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Testagem e avaliação psicológicas

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Métodos de Avaliação da Personalidade
A
lgumas pessoas enxergam o mundo cheio de amor e bondade, enquanto outras 
veem ódio e maldade. Algumas equiparam viver com excesso comportamental, en-
quanto outras lutam por moderação em todas as coisas. Algumas têm percepções de 
si mesmas bastante realistas. Outras trabalham sob autoimagens grosseiramente distorci-
das e percepções incorretas a respeito de família, amigos e conhecidos. Para os psicólogos 
e outros interessados em explorar as diferenças entre as pessoas com relação a essas e 
a outras dimensões, existem diversos recursos disponíveis. Neste capítulo, exploramos 
alguns dos instrumentos de avaliação da personalidade, incluindo métodos de avaliação 
projetivos e abordagens comportamentais à avaliação. Começamos com uma considera-
ção dos métodos que normalmente são caracterizados como de natureza “objetiva”.
Métodos objetivos
Em geral administrados por meio de lápis e papel ou por computador, os métodos obje-
tivos de avaliação da personalidade contêm caracteristicamente itens mais curtos para os 
quais a tarefa do avaliando é selecionar uma resposta das duas ou mais fornecidas. A pon-
tuação é feita de acordo com procedimentos estabelecidos envolvendo pouco julgamento, 
se houver, por parte do avaliador. Como acontece com os testes de habilidade, os métodos 
objetivos de avaliação da personalidade podem incluir itens escritos em um formato de 
múltipla escolha, de verdadeiro-falso ou de correspondência.
Enquanto uma determinada resposta em um teste objetivo de habilidade pode ser 
pontuada como correta ou incorreta, em um teste objetivo de personalidade ela é pontuada 
com referência à(s) característica(s) de personalidade sendo medida(s) ou à validade do 
padrão de respostas do respondente. Por exemplo, em um teste de personalidade em que 
uma resposta verdadeiro é considerada indicativa da presença de um determinado traço, 
uma série de respostas verdadeiro a itens de verdadeiro-falso será interpretada com referên-
cia à presumida força desse traço no testando. Bem, talvez.
Se o respondente também tiver respondido verdadeiro a itens indicativos da ausência 
do traço, bem como a itens raramente confirmados como tal pelos testandos, então a va-
lidade do protocolo será posta em dúvida. O exame do protocolo pode sugerir uma irre-
gularidade de algum tipo. Por exemplo, os itens podem ter sido respondidos de modo in-
consciente, de forma aleatória ou com uma resposta verdadeiro a todas as questões. Como 
vimos, alguns testes de personalidade objetivos são construídos com escalas de validade 
ou outros dispositivos (tais como um formato de escolha forçada) visando detectar ou 
impedir padrões de resposta que colocariam em dúvida o significado das pontuações.
C A P Í T U L O
13
Testagem e Avaliação Psicológica 441
Os testes de personalidade objetivos compartilham muitas 
vantagens com os testes de habilidade objetivos. Podem ser res-
pondidos rapidamente, permitindo a administração de muitos 
itens, abrangendo aspectos variados do traço ou dos traços que o 
teste se propõe a avaliar. Se os itens em um teste objetivo forem 
bem escritos, então vão requerer pouca explicação; isso os torna 
adequados para a administração em grupo ou computadorizada. 
Os itens objetivos em geral podem ser pontuados com rapidez e segurança por meios 
variados, de pontuação à mão (geralmente com o auxílio de um gabarito colocado sobre o 
formulário de teste) a pontuação por computador. A análise e a interpretação desses testes 
podem ser quase tão rápidas quanto a pontuação, sobretudo se conduzidas por computa-
dor e por um programa personalizado.
O quanto são objetivos os métodos objetivos de avaliação da personalidade?
Embora os itens dos testes objetivos de personalidade compartilhem muitas característi-
cas com as medidas objetivas de habilidade, nos apressamos a acrescentar que o adjetivo 
objetivo é um termo um pouco impróprio quando aplicado à testagem e à avaliação da 
personalidade. Com referência a itens de resposta curta em testes de habilidade, o termo 
objetivo agradou porque todos os itens continham apenas uma resposta correta. Bem, isso 
nem sempre foi verdade, mas foi assim que eles foram concebidos.
Contrastando com a pontuação de, digamos, provas de dissertação, a pontuação de 
testes objetivos de habilidade de múltipla escolha, deixaram pouco espaço para emoção, 
viés ou favoritismo por parte do avaliador do teste. A pontuação era imparcial e – na falta 
de um termo melhor – objetiva. Mas, ao contrário dos testes objetivos de habilidade, os 
testes objetivos de personalidade normalmente não contêm uma resposta correta. Antes, 
a seleção de uma determinada escolha de itens de múltipla escolha fornece informações 
relevantes a alguma coisa sobre o testando – tal como a presença, a ausência ou a força de 
uma variável relacionada à personalidade. Sim, a pontuação desse teste ainda pode ser 
imparcial e objetiva. Entretanto, a “objetividade” da pontuação derivada de um assim 
chamado teste de personalidade objetivo pode ser um tema de discussão. Considere, por 
exemplo, um teste de personalidade escrito em um formato de teste objetivo para detectar 
a existência de um conflito edípico não resolvido. O grau em que os resultados desses tes-
tes serão vistos como “objetivos” está inextricavelmente ligado às visões da pessoa sobre 
a validade da teoria psicanalítica e, de forma mais específica, ao construto conflito edípico.
Outra questão relacionada ao uso do adjetivo objetivo com teste de personalidade diz 
respeito ao autorrelato e à nítida falta de objetividade que pode estar associada a ele. 
Os autorrelatos dos testandos sobre o que gostam ou não gostam, o que concordam ou 
discordam, o que fazem ou não fazem, e assim por diante, podem ser tudo menos “ob-
jetivos”, por muitas razões. Alguns indivíduos podem não ter o discernimento para res-
ponder de uma maneira que poderia ser razoavelmente descrita como objetiva. Alguns 
respondem de uma maneira que, acreditam, os coloca na melhor ou na pior luz possível 
– dependendo da impressão que desejam passar e de seus objetivos ao se submeter à 
avaliação. Em outras palavras, podem tentar passar uma impressão desejada fingindo-se 
de bons ou de maus.
Finalmente, o termo objetivo aplicado à maioria dos testes de personalidade pode ser 
concebido como uma descrição abreviada para um formato de teste. Os testes objetivos 
de personalidade têm essa denominação no sentido de que empregam um formato de 
resposta curta (em geral de múltipla escolha), o que dá pouca, ou nenhuma, margem para 
opinião em termos de pontuação. Descrever um teste de personalidade como objetivo 
serve mais para diferenciá-lo de métodos projetivos e de outros métodos de mensuração 
do que para transmitir informação sobre a realidade, a clareza ou a objetividade das pon-
tuações derivadas dele.
R E F L I T A . . .
Que possíveis explicações existem para alguém 
exibindo inconsistência em um teste objetivo de 
personalidade?
442 Cohen, Swerdlik & Sturman
Métodos projetivos
Suponha que as luzes em sua sala de aula tenham sido diminuídas e todos tenham sido ins-
truídos a olhar para o quadro-negro limpo por um ou dois minutos. E suponha que todos 
tenham sido então orientados a pegar um papel e escrever o que achavam que podia ser vis-
to no quadro-negro (outra coisa além do próprio quadro-negro). Se examinasse o que cada 
um de seus colegas escreveu, você poderia encontrar tantas coisas diferentes quanto havia 
alunos respondendo. Poderia supor que eles viram no quadro-negro – ou, mais precisa-
mente, projetaram nele – alguma coisa que não estava lá de fato mas estava em suas próprias 
mentes. Você poderia supor ainda que as respostas ao quadro-negro em branco refletia al-
guma coisa muito reveladora e única sobre a estrutura de personalidade de cada aluno.
A hipótese projetiva sustenta que um indivíduo fornece estrutura a estímulos não 
estruturados de uma maneira congruente com o padrão único de necessidades, medos,desejos, impulsos, conflitos e formas conscientes e inconscientes do indivíduo de perceber 
e responder. De maneira semelhante, podemos definir o método projetivo como uma 
técnica de avaliação da personalidade na qual algum julgamento da personalidade do 
avaliando é feito com base no desempenho em uma tarefa que envolva o fornecimento de 
algum tipo de estrutura a estímulos não estruturados ou incompletos. Em uma cena na 
peça Hamlet, de Shakespeare, Polônio e Hamlet discutem o que pode ser visto nas nuvens. 
De fato, as nuvens podem ser usadas como um estímulo projetivo.1 
No entanto, os psicólogos, escravos da praticidade (e de métodos 
científicos) como são, desenvolveram medidas projetivas da perso-
nalidade que são mais confiáveis do que as nuvens e mais portáteis 
do que quadros-negros. Manchas de tinta, figuras, palavras, dese-
nhos e outras coisas têm sido usados como estímulos projetivos.
Ao contrário das técnicas de autorrelato, os testes projetivos 
são métodos indiretos de avaliação da personalidade; os avaliandos 
não são solicitados diretamente a revelar informações sobre si mes-
mos. Antes, a tarefa deles é falar sobre outra coisa (como manchas 
de tinta ou figuras). Por meio dessas respostas, indiretas o avalia-
dor faz deduções sobre a personalidade dos avaliandos. Nessa tarefa, a capacidade – e, 
presumivelmente, a inclinação – dos examinandos de falsificar é minimizada. Também é 
minimizada em algumas tarefas projetivas a necessidade do testando de grande proficiên-
cia na língua. Por exemplo, habilidades de linguagem mínimas são requeridas para res-
ponder a um desenho ou para criar um desenho. Por essa razão, e porque alguns métodos 
projetivos podem ser menos ligados à cultura do que outras medidas de personalidade, 
os proponentes da testagem projetiva acreditam que há uma promessa de utilidade trans-
cultural com esses testes que ainda não foi cumprida. Os proponentes das medidas pro-
jetivas também afirmam que uma grande vantagem dessas medidas é que elas exploram 
tanto material inconsciente quanto consciente. Nas palavras do homem que criou o termo 
métodos projetivos, “as coisas mais importantes sobre um indivíduo são o que ele não pode 
ou não quer dizer” (Frank, 1939, p. 395).2
Os testes projetivos nasceram no espírito de rebeldia contra os dados normativos e 
mediante tentativas, por parte de pesquisadores da personalidade, de desmembrar o estu-
do da personalidade em estudo de traços específicos de intensidades variáveis. Essa orien-
tação é exemplificada por Frank (1939), que refletiu: “É interessante ver como os estudan-
1 Na verdade, as nuvens foram usadas como estímulos projetivos. O Teste da Nuvem (Cloud Picture Test) de 
Wilhelm Stern, no qual os indivíduos devem dizer o que viram em imagens de nuvens, foi uma das primeiras 
medidas projetivas.
