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Material de Apoio - Direito Penal - Cristiano Rodrigues - Aula 04

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TRE – Analista e Técnico Judiciário 
Disciplina: Direito Penal 
Prof.: Cristiano Rodrigues 
Aula: 04 
Monitor: Samantha 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações de aula 
II. Exercícios 
III. Lousas 
 
I. Anotações da aula 
 
Concursos de Agentes 
 
Ocorre quando dois ou mais agentes mediante acordo de vontades concorrem para a prática de 
determinado crime através da coautoria ou da participação. 
 
Nosso ordenamento no art. 29 CP, adotou a teoria monista temperada, relativizada mitigada para 
delimitação da responsabilidade penal no concurso de pessoas, pela qual, todos que concorrem para a 
prática de um crime através de coautoria ou participação respondem pelo mesmo crime, porém cada um 
na medida de sua culpabilidade com a sua pena calculada individualmente. 
 
Art. 29 CP - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; 
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 
Autoria 
 
Para delimitação do conceito de autor surgiram duas principais teorias são elas: 
 
� Critério restritivo: autor será aquele que realizar pessoalmente o verbo núcleo do tipo penal 
sendo que, todo aquele que concorrer para a prática do crime de outra forma será considerado 
participe. (Minoritário) 
� Critério do domínio do fato (STF – critério majoritário): autor será aquele que possuir o domínio 
sobre os fatos podendo alterar a situação ou mesmo impedir a produção do resultado, possuindo 
assim o domínio, as “rédeas da situação”, independentemente de praticar ou não o verbo, núcleo 
do tipo penal. 
 
Concurso de Pessoas 
 
- Espécies de autoria 
 
1) Autoria direta: 
 
� Autor executor: é aquele que possuindo o domínio do fato realiza pessoalmente o verbo, núcleo do 
tipo penal. 
� Autor intelectual: é aquele que planeja, organiza e elabora a prática do crime, que será realizado 
por um autor executor que também possui o domínio do fato e em acordo de vontade realiza o 
 
 
 
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verbo, núcleo do tipo penal (coautores). 
 
2) Autoria Mediata ou Indireta: Ocorre quando determinado autor que possui o domínio do fato e 
controla a situação se utiliza de um terceiro que NÃO possui o domínio dos fatos para realizar a 
conduta criminosa. Este terceiro não será considerado autor, mais será mero executor de conduta, 
respondendo pelo crime, apenas o autor mediato por detrás da pratica do fato. 
 
São Hipóteses: 
 
� Coação moral irresistível ou obediência hierárquica (art. 22 CP). 
� Erro determinado por terceiro (art. 20, §2° CP): responde pelo crime apenas o terceiro que 
determinou o erro, autor mediato enquanto quem foi levado a erro não responde. Não será autor 
por não possuir o domino dos fatos. 
� Uso do inimputável: responde pelo crime somente aquele que se utilizou do inimputável para 
praticar o fato. 
 
3) Autoria colateral: ocorre quando, dois ou mais agentes um sem saber do outro e, portanto, sem 
acordo de vontade atuam ao mesmo tempo realizando o mesmo crime. Como não há coautoria 
não se aplica a teoria monista, cada um responderá separadamente por aquilo que fez e causou. 
 
- Subespécie: autoria colateral incerta: ocorre quando na hipótese de autoria colateral em que 
não há o acordo de vontades, não é possível se identificar qual dos agentes gerou o resultado, 
neste caso ambos respondem pela tentativa. 
 
4) Coautoria: ocorre quando dois ou mais agentes mediante acordo de vontades e cada um 
possuindo o domínio do fato atuam, todos realizando o verbo, núcleo do tipo penal, ou através da 
divisão de tarefas em que cada um possua uma tarefa essencial para a empreitada criminosa e, 
portanto, o domínio do fato. 
 
