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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE OURINHOS CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO SDE4482/5314732– ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ARTIGO CIENTÍFICO – 3º ANO/ 5º SEMESTRE ALUNA :LUCIANA DOMINGUES DE OLIVEIRA ORIENTADOR: RICARDO LAINO RIBEIRO ROTINA DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, EM UM HOSPITAL DE PEQUENO PORTE, EM OBSERVÂNCIA AO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS JOAQUIM TÁVORA 2021 ROTINA DE UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, EM UM HOSPITAL DE PEQUENO PORTE, EM OBSERVÂNCIA AO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS RESUMO-O presente exposto busca explanar sobre o que caracteriza e como se organiza uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de um hospital de pequeno porte em um município do Norte Pioneiro do Paraná. A análise apresenta um olhar atento sobre a importância que há na utilização dos instrumentos que auxiliam o trabalho dos profissionais de nutrição, sobretudo do Manual de Boas Práticas. O Manual de Boas Práticas descreve todos os procedimentos realizados na empresa, orientando desde elementos estruturais até a distribuição do cardápio, e tem por objetivo garantir a produção de uma alimentação dentro dos padrões de qualidade higiênico-sanitárias. A metodologia utilizada foi pesquisa descritiva e o levantamento de dados ocorreu por observação. A entidade em questão, conta com um total de vinte e sete colaboradores e uma baixa receita orçamentária, sendo assim, uma melhor organização e o apoio do Manual de Boas Práticas visa não somente fornecer subsídios alimentares e nutricionais aos funcionários e pacientes adequadamente, mas também uma melhor utilização dos recursos evitando desperdícios e alcançando o objetivo de servir uma refeição dentro dos padrões de qualidade satisfazendo ao público atendido. Desse modo a pesquisa evidenciou que esta Unidade de Alimentação atende a maioria dos requisitos preconizados e atinge ao objetivo de servir um produto de qualidade. PALAVRAS-CHAVE: Alimentos - Manual de Boas Práticas - Unidade de Alimentação e Nutrição. INTRODUÇÃO A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) é um setor que tem por função fornecer refeições com qualidade tanto higiênico-sanitárias como em relação às expectativas nutricionais dos pacientes e colaboradores. Para tanto, a fim de que se garanta um nível adequado de segurança, higiene e qualidade na preparação dos alimentos, um importante instrumento, o Manual de Boas Práticas, considera alguns pontos a serem seguidos. O objetivo do presente trabalho é observar como é a rotina de um profissional de nutrição dentro de uma UAN desde o planejamento de compra de materiais, recebimento, de mercadorias, organizações estruturais manipulação de alimentos, até o produto, a alimentação preparada.Como em toda organização é necessário seguir critérios que atendam às legislações e favoreçam a dinâmica do trabalho, cabe refletir nesse momento sobre a função de uma peça fundamental dentro desse cenário, o nutricionista. De acordo com a lei 1834 de 17 de setembro de 1991 “Art. 3º São atividades privativas dos nutricionistas: III - planejamento, coordenação, supervisão e avaliação de estudos dietéticos” (BRASIL, 1991). Vários instrumentos são imprescindíveis ao trabalho em uma UAN, os Procedimentos Operacionais Padrão (POP), as fichas técnicas e o Manual de Boas Práticas. Durante a realização da análise se procurou observar em como o Manual de Boas Práticas infere sobre o organização, funcionamento e trabalho da unidade e refletir se há uma consonância entre o que se preconiza e o que se é efetivado. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo descritivo, realizada em um hospital de pequeno porte localizado em um município do Norte Pioneiro do Paraná no decorrer dos meses de abril a junho do ano de 2021. O serviço de alimentação conta com o modo de gerenciamento de autogestão, contando com colaboradores da própria entidade para produzirem as refeições. A entidade serve café da manhã, almoço e jantar e a clientela são pacientes e funcionários, o número de refeições varia de acordo com o número de pacientes que necessitam permanecer em internamento. Para realização das atividades, a Unidade de Alimentação e Nutrição possui o local de pré-preparo para se retirar sujidades e separar partes não preparáveis, bancada para preparo de carnes, bancada para preparo de hortifruti,local para cocção e refeitório para os colaboradores, já para os pacientes, após refeição estar pronta, é realizada a distribuição. Os funcionários