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ACÚSTICA ARQUITETÔNICA Silvana Laiz Remorin Projeto acústico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar o ambiente sonoro harmônico. Identificar as medidas e os cálculos necessários para a elaboração de um projeto de acústica. Analisar os critérios para a implantação do projeto acústico. Introdução O projeto acústico é voltado para o conforto do homem em qualquer ambiente, variando de teatros e casa de shows a restaurantes ou local de trabalho. Conforto acústico não é um luxo e deve ser planejado com cuidado, de acordo com as necessidades de cada espaço. Neste capítulo, você vai estudar a importância do projeto acústico e o impacto no dia a dia do ser humano. Trabalhar com ambientes projetados e planejados faz diferença, e análises e critérios para essa implementação são importantes para garantir o conforto. Você vai estudar, também, os cálculos necessários às propriedades do som. Ambiente sonoro harmônico O ser humano interage com o ambiente construído através dos cinco sentidos (visão, tato, calor, olfato e audição) e, por isso, estar alerta aos estímulos no ambiente construído é fundamental e nos dá uma compreensão espacial (LOPES, 2010). A visão nos mostra distâncias, formas, tamanhos, luzes, cores. A audição é o sentido do eco e efeitos acústicos. Já o olfato é um sentido imediato, emotivo e primitivo, capaz de remeter ao passado (LOPES, 2010). O ambiente afeta o comportamento, podendo provocar fadiga, monotonia, dor, irritabilidade, assim como proporcionar sensação de ânimo, alegria e relaxamento. Guedes (2005) menciona que a poluição sonora ambiental é a combinação de muitas fontes sonoras — alarmes, sirenes, comércio, indústrias, trânsito — e tem elevado o nível de ruído urbano e contribuído para ambientes desagradáveis. Sons urbanos são comuns, porém têm se tornado cada vez mais degradantes ao meio ambiente, comprometendo a qualidade de vida. A avaliação do ruído ambiental por mapeamento e predição acústica pode ser útil, pois permite visualizar e quantificar o ruído ambiental, contribuindo para um planejamento adequado. Conforme Guedes (2005), alguns ruídos presentes em ambientes urbanos e a influência da forma urbana no ambiente sonoro de uma região podem determinar se o ambiente é nocivo ou não para o homem. O autor ainda de- fende que a forma urbana ou da edificação influencia na propagação sonora e no ambiente sonoro, através das características físicas como a disposição de edificações, perfis e ruas, contribuindo para a qualidade acústica. Como em um ambiente caótico, pode ser utilizado algum aspecto sonoro para uma comunicação que produza de fato uma mudança que seja iniciada com a mudança de hábitos. Vemos que esse ambiente ruidoso (e caótico) não é sempre destrutivo para a comunicação e a ambientação com o meio, mas pode ser considerado rico para um novo padrão de comunicação (FERNANDES, 2017). Pereira (2003) comenta que o ambiente urbano é um importante indicador de qualidade de vida na cidade e por isso há uma tendência de estudos na gestão de ruído urbano, porém não se deve isolar esse fator de todo um contexto, definindo como se as outras percepções não interferissem dentro do contexto de ambiente. O ambiente sonoro deve ser analisado como um todo, não apenas estímulos que o ambiente irá produzir, mas dos demais fatores presentes. Para isso, Fernandes (2017) indica que são três as matrizes da linguagem: a sonora, a visual e a verbal, que são as qualidades associadas que nos remetem à união de percepção que temos como um todo e não de elementos separados, por Projeto acústico2 isso, lugares, cheiros, podem nos trazer memórias e sensações, assim como acontece com os sons. Pereira (2003) complementa que os parâmetros de compreensão sobre a percepção e a sensação de um ambiente harmonioso por parte do usuário, devem avaliar também a questão cultural e devem ser levados em consideração no estudo e implementação do conforto acústico. De acordo com Lacerda et al. (2005), reações psíquicas como a motivação e a disposição podem ser alteradas, devido à negatividade vinda de um ambiente ruidoso. Nervosismo e a agressividade aumentam e o desenvolvimento de aprendizagem e da concentração são afetados, levando à redução da capacidade de trabalho e da capacidade de percepção. Losso (2003) menciona que o ruído de fundo é considerado o ruído