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Funções Executivas no Processo de --Aprendizagem

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Funções Executivas no Processo de 
Aprendizagem
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0
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v1
.2
2/179
Funções Executivas no Processo de Aprendizagem
Autoria: Tamires Araujo Zanão
Como citar este documento: ZANÃO, Tamires Araujo. Funções executivas no processo de aprendi-
zagem. Valinhos: 2016.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria 05
Unidade 2: Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de 
informações e flexibilidade cognitiva
27
Unidade 3: Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória 48
Unidade 4: Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole 70
2/179
Unidade 5: Transtornos relacionados à linguagem e a memória 91
Unidade 6: Planejamento, organização e execução de tarefas 114
Unidade 7: Transtornos de aprendizagem relacionados ao planejamento, organização e execução 
de tarefas
136
Unidade 8: Lesões cerebrais e síndromes disexecutivas 158
3/179
Apresentação da Disciplina
Como aprender se não utilizamos nossos 
sentidos para perceber o mundo que nos ro-
deia? Como memorizar conteúdos e experi-
ências se não focamos nossa atenção nos 
estímulos que interessam? Como alcançar 
metas se não somos capazes de estabele-
cer prioridades e objetivos? E, ainda, como 
passar o conteúdo aprendido e absorver o 
aprendizado dos outros se não através da 
linguagem e da comunicação? Na presen-
te disciplina, você estudará os processos 
cognitivos envolvidos no planejamento, or-
ganização, regulação, controle e execução 
de tarefas através do estudo da atenção, 
percepção, memória, linguagem e funções 
executivas. Serão estabelecidas relações 
entre essas funções e capacidades de modo 
que essas perguntas sejam respondidas, 
ajudando você a compreender melhor o 
complexo – mas fascinante – processo da 
aprendizagem e processamento das infor-
mações. 
Além do funcionamento normal dessas 
funções, você também estudará os trans-
tornos de aprendizagem, lesões cerebrais 
e síndromes disexecutivas relacionadas à 
aprendizagem. Todas essas etapas são de 
fundamental importância para o aprendi-
zado. Também serão apresentadas as Uni-
dades Funcionais de Luria, um neuropsicó-
logo soviético muito importante tanto para 
a neuropsicologia propriamente dita como 
para compreensão do funcional cerebral no 
que tange à aprendizagem.
Você verá que as neurociências e a aprendi-
zagem estão bastante entrelaçadas e com-
4/179
preender os processos cognitivos poderá ser 
de grande ajuda para pensar em práticas pe-
dagógicas que busquem promover o máximo 
de aproveitamento dos alunos.
5/179
Unidade 1
Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria
Objetivos
1. Apresentar as funções cognitivas e 
executivas.
2. Apresentar as três unidades funcio-
nais de Luria.
3. Introduzir as relações entre as três 
unidades funcionais.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria6/179
Introdução 
Funções cognitivas são habilidades mentais 
que permitem o raciocínio, a aquisição e a 
manutenção de conhecimentos que cons-
tituem o intelecto. Entre essas funções es-
tão a percepção, a memória, a linguagem, a 
atenção e as funções executivas, que serão 
apresentadas de modo mais detalhado nes-
ta leitura fundamental. Essas são de extre-
ma importância para a aprendizagem! Não 
é possível aprender um conteúdo novo sem 
que a atenção esteja voltada para os estí-
mulos que se quer assimilar ou que a me-
mória mantenha as informações guardadas 
para serem utilizadas quando requeridas. E 
como seria possível aprender sem utilizar os 
sentidos? 
As funções cognitivas envolvem partes dis-
tintas do cérebro e são processos comple-
xos que precisam da integração de diver-
sas áreas. Para melhor compreensão desta 
parte de funcionamento cerebral, introdu-
ziremos as “Unidades Funcionais de Luria”. 
Alexander Luria foi um neuropsicólogo so-
viético que se dedicou à neuropsicologia do 
desenvolvimento, tendo se formado tanto 
em Ciências Sociais como em Medicina e 
obtido doutorado em Pedagogia e Ciências 
Médicas. Entre seus principais trabalhos 
estão as obras “Psicologia e pedagogia”, “O 
homem com um mundo estilhaçado. Textos 
fundamentais em educação” e “Fundamentos 
de neuropsicologia”, este último no qual ele 
apresenta as três unidades funcionais das 
quais nos referimos anteriormente e que 
você poderá estudar de modo introdutório 
no presente texto.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria7/179
1. Introdução às funções cogni-
tivas
Como explicitado na introdução, as funções 
cognitivas são capacidades mentais que 
permitem a constituição do intelecto e es-
tão diretamente relacionadas com a apren-
dizagem, visto que promovem o raciocínio 
e a aquisição e a manutenção de conheci-
mentos através da percepção, da memória, 
da linguagem, da atenção e das funções exe-
cutivas. A seguir, você verá um pouco mais 
sobre cada uma delas:
• Percepção: relacionada com os senti-
dos como visão, audição e tato, per-
mitindo que possamos perceber/co-
nhecer o mundo ao nosso redor, nos 
tornando capazes de reconhecer, or-
ganizar, dar significado e sentido aos 
objetos e seres que nos cercam. 
• Atenção: consiste na capacidade de 
concentração que pode ser focada 
em um determinado estímulo/ infor-
mação ou dividida para mais de um 
elemento. Nas atividades do dia a 
dia dificilmente estamos focados em 
apenas um elemento e muitas vezes 
precisamos fazer várias tarefas ao 
mesmo tempo. Quando dirigimos, por 
exemplo, temos que prestar atenção 
no carro que está na frente, mas tam-
bém na sinalização das ruas, no limi-
te de velocidade, nos pedestres e em 
vários outros elementos. A atenção 
ainda pode ocorrer de modo sublimi-
nar, quando não estamos focando em 
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria8/179
algo “de propósito”, mas o elemento 
é relevante para nós, nos chamando 
a atenção. É o que acontece quando 
você está em um local barulhento em 
que não está prestando atenção em 
conversas alheias, mas passa a pres-
tar atenção se alguém pronuncia seu 
nome. Este efeito é conhecido como 
“efeito coquetel”.
• Memória: processo de guardar infor-
mações e experiências para possível 
recuperação no futuro quando neces-
sário. Permite que informações ad-
quiridas sobre o mundo e sobre nós 
mesmos sejam usadas para lidar com 
situações futuras baseadas em ex-
periências passadas. Embora outras 
funções cognitivas também estejam 
envolvidas, os processos de pensar e 
solucionar problemas estão bastante 
atrelados com a memória. Não é mais 
fácil solucionar um problema quando 
lembramos da solução de algo simi-
lar que já nos ocorreu? Sem memória 
também não é possível adquirimos 
linguagem, como veremos a seguir.
A memória é uma função bastante comple-
xa e possui subdivisões, consistindo na ver-
dade em memórias, no plural. Uma divisão 
possível leva em conta sua natureza, como 
em declarativa/explícita, envolvida com co-
nhecimento de fatos ou eventos autobio-
gráficos e não declarativa/implícita, envolvi-
da com a memorização de habilidades e há-
bitos, geralmente envolvidas com aspectos 
motores. As memórias também podem ser 
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria9/179
divididas pelo tempo de duração, em me-
mórias imediatas, recentes e remotas.
• Linguagem: A habilidade para a lin-
guagem possui interconexões com 
outras capacidades cognitivas, mas 
trata-se também de uma habilidade 
relativamente autônoma. Muitos dos 
conhecimentos sobre o funcionamen-
to da linguagem vieram de estudos de 
distúrbios de linguagem ocasionados 
por lesões cerebrais, realizadas, entre 
outros, por Broca e Wernicke. Para 
a maioria dos indivíduos, principal-
mente para os destros, as funçõesde 
linguagem ficam localizadas no he-
misfério esquerdo enquanto que indi-
víduos canhotos estão mais propen-
sos a terem as funções de linguagem 
mais localizadas no hemisfério direi-
to. A linguagem simbólica é uma das 
características tipicamente humanas 
e a que mais diferencia o homem das 
demais espécies, nos possibilitando 
a capacidade de atribuir significados 
abstratos para comunicar sentimen-
tos, emoções e coisas abstratas ou 
realizar cálculos matemáticos de ca-
beça. A linguagem é uma das habili-
dades que permitiu ao homem passar 
conhecimentos de uma geração para 
outra, possibilitando que os conheci-
mentos adquiridos não fossem perdi-
dos, seja através da fala, seja através 
da escrita.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria10/179
Funções executivas: estão relacionadas 
principalmente ao lobo frontal. Envolvem 
habilidades de planejamento, execução e 
resolução de tarefas, incluindo habilidades 
de tomada de decisões, raciocínio, estra-
tégias e lógica. Também incluem o auto-
controle, impedindo que sejam realizados 
impulsos e vontades que podem não ser 
adequados para determinadas situações, 
além de estarem relacionadas com a flexibi-
lidade cognitiva, possibilitando pensar em 
soluções criativas para problemas, adap-
tando-se a situações novas. É interessante 
observar que o comprometimento dessas 
funções se dá de modo precoce em doenças 
neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Para saber mais
Broca e Wernicke encontraram relações entre 
funções cerebrais com áreas cerebrais. Isso ocor-
reu através do estudo de indivíduos com lesões 
específicas e suas consequentes alterações de 
comportamento. Devido a suas importantes con-
tribuições tiveram áreas cerebrais nomeadas de 
seus respectivos nomes, ambas relacionadas a 
linguagem, sendo que a área de Broca está rela-
cionada com a expressão e a de Wernicke com a 
compreensão da linguagem.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria11/179
2. As três principais unidades 
funcionais de Luria
Luria foi um pesquisador bastante impor-
tante para as neurociências e a neuropsi-
cologia, pois foi capaz de aprimorar e reunir 
os modelos anteriormente vigentes. O lo-
calizacionismo estreito de Gall (e seu mapa 
frenológico), Wernicke e Broca buscavam 
localizar funções complexas em regiões res-
tritas do cérebro enquanto o unitarismo de 
Hughlings Jackson e Flourens propunham 
que as funções cerebrais são desempenha-
das pelo cérebro como um todo, sendo divi-
dido por hierarquia funcional, ou seja, cada 
componente do encéfalo (medula, gânglios 
basais, córtex cerebral) corresponderia a 
um nível evolutivamente superior de ativi-
dade cognitiva, enquanto que as funções 
mentais superiores, como a linguagem, se-
ria desempenhado por todo o cérebro, com 
contribuição de todas as regiões para o ide-
al funcionamento. Luria, no entanto, formu-
lou um novo modelo: nem o localizacionis-
mo, nem o unitarismo (KRUSZIELSKI, 2009). 
