossos corações e não nos nossos egos? Como podemos tornar o propósito o centro de tudo o que fazemos e evitar o cinismo que as sonoras declarações de missão muitas vezes inspiram? Desafiador, não? E esses são apenas alguns dos dilemas enfrentados pelos líderes na busca de um modelo de gestão ideal para as características da organização (Laloux, 2017, p. 4-5). Convido vocês a pensarem sobre a organização em que vocês atuam e/ou atuaram e respondam a essas questões, pois esse será um dos pilares desta disciplina. Ou seja, o olhar para a organização, as suas características, a sua cultura, as relações de poder, a sua evolução quanto aos sistemas de gestão, seus objetivos estratégicos, sua missão, visão e valores, entre tantos outros aspectos fundamentais a serem analisados a fim de garantir a coerência e alinhamento entre organização e os subsistemas de RH. TEMA 1 – GESTÃO DE RH NAS ORGANIZAÇÕES Para começar as discussões sobre a gestão de RH nas organizações, vamos tratar de algumas questões que têm gerado dúvidas entre os profissionais de RH, gesto/res e demais colaboradores dentro das organizações. O que significa ARH e RH? Existe diferença entre as duas siglas? E o termo gestão de pessoas? Existe diferença entre a administração de RH e gestão de pessoas? Esses são apenas alguns dos questionamentos e dúvidas que encontramos nas organizações e entre os profissionais que atuam na área responsável pela ARH ou pela gestão de pessoas. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/17 E você sabe responder a todos eles? Gostaria de se aprofundar nessas questões? Espero que sim, pois iremos abordá-las a seguir. Vamos começar a analisar os argumentos apresentados por autores que pesquisam esta área pelo primeiro questionamento. 1.1 O QUE SIGNIFICA ARH E RH? EXISTE DIFERENÇA ENTRE AS DUAS SIGLAS? Vamos tratar, primeiramente, da definição de RH, ou seja, recursos humanos, os quais englobam as pessoas que trabalham e operam uma organização, em contraste com os recursos financeiros, tecnológicos e materiais, por exemplo. Um recurso humano é uma única pessoa ou funcionário dentro da sua organização. Portanto, recursos humanos referem-se a todas os funcionários de uma organização ou, pelo menos, a um conjunto deles. Já a administração de recursos humanos (ARH) é a função de uma organização que lida com pessoas e questões relacionadas a elas, como remuneração e benefícios, recrutamento e seleção, integração de funcionários, gerenciamento de desempenho, treinamento e desenvolvimento, cultura da organização etc. Muitas vezes a sigla ARH, e mesmo RH, é apresentada como Área de Recursos Humano, mas o importante é entender o contexto em que as siglas estão sendo utilizadas e esclarecer as eventuais dúvidas que possam permanecer. 1.2 O QUE SIGNIFICA O TERMO GESTÃO DE PESSOAS? Segundo Chiavenato (2015, p. 11), gestão de pessoas é o “conjunto integrado de atividades de especialistas e gestores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas – no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização.” Já Romero (2013, p. 17) defende que “gestão de pessoas é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos colaboradores/servidores e das organizações.” 1.3 EXISTE DIFERENÇA ENTRE A ADMINISTRAÇÃO DE RH E GESTÃO DE PESSOAS? 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/17 Se analisarmos os conceitos atrelados a cada um dos termos, a ARH e a gestão de pessoas referem-se à mesma função, ou seja, administrar ou gerir os profissionais que atuam em uma organização. Então por que os profissionais e empresas passaram a chamar a ARH de gestão de pessoas? Vamos tratar dessa mudança no tema 2 desta aula, mas podemos adiantar que existe uma tendência de o termo recursos humanos cair em desuso, uma vez que autores contemporâneosdefendem que recursos são limitados e o potencial humano não (Sisodia, 2019), portanto chamar os profissionais de recursos humanos limita o potencial inerente a essas pessoas, portanto o termo contemporâneo que tem sido defendido para a ARH é gestão de pessoas. Saiba mais 1. Acesse o material on-line, assista ao vídeo da profª Janete, com a explanação sobre a diferença de conceitos observados nas organizações. 2. Agora, que tal aumentar o seu conhecimento? Para um maior aprofundamento o tema, acesse o link a seguir e assista ao vídeo “O que é DP, RH, Gestão de Pessoas e Gestão Estratégica de Pessoas?”: O QUE É DP, RH, Gestão de Pessoas e Gestão Estratégica de Pessoas? RH Academy, 16 out. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KLW5wNCPGcw>. Acesso em: 14 maio 2020. TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE RH NAS ORGANIZAÇÕES Para iniciar as discussões sobre a evolução da gestão de RH nas organizações, que tal refletirmos sobre a afirmativa a seguir? “O maior perigo em tempos de turbulência não é a turbulência em si, é agir com a lógica do ontem” Peter Drucker (citado por Gomes, 2016). Vamos analisar a afirmativa por partes. Primeiro o termo tempos de turbulência. É certo que o mercado mundial vive, constantemente, tempos de turbulência, uma vez que as mudanças tecnológicas são muito rápidas, e manter a vantagem competitiva é sempre um desafio. O segundo termo, agir com a lógica de ontem, complementa o argumento do autor sobre a necessidade das https://www.youtube.com/watch?v=KLW5wNCPGcw 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/17 organizações se reinventarem constantemente. Um cenário de rápidas mudanças exige adaptação de processos, estilos de gestão, liderança, modelos de atuação e papéis nas organizações. E a área de Recursos Humanos está inserida nesse contexto e tem papel fundamental na velocidade de adaptação das pessoas e processos às novas realidades de mercado e organizações. Portanto, baseado nesse argumento e no cenário em que as organizações estão inseridas, é necessário e imprescindível a evolução da gestão de RH das organizações. Segundo Chiavenato (2009), a ARH está passando por grandes mudanças por conta da mudança de lente em relação aos recursos humanos das organizações. Em uma análise bem macro dessas mudanças, o autor destaca que “neste novo contexto, as pessoas deixam de ser o problema das organizações para ser a solução dos seus problemas” (Chiavenato, 2009, p. XI). E, uma vez que a visão sobre a importância das pessoas para o sucesso de qualquer organização se intensificou, houve uma mudança de visão a respeito dos comportamentos dos indivíduos, cultura organizacional e sistemas de gestão. Uma das lentes utilizadas para demonstrar a evolução dos sistemas de gestão compara a visão mecanicista (considerada pouco efetiva na gestão de pessoas e processos) e a visão holística (adotada por diversas organizações em destaque no mercado atual), conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1 – Diferenças entre a visão mecanicista e a holística VISÃO MECANISCISTA VISÃO HOLÍSTICA A competição e a chave para o sucesso da empresa; Sigilo nas estratégias, só a cúpula da empresa pensa e planeja; Linha de produção; Foco na produção; Eficiência em primeiro lugar; A empresa é como uma máquina e as pessoas, as peças que compõem essa máquina; A abertura e a transparência são secundárias; Delegar representa perder poder. Impessoal e burocrático; A cooperação é a chave do sucesso da empresa; Transparência com as estratégias e todo o pessoal chave participa das decisões; Células de trabalho; Foco no cliente; Flexibilidade em primeiro lugar; A empresa é um sistema dinâmico e vivo; A abertura e a transparência são ferramentas de sucesso; Delegar representa ganhar poder; Organização baseada em pessoas; 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/17 Muitos níveis hierárquicos. O controle de qualidade é responsável pela qualidade; O melhor vencerá; O lucro vale mais que o meio ambiente; Paternalismo. Poucos níveis hierárquicos; Todos são responsáveis pela qualidade; O grupo vencerá; Lucro e meio ambiente podem ser compatíveis~; Profissionalismo. Fonte: Knapik, 2008, p. 40. Outra perspectiva de análise aborda a evolução das estruturas organizacionais e, consequentemente, da área de recursos humanos e é apresentada por Chiavenato (2015), o qual compara o modelo tecnicista com o modelo orgânico, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2 – Modelos tecnicista e orgânico Fonte: Chiavenato, 2015, p. 29. Fonte Rudall30/Shutterstock; Jirsak/Shutterstock. Em ambas as lentes de análise, algumas mudanças se destacam, entre as quais a necessidade de desenvolver uma cultura organizacional focada em cooperação, transparência, flexibilidade, redução 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/17 dos níveis hierárquicos, autonomia e autorresponsabilidade. E como a área e os profissionais de RH podem se consolidar como os líderes deste processo de transformação? A resposta não é simples. É necessária uma mudança drástica de paradigmas em toda a organização, uma mudança de visão e foco no gerenciamento de pessoas, conforme apontado por Knapik (2008) na Figura 1. Figura 1 – Evolução da visão e do foco do gerenciamento de pessoas Fonte: Knapik, 2008, p. 40. Nessa nova visão da área de recursos humanos (ou gestão de pessoas), o gerenciamento deve ser mais participativo, com foco na atração e no desenvolvimento dos talentos internos, a fim de garantir resultados extraordinários para a organização. No próximo tema, trataremos, especificamente, da gestão mais estratégica da área de RH. Saiba mais 1. Acesse o material on-line, assista ao vídeo da profª Janete e conheça mais sobre a evolução da gestão de recursos humanos (ou pessoas) nas organizações. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/17 2. Caso você queira aprofundar um pouco mais sobre o tema, acesse o link a seguir e assista a um vídeo que fala sobre o papel dos recursos humanos na empresa ABRH-SP: SAIBA qual é o papel dos Recursos Humanos na empresa ABRH-SP. Jovem Pan News, 3 jul. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oPaWjrg5A5M>. Acesso em: 14 maio 2020. TEMA 3 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH No tema anterior, analisamos a evolução dos modelos de gestão e a mudança no olhar sobre os recursos humanos nas organizações como uma peça fundamental na manutenção da sua vantagem competitiva, uma vez que o capital humano passou a ser o grande diferencial das organizações em destaque no cenário mundial. Mas como garantir o posicionamento estratégico da área de gestão de pessoas no cenário organizacional? Podemos elencar alguns comportamentos da área de RH no sentido de se posicionar estrategicamente: Participar ativamente da elaboração do planejamento estratégico da organização; Acompanhar o desdobramento de objetivos estratégicos da organização até o nível individual; Garantir a coerência entre os sistemas de gestão e estilos de liderança com a cultura organizacional; Atuar como área consultora nas questões de gestão de pessoas, gestão de conflitos, desenvolvimento etc.; Elaborar as políticas e processos de gestão de pessoas com foco na atração e retenção de talentos; Liderar ações que tratem de questões emergentes como a gestão da diversidade nas equipes, gestão do desempenho, gestão de carreira, gestão de conflitos, alinhamento de propósito etc.; Esses são apenas alguns exemplos de atuação estratégica e nova postura da área e dos profissionais de RH. https://www.youtube.com/watch?v=oPaWjrg5A5M 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/17 A fim de ampliar ainda mais a nossa discussão, vamos analisar o argumento apresentado por Chiavenato (2015 p. 5): o antigo RH tradicional era centralizador e monopolizador: selecionava, treinava, avaliava e remunerava as pessoas de acordo com os seuscargos e suas políticas e processos internos. Agora, quem cuida disso são os executivos: os atuais gestores de pessoas. Segundo o argumento do autor, na gestão estratégica de pessoas existe uma tendência em descentralizar as responsabilidades no que tange à gestão de pessoas para os próprios líderes, ficando responsável por garantir o alinhamento entre as estratégias organizacionais e os subsistemas de RH, a divulgação e treinamento nesses processos para os gestores e colaboradores e a atração e retenção de talentos Chiavenato (2015). Portanto, com base nos conteúdos já trabalhados, é possível concluir que o papel da gestão de pessoas é cada vez mais estratégico para as áreas e as organizações. Mas, afinal, a que se refere, exatamente, este termo, gestão estratégica de pessoas? Para Silva (2003, p. 35), “a administração estratégica de pessoas serve como pano de fundo para promover mudanças organizacionais e é o instrumento adequado para dar respostas aos desafios do ambiente empresarial.”. Já para Mascarenhas (2008), gestão estratégica de pessoas pode ser definida como toda e qualquer mobilização, orientação, direcionamento e administração do fator humano ao elaborar uma estratégia para a organização envolvendo o setor de recursos humanos e garantindo que todos na organização tenham percepção das estratégias e caminhem junto à empresa. Percebe-se que os conceitos apresentados evidenciam a necessidade de uma gestão estratégia de pessoas a fim de promover mudanças, dar resposta aos desafios, melhorar desempenhos, alinhar necessidades individuais e organizacionais e comunicar, de maneira clara, as estratégias organizacionais no sentido de todos os colaboradores caminharem na mesma direção. Saiba mais 1. Acessando o material on-line, assista ao vídeo da profª Janete sobre este tema. 2. Agora, que tal ampliar sua base argumentativa sobre o a gestão estratégica de RH? Acesse o link a seguir e leia o artigo “Gestão estratégica de RH e os impactos em sua empresa”: 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/17 MONTAGNOLI. V. Gestão estratégica de RH e os impactos em sua empresa. Revista Melhor, 20 mar. 2019. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/gestao-estrategica-de-rh-e-os-impa ctos-em-sua-empresa/>. Acesso em: 14 maio 2020. TEMA 4 – ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROFISSIONAL DE RH Uma vez que a gestão de recursos humanos está assumindo um papel estratégico nas organizações, a atuação do profissional de RH também precisa ser mais estratégica. Mas como garantir essa atuação mais estratégica? A fim de tentar responder a essa questão, vamos analisar o argumento de Knapik (2008, p. 7) a seguir: Os modelos de gestão de pessoas vêm sofrendo significativas mudanças diante de um cenário competitivo. O mercado de trabalho exige profissionais altamente qualificados, portadores de competências técnicas e comportamentais que atendam às necessidades das organizações na geração de criatividade, iniciativa de inovação. A gestão de pessoas tem cada vez mais ocupado uma posição estratégica nas organizações, em busca da garantia de uma vantagem competitiva no mercado. Desse modo, as lideranças precisam gerar e difundir uma cultura de aprendizagem contínua, visando o desenvolvimento econômico, bem como a geração de novas competências individuais e organizacionais que resultem em vantagens competitivas e sustentabilidade nas organizações. Segundo a autora, a exigência de “profissionais altamente qualificados, portadores de competências técnicas e comportamentais que atendam às necessidades das organizações na geração de criatividade, iniciativa de inovação” (Knapik, 2008) é uma realidade, exigindo um modelo mais orgânico de gestão de pessoas, ou seja, um modelo mais participativo, colaborativo, que valorize a autonomia, a proatividade, o engajamento e a criatividade, e os profissionais da área de RH têm assumido alguns desafios diários com base nessas exigências, dentre as quais (Marques, 2018): garantir que todas as necessidades dos membros de sua equipe sejam atendidas – gerenciando por meio de valores e necessidades; gerir todo o time da empresa com eficiência para administrar os conflitos – gestão de conflitos; construir e gerir a cultura organizacional – alinhamento cultural; aperfeiçoar os processos internos de forma constante – gestão da diversidade organizacional; https://revistamelhor.com.br/gestao-estrategica-de-rh-e-os-impactos-em-sua-empresa/ 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/17 treinar e desenvolver os colaboradores – metodologias ativas nas ações de treinamento e desenvolvimento; incentivar os planos de carreira e de desenvolvimento pessoal dos funcionários – processos de autoconhecimento e autonomia; prezar pela comunicação clara, ágil e eficiente aos colaboradores – comunicação assertiva e empática. Saiba mais 1. Para conhecer mais sobre a atuação estratégica do profissional de RH, acesse o material on-line e assista ao vídeo da profª Janete. 2. Quer saber mais sobre o tema? Acesse o link a seguir e leia o artigo “Confira as tendências do mercado de RH para 2020“: PEEX BRASIL. Confira as tendências do mercado de RH para 2020. Peex Brasil, 2 mar. 2018. Disponível em: <https://blog.peexbrasil.com.br/rh-estrategico-confira-as-tendencias-do-mercad o-de-rh-para-2020/>. Acesso em; 14 maio 2020. TEMA 5 – SUBSISTEMAS DE RH Neste tema, iremos apresentar uma visão geral dos subsistemas de responsabilidade da área de RH, porém, antes de iniciar, gostaria de propor uma reflexão: Será que existe um modelo padrão de implantação e gestão dos subsistemas de RH aplicável a todas as organizações? Respondendo à pergunta, existe um modelo de referência quanto aos subsistemas de RH. O que temos percebido são algumas mudanças de termos utilizados e de produtos e processos relacionados aos subsistemas. Posteriormente, apresentaremos essas mudanças e o impacto nos resultados da área e organizacionais. https://blog.peexbrasil.com.br/rh-estrategico-confira-as-tendencias-do-mercado-de-rh-para-2020/ 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/17 O importante, neste momento, é conhecer os subsistemas de RH levando em conta uma visão mais aceita por pesquisadores e profissionais, a fim de realizar um diagnóstico do nível de maturidade da organização e de suas características culturais e utilizar os subsistemas de RH como base, garantindo o seu envolvimento como gestor em todos os elementos que influenciam a qualidade, a retenção e a motivação dos talentos de sua equipe. Segundo Chiavenato (2016, p. 3), existem cinco subsistemas na área de RH, conforme Quadro 3 a seguir. Quadro 3 – Subsistemas na área de RH Fonte: Chiavenato, 2016, p. 3. Posteriormente, vamos nos aprofundar em alguns desses subsistemas no sentido de compreender quais processos e políticas de gestão de pessoas garantem que os melhores profissionais ocupem os cargos mais adequados e se mantenham motivados em contribuir para o alcance das metas sob sua responsabilidade. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/17 Saiba mais 1. Agora, que tal ampliar seu conhecimento? Acesse o material on-line, assista ao vídeo da profª Janete. 