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Linguagem, funções executivas, motivação e emoção

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DEFINIÇÃO
A importância da linguagem e os centros de controle da linguagem no
cérebro humano. Funções executivas clássicas; processamento
encefálico de funções executivas; memória de trabalho; controle inibitório;
flexibilidade cognitiva e redes frontais executivas. Emoções primárias,
secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex pré-
frontal e processamento emocional da tomada de decisão.
PROPÓSITO
Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas
emoções e as funções executivas são essenciais para respostas
adequadas à vivência em sociedade como conhecemos, compreendendo,
dessa forma, que identificar as bases neurais de tais processos é
importante para que se entenda as diferentes respostas humanas, bem
como suas adaptações.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
 
Identificar os principais locais de processamento da linguagem no cérebro
humano
MÓDULO 2
 
Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo controle
executivo, discernindo a relevância de tais processos na adequação de
respostas ao ambiente
MÓDULO 3
 
Identificar a importância do processamento de emoções na tomada de
decisões, a influência dos estados motivacionais e os locais encefálicos
relacionados aos sentimentos
INTRODUÇÃO
IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO:
Um professor em uma sala de aula (virtual ou não). Ele precisa explicar
conceitos específicos sobre determinado assunto aos seus alunos. Para
tal, ele organizou previamente um plano de aula, no qual estruturou suas
ideias principais e a ordem dos assuntos que serão abordados.
O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem
anotações em seus cadernos, tablets e smartphones. A comunicação se
estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor conseguiu com sucesso
passar sua mensagem, que foi transmitida por meio do uso da
linguagem verbal e não verbal. Além de sua fala, o professor
providenciou imagens sobre o assunto em questão, que isso facilitou o
entendimento da matéria.
Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram diversas
atividades, na sala ou mesmo antes de chegar a ela; das mais simples
(como amarrar o cadarço do tênis) às mais complexas (como elaborar
esquemas, gráficos e imagens que facilitem a compreensão de
determinado conteúdo).
 
Fonte: Shutterstock
FUNÇÕES EXECUTIVAS

AÇÕES E ATITUDES DIRETAMENTE
ASSOCIADAS A PARTES
ESPECIFICAS DO CÉREBRO
Por isso, todas essas atitudes são funções executivas, que estão
diretamente ligadas a partes específicas de nosso cérebro.
Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como
aconteceria a cena hipotética que mencionamos sem imaginarmos se o
professor chegou bem-humorado ou não, ou se algum aluno sequer
anotou uma frase, já que se recusava a dar atenção àquele que lhe deu
nota 2,0 na prova anterior.
Fonte: Shutterstock
Você já se deu conta de como seriam as relações humanas se elas
fossem desprovidas de emoção?
TALVEZ NÃO, MAS A VERDADE É
QUE AS EMOÇÕES SÃO TÃO
NECESSÁRIAS COMO HABILIDADES
ADAPTATIVAS QUANTO OS
MECANISMOS DE TOMADA DE
DECISÃO.
DESSA FORMA, COMPREENDER
COMO A EMOÇÃO É PROCESSADA
NO CÉREBRO PODE TRAZER
INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE
O COMPORTAMENTO HUMANO EM
DIFERENTES SITUAÇÕES.
É EXATAMENTE ISSO QUE VAMOS
ESTUDAR AGORA!
MÓDULO 1
IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS LOCAIS DE
PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM NO CÉREBRO HUMANO
POR QUE ESTUDAR A
LINGUAGEM?
Mas, o que é linguagem, afinal?
Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras
específicas para que um emissor envie mensagens a um receptor, de
maneira que a mensagem principal seja compreendida.
 
Fonte: Shutterstock
Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São
elas:
 Clique nos itens a seguir.
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO PRÓPRIO
AVANÇO TECNOLÓGICO
EVOLUÇÃO HUMANA
Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos, possuam
sistemas de comunicação próprios, a linguagem humana, sem
dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos como a língua de
determinado local sofre mudanças com o tempo: recebe novas palavras,
criam-se neologismos, termos, gírias.
Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em todas as
áreas, novas palavras e novos vocabulários são criados a fim de
acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem contar as palavras
que são absorvidas das mais diversas línguas e modificadas para se
ajustarem às regras gramaticais de outra localidade. Com certeza, nossas
tataravós não saberiam dizer o que é um drone ou um smartphone.
Entretanto, ambos fazem parte de nossa vida no presente e sabemos
seus significados e suas funções.
A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na evolução dos
seres humanos, e não é formada apenas de sons específicos, mas
envolve ainda gestos e expressões faciais, que trazem emoção ao
discurso.
Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se a
ensaios e testes com pacientes com lesões cerebrais, cujos danos
restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o avanço da tecnologia
de imagens, foi possível inserir a Neurociência no processo de
investigação das áreas cerebrais voltadas à linguagem, o que possibilitou
uma compreensão maior do fenômeno.
ALGUNS ASPECTOS DA
LINGUAGEM
A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais específicos;
por exemplo, a linguagem verbal inclui a vocalização de sons e a
compreensão dos mesmos via sistema auditivo. Dessa maneira,
dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um pareamento de
sistemas para a compreensão da mensagem.
Quando a linguagem utilizada for escrita, o sistema visual será
encarregado de receber tais estímulos.
Se a linguagem utilizada for o braille, por exemplo, o sistema
somestésico será o primeiro a receber as informações necessárias para
que a comunicação ocorra.
Linguagem verbal
 