são corretamente uniformizados, utilizam toucas, guardapó, bota fechada de borracha, camiseta e calça brancas, eles realizam as trocas de roupa em vestuário separados em feminino e masculino. Para coletas de dados foi utilizada como instrumento a observação estruturada que permitiu de forma direta perceber comportamentos e atitudes de forma prática. Por meio de pesquisa documental, foi realizada uma análise do Manual de Boas Práticas para se refletir se há consonância ao que é preconizado nele à prática efetiva referente ao trabalho em uma UAN e a observação permitiu perceber em como o instrumento é aplicado no que tange à estrutura física, trabalho diário do setor e sobre os colaboradores inferindo diretamente na dinâmica de trabalho. Todos os dados foram documentados por meio de um relatório diário que considerou critérios sobre estrutura física do local, armazenamento de produtos, higienização do ambiente, dos alimentos e de colaboradores. RESULTADOS E DISCUSSÃO As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) hospitalares podem ser definidas como estabelecimentos localizados em hospitais e desempenham atividades técnicas- administrativas necessárias à compra, recebimento, manipulação, preparação, armazenamento e à distribuição de alimentos e de refeições que atenderão não somente aos pacientes, observando a necessidade nutricional e prescrição médica específica de cada um, mas também colaboradores que atendem a entidade. A análise foi realizada em um hospital de pequeno porte localizado em uma cidade do Norte Pioneiro do Paraná, se trata de uma entidade filantrópica e sua principal mantenedora é a prefeitura do município. O horário de funcionamento da Unidade de Alimentação e Nutrição é das 07h00min às 17h30min, com intervalo de refeição para os colaboradores sendo das 12h00min às 14h30min, e serve dietas contendo proteínas, lipídios, carboidratos, nutrientes e sais minerais, atendendo a especificidade de cada paciente, o número de refeições varia de acordo com demanda de pacientes. A modalidade de gerenciamento é autogestão e como parte de responsabilidade de um hospital, a UAN, segue uma hierarquia, na instituição estudada essa organização de cargos se dá pelo seguinte organograma: Fonte: elaborado pela autora (2021). A unidade de alimentação e Nutrição hospitalar visa assegurar as necessidades alimentares e nutricionais da clientela dentro dos padrões de qualidade estabelecidos. E para que isso ocorra alguns instrumentos se tornam imprescindíveis na padronização de procedimentos que garantem a certificação de qualidade à alimentação produzida, como os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e Manual de Boas Práticas (MBP). PRESIDENTE PRESIDENTEPRESIDENTE SIDENTE AUXILIAR RESPONSÁVEL RESPONSÁVEL NUTRICIONISTA COZINHEIRA COPEIRA AUXILIAR DE COZINHA O Manual de Boas Práticas é um documento regulamentado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), elaborado pelo profissional de nutrição de acordo com as legislações sanitárias vigentes. Deve descrever as operações realizadas pelo estabelecimento observandoos requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e a higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto. O trabalho dos profissionais de nutrição começa antes mesmo de a matéria- prima chegue à entidade por meio da seleção de fornecedores que produzam e armazenem os produtos de forma correta e seguindo as normas de higiene para a garantia da qualidade do produto. Na entidade analisada essa seleção se dá por meio da observação dos critérios de higiene e segurança alimentar a fim de incentivar o mercado local, a preferência de aquisição dos produtos, se dá aos pequenos produtores de hortifruti, açougues e mercados do próprio município. Conforme observação do Manual de Boas Práticas, ao receber as mercadorias se deve observar condições de transporte, higienização das embalagens e aspectos como alteração de coloração, aroma, textura, aparência e odor geral dos produtos recebidos, além de data de fabricação e validade e a conformidade dos produtos recebidos com os descritos na Nota Fiscal. Ao chegar para a entrega, os produtos devidamente listados e comprados pela assistente responsável do hospital juntamente com o profissional responsável de nutrição, são recebidos quinzenalmente ou conforme a necessidade de utilização. O local de recebimento é próximo ao local de armazenamento, este é dividido entre área de armazenamentos perecíveis e não perecíveis, e aqueles que necessitam são devidamente refrigerados. Toda forma de como é organizado o funcionamento de uma UAN deve colaborar para a melhor utilização dos produtos evitando desperdícios, seja