Buscar

NEUROCIÊNCIA COGNITIVA TEMA 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NEUROCIÊNCIA COGNITIVA 
LINGUAGEM, FUNÇÕES EXECUTIVAS E EMOÇÃO 
AULA 2 – 3 MÓDULOS 
DEFINIÇÃO 
A importância da linguagem e os centros de controle da linguagem no cérebro humano. Funções 
executivas clássicas; processamento encefálico de funções executivas; memória de trabalho; 
controle inibitório; flexibilidade cognitiva e redes frontais executivas. Emoções primárias, 
secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex pré-frontal e processamento 
emocional da tomada de decisão. 
 
PROPÓSITO 
Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas emoções e as funções 
executivas são essenciais para respostas adequadas à vivência em sociedade como 
conhecemos, compreendendo, dessa forma, que identificar as bases neurais de tais processos é 
importante para que se entenda as diferentes respostas humanas, bem como suas adaptações. 
 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 - Identificar os principais locais de processamento da linguagem no cérebro humano 
MÓDULO 2 - Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo controle executivo, 
discernindo a relevância de tais processos na adequação de respostas ao ambiente 
MÓDULO 3 - Identificar a importância do processamento de emoções na tomada de decisões, a 
influência dos estados motivacionais e os locais encefálicos relacionados aos sentimentos 
 
INTRODUÇÃO 
IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO: 
Um professor em uma sala de aula (virtual ou não). Ele precisa explicar conceitos específicos 
sobre determinado assunto aos seus alunos. Para tal, ele organizou previamente um plano de 
aula, no qual estruturou suas ideias principais e a ordem dos assuntos que serão abordados. 
O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem anotações em seus 
cadernos, tablets e smartphones. A comunicação se estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor 
conseguiu com sucesso passar sua mensagem, que foi transmitida por meio do uso 
da linguagem verbal e não verbal. Além de sua fala, o professor providenciou imagens sobre o 
assunto em questão, que isso facilitou o entendimento da matéria. 
Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram diversas atividades, na sala ou 
mesmo antes de chegar a ela; das mais simples (como amarrar o cadarço do tênis) às mais 
complexas (como elaborar esquemas, gráficos e imagens que facilitem a compreensão de 
determinado conteúdo). 
 
 
FUNÇÕES EXECUTIVAS 
AÇÕES E ATITUDES DIRETAMENTE ASSOCIADAS A PARTES ESPECIFICAS DO CÉREBRO 
Por isso, todas essas atitudes são funções executivas, que estão diretamente ligadas a partes 
específicas de nosso cérebro. 
Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como aconteceria a cena hipotética que 
mencionamos sem imaginarmos se o professor chegou bem-humorado ou não, ou se algum 
aluno sequer anotou uma frase, já que se recusava a dar atenção àquele que lhe deu nota 2,0 na 
prova anterior. 
 
Você já se deu conta de como seriam as relações humanas se elas fossem desprovidas 
de emoção? 
TALVEZ NÃO, MAS A VERDADE É QUE AS EMOÇÕES SÃO TÃO NECESSÁRIAS COMO 
HABILIDADES ADAPTATIVAS QUANTO OS MECANISMOS DE TOMADA DE DECISÃO. 
DESSA FORMA, COMPREENDER COMO A EMOÇÃO É PROCESSADA NO CÉREBRO PODE 
TRAZER INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO EM 
DIFERENTES SITUAÇÕES. 
É EXATAMENTE ISSO QUE VAMOS ESTUDAR AGORA! 
MÓDULO 1 
IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS LOCAIS DE 
PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM NO CÉREBRO HUMANO 
POR QUE ESTUDAR A LINGUAGEM? 
Mas, o que é linguagem, afinal? 
Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras específicas para que um 
emissor envie mensagens a um receptor, de maneira que a mensagem principal seja 
compreendida. 
 
Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São elas: 
 
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO PRÓPRIO 
Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos, possuam sistemas de comunicação 
próprios, a linguagem humana, sem dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos como a 
língua de determinado local sofre mudanças com o tempo: recebe novas palavras, criam-se 
neologismos, termos, gírias. 
 
AVANÇO TECNOLÓGICO 
Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em todas as áreas, novas palavras e 
novos vocabulários são criados a fim de acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem 
contar as palavras que são absorvidas das mais diversas línguas e modificadas para se 
ajustarem às regras gramaticais de outra localidade. Com certeza, nossas tataravós não 
saberiam dizer o que é um drone ou um smartphone. Entretanto, ambos fazem parte de nossa 
vida no presente e sabemos seus significados e suas funções. 
 
EVOLUÇÃO HUMANA 
 
A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na evolução dos seres humanos, e não é 
formada apenas de sons específicos, mas envolve ainda gestos e expressões faciais, que trazem 
emoção ao discurso. 
Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se a ensaios e testes com pacientes 
com lesões cerebrais, cujos danos restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o avanço da 
tecnologia de imagens, foi possível inserir a Neurociência no processo de investigação das áreas 
cerebrais voltadas à linguagem, o que possibilitou uma compreensão maior do fenômeno. 
 
ALGUNS ASPECTOS DA LINGUAGEM 
A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais específicos; por exemplo, 
a linguagem verbal inclui a vocalização de sons e a compreensão dos mesmos via sistema 
auditivo. Dessa maneira, dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um pareamento de 
sistemas para a compreensão da mensagem. 
Quando a linguagem utilizada for escrita, o sistema visual será encarregado de receber tais 
estímulos. 
Se a linguagem utilizada for o braille, por exemplo, o sistema somestésico será o primeiro a 
receber as informações necessárias para que a comunicação ocorra. 
Linguagem verbal 
 
BRAILLE 
Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas da visão podem ler pelo tato e 
que lhes permite também escrever; anagliptografia. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps3
javascript:void(0)
javascript:void(0)
SISTEMA SOMESTÉSICO 
O sistema somestésico está ligado à percepção tátil. 
 
Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem escrita, por exemplo, 
entendemos que a primeira possui fortes bases neurais, uma vez que, nos primeiros meses de 
vida, os seres humanos já são capazes de iniciar processos de aprendizagem neste campo. 
Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende de uma educação formal, 
o que nem sempre ocorre. No entanto, a linguagem deve ser considerada universal, no sentido de 
que todas as sociedades apresentam sistemas bem definidos de regras e se comunicam, ao 
menos, verbalmente. 
A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é inato ao ser humano e que, 
provavelmente, existam áreas específicas no cérebro para o processamento desses dados. 
Linguagem universal 
 
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem: 
FONEMA - São unidades formadoras das palavras. São sons distintos, cuja junção resulta em 
palavras e frases. 
SINTAXE - Estrutura de regras gramaticais para associação de palavras em frases. 
SEMÂNTICA - Trata-se da compreensão do significado das palavras. 
PROSÓDIA - São inflexões, entonações de voz, gestos e expressões faciais que acompanham a 
fala. 
 
ÁREAS ENCEFÁLICAS ENVOLVIDAS NA FALA 
 
Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é uma descoberta 
relativamente recente? 
EXATAMENTE! DURANTE MUITO TEMPO, ACREDITOU-SE QUE TODOS OS PROCESSOS 
DE REGULAÇÃO DA FALA SE DAVAM APENAS EM NÍVEIS INFERIORES, MAIS 
ESPECIFICAMENTE OS MÚSCULOS DA BOCA, LÍNGUA E LARINGE. 
A partir de 1770, vieram os primeiros indícios de que áreas encefálicas estariam associadasa 
problemas na fala. Porém, em 1863, o neurologista francês Paul Broca publicou um artigo 
relatando vários casos de indivíduos com lesões nos lobos frontais, especificamente no 
hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava comprometida. No ano seguinte, Broca 
propôs que havia dominância do hemisfério esquerdo no que diz respeito à linguagem em relação 
ao hemisfério direito. 
 