Fonte: Shutterstock
javascript:void(0)
javascript:void(0)
BRAILLE
Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas
da visão podem ler pelo tato e que lhes permite também escrever;
anagliptografia.
SISTEMA SOMESTÉSICO
O sistema somestésico está ligado à percepção tátil.
Fonte: Shutterstock
Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem
escrita, por exemplo, entendemos que a primeira possui fortes bases
neurais, uma vez que, nos primeiros meses de vida, os seres humanos já
são capazes de iniciar processos de aprendizagem neste campo.
Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende
de uma educação formal, o que nem sempre ocorre. No entanto, a
linguagem deve ser considerada universal, no sentido de que todas as
sociedades apresentam sistemas bem definidos de regras e se
comunicam, ao menos, verbalmente.
A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é
inato ao ser humano e que, provavelmente, existam áreas específicas no
cérebro para o processamento desses dados.
Linguagem universal
Fonte: Shutterstock
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de
linguagem:
FONEMA
São unidades formadoras das palavras. São sons distintos, cuja junção
resulta em palavras e frases.
SINTAXE
Estrutura de regras gramaticais para associação de palavras em frases.
SEMÂNTICA
Trata-se da compreensão do significado das palavras.
PROSÓDIA
São inflexões, entonações de voz, gestos e expressões faciais que
acompanham a fala.
ÁREAS ENCEFÁLICAS
ENVOLVIDAS NA FALA
Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é
uma descoberta relativamente recente?
EXATAMENTE! DURANTE MUITO
TEMPO, ACREDITOU-SE QUE TODOS
OS PROCESSOS DE REGULAÇÃO DA
FALA SE DAVAM APENAS EM NÍVEIS
INFERIORES, MAIS
ESPECIFICAMENTE OS MÚSCULOS
DA BOCA, LÍNGUA E LARINGE.
A partir de 1770, vieram os primeiros indícios de que áreas encefálicas
estariam associadas a problemas na fala. Porém, em 1863, o
neurologista francês Paul Broca publicou um artigo relatando vários
casos de indivíduos com lesões nos lobos frontais, especificamente no
hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava comprometida.No
ano seguinte, Broca propôs que havia dominância do hemisfério
esquerdo no que diz respeito à linguagem em relação ao hemisfério
direito.
PAUL BROCA
Paul Broca (1824-1880) nasceu na França. Logo após concluir o
curso de Medicina na Universidade de Paris (1844), tornou-se
professor de Patologia Cirúrgica. Sua maior contribuição à
Neurologia foi a identificação, no cérebro, do centro do uso da
palavra (área de Broca).
Confira, então, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a
relação entre os problemas na fala.
PROCEDIMENTO DE WADA
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O procedimento de Wada – uma técnica mais moderna desenvolvida por
Juhn Wada no Instituto Neurológico de Montreal – pode comprovar tal
afirmativa. Esse procedimento consiste na administração de um
barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de apenas um dos lados
do pescoço, o que faz com que apenas um hemisfério seja anestesiado.
Dentre os efeitos transitórios, estão: paralisia do corpo no lado
contralateral à injeção e problemas na execução de tarefas que,
especificamente, são controladas pelo hemisfério anestesiado. Observe a
figura:
Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de
um único hemisfério e observar as atividades que ele regula. Dessa
forma, foi possível associar a anestesia do hemisfério esquerdo e a total
incapacidade de fala. Em 96% dos destros e em 70% dos canhotos, o
hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma parcela
muito pequena da população observa-se bilateralidade da fala.
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Fonte: Shutterstock
 Procedimento de Wada 
ÁREA DE BROCA
A área que Broca identificou como a responsável pela articulação da fala
acabou ficando conhecida como área de Broca.
Complementando o estudo, o neurologista alemão Karl Wernicke
mostrou que lesões no hemisfério esquerdo, fora da área de Broca,
também resultam em dificuldades na fala. Tal área ficou conhecida como
área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex auditivo e ao giro
angular.
Apesar de tais áreas, ainda hoje, serem implicadas em aspectos da
linguagem, sabe-se que seus limites não estão totalmente esclarecidos e
podem ser ainda mais abrangentes.
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Fonte: Shutterstock
 Componentes principais do sistema de linguagem no hemisfério
esquerdo
JUHN WADA
Juhn Wada (Japão, 1924) desenvolveu pesquisas na área de
epilepsia, incluindo sua descrição do teste de Wada para domínio
hemisférico cerebral da função da linguagem. Suas principais áreas
de interesse são: assimetrias do cérebro humano e neurobiologia da
epilepsia.
Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões
genéticas associadas à linguagem. Como o cérebro e suas estruturas são
plásticos e mutáveis frente aos diferentes estímulos ao longo da vida, os
circuitos podem sofrer variações de um indivíduo para o outro.
KARL WERNICKE
Karl Wernicke (1848-1905) nasceu na região da Prússia (onde hoje
é a Polônia/Alemanha). Estudou Neurologia, buscando identificar
doenças nervosas de áreas específicas do cérebro. Dedicou-se a
pesquisar distúrbios que implicam na funcionalidade da fala e
escrita.
O ESTUDO DAS AFASIAS E O
MODELO DE WERNICKE-
GESCHWIND
Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua
associação com áreas encefálicas advém da análise de casos de
afasias?
É ISSO MESMO! A AFASIA É A
PERDA PARCIAL OU COMPLETA DA
FALA, RESULTANTE DE LESÕES
ENCEFÁLICAS. NA MAIORIA DAS
VEZES, ISSO ACONTECE SEM QUE
HAJA PERDA COGNITIVA OU DA
CAPACIDADE DE MOVER OS
MÚSCULOS ENVOLVIDOS NA FALA.
A afasia de Broca é caracterizada pela perda da capacidade de fala,
com preservação da compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com
essa síndrome apresentam fala difícil e telegráfica com recorrente
anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes.
Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como
substantivos, verbos e adjetivos, são frequentemente utilizadas. Já
palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não são
utilizadas e não fazem parte das frases.
Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de
dificuldade motora na articulação da fala, uma vez que a compreensão é
mantida, porém a externalização das palavras, não.
 
Fonte: Shutterstock
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AFASIA DE BROCA
Também conhecida como afasia motora ou não fluente, pois a
pessoa tem dificuldade em falar mesmo que possa entender a
linguagem falada ou lida. Caracterizada por dificuldades no
discurso, incluindo uma ampla gama de sintomas. O discurso dos
pacientes é frequentemente telegráfico e custoso, vindo em
rompantes desiguais.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre afasias.
Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser
responsável pelo controle motor na articulação de sons e palavras. Tal
ideia faz sentido quando percebemos que a área de Broca está localizada
próximo à área do córtex motor, que controla a boca e a língua.
Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a
possibilidade de eles falarem palavras como bee (abelha, em inglês), mas
nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar palavras foneticamente
similares como be (ser, em inglês).
Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras
de função e palavras de conteúdo, e não em problemas meramente
motores, como muitos pesquisadores da área afirmam.
Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke.
TAREFA NÃO VERBAL
Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com
a afasia de Wernicke se está havendo ou não compreensão
do que é dito ou escrito. Dessa forma, designa-se
determinada tarefa não verbal para verificar a compreensão
do paciente.
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque
determinado objeto sobre outro. O que se observa é que não
há capacidade de compreensão mesmo para tarefas simples
como essa.
SONS DE ENTRADA
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões
motoras que controlam boca e língua, a área de Wernicke
localiza-se próximo ao córtex auditivo.
Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está
relacionada aos sons de entrada e seus significados. Em
outras palavras: seria uma área de formação de memória
entre sons e seus significados, o que gera a compreensão da
palavra propriamente dita.
REGULAÇÃO DA LINGUAGEM
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um
modelo de processamento de linguagem no encéfalo, o qual
foi complementado por Norman Geschwind.
Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-
Geschwind, acaba sendo uma simplificação do que ocorrem
em termos de regulação da linguagem na realidade.
NORMAN GESCHWIND
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Norman Geschwind (1926-1984) nasceu nos Estados Unidos e teve
como foco de interesse a Neurologia Comportamental.
Curiosamente, ele ingressou em Harvard para estudar Matemática;
porém, a Psicologia chamou sua atenção ao observar os soldados
na Segunda Guerra Mundial (quando ele serviu ao Exército), agindo
de forma irracional nos combates.
Para compreendermos esse modelo, vamos considerar duas situações
distintas: repetição de palavras e a leitura em voz alta de um texto
escrito.
REPETIÇÃO DE PALAVRAS
Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo até
o córtex auditivo. Este, por sua vez, processa as informações recebidas,
as quais somente serão reconhecidas como palavras com significado
quando processadas na área de Wernicke.
As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações
chegarem à área de Broca, onde comandos neurais serão enviados às
regiões motoras responsáveis pelo controle da língua e dos músculos
associados à fala.
 
Fonte: Shutterstock
 Repetição de palavras faladas (Modelo de Wernicke-Geschwind).
LEITURA EM VOZ ALTA DE UM
TEXTO ESCRITO
Já nessa situação, em que a tarefa é a leitura de um texto escrito, o
processo final é similar, mas o início difere pelo fato de o sistema deentrada ser o visual, e não o auditivo.
Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas e
passam ao giro angular, onde serão novamente processadas e
transformadas em sinais de saída para a área de Wernicke, como se
fossem sinais falados, e não escritos.
O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações sendo
levadas à área de Broca e, então, para o córtex motor.
 
Fonte: Shutterstock
 Repetição de palavras escritas (Modelo de Wernicke-Geschwind) 
SIMPLIFICAÇÕES DO MODELO DE
WERNICKE-GESCHWIND
Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos aspectos.
Por exemplo, as informações visuais podem chegar diretamente à área
de Broca, sem passar pelo giro angular.
As informações visuais não precisam ser transformadas em informações
auditivas, como sugerido. Além disso, sabe-se atualmente que os danos
nas afasias de Broca e Wernicke dependem da extensão das áreas
lesadas e de regiões não mencionadas no modelo, como o núcleo
caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais).
Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente vascular
cerebral (AVC), a borda limítrofe das lesões é variável, o que pode incluir
ou não áreas de relevância à linguagem e que acabaram excluídas do
modelo.
Foram reportados ainda estudos que evidenciam a recuperação de áreas
lesadas, ou ainda a substituição de função por áreas anteriormente não
relacionadas à linguagem, o que agrava a compreensão dos quadros.
Vários casos de afasia são acompanhados de disfunções da fala e da
compreensão ao mesmo tempo.
Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise, mas
que mantêm alguns aspectos básicos do modelo de Wernicke-
Geschwind.
 