2 O primeiro uso publicado do termo métodos projetivos de que temos conhecimento foi em um artigo intitulado 
“Projective Methods in the Psychological Study of Children” por Ruth Horowitz e Lois Barclay Murphy (1938). En-
tretanto, essas autoras tinham lido o manuscrito ainda não publicado de Lawrence K. Frank (1939) e lhe credita-
ram a “aplicação do termo ‘métodos projetivos’”.
R E F L I T A . . .
Seja criativo e nomeie alguma coisa não óbvia 
que poderia ser usada como um estímulo pro-
jetivo para fins de avaliação da personalidade? 
Como um teste projetivo usando o que você 
nomeou poderia ser administrado, pontuado e 
interpretado?
Testagem e Avaliação Psicológica 443
tes da personalidade têm tentado abordar o problema da individualidade com métodos 
e procedimentos concebidos para o estudo de uniformidades e normas que ignoram ou 
subordinam a individualidade, tratando-a como um desvio incômodo que menospreza a 
real, a superior e única importante tendência central, moda, média, etc.” (p. 392–393).
Em contraste com os métodos de avaliação da personalidade que se concentram no 
indivíduo de um ponto de vista normativo, baseado em estatística, as técnicas projetivas 
foram um dia o procedimento de escolha para focalizar o indivíduo de uma perpectiva 
puramente clínica – uma perspectiva que examinava a única maneira que um indivíduo 
projeta em um estímulo ambíguo “sua forma de ver a vida, seus significados, percepções, 
padrões e especialmente seus sentimentos” (Frank, 1939, p. 403). De modo um pouco 
paradoxal, anos de experiência clínica com esses testes e um enorme volume de dados de 
pesquisa levaram a interpretação de respostas a estímulos projetivos a tornar-se cada vez 
mais referenciada à norma.
Manchas de tinta como estímulos projetivos
Derrame um pouco de tinta no centro de uma folha branca de papel, em branco, e dobre-a. Espere 
secar. Essa é a receita para uma mancha de tinta. As manchas de tinta não são usadas ape-
nas por profissionais da avaliação como estímulos projetivos, elas estão muito associadas 
com a própria psicologia aos olhos do público. O teste de manchas de tinta mais famoso 
é, naturalmente...
O Rorschach Hermann Rorschach (Fig. 13.1) desenvolveu o que chamou de um “teste de 
interpretação de formas” usando manchas de tinta como as formas a serem interpretadas. 
Em 1921, ele publicou sua monografia sobre a técnica, Psychodiagnostics. Na seção final 
Figura 13.1 Hermann Rorschach (1884-1922).
Rorschach era um psiquiatra suíço cujo pai tinha sido professor de arte e cujos interesses incluíam arte e psicanálise – em 
particular a obra de Carl Jung, que tinha escrito extensivamente sobre métodos de trazer à tona material inconsciente. 
Em 1913, Rorschach publicou ensaios sobre como a análise das obras de arte de um paciente podiam fornecer insights 
sobre a personalidade. O teste das manchas de tinta de Rorschach foi publicado em 1921, e não foi um sucesso imediato. 
Rorschach morreu de peritonite no ano seguinte, aos 38 anos, sem ter consciência do grande legado que deixaria. Para 
mais informações sobre Hermann Rorschach, leia seu Test Developer Profile (Perfil de desenvolvedor de teste) na página da 
internet (em inglês) que acompanha este livro, em www.mhhe.com/cohentesting8.
444 Cohen, Swerdlik & Sturman
dessa monografia, propôs aplicações de seu teste à avaliação da personalidade. Forneceu 
28 estudos de caso empregando indivíduos normais (bem, não diagnosticados) e pessoas 
com vários diagnósticos psiquiátricos (incluindo neurose, psicose e doença maníaco-de-
pressiva) para ilustrar seu teste. Rorschach morreu de forma súbita e inexplicável aos 38 
anos de idade, apenas um ano após seu livro ter sido publicado. Um ensaio em coautoria 
de Rorschach e Emil Oberholzer intitulado “The Application of the Form Interpretation Test” 
foi publicado postumamente em 1923.
Como Rorschach, vamos nos referir a seu teste como tal – um teste. Entretanto, hou-
ve um pouco de polêmica sobre se o instrumento que Rorschach criou deve ser referido 
como um teste, um método, uma técnica ou qualquer outra coisa. Por exemplo, Goldfried 
e colaboradores (1971) veem o Rorschach como uma entrevista estruturada, e Korchin e 
Schuldberg (1981) o consideram “menos um teste” e mais “um campo aberto e flexível 
para estudar transações interpessoais” (p. 1151). Também houve debates sobre se o Rors-
chach é ou não considerado, de maneira adequada, um instrumento projetivo (Acklin, 
1995; Aronow et al., 1995; Moreland et al., 1995b; Ritzler, 1995). Por exemplo, John Exner, 
uma autoridade no Rorschach, afirmou uma vez que as manchas de tinta são “não com-
pletamente ambíguas”, que a tarefa não necessariamente “force a projeção” e que “infe-
lizmente, o Rorschach vem sendo há muito tempo rotulado de maneira equivocada como 
um teste projetivo” (1989, p. 526-527; ver também Exner, 1997). Apesar disso, Rorschach 
continua sendo quase um sinônimo de teste projetivo entre os profissionais da avaliação e, 
não importa como seja chamado, ele sem dúvida se qualifica como um “teste”.
O Rorschach consiste em 10 manchas de tinta bilateralmente simétricas (ou seja, uma 
imagem de espelho se dobrado pelametade) impressas em cartões separados. Cinco man-
chas são acromáticas (significando sem cor ou preto e branco). Duas são pretas, brancas e 
vermelhas. As três restantes são multicoloridas. O teste vem apenas com os cartões, não 
há manual de teste ou quaisquer instruções de administração, pontuação ou interpreta-
ção. Não há uma razão para algumas manchas serem acromáticas e outras cromáticas 
(com cor). Diferente da maioria dos kits de testes psicológicos, que hoje são publicados 
completos, com manual e estojo opcional, esse teste contém 10 cartões embalados em uma 
caixa de papelão; e só. Para qualquer clínico à moda antiga que use o Rorschach, uma 
versão desse teste administrada por computador de algum modo 
pareceria grosseira e inadequada. Naturalmente, não quer dizer 
que não tenha sido tentado (Padawer, 2001). Mas, mesmo a pon-
tuação e a interpretação computadorizadas dos protocolos do tes-
te, sem falar em sua administração computadorizada, podem ser 
desaprovadas pelos puristas do Rorschach (Andronikof, 2005).
Para satisfazer a necessidade de um manual do teste e de instruções para adminis-
tração, pontuação e interpretação, inúmeros manuais e livretos estabeleceram uma varie-
dade de métodos (tais como Aronow e Reznikoff, 1976, 1983; Beck, 1944, 1945, 1952, 1960; 
Exner, 1974, 1978, 1986, 2003; Exner e Weiner, 1982; Klopfer e Davidson, 1962; Lerner, 
1991, 1996a, 1996b; Piotrowski, 1957). O sistema mais amplamente usado é o “sistema 
abrangente” criado por Exner. Antes de descrever o sistema de pontuação de Exner, entre-
tanto, aqui está uma visão geral do processo de administração, pontuação e interpretação 
do Rorschach.
Os cartões com manchas de tinta (semelhantes em alguns aspectos ao mostrado na Fig. 
13.2) são inicialmente apresentados ao testando, um de cada vez, em ordem numerada de 
1 a 10. O testando é instruído a dizer o que está em cada um dos cartões com uma pergunta 
como “O que poderia ser isto?”. Os testandos têm total liberdade com o Rorschach. Eles 
podem, por exemplo, girar os cartões e variar o número e o tamanho de suas respostas para 
cada cartão. O examinador registra todas as informações relevantes a cada cartão, a posição 
do cartão, e assim por diante. O examinador não se envolve em qualquer discussão relativa 
às respostas do testando durante a administração inicial dos cartões. É feito todo o possível 
para dar ao testando a oportunidade de projetar, livre de quaisquer distrações externas.
R E F L I T A . . .
Por que um purista do Rorschach poderia se 
opor à administração do teste por computador?
Testagem e Avaliação Psicológica 445
Após o conjunto inteiro de cartões ter sido administrado uma vez, uma segunda 
administração, referida como inquérito, é conduzida. Durante o inquérito, o examinador 
tenta determinar que aspectos da mancha de tinta desempenharam um papel na formula-
ção do percepto (percepção de uma imagem) do testando. Perguntas como “O que faz ela 
parecer [seja o que for]?” e “Como você vê [seja o que for que o testando relate estar ven-
do]?” são feitas na tentativa de esclarecer o que foi visto e que aspectos da mancha de tinta 
foram mais influentes na formação da percepção. O inquérito fornece informações úteis 
na pontuação e na interpretação das respostas. O examinador também fica sabendo se o 
testando lembra as respostas anteriores, se o percepto original ainda é visto e se quaisquer 
novas respostas são agora percebidas.
Um terceiro componente da administração, referido como testagem dos limites, 
também pode ser incluído. Esse procedimento permite ao examinador reestruturar a si-
tuação fazendo perguntas específicas que forneçam informações adicionais com relação 
ao funcionamento da personalidade. Se, por exemplo, o testando utilizou a mancha de 
tinta inteira ao formar perceptos ao longo de todo o teste, o exami-
nador poderia querer determinar se detalhes dentro da mancha de 
tinta poderiam ser elaborados. Sob essas condições, poderia dizer 
“Às vezes as pessoas usam uma parte da mancha para ver alguma 
coisa”. Alternativamente, o examinador poderia apontar para uma 
área específica do cartão e perguntar “O que isso parece?”.