PAUL BROCA 
Paul Broca (1824-1880) nasceu na França. Logo após concluir o curso de Medicina na 
Universidade de Paris (1844), tornou-se professor de Patologia Cirúrgica. Sua maior contribuição 
à Neurologia foi a identificação, no cérebro, do centro do uso da palavra (área de Broca). 
Confira, então, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a relação entre os problemas 
na fala. 
 
PROCEDIMENTO DE WADA 
O procedimento de Wada – uma técnica mais moderna desenvolvida por Juhn Wada no Instituto 
Neurológico de Montreal – pode comprovar tal afirmativa. Esse procedimento consiste na 
administração de um barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de apenas um dos lados do 
pescoço, o que faz com que apenas um hemisfério seja anestesiado. Dentre os efeitos 
transitórios, estão: paralisia do corpo no lado contralateral à injeção e problemas na execução de 
tarefas que, especificamente, são controladas pelo hemisfério anestesiado. Observe a figura: 
Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de um único hemisfério e 
observar as atividades que ele regula. Dessa forma, foi possível associar a anestesia do 
hemisfério esquerdo e a total incapacidade de fala. Em 96% dos destros e em 70% dos canhotos, 
o hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma parcela muito pequena da 
população observa-se bilateralidade da fala. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Fonte: ShutterstockProcedimento de Wada 
ÁREA DE BROCA 
A área que Broca identificou como a responsável pela articulação da fala acabou ficando 
conhecida como área de Broca. 
Complementando o estudo, o neurologista alemão Karl Wernicke mostrou que lesões no 
hemisfério esquerdo, fora da área de Broca, também resultam em dificuldades na fala. Tal área 
ficou conhecida como área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex auditivo e ao giro 
angular. 
Apesar de tais áreas, ainda hoje, serem implicadas em aspectos da linguagem, sabe-se que seus 
limites não estão totalmente esclarecidos e podem ser ainda mais abrangentes. 
 
Fonte: ShutterstockComponentes principais do sistema de linguagem no hemisfério esquerdo 
JUHN WADA 
Juhn Wada (Japão, 1924) desenvolveu pesquisas na área de epilepsia, incluindo sua descrição 
do teste de Wada para domínio hemisférico cerebral da função da linguagem. Suas principais 
áreas de interesse são: assimetrias do cérebro humano e neurobiologia da epilepsia. 
Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões genéticas associadas à 
linguagem. Como o cérebro e suas estruturas são plásticos e mutáveis frente aos diferentes 
estímulos ao longo da vida, os circuitos podem sofrer variações de um indivíduo para o outro. 
KARL WERNICKE 
Karl Wernicke (1848-1905) nasceu na região da Prússia (onde hoje é a Polônia/Alemanha). 
Estudou Neurologia, buscando identificar doenças nervosas de áreas específicas do cérebro. 
Dedicou-se a pesquisar distúrbios que implicam na funcionalidade da fala e escrita. 
O ESTUDO DAS AFASIAS E O MODELO DE WERNICKE-GESCHWIND 
 
Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua associação com áreas 
encefálicas advém da análise de casos de afasias? 
É ISSO MESMO! A AFASIA É A PERDA PARCIAL OU COMPLETA DA FALA, RESULTANTE DE 
LESÕES ENCEFÁLICAS. NA MAIORIA DAS VEZES, ISSO ACONTECE SEM QUE HAJA 
PERDA COGNITIVA OU DA CAPACIDADE DE MOVER OS MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA 
FALA. 
javascript:void(0)
A afasia de Broca é caracterizada pela perda da capacidade de fala, com preservação da 
compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com essa síndrome apresentam fala difícil e 
telegráfica com recorrente anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes. 
Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como substantivos, verbos e adjetivos, 
são frequentemente utilizadas. Já palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não 
são utilizadas e não fazem parte das frases. 
Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de dificuldade motora na 
articulação da fala, uma vez que a compreensão é mantida, porém a externalização das palavras, 
não. 
 
Fonte: Shutterstock 
AFASIA DE BROCA 
Também conhecida como afasia motora ou não fluente, pois a pessoa tem dificuldade em falar 
mesmo que possa entender a linguagem falada ou lida. Caracterizada por dificuldades no 
discurso, incluindo uma ampla gama de sintomas. O discurso dos pacientes é frequentemente 
telegráfico e custoso, vindo em rompantes desiguais. 
 
Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser responsável pelo controle 
motor na articulação de sons e palavras. Tal ideia faz sentido quando percebemos que a área de 
Broca está localizada próximo à área do córtex motor, que controla a boca e a língua. 
Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a possibilidade de eles falarem 
palavras como bee (abelha, em inglês), mas nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar 
palavras foneticamente similares como be (ser, em inglês). 
Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras de função e palavras de 
conteúdo, e não em problemas meramente motores, como muitos pesquisadores da área 
afirmam. 
Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke. 
 
TAREFA NÃO VERBAL 
Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com a afasia de Wernicke se está 
havendo ou não compreensão do que é dito ou escrito. Dessa forma, designa-se 
determinada tarefa não verbal para verificar a compreensão do paciente. 
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque determinado objeto sobre outro. O que se 
observa é que não há capacidade de compreensão mesmo para tarefas simples como essa. 
 
SONS DE ENTRADA 
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões motoras que controlam boca e 
língua, a área de Wernicke localiza-se próximo ao córtex auditivo. 
Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está relacionada aos sons de entrada e seus 
significados. Em outras palavras: seria uma área de formação de memória entre sons e seus 
significados, o que gera a compreensão da palavra propriamente dita. 
 
REGULAÇÃO DA LINGUAGEM 
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um modelo de processamento de linguagem 
no encéfalo, o qual foi complementado por Norman Geschwind. 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-Geschwind, acaba sendo uma simplificação do 
que ocorrem em termos de regulação da linguagem na realidade. 
NORMAN GESCHWIND 
Norman Geschwind (1926-1984) nasceu nos Estados Unidos e teve como foco de interesse a 
Neurologia Comportamental. Curiosamente, ele ingressou em Harvard para estudar Matemática; 
porém, a Psicologia chamou sua atenção ao observar os soldados na Segunda Guerra Mundial 
(quando ele serviu ao Exército), agindo de forma irracional nos combates. 
Para compreendermos esse modelo, vamos considerar duas situações distintas: repetição de 
palavras e a leitura em voz alta de um texto escrito. 
REPETIÇÃO DE PALAVRAS 
Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo até o córtex auditivo. Este, 
por sua vez, processa as informações recebidas, as quais somente serão reconhecidas como 
palavras com significado quando processadas na área de Wernicke. 
As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações chegarem à área de 
Broca, onde comandos neurais serão enviados às regiões motoras responsáveis pelo controle da 
língua e dos músculos associados à fala. 
 
Fonte: ShutterstockRepetição de palavras faladas (Modelo de Wernicke-Geschwind). 
 
LEITURA EM VOZ ALTA DE UM TEXTO ESCRITO 
Já nessasituação, em que a tarefa é a leitura de um texto escrito, o processo final é similar, mas 
o início difere pelo fato de o sistema de entrada ser o visual, e não o auditivo. 
Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas e passam ao giro angular, 
onde serão novamente processadas e transformadas em sinais de saída para a área de 
Wernicke, como se fossem sinais falados, e não escritos. 
O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações sendo levadas à área de Broca 
e, então, para o córtex motor. 
 
