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Literatura Brasileira 
Estilos de Época 
Introdução .............................................................. 3 
Fase Colonial 
O Barroco .............................................................. 4 
Neoclassicismo ..................................................... 7 
Fase Imperial 
O Romantismo ..................................................... 14 
O Realismo .......................................................... 22 
Realismo/Naturalismo .......................................... 23 
Parnasianismo ..................................................... 24 
O Realismo/Naturalismo no Brasil ........................ 27 
Fase Moderna 
O Simbolismo ...................................................... 34 
CARLOS ANTÔNIO SIMÕES  M2 
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Anotações
Tecnologia             ITAPECURSOS 
3 Literatura ­ M2 
ESTILOS DE ÉPOCA 
INTRODUÇÃO 
O conceito de estilo de época nos  leva de  imediato ao problema da periodização da literatura, cuja 
importância é fundamental. Os estilos de época são nomes que designam um sistema de normas e características 
que dominam a literatura e as artes num momento específico do processo histórico. 
É possível determinar­lhes aproximadamente as características e compreender melhor a significação da 
obra de arte. 
Sempre que temos à mão um texto literário, podemos examiná­lo segundo: 
A ­ o seu material lingüístico; 
B ­ a revelação da realidade à luz de uma concepção de vida que nele se manifesta. 
No Brasil, desenvolveram­se literariamente os seguintes principais estilos: 
BARROCO 
NEOCLASSICISMO (ARCADISMO) 
ROMANTISMO 
REALISMO/NATURALISMO/PARNASIANISMO 
SIMBOLISMO 
MODERNISMO. 
É necessário ressaltar que nem sempre grandes autores são didaticamente bons exemplos; muitas vezes, 
suas obras transcendem traços de um período literário, deixando transparecer marcas de outros períodos ou 
mesmo identidades inéditas e inovadoras. 
Vejamos, abaixo, como o crítico Alceu Amoroso Lima propõe a divisão dos estilos de época no Brasil: 
I ­ FASE COLONIAL (1500 ­ 1830) 
CLASSICISMO/BARROCO/NEOCLASSICISMO 
• SÉCULO XVI ­ RECIFE 
• SÉCULO XVII ­ BAHIA 
• SÉCULO XVIII ­ MINAS GERAIS 
• SÉCULO XIX ­ RIO DE JANEIRO 
II ­ FASE IMPERIAL (1830 ­ 1890) 
• ROMANTISMO (1830 ­ 1870) 
• REALISMO/PARNASIANISMO (1870 ­ 1890) 
III ­ FASE MODERNA (1890 a ...) 
• SIMBOLISMO (1890 ­ 1900) 
• PRÉ­MODERNISMO (1900 ­ 1920) 
• MODERNISMO (1920 ­ 1945) 
• NEOMODERNISMO/PÓS­MODERNISMO (1945 ...) 
Vamos adotar para o nosso breve estudo dos estilos de época a abordagem da causalidade histórico­ 
sociológica, acentuando a análise das circunstâncias exteriores ou históricas, que não determinam mas influenciam 
o aparecimento de fenômenos literários assim como concepções de mundo, de Deus, de Homem, de vida, de 
ciência e de tantos outros conceitos, mutáveis e perecíveis durante a trajetória dinâmica do ser humano. 
O estilo de época, porém, não pode ser entendido como um compartimento estanque. Os estilos mesclam­ 
se; num determinado estilo podem ser vistas características do estilo anterior ou mesmo outros que se consolidarão 
no estilo posterior. A determinação de marcas ou datas tem finalidade meramente didática. 
O estudo da literatura sob o prisma do estilo de época deverá levar em consideração: 
­ a visão do Homem implícita na obra; 
­ a posição do artista em face da obra de arte; 
­ o uso do material lingüístico; 
­ a situação do texto em relação à literatura.
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4  Literatura ­ M2 
FASE COLONIAL 
O BARROCO 
1.1 O Período Barroco 
­ Situação Histórica ­ no Brasil, do século XVI até o século XVIII. 
1.2 Determinantes Históricos 
­ Concílio de Trento ­ reunião de cúpula da Igreja Católica que arquitetou a “Contra­Reforma” ­ tentativa de 
reconciliação com o fio de cristandade perdido no Renascimento. 
­ Reação às tendências renascentistas. 
“O homem se debate numa convergência entre o espírito secular e o espírito cristão”. 
SEGUNDO  “WOLFLIN” (1864 ­ 1945) 
“A ‘Contra­Reforma’ opôs a concepção do Homem aberto voltado para o céu à idéia de homem fechado, 
voltado para a terra e limitado a ela”. 
O homem barroco é um saudoso da religiosidade medieval, que a Igreja logrou reinspirar nele pelos 
artifícios artísticos e pela avalanche dinâmica da contra­reforma, redespertando os terrores do inferno e a ânsia 
da eternidade. Mas é, ao mesmo tempo, um seduzido pelas manifestações terrenas e pelos valores do mundo ­ 
legado do  renascimento do amor, do dinheiro, do  luxo, do poder, da posição social e da aventura ­ que o 
humanismo, as descobertas marítimas e as invenções puseram em relevo. 
Desse conflito, desse dualismo, é impregnada a arte barroca. 
DUALISMO/CONFLITO 
­ Enorme progresso do pensamento racional. 
­ Critérios de tolerância religiosa. 
­ Concepções irônicas e satíricas de mundo. 
­ Sede de ascensão social, poder e fausto. 
­ Superstição, medo da bruxaria. 
­ Fanatismo 
­ Crença em milagres 
­ Recusa à ostentação exterior e resignação reflexiva. 
1.3 Características da Arte Barroca 
­ Culto do Contraste ­ seja no plano estético (exagero de relevos, choques de coloridos), seja no plano das 
idéias (literatura)  ­ amor/sofrimento ­ vida/morte ­ juventude/velhice ­ carne/espírito  ­ religiosidade/ 
erotismo. 
­ Recursos mais utilizados nesse aspecto ­ Paradoxo/antítese. 
­ Impulso pessoal maior que normas ditadas por modelos. Daí a fraqueza temática do Barroco ou a sua 
indefinição temática, colocada em segundo plano para sobressair o recurso retórico que deseja evidenciar. 
­ Intensidade ­ desejo de exprimir intensamente ­ fantástico, dor amorosa traduzida em palavras de fogo, 
emoções fortes, o macabro e as alucinações. Recurso mais utilizado: uso abusivo das hipérboles. 
­ Tendência para a descrição metódica e minuciosa. 
­ CULTISMO/GONGORISMO ­ consiste no jogo de palavras. Essa tendência se baseia em figuras de 
construção como o hipérbato, por exemplo, imitação de sintaxe latina. Na metáfora e nos neologismos, 
tentativa de aristocratizar a linguagem literária. O cultismo ou gongorismo é estético. 
­ CONCEPTISMO/CONCEITISMO ­ linguagem de conceitos. Aqui a metáfora predomina no seu aspecto 
intelectual. Tendência para a minúcia, para a especulação meticulosa das idéias. 
“Ardem chamas n’água, e como 
vivem das chamas que apura 
são ditosas salamandras 
as que são nadantes turbas; 
Meu peito também, que chora de Anarda 
Ausências  perjuras, 
o pranto em rio transforma, 
o suspiro em vento muda.” 
(MANUEL BOTELHO  DE OLIVEIRA)
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5 Literatura ­ M2 
O Tempo e o Amor 
“O  primeiro  remédio  é o  tempo.  Tudo cura  o 
tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo 
acaba. Atreve­se  o  tempo  a  colunas  de mármore, 
quanto mais a corações de cera! São as afeições como 
as vidas que não há mais certo sinal de haverem de 
durar pouco, que terem durado muito. 
São como as linhas que partem do centro para 
a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto 
menos  unidas.  Por  isso  os  antigos  sabiamente 
pintaram o  amor menino  porque  não  há  amor  tão 
robusto,  que  chegue  a  ser  velho.  De  todos  os 
Tomemos este trecho do Sermão do Mandato do Pe. Antônio Vieira. Vieira foi o maior prosador do século 
XVII. Sua obra, cerca de 200 sermões, reflete o que foi sua vida; possui um estilo viril e enérgico. Sua oratória 
expõe, demonstra e prova, trilhando os caminhos do raciocínio filosófico, sempre caminhando para a conclusão, 
sua tese. É o maior exemplo do barroco conceptistaentre nós. 
Percebam que vários temas ou identidades típicas do Barroco estão aqui presentes, como: a consciência 
profunda da efemeridade das coisas mundanas diante do tempo, o conceptismo, a construção prosal virtuosa e 
o gosto pela metáforas. 
Leia o texto abaixo, de Gregório de Matos Guerra e tentemos uma breve análise. 
À Mesma D. Ângela 
Anjo no nome, Angélica na cara! 
Isso é ser flor, e Anjo juntamente! 
Ser Angélica flor e Anjo florente, 
Em quem, senão em vós, se uniformara: 
Quem vira uma tal flor, que não a cortara, 
Do verde pé, da rama florescente; 
E quem um Anjo vira tão luzente; 
Que por seu Deus o não idolatrara? 
Se pois como anjo sois dos meus altares, 
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda, 
Livrara eu de diabólicos azares. 
Mas vejo, que por bela, e por galharda, 
Posto que os Anjos nunca dão pesares. 
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. 
(MATOS, GREGÓRIO DE. À MESMA D. ÂNGELA) 
Tema: 
Linguagem: 
Figuras de linguagem ou de estilo: 
Gênero e Espécie: 
instrumentos, com que o armou a natureza, o desarma 
o  tempo. Afroixa­lhe  o  arco,  com que  já  não  atira; 
embota­lhe as setas, com que já não fere; abre­lhe os 
olhos, com que vê o que não via; e faz­lhe crescer as 
asas,  com que voa e  foge. A  razão natural  de  toda 
esta diferença, é porque o  tempo tira a novidade às 
cousas, descobre­lhe os defeitos, enfastia­lhe o gosto, 
e  basta  que  sejam  usadas  para  não  serem  as 
mesmas. Gasta­se  o  ferro com uso,  quanto mais  o 
amor? O mesmo... amar é causa de não amar, e o ter 
amado muito, de amar menos.” 
EXTRAÍDO DO SERMÃO DO MANDATO
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6  Literatura ­ M2 
O texto seguinte foi extraído do Sermão da Visitação de Nossa Senhora, do Pe. Vieira. 