“Para Luria, a função cerebral não pode ser 
entendida como a função de uma área em 
particular, assim como a função respirató-
ria não é ‘propriedade’ apenas do pulmão, 
mas de todo o sistema respiratório. A fun-
ção passa a ser entendida como um sistema 
funcional completo e complexo, sem reduzir 
uma atividade cognitiva complexa a um ou 
poucos agrupamentos neuronais específi-
cos” (FUENTES et al., 2008). Luria, portanto, 
pensou no Sistema Nervoso Central como 
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria12/179
organizado de forma hierárquica e também 
vertical, ou seja, estruturas “inferiores” de-
veriam funcionar adequadamente para que 
estruturas superiores pudessem trabalhar 
adequadamente (LURIA, 1981).
A seguir, veremos as três principais unida-
des funcionais de Luria:
1) Primeira unidade funcional (vigília/
tônus muscular): a primeira unidade 
funcional de Luria está relacionada ao 
tronco encefálico, que fica localizado 
na “base” da cabeça, entre a medula e 
o cérebro. Esta região possui uma im-
portante particularidade: diferente-
mente da maioria dos neurônios que 
obedece a “lei do tudo ou nada”, par-
te dos neurônios do tronco encefálico 
respondem com intensidades dife-
rentes, ou seja, podem ser mais fracos 
ou mais fortes. Esta região é impor-
tante para regular o estado de vigília/
sono, através da regulação do tônus 
cortical, que ocorre de modo gradu-
al (não dormimos ou acordamos “de 
uma vez”), devido à estimulação ou 
desestimulação do tronco encefálico. 
A primeira unidade funcional de Luria 
consiste na regulação do tônus mus-
cular, adequando o tônus cortical às 
funções que executa.
2) Segunda unidade funcional: está re-
lacionada ao recebimento, processa-
mento e armazenamento das infor-
mações e está associada à parte pos-
terior do córtex cerebral (região deli-
mitada pelo sulco central), incluindo 
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria13/179
lobos occipital, parietal e temporal. 
Como as áreas envolvidas na segun-
da unidade funcional indicam, entre 
as funções englobadas estão a visão, 
percepção, tato, audição e orienta-
ção espacial, além de relações com 
a linguagem e memória. As funções 
dessa unidade incluem o recebimen-
to e análise de informações do mundo 
através dos órgãos sensoriais. 
3) Terceira unidade funcional: possui as 
funções de programar, regular e veri-
ficar a atividade mental e engloba re-
giões do lobo frontal, ou seja, porções 
anteriores do cérebro e, portanto, in-
cluem funções motoras, de planeja-
mento e execução de ações (funções 
executivas) e linguagem. 
Para saber mais
Existem feixes de neurônio que ligam a primeira 
unidade funcional com a terceira. Esta conexão 
chama-se Sistema Reticular Ascendente e leva 
informações da parte posterior para a região an-
terior (córtex pré-frontal) e é importante para o 
estado de alerta. Também há feixes que fazem o 
caminho inverso, levando informações da tercei-
ra unidade funcional para a primeira. Este “cami-
nho” chama-se Sistema Reticular Descendente e 
é através dele que podemos voluntariamente nos 
manter acordados mesmo em situações que sen-
timos muito sono.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria14/179
Além da divisão em três unidades funcio-
nais, Luria também propôs uma divisão 
para a segunda e terceira unidade funcio-
nal de acordo com os tipos de neurônios 
encontrados. Esta outra classificação foi 
realizada através da morfologia dos neurô-
nios. Na segunda unidade funcional são en-
contradas áreas primárias (ou de projeção) 
que possuem capacidades bastante especí-
ficas, responsáveis apenas pelas sensações 
(exemplo: algumas áreas primárias visuais 
são responsáveis apenas pela identificação 
de cores). As áreas secundárias já são res-
ponsáveis pela percepção, gerando imagens 
propriamente ditas. As áreas terciárias, por 
sua vez, são caracterizadas pela superposi-
ção e integração uma vez que relacionam 
as informações, agrupando-as e possibi-
litando um nível maior de abstração, esta-
belecendo relações entre a linguagem e as 
demais informações. É na área terciária que 
ocorre a cognição.
Para saber mais
A lei do tudo ou nada implica que o estímulo re-
cebido pelo neurônio ou é efetivo para excitar o 
neurônio, desencadeando o potencial de ação ou 
é insuficiente e o neurônio não é excitado e neste 
caso nada ocorre. Não há diferenças de intensi-
dade, apenas ocorre ou não.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria15/179
Glossário
Simbólica: referente a símbolos. Atribuição de mais de um significado para um ser, coisa, obje-
to ou imagem. Qualquer coisa usada para representar ou substituir outra.
Neuropsicologia: interface entre a Psicologia e a Neurologia; ciência que estudaas relações 
entre funcionamento cerebral e comportamento. O psicólogo Donald Hebb teria sido o primei-
ro a utilizar o termo.
Tônus muscular: estado não voluntário da contração natural dos músculos do corpo.
Questão
reflexão
?
para
16/179
Embora as funções cognitivas e executivas possam ser 
estudadas de maneira individual, elas são interligadas 
e conectadas de diversas maneiras. Você poderia citar 
um exemplo de um comportamento do cotiado em que 
mais de uma função cognitiva é necessária para a reali-
zação do comportamento em questão?
17/179
Considerações Finais
• Funções cognitivas são habilidades mentais que permitem o raciocínio, a 
aquisição e a manutenção de conhecimentos que constituem o intelecto.
• As funções cognitivas estão diretamente relacionadas com a aprendizagem; 
promovem o raciocínio, a aquisição e a manutenção de conhecimentos atra-
vés da percepção, da memória, da linguagem, da atenção e das funções exe-
cutivas.
• A função cerebral é entendida por Luria como um sistema funcional comple-
to e complexo, não podendo ser reduzido a poucos agrupamentos neuronais 
específicos. 
• Além da divisão em 3 unidades funcionais, Luria também propôs uma divi-
são para a segunda e terceira unidade funcional de acordo com os tipos de 
neurônios encontrados.
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria18/179
Referências
AVILA, R., MIOTTO, E. Funções executivas no envelhecimento normal e na doença de Alzheimer. 
Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 52, p. 53 - 62, 2003. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/profile/Eliane_Miotto/publication/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_IN_NORMAL_AG-
ING_AND_ALZHEIMER%27S_DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.pdf>. Acesso em: 27 
dez. 2016.
FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma aborda-
gem neuropsicopedagógica. Rev. Psicoped., v. 31, n. 96, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002>. Acesso 
em: 28 dez. 2016.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P. (Orgs.). Neuropsicologia: teoria e prática. 
Porto Alegre: Artmed, 2008.
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Fundamentos da neurociência e do comporta-
mento. Rio de Janeiro: Editora Prentice-Hall do Brasil, 1995.
LIMA, R. F. Compreendendo os mecanismos funcionais. Ciências e cognição, v. 6, p. 113-122. Rio 
de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/v6a13.pdf>. Acesso em: 
2 jan. 2017.
https://www.researchgate.net/profile/Eliane_Miotto/publication/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_IN_NORMAL_AGING_AND_ALZHEIMER%27S_DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Eliane_Miotto/publication/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_IN_NORMAL_AGING_AND_ALZHEIMER%27S_DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.pdf
https://www.researchgate.net/profile/Eliane_Miotto/publication/259197515_EXECUTIVE_FUNCTIONS_IN_NORMAL_AGING_AND_ALZHEIMER%27S_DISEASE/links/0c96052a64ca71b845000000.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862014000300002
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/v6a13.pdf
Unidade 1 • Introdução aos processos cognitivos e às funções executivas. Unidades funcionais de Luria19/179
LURIA, A. R. Fundamentos de neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São 
Paulo: EDUSP, 1981.
KRUSZIELSKI, L. Resenha: “O homem com um mundo estilhaçado”. PsicoDOM, n. 4, p. 69-70. São 
Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_4ed/arqui-
vos/pdf/set2009_resenha.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2017.
