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ABORDAGEM GESTÁLTICA – FUNDAMENTOS- A Fenomenologia – estudo dos fenômenos que se manifestam foi a corrente filosófica que deu impulso à Teoria da Gestalt e, consequentemente, à Psicologia da Gestalt. A Gestalt-Terapia é uma abordagem psicoterapêutica fundada pelo psiquiatra e psicoterapeuta alemão Frederick Perls (1893-1970) e que tem seus fundamentos na Psicologia da Gestalt e na Fenomenologia. A partir da proposta de Husserl de que toda consciência é consciência de alguma coisa (intencionalidade), ou seja, de que a consciência só se constitui como consciência na medida em que se relaciona com os objetos, a Gestalt-Terapia estabelece a percepção como princípio para a compreensão dos fenômenos na consciência. Sendo assim, a Gestalt-Terapia compreende que a maneira como o indivíduo percebe os fenômenos determina o funcionamento psicológico do indivíduo. A Gestalt-Terapia ficou conhecida como a terapia do aqui e do agora, pois considera relevante a experiência vivida no presente, sem ter a preocupação de remeter o cliente a eventos de seu passado e sem comparar a experiência presente a um conjunto de normas e teorias preestabelecidas. A psicoterapia de abordagem gestáltica propõe alguns conceitos fundamentais: homeostase, doutrina holística, limite e contato. Homeostase: conceito que pressupõe que o organismo busca sempre o equilíbrio, procurando satisfazer suas necessidades e afastar elementos que causem desconforto. Perls acredita que todos os comportamentos humanos são governados pela busca da homeostase e que o processo homeostático do organismo se caracteriza pelo jogo contínuo entre estabilidade e desequilíbrio. Doutrina holística: concebe o organismo como um todo (organismo unificado). A doutrina holística compreende o organismo como uma rede de relações contínuas: relação do organismo consigo mesmo, com os demais organismos, com o mundo ao redor. Limite e contato: esses conceitos partem da premissa de que ninguém é autossuficiente. Todo organismo está inserido em um campo circundante. Esse campo formaria um todo composto por diversos elementos, sendo o indivíduo um dos elementos desse todo. Esse indivíduo poderia estabelecer diferentes formas de contato com o meio e seria o tipo de relação do indivíduo com o meio que estabeleceria seu modo de ser no mundo (seu comportamento). Quando o indivíduo predominantemente estabelece um contato satisfatório com o meio (consegue manipular o meio de maneira a alcançar a homeostase), pode-se dizer que se trata de um organismo saudável. Quando esse contato é marcado pelo desequilíbrio homeostático (o indivíduo não alcança do ambiente a satisfação de suas necessidades) trata-se de um organismo doente. Conclui-se que a Gestalt-Terapia procura criar meios para que o indivíduo desenvolva sua autoestima, tornando-se capaz de resolver suas dificuldades e de desenvolver autonomia em sua busca pela homeostase.
TÉCNICAS GESTÁLTICAS- O Gestalt-terapeuta confere mais valor à ação do que às palavras, mais à experiência do que aos pensamentos, mais ao processo vivo de interação terapêutica e à mudança daí resultante do que às crenças influentes. Desconfiança em relação às ideias sociais e morais de “Bem” e “Mal” – seriam elas instrumentos de manipulação de uns sobre os outros. Propostas gestaltistas para que o paciente possa encontrar seu próprio caminho: 1. Viva agora. Preocupe-se, sobretudo, com o presente e não com o passado ou o futuro. 2. Viva aqui. Ocupe-se mais do que está presente do que do ausente. 3. Deixe de imaginar. Descubra o real por experiência própria. 4. Abandone o pensamento desnecessário. Pelo contrário, prove e veja. 5. Expresse em vez de manipular, explicar, justificar ou julgar. 6. Entregue-se tanto ao desprazer e à dor como ao prazer. Não restrinja sua conscientização. 7. Não aceite outros “deve ser” e “tem de ser” além dos seus próprios. Não adore imagens esculpidas ou gravadas. 8. Tome plena responsabilidade por suas ações, sentimentos e pensamentos. 9. Se entregue a ser como é. 
Três princípios gerais da Gestalt-terapia (que assumem a função técnica). 1. Valorização da realidade temporal (presente mais que o passado ou futuro) e substancial (ação mais que o símbolo). 2. Valorização da tomada de consciência e aceitação da experiência. 3. Valorização do todo; responsabilidade.
Para seguir tais princípios, o que é possível fazer na prática terapêutica? 1. Pedir ao paciente que cuide e expresse o que entra em seu campo de consciência. 2. Suspender o raciocínio (este sendo entendido como vigilância moral) em favor da pura auto-observação. 3. Presentificação do passado e do futuro e da fantasia em geral (técnica do psicodrama – encenação de eventos, com participação gestual e postural). 4. O exercício da sequência contínua de conscientização – fundamentada em técnicas de meditação oriental.
A ideia da conscientização no setting terapêutico: 1. O terapeuta (T) incentiva o cliente (Cl) a expressar o que se passa em sua consciência. “Na psicoterapia, a tarefa de ter de comunicar algo envolve ter realmente de olhar para algo”. 2. “A presença de uma testemunha acarreta, usualmente, uma estimulação da atenção e da significação daquilo que é observado”. 3. O conteúdo da consciência assume um caráter relacional que produz no Cl um fortalecimento de sua capacidade de contato. 4. A autoconsciência exposta ao outro pode produzir desconforto e ansiedade, mas é justamente a conscientização das dificuldades que pode conduzir ao primeiro passo para superá-las. 5. “O contexto terapêutico permite uma orientação do processo de auto-observação”. O Gestalt-terapeuta procura mostrar ao Cl suas posturas e atitudes corporais, que muitas vezes podem estar em desacordo com sua fala. 
