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SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

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1. Aspectos conceituais 
 
É a modalidade sucessória definida por um ato de disposição de última vontade 
representado pelo testamento ou pelo codicilo (forma simplificada de testamento). Seu 
principal propósito é promover a transmissão de patrimônio, porém ela também lida com 
outras questões, como a reabilitação do indigno, a imposição de cláusulas restritivas a 
legítima mediante justa causa, a deserdação, o reconhecimento de filho, a nomeação de 
tutor etc. A sucessão testamentária encontra restrições caso exista herdeiro necessário, 
pois nesse caso o testador precisa respeitar a porção legítima desse herdeiro. 
 
2. Testamento 
 
Apresenta-se como negócio jurídico personalíssimo, realizado pelo próprio testador e não 
admitindo procuração, embora a jurisprudência reconheça o testamento sob ditado o qual 
reproduzirá a vontade do de cujus; unilateral, ao derivar da manifestação de uma só 
vontade, proibindo-se sua elaboração por duas ou mais pessoas, o chamado testamento 
conjuntivo; revogável, não se exigindo a contar as causas da revogação, sendo, porém, 
irrevogável o eventual reconhecimento de filho; gratuito, por só trazer benefício ao seu 
favorecido, não ao testador; solene, devendo cumprir formalidades legais; causa mortis, 
produzindo sua eficácia apenas depois do falecimento do seu autor. 
 
3. Capacidade para testar 
 
Verifica-se aos 16 anos completos, embora nessa idade ele ainda seja relativamente 
incapaz para os outros atos da vida civil. Para fazer testamento, o indivíduo com 16 anos 
é plenamente capaz e por isso não precisará da assistência de seus pais, até porque esta 
interferência comprometeria o aspecto personalíssimo do ato. Não podem testar os 
absolutamente incapazes e aqueles que, no momento do ato, não puderem exprimir a sua 
vontade (por exemplo, por embriaguez completa). O pródigo, embora seja incapaz para 
os atos de disposição patrimonial, poderá fazer testamento, uma vez que a eficácia desse 
ato só será observada após a morte do seu autor. 
 
4. Formas ordinárias de testamento 
 
a) Público: é elaborado pelo tabelião, escrivão ou seu substituto legal a partir das 
declarações orais do testador, na presença de duas testemunhas. O testador também pode 
apresentar uma minuta declarando que ali se encontra a sua última vontade. O oficial de 
cartório reduz a termo as declarações e ao final faz a leitura do testamento. A vantagem 
dessa modalidade é a segurança, pois o documento fica guardado no cartório, porém ele 
tem o inconveniente da publicidade de seu conteúdo. Tendo em vista que a oralidade é a 
sua essência, esse testamento é proibido ao mudo e ao surdo-mudo, embora admitido ao 
surdo que saiba ler. Por outro lado, é a única forma possível ao cego (a quem será lido 
duas vezes) e ao analfabeto. 
 
b) Cerrado: é o testamento elaborado pelo próprio testador ou por alguém ao seu rogo (a 
seu pedido), a ser apresentado ao cartório somente para autenticação exterior, na presença 
de duas testemunhas. O cartório produzirá o auto de aprovação, o anexará ao documento 
que depois é devolvido ao testador. Sua vantagem é a ocultação da vontade do de cujus, 
que leva esse testamento a ser denominado como místico ou secreto, porém ele pode 
desaparecer pela ação dolosa de algum herdeiro ou simplesmente não ser encontrado. 
Essa modalidade é permitida ao mudo e ao surdo-mudo que saibam escrever e proibida 
ao cego e ao analfabeto. 
 
c) Particular: é aquele redigido pelo próprio testador, datado e assinado, na presença de 
três testemunhas, que também deveram assiná-lo. Essas testemunhas confirmaram a 
validade do ato no futuro inventário. Entretanto, o juiz pode dispensar essa confirmação 
em casos excepcionais, por exemplo, se as testemunhas já faleceram e a perícia 
reconheceu a integridade do documento. Essa modalidade é permitida ao mudo e ao surdo 
mudo que saibam escrever e proibida ao cego e ao analfabeto. A jurisprudência passou a 
admitir o testamento particular sob ditado, desde que ele seja confirmado depois pelas 
testemunhas no inventário. 
 