2. E, para um maior aprofundamento sobre o tema, confira as páginas 1 a 6 do capítulo 1, “Subsistemas de aplicação de recursos humanos”, do livro a seguir: CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. Barueri/SP: Manole, 2009. TROCANDO IDEIAS Considerando as temáticas estudadas, leia o trecho a seguir: No passado, a função do RH era uma espécie de fim-de-mundo corporativo, uma função principalmente administrativa de lidar com folha de pagamento e força de trabalho. Isso está mudando rapidamente, já que as empresas têm terceirizado as funções básicas de administração de plano de benefícios e folha de pagamento. Isso libera o RH para se concentrarem questões mais estratégicas, como engajamento dos funcionários, desempenho e retenção, que podem afetar diretamente o resultado financeiro. (Sisodia, 2019, p. 96) Baseado no texto, discuta sobre outras questões mais estratégicas que devem ser foco de concentração dos profissionais de RH. NA PRÁTICA Carvalho (2016, p. 24) apresenta as 10 tendências globais de capital humano de acordo com o estudo da Deloitte: Estrutura organizacional: os negócios têm se reinventado para operar como “redes de equipes”, como resposta aos novos desafios; A prontidão da liderança: os líderes de todas as gerações, gêneros e culturas têm sido bem empoderados para conduzir organizações ao redor do mundo? 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/17 Cultura organizacional: o impacto da cultura nos negócios é incontestável, e novas ferramentas podem auxiliar líderes a mensurar e gerir o alinhamento da cultura em direção aos objetivos do negócio; Engajamento: na construção da relação entre empregador e empregado, os profissionais tornam-se, de certa maneira, voluntários, a serem reengajados e rerrecrutados diariamente; Aprendizado: as áreas de aprendizagem corporativa estão deixando o papel de provedoras de treinamentos para tornarem-se gestoras de conteúdo e facilitadoras de experiências; Design thinking: o design thinking se contrapõe à complexidade desnecessária do ambiente de trabalho, colocando a experiência do profissional em primeiro plano; RH: conforme as empresas se transformam, as respectivas mudanças em curso precisam ser consideradas no papel exercido pelas áreas de RH; Analytics: o RH tem a chance de demonstrar o retorno sobre o investimento (ROI) em seus esforços de analytics, construindo o business case para maiores investimentos; RH digital: dispositivos portáteis e outras tecnologias possibilitam que o RH revolucione a experiência dos profissionais por meio de novas plataformas digitais; Força de trabalho: redes de profissionais que trabalham sem qualquer vínculo empregatício – assim como o crescente uso de tecnologias – estão remodelando a equação da gestão de talentos. Escolha uma das tendências listadas e busque um exemplo prático de aplicação dentro da organização em que você atua ou em outra organização qualquer. Saiba mais Agora, acesse o material on-line e assista ao vídeo da profª Janete com a resolução desta atividade. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de iniciar o nosso contato com o tema gestão de recursos humanos, seus conceitos fundamentais e a sua evolução histórica coerente com o desenvolvimento de sistemas de gestão mais humanizados e orgânicos. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/17 REFERÊNCIAS CARVALHO, G. Cuidar (bem) do que é seu. Revista Melhor, ano 24, n. 349, 2016. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. Barueri/SP: Manole, 2009. _____. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7 ed. Barueri, SP, Manole, 2016. _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5ed. Barueri, Sp. Manole, 2015. GOMES, J. Crescimento em tempos de turbulência e a nova lógica do varejo. Ecommerce Brasil, 25 fev. 2016. Disponível em: <https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/crescimento-em-tempos- de-turbulencia-e-a-nova-logica-do-varejo/>. Acesso em: 14 maio 2020. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: Ibpex, 2008. LALOUX, F. Reinventando as organizações: um guia para criar organizações inspiradas no próximo estágio da consciência humana. Tradução de Isabella Bertelli. Curitiba: Voo, 2017. MASCARENHAS, A. O. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São Paulo: Cengage Learning, 2008. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. SILVA, C. M. A gestão de competências e sua Influência na Implementação da gestão estratégica de pessoas: estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Administração) – USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, São Paulo, 2003. SISODIA, R. J. S. Empresas humanizadas: pessoas, propósito e performance. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2019. 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/17 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 2 Profª Janete Schmidmeier 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15 CONVERSA INICIAL Olá! Nesta aula, estudaremos assuntos relacionados aos subsistemas de RH e às tendências observadas nas organizações. Iremos iniciar pelo subsistema Provisão de Recursos Humanos, nomeado também como subsistema Gestão de Talentos, nomenclatura mais contemporânea no que se refere a prover as organizações de pessoas que gerem vantagens competitivas. Abordaremos, além dos conceitos fundamentais em relação a este subsistema, os processos que o englobam, ou seja, recrutamento e seleção, diversidade nas organizações e integração de novos colaboradores. Aproveite os conteúdos e desafios! Boa aula! CONTEXTUALIZANDO Para iniciar a aula de hoje, que tal resolver um desafio? Analise o anúncio de vaga a seguir e liste o perfil do candidato ideal e da organização que está recrutando. Figura 1 – Anúncio de vaga Fonte: Tutano por trampo (2019). 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15 Este anúncio foi considerado um dos 15 anúncios mais criativos pelo site Tutano por Trampo. Ao analisá-lo, é possível constatar o perfil do candidato ideal, ou seja: Indivíduo da geração Y ou Z; Interesse em jogos e filmes de ficção científica; Competências – criatividade e inovação, trabalho em equipe, conhecimento de tecnologias; Perfil aderente a ambientes informais, criativos e de constantes mudanças; Conhecimento em rotinas financeiras. E as características do anunciante? Você consegue elaborar um perfil básico com base no anúncio? A Nuuvem, uma startup da indústria de games, é a maior loja de games digitais para PC, MAC e LINUX na América Latina, e oferece uma plataforma completa ajudando jogadores a facilmente descobrirem seus jogos favoritos online. A loja atualmente conta com um catálogo de milhares de jogos de grandes produtoras, dentre elas Warner Brothers, Ubisoft, Take 2, Konami, Rockstar e Bethesda. Portanto, trata-se de uma organização com perfil informal, que incentiva a autonomia, a proatividade, o trabalho em equipe, a hierarquia horizontal e por projetos etc. Você concorda com essa análise? E com a necessidade de adequar os processos de recrutamento e seleção ao perfil da vaga e da organização? Esta será a nossa base de análise no que se refere aos assuntos discutidos nesta aula. TEMA 1 – SUBSISTEMA PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS O subsistema Provisão de Recursos Humanos, ou Subsistema de Gestão de Talentos – como é conhecido pelas organizações com um sistema de gestão maduro – tem como principal objetivo prover a organização de profissionais e talentos a fim de suprir a necessidade interna de recursos humanos. Vamos conhecer os processos de RH que integram este subsistema? 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15 Para Chiavenato (2009), o subsistema de provisão de recursos humanos pode ser caracterizado conforme a Figura 1, a seguir. Figura 1 – Políticas do subsistema de provisão de recursos humanos FONTE: adaptado de Chiavenato, 2009, p. 5. Como podemos notar, com base na figura, os grandes processos que fazem parte desse subsistema são: pesquisa de mercado de RH; recrutamento; seleção; e integração. Quanto tratamos do processo de pesquisa de mercado, é importante considerar o cenário interno da organização, ou seja: a cultura organizacional; o planejamento estratégico;o estilo de gestão; e o planejamento de crescimento e expansão. E é preciso, ainda, considerar o cenário externo, ou seja, o contexto do mercado de trabalho e o mercado de recursos humanos vigeste no momento da pesquisa de mercado. Para auxiliar nesta análise, Chiavenato propôs uma verificação do mercado de trabalho (MT) e do mercado de recursos humanos (MRH) e a interação entre ambos os cenários, conforme Figura 2. Figura 2 – A interação entre MT e MRH 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15 Fonte: Chiavenato, 2014, p. 97. A figura proposta pelo autor permite realizar um exame do cenário externo e definir a melhor política de R&S para o cenário de mercado apresentado naquele momento e para uma região específica. Neste momento, gostaria de avançar em nossas análises e levantar a razão pela qual os pesquisadores e profissionais de RH estão chamando esse subsistema de Gestão de Talentos. Existe uma relação comprovada entre possuir os melhores talentos e obter melhores resultados do negócio. Portanto, no processo de gestão de pessoas, dar atenção aos talentos internos e externos tem se tornado uma das prioridades dos líderes das equipes de trabalho. Mas afinal, o que é Gestão de Talentos? Gestão de Talentos é a arte de captar, selecionar e reter profissionais com habilidades em obter resultados excelentes para a organização, por meio de ações de atração, valorização e desenvolvimento pessoal e profissional. Enfim, entre tantas estratégias organizacionais utilizadas na garantia de uma gestão de talentos eficiente, é importante ter clareza de quem são os talentos para a organização e como atrair, selecionar e, principalmente, reter esses profissionais. Saiba mais Para um maior aprofundamento o tema, leia o artigo “Como atrair os melhores talentos para a sua empresa”, disponível no link: <https://exame.abril.com.br/pme/como-atrair-os-melhores-ta lentos-para-sua-empresa/>. Acesso em: 3 jul. 2020. https://exame.abril.com.br/pme/como-atrair-os-melhores-talentos-para-sua-empresa/ 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15 TEMA 2 – RECRUTAMENTO E SELEÇÃO O processo de Recrutamento e Seleção é considerado a base do subsistema de Provisão de RH (ou Gestão de Talentos), pois garante a contratação dos profissionais adequados para ocupar os cargos dentro das organizações. Para facilitar as nossas análises, vamos separar os dois processos: o recrutamento e a seleção. Vamos iniciar com os conceitos fundamentais sobre o Recrutamento. Segundo Chiavenato (2015, p. 128), “entende-se por recrutamento todos os esforços da empresa em atrair e engajar novos colaboradores”. O autor complementa o conceito, afirmando que “o recrutamento é uma ação externa da empresa para influenciar o mercado e dele obter os candidatos que necessita para suprir as suas lacunas” (Chiavenato, 2015, p. 128). Ou seja, o recrutamento envolve os procedimentos que visam atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. Existem três tipos de recrutamento: o interno; o externo; e o misto. No recrutamento interno, a divulgação da vaga é realizada, apenas, dentro da organização. Já no recrutamento externo, a divulgação é realizada externamente, ou seja, no mercado de trabalho. Já no recrutamento misto, a organização divulga a vaga internamente, e caso não existam candidatos internos que atendam ao perfil da vaga, ela é aberta externamente. Esse é o tipo mais comum de recrutamento utilizado pelas organizações atualmente. Mas como definir pelo melhor tipo de recrutamento para uma vaga em aberto da organização? Para facilitar essa análise, conheça as principais vantagens do recrutamento interno e externo, conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1 – Vantagens do recrutamento interno e externo Recrutamento Interno Recrutamento Externo Custo reduzido Fator motivacional — Carreira Oxigenação nas ideias e comportamentos Visão diferente do mercado 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15 Familiaridade com a cultura e estratégia organizacional Conhecimento dos processos internos Conhecimentos técnicos sobre produtos e serviços Estrutura interna para divulgação Boas práticas de mercado — conhecimentos e técnicas diferentes Outra decisão a ser tomada nos processos de recrutamento refere-se às técnicas utilizadas, ou seja, os meios pelos quais a organização informa ao mercado que dispõe de vagas em aberto. Citando alguns exemplos utilizados pelas empresas, temos: banco de candidatos e currículos; indicação de candidatos (network); cartazes nas instalações da empresa ou site; visitas a cursos e universidades (murais); anúncios (jornais, revistas, redes sociais); recrutamento virtual; uso de agências de R&S; headhunters etc. Definir corretamente quais as técnicas mais aderentes à vaga, à organização e à região geográfica onde se buscam os candidatos é fundamental para o sucesso do recrutamento. E para concluir as considerações sobre o recrutamento, que tal conhecer as suas etapas sugeridas? 1. Análise da Requisição de Funcionário (RF) 2. Análise das fontes de recrutamento 3. Escolha das técnicas de recrutamento 4. Aplicação das técnicas de recrutamento escolhidas 5. Recepção para triagem dos candidatos A próxima etapa depois do recrutamento é a seleção dos candidatos, ou seja, após a recepção dos currículos e pré-triagem é necessário que seja realizada a análise detalhada para selecionar o profissional correto para a descrição do cargo, ou seja, a seleção dos candidatos. Segundo Chiavenato (2014), a seleção pode ser conceituada como “uma comparação entre duas variáveis: os requisitos exigidos pela organização (requisitos que o cargo exige de seu ocupante ou competências requeridas) em relação ao perfil, as características dos candidatos que se apresentam na disputa pela oportunidade.” (p. 119). Adicionalmente, Knapik (2012) conceitua seleção como “o processo pelo qual a organização utiliza certas estratégias para filtrar e identificar os candidatos que 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15 reúnem as qualificações e as capacidades exigidas para ocupar um cargo oferecido pela empresa.” (p. 201). Da mesma forma que o recrutamento, existem etapas sugeridas para a condução do processo de seleção, sendo elas: (1) triagem dos currículos; (2) entrevista; (3) prova de conhecimentos específicos; (4) teste psicológico; (5) técnicas de simulação; (6) contratação; e (7) alocação. Lembrando que a definição dessas etapas depende de vários aspectos: perfil da vaga; recursos disponíveis para o processo; prazos acordados; entre outros. Saiba mais Caso você queira aprofundar um pouco mais sobre o tema, leia o artigo ”Conheça as novas formas de recrutar pessoas”, disponível no link: <https://rh.acessodigital.com.br/blog/conheca-as -novas-formas-de-recrutar-pessoas>. Acesso em: 3 jul. 2020. TEMA 3 – TENDÊNCIAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Já analisamos alguns conceitos fundamentais do processo de Recrutamento e Seleção, agora que tal conhecer as novidades que têm sido utilizadas pelas empresas nesse processo? Primeiro, em relação às técnicas utilizadas nos processos de recrutamento e seleção que estão sendo consideradas inovadores. Algumas delas são técnicas antigas, que estão sendo implementadas por meio de diferentes mídias, outras são consideradas métodos bastante contemporâneos. Vamos conhecer alguns deles? Desafios criativos na identificação de candidatos improváveis – simulações, seleção às cegas, jogos de negócios, criação de situações inusitadas durante as entrevistas etc.; Tecnologia de vídeo – para propiciar um contato face a face preliminar, avaliação de aspectos que envolvem comunicação, negociação, pensamento sistêmico por meio da elaboração e envio de vídeos de “picht pessoal”, ou mesmo o uso de soluções em vídeo em tempo real para realizar a entrevista propriamentedito; Plataforma móvel – uso das plataformas móveis, como smartphones, para atingir um maior número de candidatos e dar agilidade ao processo de R&S; https://rh.acessodigital.com.br/blog/conheca-as-novas-formas-de-recrutar-pessoas 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15 Mídias sociais e redes profissionais – alterando as formas de recrutamento e propiciando aos recrutadores conhecer os candidatos mais profundamente, antes do primeiro contato, propriamente dito. Outro argumento favorável ao uso das redes sociais é apresentado pela ADP Latam (2017) que afirma que “através delas, é possível se conectar com os candidatos e colaboradores, compartilhar notícias sobre a empresa ou o mercado e obter informações sobre o histórico e interesses profissionais de cada um”. Outra tendência que tem sido observada nas organizações com um sistema de gestão mais orgânico e participativo é a opção pela seleção ser conduzida por grupos funcionais cruzados, ou pela própria equipe, não apenas pelo profissional de RH e pelo gestor da área. Outra consideração importante ao pensar em tendências de R&S é o uso da tecnologia como suporte a esse processo. Leia o trecho do artigo veiculado no Blog da ADP (2017), Talentos de Hoje, e conheça mais sobre essas soluções tecnológicas: Para melhor organizar e analisar os inúmeros dados coletados no processo de recrutamento, a tecnologia vem como aliada para facilitar e agilizar o trabalho. Na guerra por talentos, quanto mais informação você tiver sobre o candidato, e mais assertiva forem suas ações, melhor será para o empregador. Já existem soluções capazes de ajudar o RH em diversos passos, como: Banco de currículos, incluindo a publicação de vagas. Textos de e-mail de agradecimento, publicação de vagas e solicitação de atualização de currículo. Campos do currículo e respectiva obrigatoriedade de preenchimento pelo candidato, conforme a política adotada pela empresa. Por exemplo: informações pessoais, histórico educacional, experiências, conhecimentos específicos, habilidades, atitudes dos profissionais e outras informações específicas da sua empresa. Gestão de Banco de Talentos, com os currículos capturados pela Internet ou inseridos manualmente, para consulta e manutenção dos dados. Recrutamento de candidatos internos e externos, inclusive de ex‑empregados, conforme definição do critério para a posição em aberto. Portanto, além de considerar os princípios fundamentais do processo de R&S, vale avaliar as tendências de mercado e, principalmente, como a tecnologia pode auxiliar na atração e seleção dos melhores candidatos para as vagas disponíveis nas organizações. Saiba mais 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15 Conheça algumas novidades do mercado de Recrutamento e seleção, assistindo aos vídeos a seguir: Linkedin explica como as empresas estão melhorando os seus processos de recrutamento e seleção. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=opLlwFzGJbo>. Acesso em: 3 jul. 2020. Conheça as novas ferramentas que empregadores usam para recrutar empregados. Disponível em: <https://recordtv.r7.com/hoje-em-dia/videos/conheca-as-novas-ferramentas-que -empregadores-usam-para-recrutar-empregados-14102018>. Acesso em: 3 jul. 2020. TEMA 4 – DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES Muito tem se falado sobre a necessidade de tratar a diversidade existente na sociedade e, consequentemente, no ambiente organizacional, de maneira mais efetiva a fim de gerar resultados práticos, tanto no sentido de garantir uma das funções das empresas, a função social, como aproveitar os conflitos gerados pela diversidade para proporcionar um ambiente heterogêneo de ideias e pontos de vista, aumentando assim a produtividade nas organizações. Mas por que tratar desse tema, nesta aula em que estamos analisando os processos de R&S? Simples, a busca pelos melhores talentos está superando fronteiras, preconceitos, estereótipos e crenças pessoais e a diversidade nas equipes e organizações já é uma realidade. E quais os tipos de diversidade mais encontrados nas empresas atuais? Ao analisar os artigos, estudos e estratégias organizacionais no Brasil e no mundo, podemos elencar como principais tipos de diversidade: Diversidade geracional; Diversidade de gênero; Diversidade racial; Diversidade das pessoas com deficiência; Diversidade de opção sexual; Diversidade cultural. https://www.youtube.com/watch?v=opLlwFzGJbo https://recordtv.r7.com/hoje-em-dia/videos/conheca-as-novas-ferramentas-que-empregadores-usam-para-recrutar-empregados-14102018 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15 Dentro do cenário da diversidade nas organizações, o desempenho e a sobrevivência dependem de mudar a perspectiva da heterogeneidade como fonte de conflitos na equipe para a perspectiva da heterogeneidade como fonte de ideias e inovações. Portanto, a estratégia organizacional deve focar na implantação de uma gestão da diversidade focada em potencializar a força das equipes por meio de diferentes pontos de vista, experiências e cultura, e inserir discussões acerca de soluções, ideias e inovações fazendo uso desta potencialidade. Esse é o grande desafio dos líderes e profissionais de RH, e para auxiliar na gestão de equipes caracterizadas pela diversidade, existem várias estratégias, entre elas o modelo desenvolvido por Thomas e Ely (1996). Para os autores existem algumas condições prévias para a mudança de paradigma no sentido de permitir que a diversidade seja instrumento de aprendizagem, crescimento e inovação, sendo eles: A liderança deve entender que uma força de trabalho diversificada irá incorporar diferentes perspectivas e abordagens para o trabalho, e deve realmente valorizar a variedade de opiniões e insights. A liderança deve reconhecer tanto as oportunidades de aprendizado quanto os desafios que a expressão de diferentes perspectivas apresenta para uma organização. A cultura organizacional deve estimular o desenvolvimento pessoal. A cultura organizacional deve incentivar a abertura. A cultura deve fazer com que os trabalhadores se sintam valorizados. A organização deve ter uma missão bem articulada e amplamente compreendida. A organização deve ter uma estrutura não-burocrática, relativamente igualitária. Considerando que a diversidade é uma realidade no mercado de trabalho e nas organizações, e que é fundamental romper os bloqueios causados por preconceitos e estereótipos, é preciso que os profissionais da área de recursos humanos e gestores desenvolvam estratégias para garantir a inclusão dos profissionais considerados diversos nas equipes e organizações. E o subsistema de provisão de pessoas deve ter como preocupação o desenvolvimento de métodos que permitam a atração e retenção de todos os talentos, independentemente de quão diverso ele seja. Saiba mais 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15 E para conhecer mais sobre gestão da diversidade e seus benefícios, leia o artigo “Futuro do Trabalho – Diversidade e Inclusão”, disponível no link: <https://revistamelhor.com.br/futuro-do-tr abalho-diversidade-e-inclusao/>. Acesso em: 3 jul. 2020. TEMA 5 – INTEGRAÇÃO DE NOVOS COLABORADORES Após realizar o recrutamento e seleção de novos colaboradores, e considerar as questões de diversidade no processo, é necessário integrá-los à organização, às suas equipes e às suas funções. Alguns profissionais da área de RH e pesquisadores consideram a integração como a etapa final do processo de R&S. Independentemente do posicionamento adotado, duas questões são unânimes: (1) a Integração compõe o subsistema de Gestão de Talentos (ou Provisão de RH, como também é conhecida); e (2) a existência de um processo bem-estruturado de integração é fundamental na garantia da rápida adaptação do profissional à nova empresa, à nova equipe, à nova cultura e às novas funções. O processo de integração tem vários objetivos, segundoKnapik (2012, p. 217), dentre eles: Transmitir informações sobre o histórico, a missão, a visão e os valores da organização; Familiarizar o novo funcionário com os produtos e serviços da empresa; Informar sobre as diretrizes e políticas da empresa, seu código de ética e conduta; Informar os benefícios que a empresa oferece; Apresentar a estrutura física e organizacional e o organograma da empresa; Apresentar o novo funcionário aos colegas de trabalho e vice-versa; Desenvolver expectativas realistas, o que se espera do novo colaborador e o que a empresa pode oferecer. A integração é um processo contínuo que ocorre em várias etapas, dada a complexidade e multiplicidade de informações que devem ser conhecidas. Para garantir o aprendizado por meio de um Processo de Integração, a Consultoria Clarity (2017) sugere as seguintes etapas: Recepção e boas vindas: prepare seu time para receber o novo funcionário e crie um ambiente amigável e acolhedor para as boas-vindas. Não se esqueça de também apresentar seu novo funcionário a clientes e fornecedores que trabalharão próximos a ele. https://revistamelhor.com.br/futuro-do-trabalho-diversidade-e-inclusao/ 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15 Visão geral da empresa: é fundamental que seu processo de integração ajude a sua nova contratação a adquirir conhecimentos gerais sobre a sua companhia (história, missão, visão, abrangência de atuação, linhas de negócios, políticas importantes e como elas apoiam a cultura da empresa etc.). Treinamento: o treinamento é a construção do conhecimento. Treine para obter o melhor do seu novo funcionário e para promover a valorização do conhecimento e da cultura corporativa de sua empresa. Existem algumas diferenças entre organizações que possuem um processo de integração e aquelas que não possuem, conforme Quadro 2. Quadro 2 – Diferenças entre a existência ou não de uma integração RESULTADOS POSITIVOS DA INTEGRAÇÃO RESULTADOS NEGATIVOS DA FALTA DE INTEGRAÇÃO Satisfação no trabalho Clareza quanto às regras internas Aumento da motivação Compreensão da cultura organizacional Maior engajamento Desempenho superior Internalização dos valores organizacionais Baixa satisfação no trabalho Ambiguidade de regras internas Queda na motivação Desconhecimento e falta de integração à cultura organizacional Menor engajamento Baixo desempenho Falta de aderência aos valores organizacionais Fonte: Florea, 2014, p. 14. O quadro mostra, claramente, a importância do processo de integração tanto para o novo colaborador quanto para a empresa. Saiba mais E para um maior aprofundamento sobre o tema, confira o artigo “Integração de Funcionários às Empresas”, disponível no link: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/integrao- de-funcionrios-s-empresas/>. Acesso em: 3 jul. 2020. https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/integrao-de-funcionrios-s-empresas/ 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15 TROCANDO IDEIAS Considerando as temáticas estudadas, analise as questões a seguir: Entrevista presencial ou por Skype? Na era digital, qual a melhor opção? Qual o seu ponto de vista sobre a questão? Será que a resposta depende de algum (ou vários) fatores? Discuta sobre estas questões estratégicas que devem ser definidas ao planejar um processo de R&S. NA PRÁTICA Considerando as análises desenvolvidas durante esta aula, assista ao vídeo ”Processo Seletivo da Heineken” (Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=y6EcEpibnQY>. Acesso em: 3 jul. 2020). Analise o vídeo e descreva as competências que puderam ser avaliadas em cada etapa do processo de Seleção. Depois acompanhe o vídeo da Professora Janete com a resolução da atividade. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de estudar o subsistema Provisão de Recursos Humanos ou Gestão de Talentos, e abordamos os temas Recrutamento e seleção, diversidade nas organizações e integração de novos colaboradores. Espero que você tenha aproveitado esta aula e, para concluir os estudos, assista aos comentários finais da prof.ª Janete no material online. REFERÊNCIAS ADP. Talentos de hoje. 2017. Disponível em: <https://www.blog.adp.com.br/talentos-de-hoje/>. Acesso em: 3 jul. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=y6EcEpibnQY 23/02/2022 15:48 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15 CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. Barueri: Manole, 2009. _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Barueri: Malone, 2014. _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. Barueri: Manole, 2015. CLARITY. Etapas para desenvolvimento de processo de integração. 2017. Disponível em: < https://www.clarity.com.br/2017/11/06/etapas-para-desenvolvimento-de-processo-de-integracao/>. Acesso em: 3 jul. 2020. FLOREA, N. V. Good practices of integration for new employees in romanian organizations. Revista Academiei Fortelor Terestre, v. 19, n. 2, 2014. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. São Paulo: Ibpex, 2012. THOMAS, D. A.; ROBIN, E. Making differences matter: a new paradigm for managing diversity. Harvard Business Review, a. 74, n. 5, 1996, p. 79–90. TUTANO POR TRAMPO. 15 descrições de vagas mais criativas do ano. Disponível em: <http://tutano.trampos.co/13561-15-melhores-descricoes-de-vagas/>. Acesso em: 3 jul. 2020. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 3 Profª Janete Schmidmeier 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos de outro subsistema de RH fundamental para a manutenção de resultados excelentes nas organizações: o subsistema de Gestão do Potencial e do Desempenho. Por meio dele, podemos elencar vários processos da área de RH, dentre eles a descrição e análise de cargos, a gestão da carreira, a gestão do desempenho, a gestão por competências e a gestão do desempenho por competência, sendo que este último tópico será trabalhado nas próximas aulas. CONTEXTUALIZANDO Para começar, propomos um exercício. Analise a organização em que você atua e responda às seguintes questões: Como a organização gerencia o desempenho de seus colaboradores? Trata-se de um método tradicional ou contemporâneo? A gestão do desempenho individual retrata a realidade no que tange à performance real? A gestão de desempenho atua como fator motivador ou desmotivador para os colaboradores? O que você, como profissional de Recursos Humanos, faria diferente? Agora questione: é importante avaliar essas questões antes de tomar decisões estratégicas no que tange à avaliação do potencial e desempenho? Sim, todas as perguntas são fundamentais no sentido de orientar o alinhamento entre as características organizacionais e os modelos de avaliação de desempenho a ser adotado. Modelos mais modernos exigem um sistema de gestão mais maduro, participativo e baseado em competências e/ou indicadores de desempenho. Caso o profissional de RH opte por um modelo de gestão de desempenho por competência, por exemplo, o mesmo deve ser coerente com todas as demais estruturas de RH, ou seja, R&S por competências; descrição de cargos baseada nas competências; remuneração por competências; T&D baseado no desenvolvimento das competências etc. Caso contrário, toda a estrutura da área de gestão de pessoas estará fadada ao fracasso por conta do desalinhamento dos seus processos. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15 Você concorda com esse argumento? Então vamos conhecer mais elementos que regem esse subsistema tão valioso para os líderes e para as organizações. TEMA 1 – SUBSISTEMA DE GESTÃO DO POTENCIAL E DO DESEMPENHO O segundo subsistema a ser estudado é o de gestão do potenciale do desempenho, também conhecido como subsistema de aplicação de RH. A exemplo do fizemos em aulas anteriores, vamos conhecer a visão de Chiavenato (2009) sobre elementos que integram esse subsistema, conforme a Figura 1, a seguir: Figura 1 – Políticas do subsistema de aplicação de Recursos Humanos Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2009, p. 5. Como podemos notar com base na Figura 1, o subsistema de aplicação de recursos humanos tem como foco a adequação das pessoas nos cargos mais compatíveis ao seu perfil, sua experiência, suas motivações, suas competências etc., bem como a avaliação do desempenho dos colaboradores nos seus respectivos cargos. Com base nessa assertiva, é possível entender por que as organizações maduras em seus sistemas de gestão de pessoas têm chamado esse subsistema de gestão do potencial e do desempenho. E, aproveitando: você sabe qual é a diferença entre esses os conceitos de potencial e desempenho? Analise o Quadro 1, a seguir, para entender um pouco mais sobre esses conceitos. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15 Quadro 1 – Diferença entre potencial e desempenho POTENCIAL DESEMPENHO Poder inerente à pessoa, refletido em conhecimentos, habilidades e atitudes e na capacidade de aprendizagem e adaptação. Ação presente que pode ser verificada, mensurada e que determina o desempenho do colaborador no cargo atual. Assim, entendemos que potencial é a qualidade de um corpo ou de um sistema qualquer de estar pronto para entrar em ação, é a capacidade do indivíduo de vir a desempenhar determinada função em determinado momento do tempo. Já o desempenho trata da performance do colaborador no cargo ocupado, considerando objetivos e metas a serem atingidos, competências individuais e comportamentos observados, entre outros aspectos. Portanto, esse subsistema tem como foco garantir que os profissionais estejam lotados nos cargos mais coerentes com seu perfil individual para que os resultados sejam garantidos e os potenciais sejam identificados e aplicados da melhor forma possível dentro da estrutura organizacional. Trataremos de cada processo inerente a esse subsistema, mas neste momento é importante destacar que ao pensar estrategicamente a gestão de pessoas em uma organização é fundamental conhecer o perfil, o desempenho e o potencial de cada colaborador de forma a garantir as melhores pessoas nas melhores posições. Saiba mais Agora, que tal aumentar seu conhecimento? Para um aprofundamento maior sobre o tema, leia o artigo “6 pistas de que seu potencial de carreira é (muito) alto”, da Revista Exame, disponível no link: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/6-pistas-de-que-seu-potencial-de -carreira-e-muito-alto>. TEMA 2 – ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/6-pistas-de-que-seu-potencial-de-carreira-e-muito-alto 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15 A análise e descrição de cargos é um produto da área de Recursos Humanos responsável pelo detalhamento acerca das exigências de cada cargo da organização. Simples? Nem tanto! A descrição e análise de cargos exige uma série de cuidados na hora de sua elaboração para reduzir discrepâncias entre a realidade vivenciada pelo ocupante do cargo e o que está registrado nesse documento. Para garantir sua qualidade, é importante esclarecer alguns conceitos que envolvem esse processo, a fim de evitar erros comuns nas organizações. Então, motivado para conhecê-los? Para iniciar, é fundamental conhecer a diferença entre cargo e funções. Segundo Knapik (2012, p. 227), “cargo é a aglomeração de todas as tarefas e responsabilidades (funções) atribuídas ao seu ocupante e está representado no organograma, é um espaço organizacional”. Já as funções, ainda segundo Knapik (2012, p, 228), “são as responsabilidades atribuídas ao cargo”, ou seja, o cargo é formado por uma série de funções. Outras nomenclaturas também são relevantes na análise e descrição de cargos e dizem respeito, diretamente, à construção do nome desse produto de RH. São elas: Descrição de cargos: levantamento das informações adicionais sobre cargos, como responsabilidade, limites de autoridade, competências, experiência requeridas etc. Análise de cargos: agrupamento dos cargos por famílias, em função das similaridades, e definição dos passos de encarreiramento para cada família. Mas por que, além dos argumentos apresentados no início deste tema, a organização deve investir recursos na elaboração da análise e descrição de cargos? Dentre os objetivos destacados pelos pesquisadores e profissionais da área de RH, podemos listar alguns levantados por Knapik (2012): Auxiliar no levantamento das necessidades de T&D; Fornecer o perfil dos profissionais a serem recrutados e contratados; Auxiliar na definição de indicadores de desempenho; Indicar condições de trabalho a fim de garantir higiene e segurança; Fornecer dados para definir a remuneração de cada cargo por meio das faixas salariais estabelecidas; Definir critérios de aumento de remuneração fixa e promoções verticais. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15 Outra questão pertinente são os métodos de coleta de dados sobre funções, experiência, formação, atividades, competências, responsabilidades etc. de cada cargo. Para isso, são utilizados diferentes métodos: Método de entrevista: é realizada uma entrevista com o ocupante do cargo e seu gestor imediato. Método de questionário: é disponibilizado um questionário a ser preenchido pelo ocupante do cargo e/ou seu gestor imediato. Método de observação: é realizada uma observação sobre a rotina de trabalho do ocupante do cargo. Métodos mistos ou combinados: é feita a utilização conjunta dos métodos listados anteriormente. Já na análise de cargos, são realizados a organização e o registro das informações obtidas na descrição do cargo, em um documento chamado Descrição de Cargo (Knapik, 2012), que consiste no processo de sistematização das informações coletadas e na análise dos requisitos exigidos pelo cargo (Moreno, 2014). Saiba mais Agora, que tal ampliar seu conhecimento? Leia o artigo “Importância do plano de cargos e salários”, disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/importncia-do-plano-de-cargo s-e-salrios/> . TEMA 3 – GESTÃO DA CARREIRA A gestão de carreira, no passado, era definida como promoção para o próximo nível gerencial e os ditos planos de carreira eram planejados a longo prazo, ou seja, o maior sinônimo de sucesso profissional era permanecer por um longo período de tempo na organização e nela construir uma carreira profissional. O cenário atual apresenta características diferentes em dois sentidos. Primeiro, poucos são os profissionais que se mantêm em uma organização por tanto tempo a fim de se beneficiar de planos de carreira definitivos e longos. Segundo, as novas gerações têm metas de carreiras que não incluem, https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/importncia-do-plano-de-cargos-e-salrios/ 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15 necessariamente, a permanência em uma mesma organização. Portanto, seu plano de carreira é construído por meio de experiências profissionais em várias organizações e a responsabilidade por gerenciá-lo é do próprio profissional, ou seja, a responsabilidade por sua gestão de carreira. Então, que tal conhecer um pouco mais sobre esse conceito e os elementos que o envolvem? Em nível organizacional, podemos definir gestão de carreira como um processo que impulsiona os funcionários a entenderem e desenvolverem melhor suas habilidades e interesses profissionais, usando essas habilidades e interesses de forma mais eficaz, tanto dentro da empresa quanto depois de se desligarem da mesma. Atividades específicas de gerenciamento de carreira podem incluir o fornecimento de avaliações realistas orientadas para o âmbito profissional, a publicação de vagas abertase a oferta de atividades formais de desenvolvimento de carreira, que engloba uma série de iniciativas ao longo da vida, contribuindo para a exploração, o estabelecimento, o sucesso e a realização de uma pessoa. Em nível pessoal, a gestão de carreira também é um processo, mas nesse caso o foco são o autoconhecimento e o autodesenvolvimento por meio de um planejamento pessoal de carreira. Quer saber mais? Então acompanhe essa definição: o planejamento de carreira é o processo deliberado por meio do qual o profissional se torna consciente de suas habilidades pessoais, interesses, conhecimentos, motivações e outras características. Com ele, é possível adquirir informações sobre oportunidades e escolhas; identificar objetivos relacionados à carreira e estabelecer planos de ação para atingir metas específicas. Resumindo, a gestão de carreira é um planejamento consciente de etapas, planos, metas e ações que um profissional deve tomar no sentido de garantir sua realização profissional e financeira. Saiba mais Para conhecer mais possibilidades sobre plano de carreira e se tornar protagonista de sua própria trajetória profissional, leia o artigo “Plano de Carreira: como alinhar os objetivos da empresa com as expectativas dos seus funcionários”, disponível em: <https://endeavor.org.br/pe ssoas/plano-de-carreira/>. TEMA 4 – GESTÃO DO DESEMPENHO https://endeavor.org.br/pessoas/plano-de-carreira/ 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15 Um dos comportamentos naturais das pessoas e da sociedade é a análise e o acompanhamento do desempenho humano. Quem de nós nunca teceu um julgamento sobre o desempenho de um amigo, um colega de trabalho, um gestor ou um subordinado? Dentro das organizações não é diferente: avaliar o desempenho humano é um comportamento natural e necessário para garantir resultados satisfatórios do indivíduo e da equipe. Você concorda com esse argumento? Para iniciar os estudos sobre este tema, que tal conhecer a definição de gestão do desempenho? Trata-se de “uma técnica de gerenciamento que tem por objetivo a gestão das atividades da empresa de forma que seus objetivos e metas sejam alcançados com eficiência e eficácia” (Siteware, 2018). Assim, entendemos que a gestão do desempenho trata de todas as ações e iniciativas dentro das organizações no sentido de garantir e gerenciar o desempenho individual e organizacional. Para tanto, são necessárias algumas ações no sentido de garantir o alinhamento dos processos de gestão de pessoas. Dentre elas, podemos elencar: definição de funções, fixação dos objetivos individuais, apoio aos indivíduos e respectivo acompanhamento, avaliação de desempenho, formação para diversas competências, remuneração em função do desempenho e formação, e desenvolvimento das pessoas (Ghermandi, 2018). Continuando com a nossa construção de argumentos, a avaliação de desempenho é uma das principais etapas e engloba também a análise e definição das expectativas dos clientes, das competências, dos valores, da cultura da organização e dos diferenciais de seus produtos e serviços. Segundo Macedo (2015), é o processo que objetiva medir o desempenho dos funcionários afim de avaliar a contribuição de cada um para o alcance dos objetivos da instituição. A avaliação de desempenho, a exemplo das demais ferramentas de gestão de pessoas, também tem passado por evoluções nos últimos tempos. Na visão mecanicista, o funcionário era avaliado, controlado e punido. Já na visão mais estratégica e orgânica, os resultados individuais são analisados com base: na adequação do funcionário ao cargo; na atuação da liderança; no investimento da organização em treinamento e desenvolvimento; na efetividade do feedback; na definição conjunta e clara dos objetivos pessoais, entre outros. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15 Ademais, cada organização possui uma maturidade diferente em seus sistemas de gestão e esse nível de maturidade deve ser considerado ao definir como gerir o desempenho na organização em que atuamos. Outros elementos que devem ser considerados são os objetivos a serem alcançados, o tamanho da organização, sua cultura, a política de gestão de pessoas e as características dos cargos envolvidos, ou seja, existe um modelo de avaliação de desempenho ideal para cada organização. Então, que tal conhecê-los? A primeira análise que faremos aborda a ênfase dada a cada um dos métodos de avaliação de desempenho, conforme o Quadro 2, a seguir: Quadro 2 – Classificação dos métodos de avaliação de desempenho Métodos Clássicos Métodos Contemporâneos Ênfase da Avaliação: Passado Ênfase da Avaliação: Futuro Ênfase da Avaliação: Passado e Futuro Ênfase da Avaliação: Futuro Pesquisa de campo. Incidentes críticos. Frases descritivas. Escala gráfica. Escolha forçada. Comparação binária. Atribuição de graus. Avaliação por objetivos. Avaliação por atividades. Avaliação por competências. Acompanhamento e avaliação de resultados. Fonte: Adaptado de Pontes, 2014, p. 46. Outra análise, também desenvolvida por Pontes (2014), avalia a objetividade de cada um dos métodos existentes no mercado, conforme o Quadro 3, a seguir: Quadro 3 – Escala de objetividade dos métodos de avaliação 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15 Fonte: Adaptado de Pontes, 2014, p. 47. Mais uma questão a ser considerada ao optar por um modelo de avaliação de desempenho é o tipo de avaliação, ou seja, quem é o responsável direto por avaliar o profissional. Segundo Chiavenato (2016, p. 119), modernamente, a tendência é deslocar gradativamente a responsabilidade pela avaliação de desempenho para o próprio indivíduo com a participação gerencial na negociação consensual de objetivos a serem perseguidos pelo indivíduo com a ajuda e apoio do gerente. No entanto, como não atuamos em uma realidade organizacional tão madura, caracterizada pela total autonomia e responsabilidade do profissional e pelo seu desempenho e desenvolvimento, algumas questões devem nortear a decisão pelo tipo de avaliação de desempenho e, mais especificamente, a decisão de quem será ou serão os avaliadores. Gil (2000, p. 150) elenca os possíveis responsáveis pela avaliação de desempenho de maneira geral: O gerente que, de certa forma, é responsável pelo desempenho do seu subordinado. O próprio empregado, desde que a empresa determine parâmetros objetivos para que não haja subjetivismos e distorções pessoais. A equipe de trabalho que define metas e objetivos e avalia os membros. A comissão de avaliação que escolhe membros de diferentes órgãos. Os subordinados em uma avaliação invertida, na qual são os subordinados que avaliam seus chefes, dando a eles possibilidade de saber o que seus subordinados pensam a seu respeito. O órgão de Recursos Humanos, no qual somente o órgão avalia os empregados. O entorno do avaliado, por meio da avaliação 360º, feita por todos que têm algum tipo de interação profissional com o avaliado. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15 Concluindo, a gestão do desempenho, bem como a avaliação propriamente dita, deve ser uma das principais pautas no que tange à gestão das pessoas no ambiente organizacional, pois garante a avaliação do curso que está sendo tomado e permite a correção ou alteração da rota do mesmo. Saiba mais Se quiser aprofundar seu conhecimento, leia o artigo “Melhore a gestão de desempenho usando a gamificação”, disponível em: <https://revistamelhor.com.br/melhore-gestao-de-desem penho-usando-gamificacao/>. TEMA 5 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A gestão por competências é um gerenciamento baseado no equilíbrio das qualificações reais dos profissionais e nos requisitos de qualificação exigidos pelos cargos e funções, ou seja, trata-se de uma abordagem por meio da qual as organizações gerenciam as competências existentes e as exigidas pelo cargo para garantir alto desempenho individual,grupal ou organizacional (Sasieta et al., 2011). A base desse tipo de gestão é o modelo por competências, que descreve os requisitos para o trabalho e permite compará-los com o conhecimento, a habilidade e as atitudes reais do indivíduo. Porém, antes de tratar sobre gestão das competências, vamos relembrar os conceitos básicos sobre competências individuais. Segundo Fleury et al. (2000), competência é saber agir de maneira responsável; implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. A competência individual é formada por quatro elementos, segundo Chiavenatto (2015): Conhecimento: é o saber e depende da aprendizagem. Para esse conhecimento ser útil, precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. Habilidade: saber fazer, ou seja, é a capacidade de utilizar de maneira eficiente e eficaz o conhecimento para agregar valor. Julgamento: saber analisar e decidir; trata do julgamento do profissional de onde, como e quando conhecimentos e habilidades serão aplicados. Atitude: saber fazer acontecer, ou seja, “conhecimento, habilidade e julgamento requerem atitudes das pessoas para que possam ser colocados em prática” (Chiavenatto, 2015, p. 10). https://revistamelhor.com.br/melhore-gestao-de-desempenho-usando-gamificacao/ 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15 Existem vários modelos de gestão por competências, cada qual com suas singularidades. Um dos mais utilizados é o modelo de gestão por competência de Brandão (2001), que apresenta as seguintes fases de implantação: Formulação da estratégia organizacional: definir missão, visão de futuro e objetivos estratégicos; estabelecer indicadores de desempenho e metas. Mapeamento de competências: identificar competências necessárias; inventariar competências existentes; mapear o gap de competências e planejar a captação e/ou o desenvolvimento. Captação de competências: selecionar competências externas; admitir, alocar e integrar. Desenvolvimento de competências: definir mecanismo de desenvolvimento; disponibilizar e orientar aproveitamento. Acompanhamento e avaliação: acompanhar e apurar os resultados alcançados; comparar resultados alcançados com resultados esperados. Retribuição: reconhecer e premiar o bom desempenho; remunerar por competências. É importante destacar a necessidade de mapear as competências necessárias e existentes e formular uma estratégia para reduzir o gap entre elas, afinal, “saber alcançar a competitividade não depende apenas de conquistar, reter, aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos, mas, principalmente, de gerir competências e alcançar resultados significativos por meio delas” (Chiavenato, 2015, p. 8). Também é possível verificar a necessidade do alinhamento entre todos os produtos de RH para a realização de uma gestão por competências eficaz. As competências organizacionais, as do cargo e as individuais devem estar na base de todos os processos da área de Gestão de Pessoas. Fazendo uma analogia, as competências devem ser a espinha dorsal da organização e servir de estrutura para todos os demais processos internos. Saiba mais Para conhecer mais sobre a aplicação da gestão por competências nas organizações, assista ao vídeo Solução de Gestão de Pessoas – Gestão por Competências. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=hs_63iBnS0o>. https://www.youtube.com/watch?v=hs_63iBnS0o 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15 TROCANDO IDEIAS Considerando as temáticas estudadas sobre Gestão do Desempenho, leia o trecho a seguir: Duas ferramentas importantes para o equilíbrio de equipes em grandes empresas estão sendo confundidas por muitos profissionais. Feedback e avaliação de desempenho são processos distintos e muitas corporações ainda não se firmaram nestes terrenos e, também, não absorveram a cultura do diálogo diário. (Catho, 2012) Baseado no texto, responda à seguinte questão: você concorda com o argumento do autor de que feedback e avaliação de desempenho são processos distintos? NA PRÁTICA Assista ao vídeo Sonhos - O que você quer ser quando crescer, disponível em: <https://www.youtu be.com/watch?v=IAnzAWt5tCI&t=110s>. Depois, responda: ele o inspirou a pensar em seus sonhos? E em seus objetivos profissionais? Que tal agora elaborar um planejamento com três ações para atingir um dos seus objetivos profissionais quanto à sua carreira? Para isso, propomos que você responda às seguintes perguntas: Qual cargo você pretende estar ocupando daqui cinco anos? Quais ações você precisa tomar para atingir esse objetivo? Liste pelo menos três ações e metas para acompanhar o cumprimento das mesmas. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre outro subsistema de RH, o subsistema de Gestão do Potencial e do Desempenho (ou o subsistema de aplicação de Recursos Humanos), que aborda análise e descrição de cargos, gestão da carreira, gestão do desempenho e gestão por competências. Esperamos que você tenha aproveitado a aula. REFERÊNCIAS https://www.youtube.com/watch?v=IAnzAWt5tCI&t=110s 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15 BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. de A. Gestão de Competências e Gestão de Desempenho: Tecnologias Distintas ou Instrumentos de um Mesmo Construto? Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 1, p. 8-15, 2001. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. Manole, 2009. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7 ed. Barueri: Manole, 2016. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5 ed. Barueri: Manole, 2015. FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000. GHERMANDI. Avaliação de Desempenho e Gestão do Desempenho: Qual é a Diferença? 2018. Disponível em: <https://blog.luz.vc/o-que-e/avaliacao-de-desempenho-e-gestao-de-desempenho/>. Acesso em: 10 jun. 2020. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. Atlas, 2000. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Ibpex, 2008. MACEDO, E. Avaliação de Desempenho. 2015. Disponível em: <http://mundorh.com/blog/2015/06/15/avaliacao-de-desempenho/>. Acesso em: 10 jun. 2020. MORENO, A. I. Administração de Cargos e Salários. Curitiba: InterSaberes, 2014. PONTES, B. R. Avaliação de desempenho: métodos clássicos e contemporâneos, avaliação por objetivos, competências e equipes. LTr, 2014. SASIETA, H. A. M.; BEPPLER, F. D.; PACHECO, R. C. D. S. A memória organizacional no contexto da engenharia do conhecimento. DataGramaZero-Revista de Informação, v. 12, n. 3, 2011. SITEWARE. Programa de Gestão do Desempenho: 5 Passos para o Sucesso. 2018.Disponível em: <https://www.siteware.com.br/gestao-de-equipe/programa-de-gestao-do-desempenho/>. Acesso em: 10 jun. 2020. 23/02/2022 15:49 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 4 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16 Profª Janete Schmidmeier CONVERSA INICIAL Nesta aula, trabalharemos o último processo de RH do subsistema Gestão do Potencial e Desempenho (avaliação de desempenho por competências) e conheceremos o subsistema Gestão da Atração e Retenção de Talentos, também conhecido como subsistema de Manutenção de RH. Nesse subsistema, analisaremos os processos, sob responsabilidade da área de gestão de pessoas, responsáveis pela motivação dos colaboradores e, consequentemente, pela sua atração e retenção na organização, sendo estes: higiene e segurança do trabalho,relações sindicais e remuneração estratégica. Esperamos que você esteja motivado e aproveite muito o conteúdo desta aula! CONTEXTUALIZANDO Um dos maiores desafios das organizações atuais é atração e a retenção dos talentos em seu quadro funcional. Segundo Ulrich (1999, p. 29), “as empresas bem-sucedidas serão aquelas mais experientes em atrair, desenvolver e reter indivíduos com habilidades, perspectiva e experiência suficientes para conduzir um negócio global”. Portanto, com base nesse argumento, as organizações com mais capacidade de atrair e reter talentos são as que conseguem manter a vantagem competitiva mesmo em um cenário desafiador. Mas o que leva a organização a perder os seus talentos? Segundo Branham (2002), os principais motivos são: falta de relação coerente entre remuneração e desempenho; falta de perspectivas claras de crescimento na carreira na organização; crença de que o próprio trabalho não é importante ou de que suas contribuições não são reconhecidas e valorizadas; falta de oportunidade de usar seus talentos naturais; falta de tolerância para gerentes abusivos ou ambientes tóxicos. 