Fonte: ShutterstockRepetição de palavras escritas (Modelo de Wernicke-Geschwind) 
 
SIMPLIFICAÇÕES DO MODELO DE WERNICKE-GESCHWIND 
Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos aspectos. Por exemplo, as 
informações visuais podem chegar diretamente à área de Broca, sem passar pelo giro angular. 
As informações visuais não precisam ser transformadas em informações auditivas, como 
sugerido. Além disso, sabe-se atualmente que os danos nas afasias de Broca e Wernicke 
dependem da extensão das áreas lesadas e de regiões não mencionadas no modelo, como o 
núcleo caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais). 
Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente vascular cerebral (AVC), a borda 
limítrofe das lesões é variável, o que pode incluir ou não áreas de relevância à linguagem e que 
acabaram excluídas do modelo. 
Foram reportados ainda estudos que evidenciam a recuperação de áreas lesadas, ou ainda a 
substituição de função por áreas anteriormente não relacionadas à linguagem, o que agrava a 
compreensão dos quadros. Vários casos de afasia são acompanhados de disfunções da fala e da 
compreensão ao mesmo tempo. 
Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise, mas que mantêm alguns 
aspectos básicos do modelo de Wernicke-Geschwind. 
 
AFASIA DE CONDUÇÃO 
. 
 
Fonte:ShutterstockFeixe arqueado – fibras responsáveis pela conexão entre as áreas de Broca e 
Wernicke. 
Outro tipo de afasia existente é a afasia de condução, na qual ocorre desconexão entre as áreas 
de Broca e Wernicke. Tal perda de conectividade ocorre devido a lesões no fascículo arqueado, 
um conjunto de fibras que conectam ambas as áreas de linguagem. 
Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto, como há perda da 
comunicação entre as áreas, há perda da capacidade de repetir palavras. O paciente até pode 
ouvir uma palavra ou frase e compreender o que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz 
alta da forma correta. 
 
ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA 
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do hemisfério esquerdo na 
formação da linguagem, a comunidade científica entendeu e aceitou que haveria dominância de 
tal hemisfério em relação ao direito, que teria apenas funções secundárias e coadjuvantes. 
Entretanto, o conceito de dominância hemisférica tornou-se ultrapassado; o que se entende 
atualmente é o conceito de especialização, e não dominância. 
A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada qual especializado em um 
grupo de funções. Porém, ambos trabalham em conjunto, integrados por milhões de fibras 
denominadas comissuras cerebrais. 
 
Fonte: ShutterstockComissuras cerebrais 
O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos: o de lateralidade e 
assimetria. 
 Clique nos itens a seguir. 
LATERALIDADE 
A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e algum hemisfério acaba 
sendo responsável por determinada função majoritariamente. 
ASSIMETRIA 
O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a ótica de diversas 
modalidades: assimetrias morfológicas, funcionais e comportamentais. 
 
ASSIMETRIAS MORFOLÓGICAS 
Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação seja considerada de forma 
simplista. O conceito de especialização hemisférica não pode ser traduzido como se o hemisfério 
esquerdo fosse inteiramente responsável pela fala e o direito, pelas emoções, por exemplo. Tais 
fatos incorrem em afirmações que carecem de necessária comprovação científica. 
Se quiser se aprofundar nesse assunto, visite o Explore+ ao final no tema. 
Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram seccionadas a fim de 
evitar crises epilépticas fortes, é possível pesquisar as especialidades hemisféricas fornecendo 
estímulos que serão processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais estudos, foi 
possível localizar as especializações e associá-las aos seus respectivos hemisférios, como 
também perceber o papel das comissuras na integração dos hemisférios. 
Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas quanto afetivas, e isso se 
dá por integração entre os hemisférios. A prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto 
o esquerdo regula a compreensão linguística e a fala. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps2
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 
Fonte: ShutterstockEspecialização hemisférica 
COMISSURAS 
Conjunto de fibras que têm a função de ligar um hemisfério do cérebro a outro. 
Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de especialização hemisférica é 
a de que o hemisfério esquerdo trata de funções mais específicas, enquanto o direito regula 
funções mais globais. 
Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais detalhes a ativação de 
partes específicas do encéfalo quando da execução de determinadas tarefas. 
Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de interferência (IRMf) e tomografia 
por emissão de pósitrons (TEP) mostram certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à 
linguagem, indo de encontro ao que se observa majoritariamente por meio de exames com 
pacientes lesionados ou em situações de anestesia hemisférica, como no teste de Wada. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. A ideia de hemisférios dominantes não é mais aceita desde que se entendeu que os 
hemisférios se complementam em funções, não necessariamente executando as mesmas 
ações, mas especializando-se. Sobre a fala e especialização hemisférica, é possível 
afirmar que: 
 
A. O hemisfério esquerdo é o único responsável pela execução da fala. 
B. Ambos os hemisférios estão envolvidos na construção da linguagem. 
C. As comissuras permitem a comunicação entre neurônios do mesmo hemisfério. 
D. Tanto em indivíduos destros quanto em indivíduos canhotos observa-se em igual 
proporção a dominância do hemisfério esquerdo. 
 
 
A alternativa "B " está correta. 
 
Apesar de a maioria das regiões designadas para a fala estarem localizadas no hemisfério 
esquerdo, o conjunto de informações resultantes da fala inclui processamento linguístico do 
hemisfério esquerdo, mas também processamento prosódico, o qual é resultado do hemisfério 
direito. 
 
2. Grande parte dos estudos que deram origem à área de neurociência da linguagem advém de 
pacientes com lesões oriundas de cirurgias ou lesões causadas por acidentes vasculares que 
culminaram em afasias específicas. Entretanto, embora nos ofereçam informações relevantes 
sobre funções comprometidas a partir das lesões, alguns dados contrapõem tais estudos. 
Assinale a afirmativa correta sobre o assunto: 
 
A. As afasias podem variar em sintomas devido ao tamanho e à região das lesões que as 
geraram, trazendo alguns indícios de que as regiões definidas originalmente possuem 
limites variáveis. 
B. Apesar de as técnicas de imagem serem resultados mais específicos, a observação de 
sintomas em afásicos traz mais detalhes sobre as áreas estudadas. 
C. As áreas de Broca e Wernicke são específicas, respectivamente, no controle de 
compreensão da linguagem e controle do aspecto motor da linguagem. 
D. As lesões que resultam em afasias fornecem dados bastante acurados sobre a localização 
dos circuitos referentes à formaçãode linguagem, tanto em compreensão quanto em 
resposta motora. 
 
A alternativa "A " está correta. 
 
As lesões que ocasionam afasias são, normalmente, oriundas de AVCs, os quais podem variar 
em extensão e fatores associados. Dessa maneira, os dados relacionados a tais condições 
podem não ser exatamente específicos em termos de localização e função relacionada. Os 
exames de imagens podem proporcionar mais dados associados, facilitando o estudo de tais 
regiões no encéfalo. 
 