SABBATINI, R. M. E. A. Evolução da inteligência. Parte 5: Linguagem e Evolução. Disponível em: 
<http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution05_p.html>. Acesso em: 29 
out. 2016.
http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_4ed/arquivos/pdf/set2009_resenha.pdf
http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_4ed/arquivos/pdf/set2009_resenha.pdf
http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution05_p.html
20/179
1. Sobre as funções cognitivas é correto afirmar:
a) São habilidades sensoriais. 
b) São capacidades inatas, não podem ser desenvolvidas.
c) Incluem o raciocínio, a aquisição e manutenção de conhecimentos.
d) Desenvolvem-se apenas na infância.
e) A escolaridade não é um fator que pode interferir nas habilidades sensoriais cognitivas.
Questão 1
21/179
2. Sobre Luria é correto afirmar:
a) Foi um filósofo do século XIX que estudou questões existenciais.
b) Foi responsável pela formulação de um novo modelo que não era nem o localizacionismo, 
nem o unitarismo.
c) Era localizacionista como Gall, Wernicke e Broca.
d) Foi um unitarista como Hughlings Jackson e Flourens.
e) Postulou a existência de quatro unidades funcionais para explicar o funcionamento do sis-
tema nervoso.
Questão 2
22/179
3. Sobre a função cognitiva memória podemos afirmar que:
a) Consiste em um processo de guardar informações e experiências para possível recuperação 
no futuro quando necessário.
b) Estão relacionadas principalmente ao lobo frontal.
c) Muitos dos conhecimentos sobre o funcionamento da memória vieram de estudos de dis-
túrbios de linguagem ocasionados por lesões cerebrais, realizadas, entre outros, por Broca e 
Wernicke.
d) Consiste na capacidade de concentração que pode ser focada em um determinado estímu-
lo/ informação ou dividida para mais de um elemento.
e) Relaciona-se principalmente com os órgãos dos sentidos, como visão e audição.
Questão 3
23/179
4. Escolha a alternativa que apresenta uma afirmação verdadeira sobre as 
unidades funcionais de Luria:
a) A segunda unidade funcional possui as funções de programar, regular e verificar a atividade 
mental e engloba regiões do lobo frontal, ou seja, porções anteriores do cérebro e, portanto, 
incluem funções motoras, de planejamento e execução de ações.
b) Além da divisão em três unidades funcionais, Luria também propôs uma divisão para a pri-
meira e terceira unidade funcional de acordo com os tipos de neurônios encontrados.
c) A terceira unidade funcional está relacionada ao recebimento, processamento e armazena-
mento das informações e está associada a parte posterior do córtex cerebral.
d) A segunda unidade funcional de Luria consiste na regulação do tônus muscular, adequando 
o tônus cortical às funções que executa.
e) A primeira unidade funcional de Luria está relacionada ao tronco encefálico, que fica locali-
zado na “base” da cabeça, entre a medula e o cérebro.
Questão 4
24/179
5. Sobre as funções executivas é correto afirmar que:
a) Incluem percepção, memória, linguagem e atenção.
b) Estão relacionadas principalmente com o lobo occipital.
c) É uma das habilidades que permitiu ao homem passar conhecimentos de uma geração para 
outra, possibilitando que os conhecimentos adquiridos não fossem perdidos.
d) Envolvem habilidades de planejamento, execução e resolução de tarefas, incluindo habilida-
des de tomada de decisões, raciocínio, estratégias e lógica.
e) Permitem que informações adquiridas sobre o mundo e sobre nós mesmos sejam usadas 
para lidar com situações futuras baseadas em experiências passadas.
Questão 5
25/179
Gabarito
1. Resposta: C.
Funções cognitivas são habilidades mentais 
que permitem o raciocínio, a aquisição e a 
manutenção de conhecimentos que consti-
tuem o intelecto.
2. Resposta: B.
Luria, no entanto, formulou um novo mode-
lo: nem o localizacionismo, nem o unitaris-
mo. “Para Luria, a função cerebral não pode 
ser entendida como a função de uma área 
em particular, assim como a função respira-
tória não é ‘propriedade’ apenas do pulmão, 
mas de todo o sistema respiratório. A fun-
ção passa a ser entendida como um sistema 
funcional completo e complexo, sem reduzir 
uma atividade cognitiva complexa a um ou 
poucos agrupamentos neuronais específi-cos” (FUENTES, et al., 2008). Luria, portanto, 
pensou no Sistema Nervoso Central como 
organizado de forma hierárquica e também 
vertical, ou seja, estruturas “inferiores” de-
veriam funcionar adequadamente para que 
estruturas superiores pudessem trabalhar 
adequadamente.
3. Resposta: A.
A memória consiste em um processo de 
guardar informações e experiências para 
possível recuperação no futuro quando ne-
cessário.
26/179
Gabarito
4. Resposta: E.
A primeira unidade funcional de Luria está 
relacionada ao tronco encefálico, que fica 
localizado na “base” da cabeça, entre a me-
dula e o cérebro. Esta região é importante 
para regular o estado de vigília/sono, atra-
vés da regulação do tônus cortical, que 
ocorre de modo gradual (não dormimos ou 
acordamos “de uma vez”), devido à estimu-
lação ou desestimulação do tronco encefá-
lico. A primeira unidade funcional de Luria 
consiste na regulação do tônus muscular, 
adequando o tônus cortical às funções que 
executa.
5. Resposta: D.
As funções executivas envolvem habilida-
des de planejamento, execução e resolução 
de tarefas, incluindo habilidades de tomada 
de decisões, raciocínio, estratégias e lógica. 
Não confundir com funções cognitivas.
27/179
Unidade 2
Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informa-
ções e flexibilidade cognitiva
Objetivos
1. Apresentar os estágios da cognição 
em relação ao processamento da in-
formação e as principais abordagens 
do tema.
2. Estabelecer relações entre comporta-
mentos e ações auto-organizadas.
3. Apresentar como ocorre a seleção de 
informações e a flexibilidade cognitiva.
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
28/179
Introdução
Conforme temos contato com estímulos 
(sejam visuais, auditivos, táteis), nós os per-
cebemos, podemos estabelecer aprendiza-
dos e memorizar esses novos conhecimen-
tos adquiridos, utilizando-os para pensar, 
juntando essas informações e atribuindo 
sentido a elas. Parece simples, mas você já 
se questionou como ocorre o processamen-
to dessas informações?
Existe uma área da ciência que se dedica ao 
estudo exatamente desta nossa questão: 
como o cérebro processa as informações. 
Trata-se da Psicologia Cognitiva e você 
poderá estudar, nesta aula, mais sobre os 
estágios e as diferentes abordagens da cog-
nição. São várias as áreas do conhecimento 
que contribuíram e continuam contribuindo 
para a construção dos conhecimentos a re-
speito do que ocorre em nossa mente, bem 
como isso se dá. Verá ainda como ocorre a 
seleção das informações e de que modo 
ocorre a flexibilidade de nossas funções 
cognitivas frente à diversidade de situações 
e como nossas ações são organizadas. Bons 
estudos!
1. O processamento da infor-
mação
Para compreender como o processamento 
da informação se dá vamos começar pela 
compreensão dos estágios do processa-
mento cognitivo. O processamento cogni-
tivo consiste no modo como as informações 
do mundo externo fazem sentido e são com-
preendidas por nós. Inicialmente, são os 
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
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órgãos dos sentidos que são responsáveis 
pelo recebimento das informações do mun-
do externo e é através da percepção que es-
sas informações começam a fazer sentido. 
Após a percepção, a informação poderá pas-
sar para o estágio de aprendizado e arma-
zenamento na memória. Para uso posterior 
dessas informações é necessário que elas 
sejam recuperadas. Através da recuperação 
de memórias também é possível que ocor-
ra o pensamento e a reflexão, como através 
da lembrança de experiências prévias para 
solucionar problemas atuais. Claro que este 
modelo de como as informações chegam e 
são processadas é bastante simplificado. De 
fato, a cognição consiste em um fluxo con-
tínuo de informações desde a entrada da 
informação até sua “saída” (estágio final), 
passando por diferentes formas de proces-
samento ao longo deste caminho (GROOME 
et al., 2008).
Algumas abordagens principais para o estu-
do dos processos mentais e da informação 
incluem (GROOME et al., 2008):
1) Psicologia Cognitiva Experimental: 
envolve o uso de experimentos psico-
lógicos em humanos, buscando inves-
tigar o modo como percebem, apren-
dem, lembram e pensam. Incluem, en-
tre outros, a Gestalt, (“forma” em ale-
mão) uma abordagem que tem como 
princípio que a percepção do objeto 
como um todo é mais do que a soma 
de suas partes. 
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
30/179
2) Modelos computacionais: esta abor-
dagem envolve simulações de certas 
funções cognitivas humanas através de 
programas de computadores, trazen-
do novas ideias para a compreensão do 
processamento das informações atra-
vés de testes computacionais de viabili-
dade de mecanismos de processamen-
tos específicos. 