existente em um determinado local que se origina de diversas maneiras e que sempre há um ruído baixo em uma edificação em uso normal no nosso dia a dia, pois qualquer perturbação caótica contribui para esse ruído, o balançar de uma folha ou uma sirene. O caso é que podemos não perceber, mas o ruído de fundo está presente. Os meios da arquitetura são determinados pela capacidade humana de criar e sentir diferenciações físicas do espaço, não apena na questão visual, mas na diferenciação entre calor e frio, movimento do ar, toque das superfícies e as sensações sonoras. Se as informações quanto às técnicas forem pensadas tardiamente, isso irá impactar na harmonização do ambiente como um todo, pois erros de projeto tem um custo elevado, principalmente em edifícios complexos. Sendo assim, o projeto deve ser planejado com esquemas, fórmulas com testes e simulações (LOPES, 2010). O mesmo autor ainda indica que a qualidade acústica é um dos requisitos que devem ser considerados como traços iniciais do projeto, pois é uma ciência ampla de categorias de mecanismos, fenômenos e unidades relacionadas ao estudo do som. O estudo da propagação, reflexão e absorção do som, vai fornecer diretrizes ao projeto arquitetônico, influenciado o resultado final do edifício. Teatros, auditórios igrejas, por exemplo, são edificações que dependem dos requisitos acústicos para a qualidade do funcionamento e por isso o seu projeto é influenciado pelo atendimento dos requisitos, garantindo a total funcionalidade do espaço. Lopes (2010) menciona ainda que vemos a importância da estética e do valor da arquitetura unido à necessidade da aplicação do conceito acústico para um bom aproveitamento do espaço, analisando a importância de unir esses dois conceitos. Na acústica arquitetônica, os dois problemas fundamentais a serem tratados são: a qualidade do som nos recintos e a proteção contra 3Projeto acústico ruídos. A acústica em teatros e auditórios é algo primordial, já que, além da funcionalidade do espaço, sua aplicação traz consequências à arquitetura. O projeto acústico de uma sala de concerto contribui para a performance dos músicos e da percepção do ouvinte. Uma sala sem projeto acústico, ou um projeto mal realizado, vai prejudicar a apreciação da apresentação, por exemplo. Para Lopes (2010), a preocupação com a qualidade estética sempre esteve presente na arquitetura em relação a formas, volumes, cores e espaços, e o sentido da audição através da acústica envolve desde a localização do edifício no terreno até o estudo do posicionamento de superfícies refletoras através de simulações. O autor conta que o bem-estar do homem é influenciado pelo conforto ambiental dos espaços arquitetônicos, das formas e da sua estética. Através do desenho e da criação de espaços, o projeto deve proporcionar conforto térmico, acústico, além de ser funcional, garantindo o bem-estar para os usuários. O processo do projeto também pode buscar uma solução a favor do desempenho do edifício, lidando com aspectos quantificáveis e qualificáveis da performance do edifício. Quando o som atinge uma superfície como uma parede de alvenaria, parte do som reflete e volta ao ambiente, parte é retida pela parede, que transforma em calor e dissipa no ambiente, e outra parte se transmite ao outro lado da parede. Para então aumentar o isolamento acústico da parede, devemos aumentar a massa, aplicando a lei de massa para calcular o desempenho ou criar uma nova parede, criando a lei da massa-mola-massa para calcular o desempenho.Simões (2011) ainda ressalta que instalar material fono-absorvente na superfície ajuda a controlar a energia sonora refletida para o ambiente, contribuindo com o condicionamento acústico. Cálculos na elaboração de um projeto acústico Para Costa, Pereira e Paiva (2017), a qualidade acústica nas edifi cações é uma preocupação que vem surgindo e se deve à necessidade dos moradores (ou frequentadores) do produto oferecido (edifi cação) e o conforto e qualidade de vida desses que são infl uenciados pela qualidade da edifi cação. Projeto acústico4 Simões (2011) cita que uma fonte sonora reflete em variadas superfícies e que a direção das reflexões varia de acordo com a geometria do local. A intensidade de cada raio refletido é determinado pela capacidade de absorção do material em que ele reflete. A capacidade de absorção tem um coeficiente de absorção alfa (α) que