no armazenamento, pré-preparo, preparo ou manipulação. Sendo assim o local deve possuir local de limpeza dos alimentos para que se retirem as sujidades e partes não utilizáveis nas receitas como cascas, sementes, local para preparo de hortifruti, bancada para manipulação de carnes e local para cocção. O layout das UAN bem como o seu processo de manipulação deve seguir um "fluxo higiênico" adequado e ininterrupto. A área de alimentos crus deve estar separada da área dos alimentos preparados e prontos para consumo, minimizando, assim, o risco de contaminação. Pisos, paredes e ralos devem ser fáceis de limpar, assim como os equipamentos. (AKUTSU,2005) As dietas são elaboradas observando a especificidade de cada cliente e de acordo com a prescrição médica, podem ser brandas, leves, livres, pastosas, hipossódicas, hipoglicêmicas, entre outras necessidades que o consumidor possua. O cardápio e os recipientes para a alimentação dos funcionários são distintos das utilizadas pelos pacientes e servidos em horários conforme a necessidade de cada um. Durante a noite, devido ao baixo orçamento, há escassez de funcionários e o jantar se dá pela oferta de variados tipos de sopas, pois se trata de um cardápio menos elaborado que exige menos mão de obra para execução. É importante salientar que todo utensílio é armazenado e toda higienização de utensílios utilizados pelos pacientes é realizada em locais distintos daqueles utilizados pelos funcionários, colaborando assim com a diminuição dos riscos de contaminação. Um ponto importante previsto no Manual de Boas Práticas é a guarda de amostras, são colhidas amostras com cerca de 100g de todos os alimentos servidos no cardápio e armazenados sob refrigeração até 4ºC, ou sob congelamento a -18ºC por 72 horas. Esse procedimento tem o objetivo de esclarecer a ocorrência de enfermidades transmitidas por alimentos prontos para o consumo. O estabelecimento conta com o trabalho de uma nutricionista e ela realiza a elaboração do cardápio três vezes na semana, e as refeições a serem executadas são variadas todos os dias, respeitando a aceitação dos clientes, há baixa aceitação de consumo de ovos e carne suína por parte dos pacientes devido a uma cultura popular de que esses alimentos interferem na cicatrização dos ferimentos, mesmo não sendo uma hipótese verdadeira, esses alimentos são pouco ofertados em observação à aceitação. “O planejamento de refeições é estudado com base no estabelecimento dos padrões de cardápios, os quais, por sua vez, se baseiam nos recursos disponíveis, aí incluídos os financeiros, materiais, humanos etc.” (ARAÙJO e ALEVATO, 2011 apud VIANA, 1996). Outro importante instrumento que visa auxiliar o trabalho dos profissionais de nutrição é o uso das Fichas Técnicas de Alimentos, são fichas que contém uma padronização das receitas, possuindo o modo de preparo das refeições, ingredientes, cálculos dos valores nutricionais e realizam o levantamento de custos do prato. De acordo com Akutsu (2005), A padronização do processo de produção de refeição beneficia o trabalho do nutricionista, facilitando o treinamento de funcionários, eliminando a interferência por dúvidas e facilitando o planejamento do trabalho diário. Para o funcionário, esta padronização facilita a execução de tarefas sem a necessidade de ordens frequentes, além de propiciar mais segurança no ambiente de trabalho. No entanto, mesmo possuindo muita importância como material de apoio ao trabalho na UAN é pouco utilizada dentro da referida entidade observada, neste momento convém enfatizar que o trabalho com as Fichas Técnicas colabora também com uma melhor organização do trabalho evitando discussões acerca de diversificação de receitas, evitando problemas que podem inferir diretamente no relacionamento interpessoal entre profissionais prejudicando a dinâmica do trabalho. Durante a observação sobre a organização e funcionamento de uma UAN, alguns pontos foram elencados e avaliados se há conformidade com os padrões estabelecidos no Manual de Boas Práticas. Requisitos como estrutura física do estabelecimento, rede hidráulica, rede de iluminação e ventilação, estocagem de produtos, higienização, higienização dos manipuladores, prevenção de contaminação cruzada e preparo dos alimentos devem estar dentro de padrões pré- estabelecidos pelas legislações a fim de garantir um nível adequado de segurança para evitar possíveis contaminações. Quanto à estrutura física do estabelecimento ainda há o que se melhorar em relação ao teto, não possui forro de material Polyvinyl chloride (PVC), liso e lavável, mas é de laje e possui descascado na pintura. Referente aos banheiros, há um único