ABORDAGEM GESTÁLTICA – MECANISMOS DE DEFESA- A abordagem gestáltica considera o indivíduo em função do campo organismo/meio: o comportamento humano é o reflexo de sua ligação com esse campo, que está em permanente mudança. Quando, instalado nesse campo, o indivíduo não consegue alcançar a homeostase, e quando se vê incapaz de alterar suas técnicas de manipulação e interação, é aí que surge a neurose.Perls propõe que a patologia do organismo pode ser identificada mediante a manifestação dos mecanismos neuróticos: identificação, projeção, confluência e retroflexão.1. Identificação: ato de incorporar irrefletidamente os conteúdos do meio, como “engolir inteiro”, “sem digerir”, sem realizar uma análise crítica do conteúdo incorporado. 2. Projeção: mecanismo por meio do qual o indivíduo tenta responsabilizar o outro pelos conteúdos que lhe são intrínsecos. Projetar nos outros sentimentos e desejos do próprio indivíduo. 3. Confluência: seria uma ausência de limites entre os conteúdos do eu e os conteúdos do meio. O indivíduo não consegue distinguir seus próprios sentimentos dos sentimentos dos outros. É como se esses sentimentos estivessem amalgamados e o indivíduo já não fosse capaz de dizer “eu penso assim”, dizendo sempre “nós pensamos assim”. 4. Retroflexão: mecanismo por meio do qual a pessoa “volta-se rispidamente contra si mesma”. O sentimento negativo (raiva, hostilidade, acusação) que poderia ter contra o meio ele direciona para si mesmo. São pessoas autodestrutivas, que boicotam a si mesmas e interrompem suas próprias possibilidades. A Gestalt-Terapia tem por objetivo ajudar o indivíduo a retomar o estado de saúde de seu organismo, criando identificações mais satisfatórias e reintegrando-se como um todo organizado e capaz de dirigir sua própria vida em direção à satisfação de suas necessidades.
PSICOTERAPIA NA PERSPECTIVA DA DASEINSANALYSE- Uma caracterização da psicoterapia
 1. Nesse texto, o autor propõe que geralmente acontecem dois equívocos em relação ao significado de uma psicoterapia: 1º equívoco: “A psicoterapia é indicada para pessoas culpadas ou que estão cometendo erros”. Ao invés disso, a psicoterapia é um recurso para quem está passando por grande dificuldade; para quem está “arcando com o peso de uma situação”. 2º equívoco: “A psicoterapia é o local de aprendizagem de valores,normas e habilidades para solucionar uma situação difícil”. Nesse caso, o terapeuta seria a pessoa que possui o saber, que tem as informações para a resolução de problemas. Ao invés disso, o “não saber” é uma condição fundamental do terapeuta. Se a psicoterapia serve para “corrigir erros”, logo ela é um aparelho repressor, ou um dispositivo de correção. 2. Pompéia recorre a uma proposta de Medard Boss: “Psicoterapia é procura”. Você não procura o que você já sabe ou já tem. Para haver uma procura, é preciso não ter ou não saber. Pompéia completa: “Psicoterapia é pró-cura”. Psicoterapia é para cuidar. Observem que a fenomenologia oferece a base para essa visão de psicoterapia: Voltar à coisa mesma: o relato do paciente. Suspender o juízo: assumir a condição de “não saber”. 3. Essa procura se utiliza da linguagem na modalidade “poiesis” – poesia, criação, produção de sentido. “Tudo aquilo que passa da não-existência à existência”. Se o paciente diz: “Não existe saída”. Você, terapeuta, vai lhe indicar a saída? Não. Você vai criar condições, por meio da linguagem, para que ele, paciente, consiga “trazer à existência” sua própria saída. Consiga “trazer à luz” uma possibilidade. Consiga “trazer para a desocultação” um sentido. Ainda sobre a linguagem, Pompéia nos alerta sobre o quanto somos dependentes da disponibilidade do outro. Quando o outro nos compreende, é como se confirmasse nossa existência. Sempre fica uma frustração quando não somos reconhecidos como uma pessoa original e única. “Na terapia, o que fazemos é reencontrar a expressão do nosso modo de sentir, o recordado, principalmente aquelas coisas que já nos foram caras, que já foram coisas do coração, mas que perderam esse vínculo em virtude de dificuldades de comunicação.
Verdade está sempre relacionada com uma libertação. A descoberta da verdade liberta o paciente do jugo do sintoma doença, neurose, angústia, culpa. Mas pode surgir aí também um problema: a liberdade nem sempre é percebida como algo bom. A liberdade tem seu aspecto incômodo. Pompéia relaciona o sentido àquilo que acalentamos como sonho. Aquilo que nos é mais caro, que temos como expectativa e que está na perspectiva do nosso desejo. Porém, esse sentido precisa ser continuamente reconstruído, pois os sonhos também morrem. E nesse momento, o paciente se sente “provisoriamente” privado de sentido. Como se nunca mais fosse sentir a sensação de realização que um dia alcançou no passado. Qual a relação entre essa tentativa e a perda da liberdade? “Somos destinados, mas podemos nos perder: podemos perder nossa morada no sentido, não saber o que fazer com a liberdade, sentir dificuldade para prosseguir em nossa direção”.