5. Codicilo 
 
É o ato de manifestação de última vontade pelo qual de cujos dispõe sobre questões não 
patrimoniais ou atribui bens de pequeno valor; esses bens são aqueles que não ultrapassam 
10% do patrimônio do de cujus, embora essa proporção seja avaliada caso a caso, pois 
talvez ela envolva bens imóveis para cuja disposição o codicilo não é instrumento 
adequado. Ele é elaborado de próprio punho pelo de cujus, datado e assinado. Nem 
mesmo se exige testemunhas. No ponto de vista formar, o codicilo é inferior ao 
testamento e por isso incapaz de revogá-lo; já o testamento revoga o codicilo, bastando 
que não faça referência ao codicilo elaborado anteriormente. 
 
6. Formas especiais de testamento 
 
a) Marítimo e aeronáutico: são modalidades realizadas abordo de embarcação ou 
aeronave, perante o comandante dessas conduções. O testador temendo falecer antes de 
desembargar, elabora testamento público ou cerrado. No primeiro, ele declara sua última 
vontade em viva voz ao comandante, que reduz a termo essa declaração na presença de 
duas testemunhas. No segundo, o testador redige o seu documento, ou pedi a alguém que 
o faça, e o apresenta ao comandante para a autentificarão exterior, também na presença 
de duas testemunhas. No primeiro desembargue, a autoridade entregará o documento ao 
órgão oficial do porto ou aeroporto. O testamento marítimo ou aeronáutico perderá 
eficácia se o testador não falecer durante a viagem ou nos 90 dias seguintes ao seu 
desembargue. 
 
b) Militar: é elaborado por militar ou outras pessoas a serviço das forças armadas em 
campanha, como médicos, enfermeiros e religiosos. admite as formas pública, cerrada ou 
nuncupativa. Na força pública o testador declara sua vontade a uma autoridade de guerra, 
na presença de duas testemunhas, reduzindo-se a termo essa declaração. A forma cerrada, 
o testamento é elaborado pelo próprio testador ou por alguém a seu pedido e depois é 
apresentado ao oficial de guerra para a sua autenticação na presença de duas testemunhas. 
A forma nuncupativa, o testador declara sua vontade de viva voz (sem documento 
escrito), perante duas testemunhas, que deveram repassar essa declaração à autoridade de 
guerra. Nas três hipóteses, o testamento perderá a validade se seu autor não falecer na 
guerra ou em 90 dias após se encontrar em local em que consiga elaborar testamento 
ordinário. 
 
7. Disposições testamentárias 
 
a) Regras interpretativas 
São aplicadas quando houver dúvida em relação ao verdadeiro desejo do testador. É o que 
se dá por exemplo quando as cláusulas testamentárias são confusas, imprecisas ou 
ambíguas. A primeira regra interpretativa prevê que deve prevalecer a interpretação que 
melhor atender a vontade do testador. Para tanto, é necessário apreciar o conjunto das 
disposições testamentárias e não somente a cláusula geradora da dúvida. A solução deve 
imergir do próprio texto, não sendo baseada em elemento exterior, exceto quando houver 
erro ou dúvida na designação do favorecido ou da coisa atribuída, quando então se 
admitirá prova externa, como a análise do comportamento das partes antes do testamento. 
Outra regra diz respeito a omissão do testador na indicação precisa dos beneficiários. 
Quando houver disposição geral em favor de pobres ou instituição de caridade, ela será 
compreendida em relação aos pobres e instituições do município em que o testador era 
domiciliado. Além disso, se o testador indicar dois ou mais favorecidos sem especificar 
a parte de cada um, o bem ou o patrimônio será dividido em partes iguais. Se o testador 
nomear alguns herdeiros individualmente (por exemplo, Luciana e Pedro) e outros 
coletivamente (por exemplo, filhos de Carlos), a herança será dividida pelo número de 
indicações (no caso em três partes). 
Se forem determinadas as cotas dos herdeiros e essas cotasnão absorverem todo a 
herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem de vocação 
hereditária. Nessa hipótese, coexistirão as sucessões legítima e testamentária. Se forem 
determinados os quinhões de determinados herdeiros e não de outros também 
mencionados, estes últimos dividiram por igualo que restar, depois que forem entregues 
as cotas dos primeiros. Se o testador dispuser que determinado bem não será atribuído a 
determinado herdeiro, esse bem favorecerá os herdeiros legítimos, ou seja, não se 
agregará às partes dos herdeiros testamentários. Por fim, a ineficácia de uma cláusula 
testamentária determinará a invalidade das outras cláusulas que dependerem dela para 
serem aplicadas. 
 
