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Direito Constitucional TEORIA DA CONSTITUIÇÃO NOÇÕES GERAIS • Em linhas gerais, o Direito Constitucional estuda a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados. • É dividido pela doutrina em três grandes ramos: a) Direito Constitucional Positivo (estuda uma determinada Constituição – a brasileira, a americana etc.). b) Direito Constitucional Comparado (estuda a comparação entre duas ou mais Constituições – seria mais um método do que uma ciência). c) Direito Constitucional Geral (busca identificar os conceitos e as noções gerais que estão em todas as Constituições). O Direito Constitucional Geral é a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. Objeto do Direito Constitucional geral: a) o próprio conceito de Direito Constitucional; b) seu objeto genérico; c) seu conteúdo; d) suas relações com outras disciplinas; e) suas fontes; f) a evolução do constitucionalismo; g) a própria teoria da Constituição e também a teoria do poder constituinte etc. CONSTITUCIONALISMO De maneira simplista, o constitucionalismo decorre da já antiga e rudimentar ideia de que a vida em sociedade deve ser pautada por normas, e que estas devem ter, na norma constitucional, o seu ápice de hierarquia e força. Originalmente, retrata um movimento político-social voltado essencialmente para limitar o poder arbitrário do Estado. Tradicionalmente, o constitucionalismo pode ser dividido em: antigo, da idade média, moderno e contemporâneo. O CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: a) tem suas raízes entre os hebreus, para quem as leis dos homens estariam limitadas pelos comandos divinos; b) também as cidades-estados gregas tiveram papel importante no seu desenvolvimento. (maior compreensão do que os hebreus, mas ainda vinculados ao poder divino) O CONSTITUCIONALISMO DA IDADE MÉDIA: Aparece com a Magna Carta do Rei João Sem-Terra (de 1215) que: É a base do constitucionalismo moderno. a) apesar de ser um documento instituidor de privilégios (em favor dos barões feudais), acabou representando uma limitação do poder real (implicitamente, previu que o rei passava a estar vinculado às leis); b) foi o embrião da sociedade moderna (daí a sua importância histórica para a evolução do constitucionalismo). Porém, o constitucionalismo inglês medieval não se restringiu à elaboração da Magna Carta do Rei João da Inglaterra, podendo ser dividido em duas fases: a) a fase dos primórdios, iniciada em 1215, com a Magna Carta; b) a fase de transição, aberta em princípios do século XVII, pela luta entre o Rei e o Parlamento e de que são momentos culminantes a Petição de Direito (Petition of Rights) de 1628, as revoluções de 1648 e 1688 e a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1689. O CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SÉCULO XVIII): Ideia central: limitação do poder estatal a) ateve como dois grandes símbolos (pela limitação do poder estatal) a Constituição Norte-americana de 1787 e a Revolução Francesa de 1789 (e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791); Direito Constitucional b) foi fortemente influenciado pelo iluminismo (Locke, Hobbes, Rousseau, Montesquieu, defendiam que as crenças religiosas e o misticismo, típicos da Idade Média, deveriam ceder espaço ao racionalismo); c) se pautava pela publicidade e pela necessidade do amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; d) fez eclodir a noção sobre a importância de as cartas constitucionais serem escritas e não mais costumeiras. O CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO: a) surgiu após o final da 2ª Guerra Mundial; b) vem pautado pela necessidade de se reformular o conceito de Constituição (para não mais admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana e outros valores como a justiça a paz social); (aparência de legalidade que não é legal – decorrente do período de guerras) c) fortalecimento da defesa dos direitos fundamentais (Declaração dos Direitos de 1948 etc.); NEOCONSTITUCIONALISMO Conceito/movimento surgido na Espanha e na Itália, como decorrência do panorama histórico pós-guerra e fruto de suas mazelas. Repercutiu na doutrina brasileira a partir da divulgação da obra Neoconstitucionalismo, organizada pelo mexicano Miguel Carbonell, em 2003. Seus adeptos buscam embasamento em Dworkin, Alexy, Peter Härbele, Gustavo Zagrebelsky, Ferrajoli e Carlos Santiago Nino, mesmo que nenhum deles tenha se definido como neoconstitucionalista – mas das ideias difundidas pelo neoconstitucionalismo. Em linhas gerais, a jurisdição constitucional seria o remédio adequado para minimizar os riscos de que as maiorias políticas voltem a abusar do seu poder para promover barbáries (como o nazismo) contra os direitos fundamentais das pessoas. papel das cortes constitucionais. As Constituições do pós-guerra são marcadas por elevado teor axiológico (uso de conceitos), caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica (significados), importando em sua aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos; busca pela adaptação aos novos conceitos surgidos na sociedade, buscando um papel mais atuante do poder judiciário. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: a) valorização dos princípios; b) adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação; c) abertura da argumentação jurídica à moral; d) reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na agenda de concretização dos valores constitucionais. PRINCIPAIS CRÍTICAS AO NEOCONSTITUCIONALISMO: a) seu pendor judicialista é antidemocrático (em razão de o juiz não ser representante da população, não há prestação de contas social); b) sua preferência por princípios e ponderação, em detrimento de regras, é perigosa; c) pode gerar uma panconstitucionalização do Direito (excesso de constitucionalização), em detrimento da autonomia pública do cidadão e da autonomia privada do indivíduo. No Brasil, esse movimento só iniciou com a CF/1988, eis que até então as Constituições não eram vistas como autênticas normas constitucionais. São adeptos Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.
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