banheiro para uso feminino e masculino, contrariando o que se preconiza no Manual de Boas Práticas, no entanto há vestiários para ambos os sexos. Referente à rede hidráulica, à de ventilação e iluminação, todos os itens estão em conformidade. O estabelecimento segue rigorosamente as recomendações quanto à higienização, cumprindo todo cronograma de limpeza estipulado, tanto das áreas de manipulação quanto dos utensílios utilizados. Em aspectos de higienização, os manipuladores atendem às recomendações e possuem uniformes adequados e trabalham de forma a colaborar com a prevenção de contaminação cruzada e preparam os alimentos da forma considerada adequada sobre questões de manipulação, controles de temperaturas e gerenciamento de restos. Em relação à estocagem, os produtos são armazenados de forma correta, mas não é realizada a etiquetação com nome do produto, data de fabricação, data de validade e lote dos produtos quando estes são transferidos da embalagem original. O Manual de Boas Práticas descreve todos os procedimentos realizados na empresa e se pode perceber que ele é fundamental para o trabalho dos profissionais de nutrição e na entidade analisada ele descreve de forma bem abrangente e específica cada processo realizado na UAN e todos eles seguem de forma satisfatória às recomendações. . CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a execução da pesquisa, se observoucomo é a dinâmica de trabalho dentro de uma unidade de alimentação e nutrição onde o nutricionista, assim como cada colaborador, tem um papel essencial e cada um tem sua função que se realizada com dedicação e comprometimento colabora para o alcance dos objetivos propostos, que é servir uma alimentação de qualidade, dentro dos padrões higiênico-sanitários e que atenda aos anseios dos pacientes. A Pesquisa evidenciou a importância de cada etapa de trabalho realizado dentro da UAN, seja no planejamento das compras, no recebimento das mercadorias, na organização de estoque, na manipulação, preparo e distribuição dos alimentos, e, a higienização do setor e todas deve seguir os padrões estabelecidos para garantir a segurança tantos dos profissionais quanto do produto que será servido. No estabelecimento estudado, a prática está muito próxima daquilo que é preconizado pelo Manual de Boas Práticas e o que fica em dívida são algumas questões estruturais, mas os colaboradores trabalham de forma dedicada cumprindo os requisitos necessários previstos. Uma questão que não poderia deixar de ser citada é quanto a barreira de uso das Fichas Técnicas, como já é sabido, elas padronizam as receitas, contém importantes informações como ingredientes e utensílios que serão necessários para execução do cardápio, além de informações nutricionais, e podem auxiliar tanto o planejamento quanto a execução do trabalho evitando atritos desnecessários de divergências comuns que ocorrem por diferenças nas receitas. A pesquisa evidenciou que a qualidade e segurança das refeições produzidas estão fortemente ligadas às recomendações que compõem o Manual de Boas Práticas e todos os requisitos que ele contém, de forma articulada, convergem para que se alcance do objetivo de produzir uma refeição de qualidade dentro dos padrões de higiene e que satisfaçam ao público que se destina, pacientes e colaboradores. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Elenice Maria Gonçalves e ALEVATO, Hilda Maria Rodrigues.2011. Abordagem ergológica da organização e das condições de trabalho em uma unidade de alimentação e nutrição. INGEPRO-Inovação, Gestão e Produção, 3(2). Disponível em:<http://ingepro.com.br/Publ_2011/Fev/02%20Artigo%20339%20pg%2010- 22.pdf>. Acesso em 05 jun.de 2021. AKUTSU, Rita de Cássia et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição [online]. 2005, v. 18, n. 3, pp. 419- 427. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1415-52732005000300013>. Acessado 9 junho 2021. AKUTSU, Rita de Cássia et al. A ficha técnica de preparação como instrumento de qualidade na produção de refeições. Revista de Nutrição [online]. 2005, v. 18, n. 2, pp. 277-279. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1415- 52732005000200012>. Acessado em 9 jun. de 2021. BRASIL. Lei nº. 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 set. de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1989_1994/l8234.htm>. Acesso em: 05 de jun. de 2021. http://ingepro.com.br/Publ_2011/Fev/02%20Artigo%20339%20pg%2010-22.pdf http://ingepro.com.br/Publ_2011/Fev/02%20Artigo%20339%20pg%2010-22.pdf https://doi.org/10.1590/S1415-52732005000200012 https://doi.org/10.1590/S1415-52732005000200012
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