b) Regras proibitivas 
São dispositivos do código civil que procuram limitar a autonomia da vontade do testador, 
em benefício dos herdeiros ou do interesse coletivo. Inicialmente, a lei proíbe a nomeação 
de herdeiro a termo, ou seja, com a designação de um momento para ele incorporar a 
herança, considerando-se como não escrita a cláusula testamentária que fixe essa data. O 
herdeiro, nesse caso, não terá que aguardar o momento estabelecido pelo testador, 
recebendo a herança já na abertura da sucessão. A exceção se dá no fideicomisso, pelo 
qual o testador favorece duas pessoas em momentos diferentes, uma após a outra; nesse 
caso admite-se o fideicomisso a termo, pelo qual o primeiro benificiário desfrutará da 
herança ou legado até certo momento, quando então a entregará ao segundo beneficiário. 
Também se considera nula a cláusula testamentária que institua herdeiro ou legatário sob 
condição captatória, pela qual esse favorecido disponha em seu testamento em benefício 
do testador ou de terceiro. O nosso direito civil proíbe todo tipo de pacto sucessório. Aqui 
a captação da vontade representa um induzimento mediante a nomeação e o 
favorecimento de outrem como herdeiro, para que este também inclua o testador ou 
terceiro em seu testamento. Essa cláusula restringe a liberdade de testar e representa 
modalidade especial de dolo nas disposições testamentárias. 
Por fim, também é nula a cláusula testamentária que se refira a uma pessoa incerta, cuja 
identidade não se possa determinar. Exige-se que pelo menos esse herdeiro ou legatário 
seja determinável, como na hipótese de se deixar herança para o primeiro colocado em 
determinado concurso. No mesmo sentido, também é nula a cláusula que deixar para certa 
pessoa o direito de escolher o beneficiário ou de definir o valor do legado, pois esses atos 
são personalíssimos. Porém, valerá a indicação do favorecido por terceiro dentre duas ou 
mais pessoas já indicadas pelo testador; e também valerá a determinação do valor do 
legado quando for para remunerar serviços prestador ao testador por ocasião da 
enfermidade que o vitimou 
 
c) Regras permissivas 
São destinadas a autorizar certas práticas testamentárias cuja definição talvez fosse 
desconhecida pelo testador. Ele pode fazer a nomeação do herdeiro de modo puro e 
simples não impondo nenhuma limitação ao direito do beneficiário, ou fazer a nomeação 
sob condição. Está pode ser suspensiva ou resolutiva, na primeira, a aquisição do direito 
ou legatário ficará vinculada a um fato futuro e incerto; o favorecido estará legitimado a 
praticar atos de conservação da sua herança, podendo pedir caução que lhe garanta a 
entrega desse patrimônio. Na resolutiva, o herdeiro adquire o direito na abertura da 
sucessão, porém se acontecer evento futuro e incerto, ele perderá a herança recebida. 
Por fim, também se permiti a disposição testamentária mediante encargo, quando o 
testador impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário, como cuidar de certa pessoa ou 
animal ou poder assumir o pagamento dos estudos de alguém. É comum nas liberalidades, 
ou seja, nas doações e testamentos. O encargo é diferente da condição suspensiva porque 
não impede a aquisição nem o exercício do direito, de modo que o herdeiro ou legatário 
adquire a propriedade na abertura da sucessão. Na condição suspensiva, o recebimento 
do benefício, por outro lado, fica subordinado a ocorrência do fato futuro e incerto. 
Embora se assemelhe a condição resolutiva, que igualmente não suspende a aquisição do 
direito, o encargo é diferente porque o seu descumprimento não conduz a perda imediata 
do benefício, como se dá com o implemento da condição resolutiva. 
 