Outros objetivos de procedimentos de testagem dos limites 
são (1) identificar qualquer confusão ou mal-entendido com rela-
ção à tarefa, (2) ajudar o examinador a determinar se o testando é 
capaz de refocar perceptos dada uma nova estrutura de referência e (3) ver se um testan-
do que ficou ansioso pela natureza ambígua da tarefa é mais capaz de realizar dada essa 
estrutura adicional. Pelo menos um pesquisador do Rorschach defendeu a técnica de ten-
tar evocar uma última resposta dos testandos que acham já terem dado tantas respostas 
quantas pretendiam dar (Cerney, 1984). A lógica era que finais têm muitos significados, e 
uma última resposta pode fornecer uma fonte de questões e inferências aplicáveis a con-
siderações de tratamento.
Hipóteses relativas ao funcionamento da personalidade serão formadas pelo ava-
liador com base em todas as variáveis delineadas (tais como o conteúdo da resposta, a 
localização da resposta, o tempo para responder) bem como em muitas outras. Em geral, 
os protocolos do Rorschach são pontuados de acordo com diversas categorias, incluin-
do localização, determinantes, conteúdo, popularidade e forma. Localização é a parte da 
mancha que foi utilizada para formar o percepto. Os indivíduos podem usar a mancha de 
tinta inteira, uma grande seção, uma pequena seção, um detalhe mínimo ou espaços em 
branco. Os determinantes são as qualidades da mancha que determinam o que o indivíduo 
R E F L I T A . . .
Sob que condições você acharia aconselhá-
vel realizar um procedimento de testagem dos 
limites? Sob que condições ele seria desacon-
selhável?
Figura 13.2 Uma mancha de tinta do tipo Rorschach.
446 Cohen, Swerdlik & Sturman
percebe. Forma, cor, sombreado ou movimento que ele atribui à mancha de tinta também 
são considerados determinantes. Conteúdo é a categoria de conteúdo da resposta. Diferen-
tes sistemas de pontuação variam em algumas das categorias pontuadas. Certas áreas de 
conteúdo típicas incluem figuras humanas, figuras de animais, partes anatômicas, sangue, 
nuvens, raios X e respostas sexuais. Popularidade refere-se à frequência que se considerou 
ter uma certa resposta correspondido a uma determinada mancha de tinta ou seção de 
uma mancha de tinta. Uma resposta popular é aquela que foi obtida com frequência da 
população em geral. Uma resposta rara é aquela que foi percebida infrequentemente pela 
população em geral. A forma de uma resposta diz respeito à precisão com que a percepção 
do indivíduo corresponde ou se encaixa na parte inadequada da mancha de tinta. O nível 
da forma pode ser avaliado em relação a ela ser adequada ou inadequada ou boa ou pobre.
Considera-se que as categorias de pontuação correspondem a vários aspectos do fun-
cionamento da personalidade. As hipóteses relativas a aspectos da personalidade são ba-
seadas tanto no número de respostas em cada categoria como nas inter-relações entre as 
categorias. Por exemplo, o número de respostas integrais (usando a mancha de tinta intei-
ra) em um registro de Rorschach está normalmente associado com 
processo de pensamento conceitual. O nível da forma está relacio-
nado com o teste de realidade. Por isso, seria esperado que pacien-
tes psicóticos obtivessem pontuações baixas para o nível da forma. 
O movimento humano foi associado com imaginação criativa. As 
respostas de cor foram vinculadas com reatividade emocional.
Os padrões de resposta, os temas recorrentes e as inter-rela-
ções entre as diferentes categorias de pontuação são todos conside-
rados para chegar a uma descrição final do indivíduo a partir de 
um protocolo do Rorschach. Dados relativos às respostas de vários grupos clínicos e não 
clínicos de adultos, adolescentes e crianças foram compilados em vários livros e publica-
ções de pesquisa.
O teste de interpretação de formas de Rorschach dava seus primeiros passosna época 
da morte de seu desenvolvedor. O trabalho em andamento, órfão, encontrou um lar recep-
tivo nos Estados Unidos, onde recebeu a atenção de vários grupos 
de apoiadores, cada um com sua própria visão a respeito de como o 
teste deveria ser administrado, pontuado e interpretado. Nesse sen-
tido, o Rorschach é, como McDowell e Acklin (1996, p. 308) o carac-
terizaram, “uma anomalia no campo da mensuração psicológica 
quando comparado com técnicas objetivas e outras projetivas”.
Amplamente referido apenas como “o Rorschach”, como se esse 
instrumento fosse um teste padronizado, os profissionais e os pesqui-
sadores do Rorschach durante muitos anos empregaram uma varie-
dade de sistemas de pontuação e interpretação do teste – em algumas ocasiões selecionando 
e escolhendo critérios interpretativos de um ou mais de cada. Considere, nesse contexto, um 
estudo por Saunders (1991) que focalizou os indicadores de abuso infantil do Rorschach. Re-
latando sobre como pontuava os protocolos, Saunders escreveu: “Os protocolos do Rorschach 
eram pontuados usando o sistema de Rapaport e colaboradores (1945-1946) como estrutura 
básica, mas pontuações especiais de quatro tipos diferentes foram acrescentadas. Eu peguei 
emprestadas duas dessas medidas adicionais de outros pesquisadores [...] e desenvolvi as ou-
tras duas específicas para este estudo” (p. 55). Dada a variação que existia na terminologia e 
nas práticas de administração e de pontuação, prontamente se avalia o quanto pode ser difícil 
reunir evidências consistentes e verossímeis para a solidez psicométrica do teste.3
3 Em parte em resposta a essas críticas do Rorschach, outro teste de manchas de tinta, a Técnica de Manchas 
de Tinta de Holtzman (HIT; Holtzman et al., 1961), foi concebido para ser mais psicometricamente sólido. Uma 
descrição do HIT de Wayne Holtzman, bem como especulações quanto a por que ele nunca alcançou a populari-
dade e a aceitação do Rorschach, podem ser encontradas no material suplementar para este capítulo apresen-
tado na página da internet (em inglês) que acompanha este livro, www.mhhe.com/cohentesting8.
R E F L I T A . . .
Como você esperaria que as respostas de um 
grupo de pessoas, como artistas abstratos, dife-
rissem de um grupo de controle comparável na 
categoria Forma?
R E F L I T A . . .
Se o Rorschach não tem absolutamente coisa 
alguma a seu favor, ele tem grande apelo intui-
tivo. Discuta essa visão, como a favor ou como 
contra ela.
Testagem e Avaliação Psicológica 447
Em um livro que revisou diversos sistemas do Rorschach, John E. Exner Jr. (Fig. 
13.3) escreveu sobre a conveniência de abordar “o problema do Rorschach por meio de 
uma integração de pesquisa dos sistemas” (1969, p. 251). Exner a seguir desenvolveria tal 
integração – um sistema abrangente, como ele o chamou (Exner 1974, 1978, 1986, 1990, 
1991, 1993a, 1993b, 2003; Exner e Weiner, 1982, 1995; ver também Handler, 1996) –, para 
administração, pontuação e interpretação do teste. O sistema de Exner foi bem recebido 
pelos clínicos e é o mais usado e mais ensinado hoje. Entretanto, ligar inextricavelmente 
o destino do Rorschach a esse sistema seria injusto, pelo menos de acordo com Bornstein 
e Masling (2005); o sistema de Exner tem muito a recomendá-lo, mas o mesmo acontece 
com vários outros sistemas.
Antes do desenvolvimento do sistema de Exner e de sua adoção generalizada por clí-
nicos e pesquisadores, as avaliações da solidez psicométrica do Rorschach tendiam a ser, 
na melhor das hipóteses, mista. Esse sistema trouxe um grau de uniformidade ao uso do 
Rorschach e desse modo facilitou as comparações de “maçãs com maçãs” (ou “morcegos 
com morcegos”) dos estudos de pesquisa. Contudo, independentemente do sistema de 
pontuação empregado, havia uma série de razões pelas quais a avaliação da solidez psi-
cométrica do Rorschach era um negócio complicado. Por exemplo, visto que cada mancha 
de tinta é considerada uma qualidade de estímulo única, a avaliação da confiabilidade 
por um método de metades seria inadequada. De interesse histórico, nesse sentido, é o 
Figura 13.3 John Ernest Exner, Jr. (1928–2006).
Em seu obituário de John E. Exner Jr., Erdberg e Weiner (2007, p. 54) escreveram: “Muitos psicólogos pulam para lá e para 
cá um pouco antes de se decidirem sobre a especialidade que se torna o foco de sua vida profissional. Não foi o caso com 
John Exner. Ao ter em mãos pela primeira vez um conjunto de borrões do Teste de Manchas de Tintas de Rorschach, em 
1953, sua fascinação com o instrumento determinou sua carreira dali em diante. Durante cinco décadas, 14 livros, mais 
de 60 artigos de revistas e incontáveis seminários e conferências, John Exner e o Rorschach se tornaram sinônimos”. Entre 
outras realizações, Exner foi curador fundador do Hermann Rorschach Museum and Archives, em Berna, Suíça. Uma de suas 
últimas publicações, antes de morrer de leucemia na idade de 77 anos, foi um artigo intitulado “A New U.S. Adult Nonpatient 
Sample” (Uma nova amostra de adultos não pacientes dos Estados Unidos). Nesse artigo, Exner discutiu as implicações para 
modificar as diretrizes interpretativas do sistema abrangente baseado em dados novos (Exner, 2007).
448 Cohen, Swerdlik & Sturman
trabalho de Hans Behn-Eschenburg, que tentou desenvolver, sob a direção de Hermann 
Rorschach (Eichler, 1951), uma forma semelhante mas não alternativa do teste. A necessi-
dade de tal conjunto de cartões “análogos” era reconhecida pelo próprio Rorschach:
Frequentemente surge a ocasião em que o teste deve ser repetido com o mesmo indivíduo. Tal 
situação aparece quando se deseja testar normais em vários humores, maníacos-depressivos 
em diferentes estágios, esquizofrênicos em várias condições, ou testar pacientes antes e após 
a psicanálise, etc. Ou um teste de controle sobre um normal pode ser desejado. Se o teste for 
repetido com as mesmas lâminas, a memória consciente ou inconsciente entra para defor-
mar o resultado. Séries análogas de lâminas, diferentes das usuais mas satisfazendo os pré-
-requisitos para as lâminas individuais da série básica, são necessárias para essas situações. 
