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A N E S T E S I A D I S S O C I A T I V A O termo anestesia dissociativa ou cataléptica indica um estado de analgesia e anestesia sem perda da consciência, com manutenção de reflexos protetores como o laríngeo e o faríngeo. Os anestésicos dissociativos atuam principalmente no bloqueio dos receptores NMDA, gerando depressão da região neocortical do cérebro, inibindo o SNC. Porém, eles também bloqueiam a recaptação de catecolaminas. Então, os bloqueios dos receptores NMDA e da recaptação de serotonina estimulam o sistema límbico. A anestesia dissociativa é uma forma de anestesia que já ocorre dentro do centro cirúrgico; enquanto a MPA, pegar acesso a tricotomia é feita na sala de preparação. A G E N T E S A N E S T É S I C O S Cetamina • Fármaco base na anestesia, principalmente de ruminantes e equinos a campo. • Possui ampla possibilidade de uso (analgésico, condutor de fármacos, anestésicos gerais, anestésico dissociativo...) Tiletamina • Fármaco mais potente que a cetamina • Comercialmente só é encontrado associado com zolazepam (benzodiazepínico). • Ela é usada associadamente, pois um dos seus efeitos colaterais é um enrijecimento muscular intenso, que é amenizado pelo zolazepam. C E T A M I N A • É uma mistura rancêmica (apresenta duas apresentações farmacológicas, que possui conformação espelhada) • Cetamina R (Levocetamina) e Cetamina S (Dextrocetamina) A cetamina é formada por uma mistura dessas e as substâncias que têm a Cetamina S em maior quantidade apresentam um efeito clínico maior. Mecanismo de ação • O NMDA é o principal receptor de ação da cetamina. • Glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do SNC (principalmente falando de córtex cerebral) além de ser um mediador principalmente de dor aguda. • Ambos os receptes são estimulados fisiologicamente pelo neurotransmissor glutamato. • Toda célula tem receptores ou do tipo NMDA ou do tipo AMPA e ambos são responsáveis pela excitação. • O receptor NMDA responde a estímulos dolorosos – mediadores da dor se ligam e estimulam esse receptor a transmitir essa simulação de dor. • O receptor do AMPA só tem estímulos excitatórios. Como funciona? Quando o glutamato se liga, ele muda a conformação desse receptor, fazendo com que ele se abra e permita a entrada de íons de cloro, causando despolarização do neurônio, e o impulso nervoso transmitido. A cetamina age no receptor NMDA (ela não age no AMPA) se conectando a um sítio de ligação da cetamina, ou seja, ela não é um fármaco competitivo do glutamato, ela tem seu próprio sitio de ligação. Essa ligação faz com que esse receptor pare de receber os íons de cálcio, consequentemente parando o estimulo de transmissão – e mesmo que outra substância venha a interagir com esse receptor o conformação não irá mudar. Outro mecanismo de ação da cetamina é através do receptor GABA, mas este não é tão importante quanto o citado anteriormente. Este funciona da seguinte maneira: No interneurônio do tipo GABA, a Cetamina de liga ao receptor NMDA, impedindo que esse interneurônio libere glutamato na fenda sináptica. Nesse mecanismo, a cetamina acaba agindo no AMPA, porque ela age indiretamente diminuindo a ação dele, quando impede a liberação do glutamato. Por que dissociativo? ? A cetamina causa um efeito alucinógeno no paciente pois ela age a nível de córtex cerebral, ao se ligar ao NMDA, ela causa depressão nessa região. Porém no sistema límbico (a outra parte do sistema nervoso) que processa as emoções, ela causa excitação. Por isso ela é um fármaco dissociativo, em cada parte do sistema, ela age de maneira diferente, os sistemas se desassociam. Neste caso não temos depressão total do SNC, como nos anestésico gerais. Durante o transcirúrgico, o córtex do paciente não vai funcionar, portanto, ele não vai associar essa dor, mas quando ele acordar, a estimulação exagerada e acumulado do sistema límbico