Os modelos computacionais trouxeram 
grandes contribuições, entre elas esclarec-
imentos acerca da atenção dividida. Broad-
bent realizou experimentos sobre esse tema 
e identificou que as pessoas tem dificuldade 
em manter a atenção em dois focos ao mes-
mo tempo. Através de modelos computacio-
nais, percebeu que existe um “gargalo” que 
impede o fluxo de várias informações devido à 
limitação do processamento das informações, 
tal como ocorre quando a capacidade de pro-
cessamento de um computador é ultrapas-
sada. Broadbent referiu-se a esse processo 
como “atenção seletiva” e trouxe grandes 
contribuições para a compreensão do proces-
samento de informações.
Para saber mais
O estudo da Psicologia científica iniciou-se no século XIX com Wilhelm Wundt, em Leipzig, na Alemanha, 
através de suas pesquisas sobre a percepção. Ainda no século XIX Hermann Ebbinghaus publicou o pri-
meiro trabalho experimental sobre memória. O início do estudo da cognição ainda é marcado pelo livro 
“Princípios da psicologia”, de William James, do mesmo século.
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
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Para saber mais
Selgfridge e Neisser desenvolveram um sistema computacional capaz de identificar formas e 
padrões que possibilitava distinguir certos componentes específicos do estímulo. A identifica-
ção das características simples puderam ser combinadas com sistemas capazes de identificar 
características cada vez mais complexas tanto em formas como em padrões, sendo possível 
a identificação de estímulos muito complexos, como faces. Estes pesquisadores concluíram 
que a percepção humana deveria funcionar de modo similar ao simulado no computador e 
de fato, anos mais tarde, provou-se haver células com detectores de características similares 
aos simulados no computador, mostrando que modelos computacionais podem ser utilizados 
para estimar como processamento de informações pode ocorrer.
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
32/179
3) Neurociência Cognitiva e Neuropsi-
cologia Cognitiva: essas abordagens 
relacionam funções cerebrais com 
cognição através do uso de imagens 
e do estudo de indivíduos que so-
freram injúrias cerebrais. O córtex 
cerebral é responsável pela maioria 
dos processos cognitivos superiores. 
É importante lembrar que os lobos 
cerebrais estão extensivamente in-
terconectados e, principalmente em 
tarefas mais complexas, pode ha-
ver o envolvimento de diversas áre-
as corticais. O cérebro opera como 
um sistema de processamento de 
informações, tanto para processar 
como para armazenar tais informa-
ções. Existem muitas teorias sobre 
como esse processo se dá, a maioria 
no entanto “não dá conta” de expli-
car todos os elementos envolvidos 
na capacidade de armazenamento, 
acessibilidade ou durabilidade das 
informações.Donnald Hebb propôs 
a teoria que explica melhor essas 
questões ao dizer que as memórias 
são armazenadas através de novas 
conexões entre neurônios.
2. As funções executivas e o com-
portamento: ações auto-organi-
zadas, a seleção de informações 
e a flexibilidade cognitiva 
Você já deve ter observado que o seu com-
portamento pode se modificar de acordo 
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
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com as circunstâncias, com o meio em 
que se encontra e com os objetivos que 
quer atingir. Essas variedades de compor-
tamentos são normais e necessárias para 
nos adequarmos ao meio social e obter-
mos sucesso em diferentes âmbitos da 
vida. As funções executivas consistem, de 
modo abrangente, na capacidade de or-
ganizar ações em sequência de modo tal 
que estas possam atingir um determina-
do objetivo ou finalidades pré-definidos, 
contribuindo para nos comportarmos de 
maneira adequado tendo em vista o que 
se quer cumprir. Para chegar ao trabalho, 
por exemplo, uma pessoa deve planejar 
o trajeto que percorrerá, qual o meio de 
transporte utilizado e os materiais que 
vai precisar para realizar tudo isso (algu-
mas das questões implícitas para a esco-
lha dos comportamentos poderia ser: qual 
o meio de transporte utilizado? Se for de 
carro este está abastecido e em condições 
de uso? Se for de transporte público qual 
o local que o ônibus/trem passa? Separar 
o dinheiro ou pegar o cartão do ônibus 
também são exemplos de comportamen-
tos que fazem parte das funções de pla-
nejamento que integram as funções exe-
cutivas).
Uma boa definição de função executiva ou 
funções executivas (a escolha pelo plural 
ou singular não alteram o significado do 
termo) é dada por Mourão Junior e Melo 
(2011, s.p.):
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
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A função executiva do cérebro vem sendo definida como um conjunto de 
habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar 
comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Tais ações são 
auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em 
relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais eficien-
tes, resolvendo assim, problemas imediatos, e/ou de médio e longo prazo.
Assim, as funções executivas também estão envolvidas na flexibilidade das decisões e compor-
tamentos. Para você compreender de que a flexibilidade se trata, pense no exemplo dado acima. 
Suponha que a pessoa em questão (uma mulher, por exemplo), que quer ir ao trabalho pela ma-
nhã, acorde e veja no telejornal que há partes da cidade que estão alagadas devido à chuva in-
tensa dos últimos dias. Na noite anterior ela pode ter planejado ir ao trabalho na manhã seguinte 
de carro, usando a via principal da cidade, mas agora ela se dá conta de que esta área foi atingida 
pela enchente e este caminho não é mais uma opção. Para manter o cumprimento do objetivo 
inicial (chegar ao trabalho) algumas decisões e ações terão que ser modificadas e outras realiza-
das. Ela pode, por exemplo, procurar uma rota alternativa em que não haja pontos de alagamen-
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
35/179
to ou decidir utilizar o transporte público, 
sempre analisando a viabilidade das novas 
alternativas. Caso ela se mantivesse fixa ao 
seu planejamento original provavelmente o 
objetivo “chegar ao trabalho” não seria re-
alizado. A flexibilidade das ações de acordo 
com os acontecimentos é uma capacidade 
importante para atingir metas.
Com o exemplo pode-se perceber que a fle-
xibilidade e o planejamento das ações aju-
dam na seleção de comportamentos (ações 
auto-organizadas) que levem até uma meta. 
Pela definição apresentada sabe-se então 
que isto tudo está relacionado às funções 
executivas. Certo! Mas está faltando um de-
talhe importante: como selecionamos as 
informações que são relevantes para as to-
madas de decisões? São muitas as informa-
ções e estímulos que chegam até nós e nem 
todas são relevantes. 
A seleção de informações está intrinsica-
mente relacionada com a atenção. Ainda 
pensando no exemplo da personagem que 
quer ir ao trabalho podemos supor que en-
quanto ela assistia ao telejornal também 
conversava com seu marido e preparava 
seu pão com manteiga. Neste caso, vários 
elementos competiam por sua atenção e 
ela poderia ter “prestado atenção” ou não à 
informação sobre o alagamento na cidade. 
É provável que mesmo com a “competição” 
de informações, ela prestasse atenção à in-
formação que lhe afetaria diretamente (no 
caso, sobre a enchente que dificultaria seu 
caminho até o trabalho). 
Existem diferentes modelos que explicam 
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
36/179
como a seleção de informações ocorre, sen-
do que alguns consideram que a seleção se 
dá logo no início da exposição à informação, 
excluindo “de cara” informações não rele-
vantes para o indivíduo, enquanto outros 
consideram que a seleção de informações 
se dá de modo tardio, ou seja, todos os es-
tímulos são processados e só num momen-
to posterior ocorre a exclusão dos estímulos 
inúteis ou irrelevantes para a pessoa e a si-
tuação em questão. 
Ambos os modelos anteriores apresentam 
falhas e podem ser facilmente questiona-
dos. Assim, o modelo mais aceito é o pro-
posto por Treisman (TREISMAN, 1964), que 
considera aspectos físicos, da natureza do 
estímulo em relação à linguagem e com o 
significado que este estímulo possui (pro-
cessamento de nível semântico). Para este 
modelo, as informações não atendidas não 
seriam completamente descartadas, mas 
sim atenuadas, como uma música que pode 
ter o volume aumentado ou diminuído. 
Lembremos mais uma vez do nosso exem-
plo: a mulher obteve informações da con-
versa que tinha com o marido, das notícias 
apresentadas na televisão e do seu pão com 
manteiga, cada qual passando por cada um 
dos três estágios mencionados acima (ca-
racterísticas físicas do estímulo, se o estí-
mulo faz parte da linguagem e qual signifi-
cado que possui). Evidências científicas têm 
favorecido a explicação oferecida por este 
modelo mais complexo no que tange à sele-
ção de informações.
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
37/179
Glossário
Cognitivo: referente à cognição. Processos mentais relacionados ao processamento de infor-
mações e incluem diversas funções, como a linguagem, a percepção, o aprendizado e a memó-
ria. 
Semântico: relacionado à semântica, ramo da linguística que estuda o significado das palavras 
de uma determinada língua. 
Neurônios: são células do sistema nervoso capazes de conduzir impulsos nervosos e propagar 
informações e estímulos do corpo. Possuem três divisões básicas: axônios, dendritos e corpo 
celular. A comunicação entre os neurônios ocorre através da sinapse. 
Questão
reflexão
?
para
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O processamento da informação é um assunto bastan-
te complexo, constituído por muitas etapas e que está 
intrinsicamente relacionado com a cognição. Qual é a 
importância deste conhecimento para atuar frente a di-
ficuldades e déficits cognitivos?
39/179
Considerações Finais
• O processamento cognitivo consiste no modo como as informações 
do mundo externo fazem sentido e são compreendidas por nós.