(Rorschach, 1921/1942, p. 53)
A “série análoga de lâminas” foi referida como “o Behn-Rorschach” ou simplesmen-
te “o Behn”. Alguns primeiros estudos de pesquisa buscaram comparar os achados no 
Rorschach “clássico” com os achados no Behn.
Como Exner observou, os procedimentos de confiabilidade teste-reteste tradicionais 
podem ser inadequados para uso com o Rorschach. Isso devido ao efeito de familiaridade 
em resposta aos cartões e porque as respostas podem refletir esta-
dos transitórios em oposição a traços permanentes. Exner (1983) 
refletiu que “algumas pontuações do Sistema Abrangente desa-
fiam o axioma de que alguma coisa não pode ser válida a menos 
que ela também seja confiável” (p. 411).
A aceitação generalizada do sistema de Exner promoveu a 
causa da confiabilidade do Rorschach – bem, a confiabilidade entre 
avaliadores, em todo o caso. Exner, bem como outros, forneceram 
ampla evidência de que níveis aceitáveis de confiabilidade entre 
avaliadores podem ser alcançados com esse teste. Usando o sistema de Exner, McDo-
well e Acklin (1996) relataram um percentual de concordância média global de 87% entre 
os avaliadores do Rorschach. Contudo, como advertiram esses pesquisadores, “Os tipos 
complexos de dados desenvolvidos pelo Rorschach introduzem obstáculos gigantescos 
à aplicação de procedimentos e critérios-padrão de desenvolvimento de testes” (p. 308-
309). Muito mais pessimistas sobre tais “obstáculos gigantescos”, e muito menos sutis em 
suas conclusões, foram Hunsley e Bailey (1999). Após revisar a literatura sobre a utilidade 
clínica do Rorschach, eles escreveram sobre o “escasso apoio de milhares de publicações” 
e expressaram dúvidas de que algum dia haveria evidência de que o Rorschach ou o 
sistema abrangente de Exner poderiam “contribuir, na prática clínica de rotina, para a 
avaliação psicológica cientificamente informada”(p. 274).
Contra tal pessimismo estavam outras revisões da literatura que eram muito mais 
favoráveis (Bornstein, 1998, 1999; Ganellen, 1996, 2007; Hughes et al., 2007; Meyer e Han-
dler, 1997; Viglione, 1999). Uma revisão de diversas metanálises indicou que os coeficien-
tes de validade do Rorschach eram semelhantes aos do MMPI e do WAIS (Meyer e Archer, 
2001). Em sua metanálise visando comparar a validade do Rorschach com a do MMPI, 
Hiller e colaboradores (1999) concluiram que “em média, ambos os testes funcionam qua-
se igualmente bem quando usados para propósitos considerados apropriados pelos es-
pecialistas” (p. 293). Na mesma linha, Stricker e Gold (1999, p. 240) refletiram que “Um 
teste não é válido ou inválido; antes, há tantos coeficientes válidos quanto há propósitos 
para os quais o teste é usado. O Rorschach pode demonstrar sua utilidade para vários 
propósitos e pode ser considerado deficiente para vários outros”. Stricker e Gold (1999) 
continuaram defendendo uma abordagem à avaliação que incorporasse muitos tipos di-
ferentes de métodos:
Sem dúvida, o maior poema de Walt Whitman foi intitulado “Canto de mim mesmo”. Acre-
ditamos que tudo o que é feito pela pessoa que está sendo avaliada é um canto de si mesmo. 
O Rorschach é um instrumento disponível para o clínico, que tem a tarefa de ouvir toda a 
música. (p. 249)
R E F L I T A . . .
Você se inclui entre aqueles profissionais da 
avaliação que esperam que o Rorschach algum 
dia goze do respeito acadêmico? Por que ou por 
que não? 
Testagem e Avaliação Psicológica 449
Décadas atrás, Jensen (1965, p. 509) opinou que “a taxa de progresso científico na psico-
logia clínica também pode ser medida pela velocidade e pela exten-
são com que ela supera o Rorschach”. Se essa afirmação fosse verda-
deira, então a taxa de progresso científico na psicologia poderia ser 
caracterizada como um rastejamento. Publicações apoiando seu uso 
pontuam a literatura contemporânea (p.ex., Bram, 2010; Keddy e Erd-
berg, 2010; Mishra et al., 2010; Weizmann-Henelius et al., 2009), em-
bora ainda haja controvérsias (p.ex., Del Giudice, 2010a, 2010b; Kot-
tke et al., 2010). O Rorschach continua sendo um dos testes 
psicológicos usados e ensinados com mais frequência. Ele é amplamente utilizado no traba-
lho forense e em geral aceito pelos tribunais. Um revisor concluiu sua avaliação da situação 
do Rorschach aos 75 anos com palavras que parecem aplicáveis muitos anos mais tarde: “Uti-
lizado de forma ampla e altamente valorizado por clínicos e pesquisadores em muitos países 
do mundo, parece, apesar de sua fama, ainda não ter recebido o respeito acadêmico que me-
rece e, se pode esperar, algum dia desfrutará” (Weiner, 1997, p. 17).
Figuras como estímulos projetivos
Olhe a Figura 13.4. Agora invente uma história sobre ela. Sua história deve ter início, meio 
e fim. Escreva-a usando tanto papel quanto necessário. Leve a história para a aula e a 
compare com as histórias dos outros alunos. O que sua história revela sobre suas necessi-
dades, seus medos, seus desejos, seu controle dos impulsos, suas formas de ver o mundo 
– sua personalidade? O que as histórias escritas por seus colegas revelam sobre eles? Esse 
exercício o introduz no uso de figuras como estímulos projetivos. Essas figuras podem ser 
fotos de pessoas reais, de animais, de objetos ou de qualquer coisa. Elas podem ser pintu-
ras, desenhos, gravuras ou qualquer outra variedade de figura.
Um dos primeiros usos de figuras como estímulos projetivos aconteceu no início do 
século XX. Diferenças em razão do gênero foram encontradas nas histórias que as crianças 
criavam em resposta a nove figuras (Brittain, 1907). O autor relatou que as meninas no 
estudo eram mais interessadas em temas religiosos e morais do que os meninos. Outro 
primeiro experimento usando figuras e uma técnica de narrativa investigou a imaginação 
R E F L I T A . . .
Os escores em um teste como o Rorschach de-
safiam o axioma de que a pontuação não pode 
ser válida a menos que seja confiável?
Figura 13.4 Figura ambígua para uso na tarefa de narrativa projetiva.
450 Cohen, Swerdlik & Sturman
das crianças. Diferenças nos temas devido à idade foram observadas (Libby, 1908). Em 
1932, um psiquiatra trabalhando na Clinic for Juvenile Research, em Detroit, desenvolveu 
o Teste de Figuras de Situações Sociais (Social Situation Picture Test)(Schwartz, 1932), um 
instrumento projetivo concebido para uso com delinquentes juvenis. Trabalhando na Har-
vard Psychological Clinic em 1935, Christiana D. Morgan (Fig. 13.5) e Henry A. Murray 
(Fig. 13.6) publicaram o Teste de Apercepção Temática (TAT) – pronunciado dizendo-se 
as letras – o instrumento que veio a ser o mais usado de todos os testes projetivos de nar-
rativa de figuras.
O Teste de Apercepção Temática (TAT) O Thematic Apperception Test (TAT) foi con-
cebido originalmente como um auxílio para evocar material de fantasia de pacientes em 
psicanálise (Morgan e Murray, 1935). Os materiais de estímulo consistiam, como consis-
tem hoje, em 31 cartões, um dos quais está em branco. Os 30 cartões de figuras, todos em 
preto e branco, contêm uma variedade de cenas visando apresentar ao testando “certas 
situações humanas clássicas” (Murray, 1943). Algumas das figuras contêm um indivíduo 
solitário, algumas mostram um grupo de pessoas e algumas não exibem pessoas. Algu-
mas das figuras parecem ser quase tão reais quanto fotografias; outras são desenhos sur-
realistas. Os testandos são introduzidos no exame com a história de que ele é um teste 
de imaginação no qual é tarefa deles descrever que eventos levaram à cena na figura, o 
que está acontecendo naquele momento e qual será o desfecho. Os testandos também são 
orientados a descrever o que as pessoas retratadas nos cartões estão pensando e sentindo. 
Se o cartão em branco for administrado, os examinandos são instruídos a imaginar que há 
uma figura no cartão e então prosseguir contando uma história sobre ela.
Figura 13.5 Christiana D. Morgan (1897-1967).
Na capa da caixa do amplamente utilizado TAT e em inúmeros outros livros e artigos relacionados à mensuração, a autoria 
do TAT é listada como “Henry A. Murray, Ph.D., e a equipe da Harvard Psychological Clinic”. Entretanto, os primeiros artigos 
descrevendo esse teste foram escritos por Christiana D. Morgan (Morgan, 1938) ou por Morgan e Murray, com Morgan 
listada como autora principal (Morgan e Murray, 1935, 1938). Em um manuscrito mimeografado nos arquivos da Harvard 
University, uma primeira versão do teste era intitulada “Teste de Apercepção Temática de Morgan-Murray” (White et al., 
1941). Wesley G. Morgan (1995) observou que, visto Christiana Morgan “ter sido a autora principal das publicações anterio-
res, uma questão é levantada sobre por que seu nome foi omitido como autora da versão de 1943” (p. 238). Morgan (1995) 
tratou dessa e de questões relacionadas em um breve mas fascinante relato da origem e história das imagens do TAT. Mais 
sobre a vida de Christiana Morgan pode ser encontrado em Translate This Darkness: The Life of Christiana Morgan (Douglas, 
1993). Seu perfil de desenvolvedora de testes pode ser encontrado na página da internet (em inglês) que acompanha este 
livro, em www.mhhe.com/cohentesting8.
Testagem e Avaliação Psicológica 451
No manual do TAT, Murray (1943) também aconselhou os examinadores a tentar 
encontrar a fonte da história do examinando. É importante destacar que o substantivo 
apercepção é derivado do verbo aperceber-se, que pode ser definido como perceber em ter-
mos de percepções passadas. A fonte de uma história poderia ser uma experiência pessoal, 
um sonho, um evento imaginado, um livro, um episódio do The Daily Show – na verdade 
quase tudo.