vai variar de acordo com as características físicas (porosidade rigidez, forma de instalação) e com a frequência do som (graves, médios ou agudos). Para se obter um parâmetro de qual material utilizar, onde e a quantidade, temos o coeficiente alfa (α). Esse coeficiente varia de 0,00 a 1,00, indicando a quantidade de energia sonora que o material absorve em cada reflexão. α — 0,01 significa que a absorção de 1% e que 99% é devolvido ao meio ambiente. α — 1,00 significa absorção de 100% e devolução de 0% para o ambiente. Essa divulgação dos coeficientes, de acordo com Simões (2011), está em literaturas específicas ou catálogos técnicos e é fundamental o ajuste do balanço energético sonoro do ambiente. Para compreender melhor, observe a Figura 1. Figura 1. Variação da absorção em função da frequência de um material absorvente (poroso) com diferentes graus de porosidade. Fonte: Adaptada de Simões (2011). 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 125 250 500 1000 2000 4000 Porosidade alta Porosidade média Porosidade baixa Frequência Co ef ic ie nt e de a bs or çã o A maior absorção dos materiais porosos se produz nas altas frequências e em sons agudos. Quanto maior a porosidade, maior será a absorção dos sons agudos. A absorção de sons graves e médios depende de grandes espessuras do material, conforme aponta Simões (2011). Observe a Figura 2. 5Projeto acústico Figura 2. Curvas isofônicas. Fonte: Adaptada de Mehta et al. (1999, apud LOPES, 2010). 120 100 80 60 40 20 0 20 50 100 500 1.000 5.000 10.000 120 Limiar da dor 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10Limiar da audibilidade Nível de pressão sonora (dB) Frequência (Hz) Sato e Ramos (2015) explicam que a onda sonora, ao transportar energia, está relacionada à intensidade e ao nível sonoro, havendo relação entre esses dois elementos, sendo a unidade de medida do nível sonoro o decibel (Quadro 1). Fonte: Adaptado de Sato e Ramos (2015). Som Nível sonoro (dB) Intensidade (W/m2) Susurro 20 1 × 10–10 Ambiente calmo 30 1 × 10–9 Sala de aula 45 3,1 × 10–8 Conversa normal 60 1 × 10–6 Serra circular 88 6,3 × 10–4 Rua com muito tráfego 90 1 × 10–3 Betoneira em funcionamento 92 1,6 × 10–3 Bate-estaca em funcionamento 98 6,3 × 10–3 Dano ao ouvido 120 1 Motor de avião a jato 130 10 Quadro 1. Relação entre nível sonoro e intensidade Projeto acústico6 A coluna de intensidade, apresentada no Quadro 1, representa o nível sonoro tendo como unidade de medida o W/m² (unidade de potência por unidade de área). O quadro também apresenta o valor sonoro que provoca danos ao ouvido humano quando exposto de forma contínua a uma fonte sonora (SATO; RAMOS, 2015). A relação entre os dois dados do quadro é dada por: Nível sonoro = log I I0 Valor de I0 = 10 –12 W/m2. Sato e Ramos (2015) evidenciam que há uma relação entre velocidade e distância, tanto nas ondas do mar, quanto nos goles ritmados de um bate-estaca. Essa relação é de forma direta, como velocidade, comprimento e frequência, que estabelecem uma relação mostrada na expressão matemática: v = λf Essa equação mostra que a velocidade (υ) de propagação de onda é direta- mente proporcional ao comprimento de onda (λ) e da frequência desta onda ( f ). Tanto o comprimento quando a frequência influencia na velocidade de propagação da onda. Sato e Ramos (2015) descrevem ainda que na área dos estudos das ondas sonoras a difração é fundamental, pois está ligada à mudança de velocidade quando a onda passa de um meio para outro. A partir dos resultados, procurou- -se equacionar e determinar uma relação matemática. sen i � 1 = constante= sen j � 2 Na Figura 3, a seguir, vemos a onda sonora passando de um meio para outros. Quando há essa travessia de superfície de separação, a velocidade é alterada, modificando o valor, que pode ser maior ou menor que o inicial. 