• Diferentes abordagens estudam os processos mentais e da informa-
ção, entre eles a Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos Compu-
tacionais e a Neurociência Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
• As funções executivas consistem, de modo abrangente, na capacida-
de de organizar ações em sequência de modo tal que estas possam 
atingir um determinado objetivo ou finalidades pré-definidos,contri-
buindo para nos comportarmos de maneira adequado tendo em vista 
o que se quer cumprir.
• A seleção de informações está intrinsicamente relacionada com a 
atenção.
Unidade 2 • Processamento da informação – comportamento, ações auto-organizadas, seleção de informações 
e flexibilidade cognitiva
40/179
Referências 
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Bras. Hipertens., v. 15, n. 3, p.162-165, jul./set. 2008. 
BORDALLO, M. A. N.; GUIMARAES, M. M.; CARRICO, M. K.; DOBBIN, J. Função gonadal de sobrevi-
ventes de doença de Hodgkin tratados na infância e adolescência com quimioterapia. Arquivos 
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 45, n. 1, p. 87-95, 2001. 
GROOME, D.; BRACE, N.; DEWART, H.; EDGAR, G.; EDGAR, H.; ESGATE, A., KEMP, R; PIKE, G e STA-
FFORD, T. An introduction to cognitive psychology: processes and disorders. British Library Ca-
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MOURÃO JUNIOR, C.A & MELO, LBR. Integração de três conceitos: função executiva, memória 
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2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2017.
TREISMAN, A.M. Verbal cues, language and meaning in selective attention. American Journal of 
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SIMOES, P. M. U. Análise de Estudos sobre Atenção Publicados em Periódicos Brasileiros. Psicol. 
Esc. Educ., Maringá, v. 18, n. 2, p. 321-330, ago. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/sci-
elo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572014000200321&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 
jan.  2017. 
http://www.scielo.br/pdf/ptp/v27n3/06.pdf
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1. A área da ciência que se dedica ao estudo de como o cérebro processa as 
informações é:
a) Psicologia Experimental.
b) Ciências da Computação.
c) Psicologia Cognitiva.
d) Ciências do Desenvolvimento.
e) Robótica.
Questão 1
42/179
2. A cognição consiste em:
Questão 2
a) Um fluxo contínuo de informações desde a entrada da informação até sua “saída” (estágio 
final), passando por diferentes formas de processamento ao longo deste caminho.
b) Processos artificiais de computação de dados criados através da informática moderna.
c) O processamento cognitivo consiste no modo como as informações do mundo interno fa-
zem sentido para o mundo externo.
d) Ações auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em relação ao 
objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais eficientes.
e) Capacidade de organizar ações em sequência de modo tal que estas possam atingir um de-
terminado objetivo ou finalidades pré-definidos.
43/179
3. Algumas abordagens principais para o estudo dos processos mentais e da 
informação incluem:
Questão 3
a) Psicologia Experimental e Social.
b) Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos computacionais e Neurociência Cognitiva e 
Neuropsicologia Cognitiva.
c) Neuromarketing e Modelos Computacionais.
d) Neurociência Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
e) Psicologia Cognitiva Experimental, Modelos computacionais e Neurociência Cognitiva e 
Neuropsicologia Cognitiva e Biologia Experimental.
44/179
4. Existem diferentes modelos que explicam como a seleção de informações 
ocorrem, sendo que:
Questão 4
a) A seleção se dá logo no início da exposição à informação.
b) As informações não atendidas seriam completamente descartadas.
c) A seleção de informações se dá de modo tardio.
d) Não há seleção de informações, todas são igualmente processadas.
e) O modelo mais aceito é o proposto por Treisman, que considera aspectos físicos, da natureza 
do estímulo e com o significado que este estímulo possui.
45/179
5. Função executiva refere-se a:
Questão 5
a) Todas as funções cognitivas, como linguagem, atenção e percepção.
b) Atividades motoras.
c) Não podem ser consideradas como auto-organizadas.
d) Conjunto de habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar com-
portamentos a objetivos, realizando ações voluntárias.
e) São automáticas, instintivas e idênticas para todos os seres humanos. Outros animais já 
possuem capacidades executivas semelhantes aos seres humanos.
46/179
Gabarito
1. Resposta: C.
A área da ciência que se dedica ao estudo de 
como o cérebro processa as informações é a 
Psicologia Cognitiva.
2. Resposta: A.
O processamento cognitivo consiste no 
modo como as informações do mundo ex-
terno fazem sentido e são compreendidas 
por nós. Inicialmente são os órgãos dos 
sentidos que são responsáveis pelo recebi-
mento das informações do mundo exter-
no e é através da percepção que essas in-
formações começam a fazer sentido. Após 
a percepção, a informação poderá passar 
para o estágio de aprendizado e armaze-
namento na memória. Para uso posterior 
dessas informações é necessário que elas 
sejam recuperadas. Através da recuperação 
de memórias também é possível que ocorra 
o pensamento e a reflexão, como através da 
lembrança de experiências prévias para so-
lucionar problemas atuais. A cognição con-
siste em um fluxo contínuo de informações 
desde a entrada da informação até sua “sa-
ída” (estágio final), passando por diferentes 
formas de processamento ao longo deste 
caminho.
3. Resposta: B.
Algumas abordagens principais para o estu-
do dos processos mentais e da informação 
incluem: Psicologia Cognitiva Experimental, 
47/179
Gabarito
Modelos computacionais e Neurociência 
Cognitiva e Neuropsicologia Cognitiva.
4. Resposta: E.
O modelo mais aceito é o proposto por 
Treisman (TREISMAN,1964), que considera 
aspectos físicos, da natureza do estímulo 
em relação à linguagem e com o significa-
do que este estímulo possui (processamen-
to de nível semântico). Para este modelo, 
as informações não atendidas não seriam 
completamente descartadas, mas sim ate-
nuadas, como uma música que pode ter o 
volume aumentado ou diminuído.
5. Resposta: D.
A função executiva do cérebro vem sendo 
definida como um conjunto de habilida-
des, que de forma integrada, possibilitam 
ao indivíduo direcionar comportamentos a 
objetivos, realizando ações voluntárias. Tais 
ações são auto-organizadas, mediante a 
avaliação de sua adequação e eficiência em 
relação ao objetivo pretendido, de modo a 
eleger as estratégias mais eficientes, resol-
vendo assim, problemas imediatos, e/ou de 
médio e longo prazo.
48/179
Unidade 3
Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória
Objetivos
1. Apresentar a definição de percepção, 
atenção, inibição, autocontrole, lin-
guagem e memória.
2. Estabelecer relações entre essas fun-
ções.
3. Apresentar como essas funções ocor-
rem.
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória49/179
Introdução
O ser humano é capaz de fazer coisas incrí-
veis! Não é maravilhoso que a nossa nature-
za permita que nos relacionemos de modo 
tão variado com o ambiente? Através de 
sons, cores, texturas podemos identificar o 
que há ao nosso redor. Mas não para por aí. 
Ainda somos dotados da capacidade de nos 
relacionarmos e nos comunicarmos com 
outros indivíduos semelhantes a nós. Além 
de vivenciarmos essas experiências, ainda 
podemos guardá-las na memória e aces-
sá-las de diversos modos quando nos é ne-
cessário (para resolver um problema similar 
quando já passamos por algo parecido, por 
exemplo) ou mesmo para lembrarmos de 
bons momentos. Tudo isso é extraordiná-
rio e não é difícil imaginar como seria bom 
apenas viver para desfrutar de todas essas 
nossas habilidades. Mas nem tudo pode ser 
como queremos e as obrigações se fazem 
necessárias! Através do autocontrole e da 
inibição de impulsos você está aqui, estu-
dando, ao invés de fazer algo que possa ser 
mais prazeroso, como passear ou assistir a 
um filme.Afinal, você consegue perceber 
que a longo prazo o seu estudo trará mais 
benefícios do que estes prazeres momentâ-
neos, não é mesmo? Nesta aula falaremos 
sobre vários desses importantes aspectos 
abordados nesta introdução e como eles 
são essenciais para a constituição das nos-
sas capacidades. São eles: percepção, aten-
ção, inibição, autocontrole, linguagem e 
memória. 
Bons estudos!
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória50/179
1. Importância do córtex cere-
bral
Agora que você foi levado a refletir so-
bre como a natureza humana é fascinante 
e cheia de possibilidades é natural que se 
pergunte quais são os aparatos biológicos 
ou condições que permitem toda essa vas-
ta gama de atividades, comportamentos 
e habilidades. Embora muitos elementos 
sejam importantes para que a percepção, 
atenção, inibição, autocontrole, linguagem 
e memória ocorram, nada disso é possível 
na ausência do funcionamento do córtex 
cerebral. O córtex consiste em uma camada 
enrugada que recobre os hemisférios direi-
to e esquerdo do cérebro, formando dobras. 
Ele é dividido em quatro lobos: frontal, pa-
rietal, temporal e occipital. Cada um deles 
possui características próprias e especifici-
dades. O lobo frontal está mais relacionado 
ao planejamento de ações futuras, controle 
dos movimentos, fala, escrita e linguagem 
articulada, sendo o lobo com maior relevân-
cia cognitiva. O lobo parietal é fundamental 
para imagem corporal e sensações; já o lobo 
temporal está ligado à audição, memória, 
emoções e o lobo occipital, por fim, a visão. 