Na prática clínica diária, os examinadores tendem a tomar liberdades com vários 
elementos que dizem respeito a administração, pontuação e interpretação do TAT. Por 
exemplo, embora 20 cartões seja o número recomendado para apresentação, na prática 
um examinador poderia administrarapenas um ou dois ou todos os 31. Se um clínico 
estiver avaliando um paciente com inclinação por contar histórias que encham resmas 
de blocos de anotações, provavelmente será uma boa aposta que menos cartões serão 
administrados. Se, no entando, um paciente contar histórias curtas, de uma ou duas 
frases, mais cartões podem ser administrados na tentativa de coletar mais dados brutos 
com os quais trabalhar. Alguns dos cartões são sugeridos para uso com homens adultos, 
mulheres adultas, ou ambos, e alguns para uso com crianças. Isso porque certas repre-
sentações pictóricas se prestam mais que outras a identificação e projeção por membros 
desses grupos. Em um estudo envolvendo 75 homens (25 de cada com 11, 14 e 17 anos 
de idade), Cooper (1981) identificou os 10 cartões mais produti-
vos para uso com homens adolescentes. Na prática, entretanto, 
qualquer cartão – seja ele recomendado para uso com homens, 
com mulheres ou com crianças – pode ser administrado a qual-
quer indivíduo. O clínico seleciona os cartões que ele acredita te-
rem mais probabilidade de evocar respostas pertinentes ao objeti-
vo da testagem.
O material bruto usado para tirar conclusões sobre o indiví-
duo examinado com o TAT são (1) as histórias como foram conta-
R E F L I T A . . .
Descreva uma figura em um cartão que real-
mente faria você falar. Após descrever o cartão, 
imagine que história você contaria em resposta 
a ele.
Figura 13.6 Henry A. Murray (1893–1988).
Henry Murray talvez seja mais conhecido pela influente teoria da personalidade que desenvolveu, bem como por seu papel 
como autor do TAT. Biografias de Murray foram escritas por Anderson (1990) e Robinson (1992). O perfil de desenvolvedor de 
testes pode ser encontrado na página da internet (em inglês) que acompanha este livro, em www.mhhe.com/cohentesting8.
452 Cohen, Swerdlik & Sturman
das por ele, (2) as anotações do clínico sobre a forma ou a maneira como o examinando 
respondeu aos cartões e (3) as anotações do clínico sobre comportamento e verbalizações 
extrateste. As duas últimas categorias de dados brutos (comportamento no teste e extrates-
te) são fontes de interpretações clínicas para quase todos os testes administrados de modo 
individual. A análise do conteúdo da história requer treinamento especial. Uma ilustração 
de como o comportamento de um testando durante a testagem pode influenciar as in-
terpretações do examinador dos achados foi fornecida por Sugarman (1991, p. 140), que 
contou sobre um “paciente muito narcisista [que] demonstrou desprezo e desvalorização 
em relação ao examinador (e presumivelmente aos outros) ditando histórias do TAT com-
pletas, com ortografia e pontuação, como se o examinador fosse um estenógrafo”.
Existem inúmeros sistemas para interpretar os dados do TAT (p. ex., Thompson, 
1986; Jenkins, 2008; Westen et al., 1988). Muitos sistemas interpretativos incorporam ou 
são em algum grau baseados nos conceitos de Henry Murray de necessidade (determi-
nantes de comportamento surgindo do indivíduo), pressão (determinantes de comporta-
mento surgindo do ambiente) e thema (uma unidade de interação entre necessidade e 
pressão). Em geral, o princípio orientador na interpretação das histórias do TAT é que o 
testando está se identificando com alguém (o protagonista) na his-
tória e que as necessidades, as demandas ambientais e os conflitos 
do protagonista na história estão, de alguma forma, relacionados 
com as preocupações, as esperanças, os medos ou os desejos do 
examinando.
Em sua discussão do TAT do ponto de vista de um clínico, 
William Henry (1956) examinou cada um dos cartões no teste em 
relação a variáveis como demanda de estímulo manifesto, demanda de 
forma, demanda de estímulo latente, tramas frequentes e variações signi-
ficativas. Para ter uma ideia de como alguns desses termos são usados, olhe novamente a 
Figura 13.5 – uma figura que não é um cartão do TAT – e então reveja as Tabelas 13.1 e 13.2, 
que são descrições do cartão e apresentam algumas respostas ao cartão de respondentes 
em idade de faculdade. Embora um clínico possa obter porções de informações pelas his-
tórias contadas sobre cada cartão individual, suas impressões finais em geral derivam de 
uma consideração dos padrões globais dos temas que emergem.
Como ocorre com o Rorschach e muitas outras técnicas projetivas, o debate entre 
acadêmicos e profissionais a respeito da solidez psicométrica do TAT tem sido incessante 
ao longo dos anos. Devido à falta geral de padronização e uniformidade com as quais os 
procedimentos de administração, pontuação e interpretação ten-
dem a ser aplicados na prática clínica diária, uma preocupação por 
razões psicométricas é claramente justificada. Entretanto, em testes 
experimentais em que examinadores treinados usam os mesmos 
procedimentos e sistemas de pontuação, os coeficientes de confia-
bilidade entre avaliadores pode variar de adequados a impressio-
nantes (Stricker e Healy, 1990).
A pesquisa sugere que fatores situacionais – incluindo quem é 
o examinador, como o teste é administrado e as experiências do testando antes e durante 
a administração do teste – podem afetar as respostas do teste. Além disso, estados de ne-
cessidade interna transitórios como fome, sede, fadiga e níveis de tensão sexual mais altos 
que o normal podem influir nas respostas de um testando. Diferentes cartões do TAT têm 
diferentes “puxadas” de estímulo (Murstein e Mathes, 1996). Algumas figuras têm mais 
probabilidade do que outras de evocar histórias com temas de desespero, por exemplo. 
Visto que as figuras têm “puxadas” de estímulo diferentes ou, em termos mais técnicos, 
diferentes demandas de estímulo latente, se torna difícil, se não impossível, determinar 
a confiabilidade entre itens (leia-se “entre cartões”) do teste. O cartão 1 poderia com se-
gurança evocar temas de necessidade de realização, enquanto o 16, por exemplo, poderia 
não evocar qualquer desses temas. A possibilidade de tamanhos da história amplamente 
R E F L I T A . . .
A identificação do testando com as personagens 
ou cenas retratadas aumentaria se o TAT fosse 
refeito hoje em uma mídia diferente, tal como 
imagens em filme ou vídeo?
R E F L I T A . . .
Por que medidas de confiabilidade de metades 
partidas, de teste-reteste e de formas alternadas 
são inadequadas para uso com o TAT?
Testagem e Avaliação Psicológica 453
variáveis em resposta aos cartões apresenta outro desafio à documentação da confiabili-
dade entre itens.
Opiniões conflitantes são apresentadas na literatura acadêmica relativas à validade 
do TAT, incluindo a validade de suas suposições e a validade de várias aplicações (Baren-
Tabela 13.2 Algumas respostas à figura de exemplo
Respondente História
1. (Homem) Esse cara esteve envolvido com esta garota por alguns meses. As coisas não tinham 
ido muito bem. Ele suspeitava que ela estivesse saindo com um monte de caras. Esta é 
apenas uma cena de toda uma noite em que o telefone não parou de tocar. Em seguida 
ele vai levantar e ir embora.
2. (Mulher) Este casal está namorando. Eles não fizeram planos para a noite e estão pensando no que 
devem fazer. Ela está telefonando para outro casal para perguntar se eles querem sair 
junto. Eles vão sair com o outro casal e se divertir.
3. (Homem) Esta garota acha que está grávida e está ligando para o médico para saber o resultado de 
seu exame. Este cara está bastante preocupado porque ele tem planos de terminar a fa-
culdade e fazer pós-graduação. Ele tem medo de que ela queira casar, e ele não quer ficar 
preso a nada. O médico vai dizer que ela não está grávida, e ele ficará realmente aliviado.
4. (Mulher) Este casal está namorando há cerca de dois anos, e estão muito apaixonados. Ela está ao 
telefone combinando o pagamento da metade do aluguel do salão para o casamento. Há 
uma revista de noivas sobre a mesa do lado. Eles parecem estar realmente apaixonados. 
Eu acho que tudo vai dar certo para eles, ainda que muitas coisas estejam contra – as 
taxas de divórcioe tudo o mais.
5. (Homem) Estes são dois amigos muito íntimos. O cara tem um problema e precisa conversar com 
alguém. Ele se sente muito deprimido e acha que está sozinho no mundo. Toda vez que 
começa a falar com ela sobre seus sentimentos, o telefone toca. Logo ele irá embora 
pensando que ninguém tem tempo para ele e se sentindo ainda mais sozinho. Não sei o 
que acontecerá com ele, mas não parece coisa boa.
Tabela 13.1 Uma descrição da figura de exemplo tipo TAT
Descrição do autor
Um homem e uma mulher estão sentados em estreita proximidade em um sofá. A mulher está falando ao telefone. Há uma mesa 
com uma revista sobre ela ao lado do sofá.
Demanda de estímulo manifesto
Alguma explicação da natureza do relacionamento entre essas duas pessoas e alguma razão para a mulher estar ao telefone 
são requeridas. Menos frequentemente notada é a revista sobre a mesa e seu papel na cena.
Demanda de forma
Dois grandes detalhes, a mulher e o homem, devem ser integrados. Pequenos detalhes incluem a revista e o telefone.
Demanda de estímulo latente
Esta figura pode evocar atitudes em relação à heterossexualidade, bem como material relevante ao examinando sobre otimis-
mo-pessimismo, segurança-insegurança, dependência-independência, passividade-assertividade e continuums relacionados. 
Alternativamente, atitudes relacionadas a família e amigos podem ser evocadas, com as duas figuras principais sendo vistas 
como irmão e irmã, a mulher falando ao telefone com um membro da família, e assim por diante.
Enredos frequentes
Não administramos este cartão a um número suficiente de pessoas para fazer julgamentos sobre o que constitui “enredos 
frequentes”. Entretanto, fornecemos uma amostragem de enredos (Tab. 13.2).
