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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa estuda o Movimento dos Trabalhadores Sem -Teto (MTST), busca entender sua história e compreender a luta da classe trabalhadora e a ação política no Brasil. É importante conhecer a existência da questão da habitação por que faz transparecer que realmente existem duas classes sociais, os dois grupos diferenciados pela posição que ocupam face os meios de produção e a riqueza existente. Sendo assim tem como objetivo analisar como é tratado a questão da moradia pelo poder estatal no Brasil e em Roraima.
Nessa busca, considera-se importante compreender as ações de diferentes governos e o contexto do problema da Habitação no Brasil, Busca-se apresentar ações sistemáticas do Estado ao longo do tempo no setor habitacional, com atenção especial à população de baixa renda como público-alvo. Procuremos entender os relatos que antecederam a extinção do Banco nacional de Habitação (BNH), pretende-se sondar o pensamento da época e como estes influenciaram as políticas habitacionais até a contemporaneidade. 
O objetivo geral foi analisar o desenvolvimento do MTST no Estado de Roraima. Os objetivos específicos busca compreender a história da formação do (MTST) Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Brasil e em Roraima. Outro objetivo está situado em conceituar a questão Habitacional no Brasil: reflexo no Município de Boa Vista ainda discutir o desenvolvimento do Acampamento Augusto Mariano.
Neste sentido estruturou-se o trabalho em 2 capítulos, sendo que o primeiro é tratado sobre a habitação na contemporaneidade: processo de urbanização no Brasil, traz o contexto do problema da Habitação no Brasil a partir de um panorama histórico, como grande desafio evidencia-se a busca por mais eficiência da política nacional de habitação o segundo capitulo contextualiza o Movimento dos Trabalhadores sem Teto: uma experiência no Acampamento Augusto Mariano, aborda historicamente uma desigualdade do acesso aos direitos entre eles o direito à moradia.
Conduz-nos afirmar que a questão enfrentada pelo MTST é resultante de uma formação social, em que busca um compromisso pela superação, por moradias dignas e pelas políticas públicas de geração de emprego e renda. Compreender essa realidade é tanto alternativa como necessária. É de fundamental importância ampliar nossos conhecimentos, e encararmos a realidade de sofrimento e miséria que cresce de maneira surpreendente nos dias atuais.
Utilizou-se como percurso metodológico a pesquisa quali-quantitativa, nos proporcionando determinado conhecimento sobre a contribuição do MTST para os moradores do acampamento augusto mariano. Enquanto aos objetivos adotou-se a pesquisa exploratória, buscando maior proximidade com tudo o que está relacionado com o tema, tendo como procedimentos as pesquisas bibliográficas e campo, o questionário foi utilizado como instrumento de coletas constituído por uma serie ordenada de perguntas referente ao tema de pesquisa, nesta perspectiva o questionário foi escolhido para atingir o público-alvo, contribuindo nesta pesquisa, através de uma linguagem simples e clara no esclarecimento de dúvidas decorrentes do movimento social MTST de Roraima, sendo aplicado no acampamento augusto mariano.
A HABITAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
O Brasil é um dos países que mais rapidamente se urbanizou em todo o mundo. Em 50 anos transformou-se de um país rural em um país eminentemente urbano, onde 82% da população moram em cidades. Este processo de transformação do habit e da sociedade brasileira produziu uma urbanização predatória, desigual e, sobretudo, injusta. (Oliveira, 2001) 
 Logo, o crescimento urbano emerge assim que a famílias em busca de melhores condições de trabalho, moradia, saúde e os mínimos sociais saem do campo e vem pros centros urbanos.
No início de século XX, a indústria foi um instrumento de povoamento, a partir da década de 1930, o país começou a industrializar-se, como o trabalho no campo era árduo e as péssimas condições de vida existentes na zona rural, em função da estrutura fundiária bastante concentrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos agricultores, do arcaísmo, das técnicas de cultivo, grande parte dos trabalhadores rurais foram atraídos para as cidades com intuito de trabalhar no mercado industrial que crescia ligeiramente. (Funes ,2005)
O trabalhador rural ao sair do campo em direção as cidades, não presumia as dificuldades que enfrentariam, viam-se excluído de direitos e acreditavam que ao ingressar no mundo do trabalho formal, industrial, estariam também ingressando no espaço de cidadania.
Assim o crescimento e o desenvolvimento do Brasil impulsionaram o surgimento de diversas cidades, principalmente com a implementação de variadas indústrias, que possibilitaram novos empregos, atraindo a população que vivia no campo para a cidade. (Souza, 2000 p 88)
	
No tocante sabe-se que a urbanização não teve várias faces no país. É possível perceber que alguns lugares forma mais urbanizados que outros devido às políticas públicas, e os direitos aos mínimos sociais mais atuantes. Neste sentindo, as regiões Sul e Sudeste são as que possuem maior concentração de migrantes e imigrantes. 
O crescimento desregrado dos centros urbanos provocou consequências, como o trabalho informal e o desemprego decorrente de sucessivas crises econômicas. Outro problema muito grave provocado pela urbanização sem planejamento foi a marginalização dos excluídos que habitam áreas sem infraestrutura (saneamento, água tratada, pavimentação, iluminação, policiamento, escolas e etc.) e junto a isso a criminalidade (tráfico de drogas, prostituição, sequestros entre outros.) (Sader, 2010) 
Nota-se que o rápido desordenamento processo de urbanização ocorrido no Brasil trouxe uma serie de consequências, e em sua maior parte negativas. A falta de planejamento urbano e de uma política econômica menos concentradora contribuiu para a ocorrência de vários problemas sociais.
