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Resenha: Atividades: para quê?
CAMPOS, Maria Cristina da Cunha e NIGRO, Rogério Gonçalves. Didática de Ciências - o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo, SP: FTD, 1999.
Atividades: para quê?
O capítulo a ser resenhado trata sobre as atividades em sala de aula e o que está envolvido nessa prática. Analisa, utilizando exemplo de atividades, como o professor pode conciliar o nível cognitivo dos alunos e seu papel como orientador. Também orienta o trabalho com procedimentos e atitudes e como possibilitar a construção de relações mais amplas pelos alunos no decorrer de sua vida escolar. As atividades são separadas pelos seus tipos de conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais, e classificadas quanto ao nível de investigação que exigem dos alunos. 
A divisão do assunto é feita por seções de conteúdo sem tópicos fixos, com narração na primeira pessoa do plural. No entanto, observa-se a descrição de uma sugestão de atividade com posterior discussão sobre suas características.
Crianças menores podem ter uma grande dificuldade para perceber os fatos a partir de um ponto de vista que não o seu, por isso, devem-se levar em conta os objetivos de determinada atividade e qual é o seu público-alvo. Isso envolve analisar sua adequação em função do nível cognitivo e da zona de desenvolvimento real dos alunos.
A zona de desenvolvimento real ocorre quando os alunos conseguem realizar certas tarefas sem nenhum auxílio. A zona de desenvolvimento proximal ocorre quando eles precisam recorrer aos colegas ou ao professor para lograr êxito na realização de uma atividade. Assim, é preferível a utilização de tarefas nas quais os alunos necessitem apenas de uma pequena ajuda para realizá-las.
Ao trabalhar com uma atividade que tem como objetivo ampliar a zona de desenvolvimento proximal de crianças, é importante que o professor assuma uma postura orientadora no decorrer de todo o exercício. Isso se dá porque os alunos menores ainda estão no início do processo de aprendizagem de conteúdos procedimentais.
É interessante que o professor promova a aprendizagem em todos os conteúdos: conceituais, procedimentais e atitudinais. Ele deve fazer isso durante o planejamento e execução das atividades.
É necessário oferecer aos alunos situações nas quais eles sejam solicitados a pensar sobre as coisas e não meramente repetir o que o professor e seus colegas estão fazendo.
As atividades podem ser classificadas quanto a seu nível de investigação, variando de zero, quando o problema, o desenvolvimento e a resposta são dados pelo professor ou pelo livro didático, a três, quando estes são abertos.
Assim, realizar uma atividade não significa, necessariamente, que o aluno utilize técnicas manipulativas, saia do espaço físico da sala de aula e utilize um roteiro de ações preestabelecidas.
A utilização de exemplos, de atividades didático-pedagógicos e da articulação entre teoria e prática é o principal atrativo do texto. A progressão do assunto se dá de maneira a garantir o entendimento contínuo dos assuntos abordados.
No capítulo abordado nesta resenha, discute-se a importância de se pensar e se fazer as atividades em sala de aula. Hodson (1992) afirma que os exercícios de investigação científica estimulam a aprendizagem de ciências e possibilita um melhor entendimento dos conceitos abordados. Os autores do capítulo resenhado, no entanto, vêem as atividades como auxiliares de um objetivo real determinado pelo professor, e que pode acontecer em diversos ambientes. As atividades devem trabalhar conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais e não somente uma réplica do que é feito em laboratório.
A aplicação de uma atividade deve estar fundamentada, principalmente, nas ações dos alunos e não nas do professor. Os objetivos devem ser bem estabelecidos antes, durante e depois das atividades para que eles possam ser alcançados.
Dunn (1992) ressalta a importância de se desenvolver um modelo amplo de estilos de aprendizagem para que seja eficaz e útil para todos os alunos, o que é bem desenvolvido no texto ao se observar as diferentes sugestões de atividades para reflexão.
Explicações e sugestões de atividades para alunos de outras faixas etárias dão base e estimulam a criatividade dos professores na hora de desenvolver exercícios para seus alunos.
Esse texto é indicado para acadêmicos de cursos de licenciatura que estão iniciando na prática docente e professores tanto do ensino infantil quanto fundamental e médio. Apesar de ter um enfoque mais em atividades voltadas para crianças e alunos menores, as idéias contidas por detrás dos experimentos e explicações dirigidos a esse grupo-alvo, são bastante úteis para professores de todas as áreas. Possui leitura fácil e agradável e preocupação com contextualização e aplicabilidade das sugestões feitas.
Rogério G. Nigro é doutor em Ensino de Ciências e Matemática pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Biologia pelo Instituto de Biociências da USP. Pesquisador em ensino e aprendizagem de Ciências. Ex-professor na rede particular de Ensino Fundamental e Médio. Assessor de escolas na rede particular de Ensino Fundamental e Médio. Começou a lecionar desde os tempos de escola. Seus primeiros alunos eram os colegas de classe que precisavam de reforço escolar. Mais tarde, no segundo ano de faculdade, começou a dar aulas de Biologia para o ensino médio. Lecionou para alunos do ensino médio de cursos regulares, de magistério e também em cursinhos pré-vestibular. Após ter se graduado em Ciências Biológicas, começou a dedicar-se à pesquisa acadêmica e ao ensino de ciências para crianças, desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental. Desde então tem escrito livros paradidáticos, didáticos, artigos em revistas de divulgação científica e participado de projetos de ensino a distância. Atualmente dedica-se à pesquisa em ensino de Ciências e à formação de professores. Em virtude dessas atividades, tem apresentado trabalhos em revistas e congressos nacionais e internacionais e realizado cursos sobre a didática das ciências em escolas da rede particular de ensino.
Maria Cristina da C. Campos é doutora em Biologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora em ensino e aprendizagem de Ciências. Ex-professora na rede particular de Ensino Fundamental e Médio. Assessora de escolas na rede particular de Ensino Fundamental e Médio.

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