Fonte: Shutterstock
AFASIA DE CONDUÇÃO
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
Fonte:Shutterstock
 Feixe arqueado – fibras responsáveis pela conexão entre as áreas de
Broca e Wernicke.
Outro tipo de afasia existente é a afasia de condução, na qual ocorre
desconexão entre as áreas de Broca e Wernicke. Tal perda de
conectividade ocorre devido a lesões no fascículo arqueado, um conjunto
de fibras que conectam ambas as áreas de linguagem.
Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto,
como há perda da comunicação entre as áreas, há perda da capacidade
de repetir palavras. O paciente até pode ouvir uma palavra ou frase e
compreender o que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz alta da
forma correta.
ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do
hemisfério esquerdo na formação da linguagem, a comunidade científica
entendeu e aceitou que haveria dominância de tal hemisfério em relação
ao direito, que teria apenas funções secundárias e coadjuvantes.
Entretanto, o conceito de dominância hemisférica tornou-se ultrapassado;
o que se entende atualmente é o conceito de especialização, e não
dominância.
A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada
qual especializado em um grupo de funções. Porém, ambos trabalham
em conjunto, integrados por milhões de fibras denominadas comissuras
cerebrais.
 
Fonte: Shutterstock
 Comissuras cerebrais
O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos: o
de lateralidade e assimetria.
 Clique nos itens a seguir.
LATERALIDADE
ASSIMETRIA
A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e
algum hemisfério acaba sendo responsável por determinada função
majoritariamente.
O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a
ótica de diversas modalidades: assimetrias morfológicas, funcionais e
comportamentais. 
ASSIMETRIAS MORFOLÓGICAS
Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação
seja considerada de forma simplista. O conceito de especialização
hemisférica não pode ser traduzido como se o hemisfério esquerdo
fosse inteiramente responsável pela fala e o direito, pelas emoções,
por exemplo. Tais fatos incorrem em afirmações que carecem de
necessária comprovação científica.
Se quiser se aprofundar nesse assunto, visite o Explore+ ao final no
tema.
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Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram
seccionadas a fim de evitar crises epilépticas fortes, é possível pesquisar
as especialidades hemisféricas fornecendo estímulos que serão
processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais estudos,
foi possível localizar as especializações e associá-las aos seus
respectivos hemisférios, como também perceber o papel das comissuras
na integração dos hemisférios.
Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas
quanto afetivas, e isso se dá por integração entre os hemisférios. A
prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto o esquerdo regula
a compreensão linguística e a fala.
 
Fonte: Shutterstock
 Especialização hemisférica
javascript:void(0)
COMISSURAS
Conjunto de fibras que têm a função de ligar um hemisfério do
cérebro a outro.
Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de
especialização hemisférica é a de que o hemisfério esquerdo trata de
funções mais específicas, enquanto o direito regula funções mais globais.
Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais
detalhes a ativação de partes específicas do encéfalo quando da
execução de determinadas tarefas.
Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de
interferência (IRMf) e tomografia por emissão de pósitrons (TEP) mostram
certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à linguagem, indo de
encontro ao que se observa majoritariamente por meio de exames com
pacientes lesionados ou em situações de anestesia hemisférica, como no
teste de Wada.
 
Fonte: Shutterstock
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A IDEIA DE HEMISFÉRIOS DOMINANTES NÃO É MAIS
ACEITA DESDE QUE SE ENTENDEU QUE OS
HEMISFÉRIOS SE COMPLEMENTAM EM FUNÇÕES, NÃO
NECESSARIAMENTE EXECUTANDO AS MESMAS
AÇÕES, MAS ESPECIALIZANDO-SE. SOBRE A FALA E
ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA, É POSSÍVEL AFIRMAR
QUE:
A) O hemisfério esquerdo é o único responsável pela execução da fala.
B) Ambos os hemisférios estão envolvidos na construção da linguagem.
C) As comissuras permitem a comunicação entre neurônios do mesmo
hemisfério.
D) Tanto em indivíduos destros quanto em indivíduos canhotos observa-
se em igual proporção a dominância do hemisfério esquerdo.
2. GRANDE PARTE DOS ESTUDOS QUE DERAM ORIGEM
À ÁREA DE NEUROCIÊNCIA DA LINGUAGEM ADVÉM DE
PACIENTES COM LESÕES ORIUNDAS DE CIRURGIAS
OU LESÕES CAUSADAS POR ACIDENTES VASCULARES
QUE CULMINARAM EM AFASIAS ESPECÍFICAS.
ENTRETANTO, EMBORA NOS OFEREÇAM
INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE FUNÇÕES
COMPROMETIDAS A PARTIR DAS LESÕES, ALGUNS
DADOS CONTRAPÕEM TAIS ESTUDOS. ASSINALE A
AFIRMATIVA CORRETA SOBRE O ASSUNTO:
A) As afasias podem variar em sintomas devido ao tamanho e à região
das lesões que as geraram, trazendo alguns indícios de que as regiões
definidas originalmente possuem limites variáveis.
B) Apesar de as técnicas de imagem serem resultados mais específicos,
a observação de sintomas em afásicos traz mais detalhes sobre as áreas
estudadas.
C) As áreas de Broca e Wernicke são específicas, respectivamente, no
controle de compreensão da linguagem e controle do aspecto motor da
linguagem.
D) As lesões que resultam em afasias fornecem dados bastante acurados
sobre a localização dos circuitos referentes à formação de linguagem,
tanto em compreensão quanto em resposta motora.
GABARITO
1. A ideia de hemisférios dominantes não é mais aceita desde que se
entendeu que os hemisférios se complementam em funções, não
necessariamente executando as mesmas ações, mas
especializando-se. Sobre a fala e especialização hemisférica, é
possível afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
Apesar de a maioria das regiões designadas para a fala estarem
localizadas no hemisfério esquerdo, o conjunto de informações
resultantes da fala inclui processamento linguístico dohemisfério
esquerdo, mas também processamento prosódico, o qual é resultado do
hemisfério direito.
2. Grande parte dos estudos que deram origem à área de
Neurociência da Linguagem advém de pacientes com lesões
oriundas de cirurgias ou lesões causadas por acidentes vasculares
que culminaram em afasias específicas. Entretanto, embora nos
ofereçam informações relevantes sobre funções comprometidas a
partir das lesões, alguns dados contrapõem tais estudos. Assinale a
afirmativa correta sobre o assunto:
A alternativa "A " está correta.
 
As lesões que ocasionam afasias são, normalmente, oriundas de AVCs,
os quais podem variar em extensão e fatores associados. Dessa maneira,
os dados relacionados a tais condições podem não ser exatamente
específicos em termos de localização e função relacionada. Os exames
de imagens podem proporcionar mais dados associados, facilitando o
estudo de tais regiões no encéfalo.
MÓDULO 2
RECONHECER AS PRINCIPAIS FUNÇÕES
COGNITIVAS PROCESSADAS PELO CONTROLE EXECUTIVO,
DISCERNINDO A RELEVÂNCIA DE TAIS PROCESSOS NA
ADEQUAÇÃO DE RESPOSTAS AO AMBIENTE
CONTROLE EXECUTIVO
A IMPORTÂNCIA DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS
Já parou para pensar sobre qual a Importância das funções executivas?
TODOS OS DIAS, EXECUTAMOS
DIVERSAS ATIVIDADES E
RESPONDEMOS AO AMBIENTE COM
COMPORTAMENTOS NORMALMENTE
ADEQUADOS ÀS SITUAÇÕES.
VAMOS AO TRABALHO, À
FACULDADE, DIRIGIMOS, PEGAMOS
TRANSPORTES, DEPARAMO-NOS
COM PESSOAS, POR VEZES
DESCONHECIDAS, E LIDAMOS COM
SITUAÇÕES, ORA CORRIQUEIRAS,
ORA DESAFIADORAS
Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso
encéfalo (composto por cérebro, cerebelo, tronco encefálico), por meio de
suas inúmeras e complexas conexões neurais, processa tais estímulos e
adiciona ainda componentes emocionais, memórias e outros aspectos
que compõem nossas reações.
Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma
série de processos executivos coordenados, ou seja, existe um comando
executivo atuando a todo momento na mediação de nossas respostas
frente aos estímulos recebidos constantemente.
 