A terra polida tornou-se uma mercadoria cara, e, portanto escassa e essa situação colaborou para a ampliação do problema da carência por moradia, obrigando uma parcela da população a buscar alternativa em outros lugares, especialmente nas periferias das cidades.
O Brasil é um país de grande contraste social. A distribuição de renda é desigual, sendo que uma pequena parcela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria. Embora a distribuição de renda tenha melhorado nos últimos anos, em função dos programas sociais, ainda vivemos num país muito injusto. (Revisa Brasileira da Habitação,2012 p. 95)
Compreende-se então que a distribuição dos benefícios historicamente é muito injusta sendo resultante de décadas de descaso de incompreensão, de preconceito, e de atuação privilegiada voltada apenas para alguns setores da cidade. O quadro urbano atual se constitui em um dos maiores desafios neste século que se inicia. (Oliveira, 2001)
Para Lorenzetti (1999) e Melo (2007), segundo eles o acesso à moradia no Brasil confunde-se com um símbolo de ascensão social. A moradia é vista como um patrimônio a ser comprado, como uma mercadoria, e depende do esforço pessoal de cada um. Assim sendo, a habitação passa a depender, única e exclusivamente, da capacidade de pagamento de cada indivíduo.
No entanto com o intuito de minimizar suas necessidades básicas, as famílias que possuem baixa renda se alojam nas encostas de morros, estando em áreas sujeitas a inundações, lugares impróprios para constituir sua residência. Desse modo arriscam suas integridades físicas ocasionando danos também ao meio ambiente.
Em meio as estratégias de sobrevivência no espaço urbano adotada pelas famílias, Cardoso (2010) conceitua que:
“Nos processos de favelização, encortiçamento e periferização, onde prevalecem a irregularidade e a ilegalidade do acesso à terra e precárias condições de sobrevivência, pela carência quantitativa e qualitativa dos equipamentos e serviços urbanos, e por grandes dificuldades de acessoao sistema de transportes, impedindo assim sua mobilidade plena no espaço da cidade”. (Cardoso,2010 pág. 24)
Assim as habitações vão ter diferentes características a depender do nível de renda da população, pois, não se pode desconsiderar que a estrutura dos lugares e as condições das moradias estão associados a classe social dos indivíduos que lá residem. “As diferenças entre os lugares e a possibilidades de habitar estão associadas ao peso que o mercado imobiliário teve e tem na produção de moradias, e ainda vão ter aqueles que nem se quer tem um teto para abrigar-se” (Rofrigues, 1990)
É importante ressaltar que a questão social é um componente das relações sociais estabelecidas pelo sistema capitalista, que por sua vez, são expressões de processos socioculturais e políticos de uma civilização moderna que se nutre do atraso e do pauperismo. Segundo Octavio Ianni
“Em perspectiva histórica ampla, a sociedade em movimento apresenta-se como uma vasta fábrica das desigualdades e antagonismos que constituem a questão social. A prosperidade da economia e o fortalecimento do aparelho estatal parecem em descompasso com o desenvolvimento social. Isto é, a situação social de amplos contingentes de trabalhadores fabrica-se precisamente com os negócios, a reprodução do capital. As dificuldades agudas da fome e desnutrição, a falta de habitação condigna e as precárias condições gerais de saúde são produtos e condições dos mesmos processos estruturais que criam a ilusão de que a economia brasileira é moderna, ou de que o Brasil já é a oitava potência econômica do mundo ocidental e cristão”. (OCTAVIO IANNI,2007, pag. 18)
A questão de habitação, especificamente o problema da moradia, reflete as cidades como fontes de contradições de classes inerentes ao modo de produção do capital. As Cidades se deparam em um cenário de consolidação de forças produtivas de um lado a classe capitalista industrial que detém os meios de produção e do outro o trabalhador que só detém sua força de trabalho. (Flavio Vilhaça, 1986)
Gohn, (1982) conceitua que os espaços polidos devem ser analisados, a partir da acumulação do capital, isto significa as formas das cidades e suas origens no desenvolvimento industrial, ou seja, no modo de produção capitalista.
A questão da habitação percorre essa lógica da acumulação do capital. Ela assume forma de mercadoria, pois tudo que se produz no modo de produção capitalista. Porém o mercado imobiliário é seletivo social e economicamente. Produz ou fornece aquilo que tem lucro imediato e dessa maneira a moradia para que mais necessite não são lucrativos, os que não conseguem sua moradia no mercado e obrigado a recorre as políticas públicas de habitação. (GOHN, 1982 pg. 211)
Segundo Flavio (1986) devido ao surgimento das maquinas e a força da classe burguesa, se torna mais grave a expropriação dos meios de produção e da mão de obra do trabalhador, o proletariado vive numa grande miséria com baixas remunerações, o que sobra para o sustento dessa classe é o mínimo do mínimo e diante destas circunstancias Engel (2008) conceitua que o problema da habitação é um fator fundamental e determinante na reprodução do capital e analisa como esse fato reflete na vida do proletariado.