MÓDULO 2 - RECONHECER AS PRINCIPAIS FUNÇÕES COGNITIVAS PROCESSADAS PELO 
CONTROLE EXECUTIVO, DISCERNINDO A RELEVÂNCIA DE TAIS PROCESSOS NA 
ADEQUAÇÃO DE RESPOSTAS AO AMBIENTE CONTROLE EXECUTIVO A IMPORTÂNCIA 
DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS 
 
Já parou para pensar sobre qual a Importância das funções executivas? 
TODOS OS DIAS, EXECUTAMOS DIVERSAS ATIVIDADES E RESPONDEMOS AO AMBIENTE 
COM COMPORTAMENTOS NORMALMENTE ADEQUADOS ÀS SITUAÇÕES. VAMOS AO 
TRABALHO, À FACULDADE, DIRIGIMOS, PEGAMOS TRANSPORTES, DEPARAMO-NOS 
COM PESSOAS, POR VEZES DESCONHECIDAS, E LIDAMOS COM SITUAÇÕES, ORA 
CORRIQUEIRAS, ORA DESAFIADORAS 
Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso encéfalo (composto por 
cérebro, cerebelo, tronco encefálico), por meio de suas inúmeras e complexas conexões neurais, 
processa tais estímulos e adiciona ainda componentes emocionais, memórias e outros aspectos 
que compõem nossas reações. 
Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma série de processos 
executivos coordenados, ou seja, existe um comando executivo atuando a todo momento na 
mediação de nossas respostas frente aos estímulos recebidos constantemente. 
 
Componentes do encéfalo. 
POR EXEMPLO, IMAGINE-SE NA SEGUINTE SITUAÇÃO: 
Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe. Você nunca esteve nesse 
restaurante; ainda assim, você sabe exatamente o que fazer. Você decide o prato que vai pedir 
levando em consideração suas preferências alimentares, o custo-benefício de seu pedido e sua 
dieta recém-iniciada. 
Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu chefe, já que, 
claramente, esse almoço é um teste. Você decide rapidamente quais informações dará e de que 
maneira o fará utilizando a linguagem adequada à situação. 
Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que seu chefe aborde o 
assunto. Você provavelmente não vai beber do copo dele nem dar uma garfada no risoto de 
camarão que ele pediu. Também não contará piadas. 
Por que trouxemos tal exemplo? 
PORQUE, EMBORA PAREÇAM AÇÕES COMUNS, PESSOAS COM DISFUNÇÕES 
EXECUTIVAS, DEPENDENDO DA REGIÃO AFETADA, PODEM TER DIFICULDADES PARA 
ATUAR EM TAL SITUAÇÃO. 
ATENÇÃO 
Na verdade, o domínio executivo permite que consigamos planejar, flexibilizar quando necessário 
e autorregular nossos processos mentais e comportamentais. 
O CASO PIONEIRO 
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos com sérios problemas 
comportamentais e de personalidade podem apresentar resultados normais (ou até superiores em 
desempenho) em testes cognitivos padronizados. 
É o caso de Phineas Gage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de ferro modificou sua vida e 
as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro (na verdade, encéfalo). 
 
Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage 
Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro nos Estados Unidos no 
auge de seus 25 anos de idade, teve a cabeça atravessada de baixo para cima por uma barra de 
ferro de 1m de comprimento e 30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida ao hospital, 
onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal esquerdo. Gage perdeu a visão e ficou com o 
rosto paralisado no lado onde a barra o atingiu. 
Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas, Gage foi incapaz de 
retornar ao trabalho devido a mudanças drásticas em seu comportamento. Dentre elas, 
apresentava-se mais agressivo e menos respeitoso com quem interagisse, principalmente se 
fosse contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao acidente exibindo-se em circos com sua 
barra de ferro. Faleceu junto à família de mal epiléptico. 
O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do controle executivo. Phineas 
apresentou resultados adequados em testes padronizados de funções cognitivas como memória, 
capacidade de realizar cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto, sua 
convivência em sociedade e a execução de seu trabalho foram afetados de forma drástica por 
mudanças nas funções executivas. 
Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo adequado gera 
autonomia ao indivíduo em relação ao meio ambiente. Confira alguns aspectos importantes desse 
tema: 
 AUTONOMIA PERDIDA X LESÕES 
Nesse caso, quando a autonomia é perdida por lesões específicas em áreas relacionadas ao 
controle executivo, perde-se parte da capacidade adaptativa ao ambiente. 
AUTONOMIA PERDIDA X MEIO AMBIENTE 
A perda de autonomia em relação ao ambiente está relacionada ao fato de que os estímulos 
externos, em situações onde a função executiva não está preservada, acabam por se tornar 
prevalentes em relação às vontades e aos planejamentos do indivíduo. 
AXIOMAS 
Axioma, originário da Lógica, corresponde a uma sentença inicial ou fundamento de alguma teoria 
sobre a qual se desenvolvem novos conceitos. 
javascript:void(0)
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps2
Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio ambiente é necessário analisar 
um dos principais testes de função executiva: 
Você conhece o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra? 
Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das 
cores de uma sequência dada (figura 10). No primeiro caso, o estímulo é a imagem de círculos de 
cores diferentes. Na segunda etapa, ocorre o teste de interferência propriamente dito. O estímulo, 
agora, consiste na mesma sequência de cores. Porém, em vez de círculos coloridos, aparecem 
os nomes de cores impressos em cores incongruentes. 
AGORA É COM VOCÊ! FAÇA O TESTE DE STROOP! 
Instrução: Você irá precisar de um marcador de tempo, um cronômetro para esse teste. 
 
 
ETAPA 1: 
Leia em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores disponíveis na figura. Marque o 
tempo que você gastou para realizar essa leitura. 
 
 
ETAPA 2: 
Leia em voz alta, o nome escrito das cores na figura. Marque, também, o tempo que você gastou 
para realizar essa leitura. 
Teste de Stroop. À esquerda, prancha com estímulos de denominação de cores. À direita, 
prancha com estímulos de interferência cor-palavra (os nomes são impressos em cores 
incongruentes). 
QUAL O TEMPO QUE VOCÊ GASTOU PARA REALIZAR A LEITURA DE CADA TESTE? 
Neste teste, com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que pessoas cujas funções 
executivas estão íntegras, ocorre uma diferença de, em média, dez segundos entre a primeira 
etapa e a segunda. 
 
 
No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções executivas? Entenda! 
A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em pessoas alfabetizadas. 
Dessa maneira, o estímulo sensorial da palavra escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo 
de denominação da cor impressa. 
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência natural de ler a palavra escrita, 
o que indica flexibilidade e autonomia sobre os estímulos ambientais. 
Já os indivíduos que não possuem as funções executivas íntegras levam muito mais tempo para 
executar a segunda parte do teste, pois tendem a verbalizar o nome da cor impressa. 
COMPONENTES PREFERENCIAIS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS 
 Clique nas setas para ver o conteúdo. 
 
Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE). É possível encontrar 
listasextensas do que seriam ou são tais funções. 
 
Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle executivo é algo maior, por 
trás de funções cognitivas como a memória e a atenção, por exemplo. 
 