“Esta foi a origem do pecado original, e esta é a causa original das doenças do Brasil ­ tomar o alheio, 
cobiças,  interesses, ganhos e conveniências particulares, por onde a  justiça se não guarda e o Estado se 
perde. Perde­se o Brasil, Senhor (digamo­lo em uma palavra), porque alguns ministros de Sua Majestade não 
vêm cá buscar o nosso bem, vêm cá buscar nossos bens. Assim como dissemos que se perdeu o Mundo, 
porque Adão fez só a metade do que Deus lhe mandou, em sentido averso ­ guardar sim, trabalhar não, assim 
podemos dizer, que se perde também o Brasil, porque alguns dos seus ministros não fazem mais a metade do 
que El­rei lhes manda.” 
Tema: 
Linguagem: 
Figuras de linguagem ou de estilo: 
Gênero e Espécie: 
Síntese 
BARROCO ­ Homem em conflito/Século XVII 
ANTROPOCENTRISMO x TEOCENTRISMO 
Momento Histórico 
1 ­ Fundação da Companhia de Jesus  3 ­ Contra­Reforma 
2 ­ Decisões do Concílio de Trento  4 ­ Volta do poder da Santa Inquisição 
Características Principais 
­ Cultismo: Jogos de palavras, trocadilhos, abuso de imagens e metáforas, antíteses e paradoxos, hipérboles 
e hipérbatos. 
­ Conceptismo: processos racionais e filosóficos de demonstração do pensamento, preocupação em se 
comprovar a veracidade de uma tese. 
­Aspectos Temáticos como: preocupação com a morte, feísmo (Locus Horrendus), culto do contraste, 
“Carpe Diem”, niilismo temático. 
Renascimento ­ Séc. XVI  Barroco ­ Séc. XVII 
­ Homem guiado pela fé 
­ Teocentrismo 
­ Volta à Idade Média 
­ Conflito, contra­senso 
­ Espiritualismo 
­ Sinuosidade de pensamento, paixão e emoção 
­ Homem guiado pela ciência e pela razão 
­ Antropocentrismo 
­ Volta à antigüidade clássica 
­ Racionalismo 
­ Materialismo 
­ Equilíbrio 
Autores 
­ Gregório de Matos Guerra: 
Maior expressão da poesia barroca no Brasil. Sua obra foi organizada pela Academia Brasileira de 
Letras entre 1923/1933 e foi assim dividida: Sacra, Lírica, Satírica, Graciosa e Última. 
Em sua poesia sacra, o homem é visto como inserido em uma condição em que o pecado é inevitável; 
busca o perdão de Deus, infinitamente piedoso. 
Sua poesiasatírica apresentacríticasocial ferina, linguagem obscena e forte grau de irreverência e agressividade. 
A melhor produção, porém, é a poesia lírica, em que o poetabaianodesenvolve a maior parte dos temas e características 
de sua obra e do Barroco, como o Carpe Diem, o virtuosismo nas construções frasais e outros. 
­ Pe. Antônio Vieira  ­ Bento Teixeira 
­ Manuel Botelho de Oliveira  ­ Pe. Manuel Bernardes
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7 Literatura ­ M2 
Todos os itens relacionam­se diretamente ao cultismo, EXCETO: 
Esta  característica  é  uma  forte  tendência  do 
conceptismo. 
A ornamentação do estilo, a utilização abusiva de 
metáforas e o acúmulo de alusões mitológicas no texto 
são tendências do cultismo. 
Os conceptistas, freqüentemente, faziam críticas 
incisivas ao estilo artificial e enigmático dos cultistas. 
Uma crítica conceptista ao estilo cultista: 
“Se gostas da afetação e pompa de palavras e do estilo 
que chamam culto, não me leias. Quando este estilo florescia, 
nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu­me tanto 
sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a 
ser ouvido. (...) Este desventurado estilo que hoje se usa, os 
que o querem honrar chamam­lhe culto, os que o condenam 
chamam­lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo 
culto não é escuro, é negro, e negro boçal e muito cerrado. 
É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um 
pregador em português, e não havemos de entender o que diz?!” 
(PADRE ANTÔNIO VIEIRA) 
NEOCLASSICISMO 
“A  corren te  c lassic izante  inaugurada  pelo 
Renascimento  encontrou  na  Itália  do  Cinquecento  um 
clima  ideal;  detida,  porém,  durante  o  século XVII,  pelo 
Barroco, atingirá nas últimas décadas do mesmo século, 
na França, o seu ponto culminante, em um movimento que 
foi,  de  fato,  na  literatura,  o  único  classicismo moderno 
realizado,  para,  penetrando  o  século XVIII,  pontilhar  de 
tendênc ias  e  escolas  neoc lássicas  (em  lugar  do 
Classicismo  e  Neoclassiscmo)  as  diversas  literaturas 
universais a que vieram emprestar coloridos especiais às 
correntes racionalistas e ilustradas que então triunfaram, 
antecedendo e preparando a Revolução Francesa.” 
(AFRÂNIO COUTINHO) 
2.1 Situação histórica ­ Século XVIII 
­ Século das Luzes, movimento de racionalismo, de investigação científica, emprego da energia a vapor na indústria. 
­ Substituição no poder político. A burguesia assume o curso da história em lugar da aristocracia. 
­ Enciclopedistas franceses (Diderot, D’Alembert, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, etc.) divulgam novas 
idéias (1751 ­ 1765). O Enciclopedismo e Iluminismo ou filosofia da “ilustração” se confundem num movimento 
que foi intenso, sobretudo entre 1715 e 1789, do qual a enciclopédia foi a Bíblia. A burguesia foi a classe 
social que o aplicou na arte, na economia e na vida em geral, criando um tipo de sociedade dominada pela 
técnica, pelas máquinas, pela indústria. 
­ O Iluminismo teve sua recuperação política antes da revolução  francesa  (1789), e sua conseqüência 
natural foi o Despotismo Esclarecido de alguns monarcas e chefes de estado, político­filosóficos, que 
acreditaram no poder de conciliar a estrutura do antigo regime (monarquia absoluta) com o espírito reformista 
do Enciclopedismo. 
­ Declaração dos Direitos do Homem (1789) ­ inspirada no Enciclopedismo. 
2.2 Características da Arte Neoclássica 
­ Reação ao mau gosto do Barroquismo. (Rococó) 
­ Culto da teoria Aristotélica da arte como imitação da natureza. 
­ Persistência das normas ditadas pela antigüidade Clássica. 
­ Retorno ao equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco­romanos, diretamente ou através dos renascentistas. 
­ Presença marcante do bucolismo, da exaltação da vida campesina, com suas paisagens e seus pastores. 
­ Simplicidade, mas correção na linguagem. 
­ Defesa de um caráter doutrinário da  literatura ­ didático e social. No Brasil, o  “grupo mineiro” estava 
envolvido com o movimento da Inconfidência Mineira. 
­ Preocupação com o Homem Natural. 
­ Tendência, na poesia, para pintar situações, mais que emoções. 
­ Condenação darima. 
­ Ideais burgueses. 
a) apelo marcante aos sentidos e à imaginação; 
b) ornamentação abusiva do estilo; 
c) jogo de idéias, raciocínios sinuosos; 
d) gosto pela reiteração de metáforas; 
e) acúmulo de alusões mitológicas. 
Resp.: letra c.
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8  Literatura ­ M2 
2.3 No Brasil 
A poesia do grupo mineiro está ainda marcada de características do Barroquismo, um rococó ilustrado, mas, 
de qualquer forma, é o grupo mais representativo do novo estilo no Brasil. 
­ Tomás Antônio Gonzaga ­ (Critilo ou Dirceu) ­ musa (Marília) 
­ Cláudio Manuel da Costa ­ (Glaceste Saturnio) ­ musa (Nise) 
­ Basílio da Gama ­ (Termindo Sipílio) 
­ Silva Alvarenga ­ (Alcindo Palmirendo) 
­ Frei José de Santa Rita Durão ­ (não usou pseudônimo) 
­ Alvarenga Peixoto ­ (não usou pseudônimo) 
As principais obras do neoclassicismo, no Brasil, foram: 
­ Tomás Antônio Gonzaga ­ Cartas Chilenas (sátira social e política); Marília de Dirceu ­ (poesia lírica). 
­ Cláudio Manuel da Costa ­ Vila Rica (epopéia) e a obra poética lírica. 
­ Basílio da Gama ­ Uraguai (epopéia) 
Os termos Neoclassicismo e Arcadismo 
Apesar  de  decadente,  a  literatura  barroca 
ainda se infiltrará no século XVIII. Acompanhando, 
entretanto, o declínio da aristocracia, vai­se impondo 
um novo gosto literário que, em lugar de exprimir o 
grandioso e majestoso, busca traduzir artisticamente 
a  graça  e  a  beleza  simples.  Há  uma  reação 
consciente  contra  o  Barroquismo,  expressa  num 
amplo movimento de restauração da simplicidade e 
do equilíbrio clássicos, que toma a forma de um novo 
classicismo. Entende­se, pois, por Neoclassicismo 
a tendência geral, surgida nas artes e na literatura 
do  século XVIII,  de  imitação  dos  autores  gregos, 
latinos  e  renascentistas  considerados modelares, 
num esforço para recuperar o equilíbrio expressivo. 
O termo Arcadismo designa, por sua vez, a 
corrente  neoclássica  italiana  que  forte  influência 
exerceu sobre a literatura portuguesa. 
(1) CÂNDIDO, ANTÔNIO. FORMAÇÃO DA L ITERATURA BRASILEIRA, 3. ED. SÃO PAULO, MARTINS, 1969, 1º VOL, P. 43. 
­ ARCÁDIA ­ lendária região grega, dominada pelo deus Pan, habitada por pastores, cujo divertimento 
principal eram as competições poéticas, canções de amor marcadas, principalmente, pela simplicidade 
e espontaneidade. 
Já rompe, Nise, a matutina Aurora 
o negro manto com que a noite escura, 
Sufocando do Sol a face pura, 
Tinha escondido a chama brilhadora. 
Que alegre, que suave, que sonora. 
Aquela fontezinha aqui murmura! 
E nestes campos cheios de verdura 
Que avultado o prazer tanto melhora? 
Só minha alma em fatal melancolia, 
Por te não poder ver, Nise adorada, 
Não sabe ainda, que coisa é a alegria; 
E a suavidade do prazer trocada, 
Tanto mais aborrece a luz do dia, 
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada. 
(CLÁUDIO MANUEL DA COSTA) 
Minha bela Marília, tudo passa; 
A sorte desse mundo é mal segura; 
Se vem depois dos males a ventura, 
Vem depois dos prazeres a desgraça. 
Estão os mesmos Deuses 
sujeitos ao poder do ímpio Fado: 
Apolo já fugiu do Céu brilhante, 
já foi pastor de gado. 