	
A percepção da desigualdade o mercado capitalista, os baixos salários desde a formação Brasileira impossibilitaram o acesso a moradia para grande parte da população. Na sociedade de classes verifica diferenças no que se refere ao acesso aos bens e serviços, no Brasil essa situação revela-se com grande força onde parte da população das cidades vive em condições precárias. 
Nesta perspectiva Engels, (2008) conceitua que:
[...] o conceito de trabalhador livre contém já implícito que o mesmo é um pauper; pobre virtual. Com respeito às condições econômicas é mera capacidade de trabalho e por isto, dotado de necessidades vitais. E uma necessidade em todos os sentidos, visto não dispor das condições objetivas para a realização da sua capacidade de trabalho. Quando o capitalista não necessita do sobre trabalho do indivíduo ele não pode realizar o trabalho necessário, produzir os seus meios de subsistência. Quando não pode obtê-los por meio do intercâmbio mercantil obterá por meio de esmolas que sobram para ele da renda de todas as classes. (MARX, 1980, pag.110)
Observa-se que o atual aumento da pobreza histórica no país tem estado relacionado, não apenas ao desemprego, mas, também, ao difícil acesso a serviços necessários ao processo de reprodução da força de trabalho. Embora esses serviços, em si mesmos, não sejam capazes de incidir sobre determinantes estruturais da pobreza, sua ausência ou precariedade agravaria ainda mais as condições de vida dos segmentos mais Pauperizados da classe trabalhadora.
Chauí, (1997) “argumenta que nesta sociedade que se assenta sobre o desemprego estrutural, mas que, conforme problematiza, continua valorizando moralmente o trabalho e por isso, desmoraliza, humilha e degrada o desempregado, julga todo trabalhador um desempregado potencial”.
Nesta perspectiva Iamamotto, (2001) conceitua que:
[...] duplo tormento: ser trabalhador livre dependente do trabalho para se reproduzir e não encontrar oportunidade de trocar sua força de trabalho por meios de vida, seja via relação típica salarial ou outras formas de venda de seus serviços, que fogem aos critérios da lucratividade porquanto voltadas para a reprodução dos meios de vida. A radicalidade do dilema é que atualiza-se a condição de trabalhador livre, despossuído, sem que se atualizem as possibilidades de transformar-se em trabalhador assalariado. A condição de trabalhador livre ‘desvincula-se’ da condição de trabalhador assalariado, mais além da vontade individual do sujeito, uma vez que vem crescendo, em um ritmo cada vez mais acelerado, o contingente populacional efetivamente sobrante para as necessidades médias do capital no atual estágio de desenvolvimento das forças produtivas (IAMAMOTO,2001, pag. 201)
	As cidades passam por um constante processo de reestruturação em função dos estágios diferenciados do capitalismo, alterando a paisagem urbana. Logo, o novo modelo de organização dos espaços urbanos é fator fundamental quando se trata de políticas de moradia. Logo, Cassab, (2001) aponta os efeitos da reestruturação urbana.
“[...] ao contrário da cidade moderna, que com suas praças, monumentos e jardins estimulava a presença e aglomeração das pessoas nas ruas, a cidade contemporânea não propicia tal presença. A cidade cresceu demais, tornou-se mais e mais impessoal e, principalmente, transformou-se num lugar violento, perigoso e ameaçador [...]” (CASSAB, 2001, p. 116),
Compreende-se que todos os investimentos encontrar-se subordinados às normas e níveis de competitividade das grandes metrópoles capitalistas e do capital dominante no mercado mundial, o que tem contribuído às outras estratégias descritas, para o estímulo da pobreza.
Motivada por essa aflição, a burguesia desencadeou um novo processo de renovação urbana, que incluía a demolição de imóveis que serviriam de abrigo à classe trabalhadora. Tem-se aí a primeira crise de moradia: a associação de um veloz crescimento da população urbana com a extinção de parte do parque imobiliário existente, a carência de moradias favorece a cobrança de elevados aluguéis esta situação cria um atrativo para o capital-dinheiro existente na economia e estimula a compra de imóveis para o seu parcelamento em cubículos. (CARDOSO, 2010)
Não existia interesse das classes dominantes em sua solução. Tal desinteresse, segundo o autor, demonstraria a intenção dos capitalistas em conservar o operariado pressionado pela necessidade contínua de vender sua força de trabalho para ter acesso à moradia e, ao mesmo tempo, submetido às iniciativas patronais de construção de vilas operárias. (Engels 1984 p. 36),
Assim a habitação resulta de um complexo processo que envolve produção e comercialização, as desigualdades socioeconômicas e o alto custo de aluguel mostram a realidade que os trabalhadores vem sofrendoem situação de opressão, esse mecanismo mostra a impossibilidade desta questão ser superada pelos limites da sociedade regida pelo capital
Partindo da concepção de Moreira, (2007) que conceitua que o solo urbano passa por intensa valorização, verificando-se uma seletividade do espaço, que favorece as elites, enquanto os desfavorecidos enfrentam problemas, principalmente em relação à questão da moradia o Estado interfere de forma a criar condições para reprodução do capital, ao mesmo tempo em que busca soluções para mediar à falta de moradia da parcela da população de menor poder aquisitivo, que é a base da sustentação da reprodução do capital. 
Assim compreende-se que o papel do estado nesse processo é contraditório, em sua análise uma vez que sua dupla atuação, ora em favor do capital, ora em favor do espaço social. Assim o papel enquanto mediador dos dois extremos que se coloca na reprodução das relações sociais dar-se por conseguinte a emergência dos conflitos e contradições.
