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Anestesiologia Dr. Guilherme Barizão INTRODUÇÃO Plano de ensino - 3o bimestre 1. Apresentação da disciplina (história da anestesia); 2. Avaliação e preparo do paciente submetido a anestesia; 3. Medicação pré-anestésica (MPA); 4. Analgesia; 5. Anestesia dissociativa e neuroleptoanalgesia; 6. Anestésicos gerais intravenosos. Plano de ensino - 4o bimestre 1. Anestésicos inalatórios; 2. Estágios e planos anestésicos; 3. Intubação orotraqueal; 4. Aparelhos e circuitos anestésicos; 5. Anestésicos locais; 6. Monitoração anestésica. Termo de anestesia: inconsciência + analgesia (ausência de dor); Material de estudo - Anestesia em cães e gatos - Fantoni e Cortopassi; - Manual de anestesia veterinária - Paddlefort; - Anestesia e analgesia veterinária - Lumb e Jones (mais indicado para quem é novo na anestesiologia). Material para aulas práticas - Pijama cirúrgico (para usar no centro cirúrgico; - Gorro/touca; - Máscara; - Propé; - Estetoscópio; - Termômetro (digital); - Caneta; - Relógio; - Caderneta de anotações; - Sapato fechado; - Jaleco (para usar na clínica). História da anestesia (Não cai na prova - curiosidade) A mandrágora era utilizada pelos antigos egípcios e romanos para induzir a inconsciência (tem propriedades venenosas); Feiticeiros incas mascavam as folhas de coca e cuspiam nas feridas dos pacientes para diminuir a dor; Esponja sonífera: era utilizada por monges europeus; - Preparada com a mistura de várias substâncias (plantas e álcool) e colocada nas narinas dos pacientes para dormir; - Acordavam com vinagre no nariz. Primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral foi em 1846; - Pelo dentista William Thomas Green Morton; - Utilização de éter. Alfred Seifert em 1902 criou o termo “anestesiologia”; Inglaterra e EUA foram os primeiros países a considerar a especialidade independente da cirurgia; George H. Dadd - 1852: primeiro a aplicar a anestesiologia na veterinária, além de conceitos de bem-estar animal Em 1910, um médico veterinário argentino incluiu em sua obra veterinária o emprego da anestesia, sendo um dos primeiros autores veterinários a reconhecer a importância dessa especialidade num livro; Em 1920 o avanço foi obtido com a descoberta dos barbitúricos (como o gardenal - utilizado para diminuir ação exarcebada do SNC nas convulsões); No Brasil Primeiros relatos de anestesiologia veterinária foram publicados em 1940 na Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo; A primeira disciplina de anestesiologia foi criada em 1975 na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP Botucatu. AVALIAÇÃO E PREPARO DO PACIENTE PARA ANESTESIA Avaliação pré-anestésica Antes da realização de qualquer anestesia, exceto nas situações de emergência, é indispensável conhecer, com antecedência, as condições clínicas do paciente, cabendo ao veterinário anestesiologista decidir da conveniência ou não da prática do ato anestésico, de modo soberano e intransferível; É essencial para que a anestesia e cirurgia sejam bem- sucedidas; Embora a avaliação seja importante em todos os animais, é de suma importância em pacientes críticos (ex: poodle de 15 anos e várias comorbidades) pois mais elaborada ela deve ser. Exemplo: equino - Deve fazer jejum, pois anestesia e intubação pode causar regurgitação e broncoaspiração (não ocorre tanto em equino); - No caso de ruminante, é importante fazer jejum por causa da sua atividade ruminal, e o decúbito lateral dele deve ter o rúmen para cima; - O jejum é diferente para um bovino e um gato de 3 meses: bovino fica até 18 horas, enquanto gatinho nem faz jejum (30 minutos no máximo). Propósitos • Determinar condição clínica (física) do paciente: - Revisão de prontuário; - Exame físico; - Exames complementares (ex: hemograma); - Anestesias prévias; - Medicações em uso; - Comorbidades. Objetivos Estabelecer qualquer condição ou situação anormal que possa afetar a captação, ação, eliminação e segurança do anestésico; Ex: cetamina em doses altas é excretada ativamente pelo rim, um paciente idoso nefropata sofre com a filtração desse medicamento. Sistemas de maior importância (em ordem) 1. Nervoso (cérebro precisa de pressão acima de 60); 2. Cardiopulmonar; 3. Hepático; 4. Renal (ex: cetamina é originada nos rins, porém esse pode ficar obstruído, então deve-se evitar cetamina na anestesia). O veterinário anestesista deve ficar atento as comorbidades do paciente, pois elas irão determinar qual anestésico pode ou não ser usado. A maioria dos fármacos anestésicos são vasodilatadores, e nesse caso, é esperado que a pressão arterial esteja baixa (pois a pressão do sangue contra a parede arterial diminui, já que o vaso está maior) -> logo, a perfusão dos tecidos baixa = resulta em: • Depressão no sistema nervoso, pois o cérebro precisa de uma pressão média acima de 60%, caso contrário -> paciente fica hipoperfundido -> choque bulbar -> morte; - Hipoperfusão: baixa irrigação sanguínea em determinada região do corpo; - Ex: paciente cardiopata tem contra-indicação para esses fármacos vasodilatadores, por isso deve ser feita a consulta pré-anestésica; • Estresse cardiopulmonar, pois o paciente fica hipotenso (vasodilatado) -> impede a manutenção cardíaca adequada. - Ex: gato obstruído com creatinina 5 (aumentada) -> realizar cetamina nesse gato (que tem problema renal e está obstruído) pode resultar em consequências complicadas; - Ex: paciente (de 3 meses - sistema hepático ainda não está totalmente formado) hepatopata com tumor hepático -> não pode ser administrado benzodiazepínico (como midazolam) é altamente hepatotóxico, então devem ser utilizado outro anestésico/droga. Avaliação da condição clínica • História do animal/anamnese (inclui-se avaliação de dor); • Inspeção (comportamento, atitude, desconforto, conformação física, temperamento e estresse); - É importante saber o comportamento do animal, pois afeta na escolha de droga (é diferente para um garanhão agitado e uma égua idosa dócil); • Conformação física é muito importante, pois os brquiocefálicos (ex: pug, shih-tzu) respiram mal, e isso muda o tempo e cuidado com a intubação, anestesia tópica (para não roncar); - Estímulo de tônus vagal aumentado em braquiocefálicos: nervo vago tem relação com sistema parassimpático, e faz com que a frequência cardíaca seja mais baixa (evitar drogas que causam bradicardia, como remifentanil - que aumenta resistência vascular); • Temperamento: animal estressado deve ficar o mínimo de tempo possível na baia esperando cirurgia, pois ele libera muita catecolamina (como dopamina, adrenalina), se desidrata -> caso seja necessário, pedir ajuda do tutor para administrar uma MPA (medicação pré-anestésica) para acalmar o animal; • Palpação, percussão e ausculta; • Exames complementares (de imagem e/ou laboratoriais). Classificação da condição clínica ASA I: paciente saudável; Situação que o tutor pode escolher fazer ou não e não é emergencial; Exemplo: orquiectomia ou prótese de mama. ASA II: paciente com doença sistêmica leve; Pode ser eletivo, mas a cirurgia é recomendada; Exemplo: tumor de pele, fraturas (sem choque), hérnias sem complicações. ASA III: paciente com doença sistêmica grave; Exemplo: febre, desidratação, anemia, caquexia, hipovolemia; - Ex: beagle obeso jovem: - Obesidade atrapalha muito o cirurgião e anestesista; - Paciente idoso cardiopata com sinais clínicos controlados por medicamento; - Ex: pug com deficiência respiratória crônica por formato do focinho; - Tem dificuldade respiratória e deve ser entubado rapidamente; - Realiza rinoplastia para melhorar respiração (cirurgia se chama estafilectomia = correção do prolongamento do palato); - Pós-op é complicado, pois pode causar inchaço na região; - Ex: paciente que vai a cirurgia para retirar um tumorzinho na pele e limpezaperiodontal. ASA IV: paciente com doença sistêmica grave descompensada (onde não está sendo feita a terapia necessária); Ameaça constante a vida e pode matar animal se não houver tratamento; Exemplo: uremia (aumento de ureia), toxemia (intoxicação por acúmulo de toxinas no sangue), descompensação cardíaca, desidratação grave, febre alta, hérnias graves; - Ex: fêmea jovem com piometra pois não foi castrada -> toma anticoncepcional, apresenta hipotermia (35oC), e leucocitose, ureia e creatinina alta, pressão arterial baixa = fêmea está com sepse (por causa da piometra) -> pode morrer se não realizar tratamento. - Sepse: conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. - Animal fica vasodilatado na sepse => pressão baixa => déficit de entrada de O2 nos tecidos => respiração anaeróbica (acumula lactato e gera acidose metabólica) -> envolvimento com a tríade da morte; - Tríade da morte: Hipoglicemia, hipotensão e hipotermia. - Hipotermia: caso seja por uma doença sistêmica avançada, significa que o balanço hemodinâmico está tão mal que ele não consegue nem manter a temperatura -> logo, ele provavelmente também está hipotenso e/ ou hipoglicêmico; Síndrome de reperfusão: termo que descreve alterações funcionais e estruturais causadas pelo reestabelecimento ide fluxo após um período de isquemia; - Ex: em uma hérnia diafragmática, os alvéolos do pulmão são pressionados pelos órgãos abdominais, e a perfusão do fígado está ruim também; - Quando a hérnia é acertada, a circulação volta ao normal, porém -> pontos com falta de oxigênio levam a restos celulares, e quando aquele lugar volta ao normal, esses debris/restos vão para a grande circulação; - Resposta endotóxica (paciente faz vasodilatação, arritmia) - Caso a hérnia esteja a muito tempo no diafragma, ele nem estica mais (diafragma não fecha e é necessário colocar tela ou músculo como retalho para fechar a hérnia). Nesses casos, as normas