Terapia Aqui e Agora O paciente vem para a terapia apresentando sofrimento “crise existencial” suas necessidades psicológicas não estão sendo atendidas pelo seu meio social. A tarefa do terapeuta: “facilitar a cada um o desenvolvimento que lhe habilitará a encontrar objetivos que lhes sejam significativos e trabalhar por eles de um modo mais maduro”. O paciente tem dificuldade estabelecer o limite e o contato de modo satisfatório; dificuldade de encontrar homeostase (ou a homeostase alcançada aprofunda o equilíbrio geral do organismo); seu comportamento está permeado pelos mecanismos neuróticos. Falta-lhe autoconfiança, por isso necessita lançar mão de manipulações para alcançar um mínimo de satisfação. “todas as suas manobras são dirigidas para minimizar os efeitos de sua desvantagem ao invés de superá-las”. As manipulações do neurótico têm por objetivo esconder aquilo que realmente importa na terapia: sua dor, seu sentimento de fragilidade e desproteção diante do mundo, sua falta de confiança em si mesmo.
Na Gestalt-terapia a catexis negativa (hostilidade, resistência) não é entendida como algo ruim ou prejudicial. As resistências são valiosas porque representam o foco da vontade ou da força de vida do paciente. Uma das formas de resistência identificadas por Perls é a “aparência de bom menino”: o paciente quer agradar o terapeuta e quer manipulá-lo em favor da manutenção de seus modos de ser. Geralmente a terapia começa com um certo equilíbrio entre frustração e satisfação. “Uma neurose é um estado de desequilíbrio do indivíduo, que surge quando ele e o grupo do qual é membro vivenciam, simultaneamente, necessidades distintas, e o indivíduo não sabe dizer qual é a dominante”.
A terapia deverá ajuda-lo a superar esse processo de autointerrupção. Ajuda-lo a perceber o não percebido (ponto cego). “Nossa esperança é aumentar progressivamente sua percepção de si mesmo em todos os níveis”. A Gestalt- terapia entende o evento psicossomático “ como aquele em que as alterações físicas flagrantes são mais marcantes do que as que ocorrem num nível mental ou emocional”. Como a Gestalt- terapia entende o sofrimento voltado para o passado: “A situação inacabada, que é o fracasso do desenvolvimento do ambiental para o auto-suporte, é a herança do passado que permanece no presente”. “Enquanto o paciente for uma acumulação de introjeções, ele não é ele e não pode aguentar a si mesmo”. A psicoterapia vai criar condições que ele compreenda suas introjeções não são seu si-mesmo autêntico. 
Como entender o sonho? A psicoterapia vai ajuda-lo a tomar consciência desse paradoxo, para tentar resolvê-lo. Como? Incentivando o paciente a reviver não o enredo do sonho, mas as emoções, sensações e gestos contidos no sonho. A psicoterapia deve possibilitar ao paciente o fortalecimento de sua autoestima e autossuficiência. Assim, ele poderá enfrentar seus conflitos de maneira mais madura.“A terapia gestáltica é uma terapia experiencial, mais que uma terapia verbal ou interpretativa. Pedimos ao paciente para não falar sobre seus traumas e problemas da área remota do passado e da memória, mas para reexperienciar seus problemas e trumas – que são situações inacabadas do presente – no aqui e agora”. O que importa na Gestalt-terapia não é tanto o material reprimido, mas o ato mesmo de reprimir: a autocensura e a autointerrupção. 
O DASEIN E OS MODOS DO SER AÍ: a existência autêntica e o existir inautêntico em Heidegger- Martin Heidegger considera a fenomenologia como o modo próprio de investigação do ser. Em sua obra Ser e Tempo, Heidegger procura definir o sentido do ser, argumentando que nos últimos séculos a filosofia se ocupou de investigar os entes (tarefa da metafísica), resultando no que ele denomina como “esquecimento do ser”. A essência do ser, isto é, aquilo que o ser é, reside propriamente em sua existência. Portanto, em Heidegger a existência tem o primado sobre a essência. O Dasein é aquele que se encontra debruçado sobre o nada e, nessa condição, interroga-se a si mesmo. O Dasein pode escolher ser si mesmo, mas pode também esquivar-se a essa escolha. O Dasein é aquele que está colocado entre a existência autêntica e a existência inautêntica. Quando o ser se mostra tal como ele é (quando desvelado), então vive em autenticidade.
O Dasein está posto entre a possibilidade e a facticidade. A facticidade é o contexto pré-determinado no qual o ser foi lançado (família, nacionalidade, idioma, classe social, características e habilidades pessoais). Quanto mais profundamente o ser-aí refletir sobre si mesmo, mais capaz será de exercitar sua liberdade e de viver uma existência autêntica. Ao refletir sobre si mesmo o Dasein se depara com a angústia, que é abertura e possibilidade. Na angústia o ser-aí se põe frente a si mesmo. Mas o Dasein pode optar por fugir da angústia dessa forma o ser foge de si mesmo e se afasta do poder ser si-mesmo. Mas fugir da angústia não elimina a angústia e pode ocasionar maior sofrimento e um modo de existir inautêntico. Heidegger propõe ainda que o ser-aí é relacional. Ele é um ser-no-mundo, ele está-com-o-outro. Nesse contexto relacional o existente pode ser-um-com-o-outro, sendo de certa maneira igual ao outro, o que o leva a uma existência inautêntica. Nesse caso, o ser perde o poder de ser si-mesmo, decaindo na vida cotidiana. Este alienar-se de si,absorvido pelo mundo, é entendido por Heidegger como decadência, quando o ser-aí imerge nos afazeres do cotidiano e perde a si-mesmo. Mas o ser-com-o-outro não necessariamente leva à decadência.