Embora nosso córtex seja organizado des-
ta forma, funções complexas requerem que 
áreas distintas sejam coordenadas e apenas 
tal coordenação permite o funcionamento 
adequado e o cumprimento de suas “tare-
fas”. Lembre-se disso! As funções que vere-
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória51/179
mos a seguir são consideradas superiores, 
de alta complexidade e ocorrem devido à 
integração de várias áreas corticais e cere-
brais, muitas vezes.
2. Percepção, atenção, memória 
e linguagem
Percepção, atenção, memória e linguagem 
são algumas das funções cognitivas, ou seja, 
são funções mentais superiores, de maior 
complexidade e que exigem a coordenação 
de partes distintas do cérebro.
Percepção: como o próprio nome indica, a 
percepção está relacionada com a capaci-
dade de percebermos as coisas a nossa volta 
e por isso está também diretamente envol-
vida com os sentidos (visão, audição, tato 
etc.). Os estímulos chegam até nós através 
dos sentidos e então podemos interpretá-
-los, identificando-os e atribuindo signifi-
cado para o que nossos órgãos captaram. É 
comum que a percepção caia em “armadi-
lhas” do nosso cérebro, buscando padrões 
(como rostos) mesmo onde eles não exis-
tem. A Gestalt é uma teoria psicológica que 
deu bastante relevância para a percepção.
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória52/179
Para saber mais
Gestalt é uma teoria da Psicologia que considera que para perceber as partes constituintes de um deter-
minado elemento é antes necessário perceber o todo, ou seja, o todo é diferente do que a somatória das 
partes. A Gestalt considera quatro princípios para a percepção de objetos, entre eles:
• Fechamento: nosso cérebro tende a unir elementos de modo que eles “fechem”.
• Proximidade: agrupamos sem perceber elementos que estão próximos um dos outros.
• Segregação: elementos diferentes são “separados” na nossa mente. Ao ler um texto com diferentes 
tamanhos de letras, por exemplo, você percebe que se trata-se de partes diferentes do texto (título, 
subtítulo, corpo do texto).
• Semelhança: o oposto ao exemplo acima. Elementos similares são facilmente agrupados por nosso 
cérebro.
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória53/179
Atenção: consiste, basicamente, na ca-
pacidade de concentração. São muitos os 
elementos, perceptos, imagens, sons que 
chegam até nós através da percepção e dos 
sentidos. Mas não seria nada econômico se 
processássemos e nos ocupássemos de tudo 
que chega até nós. Até mesmo porque nem 
tudo tem a mesma importância. A atenção 
faz essa seleção, impedindo que “percamos 
tempo” com elementos sem relevância.
Podemos separar a atenção focada, quan-
do nos dedicamos a apenas uma tarefa da 
atenção dividida, quando mais de uma ta-
refa ocorre em conjunto. Naturalmente, a 
maioria das nossas atividades diárias são 
divididas.
Memória: a memória possibilita que o que 
foi vivenciado seja guardado, podendo ser 
acessado posteriormente. É de fundamen-
tal importância e sem ela o aprendizado 
não seria possível. É importante salientar 
que existem diferentes tipos de memória e 
é possível que haja comprometimento em 
um subtipo e não em outro, por exemplo. 
Embora sejam relacionadas, a memória não 
verbal, para elementos visoespaciais é rela-
tivamente independente da memória ver-
bal, relacionada à linguagem e vice-versa. 
Outra divisão possível da linguagem con-
siste em: Declarativas ou Explícitas, que es-
tão relacionadas a eventos autobiográficos, 
próprios, únicos e particulares de cada pes-
soa e conhecimentos de fatos do mundo e 
Não Declarativas ou Implícitas, que ocorrem 
através da repetição e do hábito, não po-
dendo ser passadas a outras pessoas atra-
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória54/179
vés de palavras, como saber nadar ou andar 
de bicicleta.
Linguagem: essa função é de fundamen-
tal importância para nós, seres humanos. 
Muitos dos conhecimentos que temos hoje 
é devido ao acúmulo de centenas de anos 
de vivências diversas e isso é só foi possível 
através da transferência de conhecimentos 
por meio da linguagem. Apenas humanos 
possuem a capacidade de atribuir signifi-
cados e símbolos para sons na extensão e 
complexidade como fazemos. São várias as 
regiões envolvidas na linguagem, consis-
tindo em uma função bastante complexa. 
Além de toda a importância no que se refe-
re à comunicação, alterações de linguagem 
foram fundamentais para a compreensão 
do funcionamento cerebral no princípio das 
neurociências trazendo também uma im-
portância histórica para o tema. 
Para saber mais
Afasias são perdas de capacidades de linguagem 
após estas já terem sido adquiridas de modo nor-
mal pelo indivíduo. Dão-se geralmente por trau-
mas ou injúrias cerebrais que causam lesões en-
cefálicas. Existem três tipos principais de afasias: 
afasia de Broca, que consiste no prejuízo de repetir 
ou produzir palavras, embora a compreensão se 
mantenha preservada; afasia de condução, carac-
terizada por manutenção da compreensão, mas 
incapacidade de repetição de palavras e, por úl-
timo, afasia de Wernicke, em que a produção de 
palavras se dá sem dificuldades, mas a compre-
ensão é bastante prejudicada. 
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória55/179
aprendam a inibir seus impulsos e se auto-
controlarem. 
É interessante notar que inibição e auto-
controle esbarram em aspectos éticos e 
culturais. Sociedades distintas podem pos-
suir regras igualmente divergentes do que 
é de bom tom, esperado ou não fazer. Para 
algumas culturas comportamentos como o 
3. Inibição e autocontrole
Para que as funções cognitivas anterior-
mente descritas estejam de acordo com as 
regras sociais é fundamental que utilizemos 
alguns “filtros” e “freios”. Não podemos di-
zer ou fazer tudo que temos vontade na 
hora em que queremos. Uma criança pode-
rá chorar e reclamar de fome, mas um adul-
to deve ser capaz de aguentar essa mesma 
sensação incômoda com maior resistência 
quando algum evento externo o impede 
de se alimentar momentaneamente. Esse 
aprendizado do que se pode ou não dizer e 
fazer em determinado contexto e ambiente 
se dá aos poucos, ao longo da vida. Crian-
ças costumam ser mais “espontâneas”, mas 
à medida que crescem espera-se que elas 
Para saber mais
Alteraçõesna inibição e no autocontrole são si-
nais importantes. Mudanças comportamentais 
e de desinibição podem ser os primeiros sinais 
de que uma demência está em curso; entre elas 
está a demência frontotemporal, caracterizada 
por distúrbios progressivos do comportamento, 
como comportamento antissocial e desinibição.
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória56/179
de arrotar, por exemplo, pode não ser mal 
visto após uma refeição, enquanto para ou-
tras, esse ato seria extremamente ofensivo. 
Assim, a inibição e autocontrole da mes-
ma ação (arrotar) pode ser bem-vinda ou 
não dependendo da sociedade em questão. 
Embora componentes sociais sejam funda-
mentais para a determinação do que deve 
ser inibido e autocontrolado, existem com-
ponentes e aparatos biológicos que possi-
bilitam tal discriminação e controle. 
É fácil compreender quando pensamos 
neste exemplo: estudar para uma prova em 
uma tarde de sol pode ser bem pouco con-
vidativo e certamente um convite para um 
banho de piscina poderia ser facilmente 
aceito pela maioria das pessoas, não fosse 
a inibição e o autocontrole. O lobo frontal 
é, portanto, responsável por essa ponde-
ração e racionalização, possibilitando que, 
mesmo contra todas as suas vontades, você 
opte por estudar ao invés de ir para a piscina 
se refrescar. 
O lobo frontal, então, é de fundamental im-
portância. Estruturas do lobo frontal, como 
o córtex pré-frontal e o cingulado anterior 
estão relacionadas com o autocontrole, ini-
bição, análise de consequências, possibi-
litando a supressão de vontades, levando 
em conta não apenas os aspectos do que 
se quer, mas também o que poderá aconte-
cer se aquela vontade for realizada. O cór-
tex pré-frontal pode ser ainda subdividido 
em três regiões, que são: lateral, medial e 
ventral. A região ventral está faz conexões 
com diversas partes do cérebro e está mais 
diretamente relacionada com o controle de 
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória57/179
impulsos. Clinicamente, injúrias a região 
medial estão associadas a afeto inapro-
priado, baixa tolerância a frustração, com-
portamento social inadequado, inflexibili-
dade e pobreza de julgamento. Indivíduos 
que possuam lesões nestas áreas poderão 
ter seus comportamentos profundamente 
modificados, levando familiares e amigos à 
sensação de grande estranhamento.
4. Interação entre funções cog-
nitivas, inibição e autocontrole
Interessante notar como há relações entre 
as funções cognitivas apresentadas, a inibi-
ção e o autocontrole. Temos componentes 
biológicos, principalmente o encéfalo que 
nos permite perceber o mundo ao nosso 
redor, selecionar através da atenção o que 
nos é de maior importância, memorizar es-
ses acontecimentos para uso posterior e 
nos comunicarmos através da linguagem, 
possibilitando que este conhecimento seja 
passado adiante, para outros indivíduos. 
Essa comunicação é fundamental para que 
saibamos, de acordo com a cultura e socie-
dade em que estamos inseridos, quais com-
portamentos devemos inibir e em quais si-
tuações o autocontrole pode ser necessário. 