da diretriz veterinária diz que o profissional tem 4 horas para: - Admitir o paciente; - Reestabelecer o equilíbrio hidro-eletrolítico; - Reestabelecer a pressão arterial; - Iniciar drogas vasoativas com antibióticos para efetivo; - Levar o paciente para a cirurgia (após estabilizá-lo). ASA V: paciente moribundo, cuja expectativa de vida é ao redor 24 horas com ou sem cirurgia; Animal já está com nível de consciência rebaixado, deitado sem estímulos tentando compensar Exemplo: choque e desidratação profunda, tumor maligno terminal ou com infecção, trauma grave; - Ex: a paciente com piometra (do exemplo do ASA IV) está com o útero rompido, fazendo com que o conteúdo se espalhe pela cavidade abdominal (apresenta eletrocardiograma com taquicardia ventricular e arritmias); - Ex: equino hipotireoideo com cólica, a cólica pode matar o animal se não for a cirurgia; - Ex: torção volvulogástrica -> onde o estômago gira e causa obstrução; - Pode ser necessária esplenectomia (pois gira junto com o estômago); - Parte do estômago pode ficar inviável dependendo do tipo de torção -> deve ser feita gastrotomia (prognóstico ruim). Conceitos Risco cirúrgico • Risco: refere-se a incerteza e ao risco potencial de fatalidade ou complicações como resultado da anestesia e cirurgia; • Risco cirúrgico: depende dos antecedentes do animal, tipo de cirurgia e habilidade do cirurgião (ex: placa no fêmur teve rejeição no pós-op -> foi complicação cirúrgica, e não anestésica); • Risco anestésico: capacidade do anestesia, do anestésico e condição do paciente (ex: bloqueio local na epidural de uma mãezinha gestante em cesárea, e no pós-op não teve mais tônus do esfíncter anal). Seleção do anestésico O anestésico ideal é o que: - Não depende da biotransformação para produzir a ação e ser eliminado -> pois evita estresse nos grandes tecidos (ex: remifentanil, mas causa depressão cardiopulmonar); - Permite a indução e mudanças rápidas na profundidade da anestesia, com recuperação rápida (ex: remifentanil); - Não deprime a função cardiopulmonar, não irrita os tecidos, barato, estável, não inflamável e explosivo e que não exige equipamento especial para administração; Nenhum dos fármacos apresenta todas essas qualidade, então, a seleção será de acordo com o quadro clínico: - Espécie (ex: ruminantes são sensível aos agonistas alfa e cavalos demora mais na recuperação pós- anestésica que os muares); - Raça (ex: dolicocefálicos tem maior sensibilidade a ivermectina; braquiocefálicos tem maior sensibilidade a acepromazina); - Idade (ex: anestesia é diferente para poodle de 13 anos e vira-lata de 3 anos); - Condição física; - Tempo de cirurgia; - Tipo de gravidade do procedimento cirúrgico (ex: mastectomia é mais cruenta que hérnia umbilical, então são utilizadas drogas diferentes); - Habilidade do cirurgião; - Familiaridade com a técnica anestésica aplicada; - Equipamento e pessoal disponível. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA (MPA) Introdução Conceitos • MPA: drogas administradas antes da anestesia afim de preparar o paciente para a própria anestesia; • Sedação, analgesia: perda ou ausência de sensibilidade à dor (é um objetivo das drogas MPA) -> permitem uma menor incidência de efeitos colaterais; • Indução: levar o paciente ao plano anestésico, é causada pelos agentes indutores (que induzem o animal à anestesia); - Ex: propofol => fármaco mais utilizado na indução anestésica para garantir plano anestésico ao paciente, porém não deve ser feito sozinho, pois é um agente hipnótico e não analgésico (por isso utiliza-se co-indutor); - Intubação orotraqueal causa dor no animal, por isso deve ser feito um analgésico; • Co-indução: analgésico/relaxante/ansiolítico utilizado para auxiliar agente indutor. - Ex: como fentanil, midazolam ou 1 mg de cetamina (ajudam a reduzir a dose do propofol); - Fentanil é um analgésico 100 vezes mais potente que morfina, que gera sedação mais rápido; • Manutenção: mantém a anestesia durante a cirurgia através de infusão, o fármaco indutor pode ser o fármaco de manutenção também (mas também pode induzir com propofol e manter com isoflurano, que é um anestésico inalatório); - É anestésica (sem consciência) e analgésica (sem dor) -> o isoflurano e outros anestésicos não são analgésicos; - Ex: cão foi co-induzido com 5 mcg de fentanil, 1 mcg de cetamina, 2 mcg de lidocaína -> indução com propofol -> intubação -> ligou-se o isoflurano e manteve-se com remifentanil (ele no trans- anestésico é uma infusão analgésica); - Isso é feito pois se o paciente é bem analgesiado no trans-operatório, o anestésico inalatório é menor, assim como seus efeitos colaterais. - Caso se trate de uma orquiectomia ou retirada de verruga no braço (cirurgias simples e com baixo nível de dor), o fentanil na co-indução é suficiente, pois ele age por 30 minutos, mantendo o paciente analgesiado durante todo o procedimento (é diferente de uma cirurgia de coluna que dura 3 horas, onde o osso do paciente deve ser furado). Finalidades gerais • Sedar; • Reduzir estresse; • Redução de dor por analgesia preventiva/preemptiva; • Inibir o estágio 2 da anestesia (delírio e excitação) -> MPA causa menor evidência desse estágio (pode ser causado pelo propofol); - MPA pode ser feita intramuscular com: dexmedetomidina com morfina, acepran com metadona -> evitam os efeitos de disforia relacionados a esse segundo estágio de anestesia; - Metadona é utilizado para analgesia leve; • Redução de efeitos indesejáveis de outros fármacos; - Ex: propofol causa depressão respiratória, se administrar um acepran (MPA tranquilizante com opioide/morfina) primeiro, ele não precisará utilizar uma dose maior de propofol, pois o MPA irá reduzir essa dose necessária do propofol para entubar o paciente (diminui efeitos colaterais relacionados ao propofol também, por causa da dose menor); • Potencialização de outrosfármacos: pois o MPA entra em sinergismo com o indutor e diminui a dose do mesmo; • Recuperação suave; • Redução de secreções; • Prevenir ou reduzir incidência de vômitos. É essencial fazer MPA em todos os pacientes? No caso de cães e gatos, nem todos os pacientes precisam de MPA; - Ex: um paciente com a perna quebrada (canulado e calmo) que vai fazer um raio-x, não necessita necessariamente realizar um MPA. No caso de equinos e bovinos (e animais selvagens), é essencial realizar um MPA antes da indução, pois eles devem estar bem sedados para realizar o plano de anestesia. Objetivo: tranquilizar o animal para manuseá-lo mais facilmente, tanto no pré quanto no pós-anestésico, analgesia preventiva, utilizar menor anestesia. Grupos farmacológicos Tranquilizantes - Fenotiazínicos: Acepromazina, Cloropromazina e Levomepromazina. Ansiolíticos - Benzodiazepínicos: Midazolam e Diazepam. Hipnoanalgésicos - Opioides: morfina, metadona, meperidina, tramadol (é discutido), buprenorfina, butorfanol; - Agonistas de receptores alfa-2: xilazina, detomidina, dexmedetomidina. Relaxantes musculares - Éter gliceril guaiacol: utilizado apenas em grandes animais. Anticolinérgicos - Atropina: não é utilizada com MPA. 1. Anticolinérgicos: atropina Não é um anestésico nem analgésico, somente anticolinérgico; - Anticolinérgico: inibe a ação do neurotransmissor aceti lcol ina (Ach - atua no sist. nervoso parassimpático) -> impede que o Ach se ligue aos receptores pós-ganglionares muscarínicos (e impede a ativação do sistema parassimpático no órgão efetor); Ela atua no SNAP (sistema nervoso autônomo parassimpático), que é mediado pela ação da Ach nos receptores muscarínicos nos neurônios pós-ganglionares; - O sistema parassimpático causa relaxamento e digestão do organismo; Mecanismo de ação Inibe a resposta dos nervos pós-ganglionares colinérgicos (pois é parassimpatolítico) => encerra os efeitos do tônus parassimpático/vagal (sistema simpático fica mais proeminente) e resulta em: Efeitos cardiovasculares Animal fica com taquicardia, porém o débito cardíaco não sofre mudança (pois com a taquicardia, há um menor tempo diastólico para o enchimento do coração). Diminuição da motilidade Ocorre porque o sistema simpático fica mais importante por causa da inibição do sistema parassimpático; Em ruminantes e equinos: tendência a causar timpanismo; - Timpanismo: acúmulo anormal de gases no estômago, causando distensão -> pode resultar em dificuldade respiratória e circulatória -> asfixia -> morte. Diminuição de secreções salivares: A secreção fica mais viscosa e grossa => pode causar obstrução de via aérea. Broncodilatação: A atropina não é utilizada para o objetivo de broncodilatar. Midríase Diminuição do débito urinário, pois com o bloqueio do sistema de relaxamento (parassimpático), sobra o sistema simpático, que é o sistema de emergência/luta ou fuga, ele contrai o esfíncter de músculo liso e impede que o animal urine (pois em uma situação de emergência urinar não é uma prioridade). Indicação clínica A atropina/anticolinérgico não é utilizado como MPA, utiliza-se como auxiliar em situações (anestesia ou tratamento) onde o sistema parassimpático está exacerbado; Se o animal não estiver com o sistema parassimpático exacerbado e for administrada a atropina, ele pode ficar com taquicardia e acorda vocalizando; - Ex: Antes de administrar a atropina para aumentar FC, deve-se avaliar: PA, capnografia (se o ritmo sinusial ou não sinusial), ver se foi usado um fármaco que causa a bradicardia (nesse caso, a bradicardia é esperada), se a bradicardia diminuiu o DC. Ex: em caso de bradicardia, pode ser utilizada a atropina para aumentar a frequência cardíaca -> apesar de que isso não aumenta o débito cardíaco); Ex: Tratamento da babesia é feito com imizol, um medicamente parassimpaticomimético que faz estímulo parassimpático muito grande no