O pensamento de Heidegger foi assimilado pala Psicologia por intermédio de dois psiquiatras europeus: Ludwig Binswanger e Medard Boss. Ludwig Binswanger- Define análise existencial como “a análise fenomenológica da existência humana real”. Tem como objeto de investigação a reconstrução do mundo interno da experiência. Propõe que a existência tem como objetivo o ser-além-do-mundo: homem pode encontrar diversas possibilidades de transcender o mundo em que habita e entrar num novo mundo. Define campo existencial como as limitações que cercam o homem. Essas limitações também são denominadas como destino. O termo lançamento indica o campo existencial da pessoa. Indica também que a pessoa pode ser “levada pelo mundo”, alienando-se de si mesma. O modelo-de-mundo de uma pessoa determina como ela reagirá em situações específicas e que tipos de traços de caráter e sintomas ela desenvolverá. Os modos de ser-no-mundo podem ser: o modo dual; o modo plural; o modo singular, e o modo do anonimato, que indica um modo de ser encoberto pela multidão, ou seja, um modo inautêntico.
Medard Boss: psiquiatra suíço desenvolveu laços de amizade com Heidegger, O termo Dasein analise foi criado por Boss, sendo derivado da proposição de Heidegger – Dasein ser-aí. A liberdade, diz Boss, não é alguma coisa que o homem tem, é algo que ele é. A característica básica do Dasein é sua abertura para perceber e responder àquilo que está em sua presença. O homem deve aceitar todas as suas possibilidades de vida, apropriar-se delas e reuni-las para a criação de um eu autêntico e livre, não mais aprisionado na mentalidade estreita de um ‘todo o mundo’ anônimo e inautêntico. Todos os sintomas patológicos, físicos ou psicológicos devem ser vistos como reações desesperadas ao interdito da existência humana. A culpa é uma característica fundamental do Dasein, pois o homem nunca poderá cumprir todas as suas possibilidades de vida. Habitar no mundo significa sempre habitar no passado, no presente e no futuro.
Daseinsanalyse se baseia na Fenomenologia: um modo de aproximação e desvelamento dos fenômenos do ser e do existir humano. O Dasein deve ser visto sempre como ser-no-mundo: aquele que está na clareira; está junto a tudo aquilo que lhe vem ao encontro; ocupa-se com as coisas; é ser com-o-outro; cuida de si mesmo e das pessoas. Existir (Ek-sistere, ek,stare) indica um movimento de ser lançado e de estar fora junto às coisas do mundo. O Dasein é um ente que se sustenta na condição de estar sempre desalojado para fora de si mesmo. 
Sobre os existenciais- Abertura: Nos Seminários de Zollikon, Heidegger propõe o termo clareira como possibilidade de abertura do ser. “A clareira é o pressuposto de que pode haver claridade e escuridão, o livre, o aberto”. Espacialidade: O fato de o Dasein estar lançado no mundo indica a característica ontológica da espacialidade. Ele está lançado precisamente nesse espaço onde se encontra. Temporalidade: O movimento do Dasein na temporalidade (temporalização) envolve sempre três êxtases: o futuro (advir), o passado (retrovir) e o presente (apresentar). Eles não vêm um atrás do outro, pois há uma relação de interdependência e reciprocidade entre eles. Historicidade: Esse existencial está ligado à temporalidade, no sentido em que o dasein constrói sua própria história, porém, não necessariamente se prende a ela. A Daseinsanalyse não considera a problemática do paciente de acordo com a noção de determinação causal. “Boss ressalta que no trabalho terapêutico o mais importante não é identificar as causas ou as situações que originaram certos comportamentos e, sim, esclarecer junto com o paciente o que ainda está mantendo determinadas maneiras de ser e está impedindo o desenvolvimento das suas possibilidades próprias”. Ser-com-o-outro: “Todo ser é sempre ser-com; mesmo na solidão e isolamento, a presença é sempre copresença o mundo é sempre mundo compartilhado, o viver é sempre conviver”. Afinação/Afetividade: esse existencial envolve os conteúdos emocionais do Dasein. Trata-se da disposição afetiva que o atravessa e o constitui a cada momento. “A afinação é fundamentalmente imbricada num outro existencial, a compreensão”. Compreensão: “Toda compreensão que o Dasein tem de si, dos outros, do mundo, é sempre afinada de certo modo. A ideia de compreensão é sempre acompanhada de um colorido afetivo a compreensão de algo como verdadeiro é vivida numa determinada afinação”. Finitude/mortalidade: O Dasein é ser-para-a-morte. É capaz de compreender o “caráter de nada” da existência; capaz de compreender-se como ente incompleto e indeterminado e, por isso, caracterizado também pela angústia. A morte se apresenta como realização última e definitiva do Dasein. Somente depois da morte, pode-se dizer que o Dasein está realizado. Angústia: É o anúncio da negatividade da existência, que pode surgir como experiência limite, capaz de romper com as determinações da cotidianidade, possibilitando um despertar para o espaço de realização do ser-aí. Culpa: Uma vez que é abertura e possibilidade, o ser-aí é sempre culpado por sua incapacidade de cumprir todas as possibilidades que se encontram no horizonte de seu ser. Corporeidade: Heidegger elabora uma compreensão de corporeidade que é mais do que a noção de corpo físico. E também ultrapassa a noção de corpo vivo, dotado de emoções e sentimentos. O que Heidegger propõe é uma noção de corpo existencial aquele que nos acompanha em nosso cotidiano e que se apresenta como fenômeno de existência. Cuidado: Finalizando, o cuidado é a própria estrutura existencial do Dasein. O Dasein, em relação cooriginária com o mundo, é cuidado com os entes disponíveis, com as pessoas e consigo mesmo.
Na psicoterapia daseinsanalítica: O foco do trabalho não é a doença, mas a pessoa em seu existir. Deve-se favorecer a aproximação e a compreensão do paciente de sua própria existência. Entende-se o existir como uma alternância entre encobrimento e desvelamento. O terapeuta busca desvelar o sentido da experiência do paciente, que muitas vezes se encontra encoberto. De acordo com Boss o objetivo da psicoterapia é liberar o paciente de seus modos restritos de se relacionar com as pessoas e com as coisas de seu mundo. A tarefa do terapeuta é ajudar os pacientes a se desenvolverem no sentido das próprias possibilidades de existência.