Variações significativas
Assim como não podemos fornecer informações sobre enredos frequentes, não podemos relatar dados sobre variações sig-
nificativas. Poderíamos imaginar, no entanto, que a maioria dos estudantes universitários vendo esta figura perceberia os dois 
indivíduos nela como estando envolvidos em um relacionamento heterossexual. Se esse fosse o caso, uma variação significativa 
seria uma história na qual os personagens não estão envolvidos em um relacionamento heterossexual (p. ex., eles são empre-
gador/empregado). Atenção clínica também será dada à natureza do relacionamento dos personagens com quaisquer “figuras 
introduzidas” (pessoas não retratadas no cartão mas introduzidas na história pelo examinando). A “puxada” deste cartão é 
introduzir a figura com quem a mulher está falando. Sobre o que é o telefonema? Como a história será resolvida?
454 Cohen, Swerdlik & Sturman
ds et al., 1990; Cramer, 1996; Gluck, 1955; Hibbard et al., 1994; Kagan, 1956; Keiser e Pra-
ther, 1990; Mussen e Naylor, 1954; Ronan et al., 1995; Worchel e Dupree, 1990). Alguns 
argumentaram que a mesma quantidade de informação motivacional poderia ser obtida 
por métodos de autorrelato, muito mais simples. Entretanto, uma metanálise dessa litera-
tura concluiu que havia pouca relação entre dados derivados do TAT e dados derivados 
de autorrelatos (Spangler, 1992). McClelland e colaboradores (1989) diferenciaram os pro-
dutos de autorrelatos e informação motivacional derivada do TAT, 
afirmando que as medidas de autorrelato produziam “motivos au-
toatribuídos” enquanto o TAT era capaz de produzir “motivos im-
plícitos”. Com base parcial em McClelland e colaboradores (1989), 
podemos definir um motivo implícito como uma influência não 
consciente sobre o comportamento normalmente adquirida com 
base na experiência.
Um estudo realizado por Peterson e colaboradores (2008) 
forneceu apoio parcial, não apenas para a hipótese projetiva, mas 
também para o valor do TAT na avaliação clínica. Os indivíduos da 
pesquisa eram 126 estudantes de introdução à psicologia (70 mulheres, 56 homens) cuja 
idade média era de cerca de 19 anos e meio. Todos completaram um questionário demo-
gráfico e foram pré-avaliados por medidas de autorrelato de personalidade e humor. Eles 
foram então expostos a músicas de rock com letras relacionadas a suicídio. As canções es-
pecíficas usadas foram Dirt, Desperate Now e Fade to Black. Os indivíduos completaram em 
seguida um teste de memória para a música que tinham ouvido. Também completaram 
medidas de autorrelato de personalidade e humor (novamente) e uma tarefa de narrativa 
da figura usando três cartões do TAT. De particular interesse entre os muitos achados foi o 
fato de que os traços de personalidade medidos previram o nível de resposta associada a 
suicídio nas histórias contadas. Os participantes que escreveram histórias com níveis mais 
altos de resposta relacionada a suicídio (a) tendiam a acreditar que o pensamento suicida 
era válido, e que as letras sobre suicídio nas canções eram potencialmente danosas, (b) se 
sentiram mais tristes, irritados e isolados enquanto escutavam a música e (c) foram mais 
propensos a relatar estados de afeto negativos após escutar a música. Um achado inespe-
rado desse estudo foi que
após escutar a música com letras suicidas, muitos participantes escreveram histórias projeti-
vas com temas altruístas [...] Há uma vasta literatura relacionando exposição a violência na 
música, nos videogames e nos filmes com agressividade aumentada, mas Meier e colaborado-
res, 2006, relataram que essa relação não ocorre para indivíduos com escores altos em medi-
das de socialização. De fato, esses indivíduos respondem a sugestões relacionadas a agressão 
acessando pensamentos pró-sociais. (Peterson et al., 2008, p. 167)
Embora a relação entre expressão de histórias de fantasia e comportamento da vida 
real seja na melhor das hipóteses experimental, e embora o TAT seja muito suscetível a 
falsificação, o teste é amplamente usado pelos clínicos. A lógica do TAT, e de muitos testes 
de história da figura semelhantes publicados (ver Tab. 13.2), tem grande apelo intuitivo. 
Faz sentido que as pessoas projetem sua própria motivação quando solicitadas a criar 
uma história a partir de um estímulo ambíguo. Outro apelo para os aplicadores desse 
teste é o fato de ser o clínico a adaptar a administração do teste selecionando os cartões e 
a natureza do inquérito – um aspecto muito bem recebido por muitos clínicos em uma era 
de testes adaptados para computador e resumos de narrativas gerados por computador. 
E assim como o TAT, e muitos outros instrumentos de avaliação projetivos, o teste deve 
ser finalmente julgado por um padrão diferente, de orientação mais clínica do que psico-
métrica, para que sua contribuição para a avaliação da personalidade seja apreciada em 
sua totalidade.
Outros testes usando figuras como estímulos projetivos Após a publicação do TAT 
e sua subsequente adoção por muitos clínicos, diversos outros testes semelhantes fo-
R E F L I T A . . .
Se alguém lhe perguntar sobre sua “necessidade 
de realizar”, o que você diria? Como o que você 
diz poderia diferir da medida “implícita” de ne-
cessidade por realização que surgiria de seu 
protocolo do TAT?
Testagem e Avaliação Psicológica 455
ram publicados. A razão para criar alguns desses testes tem a ver com sua contribuição 
sugerida em termos de maior identificação do testado com as imagens retratadas nos 
cartões. Assim, por exemplo, um grupo de testes do tipo TAT concebidos para uso com 
idosos apresenta pessoas mais velhas nas figuras (Bellak e Bellak, 1973; Starr e Weiner, 
1979; Wolk e Wolk, 1971). A suposição feita pelos autores desses testes é que figuras re-
presentando pessoas mais velhas serão mais relevantes para o idoso e desse modo evo-
carão respostas verbais refletindo com mais precisão conflitos interiores. Verdon (2011) 
levantou algumas questões importantes a respeito de suposições inerentes ao uso de tais 
instrumentos. Um de seus questionamentos tinha a ver com a adequação de tratar o ido-
so como um grupo quando se trata de medidas como o TAT. Ele escreveu, “Nunca deve-
mos esquecer que essas pessoas também foram um dia crianças, adolescentes e adultosjovens, e que suas experiências passadas de prazer e dor, esperança e desencanto ainda 
estão presentes em suas vidas mentais. Por essa razão, devemos ter o cuidado de não 
considerar a população idosa como uma entidade clínica homogênea cujas características 
mentais e preocupações não teriam nada mais a ver com aquelas de seu passado” (p. 62). 
Verdon questionou se os cartões mostrados a testandos idosos devem necessariamente 
retratar figuras idosas se eles são para evocar temas ligados a perda e desesperança; os 
cartões do TAT originais podiam fazer isso, e podem até ser mais eficazes nesse sentido. 
Verdon advertiu:
Tabela 13.3 Alguns testes de história da figura
Teste de história da figura Descrição
Thompson (1949) modification of the original TAT Concebido especificamente para uso com testandos afro-ame-
ricanos, com figuras contendo protagonistas negros e brancos.
TEMAS (Malgady et al., 1984) Concebido para uso com crianças hispânicas urbanas, com de-
senhos de cenas relevantes à experiência delas.
Children’s Apperception Test (CAT; Bellak, 1971) (primeira 
publicação em 1949)
Concebido para uso dos 3 aos 10 anos de idade com base na 
ideia de que animais envolvidos em várias atividades eram úteis 
para estimular narrativa projetiva pelas crianças.
Children’s Apperception Test-Human (CAT-H; Bellak e 
Bellak, 1965)
Uma versão do CAT baseada na ideia de que, dependendo da 
maturidade da criança, uma resposta mais clinicamente valiosa 
poderia ser obtida com seres humanos em vez de animais nas 
figuras.
Senior Apperception Technique (SAT; Bellak e Bellak, 1973) Teste de história da figura retratando imagens relevantes a adul-
tos mais velhos.
The Picture Story Test (Symonds, 1949) Para uso com adolescentes, com figuras projetadas para evocar 
temas relacionados a eles como chegar tarde em casa e sair 
de casa.
Education Apperception Test (Thompson e Sones, 1973) e 
o School
Dois testes independentes, listados juntos aqui porque ambos 
foram concebidos para explorar temas relacionados à escola.
Apperception Method (Solomon e Starr, 1968) Para idades de 8 a 14 anos, contém figuras projetadas para 
evocar vários temas, variando de conflito com autoridade a sen-
timentos de inadequação pessoal.
The Michigan Picture Test (Andrew et al., 1953) Concebido para evocar uma variedade de temas de desenvolvi-
mento, como confrontação familiar, conflito parental, afeto pa-
rental, atitudes em relação à escola e ação dos pares.
Roberts Apperception Test for Children (RATC; McArthur e 
Roberts, 1982)
Teste com base em teoria fundamentada no trabalho de Alfred 
Adler.
Children’s Apperceptive Story-Telling Test (CAST; 
Schneider, 1989)
Itens do tipo quadrinhos, de base psicanalítica, apresentando 
Blacky, o Cão.
Blacky Pictures Test (Blum, 1950)
Make a Picture Story Method (Shneidman, 1952) Para as idades de 6 anos e acima; os respondentes constroem 
suas próprias figuras a partir de materiais de corte incluídos no 
kit do teste e então contam uma história.
456 Cohen, Swerdlik & Sturman
se o material corresponder de maneira muito rigorosa a situações da vida real, haverá pouca 
margem para fantasia, e o discurso da pessoa pode ser considerado literal, como supostamen-
te refletindo problemas reais de suas vidas diárias. Por outro lado [...] se o ator e o narrador 
da cena forem um só, correremos o risco de atribuir um valor positivo a uma história que é na 
verdade convencional, na qual os conflitos são evitados ou minimizados. (Verdon, 2011, p. 25)
Há outros tipos de instrumentos projetivos, não tão semelhantes ao TAT, que tam-
bém usam figuras como estímulos. Uma dessas técnicas, o Teste das Mãos (Hand Test) 
(Wagner, 1983), consiste em nove cartões com figuras de mãos e um décimo cartão em 
branco. Ao testando é perguntado o que as mãos em cada cartão poderiam estar fazendo. 