Além disso, tal controle superior tem por objetivo, dependendo da situação, exercer um 
direcionamento de nossas funções cognitivas. 
Em outras palavras, existem funções cognitivas que nos permitem compreender o mundo, dar 
atenção aos estímulos adequados e reagir a eles. Acima de tais funções, está o comando 
executivo gerenciando como todas essas funções serão orquestradas a fim de retornar uma ação 
adaptativa. 
Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos, entende-se que os principais 
elementos de controle executivo são: 
 Clique nos itens a seguir. 
MEMÓRIA DE TRABALHO 
Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e manipular informações distintas por 
curto espaço de tempo. Tal função permite que consigamos realizar tarefas sequenciais com 
início, meio e fim, sem se perder em meio às informações. Indivíduos com lesões no córtex pré-
frontal podem apresentar distúrbios de memória de trabalho e, com isso, tornam-se incapazes de 
ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo. Ao ler um texto, é necessário memória de trabalho 
para que se possa lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está lendo. É esse tipo 
de memória que possibilita a realização de cálculos mentalmente e a estruturação de 
pensamentos complexos que dependam de várias informações simultâneas. 
FLEXIBILIZAÇÃO COGNITIVA 
Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em resposta a diferentes demandas ou, 
ainda, auxilia a aplicar diferentes regras a situações adequadas. Por exemplo, um indivíduo faz 
seu caminho até a faculdade todos os dias. Entretanto, em um dia específico, pode ser que ele 
necessite passar no banco antes de ir à faculdade e, assim, terá de modificar seu trajeto habitual. 
Parece algo simples de se fazer, já que há um objetivo: passar no banco. Entretanto, pessoas 
com lesões do córtex pré-frontal podem se mostrar incapazes de reorientar seus trajetos, já que a 
“regra” original é manter o caminho até a faculdade diariamente. 
CONTROLE INIBITÓRIO 
É a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a fim de que resistamos a distrações e 
hábitos e consigamos parar antes de reagir. Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e 
sustentada, além da capacidade de priorizar tarefas a fim de alcançar objetivos pré-estabelecidos. 
Está correlacionada diretamente aos processos de controle emocional. 
Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário suplantar respostas 
prepotentes, ou seja, respostas habituais e que são mais fortes do que as novas ações 
requeridas. Em outras palavras, as funções executivas são necessárias quando é preciso atuar 
de forma contrária a um hábito fortemente adquirido. 
HÁBITO FORTEMENTE ADQUIRIDO 
Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um hábito. Neurologicamente, isso 
significa que houve a criação de um circuito específico que se repete em looping toda vez que um 
gatilho é apresentado. É o caso da mulher que, todo dia, pontualmente às 15h, deixa sua mesa 
de trabalho e vai até a cantina do trabalho comprar um bolo. Talvez ela nem esteja com fome, 
talvez esteja entediada, mas, para quebrar a rotina, inseriu esse hábito. Logo, o gatilho, nesse 
caso, pode ser o tédio em meio ao trabalho da tarde. Toda vez que esse gatilho se apresenta, a 
mulher associa a ele uma ação, que, no caso, é a compra (e consequente ingestão) do bolo. Tal 
circuito é quase automático, pois uma ação ou percepção leva à outra, e as respostas são quase 
imediatas. Entretanto, caso ela resolva abandonar esse hábito, terá de utilizar suas funções 
executivas para suplantar a vontade de obter recompensa imediata comendo o doce. 
ATENÇÃO 
O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas de processamento. Estas 
formas automáticas de processamento de estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de 
baixo para cima, significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações criaram 
um hábito. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps3
javascript:void(0)
REDES EXECUTIVAS FRONTAIS: ANATOMIA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS 
Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a adaptação ao ambiente, 
resta conhecer as regiões responsáveis por tal atuação. 
Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle executivo advêm de estudos em 
lesões cerebrais que resultam em síndromes cognitivas peculiares, como as observadas no caso 
de Phineas Gage. Tais síndromes levam a localizações que remetem às regiões de lobos frontais. 
 
Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o epicentro das funções 
executivas, visto que alojam uma série de áreas importantes relacionadas a processos cognitivos, 
como linguagem e áreas motoras, por exemplo. Entretanto, a maior parte das síndromes que 
levam a disfunções de comportamento convergem para a região específica do córtex pré-frontal 
(CPF). 
Tal região é dividida em 3 partes: córtex dorsolateral, córtex orbitroventral e córtex frontomedial. 
 
Regiões do córtex pré-frontal 
O córtex pré-frontal possui inúmeras conexões com áreas cerebrais. Compreenda mais algumas: 
 
O CPF possui grande número de conexões com áreas cerebrais que processam informações 
externas, incluindo todos os sistemas sensoriais, além de áreas motoras corticais, assim como 
informações internas das estruturas límbicas (centro da emoção) e mesoencefálicas. 
 
Logo, o CPF exerce importante função ao processar inúmeras informações internas e externas a 
fim de orientá-las no alcance de objetivos específicos. 
 
Não basta ver, ouvir e compreender informações; elas precisam ser coordenadas para gerar 
respostas adequadas. 
 
Grande parte dos dados sobre o CPF advém, como dito anteriormente, de estudos em pacientes 
com lesões da área. A seguir, descreveremos algumas das funções executivas impactadas por 
danos no CPF. 
Confira, então, alguns aspectos relacionados córtex pré-frontal: 
 
CONTROLE INIBITÓRIO 
Pacientes com danos no CPF podem apresentar um comportamento conhecido 
como perseveração (ou perseverância), que consiste em manter comportamentos 
desencadeados por estímulos sensoriais, mas sem dar a eles a devida adequação circunstancial. 
É o caso de um indivíduo que, a cada vez que se depara com um copo de água, não resiste e 
toma todo o líquido, mesmo sem saber a quem pertence. 
PLANEJAMENTO 
Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades básicas de comportamento, a 
capacidade de organização pode ser perdida. Um indivíduo com lesões específicas no CPF pode 
apresentar dificuldades em ordenar certos comportamentos, como, por exemplo, a execução de 
uma receita. 
AVALIAÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS 
Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é necessária a capacidade de avaliar as 
consequências de diversas ações. Pacientes com lesões do CPF, especialmente na área orbital, 
mostram-se incapazes de avaliar os prós e contras de suas ações, o que resulta em decisões 
ruins em curto, médio e longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO, 1996) mostraram que o 
córtex pré-frontal orbital é capaz de associar pistas afetivas às decisões a serem tomadas, e tal 
associação emocional gera alto peso na tomada de decisões. Lesões nessa área específica 
tornam indivíduos inaptos em vários testes simples de tomada de decisão. 
APRENDIZAGEM E UTILIZAÇÃO DE REGRAS 
A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema importância no contexto da 
aprendizagem. Entretanto, quando se perde tal função executiva, o indivíduo perde a capacidade 
de aplicarregras e moldá-las aos diferentes contextos. Nesses casos, a pessoa terá de lidar com 
cada nova situação na base de erros e acertos, pois é incapaz de reutilizar e adaptar regras 
aprendidas. 
 
Como você pode observar com o vídeo, essas funções e habilidades são desenvolvidas no 
Córtex pré-frontal, esse desempenha um papel relevante no controle executivo. Entretanto, 
algumas síndromes chamadas disexecutivas foram associadas a regiões não frontais. 
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é possível estabelecer que 
tais síndromes causadas por lesões situadas fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente 
associadas a eles por conexões podem ser diagnosticadas. 
VOCÊ JÁ COMPREENDEU A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE EXECUTIVO EM NOSSA VIDA. 
NO ENTANTO, A PERGUNTA NATURAL QUE PODERIA SURGIR A PARTIR DE TAIS 
CONHECIMENTOS É: 
TODOS NASCEM COM A PLENITUDE DE SUAS FUNÇÕES EXECUTIVAS? 
A resposta para essa pergunta é não! 
Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser desenvolvidas ao longo da 
vida, a partir dos estímulos corretos. Em parte, não nascemos com elas porque os lobos frontais 
são os últimos a serem finalizados em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro lado, ao 
longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento de tais estruturas, temos experiências e 
estímulos que auxiliam no desenvolvimento cada vez maior dessas habilidades, como é possível 
observar no gráfico a seguir. 
 