8. Substituições (arts. 1947 e s., CC) 
 
a) Conceitos e espécies 
Substituição testamentária é a indicação de duas ou mais pessoas para receber a herança 
ou legado se o primeiro nomeado faltar ou para alguém receber depois dele. No direito 
brasileiro, a substituição pode ser vulgar (ou comum) e fideicomissária. Por sua vez, a 
substituição vulgar apresenta-se como simples ou singular, coletiva ou plural e recíproca. 
 
b) Substituição vulgar (simples/coletiva/recíproca) 
Essa modalidade verifica-se quando o testador designa uma ou mais pessoas para 
ocuparem o lugar do herdeiro ou legatário que não puder ou não quiser receber o 
benefício. Ela estabelece uma vocação hereditária direta, uma vez que o substituto herda 
diretamente falecido, de quem é sucessor, e não do substituído. Portanto, aqui não há dois 
herdeiros sucessivos. Essa substituição será simples ou singular ao designar um só 
substituto; coletiva ou plural, havendo dois ou mais substitutos que receberam em 
conjunto; e recíproca, nomeando-se dois ou mais favorecidos que receberam um na falta 
do outro, de modo sucessivo. 
 
c) Substituição fideicomissária 
 
- dupla vocação hereditária: verifica-se quando o testador nomeia um herdeiro ou 
legatário e indica um substituto para receber o benefício depois dela. Defina-se aqui uma 
dupla vocação hereditária: direta, para o primeiro herdeiro ou legatário, e indireta, para o 
seu substituto. Sendo assim, os dois nomeados são favorecidos em ordem sucessiva. O 
fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível da herança, caso exista 
herdeiro necessário, e somente em favor dos não concebidos a época da morte do testador 
– portanto, em benefício de prole eventual de certa pessoa. 
Se quando morrer o testador já houver nascido um segundo beneficiário, ele receberá a 
propriedade da herança ou legado, convertendo-se em usufruto o direito do primeiro 
beneficiário. O tempo desse usufruto dependerá da duração do fideicomisso, ou seja, do 
tempo em que originalmente o primeiro favorecido teria a propriedade da herança ou 
legado. 
 
- personagens: existem três personagens no fideicomisso: o fideicomitente, testador que 
atribuirá uma herança ou legado em favor da prole eventual de certa pessoa, a partir da 
metade disponível do seu patrimônio; o fiduciário ou gravado, pessoa da confiança do 
testador chamado a receber em primeiro lugar e cujo o principal papel é preservar o 
patrimônio destinado ao último beneficiário; e o fideicomissário, destinatário final da 
herança ou legado administrado pelo fiduciário. 
 
- direitos e deveres do fideicomissário: são atribuições do fideicomissário: ajuizar 
medidas de conservação dos bens da sua herança ou legado, uma vez que nessa fase ele 
é titular de um direito eventual representado pelo futuro recebimento desse benefício; 
exigir que o fiduciário realize o inventário (a relação) dos bens gravados e preste caução 
de transmiti-los no momento necessário; responder pelos encargos da herança que ainda 
restarem; renunciar a herança ou legado, acarretando com isso a caducidade do 
fideicomisso; aceitar a herança ou legado se o fideicomissário renunciar a ele. 
 