Quando é apresentado o cartão em branco, ele é instruído a imaginar um par de mãos 
no cartão e então descrever o que elas poderiam estar fazendo. Os testandos podem dar 
várias respostas a cada cartão, e todas são registradas. As respostas são interpretadas de 
acordo com 24 categorias, como afeto, dependência e agressão.
Outra técnica projetiva, o Estudo de Figura-Frustração de Rosenzweig (Rosenzweig 
Picture-Frustration Study) (Rosenzweig, 1945, 1978), emprega quadrinhos retratando si-
tuações frustrantes (Fig. 13.7). A tarefa do testando é preencher a resposta da figura do 
quadrinho que está sendo frustrada. O teste, que é baseado na suposição de que o testan-
do se identificará com a pessoa que está sendo frustrada, está disponível nas formas para 
crianças, adolescentes e adultos. As crianças pequenas respondem da mesma maneira às 
figuras, enquanto testandos mais velhos podem responder oralmente ou por escrito. Um 
período de inquérito é sugerido após a administração de todas as figuras a fim de escla-
recer as respostas.
As respostas do teste são pontuadas em termos do tipo de reação evocada e da dire-
ção da agressão expressada. A direção da agressão pode ser impunitiva (agressão voltada 
para dentro), extrapunitiva (expressa para fora) ou impunitiva (a agressão é contornada 
a fim de evitar ou disfarçar a situação). As reações são agrupadas em categorias, como 
dominância do obstáculo (na qual a resposta se concentra na barreira frustrante), defesa 
do ego (na qual a atenção é focada em proteger a pessoa frustrada) e persistência da ne-
cessidade (na qual a atenção é dirigida a resolver o problema frustrante). Para cada cate-
goria de pontuação, a porcentagem de respostas é calculada e comparada com os dados 
É contrangedor que meu 
carro tenha quebrado e 
feito você perder seu 
trem.
Figura 13.7 Exemplo de item do Estudo da Figura-Frustração de Rosenzweig.
Testagem e Avaliação Psicológica 457
normativos. Uma avaliação de conformidade do grupo (Group Conformity Rating-GCR) 
é obtida representando o grau em que as respostas do indivívuo se ajustam ou são típicas 
do grupo de padronização. Esse teste captou a imaginação dos pesquisadores durante 
décadas, embora ainda existam dúvidas sobre como as reações aos quadrinhos retratando 
situações frustrantes estão relacionadas com situações da vida real.
Uma variação do método de história da figura pode atrair clínicos à moda antiga bem 
como clínicos que se beneficiam dos dados normativos com todas as estatísticas associa-
das. O Teste Aperceptivo da Personalidade (Apperceptive Personality Test) (APT; Karp et 
al., 1990) representa uma tentativa de enfrentar algumas críticas de longa data do TAT 
como um instrumento projetivo, ao mesmo tempo introduzindo objetividade no sistema 
de pontuação. O teste consiste em oito cartões de estímulo “retratando pessoas reconhecí-
veis em situações cotidianas” (Holmstrom et al., 1990, p. 252), incluindo homens e mulhe-
res de idades diferentes e membros do grupo de minoria. Isso, a propósito, contrasta com 
os cartões de estímulo do TAT, alguns dos quais retratam tipos de cenas fantásticas ou irre-
ais.4 Outra diferença entre o APT e o TAT é o tom emocional e o sorteio dos cartões de estí-
mulo. Uma antiga crítica dos cartões do TAT tem sido seu tom negativo ou sombrio, que 
pode restringir a gama de afetos projetados por um testando (Garfield e Eron, 1948; Ritzler 
et al., 1980). Após narrar uma história sobre cada uma das figuras do APT oralmente ou 
por escrito, os testandos respondem a uma série de questões de 
múltipla escolha. Além de suprir informações quantitativas, o seg-
mento de questionário do teste foi concebido para preencher lacu-
nas de informação das histórias que eram muito curtas ou enigmá-
ticas para serem pontuadas. As respostas são, portanto, submetidas 
à interpretação clínica e atuarial e podem, na verdade, ser pontua-
das e interpretadas com programas de computador.
Toda figura conta uma história – bem, espera-se a bem do clí-
nico ou do pesquisador que estão tentando coletar dados por meio 
de um teste projetivo de história da figura. De outro modo, pode 
ser o momento de introduziroutro tipo de teste, um em que as próprias palavras sejam 
usadas como estímulos projetivos.
Palavras como estímulos projetivos
As técnicas projetivas que empregam palavras ou frases e sentenças abertas são referidas 
como técnicas semiestruturadas porque, embora permitam uma variedade de respostas, 
ainda fornecem uma estrutura na qual o indivíduo deve operar. Talvez os dois exemplos 
mais conhecidos de técnicas projetivas verbais sejam os testes de associação de palavras e os 
testes de conclusão da sentença.
Testes de associação de palavras A associação de palavras é uma tarefa que pode ser usa-
da na avaliação da personalidade na qual um avaliando verbaliza a primeira palavra que 
vem à mente em resposta a uma palavra de estímulo. Um teste de associação de pala-
vras pode ser definido como uma técnica projetiva, semiestruturada de avaliação da per-
sonalidade, administrada individualmente. Ele envolve a apresentação de uma lista de 
palavras de estímulo, a cada uma das quais um avaliando responde verbalmente ou por 
escrito com qualquer coisa que logo venha à mente após a primeira exposição à palavra. 
As respostas são então analisadas com base no conteúdo e em outras variáveis. A primei-
ra tentativa de investigar a associação de palavras foi feita por Galton (1879). O método 
de Galton consistia em apresentar uma série de palavras de estímulo não relacionadas e 
instruir o indivíduo a responder com a primeira palavra que viesse à mente. O interesse 
4 Murray e colaboradores (1938) acreditavam que tipos de estímulos fantásticos ou irreais poderiam ser particu-
larmente eficazes para explorar processos inconscientes.
R E F L I T A . . .
Para os propósitos de um teste como o TAT, por 
que a representação de pessoas contemporâ-
neas “normais” nos cartões poderia funcionar 
melhor ou pior do que as imagens atualmente 
neles?
458 Cohen, Swerdlik & Sturman
continuado no fenômeno de associação de palavras resultou em estudos adicionais. Mé-
todos precisos foram desenvolvidos para registrar as respostas dadas e o tempo decorrido 
antes de obter uma resposta (Cattell, 1887; Trautscholdt, 1883). Cattell e Bryant (1889) 
foram os primeiros a usar cartões com palavras de estímulo impressas. Kraepelin (1895) 
estudou o efeito de estados físicos (como fome e fadiga) e da prática sobre a associação 
de palavras. Evidências crescentes de experiências levaram os psicólogos a acreditar que 
as associações feitas pelos indivíduos com as palavras não eram acontecimentos casuais, 
mas resultado da interação entre as experiências de vida, as atitudes pessoais e as caracte-
rísticas únicas de suas personalidade.
Jung (1910) sustentava que, por selecionar certas palavras-chave que representavam 
possíveis áreas de conflito, as técnicas de associação de palavras podiam ser empregadas 
para fins de psicodiagnóstico. Os experimentos de Jung serviram como inspiração para a 
criação do Teste de Associação de Palavras desenvolvido por Rapaport e colaboradores 
(1945-1946) na Menninger Clinic. Esse teste consistia em três partes. Na primeira, cada pa-
lavra de estímulo era administrada ao examinando, que tinha sido instruído a responder 
rapidamente com a primeira palavra que viesse à mente. O examinador registrava o tempo 
que o indivíduo levava para responder a cada item. Na segunda parte, cada palavra de estí-
mulo voltava a ser apresentada ao examinando. Este era orientado a reproduzir as respostas 
originais. Qualquer desvio entre a resposta original e essa segunda resposta era registrado, 
assim como o tempo decorrido antes da reação. A terceira parte do teste era o inquérito. 
Aqui, o examinador fazia perguntas para esclarecer a relação que existia entre a palavra de 
estímulo e a resposta (p. ex., “Sobre o que você está pensando?” ou “O que está passando 
na sua mente?”). Em alguns casos, ela pode ter sido óbvia; em outros, entretanto, a relação 
entre as duas palavras pode ter sido extremamente idiossincrásica ou mesmo bizarra.
O teste de Rapaport e colaboradores consistia em 60 palavras, algumas consideradas 
neutras pelos autores do teste (p. ex., cadeira, livro, água, dança, táxi) e algumas caracteri-
zadas como “traumáticas”. Na última categoria estavam “palavras com probabilidade de 
tocar em material pessoal sensível de acordo com a experiência clínica e também palavras 
que atraem distúrbios associativos” (Rapaport et al., 1968, p. 257). Exemplos de palavras 
assim designadas eram amor, namorada, namorado, mãe, pai, suicídio, fogo, seio e masturbação.
As respostas no Teste de Associação de Palavras eram avaliadas com respeito a va-
riáveis como popularidade, tempo de reação, conteúdo e respostas de teste-reteste. Dados 
normativos eram fornecidos em relação à porcentagem de ocorrência de certas respostas 
para estudantes universitários e grupos esquizofrênicos. Por exemplo, para a palavra es-
tômago, 21% do grupo universitário respondeu com “dor” e 13% 
com “úlcera”. No grupo esquizofrênico, 10% respondeu com “úl-
cera”. Para a palavra boca, 20% da amostra universitária respondeu 
com “beijo”, 13% com “nariz”, 11% com “língua”, 11% com “lá-
bios”, e 11% com “comer”. No grupo esquizofrênico, 19% respon-
deu com “dentes”, e 10% com “comer”. O teste não tem uso clínico 
generalizado hoje, mas tende a ser mais encontrado na aplicação 
de pesquisa ocasional.
O Teste de Associação Livre de Kent-Rosanoff (Kent e Rosa-
noff, 1910) representou uma das primeiras tentativas de desenvolver um teste padroniza-
do usando palavras como estímulos projetivos.5 O teste consistia em 100 palavras de estí-
mulo, todas usadas comumente e consideradas neutras em termos de impacto emocional. 