Na contemporaneidade, a concepção de habitação que norteia a política nacional de habitação tem como premissa a garantia de moradia digna que contemple a inserção urbana, infraestrutura, equipamentos comunitários, ou seja, uma visão que vai muito além da ideia de habitação apenas como “casa” englobando o direito ao habitar com dignidade. (Cardoso, 2010 p 12)
Assim o cumprimento dos países em abordar a demanda do desenvolvimento urbano com uma visão geral para promover habitação acessível a todos e melhores condições de vida tanto em moradia como em trabalho, nas áreas urbanas e rural no contexto da erradicação da pobreza, para que todos tenham acesso a serviços básico.
Nesta perspectiva santos (1998) argumenta que uma Política Habitacional que se propõe “a enfrentar esses problemas diagnosticados há muito por vários especialistas da área, tem que abranger as diferentes faixas de renda que se encontram hoje sem acesso ao mercado formal de moradia, dando prioridade para a população de baixa renda”. 
Assim o comprometimento Política de Habitação aborda a questão do desenvolvimento de forma geral, provendo habitações acessíveis a todos e melhores condições de vida tanto na moradia como no trabalho, dando oportunidades para que todos tenham os serviços básicos em questão de habitação e modalidades.
A política habitacional no Brasil tem sido marcada por diversas mudanças na concepção e no padrão de intervenção do poder público no setor que ainda não proporcionou êxito, especialmente no que se refere ao equacionamento do problema da moradia para a população de baixa renda. No próximo item discorreremos um breve relato do contexto histórico que abordará a Política Nacional de Habitação
Um Breve Relato do Contexto Histórico da Política Nacional de Habitação
Quando se trata da Política Nacional de habitação Santos (1999) esclarece que “no século XIX, com a constituição da república, o aumento da população das cidades trouxe como um dos problemas a moradia para a massa pobre trabalhadora”. 
Neste sentindo compreende-se que devido o modo acelerado movimento de industrialização e o desenfreado crescimento da população fez-se a necessidade de criar políticas públicas voltadas para a habitação. Portanto há um crescimento das áreas ilegais, sendo estas expressões diretas da ausência de políticas de habitação social, não havia políticas que impedissem a formação de área urbanas irregulares e ilegais, (Funes,2005) “conceitua que as políticas habitacionais proposta foram, em sua maioria, ineficazes devido a diversos fatores políticos sociais, econômicos e culturais”.
A primeira política nacional de habitação, foi criada em 1946, conhecida como Fundação da Casa Popular, que financiava a construção de habitações, dava apoio à indústria de materiais de construção e à implementação de projetos de saneamento. Assim:
Revelou-se ineficaz devido à falta de recursos e às regras de financiamento estabelecidas, o que comprometeu o seu desempenho no atendimento da demanda, que ficou restrito a alguns estados da federação e com uma produção pouco significativa de unidades. (KLUMB, 2008 p 15).
Desse modo, entende-se que o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), modelo representado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), representando o marco essencial da intervenção do governo brasileiro no setor habitacional, diante das crescentes carências habitacionais das camadas populacionais de baixa renda no país. Afinal, a maior parte das moradias já existentes não contava com uma infraestrutura adequada. (SANTOS, 1999).
	Na concepção de Schmidt (1983)
“As principais razões para deslanchar uma política habitacional, através da criação do BNH, eram a pesada migração rural-urbana e a contínua pressão inflacionária. O crescimento urbano tinha já sido deteriorado através da proliferação de habitações subumanas, formando um potencial político de revolta contra as autoridades, principalmente a política de Lacerda de ‘desfavelamento’. (...) Todavia, a crescente inflação estava já afetando a política de aluguéis e o setor da construção civil; ambos os fatores trabalhando para desestimular novos investimentos em habitação. Por seu turno, desinvestimentos no setor da construção civil estavam já afetando o nível da oferta, o que fazia pressão altista sobre os aluguéis. Desnecessário dizer que para as classes médias a aquisição de propriedade privada (imóvel) tinha um incrível apelo, e assim tornou-se uma política central do novo regime, no sentido de alargar-lhe o apoio e legitimidade junto às massas”. (Schmidt, 1983, p. 112):
Portanto, foi uma estratégia clara para intervir na questão dos problemas habitacionais desenvolvido pelo Banco Nacional de Habitação seguido de uma rede de agentes promotores e financeiros capazes de viabilizar as implementações em grande escala das ações necessárias na área habitacional e fontes de recursos estáveis, permanentes e independentes de oscilações políticas. No que concerne à política do BNH, Valladares (1983) evidencia um aspecto comum nas interpretações de diversos autores da época concernentes à sua criação:
É a crise do próprio setor imobiliário naqueles anos, que se traduzia numa crescente baixa de investimentos do setor, resultando no aumento do déficit habitacional. No centro dessa crise estava a inflação, que desestimulava os investimentos e provocava um surto especulativo nos grandes centros, bem como a desarticulação do setor imobiliário (Valadares, 1983, p.38). 