animal -> atropina preemptiva para que o animal não fique bradicárdico. Pequenos animais - Frequência cardíaca normal de cão: depende do animal, mas varia entre 55 a 150 bpm. Individualização do caso: o aumento de FC causada pela atropina pode não melhorar o DC, pois o DC depende do tempo diastólico; - Taquicardia não necessariamente provém tempo diastólico, pois o coração estará batendo mais rápido, dando menor tempo para ele se encher com sangue = logo, o débito cardíaco não se altera. Normalmente, a diástole demora 2/3 do ciclo cardíaco (sístole-diástole), considerando que o coração demora mais tempo para receber o sangue do que ejetá-lo; - Sístole: contração do coração, onde é ejetado o sangue para a aorta (pelo ventrículo esquerdo) e para a artéria pulmonar (pelo ventrículo direito); - Diástole: relaxamento do coração, onde os ventrículos são preenchidos com sangue. Caso o paciente apresente bradicardia e bloqueio atrioventricular (BAV) de 2o grau, a atropina é indicada; - No eletrocardiograma, monitoriza-se o ritmo do coração, e o bloqueio atrioventricular é típico em pacientes extremamente parassimpatizados (que apresentam bradicardia) -> o BAV leva a baixo débito cardíaco. Dose recomendada de atropina em pequenos animais: 0,02 a 0,04 mg/kg • Via subcutânea é utilizada quando a atropina é administrada após imizol (parassimpaticomimético usado no tratamento de babesia); • Via intramuscular em anestesia não é utilizada, pois o paciente já está em acesso venoso, então é mais fácil utilizar a via intravenosa; - Relata-se que é utilizada quando o anestesista está em dúvida se é necessário ou não; • Via intravenosa/endovenosa é a mais recomendada; - Utilizada quando o paciente está muito bradicárdico e com BAV, pois a latência é menor; - O ecocardiograma do animal bradicárdico (com 40 a 50 bpm) durante a anestesia demonstra um débito cardíaco normal (pois há maior tempo diastólico = mais tempo para o coração ser preenchido pelo sangue); - As hipotensões trans-anestésicas são causadas pelo aumento da resistência vascular sistêmica (pressão dentro das artérias). É importante lembrar que: DC = FC x RVS -> ou seja, débito cardíaco = frequência cardíaca x resistência vascular sistêmica; Se a RVS aumenta muito, a FC diminui para manter o mesmo DC; Assim, é possível concluir que uma menor frequência cardíaca durante uma anestesia não é tão preocupante, pois é a maneira do coração de manter o débito cardíaco devido o aumento da resistência vascular sistêmica; - Entretanto, o paciente não apresenta mais estímulos simpáticos (simpatólise na medicina humana). Ruminantes - Os ruminantes fazem muita secreção quando estão anestesiados -> atropina não reduz secreções e aumenta viscosidade; - Altera motilidade (baixa motilidade tem maior chance de ocorrer timpanismo); - Rúmen deve ficar para cima no caso do bovino deitar, para haver retorno venoso nas vísceras; - Nos bovinos, as MPA utilizados são os alfa-2 (como xilazina). Equinos • FC baixa: 25-40; • Causa diminuição da motilidade (pode acarretar em cólica ou timpanismo) -> ocorre pois a atropina é um parassimpatolítico (impede ação do sistema parassimpático nos órgãos efetores); - Animal parassimpatizado: motilidade boa; - Animal simpatizado: motilidade diminuída. • Não reduz secreções e aumenta viscosidade. Não utilizar atropina em equinos, pois pode causar uma diminuição da motilidade e resultar em cólica. 2. Tranquilizantes: fenotiazínicos Envo lvem a acepromaz ina (acepran 0,2%), levomepromazina e cloropromazina; São agentes antipsicóticos e neurolépticos (evitam que animal atinja estado de euforia/disforia) -> resultam em sedação de grau leve (sem perda de consciência); - Na clínica podem ser utilizados para diminuir os efeitos de disforia/euforia que o animal apresenta. Ele não é um analgésico, mas potencializa o poder de analgésicos por sinergismo; Seus efeitos são mais intensos quando associados aosopioides e benzodiazepínicos. Mecanismo de ação No SNC Antagonista dopaminérgico e serotoninérgico (neurotransmissores do sistema simpático) = ocupa o lugar desses neurotransmissores em seus receptores e impede seus efeitos; - Dopamina é hormônio de ansiedade, medo (quando o animal vai para uma clínica ele pode ter um pico de dopamina por sentir cheiros diferentes, outros animais, etc); - Serotonina é hormônio da felicidade, mas também tem relação com a ansiedade; Exercendo esse antagonismo (dopaminérgico e serotoninérgico), os fenotiazínicos são utilizados para relaxar o animal sem hipnose (utilizado mais em animais muito ansiosos e com estímulo dopaminérgico); Proporcionam uma redução do limiar convulsivo, então não podem ser utilizados em pacientes que convulsionam. No sistema cardiovascular Causam o bloqueio de receptores alfa adrenérgicos; - Alfa-1 adrenérgico (sistema simpático) faz vasoconstrição na musculatura lisa e nos vasos -> os r e c e p t o r e s a l f a a d r e n é r g i c o s c a u s am vasoconstrição; O bloqueio desses receptores adrenérgicos causam: - Vasodilatação -> diminuição de pressão arterial (pois o vaso fica maior e a pressão do sangue contra a parede vascular diminui) -> hipotensão; - É ruim em paciente que perdeu eletrólitos também, pois pressão arterial cai; A dexmedetomidina (hipnoanalgésico) é um agonista alfa-2 adrenérgico, ela faz ao contrário dos fenotiazínicos. No sistema respiratório São broncodilatadores, então são indicados caso o animal esteja com dificuldade respiratória devido calor. Temperatura - Redução de temperatura: como o animal fica vasodilatado por causa do bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos, o animal irá perder mais calor; - Depressão do centro termorregulador: promove uma queda de temperatura no animal; - Vasodilatação periférica: troca de calor mais fácil com o meio externo que está com temperatura mais baixa. Durante a anestesia, alguns fatores podem contribuir para a hipotermia: - O oxigênio, pois entra gelado para os pulmões; - Abertura da cavidade, pois o peritônio é muito irrigado. Ex: um animal que fez um exercício físico muito intenso chega à clinica com a língua roxa e a temperatura de 42oC (hipertérmico) -> nesse caso, o acepran é indicado, pois auxiliará na tranquilização do animal e uma queda de temperatura benéfica. Considerando que a temperatura normal é: - Cão: 37,5 - 39,2oC; - Gato: 37,8 - 39,2oC; - Equino: 37,5 - 38,5oC; - Bovino: 37,8 - 39,2oC. Dilatação esplênica: Os fenotiazínicos (como o acepran) causam vasodilatação do baço (é muito irrigado), fazendo com que ocorra diminuição de hemácias circulantes, pois elas são direcionadas ao baço => piora a anemia do paciente (30% das hemácias conseguem ficar dentro do baço). Ex: não utilizar em esplenectomia, pois o paciente terá todas as suas hemácias recrutadas para o baço -> pode fazer com quele precise de uma transfusão sanguínea ou entre em óbito. Ex: não utilizar em casos de cirurgias de grande porte e cruentas, pois haverá uma grande perda de sangue, e o fenotiazínico pode diminuir mais ainda a quantidade de hemácias circulantes -> animal pode entrar em hipóxia. TGI: - Efeito antibiótico; - Redução de secreções. Sinais de sedação em pequenos animais - Tranquilização leve e moderada; - Protusão de 3a pálpebra; - Ptose (queda) palpebral; - Abaixamento da cabeça. Sinais de sedação em grandes animais - Sinais leves de sedação; - Melhor resposta em animais calmos; - Administrar IM, 45-60 minutos antes da manipulação (local calmo, sem poluição visual/sonora); - Prolapso peniano (evitar utilizar em garanhões, pois pode causar consequências reprodutoras). Nao usar no equino com cólica, desidratado, vasodilatado (sepse); Outra opção de sedação para equinos é: alfa-2 com butorfanol -> deve ser feito em animal calmo. Indicações clínicas É indicado o uso de fenotiazínicos em caso de: Dificuldade respiratória devido calor: abaixa a temperatura; Hipertérmicos: ajuda na regulação da temperatura (abaixa a temperatura); Curiosidade: eles também podem ser utilizados em pacientes com insuficiência cardíaca esquerda: - Quando o problema é a válvula mitral e o paciente não tem disfunção assistólica -> acepromazina pode ser utilizado para que o animal não tenha mais resistência vascular, pois a vasodilatação melhora o fluxo sanguíneo; - Grande maioria dos pacientes de emergência que são cardiopatas e que passam por anestesia tem doença de válvula mitral que não gera disfunção contrátil. Contra-indicações clínicas/cirúrgicas É contra-indicado o uso de fenotiazínicos em caso de: Desidratação/hipovolemia: acepromazina diminui PA ainda mais pois causa vasodilatação; - Força hidrostática e volume de sangue dentro do vaso está diminuída, então animal deve ficar vasoconstrito para distribuir o sangue para a periferia. Debilitados/anêmicos: vasodilatação esplênica causada pelo acepran diminui o volume de hemácias na grande circulação -> piora a anemia do animal; Hipotérmicos: acepran diminui temperatura; Chocados; Histórico de convulsão/epilepsia: acepran diminui limiar de convulsão; Vasodilatados (SIRS, SEPSE): PA diminui -> hipotensão (que pode causar choque); - Paciente séptico contribui para vasodilatação (ex: paciente com piometra e leucocitose absurda está provavelmente em sepse, utilizar fenotiazínico vasodilatador é totalmente contra-indicado). Diminuição de eletrólitos: PA diminui; Esplenectomia: acepran vasodilata baço -> perda de sangue intensa. Curiosidade: Ultrassom de abdômen: não utilizar, pois pode indicar uma concentração de hemácias que resulta da acepromazina, e não de uma patologia. Antagonista Os fenotiazínicos não possuem um fármaco reversor, e de acordo com a dose usada, seus efeitos podem durar de 4 a 6 horas; A dopamina (um vasoativo) já caiu em desuso como reversor de acepromazina, pois ela não tem efeito, considerando que o acepran impede que ela se ligue nos receptores -> e a acepromazina pode ter efeitos deletérios caso se use a dopamina; - Dopamina era utilizada para causar um efeito dopaminérgico depois, como bradicardia, vasodilatação e pressão arterial baixa -> mas não ocorre efeito. 