vai causar efeitos alucinógenos no paciente. A cetamina também bloqueia receptores nicotínicos e muscarínicos, esse bloqueio está relacionado ao enrijecimento dos membros dos pacientes (devido a um excesso de contração muscular). Efeitos sistema nervoso • Aumento do fluxo cerebral Principalmente devido ao estímulo do sistema límbico. • Vasodilatação Principalmente dos vasos do sistema nervoso. • Aumento da PIC (pressão intra craniana) Essa afirmação existe na literatura (tanto que alguns autores contra indicam cetamina para paciente com trauma cranioencefálico) mas na clínica, esse efeito não é muito observado. • Convulsivante As vezes esse efeito é visto na literatura, mas é incorreto. Ela apenas diminui o limiar de convulsão. A cetamina não provoca a convulsão, ela simplesmente favorece um condição já presente no paciente; Portanto em pacientes com histórico de convulsões e predispostos a terem, isso pode acontecer, mas se o animal for saudável, mesmo quando a cetamina diminuir o limiar de convulsão, ele ainda irá permanecer dentro de um valor fisiológico, e o paciente não irá convulsionar. • Manutenção de reflexos protetores O paciente anestesiado com dissociativo mantem os seu reflexos protetores, como por exemplo, o reflexo laringotraqueal. Portando para se fazer uma intubação (principalmente em pequenos animais) é necessário fazer uma anestesia local na área ou fornecer oxigênio de outra forma. • Anestesia A anestesia dissociativa, traz uma depressão do córtex central, por não ser uma depressão total do SNC, portanto o paciente está sim anestesiado, porém não está em hipnose – alguns autores até dizem que o nome anestesia é errôneo, visto que pela definição, se o paciente não está em hipnose, ele não está em anestesia, mas isso não é tão discutido. • Analgesia O efeito analgésico dos fármacos dissociativo embora presente, não é suficiente para controlar a dor, principalmente em procedimento mais invasivos, visto que a dor é transmitida por vários impulsos e não só pelo NMDA. Ou seja, eles não são analgésicos totais. Efeitos cardiovasculares • Aumento da FC (taquicardia) • Aumento da PA (hipertensão) Quando usamos a cetamina de forma dissociativa, ela é usada em altas doses (10 mg/kg mais ou menos), se não for assim não conseguimos o efeito dissociativo desejado que é a depressão no SNC a nível de córtex. Isso causa um aumento desses parâmetros. • Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS) em altas doses O vaso fica mais resistente a entrada de sangue (vasoconstricção) que também desencadeia o aumento da pressão arterial. • Manutenção da contratilidade Aumento da FC -> aumenta a quantidade de batimentos -> aumenta a contratilidade. Se o paciente já tem uma falta de capacidade de contração, a cetamina vai manter essa característica, o que é ruim, já que vai gerar aumento da FC. Por esse motivo, podemos dizer que a cetamina não é segura para cardiopatas. • Melhora na função Em um paciente saudável e de maneira geral, pode-se dizer que ela melhora a função cardíaca, já que ela aumenta a FC, e mantem a contratilidade que geralmente fica baixa nos procedimentos anestésicos. Estudo sobre associações A anestesia inalatória é extremante hipotensora, portanto, quando ela é associada a cetamina que é provoca hipertensão, esse efeito diminui (muito benéfico). Infusão continua de cetamina aumenta a presença de biomarcadores na circulação relacionados a função cardíaca = impulsiona função cardíaca. Sempre que fizer cetamina em infusão continua, são usadas pequenas doses, visto que o paciente já foi previamente anestesiado com algum agente geral e cetamina entrará só como adjuvante.A cetamina só faz um controle e melhora a função cardíaca em situações benéficas, exemplo: • Paciente saudável • Baixar doses em paciente cardiopata, que possa vir a ter problemas com anestesia inalatória. Efeitos pulmonares • Respiração apnêustica Quando o paciente