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA)
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9 Literatura ­ M2 
­ O Fingimento Poético 
Os  poetas  árcades  procuravam  rev iver 
praticamente o modelo de vida campestre e bucólico 
da  Arcádia,  cujos  habitantes,  simples  e  ingênuos 
pastores,  levavam  uma  v ida  marcada  pela 
espontaneidade e simplicidade, em contato constante 
com a  natureza,  vivendo  nela,  dela  e  para  ela.  A 
natureza é vista no Arcadismo como refúgio da beleza 
e da pureza, da vida equilibrada e isenta de paixões 
perturbadoras. Acredita­se  fundamentalmente que o 
Homem, à medida que se afasta da natureza, torna­se 
menos humano e mais afetado pelos males da sociedade 
civilizada. 
Nessa tentativa de se reviver o sonho árcade e 
seu ideal de expressão simples e equilibrada, os poetas 
do século XVIII chamavam­se pastores e adotavam 
convenções pastorais e pseudônimos de pastores da 
Antigüidade Clássica. 
Fundaram­se  academias  onde  se  buscava  a 
pura expressão poética, livre da excessiva ornamentação 
barroca,  através  de  uma  linguagem  simples  e  de 
inspiração pastoril. 
Fruto  de  um  autêntico  “império  da  razão”, 
buscava­se a expressão e o entendimento das coisas 
terrenas e do Homem, liberta de emoções e deslizes 
para  a  fantasia,  perda  da  racionalidade  e  do 
pragmatismo.  Para  conseguir  esse  ideal  de 
racionalidade,  o  escritor  deveria  escolher  situações 
genéricas que ultrapassassem a condição individual. 
Leia o texto abaixo e resolva as questões propostas em seguida: 
Lira LXII 
1) Todas as afirmativas abaixo são pertinentes em relação ao soneto de Cláudio Manuel da Costa, EXCETO: 
a) Na primeira estrofe, o poeta personifica um elemento da natureza. 
b) O poema apresenta uma antítese básica e o desejo de felicidade do “eu lírico” se dirige para o campo. 
c) Ao se expor liricamente, o “eu lírico” se confessa passional e irracionalmente apegado às origens. 
d) A paisagem descrita no poema é bucólica e pictoricamente descrita à maneira clássica. 
e) O pensamento árcade se manifesta principalmente na contraposição entre vida natural e vida cortesã. 
2) A antítese fundamental do texto ­ cidade e campo ­ pode ser explicada por todas as traduções abaixo, 
EXCETO: 
a) Riqueza x pobreza digna. 
b) Engano x verdade. 
c) Fantasia x razão. 
d) Ódio x amor. 
e) Fingimento x simplicidade. 
Torno a ver­vos, ó montes; o destino 
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, 
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros 
Pelo traje da Corte rico e fino. 
Aqui estou entre Almentro, entre Corino 
os meus fiéis, meus doces companheiros, 
Vendo correr os míseros vaqueiros 
Atrás de seu cansado desatino. 
Se o bem desta choupana pode tanto, 
Que chega a ter mais preço, e mais valia, 
Que da cidade o lisonjeiro encanto; 
Aqui descanse a louca fantasia; 
E o que até agora se tornava em pranto, 
Se converta em afetos de alegria. 
(CLÁUDIO MANUEL DA COSTA) 
outeiro: pequeno monte 
gabão: capote de mangas ou casacão com capuz 
Almendro e Corino: pastores 
desatino: loucura 
lisonjeiro: adulador, bajulador.
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1 0  Literatura ­ M2 
3) Entre os elementos estruturais do poema, marque aquele que NÃO vem identificado corretamente: 
a) Ambiente em que se manifesta a voz do “eu lírico”  a cidade ou a corte 
b) “Eu lírico” ­ voz que se manifesta no poema  trata­se de um vaqueiro 
c) Elementos pictóricos  campos, outeiros, montes 
d) Elementos que traduzem contraste social  gabões e trajes ricos e finos 
e) Expressão que traduz o desejo de felicidade do “eu lírico”  “E o que até agora se tornava em 
pranto, se converta em afetos de 
alegria.” 
4) Todas as palavras ou expressões listadas abaixo contrastam com o elemento urbano, EXCETO: 
a) outeiros.  d) cansado desatino. 
b) gabões grosseiros.  e) pranto. 
c) míseros companheiros. 
5) As afirmativas abaixo podem ser comprovadas pela leitura do texto, EXCETO: 
a) O poema apresenta uma característica que também está presente no Parnasianismo: o retorno ao 
clássico. 
b) Ao desenvolver a contraposição entre cidade e campo, estruturando o texto em torno de uma antítese, 
o poeta estabelece um ponto de contato com a poesia barroca. 
c) A opção que o “eu lírico” fez pela cidade, que, aliás, ele revela como engano, foi emocional e utópica, 
atitude mais condizente com o Romantismo. 
d)  A  presença marcante  do  abstrato,  do  vago  e  do  impreciso  aproximam o  poema dos  ideais  do 
SIMBOLISMO. 
e) A ausência de imagens transcendentes, a valorização do raciocínio e do equilíbrio estabelecem um 
ponto de contato entre o arcadismo e o realismo. 
6) Leia atentamente as estrofes abaixo: 
“Que trecho havemos de esperar, Marília bela? 
Que vão passando os florescentes dias? 
As glórias que vêm tarde, já vêm frias, 
E pode, enfim, mudar­se a nossa estrela. 
Ah! Não, minha Marília, 
Aproveite­se o tempo,antes que faça 
O estrago de roubar o corpo as forças, 
E ao semblante a graça!” 
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA) 
“Goza, goza da flor da mocidade 
Que o tempo trata a toda ligeireza 
E imprime a toda flor, sua pisada, 
Em  terra,  em  cinza,  em pó,  em  sombra,  em 
nada.” 
(GREGÓRIO DE MATOS) 
Em relação a esses textos, todas as afirmações estão corretas, EXCETO: 
a) A temática filosófica tratada nos dois poemas é apenas pretexto para um convite de ordem amorosa, o 
que se pode provar pela presença de um suposto interlocutor feminino. 
b) A preocupação do homem com a força inexorável do tempo é uma constante, embora os neoclássicos 
a tenham sentido de forma mais amena. 
c) Barroco e Neoclassicismo são movimentos literários que apresentam características em muitos pontos 
antagônicas. 
d) O escoamento do tempo é temática tratada com maior angústia no período barroco, haja vista a forte 
seqüência dos vocábulos “cinza”, “pó”, “nada”.
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1 1 Literatura ­ M2 
7) Todas as opções abaixo apresentam aspectos temáticos do Arcadismo, EXCETO: 
a) Expressão racional da natureza para manifestação da verdade universal. 
b) Aplicação da “mimeses” arístotélica: conceito de que a arte é expressão da natureza. 
c) O culto à  razão, à natureza e à verdade  reforçam o valor concedido ao sentimento e à emoção; 
individuais na poesia árcade. 
d) O modelo de “homem ideal”’ simples e humilde é um dos determinantes da convenção pastoral no 
Arcadismo. 
INSTRUÇÃO: A questão a seguir refere­se ao texto abaixo: 
“Quando, formosa Nise, dividido 
De teus olhos estou nessa distância, 
Pinta a saudade, à força de minha ânsia. 
Toda a memória do prazer perdido. 
Lamenta o pensamento amortecido 
A tua ingrata, pérfida inconstância; 
E quando observa, é só a vil jactância 
Do fato, que os troféus têm conseguido. 
Aonde a dita está? Aonde o gosto? 
Onde o acontecimento? Onde a alegria, 
Que fecundava esse teu lindo rosto? 
Tudo deixei, ó Nise, aquele dia, 
Em que deixando tudo, o meu desgosto 
Somente me seguiu por companhia.” 
(CLÁUDIO MANUEL DA COSTA) 
* jactância: orgulho, vaidade 
8) (FUVEST) O soneto em questão apresenta o seguinte recurso poético: 
a) A personificação (da saudade, do pensamento, do desgosto) que praticamente ocupa o  lugar das 
personagens e que se materializa por força dos verbos (“pinta”, “lamenta”, “observa”). 
b) O uso abusivo de abstratos (“a saudade pinta a memória do prazer sentido”, “o pensamento lamenta a 
tua inconstância) para enfatizar a idéia de que o sofrimento do poeta é moral e não emocional. 
c) A sistemática inversão da ordem sintática (dos termos e das orações), que sugere a insegurança e 
instabilidade emocional que Nise sentia diante de um apaixonado tão confuso. 
d) O uso sistemático de metáforas (“a saudade pinta a memória do prazer sentido”, etc.) que indica o 
caráter abstrato do sofrimento do poeta, delineando a amada como um ser que existiu apenas em sua 
memória. 
9) “Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido; 
Porque quanto mais tenho delinqüido, 
Vos tenho a perdoar mais empenhado.” 
O trecho do poema de Gregório de Matos “A Jesus Cristo Nosso Senhor” evidencia que o Barroco: 
a) preocupa­se com o uso de vocábulos raros. 
b) procura sugestões de luz, cor e som para as suas composições. 
c) louva a mulher conforme a tradição lírica anterior. 
d) traduz a angústia do homem ante sua condição de mortal.
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1 2  Literatura ­ M2 
10) LEIA, com atenção, os textos abaixo. 
Texto I 
“Discreta e  formosíssima Maria, 
Enquanto estamos vendo claramente 
Na vossa ardente vista o sol ardente, 
E na rosada face a aurora fria; 
Enquanto pois produz, enquanto cria 
Essa esfera gentil, minha excelente. 
No cabelo o metal mais reluzente 
E na boca a mais fina pedraria, 
Gozai, gozai da flor da formosura, 
Antes que o frio da madura idade 
Tronco deixe despido o que é verdura. 
Que passado o zenith da mocidade, 
Sem a noite encontrar da sepultura, 
É cada dia ocaso da beldade.” 
(GREGÓRIO DE MATOS) 
Texto II 
“Minha bela Marília, tudo passa; 
A sorte deste mundo é mal segura; 
Se vem depois dos males a ventura, 
Vem depois dos prazeres a desgraça. 
Estão os mesmos deuses 
Sujeitos ao poder do ímpio Fado: 
Apolo já fugiu do Céu brilhante, 
Já foi pastor de gado. 
Ah! Enquanto os Destinos impiedosos 
Não voltam contra nós a face irada, 
Façamos, sim façamos, doce amada, 
os nossos breves dias mais ditosos. 
Um coração que frouxo 
A grata posse de seu bem difere, 
A si, Marília, a si próprio rouba, 
E a si próprio fere. 
Ornemos nossas testas com as flores, 
E façamos do feno um brando leito; 
Prendamo­nos, Marília, em laço estreito (...)” 