3. Ansiolíticos/benzodiazepínicos: midazolam e diazepam Fármacos que diminuem a ansiedade, pois são miorrelaxantes; Deprimem o sistema límbico no SNC (sistema límbico nos animais é menos desenvolvido que humanos); Ativam receptores GABAérgicos; - GABA é o principal receptor inibitório e estimula os receptores GABA, assim como o propofol (leva ao sono). A única diferença entre o midazolam e o diazepam é que -> diazepam tem consistência mais oleosa que o midazolam, então dói na aplicação IM.; - Escolher o fármaco de acordo com a via de administração. - Vias de administração - Intravenoso (IV) -> em equinos utiliza-se diazepam pois é mais barato; - Intramuscular (IM) -> utiliza-se midazolam, diazepam não recomendado por ser mais oleoso, dói na aplicação; - Intra-retal -> utiliza-se diazepam; - Nasal -> utiliza-se midazolam. Ação - Ansiolítica e hipnótico (avaliar paciente); - Miorrelaxante; - Anticonvulsivante -> pois aumenta o limiar convulsivo; - Não provocam alterações hemodinâmicas e respiratórias (são muito seguros). Utilizado normalmente associado a outros fármacos Anestésicos dissociativos Ex: ketamina/cetamina aumenta o tônus muscular somático -> ela sozinha via IV pode causar espasticidade, convulsão, por isso é associado com um miorrelaxante (midazolam, diazepam), pois esses também são anticonvulsivantes. Agentes indutores (para redução da dose) Ou seja, o midazolam é utilizado como co-indutor na anestesia geral (ex: fentanil com midazolam; ketamina com propofol); Entretanto, ele tem uma ação prolongada, fazendo com que o animal fique de meia hora a uma hora vocalizando na baia (não é recomendado em animais saudáveis em cirurgiaseletivas); - Ao contrário de paciente saudáveis (por exemplo), em um cão idoso cardiopata com síndrome de disfunção cognitiva é recomendado usar uma dose pequena de hipnóticos de indução ou anestésicos inalatórios (que causam hipotensão e são vasodilatadores) para possibilitar uma dose menor de propofol/isoflurano (anestésicos de indução e manutenção); - Em animal cardiopata, não pode ser feito o remifentanil, pois esse é vasoconstritor e aumenta a força de bombeamento do coração para os vasos (vaso vasodilatado facilita a entrada de sangue) -> fentanil causa menos vasoconstrição => fluxo sanguíneo mais tranquilo. - Ex: é comum usar em pacientes equinos os alfa-2 agonistas (xilazina/dexmedetomidina), e na indução é frisada a ketamina, que deve ser usada com midazolam para evitar os efeitos adversos da ketamina (espasticidade, convulsão); Dissociação de um cão/gato muito bravo não pode ser feita com acepran (pois esse resulta em sedação leve/ média), por isso é feita um anestésico dissociativo como a ketamina (junto com midazolam); - Nesse caso, também pode ser feita com xilazina ou dexmedetomidina ao invés de ketamina, mas não é muito recomendado por conta do tempo de ação -> demora para fazer efeito por ser vasoconstritora, enquanto a ketamina é de rápida ação. É bom lembrar que o midazolam não faz efeito sozinho, por isso ele é utilizado em associação; - Exceção: em caso de convulsão, é recomendado utilizá-lo (ele faz efeito imediato), paciente muito idoso e calmo. Caso o animal seja agitado, o midazolam pode deixar o paciente mais agitado, então a melhor indução seria: fentanil -> ketamina -> propofol; - Caso o animal esteja muito agitado, pode ser administrado antes de tudo: - Propofol; - Dexmedetomidina: 0,5 -1 mcg/kg; - Acepromazina: 0,02 mg/kg. Implementar sedação. Exceções - Animais muito jovens: não é bom utilizar em animais jovens, exceto potros/bezerros; - Potros/bezerros (bebês): midazolam age de maneira eficaz (animal dorme) sozinho, mas normalmente é feito com butorfanol - Cães e gatos deprimidos; - Idosos: principalmente em animais com síndrome de disfunção cognitiva -> ajuda o paciente a não ficar agitado no pós-operatório Antagonista - Flumazenil: caso o midazolam deixe o animal muito excitado, o flumazenil pode ser usado para reverter; - Usado também em paciente silvestres -> pois o midazolam deprime muito esses animais. 4.1. Hipnoanalgésicos (opioides): Agonistas alfa-2 adrenérgicos Envolve: xilazina, detomidina, dexmedetomidina, butorfanol e medetomidina; Localizados na membrana pré-sináptica; Inibem liberação de noradrenalina na fenda sináptica, impedindo que se ligue nos receptores alfa-2 (ex: liberação que é gerada por um estímulo de dor); - Noradrenalina é um neurotransmissor que aumenta o tônus simpático, então a sua inibição resulta em uma diminuição do tônus simpático. São muito utilizados em equinos (sedação em estação -> animal não deita). Antagonista Possuem reversor (analoxona), mas quase nunca são utilizados -> pode ocorrer caso o dexmedetomidina; - Ex: ecocardiograma em paciente idoso -> butorfanol foi utilizado -> paciente ficou disfórico pois tinha síndrome de disfunção cognitiva -> foi usada analoxona. Ação - Sedação intensa; - Analgesia visceral; - Miorrelaxante importante. Efeitos cardiovasculares Os alfa-2 não são utilizados em cardiopatas, pois o efeito hemodinâmico pode ser péssimo, no entanto, depende da dose; Quando o estímulo simpático é impedido, é possível ver alguns efeitos clássicos dos alfa-2, como: Hipertensão arterial por aumento da RVS -> bradicardia reflexa; A administração de um fármaco que causa hipertensão (como os alfa-2), deixa o trabalho do ventrículo esquerdo mais difícil, pois ele precisa de mais força para ejetar o sangue; Ex: um paciente cardiopata com cardiomegalia ou disfunção sistólica, o alfa-2 pode aumentar o trabalho do ventrículo, considerando que o fármaco tem estímulo parassimpático intenso. BAV (bloqueio atrioventricular) É um atraso na condução da corrente elétrica à medida que e la atravessa o s istema de condução atrioventricular; - Ocorre durante a anestesia por causa do estímulo parassimpático do alfa-2; - É possível até que o paciente entre em dissociação atrioventricular, onde o átrio trabalha em um frequência e o ventrículo em outra. Imagem: ondas do eletrocardiograma (ECG) Imagem: ECGs variados Imagem: exemplo de BAV = 3 sequências de PQRST seguidas de um uma onda P não conduzida (houve uma despolarização atrial mas não chegou no atrioventricular). Imagem: bloqueio sinoatrial -> uma disfunção do nó sinusial causadora de pausas e bradicardia. Depressão respiratória (bradipneia) Ex: dobermann em cirurgia para amputação foi sedado com metadona e midazolam + ketodex (combinação de ketamina + dexmedetomidina) na infusão contínua e epidural (bloqueio que dessensibiliza o abdômen caudal até a ponta do pé) -> não precisou de intubação (com máscara respirou bem). Efeitos no TGI Vômitos; Redução de atividade ruminal/TGI -> timpanismo; - Timpanismo: acúmulo anormal de gases no rúmen -> distensão -> pode resultar em dificuldade respiratória e circulatória -> asfixia -> morte. Imagem: ruminante com timpanismo do lado do rúmen Amplamente utilizados em grandes animais Efeitos cardiovasculares são observados em equinos também; - Ex: foi feito uma enucleação: - Detomidina com butorfanol IV em infusão contínua e vários bloqueios locais (4 nas pálpebras e retrobulbar) = égua ficou em BAV contínuo, 17 bpm - bradicárdica (efeito parassimpático exacerbado); - Égua parassimpatizada -> foi dado um beliscão nela para deixar o sistema simpático mais proeminente (pode ser feito e funciona dependendo do caso). Equinos: sedação intensa em posição quadrupedal, ptose labial, apoio dos pés em “pinça" por causa de ataxia, cabeça abaixada. Ruminantes: muito sensíveis, decúbito 10-15 minutos - IM, sialorreia intensa, rotação do globo ocular. Se for administrado 1 mg de xilazina em um bovino, ele morre.; Normalmente é utilizado 0,1 a 0,3 mg IM (não pode ser feito no tronco porque se não o bovino cai). Pequenos animais Efeito clínico dose-dependente; Utilização clínica Gato pode ser sedado com ketodex (ketamina + dexmedetomidina) + butorfanol/morfina/propofol. Muito utilizado na clínica de felinos: - Ketamina (3 a 5 mg/kg); - Dexmedetomidina (5 a 10 mg/kg); - Analgésico opioide (0,1 a 0,3 mg/kg) -> como butorfanol ou morfina. - Pode ser utilizado: ketamina + dexmedetomidina + midazolam + morfina (em doses baixas). Deve ser considerado que analgesia e anestesia são multimodais (devem ser usadas várias drogas para atingir o efeito clínico). Xilazina e detomidina não são utilizadas em pequenos animais (somente em equinos), pois os efeitos colaterais/ adversos dos alfa-2 sua mais vistos em cães e gatos, considerando que é necessário utilizar uma dose muito alta (e isso aumento os efeitos adversos); - Logo, não é recomendado utilizar somente alfa-2 em pequenos animais. Dexmedetomidina é utilizada normalmente (exceto em cardiopatas - mas depende do caso), pois consegue ser mais específica no sítio de ação dela, diferente da xilazina e detomidina nesses animais. Literatura recomenda a utilização de agonistas alfa-2 principalmente em pacientes hígidos (recomenda isso pois na época só tinha xilazina e utilizava-se em doses altas), mas isso não é verdade -> pode ser usado em animais com problema renais, por exemplo. - Ex: animal tinha DRC III (segundo o AINES - guideline de doença renal crônica e aguda) e um dos rins devia ser tirado, e como não é cardiopata, pode ser feito dexmedetomidina A dexmedetomidina faz com que o paciente consuma menos oxigênio -> permite que o animal aguente mais alterações hemodinâmicas; - Logo, se o DC do animal não estiver bom no trans- operatório, não é uma alteração “importante”.Os agonistas alfa-2 podem ter efeitos benéficos principalmente em pacientes ASA III, IV e V. Novos conceitos Humanos; Simpatólise; DC. 4. 