- invalidade do fideicomisso: conforme a sua duração, o fideicomisso pode ser vitalício, 
permanecendo por toda a vida do fiduciário; a termo, durante até uma data ou momento 
específico (por exemplo, até que o fiduciário atinja uma certa idade; ou condicional, 
mantendo-se a herança ou legado com o fiduciário até a ocorrênciade uma condição 
resolutiva (por exemplo, o recebimento pelo fiduciário de outra herança ou legado). 
A invalidade do fideicomisso verifica-se por faltar fideicomissário, que falece depois do 
testador, porém antes do fiduciário ou antes de se implementar a condição resolutiva, 
hipóteses em que será consolidada a propriedade do fiduciário – aplicando-se a mesma 
regra se o fideicomissário renunciar ao benefício ou for excluído por indignidade. O 
fideicomisso também se torna inválido se o bem fideicomitido pereceu sem a culpa do 
fiduciário, embora o eventual remanescente (no caso de perecimento parcial) esteja 
assegurado ao fideicomissário. 
Observa-se que, no caso do fideicomisso a termo, se o fiduciário falecer antes de escoado 
o prazo, os bens se transmitiram a seus herdeiros até o momento estabelecido pelo 
testador. Isso também se dará se o falecimento ocorrer antes do implemento da eventual 
condição resolutiva. Se o fideicomisso for vitalício, a morte do fiduciário acarretará a 
transmissão da herança ou legado ao fideicomissário. Se o fiduciário não quiser ou não 
puder receber a herança ou legado, os bens se transmitiram diretamente para o 
fideicomissário, como se o caso fosse se substituição vulgar, deixando de existir o 
fideicomisso. A consequência será a mesma se o fiduciário falecer antes do testador 
 
- substituição compendiosa: considera-se nulo o fideicomisso além do segundo grau, 
isto é, além da pessoa do fideicomissário; se isso ocorrer, o fideicomissário receberá a 
herança ou legado como se não existisse a determinação do testador para transmiti-lo a 
outrem. A lei permite por outro lado, combinar o fideicomisso com a substituição vulgar, 
para o caso de o fiduciário ou o fideicomissário não poder ou não querer receber o 
benefício. Fala-se aqui em substituição compendiosa, que não caracteriza fideicomisso 
além do segundo grau, uma vez que o substituto só herdará se o contemplado não receber 
o benefício. 
 
9. Redução das disposições testamentárias (arts. 1967 e s. CC). 
 
a) Aspectos conceituais 
Os herdeiros necessários não podem ser privados da porção legítima, exceto nas hipóteses 
de indignidade e deserdação. Se a porção disponível deixada a terceiro comprometer a 
legítima, aqueles herdeiros poderão pleitear a redução do testamento e, conforme a 
necessidade, até das doações feitas em vida pelo de cujus. Não se anula o testamento, nem 
a cláusula testamentária abusiva, apenas se procede a uma transferência de bens da porção 
disponível para a legítima. Nesse sentido, a redução as liberalidades têm por objetivo 
preservar a integralidade da porção garantida aos herdeiros necessários. 
 
b) Modos de redução 
A redução das disposições testamentárias pode ser feita nos próprios autos do inventário, 
se houver acordo entre os interessados. Não havendo, somente se fará dessa forma se o 
excesso se mostrar evidente e a questão não for de alta indagação, isto é, de grande 
complexibilidade. Do contrário, os interessados deverão propor ação de redução do 
testamento para recompor a legítima com os bens que excederam a metade disponível. 
Observa-se, porém, que só os que ingressarem em juízo é que serão favorecidos dessa 
medida. Se for necessário reduzir uma doação inoficiosa, ou seja, que também 
comprometeu a legítima por liberalidade inter vivos, deverá ser proposta uma ação de 
redução dessa doação; como o seu excedente é nulo, não há prazo prescricional para se 
ajuizar essa medida. 
 
c) Ordem das reduções 
A redução do testamento começa pelas heranças atribuídas por meio dele, de modo 
proporcional, até recompor a legítima, buscando-se manter o equilíbrio nessa redução se 
isso não for suficiente, passa-se aos legados, na proporção de seu valor. Se ainda assim a 
legítima não for recuperada, haverá a redução das doações inoficiosas, começando-se 
pelas mais novas; se elas forem de mesma data, a redução será proporcional. Vale 
observar que, se o legado for de imóvel indivisível e excesso superar ¼ de seu valor, o 
legatário deixará o imóvel para os herdeiros necessários, recebendo em dinheiro o valor 
que couber a ele. Porém, o excesso não superar ¼ do valor desse imóvel, o legatário ficará 
com ele, entregará o excesso em dinheiro aos herdeiros necessários 
 