- Autor executor + autor executor 
 
- Autor intelectual + autor executor 
 
 
 
 
 
 
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Participação 
 
É colaboração dolosa, no fato principal do autor, mediante acordo de vontades, porém, de forma 
acessória, sem o domínio sobre os fatos, respondendo, no entanto, pelo mesmo crime que o autor. 
 
Nosso ordenamento adotou a “Teoria da Acessoriedade Limitada”, pela qual, para que um participe 
respondam criminalmente a conduta principal do autor deverá ser típica e também ilícita, logo, se em 
uma situação concreta o autor estiver protegido por uma excludente de ilicitude, o participe também será 
beneficiado por ela e não responderá pelo crime. 
 
Espécies de Participação 
 
a) Participação moral. Divide-se em: 
• Induzimento: ocorre quando o participe cria ou dá a ideia de cometimento do crime na cabeça do 
autor, levando este a querer cometer o crime. 
• Instigação: Ocorre quando o participe estimular, incita, aumenta uma vontade pré-existente do autor 
de cometer o crime (é botar pilha). 
• Auxílio moral: pode se dar na forma material através de uma ajuda concreta para meios e modos de 
execução do crime e sua instrumentação. O auxilio também pode se dar na forma moral, quando o 
participe dá um conselho, uma dica que facilite, propicie a realização do crime. 
 
b) Participação Material: toda colaboração concreta para a realização do crime através de 
instrumentos, meios e modos de execução (objeto, arma, local, maneira). 
 
Participação de menor importância (Art. 29, §1º, CP) 
 
Somente em hipóteses de participação (não cabe para coautoria) o juiz poderá reduzir a pena de um 
sexto a um terço, quando considerar que a participação foi de menor importância. 
 
Art. 29 CP- Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
 
Observações Gerais: 
 
� Cooperação dolosamente distinta (Art. 29, §2º, CP) 
 Ocorre quando o coautor ou o participe quer colaborar para determinado crime do autor, porém, há um 
desvio na conduta do autor que acaba praticando um crime mais grave do que aquele para o qual o 
participante quis colaborar. Neste caso o coautor e o participe respondem apenas pelo crime para o qual 
quis colaborar. Caso o resultado mais grave, produto da conduta do autor, fosse previsível o participe ou 
coautor ainda responderá somente pelo crime pelo qual quis colaborar, porém sua pena será aumentada 
de até a metade. 
 
Art. 29 CP- Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 
A maioria da doutrina afirmar ser possível se falar em coautoria desde que haja um acordo de vontade 
para a pratica conjunta da conduta descuidada, imprudente que gera o resultado típico. 
 
Quanto a participação a maioria da doutrina não aceita no crime culposo, afirmando que todos que com 
imprudência, falta de cuidado, colaboram para o crime culposo devem ser considerados autores do crime. 
Quanto aos crimes omissivos a maioria da doutrina afirma que é possível o concurso de pessoas tanto na 
 
 
 
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coautoria, quanto na participação independentemente da omissão ser própria (exemplo: omissão de 
socorro, art. 135 CP) ou da omissão impropria (art. 13, §2° garantidores). 
 
OBS: de acordo com o art. 30 do CP o coautor ou participe responderá junto com o autor pelo crime 
próprio por ele praticado independentemente de não possuir as características especificas exigidas pelo 
tipo praticado. Exemplo: quem não é funcionário público pode responder como coautor ou participe de um 
funcionário público por um crime como por exemplo o peculato. 
 
II.Exercícios 
 
1. Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: CNMP Prova: Analista do CNMP - Direito 
 
No concurso de pessoas, 
 a) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, 
essa pena será aumentada de 1/3 a 2/3, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de 
sua periculosidade. 
 c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do 
crime. 
 d) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são 
puníveis, se o crime não chega a ser consumado. 
 e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída até metade. 
 