2. Hipnoanalgésicos (opioides): Opioides Opioides são agentes de primeira linha no tratamento da dor aguda e realizam prevenção de diversos estágios da dor; - Ex: flaconetes de morfina eram utilizados no exército para os soldados tomarem quando se machucassem em batalha para não sentirem dor; São derivados naturais ou sintéticos do ópio (como a cocaína, heroína, codeína); Efeitos dependem de qual receptor o opioide tem mais afinidade Todos os receptores estão a nível supra e infra medular -> tem relação com o SNC e lá que é modulada a resposta; Receptor Mi (y) • Envolve: - Morfina: potente analgésico; - Metadona; - Fentanil. • Resulta em: - Analgesia intensa (realiza verdadeira analgesia, como a morfina, metadona) -> todo opioide que realmente é analgésico potente, é agonista Mi; - Sedação; - Euforia; - Depressão respiratória - Não faz alteração hemodinâmica (os opioides são muito seguros -> cada um tem efeito adverso, porém é melhor do que o paciente sentir dor); O estímulo relacionado a dor é muito pior que um opioide, ou seja, mesmo que um animal seja cardiopata, seve ser realizado a morfina para evitar que o animal fique em dor. Receptor Kappa (K) • Envolve: - Butorfanol (opioide sedativo) -> usado muito em equinos e em eco (ECG) de cães e gatos. - É agonista Kappa e antagonista Mi => butorfanol não pode ser utilizado associado com morfina, mas pode ser utilizado para reverter os sinais da morfina, e vice-versa; - Butorfanol (Kappa) e morfina (Mi) juntos não causam efeitos. • Resulta em: - Analgesia visceral, mas não somática; - Ex: não é recomendado para fraturas, pois é uma dor somática, não visceral. - Sedação importante. Não utilizar butorfanol nem meperidina em mastectomia. Curiosidade: ambulâncias nos EUA carregam naloxona (antagonista de opioide) para usá-la como reversor de efeitos de intoxicação por heroína. Receptor Sigma (8) e Delta (A) Não tem efeitos claros na veterinária; Sigma: disforia, excitação, efeitos alucinógenos; Delta (A): efeitos poucos conhecidos. Efeitos desejáveis • Analgesia: dependente da classe do opioide empregado; • Sedação: não se usa metadona e morfina para sedação leve, mas sim butorfanol; • Ansiólise: sofrimento. Efeitos colaterais • Bradicardia: é reflexa a vasoconstrição (pois aumenta pressão arterial); - Ex: é administrada morfina no paciente com 120 bpm, e então vai para 80 bpm -> pois essa droga (metadona, fentanil e remifentanil também) ocorre a liberação de norepinefrina que faz vasoconstrição -> PA aumenta -> bradicardia reflexa. • Excitação -> um equino sem dor e saudável com morfina fica eufórico, mas em um pós-op de cólica ele não excitará, pois está com dor. - Por isso em equinos são utilizados agonistas Mi (menos comum utilizar em cão e gato); - Para diminuir disforia em cão, pode ser utilizado acepromazina (tranquilizante) com morfina = sedação. - Nalbufina é igual o butorfanol (para medicina humana). Opioides: agonistas totais Antagonista dos opioides: naloxona -> utilizada como reversor de opioides. É utilizada em neonatos depois da cesárea para reverter esse efeito opioide nos próprios filhotes. - Entretanto, o filhote ainda não tem receptor para isso, então não há efeito algum; - O que pode acontecer é alguma droga usada na cesárea passar um efeito residual, por isso escolher bem os fármacos é essencial. Apesar de haver um reversor, éx muito difícil haver a necessidade de reverter opioides (somente em casos extremos); - Ex: butorfanol em idosos com síndrome de disfunção cognitiva -> paciente fica disfórico. Classificação Receptores Agonistas totais: Ex: morfina, metadona, meperidina, fentanil Mi (y) e Kappa (K) Agonistas/antagonistas: Ex: butorfanol e nalbufina Agonista: Kappa (K) Antagonista: Mi (y) Agonistas parciais: Ex: buprenorfina e tramadol Mi (y) Antagonistas: Ex: naxolone Reverte todos os efeitos dos agonistas Morfina Para dor moderada - severa (ex: em pós-op de paciente de coluna); • IV, IM, SC (2-4 horas) em bolus; • Pode ser feita em IC (infusão contínua), porém não é recomendado usar infusão com morfina, existem opioides que agem muito melhor em IC; • Peridural -> junto com anestésico loca pode fazer uma analgesia durar até 24 horas. Paciente tem grande chance de induzir vômito por causa da morfina, então deve-se evitar utilizá-la sempre no mesmo paciente (de maneira horária); Realiza degranulação de mastócitos (que possuem histamina -> causam vermelhidão, coceira, vasodilatação); • Em mastocitoma (tumor dos mastócitos): - Não utilizar morfina; - Utilizar difenidramina ou corticoide antes da cirurgia para evitar a maior degranulação dos mastócitos causada pela própria manipulação do tumor. • Evitar morfina em animais com mastocitoma ou animais muito brancos -> utilizar metadona. Metadona Para dor moderada - severa (é mais potente que a morfina); • IV, IM, SC (6 - 12 horas -> depende do animal, pode chegar até 24 hrs); • IC (infusão contínua);; • Aumento da RVS -> pois causa vasoconstrição; • Peridural -> analgesia de até 24 hrs, porém causa ataxia no pós operatório; - Pode ser usado em paciente com mastocitoma. Meperidina Não é muito utilizada; Para dor leve e sedação; Ex: utilizar em dor de ouvido, unha encravada, quando não é muito grave; Não é indicada para pré-op de uma cirurgia de coloca mastectomia; Vias de administração: - IM (1 hora); - IV: não realizar, pois causa degranulação histamínica (animal tem coceira); É uma droga que pode causar vício em médicos. Fentanil, remifentanil, alfentanil, sufentanil - IV; - IM -> não é recomendado (é preferível realizar morfina, metadona ou butorfanol); 100x mais potente quando comparado a morfina (precisam de menos mili ou microgramas são necessários para atingir analgesia); Não são utilizadas na clínica (com o paciente na baia, como a morfina ou metadona), mas sim na anestesia ou na UTI (na manutenção do coma); São mais utilizadas como co-indutores (pois causam depressão cardiorrespiratória: - Auxiliam na indução; - Diminuem dose do agente indutor; - Ajudam na analgesia e sedação; Usados principalmente em infusão contínua; Manutenção analgésica em infusão contínua (IC); Avaliar farmacocinética e farmacodinâmica; Ex: anestesia para mastectomia + ovariohisterectomia, paciente idosa agitada 1. 0,3 ml/kg de metadona (MPA) -> apesar de ser opioide, não excitou, deu uma “chapadinha legal” kkkkkk; - Metadona pode agir até 6 horas -> causa analgesia residual. 2. Administração de antibiótico preemptiva pelo acesso venoso; 3. Co-indução com fentanil em bolus -> que a levou a quase sedação; - FC foi de 120 para 80 -> não é preocupante, pois ela está pre-oxigenada e logo será incubada. 4. Co-indução foi feita junto com o fentanil, foi usado lidocaína IV + 1 mg/kg de ketamina; - Lidocaína é anestésico local, mas pode ser usado endovenoso para ajudar na anestesia (além disso não deprime o sistema cardiocirculatório); - Ketamina é dissociativo mas nessa dose tem poder analgésico (deixa analgesia residual também, assim como metadona, dipirona, antiinflamatório). 5. Indução foi feita com propofol - Se tivesse induzido o animal somente com morfina e propofol, teria sido utilizado 8 mg/kg; - Como foi feita a co-indução antes, a indução foi feita com 2 mg/kg; - De todos os fármacos, o propofol é o que causa mais efeitos adversos, então uma boa co-indução garante um agente indutor com dose menor. 6. Fentanil foi feito em infusão contínua, para que o efeito dele fosse contínuo durante toda a mastectomia, considerando que ele age somente por 30 minutos (no máximo 40) em bolus único. - Fentanil comparado com remifentanil tem um tempo de metabolização muito menor (o que é pior):- Remifentanil não necessita de bolus, pode ser fe ito em infusão até 20 horas sem problemas(faz efeito quando começa e o efeito passa quando sai da infusão); - Já o fentanil, se ele for infundido por mais de 2 horas, o paciente acorda com efeitos clínicos ruins (depressão respiratória, meio chapado, acumula na gordura) Alfentanil Parecido com o fentanil, é muito mais potente; Utilizado em entubação em sequência rápida, pois: • Fentanil demora 3 minutos para chegar na concentração de estabilização no plasma sérico; • Alfentanil em menos de 1 minuto chega nessa concentração; - Ex: animal deve ser entubado logo na emergência, (utilizar alfentanil); IM em gato -> relaxamento (dura 15 minutos); IV em gato -> acumula na gordura na infusão contínua (efeito residual -> deve utilizar remifentanil para ajudar nesse efeito residual, considerando que ele não promove analgesia residual). Opioides: agonistas/antagonistas Butorfanol/nabulfina São agonistas Kappa e antagonistas Mi; Utilizadas para: - Analgesia visceral (dor discreta) em equinos; - Sedação (exames que não envolvam dor, como eletrocardiograma, ultrassom); - Estabilidade hemodinâmica muito estável; - 4-6 horas de ação -> não utilizar fentanil junto, pois o butorfanol é antagonista no receptor Mi, e o fentanil age nesse receptor Mi; - Equinos -> MUITO UTILIZADO em casos de dor visceral no abdômen agudo (cólica); - Potros e bezerros: butorfanol + benzodiazepínico (como midazolam, diazepam) tem efeitos sedativos mu i to parec idos com a lfa-2 (x i l az ina e dexmedetomidina) e pode substituí-los na MPA. É extremamente contraindicado usar em animais idosos com disfunção cognitiva (bem evidente) -> animal com sinais neurológicos pode ficar disfórico e precisar de naloxona para reverter os efeitos opioides do butorfanol. Opioides: agonistas parciais Tramadol Para dor leve; Atua na receptação da serotonina, principalmente em cão, e não está relacionado com