10. Revogação do testamento (arts. 1969 e s. CC) 
 
a) Aspectos gerais 
Testamento é o negócio jurídico essencialmente revogável, tendo em vista formalizar uma 
disposição patrimonial. O testador poderá cancelar esse ato quando quiser, sem a 
necessidade de apontar o motivo. Considera-se nula a cláusula pela qual o testador o 
declare irrevogável ou pela qual ele se obrigue a não modificá-lo, pois a liberdade de 
testar decorre de norma de ordem pública e não admite limitações. 
No entanto, há uma exceção: o testamento é irrevogável quanto ao reconhecimento de um 
filho. A revogação de um testamento dependerá de outro testamento, mas não se exige 
que o testamento revogador tenha a mesma forma que está sendo revogado; Nesse 
sentido, um testamento pode ser revogado por qualquer outro testamento, ordinário ou 
especial. 
 
b) Espécies de revogação 
Quanto a sua extensão, a revogação pode ser total, quando retira a inteira eficácia do 
testamento; parcial, atinge somente algumas das suas cláusulas, permanecendo válidas as 
demais. Quanto a sua forma pode ser expressa ou tácita. Expressa é a revogação declarada 
em outro documento. Não se admite outra forma, como codicilo, escritura pública ou 
outro ato, salvo na hipótese de ficar demonstrado o propósito de revogar o testamento e 
o impedimento desse ato decorrente de dolo ou violência de terceiros. A revogação é 
tácita quando houver incompatibilidade entre o testamento anterior e o posterior e quando 
houver adulteração do testamento cerrado pelo testador ou por terceiro, com ou sem o seu 
consentimento, exceto por descuido de alguém. 
 
11. Rompimento do testamento (arts. 1973 a 1975, CC) 
 
a) Conceito 
É a ruptura da validade do testamento, por determinação legal, a partir da presunção de 
que o testador não teria disposto de seu patrimônio se soubesse da existência de algum 
herdeiro necessário. Nesse sentido, se sobrevier descendente ao testador, que este não 
possuía ou do qual não tinha conhecimento quando testou, o testamento é invalidado 
integralmente, caso esse descendente sobreviva ao de cujus. 
 
b) Hipóteses 
- testador sem descendentes: nessa hipótese o testador não tinha nenhum descendente e, 
depois de fazer seu testamento, vem a tê-lo, oriundo ou não de casamento. Nesse aspecto, 
convém ressaltar que o filho havido fora do casamento precisa ser reconhecido 
formalmente pelo pai; quando é filho do casamento, aplica-se a presunção legal de 
paternidade do marido da mãe. Tendo em vista o princípio da isonomia plena entre os 
filhos, não importando a sua procedência, a ruptura também se dará na hipótese de 
adoção. Por outro lado, se o de cujus já tinha algum descendente quando testou, não se 
rompe o testamento com o nascimento de outro; nesse caso, os dois ou mais descendentes 
dividiram entre si a metade legítima. 
 
- testador que desconhecia a existência de herdeiro necessário: nesse caso o de cujus 
desconhece, ao testar, a concepção e existência de um filho, ou supõe, de forma 
equivocada, que certo descendente já faleceu. A descoberta posterior acarreta o 
rompimento automático do testamento, sem haver necessidade de revogá-lo. Presume-se 
que a ciência desses fatos faria o de cujus testar de modo diferente do que fez. Observa-
se que essa possibilidade de ruptura se aplica também aos ascendentes e ao cônjuge, pois 
que o dispositivo legal refere-se a herdeiro necessário. 
 