Bonduki, (2007) argumenta que:
[...] “A postura de privilegiar a saúde financeira dos fundos levou os burocratas [...] a priorizar os empréstimos habitacionais para o mercado médio, estabelecendo uma redistribuição às avessas, em que os recursos dos trabalhadores financiavam as camadas de melhor renda. Este fato voltou a acontecer durante o período autoritário, quando o Banco Nacional de Habitação, ao garantir as cadernetas de poupanças privadas tendo como lastro os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) desviou recursos destinados às camadas de baixa renda para os grupos de renda média. A política desenvolvida pelo BNH também revelou-se incapaz de atender os setores mais carentes (a faixa de população de renda até 3 salários mínimos), além de ter sido responsável por uma brutal remoção de população favelada para conjuntos mal equipados na periferia da cidade, com graves consequências sociais. Os investimentos sociais do BNH, no entanto, tiveram algum impacto quantitativo sobre a população na faixa de 3 a 10 salários mínimos18 e sobre a ampliação da oferta de serviços de saneamento básico, principalmente de abastecimento de água, o que contribuiu para reduzir, relativamente, as desigualdades espaciais nas cidades”. (Bonduki, 2007, pg 45)
Devido à firmação da visão bancária de ascensão ao crédito para financiamento habitacional, viu-se que as implementações destes programas não significaram melhorias no combate aos problemas habitacionais, principalmente no fragmento mais pobre da população. Manteve-se, um atendimento privilegiadopara as camadas de renda media, apenas a minoria foram destinados para a classe de baixa renda onde se concentrava 83,2% do déficit total. Neste contexto:
Desde o início da atuação do BNH, verificou-se a existência de problemas no modelo proposto, tendo o Banco, ao longo de sua existência, efetuado mudanças visando corrigir o percurso de suas ações no que, entretanto, não foi bem sucedido, e, por não conseguir superar a crise do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), acabou extinto em 1986. (BRASIL, 2004)
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A crise do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o cancelamento do Banco Nacional de Habitação - BNH criaram uma lacuna com relação à política habitacional no país, com a desarticulação progressiva do interesse federal, ocorrendo a fragmentação institucional, “perda da capacidade decisória e redução dos recursos disponibilizados para investimento na área”. (Santos,1999)
	
As ações políticas ao longo da história não deixam dúvida quanto ao desvirtuamento dos objetivos da política e o não cumprimento de suas metas, o que confirmado pelo elevado déficit habitacional. Foi exatamente a incapacidade em atender à população de mais baixa renda, objetivo principal que havia justificado a criação, do BNH e o modelo SFH que passou a ser alvo de críticas ao longo de sua atuação.
Em agosto de 1986, as atribuições do BNH foram transferidas para a Caixa Econômica Federal, permanecendo a área de habitação, no entanto, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MDU), cuja competência abrangia as políticas habitacionais, de saneamento básico, de desenvolvimento urbano e do meio ambiente, enquanto que a Caixa estava vinculada ao Ministério da Fazenda. (SOUZA,2007)
Segundo Santos, (1999) de 1985 a 1988 a política de habitação passou por várias instâncias, em setembro de 1988, ocorrem novas alterações, cria-se o Ministério da Habitação e do Bem-Estar Social (MBES), e em março de 1989, ano seguinte, é extinto o MBES e cria-se a Secretaria Especial de Habitação e Ação Comunitária (SEAC), sob competência do ministério do interior.
Em um período de apenas quatro anos, o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MDU), criado em 1985, transformou-se em Ministério da Habitação, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (MHU), em Ministério da Habitação e Bem-Estar Social (MBES) e, finalmente, foi extinto em 1989, quando a questão urbana voltou a ser atribuição do Ministério do Interior (ao qual o BNH era formalmente ligado). As atribuições na área habitacional do governo, antes praticamente concentradas no BNH, foram pulverizadas por vários órgãos federais, como o Banco Central (que passou a ser o órgão normativo e fiscalizador do SBPE), a Caixa Econômica Federal (gestora do FGTS e agente financeiro do SFH), o ministério urbano do momento (formalmente responsável pela política habitacional) e a então Secretaria Especial de Ação Comunitária, a responsável pela gestão dos programas habitacionais alternativos.( santos, 1999 pag 102)
Assim verifica-se a continua mudança da Política Habitacional que vem experimentando períodos de alta instabilidade, quando da mudança nos vários Ministérios, desde 1985, até aos dias atuais.
Um grande avanço na historicidade da Política de Habitação foi a inclusão na Constituição Federal do capitulo 13 e 183 que trata da Política Urbana, essa questão foi reconhecida como tema de interesse nacional a partir de três eixos: a função social da propriedade e da cidade; a gestão democrática da cidade; e o direito à cidade e à cidadania. (SAULER,2004)
Segundo Brasil, (2004) tem-se que;
Foi a partir da Constituição de 1988 que teve início a regulamentação específica da política urbana e habitacional, hoje expressa no Estatuto da Cidade - Lei nº 10.257/2001, que traduz no seu conteúdo o reconhecimento à função social da cidade e da propriedade imobiliária, oferecendo oportunidades para que os governos locais possam combater a espoliação urbana através do reconhecimento das necessidades das camadas mais expropriadas da sociedade. (BRASIL 2004 p. 12)
 	Assim as Políticas Nacionais para a Habitação mostram como os principais programas nacionais tornaram o problema habitacional uma obrigação do Estado e do município, possibilita compreender como se configura a evolução das políticas e o seu cenário atual em cada Estado.