Fonte: Shutterstock
 Componentes do encéfalo.
POR EXEMPLO, IMAGINE-SE NA
SEGUINTE SITUAÇÃO:
Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe.
Você nunca esteve nesse restaurante; ainda assim, você sabe
exatamente o que fazer. Você decide o prato que vai pedir levando em
consideração suas preferências alimentares, o custo-benefício de seu
pedido e sua dieta recém-iniciada.
Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu
chefe, já que, claramente, esse almoço é um teste. Você decide
rapidamente quais informações dará e de que maneira o fará utilizando a
linguagem adequada à situação.
Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que seu
chefe aborde o assunto. Você provavelmente não vai beber do copo dele
nem dar uma garfada no risoto de camarão que ele pediu. Também não
contará piadas.
Por que trouxemos tal exemplo?
PORQUE, EMBORA PAREÇAM
AÇÕES COMUNS, PESSOAS COM
DISFUNÇÕES EXECUTIVAS,
DEPENDENDO DA REGIÃO AFETADA,
PODEM TER DIFICULDADES PARA
ATUAR EM TAL SITUAÇÃO.
 ATENÇÃO
Na verdade, o domínio executivo permite que consigamos planejar,
flexibilizar quando necessário e autorregular nossos processos mentais e
comportamentais.
O CASO PIONEIRO
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos com
sérios problemas comportamentais e de personalidade podem apresentar
resultados normais (ou até superiores em desempenho) em testes
cognitivos padronizados.
É o caso de Phineas Gage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de
ferro modificou sua vida e as pesquisas sobre o funcionamento do
cérebro (na verdade, encéfalo).
Fonte: Wikipédia
 Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage
Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro
nos Estados Unidos no auge de seus 25 anos de idade, teve a cabeça
atravessada de baixo para cima por uma barra de ferro de 1m de
comprimento e 30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida ao
hospital, onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal esquerdo.
Gage perdeu a visão e ficou com o rosto paralisado no lado onde a barra
o atingiu.
Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas,
Gage foi incapaz de retornar ao trabalho devido a mudanças drásticas em
seu comportamento. Dentre elas, apresentava-se mais agressivo e
menos respeitoso com quem interagisse, principalmente se fosse
contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao acidente exibindo-se
em circos com sua barra de ferro. Faleceu junto à família de mal
epiléptico.
O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do
controle executivo. Phineas apresentou resultados adequados em testes
padronizados de funções cognitivas como memória, capacidade de
realizar cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto,
sua convivência em sociedade e a execução de seu trabalho foram
afetados de forma drástica por mudanças nas funções executivas.
Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo
adequado gera autonomia ao indivíduo em relação ao meio ambiente.
Confira alguns aspectos importantes desse tema:
 Clique nos itens a seguir.
AUTONOMIA PERDIDA X LESÕES
AUTONOMIA PERDIDA X MEIO AMBIENTE
Nesse caso, quando a autonomia é perdida por lesões específicas em
áreas relacionadas ao controle executivo, perde-se parte da capacidade
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adaptativa ao ambiente.
A perda de autonomia em relação ao ambiente está relacionada ao fato
de que os estímulos externos, em situações onde a função executiva não
está preservada, acabam por se tornar prevalentes em relação às
vontades e aos planejamentos do indivíduo.
AXIOMAS
Axioma, originário da Lógica, corresponde a uma sentença inicial ou
fundamento de alguma teoria sobre a qual se desenvolvem novos
conceitos.
Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio
ambiente é necessário analisar um dos principais testes de função
executiva:
Você conhece o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra?
Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido
que conseguir, o nome das cores de uma sequência dada (figura 10). No
primeiro caso, o estímulo é a imagem de círculos de cores diferentes. Na
segunda etapa, ocorre o teste de interferência propriamente dito. O
estímulo, agora, consiste na mesma sequência de cores. Porém, em vez
de círculos coloridos, aparecem os nomes de cores impressos em cores
incongruentes.
AGORA É COM VOCÊ! FAÇA O TESTE
DE STROOP!
Instrução: Você irá precisar de um marcador de tempo, um
cronômetro para esse teste.
 
ETAPA 1:
Leia em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores
disponíveis na figura. Marque o tempo que você gastou para realizar essa
leitura.
 
ETAPA 2:
Leia em voz alta, o nome escrito das cores na figura. Marque, também, o
tempo que você gastou para realizar essa leitura.
 Teste de Stroop. À esquerda, prancha com estímulos de denominação
de cores. À direita, prancha com estímulos de interferência cor-palavra
(os nomes são impressos em cores incongruentes).
QUAL O TEMPO QUE VOCÊ GASTOU
PARA REALIZAR A LEITURA DE
CADA TESTE?
Neste teste, com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que
pessoas cujas funções executivas estão íntegras, ocorre uma diferença
de, em média, dez segundos entre a primeira etapa e a segunda.
 
Fonte: Shutterstock
No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções
executivas? Entenda!
A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em
pessoas alfabetizadas. Dessa maneira, o estímulo sensorial da palavra
escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo de denominação da cor
impressa.
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência natural
de ler a palavra escrita, o que indica flexibilidade e autonomia sobre os
estímulos ambientais.
Já os indivíduosque não possuem as funções executivas íntegras levam
muito mais tempo para executar a segunda parte do teste, pois tendem a
verbalizar o nome da cor impressa.
COMPONENTES PREFERENCIAIS
DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE).
É possível encontrar listas extensas do que seriam ou são tais funções.
Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle
executivo é algo maior, por trás de funções cognitivas como a memória e
a atenção, por exemplo.
Além disso, tal controle superior tem por objetivo, dependendo da
situação, exercer um direcionamento de nossas funções cognitivas.
Em outras palavras, existem funções cognitivas que nos permitem
compreender o mundo, dar atenção aos estímulos adequados e reagir a
eles. Acima de tais funções, está o comando executivo gerenciando como
todas essas funções serão orquestradas a fim de retornar uma ação
adaptativa.
Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos,
entende-se que os principais elementos de controle executivo são:
 Clique nos itens a seguir.
MEMÓRIA DE TRABALHO
FLEXIBILIZAÇÃO COGNITIVA
CONTROLE INIBITÓRIO
Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e manipular
informações distintas por curto espaço de tempo. Tal função permite que
consigamos realizar tarefas sequenciais com início, meio e fim, sem se
perder em meio às informações. Indivíduos com lesões no córtex pré-
frontal podem apresentar distúrbios de memória de trabalho e, com isso,
tornam-se incapazes de ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo.
Ao ler um texto, é necessário memória de trabalho para que se possa
lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está lendo. É esse
tipo de memória que possibilita a realização de cálculos mentalmente e a
estruturação de pensamentos complexos que dependam de várias
informações simultâneas.
Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em resposta a
diferentes demandas ou, ainda, auxilia a aplicar diferentes regras a
situações adequadas. Por exemplo, um indivíduo faz seu caminho até a
faculdade todos os dias. Entretanto, em um dia específico, pode ser que
ele necessite passar no banco antes de ir à faculdade e, assim, terá de
modificar seu trajeto habitual. Parece algo simples de se fazer, já que há
um objetivo: passar no banco. Entretanto, pessoas com lesões do córtex
pré-frontal podem se mostrar incapazes de reorientar seus trajetos, já que
a “regra” original é manter o caminho até a faculdade diariamente.
É a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a fim de que
resistamos a distrações e hábitos e consigamos parar antes de reagir.
Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e sustentada, além da
capacidade de priorizar tarefas a fim de alcançar objetivos pré-
estabelecidos. Está correlacionada diretamente aos processos de
controle emocional.
Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário
suplantar respostas prepotentes, ou seja, respostas habituais e que são
mais fortes do que as novas ações requeridas. Em outras palavras, as
funções executivas são necessárias quando é preciso atuar de forma
contrária a um hábito fortemente adquirido.
HÁBITO FORTEMENTE
ADQUIRIDO
Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um
hábito. Neurologicamente, isso significa que houve a criação de um
circuito específico que se repete em looping toda vez que um gatilho
é apresentado. É o caso da mulher que, todo dia, pontualmente às
15h, deixa sua mesa de trabalho e vai até a cantina do trabalho
comprar um bolo. Talvez ela nem esteja com fome, talvez esteja
entediada, mas, para quebrar a rotina, inseriu esse hábito. Logo, o
gatilho, nesse caso, pode ser o tédio em meio ao trabalho da tarde.
Toda vez que esse gatilho se apresenta, a mulher associa a ele uma
ação, que, no caso, é a compra (e consequente ingestão) do bolo.
Tal circuito é quase automático, pois uma ação ou percepção leva à
outra, e as respostas são quase imediatas. Entretanto, caso ela
resolva abandonar esse hábito, terá de utilizar suas funções
executivas para suplantar a vontade de obter recompensa imediata
comendo o doce.
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 ATENÇÃO
O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas de
processamento. Estas formas automáticas de processamento de
estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de baixo para cima,
significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações
criaram um hábito.
REDES EXECUTIVAS FRONTAIS:
ANATOMIA DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS
Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a
adaptação ao ambiente, resta conhecer as regiões responsáveis por tal
atuação.
Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle executivo
advêm de estudos em lesões cerebrais que resultam em síndromes
cognitivas peculiares, como as observadas no caso de Phineas Gage.
Tais síndromes levam a localizações que remetem às regiões de lobos
frontais.
 