12. Testamenteiro (arts. 1976 a 1990, CC) 
 
a) Conceito e funções 
Testamenteiro é o executor do testamento. A lei permite ao testador encarregar uma 
pessoa da sua confiança para cumprir as disposições de sua última vontade.Essa 
nomeação pode ocorrer em testamento ou mesmo em codicilo, podendo recair sobre um 
ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados. Ao testamenteiro cabe cumprir as 
obrigações do testamento, defender sua validade quando contestada, defender a posse dos 
bens da herança e requerer ao juiz os meios necessários para cumprir o testamento. Se 
não houver testamenteiro nomeado, a execução do testamento caberá ao cônjuge ou, na 
falta deste, a algum herdeiro nomeado pelo juiz. Se não houver pessoas nessas condições, 
será testamenteiro algum indivíduo estranho a família, uma vez que o testamento não 
poderá ser cumprido sem um executor. 
 
b) Quem pode ser testamenteiro 
Qualquer pessoa natural, desde que seja idônea e juridicamente capaz, pode ser nomeada 
testamenteira. Essa tarefa não pode ser deferida, entretanto, a uma pessoa jurídica, por se 
tratar de função personalíssima. Ao dispor que a testamentaria (função de testamenteiro) 
é indelegável, a lei define o seu caráter pessoal. Por outro lado, nada impede que o 
testamenteiro se faça representar em juízo ou fora dele por um procurador com poderes 
especiais. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias no prazo 
eventualmente designado pelo testador e a prestar contas do que recebeu e pagou - sua 
responsabilidade subsiste enquanto durar a execução do testamento. Vale observar que 
ele não pode transigir sobre a validade do documento; se o testamento for contrário às 
suas convicções pessoais, o testamenteiro deverá renunciar a essa função. 
 
c) Espécies 
Quando o testamenteiro é designado pelo testador, é chamado de instituído; quando ele é 
nomeado pelo juiz, denomina-se dativo. Testamenteiro universal é aquele a quem se 
confere a posse e a administração da herança ou de parte dela; já o particular é o que não 
recebe esses direitos, limitando-se a executar o testamento. Vale observar que o testador 
só poderá atribuir a posse e administração da herança ao testamenteiro se não houver 
cônjuge sobrevivente, descendente ou ascendente, ou estes não puderem ou não quiserem 
exercer essas atribuições. 
 
d) Remuneração (vintena) 
Trata-se da recompensa ou do prêmio devido ao testamenteiro pela execução do seu 
trabalho. O montante da vintena é fixado livremente pelo testador. Se ele não o definir, o 
valor será fixado pelo juiz, entre os limites de 1% a 5% da herança líquida, isto é, do 
patrimônio restante após o pagamento das dívidas e impostos. Esse percentual dependerá 
do valor da herança e da complexidade da execução do testamento, salvo disposição 
testamentária em contrário; caso existam herdeiros necessários, esse valor será ded uzido 
da metade disponível. O testamenteiro não receberá a vintena se for casado com algum 
herdeiro ou legatário do testador no regime da comunhão de bens. Se ele for herdeiro ou 
legatário, o testamenteiro poderá preferir a vintena e renunciar a herança ou legado. 
Mesmo que as dívidas comprometam todo o espólio, a vintena será paga, sendo suportada 
pelos herdeiros. A vintena será perdida na hipótese de remoção do testamenteiro, por 
negligência, infrações ou interdição. 
 
13. Inventário e partilha (arts. 610 a 673, CPC) 
 
a) Conceito e finalidade 
O inventário representa, em sua versão tradicional (não o simplificado, compactado), o 
conjunto de atos destinados a identificar, relacionar e descrever os bens do falecido, tendo 
em vista a futura partilha desse patrimônio. Embora os sucessores já sejam proprietários 
do espólio desde a abertura da sucessão, a aquisição efetiva dos imóveis só se dá com o 
registro do formal de partilha, o documento que atribui o quinhão hereditário respectivo 
a cada sucessor. Durante o processo, são descritos os bens, habilitados os sucessores, 
cobradas as dívidas ativas, pagas as passivas, pagos os impostos após a avaliação dos bens 
e, ao final, realiza-se a divisão patrimonial entre os herdeiros. 
 
