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1 Maria Clara Wagner –MED 101- Dermatite atópica Introdução É uma dermatose inflamatória crônica mais comum na infância Tem influencia ambiental e genética (hereditariedade, questão familiar) Acomete principalmente bebes e crianças pequenas Costuma estar acompanhada de asma e rinite alérgica, num curso cronológico que chamamos de MARCHA ATÓPICA (será explicado mais a frente) Marcha atópica Inicialmente a criança atópica ela desenvolve DA, seguida pela asma e depois a rinite. São essas alterações que acontecem ao longo dos anos que é chamado de marcha atópica. Também é comum o aparecimento de alergia alimentar paralelamente à DA, como podemos observar no gráfico abaixo. O vermelho é a DA ou eczema atópico, é a mesma coisa. Então podemos observar em uma incidência bem alta em poucos meses de vida, quando é um bebe, e em seguida vai declinando. A asma em amarelo aparece em torno dos 8 meses, o famoso lactente chiador e em seguida declinando. E a rinite em azul, que aparece mais tardiamente em uma criança de mais ou menos 5 anos. Muitos autores colocam a alergia alimentar em paralelo a DA, maior incidência em poucos meses de vida, decaindo ao longo dos anos. Essa sequencia de doenças alérgicas é a marcha atópica. Porém nem toda criança que tem DA irá desenvolver necessariamente asma e rinite. Marcha atópica é só quando a criança evolui com esses quadros. Epidemiologia Prevalência maior em áreas urbanas e de países mais desenvolvidos Hipótese da higiene Essa hipótese diz que uma menor exposição a antígenos na infância leva a uma maior chance de desenvolvimento a alergias no futuro. Ou seja, a criança precisa ser exposta sim, porque a chance de ela desenvolver uma alergia futura, se não exposta, será maior. 60% dos pacientes apresentam sintomas antes do 1° ano de idade 60-70% dos casos apresentam melhora gradual até o fim da infância/inicio da puberdade 2 Maria Clara Wagner –MED 101- A história familiar de DA é um dos fatores associados à doença (fator maior na hora do diagnóstico). Como a hipótese da higiene se baseia: A exposição e infecções a antígenos no inicio da vida liberação interferon diferenciação imunológica Th1 Crianças que não são expostas a estímulos infecciosos tendem a ter uma resposta imunológica predominantemente Th2. Assim, estariam mais predispostas a apresentar doenças alérgicas como dermatite atópica, rinite e asma. Linfócitos indutores: cd4+ - MHC II Linfócito Th naive: produção de IL- 2 proliferação clonal Linfócitos Th1: produção de INF gama ativação de macrófagos, e vai fagocitar e apresentar esse antígeno e terá uma proliferação clonal e reconhecer esse antígeno. Linfócitos Th2: produção de IL-4 ativação de linfócitos B, e com isso vai produzir imunoglobulinas e no caso a imunoglobulina do alérgico é a IgE. E com isso a pessoa se torna mais sensível a tal antígeno, tendo maior chance de fazer reação de hipersensibilidade tipo I (respiratória ou cutânea). Resumindo: a hipótese da higiene diz que quando você se expõe a antígenos se consegue fazer uma diferenciação imunológica Th1, estimulando a produção de macrófagos, controlando melhor a reação. Já quando você não é exposta, se gera uma resposta alérgica toda vez que se expõe a esse antígeno. Por exemplo, na infância você conviveu com muitos gatos, logo se expos desde pequeno à gatos. Já aquela pessoa que até mais velha nunca tinha se exposto ao gato, vai ter uma maior chance de desenvolver alergia ao pelo dele, e toda vez que ela entrar em contato com o pelo, terá uma reação alérgica. Fisiopatologia Existem dois focos importantes no desenvolvimento da DA: 1. Disfunção da barreira cutânea 2. Disfunção imunológica Disfunção da barreira cutânea. Estrato córneo (camada mais superficial da epiderme): essencial para manutenção da barreira cutânea. Impede a perda de água Impede a entrada de microrganismos Filagrina – proteína importante para função e manutenção da barreira cutânea. Pacientes com DA: disfunção no gene da filagrina. Com essa disfunção tem: Perda de água ressecamento cutâneo importante (marcador da dermatite atópica!!). É a chamada xerose cutânea. A disfunção também: Facilita a entrada de alérgenos ativação do sistema imune reação inflamatória piora a disfunção cutânea, porque quanto mais inflamação se tem, mais quebra da barreia inflamatória ocorrerá, gerando assim um ciclo. 