Fonte: Shutterstock
 Lobos cerebrais
Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o
epicentro das funções executivas, visto que alojam uma série de áreas
importantes relacionadas a processos cognitivos, como linguagem e
áreas motoras, por exemplo. Entretanto, a maior parte das síndromes que
levam a disfunções de comportamento convergem para a região
específica do córtex pré-frontal (CPF).
Tal região é dividida em 3 partes: córtex dorsolateral, córtex orbitroventral
e córtex frontomedial.
 
Fonte: Shutterstock
 Regiões do córtex pré-frontal
O córtex pré-frontal possui inúmeras conexões com áreas cerebrais.
Compreenda mais algumas:
 
O CPF possui grande número de conexões com áreas cerebrais que
processam informações externas, incluindo todos os sistemas sensoriais,
além de áreas motoras corticais, assim como informações internas das
estruturas límbicas (centro da emoção) e mesoencefálicas.
 
Logo, o CPF exerce importante função ao processar inúmeras
informações internas e externas a fim de orientá-las no alcance de
objetivos específicos.
 
Não basta ver, ouvir e compreender informações; elas precisam ser
coordenadas para gerar respostas adequadas.
 
Grande parte dos dados sobre o CPF advém, como dito anteriormente,
de estudos em pacientes com lesões da área. A seguir, descreveremos
algumas das funções executivas impactadas por danos no CPF.
Confira, então, alguns aspectos relacionados córtex pré-frontal:
CONTROLE INIBITÓRIO
Pacientes com danos no CPF podem apresentar um comportamento
conhecido como perseveração (ou perseverância), que consiste em
manter comportamentos desencadeados por estímulos sensoriais, mas
sem dar a eles a devida adequação circunstancial. É o caso de um
indivíduo que, a cada vez que se depara com um copo de água, não
resiste e toma todo o líquido, mesmo sem saber a quem pertence.
PLANEJAMENTO
Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades básicas de
comportamento, a capacidade de organização pode ser perdida. Um
indivíduo com lesões específicas no CPF pode apresentar dificuldades
em ordenar certos comportamentos, como, por exemplo, a execução de
uma receita.
AVALIAÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS
Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é necessária a
capacidade de avaliar as consequências de diversas ações. Pacientes
com lesões do CPF, especialmente na área orbital, mostram-se incapazes
de avaliar os prós e contras de suas ações, o que resulta em decisões
ruins em curto, médio e longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO,
1996) mostraram que o córtex pré-frontal orbital é capaz de associar
pistas afetivas às decisões a serem tomadas, e tal associação emocional
gera alto peso na tomada de decisões. Lesões nessa área específica
tornam indivíduos inaptos em vários testes simples de tomada de
decisão.
APRENDIZAGEM E UTILIZAÇÃO DE
REGRAS
A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema importânciano
contexto da aprendizagem. Entretanto, quando se perde tal função
executiva, o indivíduo perde a capacidade de aplicar regras e moldá-las
aos diferentes contextos. Nesses casos, a pessoa terá de lidar com cada
nova situação na base de erros e acertos, pois é incapaz de reutilizar e
adaptar regras aprendidas.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre a aprendizagem e a
utilização de regras.
Como você pode observar com o vídeo, essas funções e habilidades são
desenvolvidas no Córtex pré-frontal, esse desempenha um papel
relevante no controle executivo. Entretanto, algumas síndromes
chamadas disexecutivas foram associadas a regiões não frontais.
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é
possível estabelecer que tais síndromes causadas por lesões situadas
fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente associadas a eles por
conexões podem ser diagnosticadas.
VOCÊ JÁ COMPREENDEU A
IMPORTÂNCIA DO CONTROLE
EXECUTIVO EM NOSSA VIDA. NO
ENTANTO, A PERGUNTA NATURAL
QUE PODERIA SURGIR A PARTIR DE
TAIS CONHECIMENTOS É:
TODOS NASCEM COM A PLENITUDE
DE SUAS FUNÇÕES EXECUTIVAS?
A resposta para essa pergunta é não!
Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser
desenvolvidas ao longo da vida, a partir dos estímulos corretos. Em parte,
não nascemos com elas porque os lobos frontais são os últimos a serem
finalizados em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro lado, ao
longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento de tais estruturas,
temos experiências e estímulos que auxiliam no desenvolvimento cada
vez maior dessas habilidades, como é possível observar no gráfico a
seguir.
Fonte: Neurology, Weintraub e colaboradores, 2013.
 Curva de desenvolvimento de funções executivas
Como mostra o gráfico, as funções executivas começam a ser
desenvolvidas logo após o nascimento, com uma janela de oportunidade
entre as idades de 3 e 5 anos. O crescimento em tais habilidades
continua até a adolescência e o início da fase adulta. A proficiência
começa a ocorrer em fases mais tardias da vida.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS FUNÇÕES EXECUTIVAS SÃO ESSENCIAIS PARA A
ADAPTAÇÃO DOS INDIVÍDUOS AO AMBIENTE E
PERMITEM QUE AS RESPOSTAS E O COMPORTAMENTO
SEJAM ADEQUADOS ÀS DIFERENTES SITUAÇÕES.
APESAR DE EXISTIREM UMA SÉRIE DE FUNÇÕES
CLASSIFICADAS COMO EXECUTIVAS, O CONTROLE
EXECUTIVO PODE SER ENTENDIDO COMO:
A) Uma série de regiões cerebrais relacionadas ao comportamento em
sociedade.
B) O controle inibitório exercido pelo córtex pré-frontal em quaisquer
situações.
C) A coordenação de diversas funções cognitivas a fim de gerar
respostas adaptadas ao ambiente.
D) A função principal do córtex pré-frontal, a única estrutura envolvida no
controle de funções superiores.
2. DENTRE AS VÁRIAS FUNÇÕES EXECUTIVAS, UMA É
PARTICULARMENTE IMPORTANTE PARA QUE SE LEVE
UMA VIDA NORMAL EM TERMOS DE EXECUÇÃO DE
TAREFAS ORGANIZADAS. PACIENTES COM LESÕES NO
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL EM ÁREAS ESPECÍFICAS
PODEM ENCONTRAR DIFICULDADES EM LER TEXTOS,
ORGANIZAR TAREFAS E LEMBRAR-SE DE SUA ÚLTIMA
REFEIÇÃO, POR EXEMPLO. TAL FUNÇÃO EXECUTIVA
ESTÁ RELACIONADA A:
A) Controle inibitório.
B) Planejamento.
C) Memória de trabalho.
D) Atenção.
GABARITO
1. As funções executivas são essenciais para a adaptação dos
indivíduos ao ambiente e permitem que as respostas e o
comportamento sejam adequados às diferentes situações. Apesar
de existirem uma série de funções classificadas como executivas, o
controle executivo pode ser entendido como:
A alternativa "C " está correta.
 
As funções executivas são, na verdade, o gerenciamento cerebral das
principais funções cognitivas, e isso é feito por diversos circuitos. Dentre
eles, alguns específicos envolvendo os lobos frontais e as áreas não
corticais associadas.
2. Dentre as várias funções executivas, uma é particularmente
importante para que se leve uma vida normal em termos de
execução de tarefas organizadas. Pacientes com lesões no córtex
pré-frontal em áreas específicas podem encontrar dificuldades em
ler textos, organizar tarefas e lembrar-se de sua última refeição, por
exemplo. Tal função executiva está relacionada a:
A alternativa "C " está correta.
 