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória58/179
Glossário
Aparato: instrumentos, mecanismos e/ou ferramentas indispensáveis para a realização de ago.
Gestalt: palavra de origem alemã que significa “forma” ou “figura”. Surgiu em meados do sécu-
lo XX, em oposição ao estruturalismo e possui como principal preceito que “o todo é diferente 
da soma das partes”. 
Autocontrole: capacidade de se autocontrolar, inibindo impulsos e vontades que o próprio in-
divíduo julga inadequados. O seu próprio julgamento deve sofrer interferência das regras da 
sociedade em que vive.
Questão
reflexão
?
para
59/179
Aspectos culturais interferem em regras e na definição 
do que é ou não aceitável e adequado dentro de deter-
minada sociedade, incluindo aspectos morais. Podemos 
considerar que há aspectos morais universais? Qual é a 
importância de relativizar essas regras quando nos de-
paramos com uma cultura diferente? Qual é a relação 
dessas diferenças com comportamentos preconceituo-
sos?
60/179
Considerações Finais
• Embora muitos elementos sejam importantes para que a percepção, aten-
ção, inibição, autocontrole, linguagem e memória ocorram, nada disso é 
possível na ausência do funcionamento do córtex cerebral.
• Percepção, atenção, memória e linguagem são algumas das funções cogni-
tivas, ou seja, são funções mentais superiores, de maior complexidade e que 
exigem a coordenação de partes distintas do cérebro.
• Embora componentes sociais sejam fundamentais para a determinação do 
que deve ser inibido e autocontrolado, existem componentes e aparatos 
biológicos que possibilitam tal discriminação e controle. 
• Estruturas do lobo frontal, como o córtex pré-frontal e o cingulado anterior 
estão relacionadas com o autocontrole, inibição, análise de consequências, 
possibilitando a supressão de vontades.
Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória61/179
Referências 
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LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. São Paulo: Rd da USP, 1981.
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Unidade 3 • Percepção, atenção, inibição, autocontrole, linguagem e memória62/179
XAVIER, Gilberto Fernando. A modularidade da memória e o sistema nervoso. Psicol. USP, São Pau-
lo, v. 4, n. 1-2, p. 61-115, 1993.   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s-
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771993000100005&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771993000100005&lng=pt&nrm=iso63/179
1. O córtex consiste em:
a) Camada mais externa do cérebro.
b) Uma estrutura lisa e sem dobras.
c) Três lobos: parietal, temporal e frontal.
d) Camada mais interna do cérebro.
e) Um sinônimo para cérebro.
Questão 1
64/179
2. Sobre a percepção e a Gestalt é correto afirmar que:
a) A Gestalt considera que o conhecimento de uma parte do todo equivale ao conhecimento 
do todo. 
b) A percepção independe dos sentidos, trata-se de uma função racional. 
c) Gestalt considera que o todo é diferente do que a somatória das partes.
d) Gestalt considera princípios para a percepção de objetos, entre eles a aversão a fechamen-
tos (nosso cérebro separa elementos, não os agrupa). 
e) A Gestalt é uma corrente filosófica existente desde o século XIV.
Questão 2
65/179
3. Sobre a atenção podemos afirmar que:
a) Independe da percepção.
b) Pode ser subclassificada em atenção dividida ou focada.
c) A atenção focada é o tipo de atenção mais usado nas atividades cotidianas.
d) Capta e processa todos os perceptos da mesma forma.
e) Seleciona o mesmo tipo de informação para todas as pessoas.
Questão 3
66/179
4. Sobre a função linguagem, sabemos que:
a) A linguagem se dá em humanos como em outros animais falantes, como papagaios.
b) Afasia é a incapacidade de adquirir linguagem.
c) Na afasia de Wernicke não há produção de palavras, mas a compreensão ocorre normalmente.
d) Na afasia de Broca há produção normal de palavras, mas o indivíduo não tem compreensão 
da fala.
e) Podem ocorrer dificuldades e prejuízos nesta função devido a traumas e injúrias, como ocor-
re nas afasias.
Questão 4
67/179
5. Sobre inibição é autocontrole é correto afirmar que:
a) Dependem apenas do aprendizado de regras sociais.
b) Não sofrem variação de cultura para a cultura.
c) Dependem apenas de aspectos biológicos, como o funcionamento adequado do lobo fron-
tal.
d) Há componentes biológicos e sociais que definem comportamentos que devem ser inibidos 
e a prática do autocontrole além de ser aprendido socialmente depende de aparatos bioló-
gicos.
e) Após o aprendizado dos impulsos que devem ser controlados o indivíduo adulto não perde 
mais esta capacidade.
Questão 5
68/179
Gabarito
1. Resposta: A.
O córtex consiste em uma camada enruga-
da que recobre os hemisférios direito e es-
querdo do cérebro, formando dobras. Ele é 
dividido em quatro lobos: frontal, parietal, 
temporal e occipital.
2. Resposta: C. 
Gestalt é uma teoria da Psicologia que con-
sidera que para perceber as partes consti-
tuintes de um determinado elemento é antes 
necessário perceber o todo, ou seja, o todo 
é diferente do que a somatória das partes. 
A Gestalt considera quatro princípios para 
a percepção de objetos, entre eles: fecha-
mento: nosso cérebro tende a unir elemen-
tos de modo que eles “fechem”; proximida-
de: agrupamos sem perceber elementos que 
estão próximos um dos outros; segregação: 
elementos diferentes são “separados” na 
nossa mente. Ao ler um texto com diferen-
tes tamanhos de letras, por exemplo, você 
percebe que se trata de partes diferentes do 
texto (título, subtítulo, corpo do texto); se-
melhança: o oposto ao exemplo acima. Ele-
mentos similares são facilmente agrupados 
por nosso cérebro.
3. Resposta: B.
A atenção consiste na capacidade de con-
centração. A atenção faz essa seleção, im-
pedindo que “percamos tempo” com ele-
mentos sem relevância. Podemos separar a 
atenção em focada, quando nos dedicamos 
a apenas uma tarefa da atenção dividida, 
quando mais de uma tarefa ocorre em con-
69/179
Gabarito
junto. Naturalmente, a maioria das nossas 
atividades diárias são divididas.
4. Resposta: E.
Afasias são perdas de capacidades de lin-
guagem após estas já terem sido adquiri-
das de modo normal pelo indivíduo. Se dão 
geralmente por traumas ou injúrias cerebrais 
que causam lesões encefálicas. Existem 3 ti-
pos principais de afasia: afasia de Broca, que 
consiste no prejuízo de repetir ou produzir 
palavras, embora a compreensão se man-
tenha preservada; afasia de condução, carac-
terizada por manutenção da compreensão, 
mas incapacidade de repetição de palavras 
e, por último, afasia de Wernicke, em que a 
produção de palavras se dá sem dificuldades, 
mas a compreensão é bastante prejudicada.
5. Resposta: D.
O aprendizado dos comportamentos que 
devem ser inibidos se dá aos poucos, ao 
longo da vida. A inibição e o autocontrole 
esbarram em aspectos éticos e culturais. 
Sociedades distintas podem possuir regras 
igualmente divergentes do que é de bom 
tom, esperado ou não fazer. Embora com-
ponentes sociais sejam fundamentais para 
a determinação do que deve ser inibido e 
autocontrolado, existem componentes e 
aparatos biológicos que possibilitam tal 
discriminação e controle.
70/179
Unidade 4
Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole
Objetivos
1. Definição de percepção, atenção, ini-
bição e autocontrole.
2. Apresentar principais transtornos re-
lacionados à percepção e atenção.
3. Apresentar principais transtornos re-
lacionados à inibição e autocontrole.
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole71/179
Introdução
Para percebermos o meio em que estamos 
inseridos necessitamos da visão, audição, 
tato, olfato, gustação, ou seja, dos sentidos. 
São muitas as informações que chegam até 
nós e não daríamos conta de processar de 
modo completo e perfeito todos os percep-
tos. Mais do que isso, não seria nada econô-
mico. Gastaríamos muita “energia” em algo 
que não nos seria útil. A atenção possibilita 
que selecionemos o que deve ser importan-
te no contexto em que estamos inseridos 
e a inibição e o autocontrole nos permite 
agirmos de modo adequado em socieda-
de, suprimindo vontades em momentos 
que atendê-las pode ser inoportuno. Como 
o cérebro está envolvido em todas essas 
funções apresentadas, é fácil perceber que 
injúrias e traumas podem afetá-las grave-
mente. Nesta aula, você verá transtornos 
dessas funções. O estudo do mau funciona-
mento é bastante importante para a com-
preensão do que ocorre no cérebro saudá-
vel, trazendo maiores informações acerca 
dos componentes que integram o encéfalo 
de modo que a percepção, atenção, inibi-
ção e autocontrole sejam possíveis, levando 
à compreensão de como esses processos se 
dão e não exatamente onde ocorrem. Va-
mos lá? 
1. Conceitos de percepção, aten-
ção, inibição e autocontrole
Brevemente, a definição de percepção con-
siste na capacidade de percebermos as coi-
sas a nossa volta, estando diretamente en-
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole72/179
volvida com os sentidos. Os estímulos che-
gam até nós através dos sentidos e então 
podemos interpretá-los, identificando-os 
e atribuindo significado a essas informa-
ções. Como são muitos os estímulos, temos 
a atenção para selecionar aqueles aos quais 
devemos de fato nos concentrar. Basica-
mente, a atenção pode ser focada em um 
único estímulo ou dividida em mais de um 
(ocorre em multitarefas, quando fazemos 
mais de uma coisa ao mesmo tempo). 