7Projeto acústico Figura 3. Alteração da velocidade da onda de um meio para outro. Fonte: Sato e Ramos (2015, p. 122). Meio 1 Meio 2 v2 v1 î Sato e Ramos (2015) comentam ainda que, em alguns casos, a velocidade da onda chega a atingir 6.000 m/s, como no granito. Fonte: Adaptado de Sato e Ramos (2015). Meio de propagação Velocidade (m/s) Ar (0°C) 331,5 Ar (20°C) 343,4 Ar (30°C) 349,2 Hélio (20°C) 927 Água (20°C) 1.480 Água do mar 1.522 Alumínio 4.420 Chumbo 1.200 Latão 3.500 Ferro 5.100 Quadro 2. Valores de velocidade do som Projeto acústico8 O coeficiente de absorção sonora também deve ser levado em consideração, pois relaciona a intensidade sonora absorvida e incidente (SATO; RAMOS, 2015). Ele é calculado com a fórmula a seguir: ��� Ia Ii Onde: Ia = valor da intensidade sonora absorvida. Ii = valor da intensidade sonora incidente. Essa relação, como já visto anteriormente, varia entre 0 e 1, ou seja 0 < α < 1. Materiais porosos e fibrosos possibilitam uma intensidade de absorção muito boa, pois quando o som incide em um poro ou nas fibras, sofre reflexões internas e boa parte da energia é absorvida. Como exemplo, podemos citar os tecidos, lã de vidro, espumas. Lopes (2010) complementa que a absorção sonora existente em um ambiente dado por: A = Σ S. α Onde: S = área de cada material. α = coeficiente de absorção sonora do material em uma dada frequência. O coeficiente de absorção ponderado (αw) é o indicador utilizado pelos fabricantes dos materiais para representar o desempenho, e é dado pela média do coeficiente de absorção sonora das frequências 1/1 banda de oitava de 250 a 2.000 Hz. Porém, o (αw) não representa com fidelidade o comportamento do material, que não é igual em todas as frequências (LOPES, 2010). O tempo de reverberação, segundo o mesmo autor, é definido como o tempo que a energia de um campo sonoro reverberante leva para decair 60 dB depois de cessado o som direto. Em uma sala de aula, o tempo de reverberação deve ser o mais curto possível para favorecer a compreensão da palavra falada, em torno de 0,7 s. Já o tempo da música requer uma reverberação maior, a partir de 1,2 s. 9Projeto acústico Critérios para a implementação do projeto acústico Guedes (2005) menciona que na escala urbana são necessárias ações que determinem critérios para realizar o planejamento urbano efi caz e consciente, que pode prever os impactos acústicos nas edifi cações e estabelecer diretrizes para o desenvolvimento e organização de uma cidade. Lopes (2010) comple- menta que o ambiente acústico é infl uenciado por fatores correlacionados e interdependentes e que desde o início do projeto de uma edifi cação, a escolha de terreno, implantação e a organização dos espaços internos podem infl uenciar o conjunto de requisitos acústicos envolvidos. Mesmo com o conceito de ruído sendo voltado para os sons que nos cau- sam incômodo, essa definição deve ser utilizada com cautela. A sensação de incômodo depende das circunstâncias da atividade, da atenção necessária e do interesse na atividade. A pessoa exposta ao ruído também está exposta à paisagem visual, à morfologia do ambiente e às atividades desenvolvidas no espaço, por isso a percepção ocorre de acordo com as sensaçõesindividuais relacionadas a todos esses fatores. Rocha (2011) comenta que mais do que peças decorativas, os forros podem apresentar um desempenho acústico, térmico, resistência à umidade e ao fogo. Forros minerais são normalmente planejados para ambientes públicos, teatros, cinemas, entre outros, e passaram a ser muito mais do que peças de acabamento e decoração, sendo considerados itens que tem relação com o conforto térmico, acústico e lumínico. Em edificações comerciais, esse forro é o mais utilizado na busca pelo desempenho acústico satisfatório, pois está relacionado à absorção sonora. Em escritórios panorâmicos, por exemplo, o forro ajuda a garantir conforto aos usuários, já em salas de teatro o forro ajusta as reflexões do teto. Quando utilizado em auditórios, o perfil geométrico de um forro pode ajustar a qualidade do clima acústico. Espaços que envolvem acústica demandam a participação de muitos pro- fissionais, trazendo a necessidade do uso de diferentes métodos, reforçando a necessidade do controle no processo projetual (LOPES, 2010). O autor complementa que o intervalo completo entre uma refração e compressão das ondas é o que é chamado de ciclo. O número de ciclos que ocorrem em um período de tempo de um segundo em uma onda sonora determina a frequência de onda, que os músicos chamam de tonalidade, já a frequência de uma onda é o número de vibrações completas que ocorrem por unidade de tempo. E o desempenho acústico dos materiais para o controle sonoro são dependentes da frequência, cuja unidade de medida é o Hertz (Hz). Projeto acústico10 A faixa de frequência audível do ser humano vai de 20 a 20.000 Hz. Abaixo são considerados infrassons e acima são os ultrassons. E os sons que perce- bemos ao longo do nosso dia