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA) 
ímpio = impiedoso; ditosos = felizes; fado = destino 
O texto I é barroco e o texto II é árcade. 
a) IDENTIFIQUE o elemento temático comum aos dois poemas: 
b) DESTAQUE: 
Do texto I e do texto II ­ um trecho de cada que exemplifiquem a preocupação com o fluir do tempo. 
I 
II 
c) REDIJA um pequeno texto em que apareçam: 
• o objetivo do “eu­lírico” ao se dirigir à mulher amada. 
• o principal argumento que “eles utilizam”. 
11) “Gozai, gozai da flor da formosura, 
antes que o frio da madura idade 
tronco deixe despido o que é verdura.” 
CONSTRUA um período em que se traduza em linguagem denotativa a antítese presente na estrofe 
acima.
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1 3 Literatura ­ M2 
12) O texto II, embora sendo árcade, apresenta ainda na primeira estrofe, um elemento típico da poesia 
barroca. TRANSCREVA­o. 
13) A arte é uma mistura de tradição e renovação, características dos diversos estilos de época, inseridos no 
jogo da sociedade e da cultura. É freqüente que textos contemporâneos assumam traços e temas de 
estilos de época muito antigos em relação aos dias atuais. 
Após a leitura de cada texto abaixo, IDENTIFIQUEo estilo que ele retoma e o elemento que você identificou. 
a) “Uma parte de mim 
é todo mundo: 
outra parte é ninguém: 
fundo sem fundo. 
Uma parte de mim 
é multidão: 
outra parte estranheza 
e solidão. 
Uma parte de mim 
pesa, pondera: 
outra parte 
delira.”  (Ferreira Gullar) 
b) “Eu queria ter na vida simplesmente, 
um lugar de mato verde, 
pra plantar e pra colher. 
Ter uma casinha branca de varanda, 
um quintal e uma janela 
para ver o sol nascer.” 
14) “O contraste entre a vida urbana e a campestre é certamente tradicional, mas foi especialmente em relação 
a Roma que o contraste cristalizou­se, no momento em que a cidade passou a ser vista como um organismo 
independente. A vida citadina fervilhante, de lisonja e suborno, de sedução organizada, de barulho e tráfego, 
de ruas perigosas por causa dos ladrões, com casas frágeis amontoadas, sempre ameaçadas de incêndio, 
é a cidade com algo autônomo, seguindo seu próprio caminho. Assim, refugiar­se desse inferno no campo 
ou na costa já é uma visão diferenciada do simples contraste entre a vida rural e a vida urbana. Trata­se, 
naturalmente, de visão de uma pessoa que vive de rendas: o campo fresco no qual o poeta se refugia não 
é o do agricultor, e sim o do morador desocupado.” 
O texto faz alusão a um certo artificialismo na atitude lírica do pastoralismo neoclássico, muito em voga 
nos dias de hoje. EXPLIQUE essa atitude artificial, tanto na época do neoclassicismo, como nos dias de 
hoje.
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1 4  Literatura ­ M2 
FASE IMPERIAL 
O ROMANTISMO 
1.1 ­ Introdução 
O Romantismo foi o movimento estético surgido 
na Europa nos fins do século XVIII que trouxe à arte o 
gosto  e  a  alma  da  emergente  burguesia  industrial. 
Surgiu como uma oposição ao movimento classicista, 
de gosto aristocrático e estritamente preso a normas e 
modelos  rígidos.  O  romântico  não  deseja  mais 
compreender racionalmente o mundo, deseja senti­lo: 
quer vivê­lo com a emoção e com o coração. 
Em  relação  à  nobreza,  culta  e  refinada,  os 
burgueses eram “povo”, de gosto duvidoso.Por isso, a 
literatura  burguesa  seria  simples,  expressando  os 
sentimentos e os impulsos da alma. 
No  caso  específico  da  li teratura,  não  se 
mostravam os descompassos sociais. Essa literatura 
burguesa apelou para a fuga, o sonho e o individualismo. 
Os  burgueses,  ricos  por  excelência,  não  estavam 
dispostos a  repartir  riquezas; os poetas e escritores 
reconheciam a miséria do proletariado mas, antes de 
tudo,  prevalecia  a  individualidade  e  a  liberdade  de 
criação  do  artista.  Houve  uma  premissa  entre  os 
românticos: o indivíduo estava acima da sociedade. 
O burguês, paradoxalmente, sentia­se parte do 
povo e, assim  foi buscar nas  tradições populares, a 
inspiração  e  os motivos  de  sua  criação  literária. O 
folclore,  os  heróis  populares,  os mitos  e  o  ardor 
patriótico marcaram a literatura romântica. 
O romântico, geralmente, não procura ou não 
quer enxergar a sociedade em que vive, fugindo da 
realidade  que  o  cerca  e  entregando­se  a  viagens 
imaginárias ao passado, a terras distantes e exóticas. 
Assim, a natureza, como parte de uma “ordem natu­ 
ral”,  tão  difundida  entre  os  árcades,  é,  para  os 
românticos, uma extensão de seu próprio “eu”, inóspita 
ou tumultuada, sempre idealizada segundo um estado 
de espírito. 
Para finalizar esta introdução, podemos afirmar 
que o romântico se coloca no centro de um mundo que 
não lhe agrada, que agride sua individualidade e, por 
isso, ele foge numa viagem em que a imaginação e o 
sentimento não têm censura nem amarras. A essência 
romântico­burguesa e sua individualidade egocêntrica. 
Observem o trecho do romanceSenhorade José 
de Alencar.  Em  seguida  escreva  no  espaço  que  se 
segue a característica romântica mais evidente. 
“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. 
Desde o momento de sua ascensão ninguém 
lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. 
Tornou­se  a  deusa  dos  bailes;  a musa  dos 
poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. 
Era rica e formosa. 
Duas opulências, que se realçam como a flor 
em  vaso  de  alabastro;  dois  esplendores  que  se 
refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. 
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que 
atravessou  o  firmamento  da  corte  como  brilhante 
meteoro,  e  apagou­se  de  repente  no  meio  do 
deslumbramento que produzira o seu fulgor?” 
(ALENCAR, JOSÉ DE. SENHORA.) 
15) LEIA os textos abaixo. 
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado 
da vossa alta clemência me despido, 
porque quanto mais tenho delinqüido 
vos tenho a perdoar mais empenhado.” 
(GREGÓRIO DE MATOS) 
“Minha bela Marília, nos sentemos, 
à sombra desse cedro levantado, 
e um pouco meditemos 
na regular beleza, que em tudo 
nos ensina a sábia natureza.” 
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA) 
Em apenas um período, ESTABELEÇA a relação entre a razão e a emoção nos dois textos.
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1 5 Literatura ­ M2 
1.2 ­ O Romantismo no Brasil 
O movimento romântico surge no Brasil num 
ambiente marcadamente nacionalista. A jovem nação 
recentemente independente de Portugal vivia o período 
típico de afirmação. A intelectualidade brasileira buscava 
libertar­se culturalmente de Portugal e o Romantismo 
surge  como  expressão  desse  sentimento  de 
nacionalidade e ardor patriótico. 
Na  busca  de  cor  local,  a  tríade 
pátria­natureza­índio foi o grande motivo da literatura 
romântica  brasi leira.  A  burguesia  da  época, 
marcadamente proprietários rurais, evitava qualquer 
crítica social, valia mais o aparente equilíbrio de uma 
sociedade idealizada nas páginas dos romances. 
O  crescente  público  leitor,  formado  por 
estudantes ricos, comerciantes, funcionários públicos, 
profissionais  liberais,  mulheres  casadas  e moças 
casadoiras davam enorme popularidade ao romance. 
O sonho, a fantasia, os grandes casos de amor agra­ 
davam ao público, que buscava distração e nada mais. 
A pátria aparece no Romantismo Brasileiro como 
uma terra paradisíaca, de natureza exuberante, beijada 
pelo sol dos  trópicos e pela noite povoada do brilho 
estrelar. O índio torna­se o símbolo máximo de nossa 
brasilidade. E o grande herói mítico, nobre guerreiro 
habitante das matas virgens. 
E o silvícola, idealizado na poesia e prosa do 
Romantismo Brasileiro afastou­se tanto da realidade que 
mais se assemelhava aos nobres cavaleiros medievais 
que habitavam as páginas dos romances românticos 
europeus. 
O  paradoxo  da  criação  romântica  no  Brasil 
situava­se na tentativa de se fazer uma literatura nacional 
num país  sem  qualquer  tradição  cultural,  de  gosto 
europeizado.  Mesmo  sendo  evitada,  a  cópia  ou 
transplantação de modelos europeus foi inevitável. 
Observemos agora, um excerto de prefácio de 
Suspiros  Poéticos  e  Saudades,  de  Gonçalves  de 
Magalhães, obra de 1836, considerada como marco 
inicial de Romantismo brasileiro. 
“ Hoje o Brasil é filho da civilização francesa, 
e como é filho dessa revolução formosa que abalou 
os tronos da Europa e repartiu com os homens a 
púrpura e o cetro dos reis” . 
(GONÇALVES DE MAGALHÃES) 
Houve, no Brasil, um desrespeito total às regras clássicas dos gêneros e o verso ganhou liberdade. 
Verificou­se a preferência pelo drama burguês e pelo romance, uma tentativa de fazer uma língua nacional com 
vocabulário novo e uma temática marcadamente nacionalista e de cunho popular. O Romantismo foi introduzido 
no Brasil em 1836 por Domingos José Gonçalves de Magalhães através do livro de poemasSuspiros Poéticos e 
Saudades. 
Após a leitura do texto anterior, enumere as características do Romantismo brasileiro citadas:
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1 6  Literatura ­ M2 
1.3 ­ A Poesia Romântica Brasileira 
Podemos dividir a poesia romântica brasileira em três gerações de acordo com tendências e variações 
nela verificadas durante o movimento no Brasil. 
Essas tendências podem ser distribuídas: 
Principais Obras 
• Canção do Exílio 
• I Juca Pirama 
• Canção do Tamoio 
• Lira dos Vinte Anos 
• Noturnas 
• Navio Negreiro 
• Vozes D’África 
Principais Poetas 
• Gonçalves Dias 
• Álvares de Azevedo 
• Fagundes Varela 
• Castro Alves 
Comentários 
Representa a fase de 
exaltação do índio 
brasileiro, imitando a 
iniciativa de poetas 
franceses. 
Poesia egocêntrica e 
sentimental, exprimindo 
um pessimismo doentio. 
Poesia revolucionária 
ligada às questões 
políticas e sociais do 
Brasil. 