Gabarito: C 
2. Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: TRE-TO Prova: Analista Judiciário - Área Judiciária 
 
No concurso de pessoas, 
 a) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de metade. 
 b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de 
sua culpabilidade. 
 c) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena do crime 
cometido, reduzida de um a dois terços. 
 d) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam, sejam, ou não, elementares do 
crime. 
 e) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são puníveis mesmo que o crime não ocorra. 
 
Gabarito: B 
3. Ano: 2013Banca: UEPA Órgão: SEAD-PA Prova: Fiscal de Receitas Estaduais 
 
Quanto ao concurso de pessoas, afirma-se que: 
 a) há na doutrina as teorias unitária ou monista, que afirma que todas as pessoas que concorrem ao 
crime incidem nas penas a ela cominadas e a pluralista, para a qual, havendo pluralidade de agentes e 
apenas um resultado, cada qual responde separadamente pelo delito. 
 b) o concurso de pessoas é a cooperação desenvolvida por várias pessoas para o cometimento de uma 
infração penal, sendo chamado também de coautoria, concurso de agentes ou cumplicidade. 
 c) a teoria dualista afirma que na pluralidade de agentes com diversidade de condutas, sendo um só o 
resultado, não se separam os coautores. 
 d) a intenção do partícipe em concorrer para crime menos grave não afeta sua pena, segundo a teoria 
admitida pelo Código Penal Brasileiro. 
 e) é requisito do concurso de pessoas o ajuste prévio de condutas. 
 
Gabarito: B 
 
 
4. Ano: 2013Banca: TRT 22 PIÓrgão: TRT - 22ª Região (PI)Prova: Juiz do Trabalho 
 
Pereirão era um sujeito odiado no povoado em que morava. Acabava festas, brigava, dava surras em 
pessoas, estuprava mulheres. Era um terror. Em razão disso, angariou muitos inimigos, entre 
 
 
 
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eles, Nepomuceno e Nicodemos, que, apesar da semelhança dos nomes, não eram sequer parentes. 
Ambos queriam matar Pereirão, mas nunca fizeram prévio contato para ajustarem suas condutas. Em 
determinado dia, sabendo que Pereirão passava por um beco escuro para se recolher à noite, 
Nepomuceno e Nicodemos se armaram de armas de fogo e foram emboscar a vítima, repita-se, sem 
saberem da conduta um do outro. No momento em que Pereirão passava, eles atiraram e a vítima faleceu 
em razão dos ferimentos causados. No caso, analisando sob o aspecto do concurso de pessoas, em qual 
das hipóteses eles se enquadram: 
 a) co-autoria; 
 b) autoria mediata, 
 c) participação; 
 d) autoria colateral; 
 e) autoria ignorada 
 
Gabarito: D 
5. Ano: 2012 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor de Justiça 
Sobre autoria e participação, assinale a alternativa incorreta: 
 a) Se o terceiro, utilizado como instrumento pelo autor mediato, por defeito de pontaria acerta pessoa 
diversa da pretendida, então as consequências jurídicas da aberratio ictus são aplicáveis ao autor 
mediato; 
 b) A autoria mediata admite, dentre outras, hipóteses de inimputabilidade, de erro de proibição 
inevitável e de inexigibilidade de comportamento diverso do terceiro utilizado como instrumento pelo 
autor mediato para a prática do crime; 
 c) A futilidade, que de forma exclusiva motiva o autor na prática do crime de lesões corporais graves, 
realizado em concurso de agentes, não se comunica aos demais coautores ou partícipes; 
 d) A e B, em decisão comum, resolvem praticar lesões corporais contra a vítima C, mas A se excede 
dolosamente, produzindo a morte da vítima: se o resultado de morte da vítima era previsível, B também 
responde pelo homicídio; 
 e) Se o particular oferece e o funcionário público recebe valores em dinheiro, para que este último deixe 
de praticar ato de ofício, não há concurso de agentes, respondendo cada qual por crime diverso. 
Gabarito: D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III. Lousas

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