Fenomenologia e Gestalt terapia- Após a crise das ciências na Europa no século XIX, Husserl inspirado em Brentano, tentou sistematizar a construção das ciências pelos seus pressupostos, objetos de estudo e metodologia. A partir disso Husserl constatou que poderiam existir diferentes métodos devido às diferentes ciências e suas especificidades. Sendo assim, Husserl procura, através da Epoché, chegar a um eu e a um objetivo puro para fundar uma teoria de modo sólido. Mas para isso, era necessário sair do senso comum, das impressões sensíveis, e passar a captar a essência das coisas. Ele descobriu também que o Objeto só existe por conta das qualidades acidentais, sendo um construtivo do outro. Fenomenologia significa “estudo dos fenômenos”, ou seja, que é dado à consciência. Husserl vê a consciência como uma síntese em fluxo que não tem nenhuma substancialidade, sendo mais uma dinâmica entre Sujeito e Objeto, onde todo ser recebe seu sentido e valor. A perspectiva fenomenológica constata o caráter intencional da consciência, sendo sempre consciência de alguma coisa, os polos desta correlação são Noesis (ato da consciência visando ao objeto) e noema (objeto visado pela consciência). A intuição e a percepção não são as únicas formas pelas quais a consciência se dirige aos objetos, mas também a imaginação a memória, os sentimentos e os sonhos também são modalidades da consciência.
A consciência é consciência no mundo e vincula-se a ele por meio do corpo, e é pela mediação desse mesmo corpo que podemosnos relacionar com as coisas e seres humanos. A existência (ser para fora) só pode ser entendida tendo como base no mundo e com o outro. Toda consciência é absoluta sendo assim, existem apenas exterioridades. Todo objeto esta intrinsecamente ligada à consciência. Método de aproximação e compreensão dos fenômenos, sua tarefa é elucidar as relações vividas e efetivas que se estabelecem entre o homem e o mundo. Husserl acreditava que para se fazer de fato a fenomenologia deveríamos nos livrar de “toda verdade” devemos ver a partir do que se mostra e não de pontos de vista já estabelecidos, e mesmo assim ainda seria impossível conhecer a coisa em si. Buscar ignorar o obvio nos permite sair do senso comum, não nos deixar levar pelos pré-conceitos, pré-reflexões e pré-definições, pois, se partirmos de tais seremos levados a ver só aquilo que já imaginávamos. Questionar o “obvio” nos garante a suspensão de nossas estruturas previamente construída e ir à busca de uma nova compreensão e fazer de fato um ato fenomenológico e gestaltico.
A face existencial da Gestalt-terapia- Na perspectiva existencial, o homem é concebido como um ser livre e responsável por constituir a própria existência. Tal concepção foi sintetizada por Sartre ao confirmar que “a existência prece a essência”, significando que o homem surge no mundo como um ser particular, sem a possibilidade de definição prévia, e somente depois poderá vir a ser. Os existencialistas sustentam que o ser humano só se constitui como homem enquanto está em conexão com o mundo dando-lhe um sentido, o que sempre acontece por determinado tempo. A Gestalt-terapia concebe o homem como o melhor intérprete de si mesmo, de sua individualidade complexa e dinâmica, sendo possível através do princípio da presentificação da experiência, no modo como seu passado e seu futuro são experienciados no aqui e no agora. A Gestalt-terapia é uma abordagem existencial por ser uma proposta de reflexão sobre a existência humana, buscando auxiliar a pessoa a ampliar sua consciência de si no mundo, a fim de capacitá-la a fazer escolhas autênticas e responsáveis, a organizar sua vida de maneira significativa para si, e a responsabilidade pelas escolhas ao longo de sua existência.
A Gestalt-terapia dialógica- Alguns teóricos contemporâneos da Gestalt-terapia a reconhecem como dialógica, ao considerar a relação terapêutica um encontro existencial constituinte do solo que sustentará todo o processo de experimentação e reconhecimento de si, conforme vivenciado pela pessoa em psicoterapia. O homem é antropologicamente existente na qualidade da relação estabelecida com outro homem, é no evento do inter-humano que ocorre o encontro dialógico, caracterizado pela reciprocidade das partes que se relacionam, pela presença confirmadora da pessoa do outro, pela abertura para a totalidade do ser do outro que, de outra maneira, permaneceria desconhecida.	
A Gestalt-terapia e a arte de cuidar- Etimologicamente, a palavra “cuidado” deriva do latim cura. Sendo então o cuidar, uma atitude que traz implicitamente o desprendimento de si e um voltar-se para o outro, numa relação de afetividade, de interesse genuíno e de atenção para com a pessoa de quem se cuida. Cuidar está intrinsicamente ligado à presença e à relação. Na perspectiva das abordagens fenomenológico-existenciais, como a gestáltica, Heidegger é uma referência fundamental para a concepção de homem implícita na práxis psicoterápica. Visando conhecer o ser no sentido mais profundo de sua existência, o autor propõe que esta só pode ser compreendida pela análise do Dasein (do ser aí, lançado no mundo), onde o homem é concebido como um ser que nasce com um feixe de potencialidades que podem ou não ser consumadas em função das relações que ele estabelece e das experiências que ele adquire ao longo da vida. Quando nos afastamos de nós mesmo, há uma perda na qualidade do nosso contato conosco e com o mundo e começamos a nos provar do sentido que norteia a nossa existência. A perda do sentido da vida caracteriza o vazio existencial, o qual pode assumir uma diversidade de sintomas, tais como depressão, ansiedade, pânico e fobias, dentre outros. Na situação psicoterapêutica o ser de quem se cuida é aquele que se encontra no modo de inautenticidade, é a pessoa cuja existência é malograda, alienada, reduzida à condição de objeto, aos sintomas, a partes fragmentadas que, por ser vistas isoladamente, perdem o sentido. Esse cuidado se faz necessário porque a existência é instável e frágil por natureza e, por isso, o ser sofre. Cuidar é confirmar o íntimo, no sentido daquilo que é mais singular na pessoa, na contramão das aparências superficiais e vazias de sentido, é inspirar no outro a confiança necessária para que ele acredite em si mesmo e se reconheça como alguém digno, capaz e de valor. O cuidado terapêutico é um exercício complexo e às vezes difícil, porque reside em ajudar o outro a crescer na sua diferença, o que esbarra nas convicções e crenças do psicoterapeuta, pondo-as à prova tanto como profissional quanto como pessoa, e abrir mão das próprias referências desequilibra quem precisa da ilusão das certezas e da eterna segurança.