Tendências 
Indianista 
Ultra­Romantismo 
(mal do século) 
Poesia Social 
Fases 
1ª Fase 
2ª Fase 
3ª Fase 
Na 1ª geração, merece destaque a poesia de Gonçalves Dias a quem se deve a consolidação do Movimento 
Romântico no Brasil. O poeta do Maranhão trabalhou brilhantemente os temas iniciais do Romantismo, como o 
indianismo, a natureza pátria, a religiosidade, o sentimentalismo e o espírito de brasilidade. Gonçalves Dias é 
considerado o maior poeta do indianismo brasileiro. Formalmente, caracterizam­se pela perfeita utilização dos 
vários recursos da métrica, da musicalidade e ritmo, como provam os versos seguintes de I Juca Pirama, em 
redondilha menor. 
“Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi: 
Sou filho das selvas, 
Nas selvas  cresci; 
Guerreiros, descendo 
Da tribo tupi. 
Da tribo pujante, 
Que agora anda errante 
Por fado inconstante, 
Guerreiros,  nasci: 
Sou bravo sou forte, 
Sou filho do Norte; 
Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi”. 
A segunda geração teve como expoente Álvares de Azevedo, responsável pelos contornos definitivos do 
“Mal do Século” em nossa literatura, produzindo uma obra influenciada por Byron de quem herdou o sarcasmo, 
a ironia, o pessimismo e a auto­destruição. Seus poemas falam de amor e morte, um amor sempre idealizado, 
irreal, povoado de donzelas ingênuas, virgens, misteriosos vultos femininos, personagens dos sonhos e das 
alucinações. 
Observemos abaixo o fragmento do poema Lembranças de Morrer. 
Lembranças de Morrer 
(fragmento) 
Quando em meu peito rebentar­se a fibra 
Que o espírito enlaçaa dor vivente, 
Não derramem por mim nem uma lágrima 
Em pálpebra demente. 
E nem desfolhem na matéria impura 
A flor do vale que adormece ao vento: 
Não quero que uma nota de alegria 
Se cale por meu triste passamento.
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1 7 Literatura ­ M2 
Eu deixo a vida como deixa o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro 
– Como as horas de um longo pesadelo 
Que se desfaz ao dobre de um sineiro. 
Só levo uma saudade – é dessas sombras 
Que eu sentia velar nas noites minhas... 
De ti, ó minha mãe, pobre coitada 
Que por minha tristeza te definhas! 
Se uma lágrima as pálpebras me inunda, 
Se um suspiro nos seios treme ainda 
É pela virgem que sonhei... que nunca 
Aos lábios me encostou a face linda! 
Beijarei a verdade santa e nua, 
Verei cristalizar­se o sonho amigo... 
Ó minha virgem dos errantes sonhos, 
Filha do céu, eu vou amar contigo! 
Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida, 
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: 
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida. 
A respeito do texto, responda: 
1. Em “Lembranças de Morrer”, como se concretiza o sonho do poeta? 
2. Aponte três temas específicos da 2ª geração romântica presentes no poema. 
Na  terceira  geração  de  poetas  românticos,  verificam­se  transformações  importantes  nos  temas, 
principalmente o surgimento de uma maior preocupação dos poetas com os problemas de natureza social e 
política, principalmente a abolição da escravatura. O maior expoente dessa geração foi o poeta bahiano Antônio 
Frederico de Castro Alves. 
Enquanto os poetas das gerações anteriores tinham sua visão estreitada pelo egocentrismo e sentimentalismo 
exacerbado, Castro Alves, apesar de, como todo romântico, cultivar o egocentrismo, demonstrou visão mais 
larga, interessando­se não apenas pelo “eu” mas por temas que enfocavam a realidade que o cercava, num 
processo de universalização, bem diferente do patriotismo ufanista de seus antecessores. 
A poesia lírico­amorosa evolui da idealização para a concretização; aparece uma mulher de carne e osso 
e bastante sensual.
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1 8  Literatura ­ M2 
“Boa­noite, Maria! Eu vou­me embora. 
A lua nas janelas bate em cheio. 
Boa­noite, Maria! É tarde... é tarde... 
Não me apertes assim contra teu seio. 
Boa­noite!... E tu dizes – Boa­noite. 
Mas não digas assim por entre beijos... 
Mas não mo digas descobrindo o peito, 
– Mar de amor onde vagam meus desejos. 
Mulher do meu amor! Quando os meus beijos 
Treme tua alma, como a lira ao vento, 
Das teclas de teu seio que harmonias, 
Que escalas de suspiros, bebo atento!” 
Navio Negreiro 
(Transcrição na íntegra, da última parte do poema). 
VI
E existe um povo que a bandeira empresta 
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa­a transformar­se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que imprudente na gávea tripudia?!... 
Silêncio!... Musa! chora, chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto... 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra, 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu, que da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança, 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo’ 
O trilho que Colombo abriu na vaga, 
Como um íris no pélago profundo!... 
... Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga 
Levantai­vos, heróis do Novo Mundo... 
Andrada! arranca este pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta de teus mares 
(ALVES, CASTRO. OBRA COMPLETA, 2 ED. RIO  DE JANEIRO, AGUILAR, 1966, P. 250­1). 
1.4 ­ A Prosa Romântica 
No processo  histórico que se  seguiu à  independência do Brasil,  verificou­se nas  principais cidades 
brasileiras, principalmente, no Rio de Janeiro, o surgimento de um público leitor. A Corte já possuía uma burguesia 
urbana relativamente numerosa formada principalmente por aristocratas rurais, estudantes, funcionários públicos 
e profissionais liberais ávidos de entretenimento. 
O espírito nacionalista, tão presente naquele momento em conseqüência da independência política exigia 
a “cor local” para o enredo dos romances ou folhetins, que se tomaram popularíssimos entre esse público. 
Os romances procuravam atender às expectativas e exigências desse público e, por isso, trilharam os 
caminhos das amenidades da corte, das paixões rurais ou das proezas dos imponentes selvagens, apresentando 
personagens idealizados pela ideologia romântica, onde os leitores identificavam uma realidade que lhes convinha. 
É bom ressaltar que algumas obras da época fugiram relativamente a esse esquema como Memórias de um 
Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida ou Inocência do Visconde de Taunay.
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1 9 Literatura ­ M2 
Para efeito didático, poderíamos esquematizar assim a produção ficcional romântica no Brasil: 
Percebe­se, pelo quadro, que José de Alencar foi o mais fecundo ficcionista do Romantismo brasileiro. 
Político conservador, grande proprietário de terras, escravocrata e nacionalista intransigente consolidou a prosa 
romântica no Brasil. 
Alencar defende em sua ficção indianista o casamento do índio com o colonizador: uns ofereciam a 
natureza virgem e a pureza, outros a cultura, resultando daí a formação do povo brasileiro. 
1.5 ­ Estudo de Texto 
Iracema 
Capítulo II 
Obras e Autores 
O Guarani, Iracema, Ubirajara ­ José de Alencar 
O Ermitão de Muquém ­ Bernardo Guimarães 
Lucíola e Senhora ­ José de Alencar 
A Moreninha ­ Joaquim Manuel de Macedo 
O Gaúcho, O Tronco do Ipê ­ José de Alencar 
O Garimpeiro ­ Bernardo Guimarães 
A Guerra dos Mascates e as Minas de Prata ­ José de Alencar 
O Sertanejo, A Escrava Isaura ­ Bernardo Guimarães 
Inocência ­ Visconde de Taunay 
Tipos 
Romances 
indianistas 
Romances 
urbanos 
Romances 
regionalistas 
Romances 
históricos 
Romances 
rurais 
Além, muito  além daquela  serra,  que  ainda 
azula no horizonte, nasceu Iracema. 
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha 
os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais 
longos que seu talhe de palmeira. 
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; 
nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito 
perfumado. 
Mais  rápida  que  a  ema  selvagem,  a morena 
virgem  corria  o  sertão  e  as  matas  do  Ipu,  onde 
campeava  sua  guerreira  tribo,  da  grande  nação 
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas 
a verde pelúcia que vestia a  terra com as primeiras 
águas. 
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um 
claro da  floresta. Banhava­lhe o corpo a sombra da 
oiticica, mais  fresca  do  que  o  orvalho  da  noite. Os 
ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os 
únicos cabelos. Escondidos na folhagem, os pássaros 
ameigavam o canto. 
Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água ainda a 
roreja, como à doce mangaba que corou em manhã 
de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do 
gará as flechas de seu arco; e concerta com o sabiá 
da mata, pousando no galho próximo, o canto agreste. 
A  graciosa  ará,  sua  companheira  e  amiga, 
brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore 
e de lá chama a virgem pelo nome; outras, remexe o 
uru  de  palha matizada,  onde  traz  a  selvagem  seus 
perfumes, os alvos fios de crautá, as agulhas de jucara 
com que  tece  a  renda, e  as  tintas  de  que matiza  o 
algodão. 
Rumor  suspeito  quebra  a  doce  harmonia  da 
sesta.  Ergue  a  virgem  os  olhos,  que  o  sol  não 
deslumbra; sua vista perturba­se. 
Diante  dela  e  todo  a  contemplá­la,  está  um 
guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau 
espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias 
que bordam o mar nos olhos o azul triste das águas 
profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem­lhe 
o corpo. 
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. 
A  flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangueborbulham na face do desconhecido. 
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a 
cruz  da  espada; mas  logo  sorriu. O moço  guerreiro 
aprendeu  na  religião  de  sua mãe,  onde  a mulher  é 
símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da 
ferida. 
O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, 
não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a 
uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa 
que causara. A mão que rápida ferira, estancou mais 
rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois 
Iracema quebrou a  flecha homicida; deu a haste ao 
desconhecido, guardando consigo a ponta farpada (...)
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2 0  Literatura ­ M2 
Com base no texto, responda: 
1. A descrição da heroína está de acordo com o perfil do herói romântico? Justifique. 
2. Como se apresenta a natureza no trecho apresentado e qual a relação entre personagem e natureza? 
3. Comente o relacionamento entre o elemento nativo e o branco colonizador. 
1) Os trechos transcritos abaixo referem­se ao Romantismo brasileiro. Indique a característica romântica 
ressaltada em cada um. 
a) “O fulcro da visão romântica do mundo é o sujeito. Diríamos hoje, em termos de informação, que é o 
emissor da mensagem”. (ALFREDO BOSI) 
b) “... serviu não apenas como passado mítico e lendário (à maneira da tradição folclórica dos germanos, 
celtas e escandinavos), mas como passado histórico, à maneira da Idade Média...” (ANTÔNIO CÂNDIDO) 
c) “Apesar de os românticos terem constituído um grupo relativamente pequeno, e apesar da pequena 
densidade da cultura intelectual do Brasil no século XIX, a eles coube dar uma definição do Brasil”. 