Neste cenário, nasce um amplo conjunto de experiências municipais de habitação de interesse social. Depois do tempo de centralização e homogeneização da maneira de intervenção na habitação social, ocorre, nas esferas municipais e estaduais, uma fase de atomização de experiências, bastante heterogênea, marcada pela diversidade de iniciativas, entretanto pouco articulada em face da ausência de uma política nacional. 
Assim, segundo Denaldi (2003):
A aproximação em questão a política habitacional ressalta a potencialidade da gestão municipal em ampliar a ação e a democratização das políticas. A gestão municipal teria, ainda, a virtude de ser o nível de governo que permitiria uma maior integração entre as políticas de provisão de moradias e as políticas fundiária e de controle do uso e ocupação do solo, o que ampliaria mais suas possibilidades de ação. (Denaldi 2003 p. 96)
Assim a situação ostenta que o poder público sempre teve privilegio e destacado papel. Hoje com tudo ele assume função de protagonista a ser o principal responsável pela formulação da sua política urbana. O processo é permanente em eventual por se tratar de instrumentos que a lei prevê serem aplicadas em cidades mecanismos executados por dignidade. 
Portanto, a análise da realidade urbana brasileira, observada do ponto de vista das políticas urbanas adotadas, comprova que, desde a adoção da política do encilhamento, a lógica de subordinar a política urbana e habitacional aos interesses da reprodução das relações capitalistas de produção tem dirigido a ação do Estado. Esta dialética tem se confirmado ao mesmo tempo uma forte fonte de lucro para o capital imobiliário e extremamente incompatível com as necessidades das classes populares, gerando uma sociedade urbana excludente e uma estrutura de cidade fortemente segregada, que tem na falta de moradia uma de suas características principais.
A Nova Política de Habitação no Século XX: Reflexo na Atualidade
A questão da habitação pode ser considerada, na atualidade, um dos principais problemas sociais urbanos do Brasil. Numa análise que concebe o problema da moradia integrado à questão do direito à cidade, é possível perceber que as reivindicações em relação à habitação emergem em várias modalidades.
Assim, da Lei de Terras (1850) ao Banco Nacional de Habitação (1964), passando pela Fundação da Casa Popular (1946), viu-se no Brasil a constituição de uma realidade onde a população mais carente foi relegada às margens ilegais das cidades, morando em cortiços, favelas ou em loteamentos clandestinos em condições insalubres de vida, sem ou com deficiente infraestrutura, caracterizando, na história do país, uma política habitacional e urbana. (BRASIL, 2004)
No Brasil ao longo do século XX os fenômenos de urbanização provocaram o agravamento do histórico quadro de exclusão social. A luta através dos movimentos sociais, associações e sindicatos, organizações não governamentais pela reforma urbana iniciou a partir dos anos 80, com o objetivo de alterar a realidade de segregação espacial e social de uma grande parcela da população. (SINGER, 1982) 
Segundo Fernandes, (2008):
No início dos anos 2000, foi aprovada a Lei Federal 10.257, conhecida como Estatuto das Cidades, que, em linhas gerais, tem como objetivo fornecer suporte jurídico mais consistente às estratégias e processos de planejamento urbano garantindo a função social da propriedade, o planejamento participativo nas políticas urbanas e o acesso universal à cidade. (FERNANDES 2008 p. 98)
É importante ressaltar que durante 11 (Onze) anos de tramitação legislativa, muitos foram os embates onde se explicam os conflitos entre inúmeros e diversos interesses em jogo sobre ofuturo e destino das cidades. A construção do Estatuto da Cidade foi longa e difícil, entretanto nela estão garantidos princípios certamente desejados principalmente a população de baixa renda. (CARTILHA DA SECRETARIA DE ESTADO ARTICULAÇÃO E POLÍTICA URBANA, 2012) 
Compreende-se que o Estatuto das Cidades reúne importantes instrumentos urbanísticos responsáveis pelo estabelecimento da política urbana na esfera municipal e pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, como preconiza a CF. A nova Política Nacional de Habitação visa promover as condições de acesso à moradia digna a todos os segmentos da população, especialmente o de baixa renda, contribuindo, assim, para a inclusão social.
Segundo Sauler (1999), 
Antes da Constituição Federal de 1988 não existia menção à ordem urbanística no Brasil, de forma que o referido capítulo destinado ao tema dispõe sobre os princípios, responsabilidades e obrigações do poder público e também acerca dos instrumentos jurídicos e urbanísticos para conter os desgastes ambientais e acabar com as desigualdades sociais. Em 2001 surge a lei 10.2257estatuto da cidade que regulamenta as exigências constitucionais estabelecida nos artigos 182 e 183. (Sauler 1999 p. 65)
Assim compreende-se que para regulamentar o capítulo da política urbana, bem como assegurar formas de garantir o direito à moradia, a Lei 10.257/2001, chamada de Estatuto da Cidade, fez surgir diversas formas de intervenção do Poder Público sobre o patrimônio particular bem como sobre as próprias cidades. 