são compostos por diversas frequências. Como exemplo, em casa ouvimos em média níveis sonoros de 40 dB, um tráfego intenso, 80 dB. Lopes (2010) descreve que a pressão sonora é uma das grandezas mais importantes para caracterizar os efeitos do som, pois o ouvido humano reco- nhece os sons através da sensibilidade auditiva. Ele ainda cita que o ouvido humano possui sensibilidade diferente para cada frequência. Um som em baixa frequência não é percebido tão intensamente quanto um som em alta frequência. Quando há sobreposições de sons agudos e graves, os agudos são percebidos mais nitidamente. Tipologias como auditórios e hospitais, por exemplo, possuem uma proposta arqui- tetônica mais completa, exigindo maior complexidade de especialistas e consultores diferentes (LOPES, 2010). Segundo Simões (2011), para que se atinja o conforto acústico é necessário levantar os dados acústicos da edificação (níveis de ruído e tempos de rever- beração), assim como os dados do sistema construtivo ou do projeto, para que assim, posteriormente, possam ser criadas formas de projeto de isolamento e condicionamento acústico. No projeto, são elaboradas duas intervenções de cunho acústico: Condicionamento acústico: adequar a acústica interna de acordo com a atividade realizada (palestras, música). Isolamento acústico: adequar os níveis sonoros emitidos no meio am- biente, de acordo com as normas e lei aplicadas. O desempenho acústico nas edificações depende de dois fenômenos (SI- MÕES, 2011): Absorção sonora: que determina a qualidade acústica interna do local, quando fonte e receptor estiverem no mesmo ambiente. 11Projeto acústico Transmissão sonora: determinante no nível de ruído que é transmitido através de esquadrias, paredes, lajes e forros. Fonte e receptor não se encontram no mesmo local. Lopes (2010) ainda reforça que o ambiente acústico é influenciado por diversos fatores, associados ao projeto do edifício e que todas as análises são importantes, pois o homem passa a maior parte da sua vida encerrado em ambientes construídos, ou então cercado por construções na cidade, que tomaram o espaço do ambiente natural. O projeto de edifícios, em relação à acústica, devem considerar a compatibili- zação dos condicionamentos térmicos, luminosos e acústicos, além do acabamento das superfícies, análise do entorno, tamanho do lote e a sua localização, a distância das áreas geradoras de ruídos das áreas sensíveis e os materiais de vedação. Quanto mais se puder evitar os problemas acústico e não apenas corrigi-los, melhor. A reforma ou os ajustes podem ainda ser mais caros, porém, se comparados com os custos sociais de um ambiente barulhento ou com baixa qualidade de acústica, apresentam maior relação de custo-benefício (LOPES, 2010). Os efeitos da poluição sonora para os seres humanos variam de insônia, depressão, estresse, perda da audição, perda de atenção, dores de cabeça, entre outros. E vemos aqui a importância da criação de ambientes não apenas funcionais pela estética, mas de ambientes saudáveis para que a saúde da população não possa ser prejudicada pela poluição sonora. Qualificar um ambiente acusticamente requer conhecimento do arquiteto dos materiais, formas e consequências projetuais decorrentes das questões acústicas, podendo tornando um ambiente não funcional (LOPES, 2010). Cada ambiente possui uma necessidade acústica diferente, dependendo da proposta projetual. Vimos aqui a necessidade de um projeto detalhado e bem elaborado para que áreas com atividades separadas por função tenham uma definição de classificação quanto à geração de ruídos e quanto à sensibilidade ao mesmo. Em um auditório, características como formas, materiais e vedações devem ser cuidadosamente planejadas, e em uma sala de aula, materiais devem ser planejados para que os alunos compreendam o professor, por exemplo. Projeto acústico12 COSTA, R. C.; PEREIRA, S.; PAIVA, A. Levantamento dos principais defeitos existentes em projectos de acústica de edifícios. 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.net/ publication/315790988_Levantamento_dos_Principais_Defeitos_Existentes_em_Pro- jectos_de_Acustica_de_Edificios>. Acesso em: 4 fev. 2019. FERNANDES, D. Percepção sonora como potência para novos padrões comunicativos. Revista Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 83-93, jan./abr. 2017. 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