(DANTE M. LEITE) 
d) “Os escritores românticos não mais seriam obrigados a buscar inspiração na paisagem física, social e 
humana de Portugal. Bastava olharem ao derredor de si e a  literatura que produzissem não era, 
necessariamente, inferior à dos portugueses”. (AFRÂNIO COUTINHO)
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2 1 Literatura ­ M2 
2) Leia o excerto de “Eutanásia” e assinale a afirmativa INCORRETA: 
“E quem to disse – que a morte é a noite escura e fria, o leito de terra úmida, a podridão e o lodo? Quem 
to  disse  –  que  a morte  não  era mais  bela  que  as  flores  sem  cheiro  da  infância,  que  os  perfumes 
peregrinos e sem flores da adolescência? 
Quem to disse – que a vida não é uma mentira – que a morte não é uma mentira – que a morte não é o 
leito das trêmulas venturas? 
a) O poeta realiza nesse excerto uma inversão de flores e concebe a morte como valor otimista. 
b) O poeta realiza uma desconstrução da imagem macabra e gótica da morte e a configura como triunfo. 
c) Através do encadeamento de metáforas e interrogações sugere a dúvida sobre o conceito de morte. 
d) A eutanásia – abreviação da vida – adquire significado inovador: a morte não é o alívio, mas uma ação 
suplementar à própria vida. 
3) Todos os excertos abaixo interpretam corretamente a mulher, EXCETO: 
a) “Pálida, à luz da lâmpada sombria. 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada, 
Entre as nuvens do amor ela dormia! 
A palidez, o leito de flores e o embalsama­ 
mento dispõem o corpo da mulher próximo 
ao estado de morte. 
b) “Em um castelo doirado 
Dorme encantada donzela; 
Nasceu – e vive dormindo 
– Dorme tudo junto dela. 
Adormeceu­a sonhando 
Um feiticeiro condão 
E dormiu no seio dela 
As rosas do coração.” 
A donzela aqui é retratada sob a condição 
parafrásica: trata­se de uma referência aos 
contos de fada. 
c) “Como dormia! Que profundo sono!... 
Tinha na mão o ferro do engomado... 
Como roncava maviosa e pura!... 
Quase caí na rua desmaiado!” 
Embora  retratada  numa  cena  cotidiana,  a 
mulher não perde o alto grau idealizante. 
d) “Ó minha amante, minha doce virgem, 
Eu não te profanei, e dormes pura: 
No sono do mistério, qual na vida, 
Podes sonhar apenas na ventura.” 
A mulher é idealizada em tal proporção, que 
o poeta teme tocá­la e assim profaná­la. 
4) Leia atentamente o seguinte poema: 
“Pálida, à luz da lâmpada sombria 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada, 
Entre as nuvens do amor ela dormia! 
Era a virgem do mar! na escuma fria 
Pela maré das águas embalada! 
Era um anjo entre nuvens d’alcorada 
Que em sonhos se banhava e se esquecia! 
Era mais bela! O seio palpitando... 
Negros olhos as pálpebras abrindo... 
Formas nuas no leito resvalando... 
Não te rias, de mim, meu anjo lindo! 
Por ti – as noites eu velei chorando, 
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!” 
Assinale  a  alternativa  INCORRETA  sobre  o 
soneto: 
a) O poema revela uma antítese  freqüente: o 
sonho como espaço de possível realização 
amorosa, e o despertar como consciência da 
dor e da frustação. 
b) O poema, no todo dos seus versos, explora 
forte sensualidade em relação à figuração do 
feminino. 
c) A primeira estrofe apresenta a mulher como 
“pálida”  e  “embalsamada”,  sob  pouca  luz, 
figurando a morte, já na terceira estrofe, ela 
nos  é  apresentada  sob  a  luz  do  dia, 
corporificada e sedutora e plena de vida. 
d) No último terceto, a mulher, através do riso, 
desconstrói o olhar idealizante do amante, ao 
que ele mostra­se frustrado e dorido.
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22  Literatura ­ M2 
REALISMO ­ NATURALISMO 
­ PARNASIANISMO 
SITUAÇÃO HISTÓRICA 
Três grandes movimentos literários de prosa e poesia floresceram durante a segunda metade do século 
XIX, penetrando pelo século XX: o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo. Deve­se, entretanto, encará­los 
como movimentos exclusivos do século XIX. 
O REALISMO 
A segunda metade do século XIX, na Europa, é uma época de progressos vertiginosos em todos os 
setores. No campo científico, Darwin demonstra a evolução das espécies; Pasteur penetra no segredo dos 
microorganismos; Koch descobre o bacilo da tuberculose; Lamarck estabelece bases concretas para a biologia. 
No campo das ciências humanas, Comte cria o Positivismo, reduzindo o homem e a sociedade ao fato positivo, 
exterior, visível e negando, assim, a metafísica. Marx elabora a sua doutrina; Taine reformula a crítica literária; o 
socialismo se estrutura e ganha adeptos. Com o crescimento desordenado das cidades, grandes e profundas 
diferenças sociais se concretizam. 
O artista, agora, já não pode isolar­se em sua subjetividade. Agora ele é um participante do mundo, 
quando pouco, um observador do mundo. 
Uma constelação de traços vai configurar um novo estilo de época no campo artístico­literário. Esses 
traços ou princípios filosóficos podem ser assim resumidos: 
• predomina uma concepção materialista do mundo; 
• a realidade é interpretada como um todo orgânico. O universo, o homem e a natureza estão intimamente 
ligados, em igualdade de condições, aos mesmos princípios, leis e finalidades; 
• para compreender e explicar a realidade, o homem só se pode valer do conhecimento científico, através 
de fatos. É preciso conhecer a realidade para analisá­la com precisão; 
• não há transcendência: fatos psicológicos e sociais submetem­se às leis do universo e são manifestações 
materiais; 
• a natureza do homem, bem como a dos demais seres, é determinada por circunstâncias exteriores; 
• a verdade, o bem e o belo já existem nas coisas, independentes de razões subjetivas. 
A literatura realista pretende mostrar essa nova visão de mundo. Daí, os escritores realistas assumirem a 
mesma postura dos cientistas. 
“O Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. 
É a crítica do homem, é a arte que nos pinta a nossos próprios olhos  ­ para nos 
conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o 
que houve de mau em nossa sociedade”. 
(EÇA  DE QUEIROZ)
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23 Literatura ­ M2 
São estas as características gerais da literatura realista: 
• Preocupação com a realidade exata, não apenas verossímil; 
• Análise sistemática da realidade; 
• Rigorosa lógica entre as causasbiológicas e sociais que determinam o comportamento dos personagens; 
• Determinismo na atuação dos personagens. O herói realista tem um comportamento determinado por 
forças sociais ou exteriores. Capitu, a heroína de Dom Casmurro, teria sido levada ao adultério por 
forças de circunstâncias pressionadoras externas, como a simpatia e a presença de Escobar e a 
insegurança de Bentinho; 
• O drama de uma vontade individual contra as forças cegas do determinismo biológico, social e cósmico. 
O herói realista é uma vontade em choque com o mundo e acaba sempre vencido por ele. Afinal, como 
pretende a estética realista, o homem não tem sobre os outros seres quaisquer privilégios especiais; 
• O personagem realista é fruto da observação, é fruto concreto, vivo. Aluísio de Azevedo, por exemplo, 
para compor o personagem central de “O Mulato”, marco da nova estética no Brasil (1881), inspira­se 
em Celso Magalhães e em Gonçalves Dias. 
• Predominância da narração na prosa realista, já que ela não pretende fornecer uma interpretação da vida; 
• Representando, de certa forma, uma rebeldia contra “o idealismo romântico relacionado com a classe 
alta”, o realismo logrou impor a pintura verdadeira da vida dos humildes e obscuros, os homens e 
mulheres comuns; 
No plano estético, a  linguagem, entendida agora como fruto mais do  trabalho que da  inspiração, 
decorre de um longo processo de síntese, despojada de todas as coisas não essenciais. Os realistas 
manejam as palavras como um cirurgião maneja um bisturi, precisamente. 
REALISMO/NATURALISMO 
O Naturalismo é um prolongamento ou mesmo uma deformação do Realismo. Uma conseqüência das 
novas idéias científicas e filosóficas que invadiam a Europa na segunda metade do século XIX. Os escritores 
aplicam na literatura os postulados básicos do evolucionismo, da hereditariedade biológica e do positivismo. O 
romancista se compara ao médico. 
“O que os cirurgiões fazem com os cadáveres, limito­me a fazer com os seres vivos”. 
(EMILE ZOLA) 
O Naturalismo é, pois, um Realismo acrescido de certos elementos que o distinguem deste outro. Fortalecido 
por uma  teoria peculiar de cunho científico, uma visão materialista do homem, da sociedade e da vida, o 
Naturalismo põe ênfase na liberdade de expressão e aumenta o interesse na sociedade, sobretudo nas camadas 
mais baixas. 
Para tentarmos uma síntese, podemos afirmar que “o Realismo tende para a visão biológica do homem; o 
Naturalismo encaminha­se para uma visão patológica”. 
Seriam características gerais do Naturalismo: 
• O personagem é um animal, preso a forças superiores e fatais; 
• O naturalismo observa o homem por método científico, como um mero caso a ser analisado; 
• O naturalismo em sua preocupação com a ciência e o processo científico não acha indigno da literatura 
tudo o que esteja na natureza. Assim, o naturalismo se conduz a um certo amoralismo, pela universalidade 
e fidelidade ao fato, não se importando com as opiniões sobre o fato, mas sim com o fato em si próprio; 
• as demais características coincidem com o Realismo. 
A título de exemplo, examinemos os primeiros parágrafos de “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo. 
“Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo 
calor. Quase que não se podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol 
como enormes diamantes; as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se
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24  Literatura ­ M2 
mexiam;  as  carroças  de  água  passavam  a  todo 
instante,  abalando  os  prédios;  e  os  aguadeiros,  em 
mangas  de  camisa,  pernas  arregaçadas,  invadiam 
sem­cerimônia as casas para encher as banheiras e 
os potes. Em certos pontos, não se encontrava viv’alma 
na rua, tudo era concentrado, aborrecido, só os pretos 
faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho. 
A praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. 