b) Aspectos fundamentais 
O inventário deve ser requerido no prazo máximo de 60 dias da abertura da sucessão e 
concluído nos 12 meses subsequentes. O atraso na abertura do inventário implica o 
pagamento de multa conforme legislação estadual. Como regra, abre-se o inventário no 
foro no último domicílio do "de cujus"; se ele não tinha domicílio certo, é competente do 
foro da situação dos bens; não tendo ele domicílio certo e estando seus bens em vários 
lugares, é competente o foro do local do óbito. O inventário deve ser instaurado ainda que 
exista um só sucessor, chamado herdeiro universal, não se falando em partilha, mas em 
adjudicação (incorporação) do espólio a esse herdeiro. Se o viúvo do "de cujus" falecer 
antes da partilha ou adjudicação e seus herdeiros forem comuns, os dois espólios devem 
ser reunidos no mesmo inventário. A lei não prevê o inventário negativo, voltado a 
declarar a inexistência de herança, mas na prática os juízes o adotam para afastar causa 
suspensiva de novo casamento para o viúvo ou viúva do "de cujus". 
 
c) Requerimento e atuação judicial 
Compete prioritariamente a quem estiver na posse e administração dos bens da herança 
requerer o inventário, tornando-se o seu administrador provisório até a nomeação do 
inventariante. São legitimados concorrentes para esse requerimento o cônjuge 
sobrevivente, o herdeiro, o legatário, o testamenteiro e outras pessoas citadas em lei. O 
inventário obedece a um rito especial do CPC e nele são decididas as questões de direito 
e as questões de fato esclarecidas por documentos. Questões de maior complexidade que 
requeiram outros meios de prova, como testemunhas, perícias e depoimentos, devem ser 
tratadas pelas vias ordinárias, pois são provas inadmissíveis ao rito célere do processo de 
inventário. 
 
d) Processamento e partilha 
Em se tratando de inventário judicial, a petição deve ser instruída com a certidão de óbito 
do de cujus e a procuração do advogado. Procede-se a nomeação do inventariante que, 
em vinte dias, deve apresentar suas primeiras declarações, nas quais eles descrevem a 
situação do espólio. São citados os herdeiros, os legatários, fazenda pública e, existindo 
sucessores incapazes, o ministério público. Procede-se a avaliação dos bens e o 
inventariante apresenta suas últimas declarações, quando podem ser informados bens 
eventualmente esquecidos. Quitam-se as dívidas, paga-se o imposto causas mortis e o 
inventário é encerrado. Na sequência, o juiz expedi o formal de partilha ou a carta de 
adjudicação (em se tratando de um só sucessor). 
 
e) Arrolamento sumário 
É uma forma simplificada de inventário, possível quando todos os herdeiros são maiores 
e capazes. Decorre da apresentação de um plano de partilha amigável a ser homologado 
pelo juiz. É apresentada a prova de quitação dos impostos e indicado os bens, nomeado 
inventariante (pelos próprios sucessores) e realizada a estimativa do valor do patrimônio, 
que deve ser compatível com os lançamentos fiscais do último ano de vida do de cujus. 
Por fim, expedem-se os formais de partilha ou a carta de adjudicação 
 
f) Arrolamento comum 
É uma forma intermediária entre o inventário tradicional e o arrolamento sumário, sendo 
obrigatório quando a herança for inferior a mil salários-mínimos, tendo herdeiros 
incapazes ou não. Apresentada a petição ao juiz, ele desde logo nomeia o inventariante 
que, em seguida, faz suas primeiras declarações. Os bens são arrolados, avaliados, paga-
se o imposto causas mortis e se encerra o arrolamento. O juiz expedi os formais de partilha 
ou a carta de adjudicação. 
 
g) Modalidade extrajudicial 
É a modalidade em que, sendo todos os herdeiros maiores e capazes e estando de acordo 
com a divisão dos bens, apresentam um plano de partilha amigável junto ao cartório, 
evitando o processo judicial. Feita a partilha pelo próprio cartório, cada sucessor recebe 
um documento comprobatório da sua propriedade. Énecessária a intervenção de 
advogado comum ou particular nessa espécie de inventário.

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