Curva de desenvolvimento de funções executivas 
Como mostra o gráfico, as funções executivas começam a ser desenvolvidas logo após o 
nascimento, com uma janela de oportunidade entre as idades de 3 e 5 anos. O crescimento em 
tais habilidades continua até a adolescência e o início da fase adulta. A proficiência começa a 
ocorrer em fases mais tardias da vida. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. As funções executivas são essenciais para a adaptação dos indivíduos ao ambiente e 
permitem que as respostas e o comportamento sejam adequados às diferentes situações. Apesar 
de existirem uma série de funções classificadas como executivas, o controle executivo pode ser 
entendido como: 
A. Uma série de regiões cerebrais relacionadas ao comportamento em sociedade. 
B. O controle inibitório exercido pelo córtex pré-frontal em quaisquer situações. 
C. A coordenação de diversas funções cognitivas a fim de gerar respostas adaptadas ao 
ambiente. 
D. A função principal do córtex pré-frontal, a única estrutura envolvida no controle de funções 
superiores. 
 
A alternativa "C " está correta. 
 
As funções executivas são, na verdade, o gerenciamento cerebral das principais funções 
cognitivas, e isso é feito por diversos circuitos. Dentre eles, alguns específicos envolvendo os 
lobos frontais e as áreas não corticais associadas. 
 
2. Dentre as várias funções executivas, uma é particularmente importante para que se leve uma 
vida normal em termos de execução de tarefas organizadas. Pacientes com lesões no córtex pré-
frontal em áreas específicas podem encontrar dificuldades em ler textos, organizar tarefas e 
lembrar-se de sua última refeição, por exemplo. Tal função executiva está relacionada a: 
A. Controle inibitório. 
B. Planejamento. 
C. Memória de trabalho. 
D. Atenção. 
 
A alternativa "C " está correta. 
 
A Memória de trabalho é aquela que confere ao indivíduo a capacidade de reter, por curto espaço 
de tempo, algumas informações a fim de manipulá-las em contextos distintos. A perda de tal 
capacidade é extremamente limitante, impedindo que funções simples, como a leitura de um texto 
ou a execução de tarefas ordenadas, sejam executadas. 
 
MÓDULO 3 - IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO DE EMOÇÕES NA 
TOMADA DE DECISÕES, A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS MOTIVACIONAIS E OS LOCAIS 
ENCEFÁLICOS RELACIONADOS AOS SENTIMENTOS O QUE É EMOÇÃO? 
 
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre significados puramente 
linguísticos e outros mais biológicos. Compreenda mais alguns aspectos: 
 
BIOLÓGICO 
Do ponto de vista biológico, as emoções representam um conjunto de reações fisiológicas, 
químicas e neurais que atuam como base para a organização de respostas comportamentais 
correspondentes. 
 
PERCEPÇÃO 
É importante compreender que as emoções são igualmente geradas e gerenciadas por sistemas 
neurais, os quais são capazes de lidar não somente com as respostas dadas frente às emoções, 
mas também com a percepção delas. 
 
ESTADOS EMOCIONAIS 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/linguagem_funcoes_executivas_e_emocao/index.html#collapse-steps3
Outro aspecto importante é a adaptação que os estados emocionais configuram para a 
sobrevivência da espécie. Sem as emoções, é muito difícil gerar respostas adequadas aos 
diferentes estímulos. 
 
Acompanhe um exemplo de como as emoções são essenciais em nosso dia a dia: 
Imagine a seguinte situação: 
Se um aluno perdesse a capacidade de se sentir triste após ser reprovado em uma prova, talvez 
não mobilizasse esforços a fim de obter melhor nota no próximo exame. Em casos mais drásticos, 
animais que não apresentam respostas comportamentais de medo quando ameaçados por 
predadores terão poucas chances de sobrevivência. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS 
As emoções podem ser classificadas de três maneiras: emoções primárias; emoções 
secundárias e emoções de fundo. As emoções primárias são inatas, ou seja, é comum a todos os 
seres humanos, independentemente de fatores socioculturais. 
 
O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que Charles Darwin. Ele 
observou que algumas expressões emocionais eram similares em diferentes culturas. 
Atualmente, os pensamentos de Darwin a respeito de emoções primárias foram corroborados por 
pesquisadores, em especial Paul Ekman, da Universidade da Califórnia. Basicamente, o 
consenso entre os pesquisadores da área reside nas seguintes emoções 
primárias: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa. 
Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de comportamentos de sobrevivência 
conservados na espécie humana. 
NA FIGURA É POSSÍVEL IDENTIFICAR ALGUMAS EMOÇÕES PRIMÁRIAS. OBSERVE A 
IMAGEM E TENTE PERCEBER AS SEGUINTES EMOÇÕES: ALEGRIA, MEDO, SURPRESA, 
NOJO E RAIVA. 
CHARLES DARWIN 
Charles Darwin (1809-1882) nasceu na Inglaterra e tem seu nome imediatamente ligado à Teoria 
da Evolução, pelo lançamento de sua obra A origem das espécies. Originário de família de 
cientistas, Darwin, após abandonar o curso de Medicina, viajou por vários países (inclusive o 
Brasil), ainda na primeira metade do século XIX, a fim de coletar informações sobre o que 
chamaria de “seleção natural das espécies”. Este conceito é a base de sua obra. 
PAUL EKMAN 
Paul Ekman um dos mais renomados psicólogos contemporâneos. Aprofundou e sistematizou o 
estudo sobre expressões faciais humanas e criou um método para sua identificação. Além de 
autor de muitos livros e largamente premiado, já prestou consultoria para órgãos internacionais de 
investigação e até mesmo para series televisivas, como Lie to me. 
 
Emoções primárias demonstradas por expressões faciais. 
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem: 
 
EMOÇÕES SECUNDÁRIAS 
As emoções secundárias são aquelas relacionadas a fatores socioculturais e, portanto, variam de 
um indivíduo para o outro, como, por exemplo, a vergonha. Determinado ato pode ser vergonhoso 
para uns, mas não para outros, dependendo das crenças e dos costumes de determinada 
sociedade, ou mesmo da formação pessoal do indivíduo. 
 
EMOÇÕES DE FUNDO 
Por fim, as emoções de fundo são aquelas relacionadas a estados de bem ou mal-estar, e podem 
ser associadas à percepção de estados internos do indivíduo. Portanto, sua classificação com as 
emoções não é consenso entre os pesquisadores. Um exemplo de emoçãode fundo seria uma 
percepção de falta de energia (não cansaço) por parte de alguém. 
 
ATENÇÃO 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Não confundir expressão emocional e experiência emocional. Enquanto a experiência faz 
referência aos estados emocionais que vivenciamos, como ansiedade, tristeza ou raiva, 
a expressão está relacionada às mudanças fisiológicas resultantes da base neural das emoções, 
como respostas hormonais, motoras e comportamentais. 
 
AS TEORIAS SOBRE EMOÇÕES 
Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas e processadas. 
Entretanto, duas teorias são de especial interesse, por serem, de certa forma, antagônicas, 
apesar de não haver consenso no meio científico sobre qual se aplica à realidade de forma plena. 
Uma dessas teorias é a dos pesquisadores William James e Carl Lange e foi proposta em 1884. 
 