3 Maria Clara Wagner –MED 101- A reação inflamatória gera: Prurido – PRINCIPAL marcador da DA, a criança vai se queixar muito de uma coceira insuportável. Vesículas/flictenas Eritema Qual é o evento inicial: a disfunção da barreira ou a disfunção imunológica? Existem 2 tipos de DA: a intrínseca e a extrínseca, e a principal causadora de DA é a extrínseca! DA intrínseca (25% casos): Se inicia com um distúrbio imunológico sensibilização mediada por IgE causa disfunção da barreira cutânea. Níveis normais de IgE (o professor falou apenas pra gravar que tem níveis normais, disse para não nos preocuparmos com o porque disso), logo não vai ter rinite nem asma, mas terá eosinofilia sanguínea. O problema inicial no caso da DA intrínseca, não é o defeito da filagrina, e sim se tornar sensível a um alérgeno, fazer reação de hipersensibilidade IgE faz dermatitequebra da barreia cutânea. Ausência de associação com doença respiratória Eosinofilia DA extrínseca (75% casos): Defeito cutâneo, causando maior entrada de alérgenos, ativando o sistema imune. Altos níveis de IgE Associação com doença respiratória Eosinofilia sanguínea também. Qual é o quadro clínico: Primeira coisa: é uma doença eczematosa pruriginosa crônica. Três fases são identificadas: Dermatite atópica infantil: três meses (não tem ao longo desses meses, começa a partir dos 3 meses) aos dois anos; Dermatite atópica pré-puberal: dois aos 12 anos; Dermatite atópica da adolescência e do adulto: > 12 anos. Como se divide em relação a quadro clínico: Fase infantil (lactente): lesões acometem face, poupando a região central + acometimento de couro cabeludo, tronco e face extensora dos membros (poupam área coberta pela fralda). 4 Maria Clara Wagner –MED 101- Nota-se que realmente se pouca a região central, observe ao redor dos lábios e o nariz da criança. Estes não estão acometidos. Fase pré-puberal: acometimento de dobras, pp de fossas poplíteas e cubitais. Fase puberal: mantém os locais de acometimento, mas agora se vê liquenificação (acentuação das marcas naturais, como por exemplo, acentuação das dobras). Essa é a representação de liquenificação, perceba como as marcas dessa mão estão realmente acentuadas. O que além do que foi mostrado acima, podemos encontrar: Pitiríase alba: máculas hipocrômicas (esbranquiçadas), com fina descamação, tipicamente localizadas na face das crianças, principalmente em pacientes negros. 5 Maria Clara Wagner –MED 101- Dermatose plantar juvenil: eritema, escama e fissuras nas plantas dos pés (principalmente nos primeiros dedos dos pés). Queilite sicca: secura e vermelhidão dos lábios com descamação e fissuras. Pregas de Dennie-Morgan: dupla prega palpebral inferior Infecções cutâneas acabam sendo comuns, porque ao coçar quebra ainda mais a barreira e não entra apenas o alérgeno que vai perpetuar todo aquele ciclo, permite a entrada também de bactérias. Principal agente: S. aureus - impetigo!! Herpes simples Poxvírus (molusco contagioso) O DIAGNÓTICO É CLÍNICO, NÃO PRECISA DE EXAME!! Tratamento: MEDIDAS COMPORTAMENTAIS: Banhos frios e rápidos,sem uso de buchas (menor agressão possível à pele). Pouco uso de sabonete, e utilizar os neutros. Diminuir ao máximo a exposição à alérgenos Apoio psicológico, pois além de ter lesões que não são muito estéticas e o prurido intenso, isso acaba por perturbar a vida do paciente e a família. Tratamento farmacológico: Uso de emolientes (hidratantes), logo após o banho. ESSE É O PRINCIPAL Corticoterapia tópica, sendo o principal medicamento. Anti-histamínicos com efeitos sedativos (1° geração). Aqui ele não vai ser usado como efeito anti- histamínico e sim como feito sedativo, para tentar fazer o paciente dormir um pouco e o prurido não incomodar tanto. O prurido não é causado apenas pela histamina na DA. Imunomodulador tópico (Ex: Tacrolimus): para casos de mais difícil controle. Ou seja, se já usou emolientes e corticoides tópicos e não conseguiu controlar, usar imunomodulador. 6 Maria Clara Wagner –MED 101- Metotrexato e ciclosporina em casos graves. Não utilizar corticoterapia sistêmica!! Custo beneficio não vale a pena!! Questões da aula: Resposta: C 7 Maria Clara Wagner –MED 101- Resposta: B Resposta: B 8 Maria Clara Wagner –MED 101- Resposta: A Resposta: A 9 Maria Clara Wagner –MED 101- Resposta: D Resposta: D 10 Maria Clara Wagner –MED 101- Resposta: B
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