A PSICOLOGIA HUMANISTA E A ABORDAGEM GESTÁLTICA- Por meados de 1960, surgiu o movimento da terceira força em psicologia, que seria o descontentamento com os processos mecanicistas e materialistas, que guiavam a psicologia. O propósito do movimento era humanizar a atividade psicológica, questionando algumas teses da psicanálise e behaviorismo, que dominavam. O humanismo entendia o processo ao contrario dessas correntes, pois estas davam ênfase nas partes dos seres humanos, e não consideravam a complexidade da pessoa. Para o humanismo afirmou ser a dimensão não consciente, como o comportamento observável, considerando que é apenas uma perspectiva da realidade do homem e não o seu eu como um todo, sendo que esta dimensão consciente retoma a questão da liberdade e do presente, grandemente influenciada pela fenomenologia e existencialismo. Para psicologia humanista, Maslow é considerado o pai espiritual, contribuindo para incentivar o desenvolvimento desta psicologia, dando um grau de respeito à ela, para ele todos os indivíduos tinham uma força inata que os conduziam a autorrealização. Carl Rogers é outro grande influenciador dessa vertente, sendo mais conhecido por sua abordagem centrada na pessoa, que convence de que as pessoas seriam capazes de mudar seus pensamentos e comportamentos indesejáveis para os desejáveis de uma forma consciente e racional, se entrassem em um campo de aceitação incondicional por seu terapeuta, também acreditava que a personalidade da pessoa era constituída no presente, pela maneira como o indivíduo percebia as circunstâncias, dando grande ênfase na qualidade do ambiente relacional. 
A Gestalt-terapia, por suas origens, se enquadra no campo fenomenológico-existencial e holístico, chegou ao Brasil no final dos anos 1960, com a construção de práticas alternativas no âmbito psicológico e movimento para o potencial humano, sendo a terceira força em psicologia. A fenomenologia-existencial traz um extenso modelo de ideias, em especial o valor do mundo vivido como fonte de conhecimento e consciência, concebendo o homem como detentor de liberdade de escolha. A Gestalt terapia está ligada a uma visão holística do homem, sendo que na prática é preciso entender o homem como um ser inteiro, acreditando que na pessoa existe um potencial que ultrapassa sua existência presente, que seria o impulso para o crescimento. O preceito positivo move essa abordagem, sendo a autônima do espirito humano, capaz de encontrar por si mesmo as melhores alternativas para suas dificuldades. O encontro do humanismo e a Gestalt-terapia, acontece por verem o homem como possuidor de um valor positivo, capaz de se autogerir e autorregular-se sem a tutela de autoridades externas, até mesmo o terapeuta. No entanto, na prática Geostática pode-se observar atitudes que revelam alguns remanescentes do humanismo individualista antropocêntrico,no qual o mal-entendido sobre um homem como centro de todas as coisas e aprovações terapêuticas nas frases como “cuidar de si mesmo e o resto que se dane” acontecem em sessões. Em um âmbito clínico psicoterápico, a ética humanista ou consideração pela dignidade humana se norteia por dois vetores. O primeiro é “A reverência fenomenológica do terapeuta pela experiência do cliente, seja ela qual for.” Que seria o encantamento com aquilo que é, deixando de lado a arrogância cientificista de alterar a natureza das coisas, acreditando que aquilo que está sendo é o que tem que ser. O que tem que ser, o que está exigindo ser, não é a essência ou forma prévia da vivência interrompida, mas possibilidades expressivas ou manifestações da vivência que, no encontro terapêutico se atualizam pela mobilização. O segundo é “A preocupação do terapeuta com a comunidade próxima do cliente”. Que seria a profunda empatia e a compaixão para com a dor e a situação da pessoa, condição necessária ao espírito humanista do terapeuta, quando autenticamente sentidas e não meramente funcionais, compõem um modelo humano poderoso, que tende a promover no cliente um novo olhar para o outro, ampliando nessa pessoa, pela sua e pela nossa semelhança com a condição humana comum, o despertar da sua empatia e da compreensão dos seus parceiros humanos. No que se refere ao projeto terapêutico, deve também ser guiado com o propósito de promover duas dimensões da cura existencial: A primeira, “A permissão dada pelo cliente, de deixar ser aquilo que está sendo. Dentro de uma nomenclatura gestáltica, é permitir que emirjam as Gestalten que estão sendo interrompidas, no sentido dado pela nossa versão de awareness, como um processo vivencial da consciência em que é alterada a visão de si mesmo e do mundo. A Gestalt que surge é atualizada e transformada no encontro terapêutico. A segunda, “O acesso do cliente à capacidade de estabelecer relações de intimidade, no próprio espaço da convivência. De forma que, a primeira dimensão evolui necessariamente para a segunda, desde que não tenha sido uma simples simulação. Mas, cabe ressaltar que ambas só podem ser conseguidas na tarefa terapêutica, ao ser criada entre o terapeuta e o cliente uma relação autêntica de sintonia e intimidade, isto é, “entre” o diálogo. 