De um casebre, de porta e janela, ouviam­se gemer 
os armadores enferrujados de uma  rede e uma voz 
tísica e aflautada cantar em falsete a “gentil Carolina 
era  bela”.  Doutro  lado  da  praça,  uma  preta  velha, 
vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, 
cheio de sangue e coberto por uma nuvem de moscas, 
apregoava  em  tom muito  arrastado  e melancólico: 
fígado, rins e coração! Era uma vendeira de fatos de 
boi.  As  crianças  nuas,  com as  perninhas  tortas  de 
tanto  cavalgar  as  ilhargas maternas,  as  cabeças 
avermelhadas  pelo  sol,  a  pele  crestada,  os 
ventrezinhos  amarelentos  e  crescidos,  corriam  e 
guinchavam.  Um  ou  outro  branco,  levado  pela 
necessidade de sair, passava pela rua, suando, vermelho afogueado, debaixo de um enorme chapéu­de­sol. 
Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, 
mordiam  o  ar  procurando mosquitos. O  quitandeiro,  cochilando  sobre  o  balcão,  cultivava  sua  preguiça 
morrinhenta, acariciando o seu imenso e descalço pé”. 
PARNASIANISMO 
As novas tendências, de tanto êxito na prosa, vão consubstanciar­se numa atitude Iiterária típica na 
poesia: o Parnasianismo. 
Presos aos princípios do positivismo, do cientificismo, presos à objetividade dos realistas, os poetas 
tendem para: 
• uma poesia descritiva, pautada na pintura de fenômenos naturais, fatos da história (exs.: “Vaso Chinês” 
e “O Muro” de Alberto de Oliveira, “Satânia, a Tentação de Xenócrates” e “O Caçador de Esmeraldas” 
de Olavo Bilac); 
• uma preocupação acentuadíssima com a técnica, com a composição do poema; 
• versos impassíveis, perfeição formal, cuidado com a rima, com o ritmo, com a seleção vocabular, como 
esclarece enfaticamente Olavo Bilac, na sua famosa “Profissão de Fé”. 
Profissão de Fé (Fragmento) 
Invejo o ourives quando escrevo: 
imito o amor 
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
faz de uma flor. 
Imito­o. E, pois nem de Carrara 
A pedra firo: 
O alvo cristal, a pedra rara 
o ônix prefiro.
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25 Literatura ­ M2 
Por isso, corre, por servir­me, 
Sobre o papel 
a pena, como em prata firme 
Corre o cinzel. 
Corre, desenha, enfeita a imagem, 
A idéia veste: 
Cinge­lhe o corpo a ampla roupagem 
Azul  celeste. 
Torce, aprimora, alteia, lima 
A frase; e enfim, 
No verso de ouro engasta a rima, 
como um rubim. 
Quero que a estrofe cristalina, 
Dobrada ao jeito 
do ourives, saia da oficina 
Sem um defeito. 
(...) 
Assim procedo. Minha pena 
Segue esta norma, 
Por te servir, Deusa serena, 
Serena forma! 
Celebrarei o teu ofício 
No altar: porém, 
Se inda é pequeno o sacrifício, 
Morra eu também! 
Caia eu também, sem esperança, 
Porém tranqüilo, 
Inda ao cair, vibrando a lança, 
Em prol do Estilo! 
• uma posição de volta aos motivos clássicos, assinalando ainda mais a posição anti­romântica do 
movimento; 
• arte pela arte, a poesia pela poesia; 
• uma parcirmônia no uso de metáforas e imagens, como os exemplos mostram à saciedade.
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26  Literatura ­ M2 
Relacione os versos às características da poesia parnasiana. 
(A) Linguagem sofisticada 
(B) Poesia de tendência clássica 
(C) Gosto pela descrição de objetos de arte 
(D) Reflexão filosófica 
(E) Culto da forma ­ Arte pela arte 
1º (   ) “Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino, escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego. 
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 
Mas que na forma se disfarce o emprego 
Do esforço; e a trama viva se construa 
De tal modo, que a imagem fique nua, 
Rica mas sóbria, como um templo grego”. 
2º (   ) “Estranho mimo aquele vaso! Vi­o 
Casualmente, uma vez, de um perfumado 
Cantador sobre o mármore luzidio, 
Entre um leque e o começo de um bordado.” 
3º (   ) “Se se pudesse o espírito que chora, 
ver através da máscara da face. 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse!” 
4º (   ) “Foram­se os deuses, foram­se em verdade; 
Mas das deusas algumaexiste, alguma 
Que tem teu ar, a tua majestade, 
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma. 
Ao ver­te, com esse andar de divinidade, 
Como cercada de invisível bruma, 
A gente à crença antiga se acostuma 
E do Olimpo se lembra com saudade.” 
5º (   ) Porque o escrever ­ tanta perícia, 
tanta requer, 
Que ofício tal .. nem há notícia 
De outro qualquer 
Assim procedo. Minha pena 
Segue esta norma 
Por te servir, Deusa serena, 
Serena Forma!
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27 Literatura ­ M2 
O REALISMO/NATURALISMO NO BRASIL 
O Realismo encontra no Brasil uma sociedade em processo de transformação acentuada. 
Um movimento Iiterário que tem como atitude básica a análise da realidade, que se marca, inclusive, por 
uma intenção reformadora, assume singular importância. Assim é que os personagens que se movem neste 
campo, ou quadro social, as situações em que se vêem envolvidos, as residências coletivas, os elementos 
regionais típicos, as relações homem­meio físico, o ambiente e a psicologia dos personagens, tudo isso tem 
preferência sobre a trama. 
Torna­se difícil distinguir perfeitamente, entre nós, obras ou autores realistas e naturalistas. Se alguns 
romances de Machado de Assis; “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro”, poderiam, taIvez, 
enquadrar­se entre as obras realistas, podemos dizer que Aluísio de Azevedo com “O Mulato”, “O Cortiço”, 
Inglês de Souza com “O Missionário”, Adolfo Caminha com “A Normalista” e “O Bom Crioulo” estão enquadrados 
no Naturalismo. 
O movimento realista­naturalista, no Brasil, evoluiu para duas direções, que, literariamente enriquecidas, 
alcançaram plenitude na época atual: 
• A Corrente Social, atraída pelos problemas sociais, pelos temas urbanos, contemporâneos, pelos materiais 
comuns da vida cotidiana. 
• A Corrente Regionalista, que põe em relevo a cor local, o papel da terra, que é a verdadeira personagem 
desta literatura. Surgiu, aqui, a noção de um determinismo entre a terra e a conduta humana. 
MACHADO DE ASSIS 
Como uma singularidade na literatura brasileira, Machado de Assis merece um comentário à parte. 
A obra de Machado de Assis pode ser dividida em duas fases distintas: a primeira (romântica) engloba as 
seguintes obras: “Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena” e “laiá Garcia”. Os romances de sua primeira fase 
se caracterizam por uma mistura de romantismo agonizante e psicologismo incipiente. A segunda fase (realista) 
representa um salto qualitativo do autor. Compreendem esta fase as seguintes obras: “Memórias Póstumas de 
Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”, “Memorial de Aires”. 
Esquematicamente, poderíamos dizer que os romances da segunda fase se caracterizam por: 
• Quebra de atitude narrativa 
• Quebra de estrutura linear ­ fragmentação ­ intertextualidade 
• Análise psicológica profunda 
• Nova visão de mundo 
• Senso de humor (influência de Sterne e Swift) 
Como contista, Machado foi esteticamente rígido. Seus contos possuíam a ordem lógica de princípio, 
meio e fim. Um começo capaz de acender o interesse do leitor e um final que deveria suscitar na alma do leitor 
impressões de surpresa, solidariedade, compaixão, misericórdia e riso. 
Suas principais obras nesse gênero foram: “Contos Fluminenses”, “Histórias sem Data” e “Relíquias da 
Casa Velha”. 
Além de romancista e contista, Machado de Assis produziu também poesias: “Crisálidas”, “Falenas”, 
“Americanas” e “Ocidentais”. 
Na poesia, Machado de Assis evoluiu de um romantismo caduco para um parnasianismo duvidoso. Não 
que ele tenha sido mau poeta, mas faltava­lhe uma certa dose de sentimentalidade que, afinal de contas, constitui 
a alma da poesia. Assim, um soneto adolescente imperfeito de Castro Alves nos seduz mais que uma refinada 
peça de Machado.
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28  Literatura ­ M2 
Leia o texto abaixo: 
Virgília 
Realismo 
1­ Visão  científica  controlada  e  associada  à 
psicologia. 
2­ Investigação da alma humana, acentuando­ 
lhe o caráter perverso. 
3­ Obra de arte literária em conformidade com o 
estilo bem trabalhado do autor. 
4­ Ambiente mais focalizado: vida urbana entre 
pessoas da burguesia decadente. 
5­ O autor tem preferência pela observação. 
6­ Existe uma tendência: retratar a realidade in­ 
terior da personagem. 
7­ Perfil  das  características  psicológicas  em 
destaque. 
8­ Amplamente descritivo e detalhista para dar a 
impressão de realidade. 
9­ Romance de natureza psicológica. 
10­ Não há intenção reformista. 
Naturalismo 
1­  Visão  científica  exagerada,  associada  ao 
positivismo e ao determinismo. 
2­ O homem tomado em seu aspecto instintivo, 
libidinoso, animalesco. 
3­ Obra de arte em conformidade com os modelos 
científicos de análise. 
4­ Ambiente mais focalizado: favelas, cortiços ­ 
a vida urbana das populações marginalizadas. 
5­ O autor tem preferência pela experimentação. 
6­  A  tendência maior  é  retratar  a  realidade 
externa da personagem. 
7­ Perfil das características físicas em destaque. 
8­  Relato  de  experiências  cuja  realização  é 
científica. 
9­ Romance de natureza patológica. 
10­ Intenção bastante reformista. 
se ainda  fores viva, quando estas páginas vierem à 
luz  ­  tu que me  lês, Virgília  amada, não  reparas na 
diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro 
empreguei quando te vi? Crê que era tão sincero então 
como agora; a morte não me tornou rabugento, nem injusto. 
­  Mas,  dirás  tu,  como  é  que  podes  assim 
discernir a verdade daquele tempo, e exprimi­la depois 
de tantos anos? 
Ah!  indiscreta  ah!  ignorantona! Mas  é  isso 
mesmo que nos faz senhores da terra, é esse poder 
de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das 
nossas  impressões  e  a  vaidade  dos  nossos  afetos. 
Deixa  lá  dizer  PascaI  que  o  homem  é  um  caniço 
pensante. Não: é uma errata pensante, isso sim. Cada 
estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, 
e que será corrigida também, até a edição definitiva, 
que o editor dá de graça aos vermes. 