ação opioide; Gatos: diferente de cães, tem efeito opioide (mais utilizado no pós-op, nunca em cirurgia de dor moderada- severa); - E x : p o d e s e r u s a d a e m p ó s - o p d e ovariohisterectomia, onde o animal já está em casa. Equinos: não é recomendado -> não há muitos estudos => logo, utiliza-se butorfanol, morfina e metadona; Não utilizar em animais epilépticos, pois diminui o limiar convulsivo -> significa que o animal irá convulsionar mais facilmente; Gera uma boa estabilidade hemodinâmica -> mesmo assim, não é recomendada como MPA ou analgesia pós- anestésica em castração de fêmeas, pois ela pode sentir dor visceral no trans-operatório (resultando em taquicardia, hipertensão); - Já em castração de machos, o tramadol pode ser usado como MPA, pois não envolve a abertura de cavidade -> cirurgia pequena em conjunto com bloqueio local bom. Tramadol pode ser usado no pós-op de otohematoma, anestesia em biópsia de pele (coisas bem simples). Considerações finais Quem é seu paciente? - Espécie: cada droga é usada de maneira diferente em cada espécie; - Temperamento; - Estado geral -> ex: não utilizar acepran em paciente chocado, hipovolêmico, desidratado, que vai pra esplenectomia (pois recruta hemácias para baço -> sangramento), não utilizar midazolam paciente hepático; - Comorbidade; - Idade -> ex: não utilizar butorfanol em animais idosos com síndrome de disfunção cognitiva (causa disforia); - Situação atual: se está ou não com dor e qual procedimento ele irá realizar. NEUROLEPTOANALGESIA É a associação de tranquilizante + analgésico opioide = tranquilização e analgesia interna sem perda de consciência (não fica anestesiado). • Exemplos de tranquilizantes: - Benzodiazepínicos: midazolam; - Fenotiazínicos: acepromazina; - Alfa 2-agonistas: xilazina e detomidina em grandes animais e dexmedetomidina em pequenos animais; • Exemplos de analgésicos opioides: - Fentanil, tramadol, morfina, metadona. Vantagens • Redução da dose de cada fármaco; • Efeitos colaterais menos pronunciados; • Efeitos clínicos mais intensos (por causa do sinergismo das drogas); - Ex: acepromazina apresenta efeitos analgésicos com a morfina, sendo que ela não é analgésica sozinha; - Nesse caso, entretanto, antes de usar o acepran, deve ser avaliado se esse fármaco é benéfico para o determinado paciente. • Analgesia; • Utilização de antagonistas: todos os fármacos vistos tem antagonistas. Indicações • Contenção química: - Ex: avaliar o bico de um pássaro -> associar midazolam intranasal com butorfanol IM; - Ex: avaliar boca de animal com dente quebrado -> • Procedimento pouco invasivos que não necessitem de anestesia geral; • Procedimentos ambulatoriais em pacientes dolorosos; • Em grandes animais, uma boa neuroleptoanalgesia e anestésico local é possível realizar cirurgia (não recomendado em cão); - Ex: enucleação ou castração em equino -> detomidina + butorfanol (neurolepto) em infusão contínua junto com anestésico local (como ropivacaína + lidocaína), paciente não fica anestesiado e permanece em estação (de pé); - Acepromazina em paciente com cirurgia de abdômen não pode fazer, pois aumenta o baço; • Debridamento de feridas: unha encravada, por exemplo; • Desobstrução uretral; • Raio-X de paciente com fratura; • Exames físicos específicos: como ultrassom no olho; • Espinhos de ouriço: usar dexmedetomidina + morfina. Acepromazina (tranquilizante) + opioides Deve ser utilizada a dose terapêutica do acepran (0,02 a 0,05 mg/kg) e associá-la com um opioide (morfina, metadona, butorfanol, fentanil, alfentanil). - Lembrando que animal não pode usar acepran se tiver anemia. Considerar características de cada fármaco • Efeitos esperados: boa sedação; • Efeitos adversos: não util izar em paciente desidratado, chocado, anêmico ou que vai pra esplenectomia; • Espécie. Opioides e suas contraindicações • Não pode administrar morfina se o animal não estiver em jejum -> substituir por metadona = acepran + metadona; - Ex: urgência = animal com corte sangrando, deve ser anestesiado -> não deve ser induzido ao vômito para esvaziar estômago e entubar, pois animal pode fazer broncoaspiração • Doenças de base (animal com erlichiose/anemia) -> não pode realizar opioide ou acepromazina, pois o efeito adverso será muito pior. • Não usar xilazina, detomidina ou dexmedetomidina em cardiopata Midazolam + opioides Pode usar essa associação em MPA e como co-indutor IV (intravenoso) junto com fentanil ou propofol => efeitos gabaérgicos; O midazolam tem muito estabilidade hemodinâmica Considerar características de cada fármaco: • Pacientes deprimidos; • Idosos: pode usar midazolam sozinho; • Filhotes: midazolam causa problema na metabolização por causa do fígado não totalmente formado; • Jovens hígidos: não dormem somente com midazolam, por isso deve ser feita a associação. Agonista alfa 2 + opioide Dependendo da dose, é o mais pesado de todos = causa maior relaxamento e tranquilização intensa; - Ex: detomidina + butorfanol em equino ou dexmedetomidina + morfina em gato/cão; Os agonistas alfa 2 são dose dependentes. Considerar características de cada fármacos: • Efeitos esperados: sedação; • Efeitos adversos e antagonista: caso ocorra um BAV inesperado no paciente, pode ser feito atropina (antagonista) para reverter os efeitos adversos; • Quem é seu paciente?: agonista alfa 2 não é interessante utilizar em pacientes idosos/cardiopatas, pois causa bradicardia. ANESTESIA DISSOCIATIVA Definição • Caracterizado por estado anestésico por interrupção do fluxo de informações para o córtex sensitivo (consciência) -> bloqueio dos estímulos sensitivos no tálamo (estímulos não chegam ao tálamo - estrutura relacionada aos sentimentos, área límbica); • O anestésico dissociativo mais usado é a KETAMINA; - Ex: na prefeitura, xilazina + ketamina é utilizada -> por serem infraestruturas precárias, não temanestesista, utiliza-se a ketamina que é mais fácil de manusear e pode ser usada em IM; • Essa anestesia causa estimulação de áreas límbicas: humanos podem ter alucinações por causa da ketamina; • A anestesia dissociativa é marcada por um estado de catalepsia caso a ketamina não seja utilizada com associação (como a xilazina); - Catalepsia: rigidez muscular, espástico, tônus muscular aumentado. - Assim, a ketamina deve ser utilizada com outro fármaco, caso contrário, a indução é muito intensa. Mecanismo de ação da ketamina Considerações iniciais: • Neurotransmissor glutamato deve se ligar ao receptor NMD para realizar seu efeito excitatório; • Ketamina é um antagonista do receptor NDMA -> leva a efeitos dissociativos (pois interrompe o fluxo de informações para o córtex); • Ketamina causa redução do efeito inibitório da GABA (bloqueio de receptor NMDA impede a liberação do neurotransmissor GABA) => ocorre estímulo de receptores nicotínicos/ação nicotínica muscular = catalepsia, rigidez no pós-op/hiperatividade límbica; - Os receptores nicotínicos são responsáveis pela contração muscular; - Por isso ketamina é usada associada com outras drogas, como o midazolam -> pois ele é gabaérgico e evita os efeitos excitatórios da ketamina no pós-op. • Ketamina é agonista de receptores opiáceos sigma -> receptores marcados por disforia/excitação, por isso a ketamina deixa o animal eufórico; • Ketamina bloqueia recaptação de catecolaminas (dopamina, epinefrina, norepinefrina): - A catecolamina faz o efeito, é recaptada e então para o efeito; - Ketamina inibe sua recaptação, então a catecolamina fica com o efeito no sítio efetor = efeito simpaticomimético = mais estímulo simpático (taquicardia, aumento do tônus vascular); • Ketamina é anticolinérgica/antagonista de recetores muscarínicos -> impede Ach de se ligar a receptores muscarínicos (receptores parassimpaticomiméticos) = atividade simpática exarcebada (FC aumenta, vasoconstrição). - Por isso a ketamina não é indicada em animais debilitados com o tônus simpático deteriorado -> animal vai a óbito. Porque a ketamina gera o efeito dissociativo (animal dorme): 1. Neurotransmissor glutamato (excitatório) vai até o seu sítio de ligação (com receptor NMDA) no terminal pré-sináptico (para que ele se ligue no terminal pós-sináptico); 2. Assim que o glutamato se liga no sítio, há influxo de cálcio (Ca) e sódio (Na) para dentro da célula e efluxo de potássio (K) para fora; 3. Esse influxo de Ca e Na e efluxo de K causa um potencial de ação que permite transmitir a informação excitatória ao córtex (ocorre a contínua despolarização e repolarização da membrana dos neurônios); 4. Entretanto, a ketamina impede que o glutamato se ligue ao receptor NMDA de maneira não competitiva, pois a ketamina se liga ao NMDA em um sítio bem no meio da fenda pós-sináptica, enquanto o glutamato se liga em um sítio na extremidade do NMDA 5. Quanto a ketamina se liga ao receptor NMDA, ela impede o influxo de Ca e Na e efluxo de K, o que impede o potencial de ação e consequentemente, que a informação chegue ao córtex; 6. Porém, os receptores AMPA (também excitátório) não são antagonizados, e são eles que levam a informação ao sistema límbico (por isso humanos relatam transe/sonho); 7. A informação dos receptores AMPA faz com que o córtex se dissocie do tálamo (dissociação de consciência e sentimentos). Imagem: exemplo macroscópico. Imagem: dentro da fenda sináptica. Associações Relaxantes musculares (BZD) Benzodiazepínicos como midazolam e diazepam; Efeitos: - Relaxamento tônico -> diminui tremores e espasticidade por estimulação Dos receptores nicotínicos; - Diminuem atividade cerebral -> pois são gabaérgicos (parassimpático, estimulam GABA no SNC) = causam muita salivação; - Atropina (anticolinérgico) não pode ser usada para diminuir a salivação pois resulta em uma saliva mais grossa; - No caso de bovinos, eles