Assim com o objetivo de garantir o pleno desenvolvimento das cidades e a função social da propriedade urbana, foi aprovado pela câmara municipal, obrigatório para todas as cidades com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana o plano diretor, eixo principal da regulação urbanística das cidades. Permite aos municípios a adoção de instrumentos para a urbanização e a legalização dos assentamentos, o combate à especulação imobiliária, uma distribuição mais justa dos serviços públicos, a recuperação para a coletividade da valorização imobiliária, soluções planejadas e articuladas para os problemas das cidades e a participação da população na formulação e execução das políticas públicas. (CARTILHA DA SECRETARIA DE ESTADO ARTICULAÇÃO E POLÍTICA URBANA, 2012) 
Assim santos (1999) esclarece que “esse pressuposto vem, no Estatuto das Cidades, balizado pelo modelo de participação social institucionalizado pela constituição de 88”. 
Assim fica claro que o Estatuto da Cidade é nesse momento, a esperança de mudanças positivas no cenário urbano, reforça a atuação do poder público local com poderoso instrumento, permite ações consequentes para a solução ou minimização dos graves problemas observados nas cidades brasileiras.
Na PNH fica evidente a defesa concepção através da análise da situação habitacional, dos princípios, diretrizes e objetivos gerais da política, que tem como alicerce a Constituição Federal de 1988, Essa compreensão da moradia e cidades integradas, do campo e cidade, é importante para estabelecer uma relação entre as políticas sociais que propiciem uma efetiva descentralização e democratização da gestão, efetivando-se em uma verdadeira reforma urbana no país. (SOUZA, 2007 p. 85)
É importante ressaltar que nesse contexto o Estatuto reforçou instrumentos para garantia da função social da propriedade e da regularização fundiária, tais como imposto sobre propriedade imobiliária urbana progressivo, desapropriação com títulos da dívida pública, usucapião urbano, concessão especial para fins de moradia, demarcação de zonas especiais de interesse social
Um ponto importante para o tratamento da questão Urbana no Brasil foi, sem dúvida, a criação, em 2003, do Ministério das Cidades (Governo Lula) como órgão coordenador, gestor e formulador da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, sendo que a habitação ficou centrada na Secretaria Nacional de Habitação (SNH). (BRASIL,2004)
No tocante, conceitua que a nova PNH, que foi estabelecida pelo Ministério das Cidades em 2004, conta com um conjunto de instrumentos a serem criados, pelos quais se viabilizará a sua implementação, composto pelo o Sistema Nacional de Habitação, o Desenvolvimento Institucional, o Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação e o Plano Nacional de habitação. 
É importante ressaltar que a criação desse Ministério foi uma reivindicação dos movimentos que lutam por um espaço de interlocução junto ao poder público com o objetivo de discutir e aprovar uma Política de desenvolvimento Urbano para o Brasil, incorporando e articulando as políticas de habitação, saneamento ambiental, transporte e mobilidade. (SANTOS, 1999)
Compreende-se que para suprir as frações da classe trabalhadora desfiladas de direitos, as soluções encontradas para satisfazer a necessidade da categoria estavam relacionadas unicamente as iniciativas coletivas dos movimentos sociais ao longo do contexto Histórico.
A defesa de subsídios para o atendimento à população que ganha até três salários mínimos também é bandeira de luta dos movimentos de moradia, aprovada na I Conferência das Cidades - 2003 e expressa no item do Plano que trata da gestão de subsídios "a transferências de recursos não onerosos - na forma de transferência de renda - para atender a parcela da população sem capacidade de pagamento de moradia, identificada como pertencente à faixa de população abaixo da linha de pobreza.” (BRASIL, 2004, p.25)
Deve-se compreender que a política urbana é uma Política Social, e que o núcleo da Política Urbana está relacionado ao consumo de bens e serviços coletivos, necessários tanto ao processo produtivo como à reprodução da força de trabalho e da sociedade de classes. Convém ainda ressaltar que toda essa abordagem sobre a questão Urbana, processo de urbanização e modelo de desenvolvimento econômico, Político e Social do Brasil, torna-se fundamental para refletir sobre essa Política.
A política social consiste em estratégia governamental e normalmente se exibe em forma de relações jurídicas e políticas, não podendo ser compreendida por si mesma. [...] a política social é uma maneira de expressar as relações sociais, cujas raízes se localizam no mundo da produção. Portanto, os planos, os projetos, os programas, os documentos referentes em certo momento à educação, à habitação popular, às condições de trabalho e de lazer, à saúde pública, à Previdência Social e até à Assistência Social não se colocam como totalidades absolutas. (VIEIRA, 2004, p.142).
Nesta perspectiva a cartilha do Ministério das Cidades (2004) apresenta os seguintes objetivos da nova Política Nacional de Habitação:
· Universalizar o acesso à moradia digna em um prazo a ser definido no Plano Nacional de Habitação, levando-se em conta a disponibilidade de recursos existentes no sistema, a capacidade operacional do setor produtivo e da construção, e dos agentes envolvidos na implementação da PNH; 
· Promover a urbanização, regularização e inserção dos assentamentos precários à cidade; 
· Fortalecer o papel do Estado na gestão da Política e na regulação dos agentes privados; 
· Tornar a questão habitacional uma prioridade nacional, integrando, articulando e mobilizando os diferentes níveis de governo e fontes, objetivando potencializar a capacidade de investimentos com vistas a viabilizar recursos para sustentabilidade da PNH; 
· Democratizar o acesso à terra urbanizada e ao mercado secundário de imóveis; 
· Ampliar a produtividade e melhorar a qualidade na produção habitacional; e 
· Incentivar a geração de empregos e renda dinamizando a economia, apoiando-se na capacidade que a indústria da construção apresenta em mobilizar mão-de-obra, utilizar insumos nacionais sem a necessidade de importação de materiais e equipamentos e contribuir com parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB).