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/16 Você concorda com os argumentos do autor? Será que é possível minimizar ou até mesmo extinguir tais motivos? Essas e outras questões serão tratadas durante esta aula. Aproveite e bons estudos! TEMA 1 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS Já tratamos, em aulas anteriores, dos métodos possíveis para avaliar o desempenho dos profissionais que atuam na organização. Vamos nos aprofundar, neste momento, em um dos métodos contemporâneos de avaliação de desempenho, o Método de Avaliação por Competências. Mas, antes de abordar o método, é necessário reforçar alguns conceitos que envolvem a Gestão por Competências, uma vez que o método está inserido em empresas que adotam este tipo de gestão. Então, o que são competências? Competências são conhecimentos, habilidades e atitudes independentes ou não entre si, que, afetando as atividades realizadas por uma pessoa ou por uma equipe, têm efeito sobre seu desempenho, podendo ser medidas com base em padrões definidos e aperfeiçoadas por meio de T&D. Podemos definir a competência, ainda, como o “conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (isto é, conjunto de capacidades humanas) que justificam um alto desempenho, acreditando- se que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e na personalidade das pessoas” (Fleury; Fleury, 2001, p. 188). A figura a seguir busca resumir o conceito de competências, utilizando a teoria do CHA, que defende ser a competência a soma de conhecimentos, habilidades e atitudes de um indivíduo. Figura 1 – Elementos da competência – CHA 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/16 Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2015. Agora que você já conhece um pouco mais sobre competências, vamos tratar especificamente da Avaliação de Desempenho por Competências. Hamel e Prahalad (1998) argumentam que existe, na maioria dos casos, uma diferença entre o que o gestor vê como competências necessárias ao cumprimento das atividades e a percepção do funcionário sobre essas tais competências. Diante desse quadro, a gestão do desempenho do funcionário baseado em suas competências pode se tornar confuso. Na tentativa de amenizar o problema, foi desenvolvida a ferramenta de gestão de desempenho por competências. Antes de elaborar todo o ferramental que envolve o processo, o profissional de Recursos Humanos, responsável pelo processo de implantação da avaliação, deve pensar em algumas questões importantes: De quais competências a empresa necessita neste cargo? Qual dessas competências o funcionário já domina? Quais precisam ser melhoradas? Como podem ser feitas as melhorias? Com base nas respostas a essas perguntas, a avaliação de desempenho por competências pode começar a ser implementada. E quais são os conceitos disponíveis na literatura em se tratando do método de Avaliação de Desempenho por Competências? Vamos conhecer alguns deles. Método que busca avaliar o quanto as pessoas têm as competências exigidas e estabelecer planos de ação para o desenvolvimento de cada uma delas; 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/16 A avaliação por competências orienta esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar as competências necessárias à consecução de objetivos individuais, coletivos e organizacionais. Para um maior aprofundamento sobre o tema, vamos tratar de suas vantagens e desvantagens, apontadas pela literatura. Dentre as vantagens, podem ser citadas: método de avaliação objetivo e consistente; clareza quanto às competências exigidas para o cargo; feedback focado em competências; e alinhamento entre as competências organizacionais, grupais e individuais. Já como desvantagens, o método apresenta como principais: a exigência de a organização dispor de uma gestão por competências implantada; e alto custo e tempo envolvidos no processo. Ainda que sejam apresentadas críticas e desvantagens do método, ele é considerado um dos mais eficazes que existem no mercado atualmente. Gramignia (2002) defende o método e aponta ser possível pensar a avaliação de desempenho por competências como um poderoso meio de identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o desempenho da equipe e a qualidade das relações dos funcionários e superiores, assim como estimular os funcionários a assumir a responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais. Saiba mais Para ampliar o seu conhecimento sobre o tema, assista ao vídeo Avaliação de Desempenho com Foco em Competências. Disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=b1tLk6OZ2 DE&t=40s>. Acesso em: 24 ago. 2020. TEMA 2 – SUBSISTEMA DE ATRAÇÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS Chegamos ao terceiro subsistema a ser estudado nesta disciplina, o subsistema de Atração e Retenção de Talentos, também conhecido como Subsistema de Manutenção de Recursos Humanos. Vamos conhecer as políticas e os processos de RH que fazem parte dele? Para começar, analise a Figura 2, baseada nas ideias de Chiavenato (2009): Figura 2 – Políticas do Subsistema de Manutenção de Recursos Humanos https://www.youtube.com/watch?v=b1tLk6OZ2DE&t=40s 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/16 Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2009, p. 5. Analisando a figura, é possível constatar que esse subsistema tem como foco a garantia da aplicação, por parte da organização, dos critérios legais quanto às relações trabalhistas entre o funcionário e a organização; das condições físicas e de segurança do trabalho; e da remuneração pelos serviços prestados pelo colaborador, tanto em forma de salários quanto em forma de benefícios. Todos esses processos auxiliam na atração e retenção dos talentos na organização. Mas por que é tão importante que a organização, os gestores e a área de RH demandem esforços no sentido de manter os talentos atuando na organização? Na tentativa de responder a esta questão, precisamos entender quem são esses talentos e como gerenciá-los a fim de obter resultados extraordinários para a organização. Talentos são profissionais que geram resultados acima da média para a organização e têm alta capacidade de aprendizagem, adaptação às mudanças e geração de ideias e soluções criativas e inovadoras. Segundo a Consultoria Xerpa (Blog Xerpa, 2018), “um talento seria um colaborador com competências técnicas, habilidades de comunicação interpessoal, postura e atitudes diferenciadas”. Complementando o argumento, Chiavenato (2004) defende que os talentos, na visão organizacional, são os profissionais que detêm competências diferenciadas, garantindo, dessa forma, uma entrega com valor agregado também diferenciado. O autor complementa que “não se pode abordar o talento isoladamente como um sistema fechado. Sozinho ele não vai longe, poisprecisa existir e coexistir dentro de um contexto que lhe permita liberdade, autonomia e retaguarda para poder se expandir” (p. 54), demonstrando a necessidade de um reforço constante, por parte da 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/16 organização, dos gestores e da área de RH no desenvolvimento e na manutenção de altos índices de motivação desses talentos organizacionais. E a melhor forma de garantir o reforço constante e a atração e retenção dos talentos é por meio de uma Gestão de Talentos eficiente. Mas, afinal, o que significa Gestão de Talentos? A Consultoria Impulse (Blog Impulse, 2016) defende que a “gestão de talentos é um forte compromisso do RH estratégico em contar com os mais talentosos profissionais do mercado. Esse compromisso surgiu devido à necessidade competitiva de reter equipes de alto desempenho e de identificar potenciais talentos nas organizações”. A Gestão de Talentos trata da arte de captar, selecionar e reter profissionais com habilidades em obter resultados excelentes para a organização, por meio de ações de valorização e desenvolvimento pessoal e profissional. Muitas são as práticas e políticas de gestão de pessoas utilizadas na gestão de talentos. Segundo a Consultoria DeBernt (2019), as principais são: Oferecer um plano de carreira; Estimular a autonomia entre os profissionais; Envolver os funcionários nos processos de decisão; Reconhecer os verdadeiros talentos; Melhorar o clima organizacional; Criar um plano de incentivos; Diferenciar-se por meio de benefícios. Dentre as dicas mencionadas pela consultoria, podemos destacar algumas com relação direta com o subsistema de atração e retenção de talentos, sendo elas: o reconhecimento dos verdadeiros talentos, a melhoria do clima organizacional, a criação de um plano de incentivos e a diferenciação por meio de benefícios. Saiba mais 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/16 Caso você queira se aprofundar um pouco mais sobre o tema, leia o artigo “Gestão de Talento: o que é e como fazer?”, disponível no link a seguir: <https://blog.convenia.com.br/gesta o-de-talentos/>. Acesso em: 24 ago. 2020. TEMA 3 – HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO A primeira análise que deve ser realizada ao abordar este tema é o impacto causado pela preocupação por parte da empresa com a higiene e segurança do trabalho na motivação do colaborador, uma vez que, por meio deles, a organização demonstra uma preocupação com a saúde e o bem-estar de seus funcionários. E qual é a relação entre higiene e segurança do trabalho? A higiene do trabalho lida com os riscos do ambiente de trabalho que podem dar origem a doenças ocupacionais. A segurança do trabalho engloba todas as etapas de prevenção e controle de riscos, tanto de acidentes de trabalho quanto para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Então, que tal analisarmos em primeiro lugar a higiene do trabalho? Ela está relacionada às condições do ambiente e de segurança da organização, que contribuem para a saúde física e mental do colaborador. Suas ações têm como principal objetivo preservar o colaborador dos possíveis riscos à saúde proveniente do cumprimento de suas funções como profissional. A higiene do trabalho envolve um conjunto de medidas adotadas pela organização que envolve prevenção e controle de riscos potenciais à saúde do colaborador. Podemos destacar, entre os principais objetivos da higiene do trabalho, quatro mais relevantes, sendo eles: Garantir ambientes saudáveis de trabalho; Incentivar os cuidados com a saúde; Colaborar com o meio ambiente; Estimular um ambiente sustentável. https://blog.convenia.com.br/gestao-de-talentos/ 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/16 Já a segurança do trabalho refere-se ao conjunto de medidas e ações implementadas pela organização a fim de prevenir acidentes ao reduzir riscos e condições inseguras, bem como implantar programas preventivos. Os acidentes de trabalho podem ter como causa a irresponsabilidade da empresa, mas também a irresponsabilidade do colaborador. Por esse motivo, é de fundamental importância que a organização se preocupe em estar em conformidade com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), instituído pelo MTE por meio da Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994 (Brasil, 1994b). O PPRA, detalhado na Portaria, desenha o mapa de riscos, indicando o grau de riscos dos ambientes, e define os equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos para o local de trabalho. Segundo a Portaria n. 25, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deve conter, no mínimo, a seguinte estrutura: a) Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; b) Estratégia e metodologia de ação; c) Forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; d) Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. Quanto às responsabilidades do empregador e trabalhador em relação ao PPRA, a portaria as define da seguinte forma: “estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA, como atividade permanente da empresa ou instituição”. Já como responsabilidades dos colaboradores, a portaria determina: colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos no PPRA; e informar ao superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores. Outra exigência legal é a constituição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), imposta pela Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943). O decreto descreve inúmeras características e funções da CIPA. De maneira geral, as principais são: dispor de 50% de colaboradores eleitos e 50% de colaboradores indicados pela empresa em sua Comissão Interna de CIPA; e ter como função a verificação e redução de condições e atos inseguros na organização. 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/16 Para concluir o tema, vamos conhecer os tipos de riscos que devem ser considerados pelas organizações em seus planos de higiene e segurança do trabalho: Riscos físicos – som, vibrações, temperaturas, radiações, umidade etc.; Riscos químicos – gases, vapores, poeiras tóxicas provenientes de reações químicas; Riscos biológicos – bactérias, vírus, fungos, parasitas infecciosos etc.; Riscos ergonômicos – esforço físico, postura inadequada, mobiliário etc. Enfim, além de se adequar às exigências legais, as organizações devem investir na higiene e na segurança do trabalho, uma vez que “aumentam os níveis de produção, a qualidade dos produtos ou serviços e reduzem os custos” (Knapik, 2012, p. 274). Saiba mais Que tal garantir um aprofundamento em relação à higiene e segurança do trabalho e o papel do RH nesse processo? Leia o artigo “Qual o papel do RH na higiene e segurança no trabalho? Entenda aqui”. Disponível em: <https://blog.cestanobre.com.br/papel-rh-na-higiene-se guranca-no-trabalho/>. Acesso em: 24 ago. 2020. TEMA 4 – RELAÇÕES SINDICAIS Para iniciar as discussões, vamos entender um pouco por que o tema faz parte do subsistema de manutenção de RH. Segundo Chiavenato (2004), o foco do subsistema é “o relacionamento direto entre a organização e seus participantes, bem como as entidades representativas de seus funcionários, isto é, com os sindicatos” (p. 179). Ainda segundo o autor, as relações trabalhistas, ou seja, as relações entre contratante e contratado são negociadas e acordadas por meio dos sindicatos. As relações sindicais exercem papel importante nas relações laborais, assim como a legislação do trabalho, e ambos têm como objetivo limitar a autonomia contratual das organizações mediante a imposição de regras a serem seguidas nos contratos de trabalho. Uma das principais funções dos sindicatos é a realização das negociações coletivas, por meio de dois instrumentos, o Acordo Coletivo deTrabalho (ACT) e a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). https://blog.cestanobre.com.br/papel-rh-na-higiene-seguranca-no-trabalho/ 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/16 Acordo Coletivo é o ajuste entre sindicatos representativos e uma ou mais empresas a fim de estabelecer regras próprias sobre as relações colaboradores-empresa, e a Convenção Coletiva de Trabalho é uma negociação com maior amplitude, definida pelos sindicatos (empregados e empregadores), abrangendo as condições de trabalho no âmbito das respectivas representações sindicais. É importante destacar, ainda, as determinações da CLT em relação às relações sindicais. Nos termos do parágrafo 1º do art. 611 da CLT: É facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho. (Almeida, 2003) Ainda com base na CLT (art. 613), as convenções coletivas devem abranger: I. designação dos sindicatos convenentes ou dos sindicatos e emprêsas acordantes; II. prazo de vigência [máximo de dois anos]; III. categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos; IV. condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência; V. normas para a conciliação das divergências sugeridas entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; VI. disposições sôbre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus dispositivos; VII. direitos e deveres dos empregados e emprêsas; VIII. penalidades para os sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de seus dispositivos. Saiba mais Quer saber mais sobre o tema? Leia o artigo “A reforma das relações sindicais volta ao debate no Brasil”. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010 3-40142020000100127>. Acesso em: 24 ago. 2020. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142020000100127 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/16 TEMA 5 – REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA Você pode estar se perguntando por que falar em remuneração estratégica quando os processos listados no subsistema Manutenção de RH são Administração de Salários e Plano de Benefícios Sociais. A resposta é simples. No contexto atual, considerando os elementos que envolvem a atração e retenção de talentos, a remuneração dos colaboradores deve ter um caráter mais estratégico. O primeiro argumento que reforça essa questão é apresentado por Stadler et al. (2014), destacando que o indivíduo “está disposto a investir o seu melhor à medida que obtém retornos justos e adequados ao seu investimento pessoal. Por isso, a forma de gerenciar a remuneração e as recompensas é fator primordial de atração, captação, retenção e manutenção das pessoas” (p. 31). Portanto, a melhor maneira de gerenciar a remuneração e as recompensas é por meio da implantação da remuneração estratégica. E quais são os componentes desse tipo de remuneração? Analise o Quadro 1 a seguir: Quadro 1 – Componentes da remuneração estratégica Fonte: Elaborado com base em Stadler et al., 2014, p. 33. Vale lembrar que os fatores que motivam a busca por melhores resultados por parte dos colaboradores não englobam somente a remuneração financeira, mas também envolvem fatores como oportunidades de desenvolvimento, estabilidade no emprego, orgulho de pertencer a determinada empresa, reconhecimento e autoestima, qualidade de vida, oportunidades de encarreiramento, bom relacionamento, autonomia, cultura e clima organizacional. 