tem muita sialorreia (salivação), mas isso pode ser resolvido ao colocar um colchão embaixo do pescoço para mudar a posição da cabeça e evitar que ele broncoaspire (com acúmulo de saliva nas aritenoides). - Por serem analgésicos somáticos, precisam de complemento de analgesia com alfa-2 e/ou opioides -> que resultam em analgesia visceral - Parassimpaticomiméticos: inibem o aumento da FC, atividade cerebral causada nas áreas límbicas. - Efeito antiinflamatório. Efeitos esperados • Doses altas: anestesia dissociativa; - Uma dose alta depende da via e da espécie; - Em cães e gatos: - Pela via IM: doses altas vão de 6 a 15 mg/kg; - Em IV: 2 a 5 mg/kg. - Em equinos: - IV: 2 a 2,2 mg/kg -> atua como anestésico e é considerada uma dose alta; - Não é utilizada a via IM em equinos. - Utiliza-se uma dose menor de ketamina por causa da taxa metabólica lenta dos equinos • Ação analgésica somática: caso seja feita uma dose menor que a necessária; • Efeito anti-hiperalgésico: hiperalgesia é a sensibilidade a dor (até estímulo normal é doloroso), então a ketamina tira esse estímulo de dor exacerbado; • Proteção de drive respiratório: a ketamina, ao contrário de outros fármacos (como propofol) que causam depressão respiratória -> logo, é melhor em situações emergenciais (onde não tem os aparelhos adequados para realizar intubação); • Liberação de catecolaminas; • Efeitos antiinflamatório. Efeitos adversos - Espasticidade tônica; - Tremores; - Estimulação do SNC; + Delírio; - Aumento das secreções; - Salivação; - Nistagmo: movimentos involuntários dos olhos. No caso do aparecimentos desses efeitos, utiliza-se um benzodiazepínico e/ou agonistas 2-alfa; Em doses analgésicas de ketamina, não é necessário a associação. Agentes dissociativos Dextrocetamina É a ketamina dos humanos; O vet usa ketamina hansênica, enquanto humanos usam ketamina com isômero mais puro (é 30 a 50% mais potente); Age muito bem em animais silvestres; Assim, se um dia houver somente a dextrocetamina, deve ser feita metade da dose da ketamina normal. Ketamina agener (10%) Mais comum e mais utilizado; Faz o equino cair em 30 segundos. Tiletamina/telazol (20%) É diferente da ketamina, pois já vem diluída com zolazepam (benzodiazepínico, como diazepam) e é mais concentrada (20%); - Usado em dardo de anestesia quando é necessário manipular um animal grande e selvagem, como uma onça. Não é de uso rotineiro na clínica (antigamente era muito mais comum). Farmacologia Considerações: ketamina x tiletamina - pH: ambos os fármacos são ácidos, então na administração intramuscular arde muito e animal assusta; - Latência: Tiletamina tem efeito mais rápido: quanto mais rápido seda, melhor; - Duração: Tiletamina dura um pouco mais. Farmacologia Ketamina Tiletamina pH solução 3,5 2,8 Período de latência IV: 0,5 min (30 seg) IM: 5 min IV: 0,5 min (30 seg) IM: 2-3 min Duração de ação IV: 10 min IM: 30-40 min IV: 10-15 min IM: 60 min Vias de administração Efeitos farmacológicos No SNC • Aumento de fluxo sanguíneo cerebral -> em doses dissociativas/anestésicas, a ketamina aumenta a pressão intracraniana (PIC) e pressão licórica; - Assim, a ketamina é contraindicada em casos que o paciente tenha: + Traumatismo craniano (TCE): esse trauma aumenta a PIC também; + Neoplasia no SNC: também aumenta a PIC, então ketamina não pode ser usada em dose dissociativa, mas pode ser usada como co-indutor (dose analgésica) • Ketamina diminui o limiar convulsivo do status epilepticus => deixa muito mais fácil para que o paciente epiléptico tenha convulsão; - Então ela, em doses dissociativas, é contraindicada em pacientes epilépticos; - Mas ainda pode ser usada em dose analgésica para manter o paciente sedado sem aumento da PIC -> isso é possível pois a ketamina tem efeitos dose-dependentes. Ex: se tem um paciente com histórico de convulsão e o veterinário não quer usar ketamina nemcomo analgésico, não tem problema, mas em dose analgésica a ketamina pode ser usada. No sistema cardiovascular Efeitos simpaticomiméticos (em pacientes saudáveis): - Aumento de FC/PA/DC -> ocorre por causa da inibição da recaptação das catecolaminas; - Entretanto, não deve ser feita uma anestesia dissociativa em paciente em sepse, vasoplégico e com pressão baixa -> pois esse paciente está teve suas reservas de catecolaminas esgotadas = ketamina não faz efeito. - Síndrome vasoplégica é a disfunção da perfusão sistêmica causada pela queda da RVS) - Pacientes críticos: ketamina não é indicada em doses dissociativas/anestésicas para cães e gatos acima de ASA III (diabético, nefropata, cardiopata); - Dose-dependente: ketamina pode ser usada em doses analgésicas. No sistema respiratório Manutenção do drive respiratório/oxigenação: - Efeitos depressores dose-dependente -> diminui FR, VT e aumenta PaCO2; - PaCO2 é pressão parcial de CO2 no sangue arterial. - Cenários inadequados (pouca infraestrutura): - Como na castração da prefeitura, onde é feita anestesia com ketamina e xilazina IM, animal não é entubado e cirurgia corre bem; - É interessante usar anestesia dissociativa em equinos a campo, pois não há necessidade de monitorar o drive respiratório (animal dorme por até 90 minutos). - Pode ser usada como MPA em animal bravo; - Pode ser usada associada com dexmedetomidina no pós-op de cão agitado = animal tem sono fisiológico com manutenção de drive respiratório. Associada a outros fármacos Hipertonia muscular -> para evitar, deve ser feito relaxante muscular; Recuperação/indução violenta se não bem associada -> deve ser feito um benzodiazepínico, que é um relaxante muscular e gabaérgico (ajuda na liberação de substâncias inibitórias do SNC); Convulsão -> deve ser feito midazolam, diazepam; Analgesia incompleta -> pois é apenas somática e não visceral. Contra-indicação em pacientes ASA III Não é utilizado de ASA III para cima, pois é excretado pelos rins e metabolizada pelo fígado. Ex: gato obstruído na uretra ou nefropata (desidratado e mal) -> ketamina + xilazina -> animal deve ser desobstruído logo, pois a excreção dos fármacos é pelos rins, e se o paciente não filtra -> animal dorme muito mais (efeito prolongado). Via intramuscular Via intravenosa Dose maior Dose menor Maior período de latência Menor período de latência (efeito mais rápido) Maior período de ação Menor período de ação Dor (pH baixo = arde) Sem dor Uso clínico Contenção química - IM -> deve ser feito via IM caso o animal seja agressivo, e em doses maiores; - Selvagens/indóceis: devem ser feito uma anestesia dissociativa em animais selvagens (ex: onça, macaco, ave), pois somente a neuroleptoanalgesia seria muita fraca. Curiosidade: em coleta de sangue, é mais fácil o animal estar com a pressão alta, pois facilita e acelera o processo de transfusão = como a ketamina tem efeito simpatomimético e permite que a PA aumente, ela pode ser usada tranquilamente. - Entretanto, não pode ser feita uma morfina com acepran em coleta de sangue, pois o acepran é vasodilator (cai PA), recruta hemácia para o baço (resulta em “anemia”). Indução anestésica • IV: doses anestésicas (altas), porém menores do que quando administrada via IM; • Pacientes saudáveis -> não usar em paciente com comorbidades; • Indução menos suave quando comparada ao propofol - Ex: foi feito um projeto de castração, onde todo os animais foram pré-anestesiados com ketamina dexmedetomidina + opioide, um grupo foi induzido com ketamina + diazepam e o outro grupo somente com propofol. Manutenção anestésica • Ketamina pode ser utilizada em infusão contínua (IC) em doses anestésicas (dose alta) ou analgésicas (dose baixa); • Pode ser feita a anestesia em bolus, e depois de 15 minutos, quando o animal começar a acordar, administra-se mais 1/3 ou 1/2 da dose de indicação - Por isso pode ser utilizada em procedimentos ambulatoriais; - Apesar disso, é mais indicado realizar a ketamina em infusão contínua junto com diazepam (pois é mais seguro e tem menos chances de deprimir o paciente, pois em bolus o anestesista pode "errar a mão”). Analgesia • Doses menores: via IV, IM, SC, peridural; • Dor crônica: ketamina pode ser utilizada em analgesia multimodal, o que é interessante para dor crônica; • Analgesia transoperatória em IC (infusão contínua). Co-indução Muito utilizado na rotina; • Doses analgésicas: 1 mg/kg de ketamina para a co- indução, pois faz com que ela: - Reduz agente indutor; - Obtenha efeito simpatomimético -> ex: animal induzido com propofol pode ter queda de FC, vasodilatação -> a ketamina tem efeito simpatomimético e reduz efeitos do agente indutor (propofol). Contra-indicações • Filhotes; • Idosos; • Animais com comorbidade: nefropata, sepse, cardiopata (causa arritmia), problemas respiratórios; - Desidratado/hipovolêmico/hipotenso: tem menos volume sistólico -> se aumentar FC, diminui tempo de diástole para o coração se preencher -> hipóxia do miocárdio (aumenta o consumo de oxigênio do miocárdio); • Exceção: equinos -> podem estar com cólica, choque endotóxico/sepse mas não há outra opção além da ketamina, pois (por exemplo): - Propofol: é muito caro e é necessário uma dose absurdo; - Tiopental: deixa o animal muito deprimido. DOR: FISIOPATOLOGIA, RECONHECIMENTO E TRATAMENTO Objetivos da aula - Compreender a fisiopatologia da dor; - Identificar os tipos de dor; - Reconhecer a dor em animais. Sensciência Latim sentire; Capacidade em sofrer/sentir dor, sentir prazer e felicidade; Ocorre em todos os animais vertebrados (não ocorre com alguns invertebrados ou répteis pois o sistema límbico não é tão detalhado). - No caso dos invertebrados, ele ficam com o humano porque sabe que é uma fonte de calor e alimentos não por apego. Introdução (Bufalari et al, 2007). A dor é uma experiência sensorial; O regime analgésico deve ser adaptado