A Memória de trabalho é aquela que confere ao indivíduo a capacidade
de reter, por curto espaço de tempo, algumas informações a fim de
manipulá-las em contextos distintos. A perda de tal capacidade é
extremamente limitante, impedindo que funções simples, como a leitura
de um texto ou a execução de tarefas ordenadas, sejam executadas.
MÓDULO 3
IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO
DE EMOÇÕES NA TOMADA DE DECISÕES,
A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS MOTIVACIONAIS E OS LOCAIS
ENCEFÁLICOS RELACIONADOS AOS SENTIMENTOS
O QUE É EMOÇÃO?
Fonte: Shutterstock
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre
significados puramente linguísticos e outros mais biológicos. Compreenda
mais alguns aspectos:
 Clique nos itens a seguir.
BIOLÓGICO
PERCEPÇÃO
ESTADOS EMOCIONAIS
Do ponto de vista biológico, as emoções representam um conjunto de
reações fisiológicas, químicas e neurais que atuam como base para a
organização de respostas comportamentais correspondentes.
É importante compreender que as emoções são igualmente geradas e
gerenciadas por sistemas neurais, os quais são capazes de lidar não
somente com as respostas dadas frente às emoções, mas também com a
percepção delas.
Outro aspecto importante é a adaptação que os estados emocionais
configuram para a sobrevivência da espécie. Sem as emoções, é muito
difícil gerar respostas adequadas aos diferentes estímulos.
Acompanhe um exemplo de como as emoções são essenciais em nosso
dia a dia:
Imagine a seguinte situação:
Se um aluno perdesse a capacidade de se sentir triste após ser
reprovado em uma prova, talvez não mobilizasse esforços a fim de obter
melhor nota no próximo exame. Em casos mais drásticos, animais que
não apresentam respostas comportamentais de medo quando
ameaçados por predadores terão poucas chances de sobrevivência.
 
Fonte: Shutterstock
CLASSIFICAÇÃO DAS EMOÇÕES
HUMANAS
As emoções podem ser classificadas de três maneiras: emoções
primárias; emoções secundárias e emoções de fundo. As emoções
primárias são inatas, ou seja, é comum a todos os seres humanos,
independentemente de fatores socioculturais.
Fonte: Shutterstock
O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que
Charles Darwin. Ele observou que algumas expressões emocionais
eram similares em diferentes culturas. Atualmente, os pensamentos de
Darwin a respeito de emoções primárias foram corroborados por
pesquisadores, em especial Paul Ekman, da Universidade da Califórnia.
Basicamente, o consenso entre os pesquisadores da área reside nas
seguintes emoções primárias: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e
surpresa.
Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de
comportamentos de sobrevivência conservados na espécie humana.
NA FIGURA É POSSÍVEL
IDENTIFICAR ALGUMAS EMOÇÕES
PRIMÁRIAS. OBSERVE A IMAGEM E
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TENTE PERCEBER AS SEGUINTES
EMOÇÕES: ALEGRIA, MEDO,
SURPRESA, NOJO E RAIVA.
CHARLES DARWIN
Charles Darwin (1809-1882) nasceu na Inglaterra e tem seu nome
imediatamente ligado à Teoria da Evolução, pelo lançamento de sua
obra A origem das espécies. Originário de família de cientistas,
Darwin, após abandonar o curso de Medicina, viajou por vários
países (inclusive o Brasil), ainda na primeira metade do século XIX,
a fim de coletar informações sobre o que chamaria de “seleção
natural das espécies”. Este conceito é a base de sua obra.
PAUL EKMAN
Paul Ekman um dos mais renomados psicólogos contemporâneos.
Aprofundou e sistematizou o estudo sobre expressões faciais
humanas e criou um método para sua identificação. Além de autor
de muitos livros e largamente premiado, já prestou consultoria para
órgãos internacionais de investigação e até mesmo para series
televisivas, como Lie to me.
Fonte: Shutterstock Emoções primárias demonstradas por expressões faciais.
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de
linguagem:
EMOÇÕES SECUNDÁRIAS
As emoções secundárias são aquelas relacionadas a fatores
socioculturais e, portanto, variam de um indivíduo para o outro, como, por
exemplo, a vergonha. Determinado ato pode ser vergonhoso para uns,
mas não para outros, dependendo das crenças e dos costumes de
determinada sociedade, ou mesmo da formação pessoal do indivíduo.
EMOÇÕES DE FUNDO
Por fim, as emoções de fundo são aquelas relacionadas a estados de
bem ou mal-estar, e podem ser associadas à percepção de estados
internos do indivíduo. Portanto, sua classificação com as emoções não é
consenso entre os pesquisadores. Um exemplo de emoção de fundo
seria uma percepção de falta de energia (não cansaço) por parte de
alguém.
 ATENÇÃO
Não confundir expressão emocional e experiência emocional. Enquanto a
experiência faz referência aos estados emocionais que vivenciamos,
como ansiedade, tristeza ou raiva, a expressão está relacionada às
mudanças fisiológicas resultantes da base neural das emoções, como
respostas hormonais, motoras e comportamentais.
AS TEORIAS SOBRE EMOÇÕES
Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas e
processadas. Entretanto, duas teorias são de especial interesse, por
serem, de certa forma, antagônicas, apesar de não haver consenso no
meio científico sobre qual se aplica à realidade de forma plena. Uma
dessas teorias é a dos pesquisadores William James e Carl Lange e foi
proposta em 1884.
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Fonte: Shutterstock
WILLIAM JAMES
William James (1842-1910) William James nasceu nos EUA. Sua
formação foi na área de Medicina, Psicologia e Filosofia. Apesar de
sua contribuição à Psicologia, seu maior destaque é com a teoria
filosófica chamada Pragmatismo.
CARL LANGE
Carl Georg Lange (1834-1900) nasceu na Dinamarca e teve na
Psicologia e Neurologia suas maiores área de investigação. É
também conhecido por seus estudos na área da depressão e por
sua relação com elementos biológicos.
Em outras palavras, segundo os autores, sentimos tristeza porque
começamos a chorar; sentimos felicidade porque sorrimos, e assim por
diante.
Dessa maneira, a ideia central é a de que alterações de nossos estados
corporais são capazes de provocar emoções específicas. Segundo a
teoria de James-Lange, a base das emoções estaria na captação de
estímulos emocionais, os quais seriam processados via córtex sensorial,
desencadeando respostas motoras específicas (riso, choro, taquicardia
etc). Tais mudanças seriam percebidas no córtex cerebral, provocando
então a percepção da emoção em si.
 