O HUMANISMO - De uma forma mais geral, a expressão “humanismo” pode ser definida como um conjunto de princípios que estabelecem a valorização e a dignidade inerentes à pessoa, prescrevendo que cada homem deve ser tratado por qualquer outro homem e por todas as instituições sociais sob a regência de valores morais como respeito, justiça, honra, amor, liberdade e etc. Dentro dessa doutrina humanista, podem ser identificados os seguintes tipos:
O humanismo greco-latino (Grécia e Roma): colocou o homem como o centro de todas as coisas. O humanismo renascentista: é caracterizado pelo resgate da dignidade humana presente nos valores humanistas da cultura greco-romana. O humanismo iluminista: movimento cultural de intelectuais europeus, que buscava realçar a razão para transformar a sociedade. O humanismo positivista: valorizava o pensamento científico, destacando-o como única forma de progresso. O humanismo contemporâneo: este está dividido em várias vertentes. Marxista: baseado nos escritos da juventude de Marx, em que critica o idealismo hegeliano que coloca o homem como ser espiritual. Para ele, o homem é antes de tudo um ser natural e histórico. Cristão: o cristianismo deveria centrar-se na leitura do Evangelho, no exemplo da vida de Cristo, no amor desprendido, na simplicidade da fé e na reflexão interior. Existencialista: reafirma a importância da liberdade e da individualidade humana, e considerando o homem como construtor do seu próprio projeto de vida. 
Quando vinculamos um humanismo a Gestalt-Terapia estamos falando de um humanismo que pretende libertar o ser humano das tendências antropocentradas e individualistas, pois nasce da expansão da consciência empática que, de forma vigorosa nos impulsiona a aceitação de todos, homens, animais e plantas, como membros de uma única família universal, tratando com compaixão as diferentes espécies e buscando a fraternidade entre elas. 
A Gestalt-Terapia Holística, Organísmica e Ecológica- A Gestalt-terapia é comumente considerada como participante da terceira força psicológica, ao lado das teorias humanistas fenomenológicas e existenciais; porém ela possui embasamentos organísmicos e ecológicos, e em seu cerne uma visão holística. Outros autores a aproximam do Reich e ao teatro expressionista alemão, muito influentes da formação de seu criador, Perls.  De acordo com a teoria organísmica concebida por Goldstein, é esse o caráter interacional do ser humano em relação ao contexto que o cerca. O autor, influenciado por teorias da psicologia da Gestalt considerava o homem uma totalidade, sempre diferente do que a soma de suas funções, que até então era estudada de modo dissociado; ao estudar o pensamento, a memória, o desenvolvimento da personalidade como objetos de estudo em si, não considerando que o indivíduo que pensa é uma pessoa, e que entender seus processos cognitivos só é possível enxergando sua realidade como um todo - ao que - Goldstein se opôs quando passou a ver o homem como um organismo sempre em relação com o meio, relacionando-se de forma sociocultural, físico e geográfico, onde ele se torna um elemento indissociável. Ao criar a teoria organísmica, Goldstein afirma que a lei que regeria o funcionamento dos organismos seria a lei de autorregulação organísmica, por conta de uma disposição do organismo de se auto realizar. Quando se adota um ponto de vista organísmico, é necessário admitir a existência de uma lei que age no funcionamento desse sistema. Essa lei afirma a procura de todo e qualquer organismo por se atualizar por um princípio autorreagulador, essencial á sua natureza. Ao fazer essa afirmação é apontado que a teoria organísmica parte de um pressuposto sobre o qual toda estrutura teórica é construída. Goldstein descreve o conceito de organismo como uma unidade interacional onde tanto dentro quanto fora são devaneios. Diante dessa visão, o ser humano passa a ser compreendido como um sistema biopsicossocial, onde mente e corpo e a interação com o ambiente estão em constante intercâmbio e compõem um conjunto em busca de autorregulação, afinal somos criadores e criaturas ativas no processo de transformação do universo. 
O conceito de organismo de Goldstein- Segundo o neuropsiquiatra, o ser humano deve ser incluído como um sistema biopsicossocial, no qual mente/corpo e a interação com o meio, seja esse físico, cultural ou social, estão em constante intercâmbio, compondo um conjunto, em busca de autorregulaçao, sendo   impossível pensá-lo isoladamente, pois somos sujeitos ativos no processo de transformação do universo.  A visão do homem e do mundo adotada na Gestalt-terapia pensava todo e qualquer ser humano como um organismo holisticamente guiado e em processo autorregulador. Essa visão modifica absolutamente os conceitos de saúde e de doenças sobre os quais a maior parte das escolas em psicologia operava, a doença passa ser pensada como uma tentativa de autorregulação. Todo e qualquer sintoma é uma tentativa, de adaptação do organismo diante das prioridades que este discrimina no seu momento atual e a busca de entende-las, da melhor forma possível. A psicologia deve pensar o adoecimento como um processo que se dá nessa dinâmica relacional; propondo conceber o humano como uma totalidade organísmica que não pode ser isolada. Desse modo, não existiriam sujeitos doentes ou doenças de ordem intrapsíquica.  Ainda que a teoria organísmica de Goldstein tenha sofrido críticas por sua vinculação excessiva com uma leitura físicalista do funcionamento humano, ela rompeu com uma série de pressupostos que se faziam presentes nas principais correntes teóricas da ciência psicológica da época. 
CARDINALLI, I. E. A contribuição das noções de se-no-mundo e temporalidade para a psicoterapia daseinsanalítica.Revista da Associação Brasileira de Daseinsanalyse.