para cada indivíduo; A ansiedade pode reduzir ou aumentar a percepção da dor, devendo também ser tratada. - Ou seja, estado psicológico do paciente pode modular a dor (ex: como alguém que tem medo de agulha sente mais dor do que alguém que não tem medo). Dor em animais A dor leva sofrimento aos animais; Qualquer estímulo considerado doloroso para o homem, também pode ser doloroso para o animal; Dor resulta em redução na qualidade de vida, pois comem menos e diminuem produtividade (ocorre em animais de produção - ex: abscesso causa dor e tira o apetite); Consenso; É demonstrada clinicamente por: - Temperatura (aumenta); - Pressão arterial (aumenta); - Pulso (fica forte pois sobe a PA); - Frequência cardíaca (aumenta). Dados Canadá Porcentagem de quanto animais são tratados para dor pós-operatória (como castração): - Suínos: 0,002%: leitões são castrados sem anestesia -> estudo foi feito que com anestesia, a produtividade dos leitões era muito maior -> então, apesar de haverem custos da anestesia, a evolução do animal apresentou mais lucro; - Bovinos de corte: 20%; - Bovinos de leite: 33%; - Equinos: 96%. Brasil (Lorena, 2014) Comparado com países de primeiro mundo, como o canadá e Inglaterra, nosso país trata muito bem a dor dos animais; Porcentagem de animais submetidos a cirurgias do trato reprodutor (principalmente OHE - ovariohisterectomia) que são analgesiados no pós-cirúrgico - Equinos: 95%; - Bovinos: 75%; - Descorna em bovinos raramente é feito por um veterinário -> cirurgia extremamente cruenta com serrote e lidocaína mal feita (sem analgésico no pós). - Cães: 90%; - Gatos: 77%. Inglaterra - Equinos: 86% dos equinos são tratados para dor pós- operatória. Consequências da dor Ocorre tanto em animais de produção quanto os domésticos: • Estresse; • Retardo na cicatrização: se o animal sentir dor, sua cicatrização demora mais; - Nunca deixar o animal com dor para “poupar” ummembro (não toca o membro no chão pois sente dor); - Se ele precisar ficar em repouso depois da cirurgia, deixe-o sedado, mas nunca com dor. • Menor ingestão de alimentos e água; • Maior morbidade: as vezes o animal não demonstra tanto a dor, somente em seu estágio mais grave; • Agressividade; • Imunossupressão. Interferência com eixo neuro-endócrino: • Aumento da aldosterona: resulta em maior retenção de sódio no leito vascular =. pressão arterial alta; - Utilizar sódio no paciente com dor é ruim, pois já existe sódio acumulado; - Aldosterona: estimula a retenção de sódio (sal) e a excreção de potássio pelos rins; - Curiosidade: Sistema renina-angiotensina- aldosterona: - Hormônios responsáveis por manter a pressão arterial e quantidade de líquido dentro dos vasos; - É ativado quando a pressão fica baixa demais ou quando há perda excessiva de líquido. - Curiosidade: em trauma craniocefálico (ocorre aumento de edema cerebral), utiliza-se solução hipersalina (cloreto de sódio 7,5%) em bolus IV -> sódio a mais no leito vascular puxa o líquido do trauma -> diminui pressão intracraniana e sobe a pressão intra-arterial. - Essa solução hipersalina também é utilizada em equino com cólica, pois ele está com hipotensão aguda (pressão baixa) -> assim que o sódio entra na circulação via IV, ele puxa os fluidos do interstício -> aumenta pressão e sai da hipotensão; - O efeito dessa solução é efêmero, dura 20 minutos -> então dá tempo do anestesista montar um vasoativo, escolhe rum derivado e tomar ações para manter o DC do animal • Aumento de cortisol: hiperglicemia -> paciente com dor fica hiperglicêmico; - Curiosidade: Gato com cetoacidose diabética (quadro crônico da diabete em que o paciente não utiliza mais fonte de ATP ou açúcar) -> gato caiu da mesa, estava hiperglicêmico por causa da dor -> vet fez insulina no paciente (mas na verdade era necessário tirar a dor do gato). • Aumento de catecolaminas: dopamina, adrenalina e norepinefrina provocam arritmias e mais consumo de O2 pelo miocárdio; - Ocorre por causa da hiperglicemia, que também aumenta PA; - Mito: paciente cardiopata deve fazer tramadol/ butorfanol no pós-op (ex: mastectomia); - Verdade: pode usar metadona, morfina, infusão de fentanil ou remifentanil (analgésicos potentes) em cardiopata, porque apesar de terem efeitos hemodinâmicos (como aumento de RVS na metadona) não interessante para cardiopata, seria pior deixar o animal com dor -> pois poderia causar arritmia pelo aumento das catecolaminas -> ataque ventricular. - Mito: dipirona abaixa temperatura -> dipirona só abaixa temperatura se o animal estiver com febre -> hipotermia ocorre pois não tem coberta durante a cirurgia que demora horas -> logo, se animal com baixa temperatura em cirurgia, ele deve ser coberto. - Mito: dipirona não pode fazer IV pois baixa pressão -> faz prpopofal e fentanil, noa há porque não poder fazer dipirona. - Curiosidade: caso o animal tenha um ataque ventricular na cirurgia, pode ser feito um desfibrilador -> lidocaína não funciona; - Amiodarona é 2a escolha e esmolol é 3a escolha. - Curiosidade: em ataque supraventricular, a primeira escolha é o diltiazem, e caso esse nao funcione, a segunda escolha é a amiodarona Aumenta tônus vascular pulmonar: • A dor causa uma maior quantidade de CO2 expirado -> paciente fica mais hipóxico pois seu O2 está diminuindo; • Atelectasias -> parte ou todo o pulmão fica sem ar e entra em colapso por causa da dor - Os alvéolos (são saquinhos) dependem de duas coisas essenciais: 1. Surfactante: substância que reduz tensão superficial); 2. Complacência (faz com que o pulmão consiga acomodar volume de ar no parênquima) - Um paciente que fica muito tempo deitado, fica com uma pior complacência -> hipoventilação -> hipóxia; • Gera um desbalanço hemodinâmico. Classificação da dor Aguda Não é uma doença em si, pois tem causa; É causada por um trauma (físico ou químico), como atropelamento, chute, corte, queimadura, etc; Fisiopatologia É bem compreendida: - Resulta em lesão traumática, cirúrgica ou infecciosa; - Tem função fisiológica de defesa; - Responde bem a analgésicos, como ibuprofeno; - Desaparece após recuperação do tecido lesado. Crônica • É a doença propriamente dita; - Ex: animal com lesão na pelve de 1 mês (está estimulando fibra há muito tempo); - Nunca tomou antiinflamatório, analgésico potente; - Animal fica com hiperalgesia: mesmo quando a lesão é concertada, ao jogar álcool no animal (onde não arde) e soprar (que assim fica geladinho na área), ele grita de dor. • Não há evidência física que animal tem trauma, mas sente dor; • Ultrapassa o período de recuperação esperado -> tem duração maior do que 3 meses; - Ex: pastor alemão de 6 anos, meio gordinha com displasia coxofemoral; - Estava gordinha pois não andava mais; - Dor crônica na articulação coxofemoral; - Antiinflamatório e antidepressivo é feito, pois a dor já é neuropática -> voltou a ter qualidade de vida melhor. - Neuropática: estímulo de dor causado pelo tecido neural que conduz dor, mas não há lesão/dor no local. • Não tem função biológica, diferente da aguda, que tem função de proteção do trauma => ou seja, dor crônica não tem mais dor, então não tem mais função; • Geralmente é tratada mas não curada; • Gera estresse, físico, emocional, econômico e social; • A dor crônica é o desfecho de uma dor não tratada; - Ex: dor de joelho de muito tempo atrás continua doendo após operar -> ocorre por causa de estimulação excessiva de fibras sensitivas durante o tempo em que não foi tratado. Resumo Exemplos: Dor aguda: paciente com uma hérnia de disco (protusão de disco) causando pinçamento medular (onde o disco atinge medula); Dor crônica: o mesmo paciente realiza cirurgia, e após meses depois da recuperação do tecido, ele ainda sente dor (como se fosse uma dor fantasma). Classificação do mecanismo da dor Nociceptiva Dor aguda; Promove proteção, tem alto liminar, é localizada e transitória; Pode ser: • Somática -> tudo que é deflagrado no tecido somático (ex: fratura, bater dedinho na quina, corte de pele); • Visceral -> envolve dor em órgãos (ex: cólica equina); - Exemplo: veterinário deve considerar que em cirurgia de cólica, ou esplenectomia, por exemplo: - O animal deve ser entubado (dói), deve-se abrir a musculatura (dói); - Logo, um butorfanol não adianta, pois envolve outros fatores além do órgão em si. = é necessário modular os dois tipos de dor (visceral e somática). Dor aguda Dor crônica Sinal de doença É a própria doença Resposta fisiológica Resposta ao estresse Mecanismo protetor (termina quando causa é resolvida) Auto-permanente (sem solução) Nociceptiva Neuropática Reconhecimento/tratamento Reconhecimento/tratamento Neuropática O paciente teve uma dor por tanto tempo que o próprio tecido nervoso que conduz a dor fica lesionada -> causa a doença; Sua origem pode ocorrer por lesão em: - Fibra nervosa periférica; - Fibra nervosa central; Envolve uma atividade ectópica de fibras aferentes, ou seja: - As fibras que deviam estar quietinhas e sem conduzir nenhum estímulo; - Porém estão tendo atividade ectópico pois foram est imuladas durante muito tempo (houve remodelamento das mesmas). - Essa atividade e é marcada por; - Anodinia: dor causada por estímulo que normalmente não provoca dor; - Hiperalgesia: aumento da sensibilidade à dor causada por um estímulo que normalmente provoca dor. Psicogênica É difícil de classificar (mais fácil na medicina humana); Componente emocional -> é uma dor mais emocional do que realmente (como alguém que tem medo de agulha) Graus da dor Dor leve Intervenções cirúrgicas de pequeno porte; Ex: vacina, cirurgia oftálmica, biópsia de pele, hérnia umbilical pequena. Imagem: 1. Profusão da glândula da 3a pálpebra -> não precisa de remifentanil no trans-operatório,
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