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/16 Com base nesse argumento, é importante conhecer o que é e a diferença entre o sistema de remuneração tradicional e o sistema de remuneração estratégica. O sistema de remuneração tradicional tem como base para a remuneração a contribuição do cargo para os objetivos organizacionais, e não como o indivíduo o desempenha. Este tipo de remuneração é viável em um ambiente estável, sem mudanças tecnológicas e de mercado. No entanto, essa não é uma realidade comum no cenário organizacional atual. As organizações estão privilegiando o sistema de remuneração estratégica, no qual a remuneração é vinculada ao desempenho individual do profissional, e as compensações adicionais ao salário são feitas por meio de adicionais, bonificações, recompensas financeiras etc. O que é importante destacar nesse tipo de remuneração é que um dos seus princípios é remunerar de forma distinta os profissionais que mais contribuem para o sucesso da organização. Saiba mais Para um maior aprofundamento sobre o tema, confira o artigo “Remuneração Estratégica Impulsiona Resultados”. Disponível em: <https://blogrh.com.br/remuneracao-estrategica-impulsi ona-melhores-resultados/>. Acesso em: 24 ago. 2020. TROCANDO IDEIAS Considerando os conteúdos estudados a respeito da higiene e segurança do trabalho e os riscos envolvidos nas operações das organizações, sejam eles físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, responda à questão a seguir. Qual é o risco, dentre os listados anteriormente, associado à pandemia do coronavírus, COVID- 19? NA PRÁTICA Hoje, em nosso desafio prático, vamos tratar de Gestão de Talentos. Para iniciar, leia o trecho a seguir: https://blogrh.com.br/remuneracao-estrategica-impulsiona-melhores-resultados/ 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/16 A gestão de talentos não é um conceito que pode ser esvaziado, simplesmente comparado a um pacote de benefícios ou a criação de um programa de incentivos. Estamos falando de uma estratégia integrada com o planejamento estratégico da empresa, que serve para contratar, capacitar e reter colaboradores com bom desempenho. Ter uma equipe produtiva permite obter os melhores resultados para o negócio. Por isso, faz parte da gestão de talentos a implementação de ações que promovam o desenvolvimento profissional, a avaliação constante, o reconhecimento e os meios para que os trabalhadores consigam crescer em suas carreiras. (Debernt, 2018) Com base nesses argumentos, sugira três estratégias (ou ações) para melhorar a Gestão de Talentos da organização. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de encerrar os principais processos que englobam o subsistema de Gestão do Potencial e Desempenho, ou seja, a Avaliação de Desempenho por Competências, e conhecer os processos que fazem parte do subsistema de Atração e Retenção de Talentos (ou Manutenção de RH), que é dividido em: higiene e segurança do trabalho, relações sindicais e remuneração estratégica. Esperamos que você tenha ampliado seus conhecimentos sobre os temas apresentados na aula de hoje e melhore a sua atuação profissional por conta deles. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. P. de. CLT Comentada. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 303-306. BRANHAM, L. Motivando as pessoas que fazem a diferença: 24 maneiras de manter o talento de sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 2002. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. São Paulo: Manole, 2009. _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16 _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. São Paulo: Manole, 2015. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Contemporânea – RAC, Edição Especial, p. 183-196, 2001. GESTÃO de talentos: entenda a importância que ela tem para a empresa. Debernt, 28 mar. 2018. Disponível em: <https://www.debernt.com.br/gestao-de-talentos-entenda-importancia-que-ela-tem- para-empresa/>.Acesso em: 23 ago. 2020. GRAMIGNA, M. R. Modelo de Competências e Gestão dos Talentos. São Paulo: Pearson Education, 2002. HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. A competência essencial da corporação. In: _____. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998, p. 293-316. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: Editora Ibpex, 2008. O QUE é a gestão de talentos e por que você deve se preocupar com ela? Blog Impulse, 18 out. 2016. Disponível em: <https://impulse.net.br/gestao-de-talentos-rh/>. Acesso em: 23 ago. 2020. STADLER, A. Gestão de Pessoas: ferramentas estratégicas de competitividade. Curitiba: InterSaberes, 2014. TUDO sobre o que é gestão de talentos e a construção de times de alta performance. Blog Xerpa. [s.d.]. Disponível em: <https://www.xerpa.com.br/blog/o-que-e-gestao-talentos/>. Acesso em: 23 ago. 2020. 23/02/2022 15:55 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/16 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/17 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 5 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/17 Profª Janete Schmidmeier CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos tratar do subsistema de desenvolvimento de RH e sua importância para a manutenção das vantagens competitivas das organizações. Dentre os temas que trabalharemos, estão: Conceitos e fundamentos do subsistema de desenvolvimento de RH; Treinamento e desenvolvimento; Análise de comportamento organizacional; Gestão da mudança; Educação corporativa. Aproveite os conteúdos! CONTEXTUALIZANDO No cenário atual, uma das estratégias mais eficazes nas organizações é o investimento no desenvolvimento das pessoas. Segundo Knapik (2014), “em troca de produtividade, os empregadores oferecem aprendizagem e desenvolvimento de habilidades no lugar de estabilidade; segurança no emprego vem da manutenção das qualificações exigidas pelo cargo” (p. 163). Portanto, além de garantir que os colaboradores estejam habilitados em desenvolver as suas funções, as ferramentas de desenvolvimento contribuem para atração dos talentos, elevação da motivação em fazer parte da organização, aumento da capacidade de adaptação às mudanças, consciência das causas e consequências do comportamento organizacional, entre outros. Então, que tal conhecer o subsistema de desenvolvimento de RH e as estratégias utilizadas para garantir os resultados extraordinários na organização? TEMA 1 – SUBSISTEMA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E ORGANIZACIONAL 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/17 Após conhecer os subsistemas de provisão, aplicação e manutenção de recursos humanos, chegamos ao subsistema de desenvolvimento de RH, o qual tem como objetivo treinar e desenvolver os colaboradores, bem como garantir o desenvolvimento organizacional frente às mudanças. Para iniciar, vamos conhecer as políticas e os processos de RH que fazem parte deste subsistema? Analise a Figura 1, elaborada com base em Chiavenato (2009). Figura 1 – Políticas do Subsistema de Desenvolvimento de Recursos Humanos Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2009, p. 5. Quando falamos sobre desenvolvimento, é importante destacar que existem dois grandes responsáveis por este processo: o próprio indivíduo, por meio do autodesenvolvimento; e a organização, por meio dos seus processos internos de treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores. No entanto, independentemente de quem é o responsável, o fato é que indivíduos e organizações que não investem em desenvolvimento estão fadados ao insucesso. Já que nossos estudos versam sobre a gestão de RH, vamos focar na responsabilidade da organização em treinar e desenvolver os profissionais que garantem o alcance de seus objetivos operacionais, táticos e estratégicos. A primeira questão a considerar em nossa análise sobre o subsistema de desenvolvimento de RH é a diferença entre treinamento, desenvolvimento pessoal e desenvolvimento organizacional. Segundo Chiavenato (2005, p. 216): Treinamento: processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada pelo qual as pessoas aprendem informações, conhecimentos, atitudes e conceitos em função de objetivos definidos em relação às atividades relacionadas. [...] 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/17 Desenvolvimento pessoal: aprendizado de novas habilidades, novos conhecimentos e novas atitudes e comportamentos por meio de todos os meios possíveis [...]. Desenvolvimento organizacional: aprendizado organizacional, ou seja, de todas as pessoas da empresa, no sentido de incrementar as competências organizacionais e dotar a empresa de competitividade. [...] Para consolidar ainda mais nossos argumentos favoráveis ao investimento nesses subsistemas, podemos elencar vários benefícios do subsistema de desenvolvimento de RH para a organização, dentre eles: Otimiza o aperfeiçoamento de competências técnicas e comportamentais; Colabora para que os colaboradores atinjam o seu potencial máximo; Aumenta a produtividade individual e organizacional; Reduz os índices de rotatividade; Aumenta a confiança do colaborador em relação ao trabalho que estão executando; Aumenta o engajamento, contribuindo para um clima organizacional favorável. Para concluir as análises sobre desenvolvimento das pessoas nas organizações, que tal conhecer as etapas sugeridas na condução dos processos desse subsistema? Segundo Chiavenato (2009), este subsistema pode ser dividido em quatro etapas: 1. Transformação de pessoas em talentos – por meio do desenvolvimento das competências; 2. Transformação dos talentos em capital humano – por meio do envolvimento com o contexto organizacional; 3. Transformação do capital humano em capital intelectual – por meio do seu compartilhamento; 4. Transformação do Capital intelectual em resultados tangíveis para a organização – por meio da otimização do capital intelectual e alinhamento com o planejamento estratégico. Enfim, com base em todos os argumentos e conceitos apresentados, é possível constatar a importância do subsistema para a gestão das pessoas e concluir que “funcionários qualificados tem maior produtividade e menor rotatividade, o que reduz custos e aumenta o nível de confiança e inovação dentro da empresa, o que gera ainda mais eficácia e economia” (Blog Xerpay, 2018). 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/17 Saiba mais Para um maior aprofundamento do tema, leia o artigo “6 tipos de treinamento e desenvolvimento de RH”. Disponível em: <https://www.ohub.com.br/ideias/treinamento-desenvo lvimento-rh/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 2 – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO Para iniciar nosso estudo sobre treinamento e desenvolvimento (T&D), que tal conhecer a semelhança e a diferença entre esses dois conceitos? Como semelhança, temos que treinamento e desenvolvimento são os processos utilizados para incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal. Como principal diferença, podemos citar a distinção entre os objetivos de cada tipo de ação. Por exemplo, o treinamento tem por objetivo preparar o profissional para realizar uma atividade específica no cargo que ocupa no presente, com resultados a curto prazo. Já o desenvolvimento tem como objetivo preparar o profissional para desafios futuros, a médio e longo prazos, ou seja, prepará-lo para o processo de crescimento profissional na organização. De maneira geral, os processos de treinamento e desenvolvimento podem ter diversos objetivos envolvidos, dentre eles transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades, comportamentos e atitudes e desenvolvimento de conceitos. Um dos fatores de sucesso no T&D é seu planejamento minucioso, ou seja, a elaboração de um plano de treinamento e desenvolvimento para os colaboradores que atuam na organização. Romero (2013)sugere as seguintes etapas: Identificação das necessidades de T&D (diagnóstico); Planejamento e programação das ações de T&D; Execução da ação de T&D; Avaliação dos Resultados. Este último item (a avaliação dos resultados de T&D) tem estado no foco de inúmeras discussões acerca da efetividade das ações, ou seja, sobre o quanto as intervenções para treinar e desenvolver https://www.ohub.com.br/ideias/treinamento-desenvolvimento-rh/ 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/17 os profissionais e equipes têm surtido efeito nos resultados organizacionais. Mas como garantir mais eficácia nas ações de treinamento e desenvolvimento? Um dos métodos utilizados para tal é o Modelo 6D, desenvolvido por Wick et al. (2011), em que são apresentadas seis disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio, por meio da definição de etapas no processo de planejamento, execução e avaliação das ações de T&D. São elas: D1 – Determinar os resultados para o negócio; D2 – Desenhar uma experiência completa; D3 – Direcionar a aplicação para a prática; D4 – Definir a transferência do aprendizado para o dia a dia; D5 – Dar apoio à performance; D6 – Documentar os resultados. Os processos que utilizam o modelo 6D ampliam a experiência dos treinamentos e ações de desenvolvimento para além das “salas de aula”, tendo como foco a aplicabilidade do conteúdo para a melhoria dos resultados, ou seja, a preocupação com uma experiência expandida. Ainda como estratégia para garantir a eficácia dos processos de treinamento e desenvolvimento, Chiavenato (2005, p. 222) sugere o uso de alguns questionamentos sobre as necessidades a serem atendidas e os resultados a serem entreguem por meio das ações de T&D. Vamos conhecê-los? Tarefas: o que, como e quando executar? Informações: quais informações se deve receber? Habilidades: quais habilidades se deve aprender e desenvolver? Conceitos: quais conceitos se deve aprender? Atitudes: quais são as atitudes a incorporar? Metas: quais são as metas a cumprir? Agora que você já conhece um pouco mais sobre o produto T&D da área de gestão de pessoas, podemos concluir nosso raciocínio por meio do argumento de Sisodia et al. (2019), que defendem que as organizações devem ter a responsabilidade de ajudar os profissionais a maximizar o seu potencial por meio de ações de treinamento, desenvolvimento e aconselhamento. 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/17 Saiba mais Caso você queira se aprofundar um pouco mais na autorresponsabilidade em relação ao desenvolvimento profissional, assista ao vídeo Escolas matam a aprendizagem, disponível em: <h ttps://www.youtube.com/watch?v=WauIURFTpEc>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 3 – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O comportamento organizacional é o campo que envolve os estudos sobre o comportamento humano na interface com a organização, ou seja, analisa os indivíduos no exercício de suas funções na organização. Para iniciar os estudos sobre o tema, que tal conhecer algumas definições apresentadas pelos pesquisadores da área? O comportamento organizacional é o campo de estudos que investiga o impacto que os indivíduos, grupos e a estrutura organizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. (Robbins et al., 2010, p. 7) O Comportamento Organizacional (CO) refere-se ao estudo de indivíduos e grupos atuando em organizações. Preocupa-se com a influência das pessoas e grupos sobre as organizações e com a influência das organizações sobre as pessoas e os grupos. (Chiavenato, 2014, p. 6) Os componentes básicos do comportamento organizacional, segundo Robbins et al. (2010, p. 8), são: motivação; poder; liderança; comunicação interpessoal; estrutura e processos de grupos; aprendizado; desenvolvimento de atitudes e percepção; processos de mudança; resolução de conflitos e negociação; desenho da tarefa; e estresse ocupacional. Você considera esses componentes relevantes quando falamos de gestão de RH? Sem dúvida, os componentes do CO envolvem os principais objetivos da área de gestão de pessoas. Ainda sobre conceitos que envolvem o tema, podemos destacar os níveis do comportamento organizacional. Para tal, analise a Figura 2. https://www.youtube.com/watch?v=WauIURFTpEc 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/17 Figura 2 – Níveis do comportamento organizacional Fonte: Elaborado com base em Santos, 2018, p. 8. O estudo do comportamento organizacional envolve, ainda, a análise do impacto do comportamento individual e do grupo nos processos organizacional, no desempenho e resultados, na motivação etc. Quanto tratamos de comportamento organizacional, precisamos entender que este se trata de um processo que é resultado de interações na organização, e em seu campo de estudo é possível observar várias áreas, todas com forte influência sobre o comportamento humano. Por se tratar de um elemento construído na interação, podemos observar alguns fatores que influenciam o comportamento organizacional, conforme mostra a Figura 3. Figura 3 – Fatores Influenciadores do CO 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/17 Fonte: Elaborado com base em Blog Líder e Gestão, 2020. Agora que já tratamos dos conceitos fundamentais referentes ao comportamento organizacional, que tal conhecer as metodologias de pesquisa e análise desse comportamento? A primeira consideração a ser apresentada trata da criação de um modelo de análise do CO, uma vez que, para ser possível analisar uma realidade, é necessário criar uma representação simplificada da realidade, ou seja, um modelo. A segunda consideração pertinente é que este modelo deve ser construído com base nos três níveis do CO – nível individual, de grupo e organizacional (Robbins et al., 2010). A terceira consideração chama a atenção para a análise dos elementos que impactam no CO, ou seja, valores e princípios organizacionais, aspectos relacionados ao ambiente, processos e, ainda, características dos colaboradores, como atitudes, condutas, comportamentos e hábitos. Sendo mais preciso, o que devemos analisar em cada nível da CO? Segundo o Blog IBC (2019), os aspectos que devem ser analisados são: Nível individual (análise micro-organizacional) – perfil do colaborador, personalidade, estilo de trabalho, resultados apresentados, elementos motivacionais, habilidades e competências, valores pessoais etc. Nível de grupo (análise meso-organizacional) – características e estruturas das áreas que compõem a organização, processos de interação e comunicação, nível de confiança etc. Nível organizacional (análise macro-organizacional) – elementos relacionados à estrutura organizacional, sua cultura, seus valores e normas, alinhamento de propósito etc. 