A amostra de padronização consistiu em mil adultos normais que variavam em localiza-
5 O termo associação livre refere-se à técnica de fazer os indivíduos relatarem todos os seus pensamentos en-
quanto estão ocorrendo e é mais frequentemente utilizada na psicanálise; a única estrutura imposta é fornecida 
pelos próprios indivíduos. A técnica empregada no Kent-Rosanoff é a de associação de palavras (não de as-
sociação livre), na qual o examinando relata a primeira palavra que vem à mente em resposta a uma palavra de 
estímulo. O termo associação livre no título do teste é, portanto, equivocado.
R E F L I T A . . .
Se comparados com a década de 1940, quanta 
emoção você acha que despertam os estímulos 
“traumáticos” do Teste de Associação de Pala-
vras pelos padrões contemporâneos? Por quê?
Testagem e Avaliação Psicológica 459
ção geográfica, nível educacional, ocupação, idade e capacidade intelectual. Tabelas de 
frequência baseadas nas respostas desses mil casos foram desenvolvidas. Essas tabelas 
eram usadas para avaliar as respostas dos examinandos de acordo com o julgamento clí-
nico de psicopatologia. Foi verificado que os pacientes psiquiátricos tinham uma frequên-
cia mais baixa de respostas populares do que os indivíduos normais do grupo de padro-
nização. Entretanto, à medida que se tornou evidente que a individualidade das respostas 
pode ser influenciada por muitas outras variáveis além de psicopa-
tologia (tais como criatividade, idade, educação, e fatores socioeco-
nômicos), a popularidade do Kent-Rosanoff como instrumento de 
diagnóstico diferencial diminuiu. Prejudicial, também, foi a pes-
quisa indicando que as pontuações nesse teste não estavam rela-
cionadas com outras medidas de pensamento psicótico (Ward et 
al., 1991). Contudo, o teste resiste como instrumento padronizado 
de respostas de associação de palavras e, mais de 90 anos após sua 
publicação, continua a ser usado na pesquisa experimental e na prática clínica.
Testes de completar sentenças Outras técnicas projetivas que usam material verbal como es-
tímulos projetivos são os testes de completar sentenças. Em geral, completar sentença refere-se 
a uma tarefa na qual o avaliando é instruído a terminar uma sentença ou frase incompletas. 
Um teste de completar sentenças é uma técnica projetiva de avaliação da personalidade, 
semiestruturada,que envolve a apresentação de uma lista de palavras que iniciam uma sen-
tença, e a tarefa do avaliando é responder concluindo cada sentença com quaisquer palavra 
ou palavras que venham à mente. Para obter alguma experiência antecipada com os itens dos 
testes de completar sentenças, como você completaria as seguintes sentenças?
Eu gosto de __________________________________________________________________.
Algum dia, eu vou ____________________________________________________________.
Eu sempre vou lembrar do tempo _______________________________________________.
Eu me preocupo ______________________________________________________________.
Eu fico mais assustado quando _________________________________________________.
Meus sentimentos estão feridos _________________________________________________.
Minha mãe __________________________________________________________________.
Eu queria que meus pais _______________________________________________________.
Os testes de completar sentenças podem conter itens que, como os itens de exemplo 
apresentados, são bastante gerais e adequados para administração em uma ampla varie-
dade de contextos. Alternativamente, radicais de sentenças (a parte do item de conclu-
são da sentença que não está em branco, mas deve ser criada pelo testando) podem ser 
desenvolvidos para uso em tipos específicos de contextos (como escolas ou negócios) ou 
para fins específicos. Os testes de completar sentenças podem ser um tanto ateóricos ou 
ligados muito estreitamente a alguma teoria. Como exemplo do último, o Teste de Com-
pletar Sentenças da Washington University (Loevinger et al., 1970) foi baseado nos textos 
de Loevinger e seus colegas na área de desenvolvimento de autoconceito.
Uma série de testes de completar sentenças padronizados estão disponíveis para o clí-
nico. Um destes, o Teste de Sentenças Incompletas de Rotter6 (Rotter e Rafferty, 1950), pode 
ser o mais popular de todos. O Rotter foi desenvolvido para uso com populações de 9a série 
até a idade adulta e está disponível em três níveis: ensino médio, faculdade e adulto. Os 
testandos são orientados a responder a cada um dos itens de sentença incompleta de uma 
forma que expresse seus “reais sentimentos”. O manual sugere que as respostas sejam in-
terpretadas de acordo com várias categorias: atitudes familiares, atitudes sociais e sexuais, 
atitudes gerais e traços de caráter. Cada resposta é avaliada em uma escala de sete pontos 
que varia de necessidade de terapia a ajustamento extremamente bom. De acordo com os estudos 
psicométricos citados no manual do teste, o Rotter é um instrumento confiável e válido.
6 O som do o em Rotter é longo.
R E F L I T A . . .
Rapidamente! O primeiro pensamento que vem 
a sua mente quando você ouve o termo ... asso-
ciação de palavras.
460 Cohen, Swerdlik & Sturman
Em geral, um teste de completar sentenças pode ser uma forma útil e direta de obter 
informações de um testando honesto e verbalmente expressivo sobre diversos tópicos. Os 
testes podem explorar interesses, aspirações educacionais, metas fu-
turas, medos, conflitos, necessidades – quase tudo sobre o que o tes-
tando se preocupa em ser sincero. Os testes têm um alto grau de vali-
dade de face. Entretanto, com esse alto grau de validade de face vem 
um certo grau de transparência sobre o objetivo do teste. Por essa ra-
zão, os testes de completar sentenças talvez sejam os mais vulnerá-
veis de todos os métodos projetivos à falsificação por parte de um 
examinando pretendendo passar uma boa – ou má – impressão.
Sons como estímulos projetivos
Vamos declarar, desde o início, que esta seção foi incluída mais como uma nota de rodapé 
fascinante na história dos projetivos do que como uma descrição de testes com ampla uti-
lização. A história do uso do som como um estímulo projetivo é fascinante devido a suas 
origens no laboratório de um colega da Harvard University, jovem à época. Você pode 
ficar surpreso ao saber que foi um behaviorista cujo nome raramente foi pronunciado na 
mesma frase que o termo teste projetivo por algum psicólogo contemporâneo: B. F. Skinner 
(Fig. 13.8). O dispositivo era alguma coisa “como manchas de tinta auditivas” (Skinner, 
1979, p. 175).
R E F L I T A . . .
Há uma maneira de os testes de completar sen-
tenças serem tornados “menos transparentes” e 
portanto menos vulneráveis à falsificação?
Figura 13.8 Teste Projetivo Pioneiro B. F. Skinner... O quê?!
Trabalhando na Harvard Psychological Clinic com as bênçãos (e mesmo algum apoio financeiro) de Henry Murray, B. F. 
Skinner (que hoje é um ícone do behaviorismo) demonstrou grande entusiasmo por um teste projetivo auditivo que havia 
desenvolvido. Acreditava que a técnica tinha potencial como “um dispositivo para expulsar os complexos” (Skinner, 1979, p. 
176). Inúmeros psicólogos bem conhecidos da época aparentemente concordaram. Por exemplo, Joseph Zubin, em corres-
pondência com Skinner, escreveu que a técnica de Skinner era promissora “como um meio para lançar luz sobre os aspectos 
menos objetivos do experimento de Rorschach” (Zubin, 1939). Sem dúvida, se o teste de fato tivesse toda essa promissão, 
Skinner provavelmente estaria tendo a mesma consideração neste capítulo que Murray e Rorschach.
Testagem e Avaliação Psicológica 461
A época era a metade da década de 1930. Os colegas de Skinner Henry Murray 
e Christiana Morgan estavam trabalhando no TAT na Harvard Psychological Clinic. A 
teoria psicanalítica estava muito em voga. Mesmo os behavioristas eram curiosos sobre a 
abordagem de Freud, e alguns estavam até se submetendo à psicanálise. Ligando o equi-
pamento de seu laboratório no prédio da biologia, o som rítmico servia como estímulo 
para Skinner criar palavras que combinavam com ele. Isso o inspirou a pensar em uma 
aplicação para o som, não apenas em termos comportamentais mas na evocação de com-
portamento verbal “latente” que era significativo “no sentido freudiano” (Skinner, 1979, 
p. 175). Ele criou uma série de registros de sons parecidos com vogais faladas, abafadas, 
aos quais as pessoas seriam instruídas a associar. Os sons, reunidos em um dispositi-
vo que chamou de somador verbal, presumivelmente atuaria como um estímulo para a 
pessoa verbalizar certos materiais inconscientes. Henry Murray, a propósito, gostou da 
ideia e forneceu a Skinner uma sala na clínica para testar indivíduos. Saul Rosenzweig 
também gostou da ideia; ele e David Shakow rebatizaram o instrumento de tautofone 
(do grego tauto, significando “dizer o mesmo”) e fizeram pesquisas com ele (Rutherford, 
2003). Suas instruções para os indivíduos eram como segue:
Isto é um fonógrafo. Nele está gravada a voz de um homem dizendo coisas diferentes. A voz 
dele é bastante abafada, portanto eu vou repetir a gravação várias vezes. Você tem que escutar 
com cuidado. Assim que tiver alguma ideia do que ele está dizendo, você me diz imediata-
mente. (Shakow e Rosenzweig, 1940, p. 217)
Relatado em detalhes por Rutherford (2003), havia pouca evidência convincente 
demonstrando que o instrumento podia diferenciar entre membros de grupos clínicos 
e não clínicos. Contudo, inúmeras outras técnicas projetivas auditivas foram desenvol-
vidas. Havia o Teste de Apercepção Auditiva (Stone, 1950), no qual a tarefa do indiví-
duo era responder criando uma história baseada em três sons tocados na gravação de 
um fonógrafo. Outros pesquisadores produziram testes semelhantes, um chamado de 
teste auditivo de associação de sons (Wilmer e Husni, 1951) e o outro referido como 
um teste de apercepção auditiva (Ball e Bernardoni, 1953). Hen-
ry Murray também entrou em cena com seu teste Azzageddi 
(Davids e Murray, 1955), nomeado em homenagem a um perso-
nagem de Herman Melville. Ao contrário de outros projetivos 
auditivos, o Azzageddi apresentava aos indivíduos parágrafos 
falados.
Então, por que os editores de testes hoje não estão gravando 
CDs com sons projetivos em um ritmo correspondente à publica-
ção de manchas de tinta e figuras? Rutherford

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