faz uma inspiração bem longa, segura o ar por um tempo e depois expira, e ainda leva um tempo para inspirar de novo -> pode passar impressão de que o paciente está apneico. • Aumentos das secreções brônquicas • Manutenção da contratilidade • Aumenta a distribuição de 02 sem aumentar o consumo Ela faz o pulmão trabalhar sem consumir tanto O2 – diferentemente do coração, que para fazer taquicardia, ela aumenta o consumo de 02 no miocárdio. • Pouca depressão respiratória • Broncodilatação e relaxamento das vias aéreas Perfeito para pacientes com dificuldade respiratória, visto que essa broncodilatação facilita a troca gasosa. De forma geral, quando oferecemos o O2 a esse paciente, damos uma condição muito boa ao sistema respiratório – e precisamos fornecer oxigênio porque a respiração apnêustica pode ser desfavorável para entrega de 02 (diminuir a respiração). Efeitos renais e hepáticos • Redução de perfusão tecidual em ambos os órgãos – em algumas situações e em altas doses. • Em gatos, a cetamina demora de ser metabolizada para ser eliminada. Para ser metabolizada, a cetamina precisa virar um metabólito ativo chamado norcetamina, esta é metabolizada e inativada pelos rins para poder ser eliminada. A nocetamina não é quebrada pelos gatos, então ele precisa trabalhar mais para eliminar ela do organismo – isso vai fazer com que ela tenha um efeito prolongado, já que este metabólito ativo vai ficar circulando pelo organismo até conseguir ser eliminado. Num paciente sem problema renal, a nocetamina causa lesão grande em glomérulos – esta pode acontecer em todas as espécies, mas é mais arriscado em gatos. Outros efeitos A cetamina reduz efeitos oxidativos causados pela inflamação. Na inflamação são liberados muitos radicais livres que aumentam o nível de lesão tecidual (quadro que acontece muito em paciente em sepse) A cetamina (ainda não se sabe como) diminui esses efeitos – alguns autores classificam a utilização de cetamina em protocolos anestésicos de paciente sépticos (tanto na indução, quanto na manutenção). Vantagens • Potente ação anestésica (mas não geral). • Analgesia profunda (bloqueio NMDA) • Melhora na função cardiovascular • Ação antidepressiva • Efeitos anti-inflamatórios e imunomodulatórios • Supressão de câncer • Broncodilatadores e relaxante de vias aéreas Desvantagens Efeitos psicodislépticos: • Alucinações realistas • Onirismo • Mudança de humor (contraindica em paciente com transtornos bipolares) • Distorção de tempo e espaço • Despersonalização • Ansiedade e paranoia • Estimula quadros de esquizofrenia T I L E T A M I N A Possui as exatas mesmas características (mesma farmacocinética) da cetamina só que com efeitos mais intensas, incluindo o dos efeitos colaterais. • Mais caro que a cetamina, por isso acaba sendo menos usada Doses • A primeira dose é a dose anestésica (dissociativo) • Gatos precisamos de doses maiores que cães para ter o mesmo efeito dissociativo Conclusões • Possui diferentes vias de administração (facilitando a vida dos veterinários em ambientes menos favorecidos como animais silvestres de vida livre) • Analgesia importante, mas nunca exclusiva • Dissociação (sem depressão total do SNC = sem hipnose) • Rigidez muscular • Distúrbios neurológicos Devido a todas essas características, a anestesia dissociativa vai ser indicada apenas para procedimentos ambulatoriais (ex.: feridas grandes, curetagem de miíase) e superficiais (ex.: orquiectomia, retirada de nódulo superficial de preferência sem adesão a músculo). Jamais utilizar dissociativo para procedimentos cavitários, invasivos (ex: OSH, cistotomia, retirada de corpo estranho) a não ser que seja feito um BOM bloqueio local e só em algumas determinadas situações. Associações A anestesia dissociativa tem que ser trabalhada com associações: • Alfa 2 • Benzodiazepínicos (excelente) • Propofol • Inalatórios • Opioides
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