WILLIAM JAMES 
William James (1842-1910) William James nasceu nos EUA. Sua formação foi na área de 
Medicina, Psicologia e Filosofia. Apesar de sua contribuição à Psicologia, seu maior destaque é 
com a teoria filosófica chamada Pragmatismo. 
CARL LANGE 
Carl Georg Lange (1834-1900) nasceu na Dinamarca e teve na Psicologia e Neurologia suas 
maiores área de investigação. É também conhecido por seus estudos na área da depressão e por 
sua relação com elementos biológicos. 
Em outras palavras, segundo os autores, sentimos tristeza porque começamos a chorar; sentimos 
felicidade porque sorrimos, e assim por diante. 
Dessa maneira, a ideia central é a de que alterações de nossos estados corporais são capazes 
de provocar emoções específicas. Segundo a teoria de James-Lange, a base das emoções 
estaria na captação de estímulos emocionais, os quais seriam processados via córtex sensorial, 
desencadeando respostas motoras específicas (riso, choro, taquicardia etc). Tais mudanças 
seriam percebidas no córtex cerebral, provocando então a percepção da emoção em si. 
Esquema da Teoria de James-Lange, reproduzido a 
partir do livro Neurociência da mente e do comportamento. 
Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações, como o fato de algumas 
alterações corporais ocorrerem frente a emoções diferentes. 
Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na taquicardia, se a mesma 
também ocorre em situações de surpresa e até alegria? Um dos principais opositores da Teoria 
de James-Lange foi o americano Walter Cannon. Ele propôs que, enquanto a informação 
emocional é processada pelo encéfalo, são geradas respostas corporais e a consciência da 
emoção simultaneamente. 
Processamento das emoções segundo Walter Canon. 
 
WALTER BRADFORD CANNON (1871-1945) 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Médico de formação, dedicou-se a pesquisas na área dos sistemas nervoso e digestivo e do 
comportamento do coração, por meio de investigações experimentais. 
ONDE ESTÃO AS EMOÇÕES? 
Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área, buscou-se procurar 
efetivamente as áreas cerebrais responsáveis pelos fenômenos emocionais. Quem primeiro 
postulou a localização de tais regiões foi o anatomista americano James Papez, trazendo a 
público a ideia de sistemas e circuitos, e não somente áreas isoladas no cérebro. 
As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas como Circuito de Papez e 
incluíam o córtex cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo. 
Estruturas relacionadas ao Circuito de Papez, 
posteriormente chamado de sistema límbico. 
 
JAMES WENCESLAS PAPEZ (1883-1958) 
Formado em Medicina, dedicou-se aos estudos da Neurologia, buscando novos conceitos para 
explicar a emoção. Embora ele não tenha mencionado o lobo límbico de Broca, outros 
pesquisadores observaram que seu circuito era muito semelhante ao grande lobo límbico 
identificado por Paul Broca. 
Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os circuitos de emoção, outros 
foram acrescentados posteriormente, como a amígdala, que desempenha papel fundamental nas 
emoções negativas (como o medo e a raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez, não há 
evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de emoções, apesar de participar 
do processo de desenvolvimento de memórias, incluindo as emocionais. 
A seguir, abordaremos as duas principais estruturas cujas funções estão consolidadas em termos 
de gerenciamento das emoções: amígdala e córtex pré-frontal 
Estruturas modernas do sistema límbico 
AMÍGDALA 
A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e recebe conexões de todas as 
áreas sensoriais, com exceção do sistema olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros 
para-hipocampal e cingulado. 
Ela também se conecta-se ao hipotálamo. 
javascript:void(0)
Localização da amígdala nos dois hemisférios cerebrais 
As amígdalas possuem uma função extremamente importante no desenvolvimento e nas 
demonstrações das emoções. Por isso, conheça mais alguns aspectos importantes dessa área 
cerebral: 
 Clique nos itens a seguir. 
ASPECTO 01 
Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade. Estudos realizados com primatas não 
humanos, cujas amígdalas eram lesionadas bilateralmente por medicamento, demonstraram 
perda das respostas de medo. Os macacos ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações 
comuns de perigo. Era como se não temessem mais seus predadores ou situações perigosas, 
chegando mesmo a manipular cobras sintéticas, por exemplo. 
ASPECTO 02 
Além de outras associações (como formação de memórias emocionais negativas), a amígdala foi 
relacionada ainda ao fenômeno de formação do medo condicionado. Isso foi demonstrado, entre 
outros experimentos, quando ratos eram expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e 
pequenos choques. Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo era suficiente para gerar 
ativação da amígdala e respostas de medo, como aumento da frequência cardíaca, da pressão 
arterial e secreção de hormônios, como os glicocorticoides. 
ASPECTO 03 
Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em detectar ameaças do ambiente e 
gerar os comportamentos adequados a elas. Lesões da amígdala levam à perda da capacidade 
de reconhecer perigos e ameaças, o que pode ser prejudicial à sobrevivência, deixando 
indivíduos sujeitos a situações reais de perigo. 
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 
O córtex pré-frontal corresponde à porção mais anterior do lobo frontal e pode ser dividido em três 
regiões: orbitofrontal, ventromedial (relacionada à emoção) e dorsolateral (relacionada a funções 
cognitivas). 
Localização das regiões ventromediais e orbitofrontais do córtex 
pré-frontal. 
[...] OS ESTUDOS NESSA ÁREA INICIARAM-SE APÓS O CLÁSSICO DE PHINEAS GAGE, 
MENCIONADO ANTERIORMENTE. PORÉM, O GRUPO DO NEUROLOGISTA 
PORTUGUÊS ANTÔNIO DAMÁSIO CONTRIBUIU BASTANTE PARA O ESTUDO DO CÓRTEX 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
PRÉ-FRONTAL. ELES IDENTIFICARAM UM HOMEM CUJA PERDA DE PARTE DO CÓRTEX 
PRÉ-FRONTAL SE DEU DEVIDO À RETIRADA CIRÚRGICA DA REGIÃO EM TRATAMENTO, 
EM RAZÃO DE UM TUMOR AGRESSIVO. 
(DAMÁSIO, 1996) 
ANTÓNIO ROSA DAMÁSIO (PORTUGAL, 1944) 
Neurocientista português que tem como foco de seus estudos o cérebro humano e as emoções. 
Sua maior e mais impactante contribuição ao campo da Psicologia foi mudar a concepção que 
havia acerca da relação “razão x emoção”; quase subordinando a primeira à segunda. 
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas alteradas, principalmente no 
que dizia respeito a julgamentos e tomadas de decisão, que eram constantemente inapropriadas. 
Você saia, que em testes realizados, puderam perceber que os indivíduos, a fim de tomares 
decisões acertadas, além do componente racional, necessitam de uma espécie de antecipação 
emocional, a qual pode gerar modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não (como 
sudorese, taquicardia, entre outras). 
TAL HIPÓTESE É DENOMINADA HIPÓTESE DO MARCADOR SOMÁTICO E PROPÕE 
BASICAMENTE QUE,QUANDO ANTECIPAMOS ALGUM TIPO DE EMOÇÃO, REGIÕES 
ESPECÍFICAS DO CÉREBRO SÃO ATIVADAS EXATAMENTE COMO SE ESTIVÉSSEMOS 
VIVENCIANDO-A. DESSA MANEIRA, INDIVÍDUOS COM LESÕES NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 
PERDEM A CAPACIDADE DE ANTECIPAR TAIS ESTADOS, E ISSO OS LEVA A TOMAR 
DECISÕES ERRÔNEAS. 
MOTIVAÇÃO 
 
Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional, alguém falar em motivação. 
Porém, o que significa motivação para você? 
Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou ir ao encontro de alguma 
coisa. Não é basicamente essa a ideia que você tem? 
ATENÇÃO 
Em Neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado motivacional. Tais estados 
geram comportamentos motivados. Assim, a motivação está associada ao movimento. Por 
exemplo, o estado motivacional de frio nos leva ao comportamento motivado de buscar agasalho. 
É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase como se fosse uma 
emoção por si só. Entretanto, quando tratamos de motivação e comportamentos motivados em 
neurociências, estamos falando de questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência. 
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois sistemas: sistema 
apetitivo e sistema defensivo ou aversivo. 
 
 
SISTEMA APETITIVO X SISTEMA DEFENSIVO 
Sistema apetitivo 
Esse sistema está relacionado à sobrevida e procriação, portanto inclui estados motivacionais de 
fome, sede, regulação da temperatura e sexo, por exemplo. 
 