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/17 Saiba mais Que tal garantir um aprofundamento em relação ao tema? Para isso, leia o artigo “O que é Comportamento Organizacional: Definição e Modelo”, disponível em: <https://www.lideregestao. com.br/o-que-e-comportamento-organizacional-definicao-e-modelo/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 4 – GESTÃO DA MUDANÇA Falar sobre gestão da mudança é fundamental quando abordamos o subsistema de desenvolvimento de RH, pois está intimamente ligado à aprendizagem organizacional. Vamos entender como? Quando a organização realiza projetos ou iniciativas para melhorar seu desempenho ou aproveitar oportunidades, eles geralmente exigem mudanças. Mudanças nos processos, nas funções de trabalho, em estruturas organizacionais, tipos e usos da tecnologia. Todas essas mudanças desencadeiam a aprendizagem organizacional. Para garantir um controle sobre as mudanças e a aprendizagem organizacional, é fundamental gerir os processos de mudança organizacional. O gerenciamento de mudança organizacional é processoestruturado em torno das necessidades e capacidades de mudança de uma organização. Trata-se de um processo que tem por objetivo preparar, adotar e implementar mudanças organizacionais fundamentais e radicais, incluindo sua cultura, políticas, procedimentos e ambiente físico, bem como funções, habilidades e responsabilidades dos colaboradores. Segundo Marques dos Santos (2019), “o gerenciamento de mudanças fornece uma abordagem estruturada para apoiar os indivíduos em sua organização a migrar de seus próprios estados atuais para seus próprios estados futuros”. Programas de gerenciamento de mudanças organizacionais requerem algumas estratégias para serem bem sucedidos. Dentre elas, o responsável pela mudança deve receber apoio da alta gerência para deixar claro que o esforço é importante, dominando os detalhes da mudança com clareza https://www.lideregestao.com.br/o-que-e-comportamento-organizacional-definicao-e-modelo/ 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/17 suficiente para ter uma discussão detalhada sobre os desafios que criaram a necessidade de operar de uma maneira diferente. O patrocinador precisa entender o impacto na equipe, preocupando-se com as pessoas que serão afetadas pela mudança, e comunicar, claramente, este impacto e suas consequências. Já em relação aos envolvidos nas mudanças, é necessária uma disposição cultural para se adaptar e mudar. Todas as organizações tendem a resistir à mudança em algum grau. Como a maioria das pessoas prefere o status quo, isso pode ser difícil. Segundo Chiavenato (2015), a mudança pode ocorrer em qualquer uma das variáveis de uma organização, conforme Figura 4. Figura 4 – Variáveis de tarefa, estrutura, tecnologia e pessoas em uma organização Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2015, p. 41. Outro ponto que merece destaque é a aprendizagem ocorrida na mudança. Em qualquer processo de mudança, ocorre necessariamente uma aprendizagem organizacional. Os dois conceitos estão tão atrelados que alguns autores defendem que a “aprendizagem pode ser pensada como um processo de mudança, provocado por estímulos diversos, mediado por emoções e que pode se manifestar ou não em modificações no comportamento de uma pessoa” (Fleury, 2001, p. 191). Ainda segundo Fleury (2001, p. 192), em uma organização, o processo de aprendizagem ocorre em três níveis, conforme segue: No nível do indivíduo – o processo de aprendizagem acontece primeiro no indivíduo, carregado de emoções positivas ou negativas, e se dá por meio de caminhos diversos. 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/17 No nível do grupo – a aprendizagem pode ser um processo social partilhado pelas pessoas do grupo. No nível da organização – o processo de aprendizagem individual, de compreensão e interpretação partilhados pelo grupo, é institucionalizado e expresso em diversos artefatos organizacionais: estrutura, regras, procedimentos e elementos simbólicos. E as organizações desenvolvem memórias que retêm e recuperam informações. A mudança é sempre um desafio, e a gestão da mudança, por meio de seu processo estruturado, busca a redução dos riscos, da resistência e a otimização do aprendizado e dos resultados operacionais, táticos e estratégicos. Por se tratar de um processo estruturado, deve ser dividido em etapas, sendo elas: (1) planejar com cuidado; (2) ser o mais transparente possível; (3) dizer a verdade; (4) comunicar-se; (5) criar um roteiro; (6) fornecer treinamento; (7) convidar à participação; (8) não esperar implementar a mudança durante a noite; (9) monitorar e medir; e (10) demonstrar uma liderança forte. A atenção dispendida ao processo e às suas etapas busca garantir uma mudança efetiva e a redução da resistência a ela própria por meio de comunicação, engajamento e monitoramento. É preciso “compreender a natureza dos processos de crescimento (forças que apoiam nossos esforços) e saber catalisá-los” (Senge, 1999, p. 21). Saiba mais Quer saber mais sobre o tema? Assista ao vídeo Gestão da Mudança, disponível em: <http s://www.youtube.com/watch?v=ZKqFTt2VYaI>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 5 – EDUCAÇÃO CORPORATIVA Chegamos ao último, mas não menos importante tema da nossa aula e do subsistema de desenvolvimento de RH: a educação corporativa. Vamos iniciar analisando a importância de pensar em educação corporativa no cenário em que as organizações estão inseridas. Para Bayma (2004), “as novas organizações criadas na sociedade da informação passaram a ser caracterizadas fundamentalmente pelas missões de gerar novos conhecimentos, armazená-los e torná-los disponíveis para serem transferidos aos quadros das https://www.youtube.com/watch?v=ZKqFTt2VYaI 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/17 próprias organizações” (p. 18). Portanto, em um cenário no qual o conhecimento configura-se um dos principais recursos, as organizações devem investir em estruturas que garantam o desenvolvimento e gestão do conhecimento. A educação corporativa pode ser caracterizada como um conjunto de alternativas para maximizar as ações de capacitação e desenvolvimento, a fim de permitir o acesso a novos conhecimentos, tecnologias inovadoras, comportamentos e atitudes desejadas, entre outros. Ainda sobre o conceito de educação corporativa, Lopes (2015) defende que: Educação Corporativa, não se trata de conjuntos de salas de aula, mas sim estruturas de processos organizacionais que permitem a criação e sistematização de uma cultura de aprendizagem contínua, com a utilização de inúmeras ferramentas teóricas e práticas para promover o aprendizado, agindo principalmente, a partir do próprio recurso intelectual e pessoal da empresa, onde os funcionários aprendem uns com os outros, organizados em forma tutorial, e compartilham experiências, ideias e informações, no sentido de solucionarem problemas reais da empresa. Segundo Fleury e Oliveira Jr. (2001), as principais funções da educação corporativa englobam: Desenvolver as competências críticas em vez de habilidade; Privilegiar o aprendizado organizacional, fortalecendo a cultura corporativa, e não apenas o conhecimento individual; Concentrar-se nas necessidades dos negócios, tornando o escopo estratégico, e não focado exclusivamente nas necessidades individuais; Público interno e externo (clientes, fornecedores e comunidade), e não somente funcionários; Migrar do modelo de “sala de aula” para múltiplas formas de aprendizagem; Criar sistemas efetivos de avaliação dos investimentos e resultados obtidos. Portanto, ao pensar em educação corporativa como componente do subsistema de desenvolvimento de RH, é importante avaliar os objetivos esperados de tal processo e as estratégias que devem ser adotadas para garantir a contínua aprendizagem por parte dos indivíduos e organizações, uma vez que “as organizações estão percebendo cada vez mais o valor da aprendizagem como ativo empresarial” (Bayma, 2004, p. 24). Saiba mais 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/17 Para um maior aprofundamento sobre o tema, confira o artigo “Educação Corporativa: Remédio para a Crise”. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/educacao-corporativa-reme dio-para-a-crise/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TROCANDO IDEIAS Leia o trecho a seguir: Em 1999, a UPS lançou o programa “Ganhe e Aprenda”. Em dois anos, ele tinha ajudado mais de 20.000 empregados em tempo parcial a cursarem a faculdade. [...] A gestão da UPS acredita que isso ajuda a desenvolver futuros empregados de tempo integral e proporciona as habilidades necessárias para os de tempo parcial serem promovidos a cargos de supervisão de período integral. [...] Atualmente, todos os empregados são elegíveis para até U$$ 20 mil em assistência para frequentar a faculdade durante a sua permanência na empresa. (Sisodia, 2019, p. 89) Discuta outras boas práticas envolvendo o investimento das organizações em ações de treinamentoe desenvolvimento. NA PRÁTICA Leia o estudo de caso apresentado por Chiavenato (2014, p. 17): Frederico Rodriguez é consultor organizacional. Seus clientes são empresas de grande porte que atuam nos mais variados ramos de negócios. Para ganhar novos clientes, Frederico faz reuniões com dirigentes empresariais, a fim de conquistar novos contratos de prestação de serviços. Frederico precisa conhecer profundamente a vida organizacional, os seus problemas e soluções para ser bem-sucedido. Feito o contrato, o trabalho inicial de Frederico consiste em fazer um diagnóstico prévio sobre os problemas enfrentados pela empresa cliente. Para isso, procura obter dados por meio de entrevistas com executivos e funcionários e verificar os relatórios internos a respeito do assunto. Na medida em que colige dados e informações, faz anotações e registros na tentativa de elaborar um quadro geral de referências sobre os problemas e suas causas. A seguir, realiza reuniões com grupos internos para debater, checar e confirmar suas conclusões. Quando está seguro de que seu diagnóstico está concluído, Frederico começa a planejar as intervenções e soluções necessárias para eliminar ou reduzir o problema que aflige a empresa cliente. Nessa altura, volta a fazer reuniões com a diretoria da organização para apresentar o seu diagnóstico e o plano de ação terapêutica para resolver o problema da empresa e receber o seu aval para dar prosseguimento aos trabalhos. Para conduzir todas essas ações preliminares de consultoria, https://revistamelhor.com.br/educacao-corporativa-remedio-para-a-crise/ 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/17 Frederico precisa reunir profundos conhecimentos sobre comportamento organizacional. Na sua opinião, quais seriam esses conhecimentos? Liste pelo menos três conhecimentos que afetam o comportamento organizacional. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer os produtos e processos que auxiliam no desenvolvimento do RH das organizações: Treinamento e desenvolvimento; Análise de comportamento organizacional; Gestão da mudança; Educação corporativa. Esperamos que você tenha aproveitado! REFERÊNCIAS 7 BENEFÍCIOS do treinamento nas empresas para aperfeiçoamento profissional de funcionários. Blog Xerpay, 27 abr. 2018. Disponível em: <https://www.xerpa.com.br/blog/beneficios-treinamento- empresas/>. Acesso em: 24 ago. 2020. BAYMA, F. et al. Educação corporativa: desenvolvendo e gerenciando competências. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2004. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. São Paulo: Editora Manole, 2005. _____. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Editora Manole, 2005. _____. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. São Paulo: Editora Manole, 2009. 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/17 _____. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Manole, 2014. _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. São Paulo: Editora Manole, 2015. FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea, v. 5, n. SPE, p. 183-196, 2001. FLEURY, M. T. L.; OLIVEIRA, Jr., MOACIR de M. (Coord.). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São Paulo: Atlas, 2001. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Editora Ibpex, 2008. LOPES, J. C. Educação Corporativa: Treinamento e Educação Corporativa. Portal RH, 02 set. 2015. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/educao-corporativa/>. Acesso em: 24 ago. 2020. O QUE é Comportamento Organizacional: Definição e Modelo. Blog Líder e Gestão, 03 abr. 2020. Disponível em: <https://www.lideregestao.com.br/o-que-e-comportamento-organizacional- definicao-e-modelo/>. Acesso em: 24 ago. 2020. QUAIS os Tipos de Comportamento Organizacional. Blog IBC, 16 de set. 2019. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/quais-os-tipos-de-comportamento- organizacional/>. Acesso em: 24 ago. 2020. ROBBINS, S.; JUDGE, T.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. Pearson Prentice Hall, 2010. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. SANTOS, D. C. dos. Comportamento Organizacional. 160 f. Dissertação (Licenciatura em Gestão do Desporto) – Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), Lisboa, 2018. Disponível em: <https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/4086/1/Sess%c3%b5es%20CO%201a%20Edi%c3%a7%c3 %a3o%202018.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2020. SANTOS, V M. dos. O que é o Gerenciamento de Mudanças? Veja os principais tipos. Blog FM2S, 06 fev. 2019. Disponível em: <https://www.fm2s.com.br/gerenciamento-de-mudancas/>. Acesso em: 23/02/2022 15:56 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/17 24 ago. 2020. SENGE, Pr. A dança das mudanças: os desafios de manter o crescimento e o sucesso em organizações que aprendem. Campus, 1999. SISODIA, R. J. S. Empresas Humanizadas: Pessoas, Proposito e Performance. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2019. WICK, C.; POLLOCK, R.; JEFFERSON, A. 6Ds: as seis disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio. São Paulo: Évora, 2011. 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS (SUBSISTEMAS DE RH) AULA 6 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16 Profª Janete Schmidmeier CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos tratar do último subsistema da área de RH, o subsistema de monitoramento. Dentre os temas que abordam esse subsistema, discorreremos sobre os conceitos e objetivos em relação ao monitoramento dos processos de gestão de pessoas, os indicadores de gestão de pessoas e o uso da tecnologia na gestão de RH. Concluiremos apresentando práticas inovadoras de gestão de RH utilizadas por organizações de destaque no cenário atual, bem como dois estudos de caso. CONTEXTUALIZANDO No cenário atual, é necessário, mais do que nunca, conhecer, prever e gerenciar os processos organizacionais, sempre de maneira flexível para possibilitar uma velocidade de adaptação às mudanças ambientais e organizacionais. Consolidando o argumento, Chiavenato (2010, p. 498) afirma: As organizações não operam na base da simples improvisação e nem funcionam ao acaso, mas de acordo com determinados planos no sentido de alcançar objetivos, cumprir sua missão e atingir sua visão através de estratégias bem definidas. O comportamento organizacional não pode ser casual ou errático, mas deliberado e racional. Portanto, um dos maiores desafios dos gestores e da área de recursos humanos está em gerenciar os processos, desde o planejamento até a análise dos resultados e a correção de rumo, quando necessário, de maneira consistente e alinhada ao planejamento estratégico. Ao mesmo tempo, mantendo certa flexibilidade na revisão dos processos e desenvolvendo os colaboradores para operarem com mais autonomia, contribuindo de maneira criativa e inovadora na melhoria dos processos e nas tomadas de decisão. TEMA 1 – SUBSISTEMA DE MONITORAMENTO DE RECURSOS HUMANOS 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/16 Vamos conhecer as políticas e processos de RH que fazem parte desse subsistema? Para começar, analise a figura 1, elaborada com base nas ideias de Chiavenato (2009). Figura 1 – Políticas do Subsistema de Monitoração de Recursos Humanos Fonte: Elaborado com base em Chiavenato, 2009, p. 5. Com base na figura, é possível concluir que o subsistema de monitoração (ou monitoramento) de RH é responsável por organizar as informações pertinentes aos colaboradoresa fim de garantir maior eficácia na tomada de decisões sobre as pessoas, além de monitorar os resultados e o alinhamento de processos e políticas de gestão de pessoas implantadas na organização. Outra função bastante importante desse subsistema é a análise e posterior garantia do alinhamento estratégico entre a gestão de pessoas e o planejamento estratégico da organização. Segundo Chiavenato (2010), “monitorar significa acompanhar essas operações e atividades para garantir que o planejamento seja bem executado e que os objetivos sejam alcançados adequadamente” (p. 498). Como vimos na Figura 1, esse subsistema é dividido em: (1) banco de dados; (2) sistemas de informação; e (3) auditoria de RH. O banco de dados refere-se ao sistema informatizado em que são cadastradas todas as informações sobre os colaboradores, ou seja, trata-se de “um sistema de armazenamento e acumulação de dados devidamente codificados e disponíveis para o processamento e obtenção de informações. É um conjunto de arquivos relacionados logicamente, organizados de forma a facilitar o acesso aos dados e eliminar a redundância” (Chiavenato, 2008, p. 466). Já o sistema de informações é composto por ferramentas de processamento e análise dos dados fornecidos pelo banco de dados. Segundo o Blog RHPortal: 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/16 [...] o monitoramento da informação é uma habilidade essencial dos processos organizacional que transmite conhecimentos para melhoria de toda organização, levando em conta a tecnologia, o ambiente, a cultura, que possibilita a geração de processos no valor agregado, melhorando suas competências e competitividade. (RHPortal, 2015) Por fim, a Auditoria de RH é o processo que tem como principal objetivo avaliar processos e políticas de RH, sua implantação, seus resultados, o alinhamento entre os processos e políticas e o planejamento estratégico da organização, fornecendo informações para garantir a melhoria constante dos processos de gestão de pessoas. Reafirmando o argumento anterior, Busse e Manzoki (2014) apontam que a auditoria pode ser definida como um exame sistemático dos processos organizacionais, levantando as não conformidades com o planejamento, a execução e os resultados esperados. Nesta aula, trataremos deste subsistema por meio dos temas: indicadores de gestão de RH; e uso da tecnológica na gestão de RH, seja no que tange ao banco de dados ou aos sistemas de informação. Saiba mais Para um maior aprofundamento do tema, leia o artigo “Subsistema de Monitoramento de Recursos Humanos”, disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/subsistemas-de-m onitoramento-de-recursos-humanos/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 2 – INDICADORES DE GESTÃO DE RH Para permitir a avaliação e melhoria contínua dos processos e políticas de recursos humanos, é necessário que sejam definidos indicadores de RH, ou seja, padrões de desempenho desejáveis e capazes de orientar os processos de melhoria contínua. Já que estamos tratando de padrões de desempenho, vamos iniciar com a definição de padrão. Segundo Busse e Manzoki (2014, p. 101), “padrão é um critério ou modelo previamente estabelecido que possibilita a comparação com os resultados ou objetivos alcançados”. O padrão permite a comparação entre o resultado desejado e o resultado obtido. https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/subsistemas-de-monitoramento-de-recursos-humanos/ 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/16 Quando tratamos de padrões, podemos agrupá-los conforme o objetivo de análise do mesmo. Para Santos (2003), os padrões podem ser agrupados em: Padrões de quantidade – objetivam a análise de critérios de quantidade; Padrões de qualidade – objetivam a análise de aspectos não quantificáveis; Padrões de tempo – objetivam as análises relacionadas a tempo e permanência; Padrões de custo – objetivam a análise dos custos envolvidos no processo. Quando tratamos especificamente de padrões ou critérios de avaliação dos processos de recursos humanos, estes podem ser divididos conforme apresentado por Chiavenato (2010): Medidas de desempenho – desempenho global da gestão de pessoas; Medidas de adequação – adequação e alinhamento com as exigências legais e o planejamento estratégico da organização; Medida de satisfação dos funcionários – satisfação com o clima organizacional, os produtos de RH e motivação; Medidas indiretas de desempenho dos funcionários – expressão da eficiência dos esforços da área de recursos humanos. Os indicadores são importantes tanto para os gestores quanto para a área de gestão de pessoas, uma vez que esta continua como responsável estratégica pelos produtos de gestão de pessoas, cabendo aos líderes sua operacionalização e sugestões de melhoria. Os indicadores de desempenho em gestão de pessoas funcionam como um termômetro que define o grau de produtividade de uma pessoa, equipe ou área. Ao acompanhar periodicamente os principais indicadores, é possível construir uma base consistente para o aprimoramento dos processos, sem depender unicamente do “achismo” do gestor. A construção de indicadores de desempenho demanda algumas etapas a fim de garantir que eles sejam factíveis e relevantes no processo de construção de melhores resultados na gestão de pessoas. Existem diferentes tipos de indicadores de desempenho. Uma das abordagens apresenta três tipos básicos: os indicadores de efetividade, de eficácia e de eficiência, conforme podemos ver na Figura 2. 