Fonte: Shutterstock
 Esquema da Teoria de James-Lange, reproduzido a partir do livro
Neurociência da mente e do comportamento.
Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações,
como o fato de algumas alterações corporais ocorrerem frente a emoções
diferentes.
Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na
taquicardia, se a mesma também ocorre em situações de surpresa e até
alegria? Um dos principais opositores da Teoria de James-Lange foi o
americano Walter Cannon. Ele propôs que, enquanto a informação
emocional é processada pelo encéfalo, são geradas respostas corporais
e a consciência da emoção simultaneamente.
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Fonte: Shutterstock
 Processamento das emoções segundo Walter Canon.
WALTER BRADFORD CANNON
(1871-1945)
Médico de formação, dedicou-se a pesquisas na área dos sistemas
nervoso e digestivo e do comportamento do coração, por meio de
investigações experimentais.
ONDE ESTÃO AS EMOÇÕES?
Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área,
buscou-se procurar efetivamente as áreas cerebrais responsáveis pelos
fenômenos emocionais. Quem primeiro postulou a localização de tais
regiões foi o anatomista americano James Papez, trazendo a público a
ideia de sistemas e circuitos, e não somente áreas isoladas no cérebro.
As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas
como Circuito de Papez e incluíam o córtex cingulado, o hipocampo, o
hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.
 Estruturas relacionadas ao Circuito de Papez, posteriormente
chamado de sistema límbico.
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JAMES WENCESLAS PAPEZ (1883-
1958)
Formado em Medicina, dedicou-se aos estudos da Neurologia,
buscando novos conceitos para explicar a emoção. Embora ele não
tenha mencionado o lobo límbico de Broca, outros pesquisadores
observaram que seu circuito era muito semelhante ao grande lobo
límbico identificado por Paul Broca.
Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os circuitos
de emoção, outros foram acrescentados posteriormente, como a
amígdala, que desempenha papel fundamental nas emoções negativas
(como o medo e a raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez, não há
evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de
emoções, apesar de participar do processo de desenvolvimento de
memórias, incluindo as emocionais.
A seguir, abordaremos as duas principais estruturas cujas funções estão
consolidadas em termos de gerenciamento das emoções: amígdala e
córtex pré-frontal
 Estruturas modernas do sistema límbico
AMÍGDALA
A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e recebe
conexões de todas as áreas sensoriais, com exceção do sistema
olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros para-hipocampal e
cingulado.
Ela também se conecta-se ao hipotálamo.
 Localização da amígdala nos dois hemisférios cerebrais
As amígdalas possuem uma função extremamente importante no
desenvolvimento e nas demonstrações das emoções. Por isso, conheça
mais alguns aspectos importantes dessa área cerebral:
 Clique nos itens a seguir.
ASPECTO 01
Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade. Estudos
realizados com primatas não humanos, cujas amígdalas eram lesionadas
bilateralmente por medicamento, demonstraram perda das respostas de
medo. Os macacos ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações
comuns de perigo. Era como se não temessem mais seus predadores ou
situações perigosas, chegando mesmo a manipular cobras sintéticas, por
exemplo.
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ASPECTO 02
Além de outras associações (como formação de memórias emocionais
negativas), a amígdala foi relacionada ainda ao fenômeno de formação
do medo condicionado. Isso foi demonstrado, entre outros experimentos,
quando ratos eram expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e
pequenos choques. Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo
era suficiente para gerar ativação da amígdala e respostas de medo,
como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e secreção de
hormônios, como os glicocorticoides.
ASPECTO 03
Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em detectar
ameaças do ambiente e gerar os comportamentos adequados a elas.
Lesões da amígdala levam à perda da capacidade de reconhecer perigos
e ameaças, o que pode ser prejudicial à sobrevivência, deixando
indivíduos sujeitos a situações reais de perigo.
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL
O córtex pré-frontal corresponde à porção mais anterior do lobo frontal e
pode ser dividido em três regiões: orbitofrontal, ventromedial (relacionada
à emoção) e dorsolateral (relacionada a funções cognitivas).
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 Localização das regiões ventromediais e orbitofrontais do córtex pré-
frontal.
[...] OS ESTUDOS NESSA ÁREA
INICIARAM-SE APÓS O CLÁSSICO DE
PHINEAS GAGE, MENCIONADO
ANTERIORMENTE. PORÉM, O GRUPO DO
NEUROLOGISTA PORTUGUÊS ANTÔNIO
DAMÁSIO CONTRIBUIU BASTANTE PARA
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O ESTUDO DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL.
ELES IDENTIFICARAM UM HOMEM CUJA
PERDA DE PARTE DO CÓRTEX PRÉ-
FRONTAL SE DEU DEVIDO À RETIRADA
CIRÚRGICA DA REGIÃO EM
TRATAMENTO, EM RAZÃO DE UM TUMOR
AGRESSIVO.
(DAMÁSIO, 1996)
ANTÓNIO ROSA DAMÁSIO
(PORTUGAL, 1944)
Neurocientista portuguêsque tem como foco de seus estudos o
cérebro humano e as emoções. Sua maior e mais impactante
contribuição ao campo da Psicologia foi mudar a concepção que
havia acerca da relação “razão x emoção”; quase subordinando a
primeira à segunda.
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas
alteradas, principalmente no que dizia respeito a julgamentos e tomadas
de decisão, que eram constantemente inapropriadas.
Você saia, que em testes realizados, puderam perceber que os
indivíduos, a fim de tomares decisões acertadas, além do componente
racional, necessitam de uma espécie de antecipação emocional, a qual
pode gerar modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não
(como sudorese, taquicardia, entre outras).
TAL HIPÓTESE É DENOMINADA
HIPÓTESE DO MARCADOR
SOMÁTICO E PROPÕE
BASICAMENTE QUE, QUANDO
ANTECIPAMOS ALGUM TIPO DE
EMOÇÃO, REGIÕES ESPECÍFICAS
DO CÉREBRO SÃO ATIVADAS
EXATAMENTE COMO SE
ESTIVÉSSEMOS VIVENCIANDO-A.
DESSA MANEIRA, INDIVÍDUOS COM
LESÕES NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL
PERDEM A CAPACIDADE DE
ANTECIPAR TAIS ESTADOS, E ISSO
OS LEVA A TOMAR DECISÕES
ERRÔNEAS.
MOTIVAÇÃO
Fonte: Shutterstock
Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional,
alguém falar em motivação. Porém, o que significa motivação para você?
Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou ir
ao encontro de alguma coisa. Não é basicamente essa a ideia que você
tem?
 ATENÇÃO
Em Neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado
motivacional. Tais estados geram comportamentos motivados. Assim,
a motivação está associada ao movimento. Por exemplo, o estado
motivacional de frio nos leva ao comportamento motivado de buscar
agasalho.
É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase
como se fosse uma emoção por si só. Entretanto, quando tratamos de
motivação e comportamentos motivados em neurociências, estamos
falando de questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência.
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois
sistemas: sistema apetitivo e sistema defensivo ou aversivo.
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SISTEMA APETITIVO X SISTEMA
DEFENSIVO
 Clique nas figuras abaixo para ver as informações.
Sistema apetitivo
Esse sistema está relacionado à sobrevida e procriação, portanto inclui
estados motivacionais de fome, sede, regulação da temperatura e sexo,
por exemplo.
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Sistema defensivo ou aversivo
Já o sistema defensivo está associado a situações de perigo e ameaça e,
portanto, gera comportamentos motivados de esquiva e fuga.
No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo,
participando do processo de controle de ingestão alimentar. Tal controle
envolve a liberação de neurotransmissores e hormônios, em um arranjo
complexo a fim de manter a homeostasia.
Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água,
dentre outros fatores de sobrevivência, ainda existe a dúvida sobre o que
nos leva a determinados comportamentos geradores de prazer, como
comprar, jogar, dentre inúmeras outras atividades.
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A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos
dos comportamentos podem ser motivados por recompensas que não
necessariamente têm a ver com a manutenção da espécie no planeta,
mas, sim, com a busca pela sensação de prazer.
HOMEOSTASIA
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon [já
citado anteriormente]. Ele realizou trabalhos em fisiologia
experimental, denominando homeostase como o princípio de “meio
interno em que o sangue e os demais fluidos que circundam as
células constituem o meio interno com o qual ocorrem as trocas
diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido sempre com
parâmetros adequados à função celular, independentemente das
mudanças que possam estar ocorrendo no ambiente externo”.
Assim, propôs que a função final de todos os mecanismos
fisiológicos é a manutenção da homeostase, que deve ser
compreendida como “a manutenção da estabilidade do meio
interno”. (SOUSA; SILVA; GALVÃO-COELHO, 2015)
REFORÇO E RECOMPENSA
Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e
comportamentos motivados em animais? Utilizando técnicas de
autoestimulação elétrica.
Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de Tecnologia
da Califórnia, posicionaram um rato em uma caixa com uma alavanca.
Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por
meio de eletrodos colocados em regiões específicas do encéfalo do
animal. Inicialmente, o rato pressionava a alavanca de maneira
randômica, porém, depois de um tempo, o animal permanecia próximo,
pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e comida.
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 Autoestimulação elétrica.
Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o
estímulo elétrico em regiões específicas) reforçava o comportamento de
puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato de comer nos reforça
o comportamento de buscar comida, já que o alimento é necessário para
a sobrevivência.
A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço
estão associados às fibras liberadoras de dopamina (neurotransmissor),
originárias da área tegmentar ventral e se projetam para o
prosencéfalo.
 Sistema dopaminérgico mesocorticolimbico
Neste vídeo, você aprofundará seu conhecimento sobre reforço,
recompensa e motivação.
Os experimentos demarcaram um momento marcante para identificação
das emoções e como elas estão associadas ao cérebro. Compreenda
mais alguns aspectos:
 Clique nas setas para ver o conteúdo.
No mesmo modelo de experimento citado anteriormente, os
pesquisadores injetaram drogas bloqueadoras de receptores
dopaminérgicos, ou seja, impediram a atuação da dopamina, causando
diminuição na autoestimulação.
Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos
comportamentos associados a recompensas naturais, como água e
alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas cerebrais são
ativadas em antecipação à recompensa propriamente dita.
É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o
prato que escolhemos. O cérebro percebe o que está por vir e já ativa
áreas relacionadas à recompensa em si.
Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e
recompensa é a seguinte: como se estabelecem os vícios? Basicamente,
em situações nas quais buscamos avidamente por uma recompensa de
forma incessante e repetitiva, a fim de obter o que a Neurociência chama
de resposta hedônica (prazer).
Podemos utilizar como exemplo a nicotina para explicar o processo que
se forma no cérebro. Este composto, presente em altas doses no cigarro,
atua diretamente nos circuitos encefálicos de motivação de
comportamento. Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em
neurônios dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em tais
circuitos, reforçando o comportamento pela busca da droga.
O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da
própria nicotina em si em outras regiões do organismo) é o efeito de
tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a estimulação acentuada
frente ao uso crônico da substância, fazendo com que a resposta à
nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão necessárias, daí
por diante, doses cada vez maiores da droga.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SEGUNDO A TEORIA DE JAMES-LANGE, AS
SENSAÇÕES PERIFÉRICAS NOS FORNECEM
SUBSTRATO PARA AS EMOÇÕES; LOGO, SENTIMOS
TRISTEZA PORQUE CHORAMOS, E ASSIM POR DIANTE.
APESAR DE DESACREDITADA DURANTE UM TEMPO, A
IDEIA ORIGINAL RESSURGIU COM O ADVENTO DA
TEORIA DO MARCADOR SOMÁTICO, DE ANTÔNIO
DAMÁSIO. DE QUE MANEIRA SE DÁ TAL ASSOCIAÇÃO?
A) Segundo a Teoria do Marcador Somático, os indivíduos necessitam do
componente emocional para a tomada de decisão em maior proporção do
que a análise racional de fatos.
B) Segundo Damásio, a percepção de fatores somáticos corporais
afetaria de forma negativa a percepção deinformações cognitivas, o que
levaria a decisões ruins.
C) A antecipação emocional que se dá via marcadores somáticos oferece
pistas importantes na tomada de decisão quando analisadas com fatos.
D) Damásio sugere que as emoções são afetadas diretamente pelas
reações corporais que temos frente às situações cotidianas; dessa
maneira, a Teoria de James-Lange é corroborada por completo.
2. OS COMPORTAMENTOS MOTIVADOS SÃO
FREQUENTEMENTE DESENCADEADOS POR ESTADOS
MOTIVACIONAIS INTERNOS. DESSA MANEIRA, A
PERCEPÇÃO DE SENSAÇÕES E MODIFICAÇÕES
SOMÁTICAS SE TRADUZ EM COMPORTAMENTO
ESPECÍFICO, O QUE NOS LEVA À BUSCA POR
RECOMPENSAS. QUANDO OBTEMOS A RECOMPENSA,
ACIONAMOS CIRCUITOS CONHECIDOS, QUE, EM
CONTRAPARTIDA, REFORÇAM TAIS AÇÕES. FOI
DEMONSTRADO QUE, ANTES MESMO DE TERMOS A
RECOMPENSA EM MÃOS, ÁREAS DO CÉREBRO JÁ SE
ENCONTRAM ATIVAS, COMO SE ESTIVÉSSEMOS
REALMENTE VIVENCIANDO O PROCESSO. DENTRE AS
SITUAÇÕES A SEGUIR, QUAL NÃO SE RELACIONA COM
A GERAÇÃO DE REFORÇO POSITIVO?
A) Ingerir alimento saboroso.
B) Beber água gelada no calor.
C) Vestir um casaco em situação de frio.
D) Fugir de situação potencialmente perigosa.
GABARITO
1. Segundo a Teoria de James-Lange, as sensações periféricas nos
fornecem substrato para as emoções; logo, sentimos tristeza porque
choramos, e assim por diante. Apesar de desacreditada durante um
tempo, a ideia original ressurgiu com o advento da Teoria do
Marcador Somático, de Antônio Damásio. De que maneira se dá tal
associação?
A alternativa "C " está correta.
 