Sistema defensivo ou aversivo 
Já o sistema defensivo está associado a situações de perigo e ameaça e, portanto, gera 
comportamentos motivados de esquiva e fuga. 
No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo, participando do processo 
de controle de ingestão alimentar. Tal controle envolve a liberação de neurotransmissores e 
hormônios, em um arranjo complexo a fim de manter a homeostasia. 
Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água, dentre outros fatores de 
sobrevivência, ainda existe a dúvida sobre o que nos leva a determinados comportamentos 
geradores de prazer, como comprar, jogar, dentre inúmeras outras atividades. 
A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos dos comportamentos podem 
ser motivados por recompensas que não necessariamente têm a ver com a manutenção da 
espécie no planeta, mas, sim, com a busca pela sensação de prazer. 
 
HOMEOSTASIA 
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon [já citado anteriormente]. Ele 
realizou trabalhos em fisiologia experimental, denominando homeostase como o princípio de 
“meio interno em que o sangue e os demais fluidos que circundam as células constituem o meio 
interno com o qual ocorrem as trocas diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido sempre 
com parâmetros adequados à função celular, independentemente das mudanças que possam 
estar ocorrendo no ambiente externo”. Assim, propôs que a função final de todos os mecanismos 
fisiológicos é a manutenção da homeostase, que deve ser compreendida como “a manutenção da 
estabilidade do meio interno”. (SOUSA; SILVA; GALVÃO-COELHO, 2015) 
REFORÇO E RECOMPENSA 
Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e comportamentos motivados em 
animais? Utilizando técnicas de autoestimulação elétrica. 
Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, 
posicionaram um rato em uma caixa com uma alavanca. 
Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por meio de eletrodos 
colocados em regiões específicas do encéfalo do animal. Inicialmente, o rato pressionava a 
alavanca de maneira randômica, porém, depois de um tempo, o animal permanecia próximo, 
pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e comida. 
 
Autoestimulação elétrica. 
Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o estímulo elétrico em regiões 
específicas) reforçava o comportamento de puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato 
de comer nos reforça o comportamento de buscar comida, já que o alimento é necessário para a 
sobrevivência. 
A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço estão associados às 
fibras liberadoras de dopamina (neurotransmissor), originárias da área tegmentar ventral e se 
projetam para o prosencéfalo. 
Sistema dopaminérgico mesocorticolimbico 
javascript:void(0)
 
Os experimentos demarcaram um momento marcante para identificação das emoções e como 
elas estão associadas ao cérebro. Compreenda mais alguns aspectos: 
No mesmo modelo de experimento citado anteriormente, os pesquisadores injetaram drogas 
bloqueadoras de receptores dopaminérgicos, ou seja, impediram a atuação da dopamina, 
causando diminuição na autoestimulação. 
Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos comportamentos associados a 
recompensas naturais, como água e alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas 
cerebrais são ativadas em antecipação à recompensa propriamente dita. 
 
É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o prato que escolhemos. 
O cérebro percebe o que está por vir e já ativa áreas relacionadas à recompensa em si. 
Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e recompensa é a seguinte: 
como se estabelecem os vícios? Basicamente, em situações nas quais buscamos avidamente por 
uma recompensa de forma incessante e repetitiva, a fim de obter o que a Neurociência chama 
de resposta hedônica (prazer). 
 
Podemos utilizar como exemplo a nicotina para explicar o processo que se forma no cérebro. 
Este composto, presente em altas doses no cigarro, atua diretamente nos circuitos encefálicos de 
motivação de comportamento. Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em neurônios 
dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em tais circuitos, reforçando o comportamento 
pela busca da droga. 
 
O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da própria nicotina em si em 
outras regiões do organismo) é o efeito de tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a 
estimulação acentuada frente ao uso crônico da substância, fazendo com que a resposta à 
nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão necessárias, daí por diante, doses cada 
vez maiores da droga. 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. Segundo a teoria de james-lange, as sensações periféricas nos fornecem substrato para as 
emoções; logo, sentimos tristeza porque choramos, e assim por diante. Apesar de desacreditada 
durante um tempo, a ideia original ressurgiu com o advento da teoria do marcador somático, de 
antônio damásio. De que maneira se dá tal associação? 
A. Segundo a Teoria do Marcador Somático, os indivíduos necessitam do componente 
emocional para a tomada de decisão em maior proporção do que a análise racional de 
fatos. 
B. Segundo Damásio, a percepção de fatores somáticos corporais afetaria de forma negativa 
a percepção de informações cognitivas, o que levaria a decisões ruins. 
C. A antecipação emocional que se dá via marcadores somáticos oferece pistas importantes 
na tomada de decisão quando analisadas com fatos. 
D. Damásio sugere que as emoções são afetadas diretamente pelas reações corporais que 
temos frente às situações cotidianas; dessa maneira, a Teoria de James-Lange é 
corroborada por completo. 
 
A alternativa "C " está correta. 
 
Segundo a Teoria do Marcador Somático, as modificações somáticas que nos acometem, ainda 
que imperceptíveis, atuam como direcionadores na tomada de decisão. Dessa forma, corrobora, 
em certo aspecto, com a ideia de que sistemas periféricos têm influência na maneira como 
sentimos. Entretanto, Damásio deixa claro que não há necessidade de que tais alterações sejam 
processadas conscientemente. 
 
2. Os comportamentos motivados são frequentemente desencadeados por estados motivacionais 
internos. Dessa maneira, a percepção de sensações e modificações somáticas se traduz em 
comportamento específico, o que nos leva à busca por recompensas. Quando obtemos a 
recompensa, acionamos circuitosconhecidos, que, em contrapartida, reforçam tais ações. Foi 
demonstrado que, antes mesmo de termos a recompensa em mãos, áreas do cérebro já se 
encontram ativas, como se estivéssemos realmente vivenciando o processo. Dentre as situações 
a seguir, qual não se relaciona com a geração de reforço positivo? 
 
A. Ingerir alimento saboroso. 
B. Beber água gelada no calor. 
C. Vestir um casaco em situação de frio. 
D. Fugir de situação potencialmente perigosa. 
 
A alternativa "D " está correta. 
 
O enunciado da questão já nos dá pistas de que, ao falarmos de reforço positivo, estamos nos 
referindo ao reforço relacionado à recompensa, como estudamos nesse módulo. A situação de 
fugir de uma situação potencialmente perigosa não se enquadra nesse processo, especialmente 
porque a ação do indivíduo não provém de uma experiência de recompensa, mas, sim, de 
aversão. 
 
CONCLUSÃO - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao chegarmos ao fim deste tema, esperamos que você tenha percebido a importância de 
reconhecer que, como humanos, somos seres extremamente complexos e que até mesmo 
atitudes mais simples – como observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignoro 
ou reajo a uma provocação – são fundamentadas por bases neurais, que também são complexas. 
No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento, especialmente acerca da 
linguagem, das funções executivas, da emoção, deve levar-nos a tomar consciência daquilo que 
nos define como espécie. Isso permite que compreendamos como as respostas que damos a 
situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista neurológico. Ao mesmo tempo, tal como 
o próprio desenvolvimento do cérebro se deu por adaptações, como vimos, cada indivíduo 
também é capaz de adaptar-se às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações 
limites (como no caso de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do indivíduo, inclusive no 
contexto da espécie. 
É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância de, cada vez mais, 
conhecer e se aprofundar no fantástico mundo da mente humana. Aproveite cada indicação feita 
no Explore + e nas referências a seguir.

Outros materiais