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/16 Figura 2 – Tipos de indicadores Fonte: Schmidmeier, 2020. Além desses três tipos básicos, podemos distribuir os indicadores em algumas categorias. A Endeavor (2018) distribui os tipos de indicadores em quatro: Indicadores de produtividade – ligados ao uso dos recursos da empresa com relação às entregas; Indicadores de qualidade – ajudam a entender qualquer desvio ou não conformidade que ocorreu durante o processo produtivo; Indicadores de capacidade – medem a capacidade de resposta de um processo; Indicadores estratégicos – auxiliam na orientação de como a empresa se encontra com relação aos objetivos estratégicos. Dentre os indicadores de gestão de pessoas utilizados nas equipes e organizações, podemos citar: taxas de absenteísmo; investimentos em treinamento e desenvolvimento; índices de entrada, saída e rotatividade; clima organizacional; índices de satisfação com o trabalho; lucro por colaborador; gastos com rescisões etc. Os indicadores de recursos humanos terão um uso eficaz na organização se eles forem úteis na identificação de problemas organizacionais, tiverem um acompanhamento sistemático e forem utilizados como base para a intervenção que melhore seus índices (Marras, 2017). Saiba mais 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/16 Caso você queira aprofundar um pouco mais as discussões sobre os indicadores de RH, assista ao vídeo Indicadores de Desempenho, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v =TpD56z9L3Mw>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 3 – USO DA TECNOLOGIA NA GESTÃO DE RH O uso da tecnologia na gestão de RH é imprescindível para garantia da otimização do tempo de processamento de informações e da confiabilidade dos dados. O relatório The HR Tech 2020 Disruptions Study (Revista Huma, 2020, p. 6-7) aponta as sete tendências de tecnologia de RH para maximizar os resultados da gestão de pessoas e os demais resultados organizacionais. Dentre as tendências que o RH deve ficar atento, segundo a pesquisa, estão: As plataformas de experiência do funcionário e experiência do talento já são uma realidade; O mercado de recrutamento está superaquecido e imerso na inteligência artificial; Agora todos podem aprender no fluxo de trabalho; O bem-estar e a saúde estão se fundindo à tecnologia de RH; A tecnologia para detectar assédio e promover a inclusão e diversidade já está entre nós; As ferramentasde engajamento estão se transformando em plataformas de ação; Analytics e chatbots estão muito em voga. Se você observar as tendências listadas na pesquisa, a maioria utiliza a tecnologia nos processos de gestão de RH. Que tal conhecer algumas dessas tecnologias? Dentre as ferramentas tecnológicas voltadas para a gestão de pessoas, temos: People Analytics – considerado mais uma metodologia que uma ferramenta tecnológica, engloba organização e coleta de dados, a fim de auxiliar os profissionais da área de gestão de pessoas na tomada de decisão. Possibilita um maior alinhamento estratégico para a área de RH e a atuação dos líderes. E-learning corporativo – Trata-se de um novo modelo de treinamento que vem crescendo com os avanços tecnológicos da atualidade. E-learning (sigla para eletronic learning) é um modelo https://www.youtube.com/watch?v=TpD56z9L3Mw 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/16 de ensino que ocorre no meio digital, apoiado principalmente pelo uso da internet. Exemplos: Hotmart; Leadlovers; Moodle; EADBox. Redes sociais corporativas – canais de comunicação interna na rede com o objetivo de conectar os colaboradores. São plataformas on-line que possibilitam a interação entre os membros da organização. Nesse domínio é possível conversar e compartilhar informações, ainda que os outros participantes estejam a milhas de distância. Exemplos: Workplace; Yammer; Slack. Gamificação – uso de recursos tecnológicos a fim de criar simulações de situações reais do trabalho e gerar aprendizados, despertar a curiosidade, engajar os participantes. Exemplos: NikeFuel; FreshBiz Game; My Starbucks Rewards. Soluções em nuvem – uso da nuvem para organizar dados e informações em um mesmo local acessível a toda a equipe. Existem inúmeras vantagens do uso da tecnologia nos processos de gestão de RH. Segundo Feedz (2018), é possível destacar duas vantagens principais: Mais agilidade e eficiência nos processos de RH, como contratações, feedbacks, desligamentos, promoções, políticas internas, clima organizacional, comunicação interna e benefícios; Economia de tempo e redução de custos que impactam diretamente no orçamento. Saiba mais Que tal garantir um aprofundamento em relação ao tema? Para tal, leia o artigo “Confira 6 exemplos de como usar o People Analytics no RH”. Disponível em: <https://blog.vb.com.br/confi ra-6-exemplos-de-como-usar-o-people-analytics-no-rh/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 4 – PRÁTICAS INOVADORAS DE GESTÃO DE RH Muitas são as práticas consideradas inovadoras em gestão de pessoas no cenário atual, e é interessante constatar que os princípios que regem essas práticas são bastante semelhantes: flexibilidade e adaptação às mudanças; alinhamento de valores; transparência; confiança; cooperação; autonomia; e desenvolvimento. Vamos iniciar nossas discussões pelas práticas que garantem a adaptação de processos, pessoas e organizações no ambiente de constantes mudanças em que as organizações estão inseridas. https://blog.vb.com.br/confira-6-exemplos-de-como-usar-o-people-analytics-no-rh/ 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/16 Existem muitas sugestões sobre as práticas de RH capazes de renovar a gestão de pessoas na organização. A Consultoria Sólides (Blog Solides, 2020) sugere três dessas práticas que não exigem grandes investimentos financeiros por parte da organização, sendo elas: Fortalecimento da marca empregadora, também conhecida como employer branding – fortalecimento da imagem da organização como um bom lugar para se trabalhar, contribuindo para a atração e retenção de talentos; Automatização de processos de RH – garantia da agilidade e assertividade nos processos de gestão de pessoas por meio da sua automatização; Desenvolvimento da gestão comportamental – mudança de foco entre gerenciar pessoas e gerenciar o comportamento das pessoas, por meio do mapeamento de comportamentos, competências, perfis profissionais e gestão personalizada sobre o desenvolvimento do colaborador. Em outra lente de análise, o blog Huma (2020) sugere outras seis tendências de RH para 2020: Forme líderes que inspirem; Invista em treinamentos aliados à tecnologia; Inove e otimize o processo de recrutamento; Dê os benefícios certos para cada pessoa; Abuse das soluções em nuvem; Modernize sua intranet. Outra corrente que tem se destacado como uma das principais inovações é chamada de RH Ágil, apoiada pelo Manifesto para o Desenvolvimento de um RH Ágil. Neste documento, são apresentados os valores e princípios que devem nortear o desenvolvimento deste novo modelo de gerir pessoas, como podemos observar no Quadro 1. Quadro 1 – Manifesto para o desenvolvimento de um RH Ágil VALORES Estamos descobrindo melhores maneiras de desenvolver uma cultura envolvente no local de trabalho, fazendo nós mesmos e ajudando outros a fazerem o mesmo. Por meio deste trabalho, valorizamos: 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/16 REDES COLABORATIVAS mais que estruturas hierárquicas; TRANSPARÊNCIA mais que segredo; ADAPTABILIDADE mais que prescrição; INSPIRAÇÃO E ENGAJAMENTO mais que gerenciamento e retenção; MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA mais que recompensas extrínsecas; ASPIRAÇÃO mais que obrigação. Ou seja, mesmo havendo valor nos itens da direita, valorizamos mais os itens da esquerda. PRINCÍPIOS Apoiar as pessoas a se engajarem, crescerem e serem felizes em seu local de trabalho. Incentivar as pessoas a receberem as mudanças e adaptarem-se quando necessário. Ajudar a construir e apoiar redes de capacitação, equipes colaborativas e auto-organizadas. Nutrir e apoiar a motivação e as capacidades das pessoas e da equipe, ajudando-as a construir o ambiente de que precisam, e confiar nelas para fazerem o trabalho. Facilitar e nutrir o crescimento pessoal, para aproveitar as diferentes forças e talentos de cada um. Fonte: Elaborado com base em Reis, 2019. Dentre as mudanças que estão sendo alavancadas neste momento de transição para um RH Ágil, os autores Cappelli e Tavis (2018) elencam as seguintes: Avaliações de desempenho mais frequentes; Líderes com perfil de coaching; Foco nas equipes; Remuneração atrativa; Recrutamento assertivo e rápido; Aprendizado e desenvolvimento contínuo. Outra prática inovadora na gestão de RH observada nas organizações é humanização da gestão e da gestão de pessoas, propriamente dita. Em seu livro Empresas Humanizadas, Sisodia (2019) defende que os colaboradores devem passar de “recursos” para “fontes”, uma vez que recursos se esgotam e pessoas são fontes inesgotáveis. O princípio fundamental defendido pelo autor é que “empresas humanizadas dão sentido à experiência do trabalho” (p. 71). 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/16 Podemos listar alguns benefícios de trabalhar a humanização da gestão, dentre eles: maior engajamento pelo alinhamento entre o propósito da organização e o propósito pessoal; líderes assumem a responsabilidade de facilitar, encorajar, premiar, reconhecer e celebrar as conquistas individuais e da equipe; promoção do espírito de colaboração, fazendo com que ajudem uns aos outros a prosperarem; alto poder de atratividade em processos de recrutamento e seleção; desenvolvimento de uma relação de confiança entre colaborador e empresa por meio de quatro elementos-chave – respeito, transparência, construção de equipes e empoderamento. Enfim, são muitos os elementos, princípios e diferenciais das empresas humanizadas, e um dos principais é a importância da área de RH para a própria existência desse modelo de organização. Segundo Sisodia (2019, p. 94-95), “acima de tudo, estas empresas são exemplares recrutadoras, gestoras, desenvolvedoras e motivadoras do talento humano”. Os estudos sobre as tendências de gestão de pessoas e práticas inovadoras de gestão de RH são bastante vastos, portanto pesquise, investigue e aguce sua curiosidade, busqueinformações sobre as empresas que têm se destacado em gestão de pessoas. Esta é uma das melhores maneiras de acompanhar as tendências e se atualizar sobre o tema. Saiba mais Quer saber mais sobre o tema? Leia o artigo “Empresas destacam suas ações inovadoras em RH”, disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes-inovadoras- em-rh/>. Acesso em: 25 ago. 2020. TEMA 5 – ESTUDOS DE CASO Já tratamos das práticas inovadoras de gestão de RH no tema anterior e, neste tema, vamos apresentar algumas empresas que têm se destacado na gestão de seus colaboradores para que você perceba o quanto é possível gerir pessoas de maneira diferente, mais alinhada às necessidades do indivíduo, das equipes e das organizações. O primeiro caso que merece destaque trata de capacitação e reconhecimento. Vamos conhecer um pouco mais sobre a forma como o Google valoriza os seus funcionários? https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes-inovadoras-em-rh/ 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/16 O Google se destaca em capacitar seus empregados e reconhece-los por seu importante papel em ajudar a empresa a atingir os seus objetivos. Ele dá um prêmio no valor de milhões de dólares para os empregados que trabalham em projetos extraordinários. Os dois primeiros Fouders’ Awards (Prêmio dos Fundadores) consistiram em ações restritas no valor de US$ 12 milhões, concedidas a duas equipes de cerca de uma dúzia de empregados cada. Diz o cofundador Sergey Brin, “Temos pessoas que só fazem coisas fenomenais aqui. Eu queria um mecanismo para recompensar isso. (Sisodia, 2019, p.91) Outro bom exemplo é a organização Gazin. Analise alguns dos princípios que norteiam a sua Gestão de Pessoas: Há alguns anos a visão da Gazin é ser a melhor empresa para se trabalhar no Brasil. Porém, enquanto isso não acontece, trabalhamos diariamente para incorporar as nove práticas culturais das melhores empresas para se trabalhar à nossa rotina profissional. São elas: Empresa atinge seus objetivos: Inspirando seus colaboradores; Falando a verdade com todos; Escutando com sinceridade. Pessoas que dão o melhor de si: Agradecendo o bom trabalho; Desenvolvendo pessoas e profissionais; Cuidando dos indivíduos. Trabalham em equipe: Contratando com foco na cultura; Celebrando as conquistas; Compartilhando os resultados. … tudo isso em um ambiente de confiança. (Gazin, 2019) Saiba mais Confira mais detalhes sobre a gestão de pessoas da Gazin no vídeo Gazin: Prática Inspirando, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2gxQlR8vvhM&feature=youtu.b e>. Acesso em: 25 ago. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=2gxQlR8vvhM&feature=youtu.be 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/16 Outra organização considerada modelo de gestão de pessoas a nível mundial é o SAS Institute, uma empresa de software analítico sediada na Carolina do Norte. Esta empresa já esteve classificada entre as melhores para se trabalhar durante diversos anos. Vamos conhecer o que ela tem de inspirador? Segundo Sisodia (2019), são várias as práticas que levam a SAS a se destacar na área de gestão de pessoas, dentre elas: Filosofia de liderança – é tudo sobre pessoas; A criação de um ambiente em que os colaboradores se sintam engajados, conectados, respeitados, desafiados e recompensados leva a resultados extraordinários por parte desses colaboradores; A empresa valoriza os sentimentos e as emoções de seus empregados; A filosofia da organização é: “se você tratar os empregados como se eles fizessem a diferença, eles vão fazer a diferença” (p. 188) Outro diferencial da organização são os pilares sobre os quais as relações estão construídas (Sisodia, 2019, p. 188): Valorizar as pessoas, tanto quanto possível. É dando que se recebe. Confiança acima de tudo. Assegurar que os empregados entendam o significado do seus trabalhos. São muitos os casos de sucesso na gestão de pessoas, então, não deixe de pesquisar outras empresas-modelo nos processos de gestão de RH, a fim de se manter sempre atualizado em relação às novidades e em constante aprendizado. Saiba mais Para um maior aprofundamento sobre o tema, confira o Relatório de Sustentabilidade 2010 do Banco Itaú-Unibanco, disponível em: <http://www.itauunibanco.com.br/relatoriodesustentabil idade/ra/27.htm>. Acesso em: 25 ago. 2020. http://www.itauunibanco.com.br/relatoriodesustentabilidade/ra/27.htm 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/16 TROCANDO IDEIAS Leia o trecho a seguir: Quando pensamos em excelência de processos, as métricas ocupam uma posição de destaque. É por meio dos indicadores de recrutamento e seleção que a empresa poderá medir a eficiência das contratações. Assim, perguntas como: “a estratégia tem surtido efeito?” ou “quais decisões devem ser tomadas?” podem ser respondidas. (Blog Kenoby, 2020) Discuta os indicadores de RH que podem contribuir para a melhoria da qualidade dos processos de recrutamento e seleção da organização. NA PRÁTICA Assista ao vídeo O Futuro do RH por Daniela Diniz do Great Place to Work. Entrevista por Marcelo Pimenta da StartSe, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-E-Orr0fNUc>. Acesso em: 25 ago. 2020. Liste pelo menos três tendências da área de RH, segundo a entrevistada Daniela Diniz. FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer os produtos e processos que auxiliam no monitoramento de RH: Conceitos e objetivos em relação ao monitoramento dos processos de RH; Os indicadores de gestão de pessoas; Uso da tecnologia na gestão de RH; Práticas inovadoras de gestão de RH; Estudos de caso. Esperamos que você tenha aproveitado esta disciplina! REFERÊNCIAS https://www.youtube.com/watch?v=-E-Orr0fNUc 23/02/2022 15:57 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16 3 PRÁTICAS do RH moderno para aplicar em sua empresa tradicional. Blog Solides, 14 fev. 2020. Disponível em: <https://blog.solides.com.br/rh-moderno/>. Acesso em: 24 ago. 2020. 5 INDICADORES de Desempenho para medir seu sucesso. ENDEAVOR, 24 jun. 2020. Disponível em: <https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/indicadores-de-desempenho/>. Acesso em: 24 ago. 2020. 6 TENDÊNCIAS para RH em 2020: conquiste bons resultados na gestão de pessoas. Blog Huma, 07 jan. 2020. Disponível em: <https://www.lg.com.br/blog/tendencias-para-o-rh-em-2020/>. Acesso em: 24 ago. 2020. 7 TENDÊNCIAS de tecnologia para RH que sua empresa deve ficar de olho em 2020. Revista Huma. Ano 07 n. 24. jan. 2020. Disponível em: <https://www.flipsnack.com/revistahuma/revista- huma-24-ed/full-view.html>. Acesso em: 24 ago. 2020. ANDRADE, A. S. Subsistemas de Monitoramento de Recursos Humanos. 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