Percebemos o mundo e atribuímos signi-
ficados, nos atentando ao que se faz im-
portante em determinados contextos, mas 
também é importante que utilizemos da 
inibição e do autocontrole para que não ha-
jamos de modo inadequado, seguindo re-
gras sociais já que nem sempre é possível 
atender às nossas vontades. 
Agora que já sabe um pouco sobre o que são 
essas funções, você irá entender, através de 
exemplos, o que ocorre quando algo não vai 
bem no funcionamento delas.
2. Transtornos e distúrbios de 
percepção e atenção
2.1. Sinestesia
Você sabe dizer que cor é o número 5? Isso, 
você entendeu corretamente a pergunta: 
qual a cor do número 5? E do número 23? 
Pode parecer estranho, mas para pessoas 
com sinestesia números podem ter cores e 
não para por aí. Indivíduos sinestésicos são 
pessoas que quando expostas a uma mo-
dalidade sensorial experimentam de modo 
automático e consistenteoutra sensação, 
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole73/179
de uma modalidade diferente. A forma mais 
comum de sinestesia consiste em enxergar 
cores em letras e palavras do alfabeto. 
Muitas pessoas que são sinestésicas consi-
deram que se trata de um “presente”, algo 
bom, por isso termos como desordens ou 
Para saber mais
Muitos sinestésicos reportam que além de ver 
cores ao ouvir palavras ou números (um dos ti-
pos mais comuns de sinestesia) outras formas in-
cluem sentir sons, ver gostos, ver notas musicais 
e ver cores em rostos familiares. Muitos sinesté-
sicos dizem ainda que itens sequenciais, como 
letras do alfabeto, sequência de números ou dias 
da semana possuem arranjos e formas espaciais 
específicas.
transtornos podem ser ofensivos. A preva-
lência ainda não é totalmente definida, mas 
alguns autores consideram que pode ser da 
magnitude de 1 em cada 20 pessoas da po-
pulação. 
2.2. “Blindsight”
“Blindsight” é um termo em inglês que po-
deria ser traduzido para algo como “visão 
cega”. Trata-se da capacidade parcial de 
indivíduos que possuem lesão do córtex es-
triado, uma região essencial para a percep-
ção visual, de responderem a alguns estí-
mulos visuais que estão presentes em seus 
pontos cegos. Resumindo, esses pacientes 
conseguem responder a estímulos que não 
são capazes de ver. Podem detectar presen-
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole74/179
A hipótese mais aceita para a ocorrência do 
“blindsight” consiste na existência de dois sis-
temas visuais distintos: um primitivo, inde-
pendente da área estriatal e outro mais com-
plexo e avançado. O sistema primitivo pode 
ser sensível a algumas características, como 
movimentos e velocidade, sem que ocorra a 
consciência dessa percepção. 
2.3. Negligência espacial uni-
lateral
Diferentemente dos pacientes com “blindsi-
ght”, que respondem a objetos que não podem 
ver, no indivíduo com negligência espacial 
unilateral ocorre algo oposto: eles podem ver, 
mas falham em responder a esses estímulos 
vistos. Eles possuem acuidade visual normal, 
mas negligenciam o que ocorre em um deter-
ça de objetos, distinguir algumas formas 
(como a letra “O” da letra “X”), apontar para 
determinada direção indicando a localiza-
ção de um determinado objeto, por exem-
plo, mesmo quando estes aparecem em 
regiões correspondentes a áreas do córtex 
estriado lesionadas, sem ter consciência do 
que estão “vendo”. 
Para saber mais
Uma explicação para esse distúrbio reside na hi-
pótese de haver “ilhas de visão” espalhadas, ou 
seja, pequenas regiões em que a visão primária 
estaria intacta, possibilitando a visão parcial. Esta 
hipótese não foi comprovada e tem sido refutada 
já que estudos de neuroimagem não comprova-
ram essas “ilhas”. 
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole75/179
minado lado do campo de visão. Lembrando 
que o cérebro é “trocado”, temos que quando 
a lesão ocorre do lado direito a negligência se 
dá do lado esquerdo do corpo e vice-versa. É 
como se o que ocorre do lado negligenciado 
não existisse: esses pacientes não comerão a 
comida que estiver do lado negligenciado do 
prato, não perceberão os números do relógio 
no lado negligenciado e assim por diante. 
Primeiramente, acreditou-se que esta negli-
gência se devia a um prejuízo de atenção, mas 
hoje se sabe que não é isso. Um indivíduo que 
negligenciou determinados elementos res-
ponderá a estes mesmos elementos se eles 
forem colocados no lado não negligenciado. 
Hoje se acredita que o que ocorre na negligên-
cia espacial é devido a um grupo de deficiên-
cias e não de uma única. Alguns pesquisado-
res consideram que pessoas com negligência 
espacial unilateral sofrem prejuízos na aten-
ção perceptual, enquanto outros acreditam 
que a falha é motora, ou seja, esses indivíduos 
percebem esses estímulos, mas são incapazes 
de responder a eles. Existem ainda tipos dife-
rentes de negligência espacial unilateral, com 
diferentes déficits. 
2.4. Agnosia 
O termo agnosia significa não conhecimen-
to. Pacientes com agnosia visual possuem 
memória, linguagem, inteligência e inclusive 
acuidade visual em bom funcionamento, mas 
são incapazes de reconhecer objetos de uso 
comum e diário. Podem perceber os objetos, 
não esbarrar neles, manuseá-los, mas não os 
reconhecem. Esta condição pode ser definida 
como um prejuízo de processamento visual 
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole76/179
superior que é necessário para o reconheci-
mento de objetos, com preservação relativa 
das outras capacidades visuais. Existem ou-
tros tipos de agnosia, como a tátil, em que o 
indivíduo não reconhece o objeto através do 
toque e na agnosia auditiva o paciente é inca-
paz de reconhecer os objetos pelo som. 
2.5. Prosopagnosia
O reconhecimento de faces é uma tarefa bas-
tante complexa: não basta identificar elemen-
tos comuns, como olhos, boca e nariz. Pelo 
contrário! Esses elementos estão presentes 
em todos os indivíduos. Além disso, as expres-
sões faciais que utilizamos a todo momento 
modificam nossos rostos frequentemente. Al-
gumas injúrias cerebrais podem prejudicar a 
habilidade de reconhecimento facial. Trata-se 
da prosopagnosia, uma desordem de proces-
samento e reconhecimento de faces. Indiví-
duos com prosopagnosia podem ser incapa-
zes de reconhecer faces mesmo de familiares 
próximos e em alguns casos os seus próprios 
rostos. A inabilidade de reconhecimento re-
fere-se unicamente às faces, havendo o reco-
nhecimento através das vozes, por exemplo. 
3. Transtornos e distúrbios de ini-
bição e autocontrole
O lobo frontal é de fundamental importância 
para diversas características humanas: habi-
lidades motoras, funções cognitivas e execu-
tivas que envolvem planejamento de tarefas, 
análise de consequências, inibição de impul-
sos e autocontrole. Podemos facilmente su-
por que injúrias neste lobo podem causar uma 
Unidade 4 • Transtornos relacionados à percepção, atenção, inibição e autocontrole77/179
grande variedade de prejuízos. Muitas das 
mudanças de comportamento estão relacio-
nadas com lesões no córtex pré-frontal, re-
sultando em uma ampla gama de alterações 
comportamentais. 
Em outros casos de injúrias de lobo frontal 
foram retratados ausência de preocupa-
ções e apatia ou mesmo ausência de dis-
tração anormal, embora a inteligência geral 
permaneça não afetada. 
4. Funções executivas do lobo 
frontal e suas alterações
As funções executivas englobam diferentes 
aspectos da tomada de decisões e planeja-
mento de ações, estando diretamente rela-
cionadas com o lobo frontal. Entre suas ca-
racterísticas estão a habilidade de inibição 
ou de supressão de uma vontade ou impul-
so e, portanto, indivíduos com comprome-
timento de lobo frontal podem apresentar 
impulsividade e desinibição. Ainda está re-
Para saber mais
Um caso que ficou bem famoso é o do sr. Phineas 
Gage. Este homem sofreu um acidente em que um 
ferro perfurou o seu crânio, atingindo o lobo fron-
tal. Ele sobreviveu e aparentemente sem maiores 
comprometimentos, exceto por mudanças drás-
ticas em sua personalidade. Phineas passou a se 
comportar de modo inadequado, mais malicioso 
e propenso a dizer coisas inapropriadas como pia-
das ruins e provocantes.
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lacionado à intencionalidade para criação e 
manutenção de metas para atingir um de-
terminado objetivo e a memória executiva, 
que quando prejudicada pode gerar confa-
bulação e inabilidade de lembrar correta-
mente a ordem dos eventos ocorridos. 
Um distúrbio importante de funções execu-
tivas é a síndrome disexecutiva que, como 
nome indica, é caracterizado pela disfun-
cionalidade das funções executivas. Entre 
as principais características desta síndrome 
estão a inabilidade ou prejuízo em resolu-
ção de problemas abstratos,

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