1. Existenciais são determinações essenciais que fazem parte da constituição do Dasein. Esse existir humano é aquela unidade de identidade para onde convergem e se integram ao mesmo tempo todos os fenômenos, os mais variados da existência humana. É só à luz desse horizonte que os fenômenos podem ser observados adequadamente em sua completa diversidade. A existência humana se desdobra num conjunto dos mais diferentes aspectos essenciais. Discernindo-os das categorias do ser inanimado, denominamos tais aspectos essenciais, de preferência, de “existenciais”. Também são identificados como existenciais: compreensão, corporeidade, cuidado, angústia e culpa. Todos esses existenciais compõem um conjunto que anima incessantemente toda e qualquer conduta humana, deixando-a ser o que ela é. 
2. Alguns elementos apontados no artigo. - A Daseinsanalyse se baseia na Fenomenologia: um modo de aproximação e desvelamento dos fenômenos do ser e do existir humano. - O Dasein deve ser visto sempre como ser-no-mundo: aquele que está na clareira; está junto a tudo aquilo que lhe vem ao encontro; ocupa-se com as coisas; é ser com-o-outro; cuida de si mesmo e das pessoas. - Existir (Ek-sistere, ek,stare) indica um movimento de ser lançado e de estar fora junto às coisas do mundo. O Dasein é um ente que se sustenta na condição de estar sempre desalojado para fora de si mesmo. 
3. Sobre os existenciais - Abertura: Heidegger propõe o termo clareira como possibilidade de abertura do ser. “A clareira é o pressuposto de que pode haver claridade e escuridão, o livre, o aberto”. - Espacialidade: O fato de o Dasein estar lançado no mundo indica a característica ontológica da espacialidade. Ele está lançado precisamente nesse espaço onde se encontra. - Temporalidade: O movimento do Dasein na temporalidade (temporalização) envolve sempre três êxtases: o futuro (advir), o passado (retrovir) e o presente (apresentar). Eles não vêm um atrás do outro, pois há uma relação de interdependência e reciprocidade entre eles. A temporalidade indica três momentos estruturais do cuidado: o ser-adiante-de-si; o sempre-já-ser (no ser-no-mundo); o estar-junto-a (entes que vêm ao encontro dentro do mundo). - Historicidade: Esse existencial está ligado à temporalidade, no sentido em que o dasein constrói sua própria história, porém, não necessariamente se prende a ela. A Daseinsanalyse não considera a problemática do paciente de acordo com a noção de determinação causal. Boss ressalta que no trabalho terapêutico o mais importante não é identificar as causas ou as situações que originaram certos comportamentos e, sim, esclarecer junto com o paciente o que ainda está mantendo determinadas maneiras de ser e está impedindo o desenvolvimento das suas possibilidades próprias. - Ser-com-o-outro: “Todo ser é sempre ser-com; mesmo na solidão e isolamento, a presença é sempre copresença, o mundo é sempre mundo compartilhado, o viver é sempre conviver”. - Afinação/Afetividade: esse existencial envolve os conteúdos emocionais do Dasein. Trata-se da disposição afetiva que o atravessa e o constitui a cada momento. “A afinação é fundamentalmente imbricada num outro existencial, a compreensão”. - Compreensão: “Toda compreensão que o Dasein tem de si, dos outros, do mundo, é sempre afinada de um certo modo. [...] A ideia de compreensão é sempre acompanhada de um colorido afetivo a compreensão de algo como verdadeiro é vivida numa determinada afinação”. - Finitude/mortalidade: O Dasein é ser-para-a-morte. É capaz de compreender o “caráter de nada” da existência; capaz de compreender-se como ente incompleto e indeterminado e, por isso, caracterizado também pela angústia. A morte se apresenta como realização última e definitiva do Dasein. Somente depois da morte, pode-se dizer que o Dasein está realizado. - Angústia: É o anúncio da negatividade da existência, que pode surgir como experiência limite, capaz de romper com as determinações da cotidianidade, possibilitando um despertar para o espaço de realização do ser-aí. - Culpa: Identificada por Boss, em consonância com uma antiga terminologia alemã Sculd, como sentimento de “estar em falta”. Uma vez que é abertura e possibilidade, o ser-aí é sempre culpado por sua incapacidade de cumprir todas as possibilidade que se encontram no horizonte de seu ser. - Corporeidade: Heidegger elabora uma compreensão de corporeidade que é mais do que a noção de corpo físico. E também ultrapassa a noção de corpo vivo, dotado de emoções e sentimentos. O que Heidegger propõe é uma noção de corpo existencial – aquele que nos acompanha em nosso cotidiano e que se apresenta como fenômeno de existência. - Cuidado: Finalizando, o cuidado é a própria estrutura existencial do Dasein. O Dasein, em relação cooriginária com o mundo, é cuidado com os entes disponíveis, com as pessoas e consigo mesmo.
4. Na psicoterapia daseinsanalítica: - O foco do trabalho não é a doença, mas a pessoa em seu existir. - Deve-se favorecer a aproximação e a compreensão do paciente de sua própria existência. - Entende-se o existir como uma alternância entre encobrimento e desvelamento. - O terapeuta busca desvelar o sentido da experiência do paciente, que muitas vezes se encontra encoberto. - De acordo com Boss, o objetivo da psicoterapia é liberar o paciente de seus modos restritos de se relacionar com as pessoas e com as coisas de seu mundo. - A tarefa do terapeuta é ajudar os pacientes a se desenvolverem no sentido das próprias possibilidades de existência. - A relação Terapeuta-Paciente é dimensão central na terapia. O terapeuta é ser-com-o-outro, numa atitude de profundo respeito com a existência que ali se desvela.

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