Segundo a Teoria do Marcador Somático, as modificações somáticas que
nos acometem, ainda que imperceptíveis, atuam como direcionadores na
tomada de decisão. Dessa forma, corrobora, em certo aspecto, com a
ideia de que sistemas periféricos têm influência na maneira como
sentimos. Entretanto, Damásio deixa claro que não há necessidade de
que tais alterações sejam processadas conscientemente.
2. Os comportamentos motivados são frequentemente
desencadeados por estados motivacionais internos. Dessa maneira,
a percepção de sensações e modificações somáticas se traduz em
comportamento específico, o que nos leva à busca por
recompensas. Quando obtemos a recompensa, acionamos circuitos
conhecidos, que, em contrapartida, reforçam tais ações. Foi
demonstrado que, antes mesmo de termos a recompensa em mãos,
áreas do cérebro já se encontram ativas, como se estivéssemos
realmente vivenciando o processo. Dentre as situações a seguir,
qual NÃO se relaciona com a geração de reforço positivo?
A alternativa "D " está correta.
 
O enunciado da questão já nos dá pistas de que, ao falarmos de reforço
positivo, estamos nos referindo ao reforço relacionado à recompensa,
como estudamos nesse módulo. A situação de fugir de uma situação
potencialmente perigosa não se enquadra nesse processo,
especialmente porque a ação do indivíduo não provém de uma
experiência de recompensa, mas, sim, de aversão.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao chegarmos ao fim deste tema, esperamos que você tenha percebido a
importância de reconhecer que, como humanos, somos seres
extremamente complexos e que até mesmo atitudes mais simples – como
observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignoro ou
reajo a uma provocação – são fundamentadas por bases neurais, que
também são complexas.
No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento,
especialmente acerca da linguagem, das funções executivas, da emoção,
deve levar-nos a tomar consciência daquilo que nos define como espécie.
Isso permite que compreendamos como as respostas que damos a
situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista neurológico. Ao
mesmo tempo, tal como o próprio desenvolvimento do cérebro se deu por
adaptações, como vimos, cada indivíduo também é capaz de adaptar-se
às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações limites (como
no caso de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do indivíduo,
inclusive no contexto da espécie.
É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância
de, cada vez mais, conhecer e se aprofundar no fantástico mundo da
mente humana. Aproveite cada indicação feita no Explore + e nas
referências a seguir.
REFERÊNCIAS
BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências:
Desvendando o sistema nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY.
How Early Experiences Shape the Development of Executive Function.
2011.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY.
How Early Experiences Shape the Development of Executive Function.
2012.
DAMASIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MARCHETTI, P. et al. Influência da lateralidade nas assimetrias
morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários. Revista Brasileira
de Ciências da Saúde, ano VII, nº 22, out/dez 2009. p. 08-14.
SOUSA, M.; SILVA, H.; GALVÃO-COELHO, N. Resposta ao estresse I:
homeostase e a teoria da alostase. Estudos de Psicologia. Vol.
20, no.1, Natal, jan/mar 2015.
WEINTRAUB, S. Cognition Assessment Using the NIH Toolbox.
Neurology, 80 (Suppl 3), March 12, 2013.
EXPLORE+
Confira o artigo: Influência da lateralidade nas assimetrias
morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários.
Consulto o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de
Pediatria ele é uma excelente fonte de artigos sobre bases
neurobiológicas dos distúrbios de linguagem.
A Universidade de Harvard disponibiliza em seu site excelentes
materiais sobre as funções executivas. Um deles é o guia
absolutamente completo sobre o desenvolvimento de funções
executivas desde a infância até a fase adulta e sobre como
desenvolvê-las de forma contínua (material disponível em inglês).
Vale a pena conferir.
Pesquise sobre o Dr. António Damásio que é uma referência no
âmbito do processamento das emoções pelo cérebro. É possível
encontrar vídeos deles em plataformas como Youtube. Vale a pena
ouvi-lo.
CONTEUDISTA
Virgínia Baptista Chaves Duarte de Lima
 CURRÍCULO LATTES
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