Naquele tempo contava apenas uns quinze ou 
dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da 
nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não 
digo que já  lhe coubesse a primazia da beleza entre 
as mocinhas do  tempo, porque  isto não é  romance, 
em  que  o  autor  sobredoura  a  realidade  e  fecha  os 
olhos  às sardas  e  espinhas; mas  também não  digo 
que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, 
não. Era bonita,  fresca, saía das mãos da natureza, 
cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo 
passa  a  outro  indivíduo  para  os  fins  secretos  da 
criação.  Era  isto  Virgília,  e  era  clara,  muito  clara, 
faceira,  ignorante,  pueril,  cheia  de  uns  ímpetos 
misteriosos; muita preguiça e alguma devoção,  ­ ou 
talvez medo; creio que medo. 
Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico 
e moral da pessoa que devia influir mais tarde na minha 
vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês, 
(MACHADO DE ASSIS, VIRGÍLIA. IN: MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, 8. ED. SÃO PAULO, ÁTICA 198L, P. 49.) 
Listemos abaixo algumas características da prosa machadiana presentes no texto.
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29 Literatura ­ M2 
ACORRENTE NATURALISTA 
­ Aluísio de Azevedo 
Aluísio de Azevedo foi o escritor brasileiro que melhor soube traduzir e arquitetar o Naturalismo entre nós. 
Conferiu vida a determinados agrupamentos humanos cujos protagonistas se vão social e moralmente degradando 
por força da opressão social e econômica ou ainda por força do cego determinismo das leis naturais. 
A maior crítica que sempre foi feita a Aluísio de Azevedo é a de que a “sua” sociedade nunca foi capaz 
de criar tipos humanos que se não fossem grandes pelo menos fugissem ao padrão animalizado e das inteligências 
precárias. Seus personagens não transcendem a tipos de uma época determinada, são típicos dela, não são eternos. 
Inaugura a  tendência naturalista no BrasiI com a publicação de  “OMulato”, em 1881, mas  foi  com 
“O Cortiço” que atingiu sua melhor produção literária. Trata­se de uma tragédia determinada pela estrutura 
capitalística das relações de moradia e convivência. O cortiço não é uma forma espontânea de pobreza, mas 
uma forma de exploração, um projeto de lucro. 
Leia o texto abaixo. 
Graças  à  abundância  de  água  que  lá  havia, 
como  em nenhuma  outra  parte,  e  graças  ao muito 
espaço de que se dispunha no cortiço para estender 
a roupa, a concorrência às tinas não se fez esperar; 
acudiram  lavadeiras  de  todos  os  pontos  da  cidade, 
entre elas algumas vindas de bem longe. E, mal vagava 
uma  das  casinhas,  ou  um  quarto,  um  canto  onde 
coubesse  um  colchão,  surgia  uma  nuvem  de 
pretendentes a disputá­los. 
E  aquilo  se  foi  constituindo  numa  grande 
lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas cercas 
de  vara,  as  suas  hortaliças  verdejantes  e  os  seus 
jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam 
como manchas alegres por entre a negrura das limosas 
tinas transbordantes e o reverbero das claras barracas 
de algodão cru, armadas sobre os  lustrosos bancos 
de lavar. E os gotejantes giraus, cobertos de roupa molhada, 
cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco. 
E  naquela  terra  encharcada  e  fumegante, 
naquela  umidade  quente  e  lodosa,  começou  a 
minhocar,  a  esfervilhar,  a  crescer,  um mundo,  uma 
coisa  viva,  uma  geração,  que  parecia  brotar 
espontânea , ali mesmo, daquele lameiro e multiplicar­ 
se como larvas de esterco.  (AZEVEDO, ALUÍSIO. O CORTIÇO. S. PAULO, 
MARTINS 1970) 
Responda: 
1) Ao descrever o nascimento do cortiço o narrador individualiza personagens? Por quê? 
2) Aliste as características essencialmente naturalistas do trecho acima.
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30  Literatura ­ M2 
Por que Machado de Assis? 
Inúmeras razões justificam o consenso de que Machado é o maior 
escritor do Brasil. A autora explica quais são as suas. 
LETÍCIA MALARD 
Outro dia um leitor comum, admirador de 
best­sellers me perguntou por que é consenso entre 
nós,  professores  e  pesquisadores  de  Literatura, 
considerar Machado  de  Assis  o  escritor  genial. 
Respondi­lhe que cada um tem as suas razões, não 
necessariamente coincidentes. No meu caso, contei­ 
lhe resumidamente as minhas, e sem entrar em questões 
teóricas sobre Literatura, pois quem perguntou não é 
especialista, mas apreciador de romances em geral. 
Achei que valia a pena escrever um artigo sobre isso. 
Machado acumulou em vida sucessivas vitórias 
contra  os  padrões  sociais  aceitáveis  pela  cultura 
dominante em sua época: carioca favelado, vendedor 
de doces que a mãe fazia, chegou a tipógrafo e alto 
funcionário do Ministério da Agricultura. Autodidata, é 
com  certeza  o maior  escritor  brasileiro  e  foi  o 
idealizador  da  Academia 
Brasileira de Letras. Mulato e 
epilético, casado com uma bela 
portuguesa,  sofreu  discrimi­ 
nações. Deixou  imensa obra: 
nove romances, mais de cem 
contos, muitas crônicas escritas 
para  vários  jornais,  poemas, 
peças  de  teatro  e  crítica 
literária. Veja alguns motivos 
pelos quais, em minha opinião, 
Machado  é  considerado  o 
maior  escritor  brasileiro  de 
todos os tempos. 
Primeiro motivo: ele rompeu com os padrões 
tradicionais da narrativa no Brasil, quer fosse conto, 
quer romance. Com ele, este último gênero deixou de 
ser uma história contada com detalhes descritivos  ­ 
tanto de seres humanos quanto de paisagens, situações 
e ambientes, para ser uma história entrecortada de 
reflexões, comentários, referências a outros autores, 
obras e personagens adaptáveis a situações da história. 
E, o mais importante, sob a ótica da comuni­ 
cabilidade: o narrador conversa com o leitor. O capítulo 
119 de Dom Casmurro, “Não faça isso, querida!”, que 
vem logo após aquele em que Bentinho narra uma cena 
em que a mulher de seu melhor amigo parece sentir­se 
atraída por ele, resume­se apenas nisto: 
A leitora, que é minha amiga e abriu este livro 
com o fim de descansar da cavatina de ontem para a 
valsa de hoje, quer  fechá­lo às pressas, ao ver que 
beiramos um abismo. Não faça isso, querida: eu mudo 
de rumo. 
A proposta do escritor é a de que o leitor leia 
suas narrativas não só para tomar conhecimento do 
narrado, mas para  refletir sobre ele. Disso  resulta o 
tamanho curto dos capítulos, contrapondo­se ao dos 
romances do tempo, via de regra longos e detalhistas. 
Resultam ainda as constantes chamadas da atenção 
do  leitor,  a  pressuposição do  que  ele  está  achando 
disso ou daquilo, o apelo à filosofia e a outros textos 
literários em perfeita integração com seu próprio texto. 
Segundo motivo: Machado tinha,  consciente­ 
mente, um modo de escrever muito econômico, sintético, 
medido, frases curtas e descomplicadas do ponto de 
vista sintático. Veja como ele abre o capítulo 109 do 
Dom Casmurro: 
Ezequiel, quando começou o capítulo anterior, 
não era ainda gerado: quando acabou, era cristão e 
católico. 
O terceiro motivo é sua visão muito peculiar do 
mundo ­ marcada pela ironia, pelo realismo em excesso 
e pelo pessimismo ­ no tratamento de questões humanas 
que se presentificam no passado, no presente e no 
futuro. Alguns pensamentos seus, disseminados pelos 
livros, agenciam essa visão: 
Não te irrites se te pagarem mal um benefício: 
antes cair das nuvens do que do terceiro andar. 
Marcela amou­me durante quinze meses e onze 
contos de réis. 
“Carioca 
favelado e 
vendedor 
de doces, 
deixou obra 
imensa e é 
o maior”
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31 Literatura ­ M2 
Loteria é mulher, pode acabar cedendo um dia. 
O País real, esse é bom, revela os melhores instintos: mas o país oficial, esse é caricato e burlesco. 
A briga de galos é o Jockey Club dos pobres. 
O quarto motivo é a visão negativista e frustrante 
das relações amorosas, que são tomadas como o centro 
da vida: se o amor como eixo da narrativa é praxe no 
romance desde seu nascimento, o negativismo do amor 
não o é. Exemplifiquemos: 
Em Helena, a morte da heroína é decorrente do 
fato de ela se apaixonar por um rapaz que julgava seu 
irmão. Quando a verdade é descoberta, ou seja, não 
são parentes, já não há mais jeito de recuperar a saúde 
dela e ela morre. 
Em Dom Casmurro, o protagonista Bentinho se 
casa com a primeira e única namorada, depois de um 
relacionamento que começou na infância. Ela acaba 
traindo­o com o melhor amigo dele e tem um filho que é 
a cara do amigo. Mãe e filho morrem no final. 
Em  Memórias  Póstumas  de  Brás  Cubas,  a 
personagem principal Virgília se torna amante de Brás 
depois de casada. Conheceram­se quando solteiros, 
mas não se interessaram um pelo outro. Ambos acabam 
no romance como duas ruínas vivas. 
Em  Quincas  Borba,  o milionário  Rubião  se 
apaixona por Sofia, mulher do melhor amigo, a qual 
não rejeita o ricaço enquanto ele emprestava dinheiro 
para  o marido. Quando  o  dinheiro  acaba  e Rubião 
enlouquece por amor, a mulher afasta­se, indiferente a 
tudo isso. Ele morre mendigo e louco, na companhia 
de seu cão, Quincas Borba. Nesse romance, Machado 
retrata  as  relações  amorosas  interesseiras, 
paralelamente às ingênuas, na sociedade brasileira do 
século XIX,  e  como  essas  relações  são  vistas  por 
pessoas do mesmo nível social. 
Em  Esaú  e  Jacó,  esses  são  gêmeos,  porém 
diferentes em tudo, exceto numa coisa: amam a mesma 
mulher. O romance acaba com a trágica morte dela. 
O  quinto motivo  para  se  admirar  a  literatura 
machadiana  está  no  ceticismo,  na  descrença  da 
previsibilidade das ações humanas. Três de seus contos 
mais belos e famosos o ilustram. 
EmMissa do galo, o clima criado entre um jovem 
e uma mulher madura parece levar a um caso amoroso 
entre ambos. No entanto, o amigo interrompe o colóquio 
deles,  chamando­os  para  a missa,  e  o  caso  não 
acontece. 
Em A Cartomante, esta prediz um belo futuro 
para um rapaz na companhia de uma mulher casada, 
afirmando

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