	 
Brasil, (2004) ressalta que o documento que expõe a nova Política Nacionalde Habitação –(PNH), descreve a concepção de desenvolvimento urbano integrado: "habitação não se restringe a casa, incorpora o direito à infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade e transporte coletivo, equipamentos e serviços urbanos e sociais, buscando garantir o direito à cidade Na Política Nacional de Habitação” (PNH).
[...] Esta mudança da habitação para o desenvolvimento urbano, pode ser vista sinteticamente como uma alternativa para investimentos lucrativos; um resultado das crescentes deficiências no ambiente constituído que já ameaçavam as taxas de acumulação de capital nos setores urbanos da economia; uma consequência das crescentes contradições que se formaram nas áreas urbanas como resultado da orientação financeira das políticas existentes (SOUZA, 2007, pag. 22)
Compreende-se que a implantação do sistema Nacional de Habitação e de seus programas exige uma articulação com a Política Urbana, particularmente a Política Fundiária, que pode criar as condições de ampliação da oferta de terra Urbanizada, barateamento dos imóveis e, consequentemente, facilitar a produção de novas moradias.
Assim a nova Política Nacional da Habitação tem como elementos principais a Integração Urbana de Assentamentos Precários, a urbanização, regularização, a provisão da habitação e a integração da política de habitação à política de desenvolvimento urbano, que definem as linhas mestras de sua atuação. (SANTOS,1999)
 	No entanto a política garante ainda à população, especialmente a de baixa renda, o acesso à habitação digna, e considera fundamental para atingir seus objetivos a integração entre a Política Habitacional e a Política Nacional de desenvolvimento Urbano.
Na percepção de Brasil, (2004) “o PMCMV consiste em uma ação de cunho habitacional, lançado pelo governo federal em março de 2009, cuja meta é realizar a construção de um milhão de moradias, ou seja, 14% do déficit atual, ampliado para três milhões a partir de 2011”, sem um prazo definido, que dependerá da capacidade de execução do programa, mas com expectativa de que se complete até o ano de 2012. Desta forma, o Brasil passa a contar com um aparato institucional direcionado aos problemas urbanos e habitacionais
O grande diferencial do PMCMV para os demais programas do ministério é o aporte volumoso de recursos, 34 bilhões de reais, e a previsão do impacto dos investimentos na redução de 14% déficit habitacional total e sua distribuição por faixa de renda. (CARTILHA DO MINISTÉRIO DAS CIDADES2009).
Entretanto, a distribuição das construções a serem executadas respeita uma determinada proporção. Deste um milhão de imóveis, 400 mil devem atender a famílias que recebam entre zero e três salários mínimos. A distribuição por unidades da federação segue a composição do déficit habitacional, ou seja, as unidades federativas que possuem maiores déficits habitacionais serão beneficiadas com uma maior destinação de recursos. (BRASIL, 2004)
Assim, nota-se que a conceituação do programa PMCMV, foi concebido para dar conta, no Brasil, dos efeitos da crise econômica mundial de 2008 e concluindo que o programa formula um enfrentamento da problemática habitacional brasileira de maneira “negativa”, pois assim o faz de acordo com as necessidades impostas pelas estratégias de poder, dos negócios e das ideologias dominantes
Nesta mesma linha de pensamento leal, (2003) conceitua que:
 O pacote alçou a habitação a um “problema nacional” de primeira ordem, mas o definiu segundo critérios do capital, ou da fração do capital representada pelo circuito imobiliário, e do poder, mais especificamente, da máquina política eleitoral (LEAL, 2003 p. 24).
Nota-se que novos programas foram criados para beneficiar a população de baixa renda, mas a gestão Lula permaneceu beneficiando os financiamentos para a população com maior poder aquisitivo, pois são estes que garantem os maiores retornos dos investimentos aplicados. Sendo marcada mais uma vez por políticas que não beneficiam as camadas que mais necessitam. 
É importante ressaltar que o PMCMV colocou a Habitação novamente em um papel de destaque na política social governamental, fato ainda não ocorrido após a redemocratização do País. Este retorno da habitação na pauta nacional deve ser creditado a uma série de fatores, como a estabilidade econômica, alcançada no governo anterior e mantida no atual, forte crescimento do PIB, avanços institucionais nos últimos anos (SOUZA,2007)
O setor da construção civil foi especialmente beneficiado pelo PAC, através do PMCMV e, por via dele, empregos foram criados pelo aumento da demanda por mão de obra neste setor. Em e tratando de resultados específicos do programa, o PMCMV não logrou, nestes 2 anos e meio de atividade, resultados satisfatórios para as camadas mais pobres da população, assim como o extinto BNH. Como no programa criado em1964, as famílias de classe média foram as principais beneficiadas. (CARTILHA POLITICAURBANA, 2012)
Conquistar mas que uma casa e sim uma habitação digna certamente é um desejo de milhares de brasileiros que se encontra presente na agenda atual do governo federal como instrumento para inclusão social e desenvolvimento econômico via integração com o setor da construção civil, como observado no programa MCMV, historicamente percebe-se também que a ações da política habitacional privilegiaram classes mais favorecidas economicamente na alocação dos recursos, deste e principalmente no período BNH até o atual governo. 
 	Conclui-se que desde a colonização o Brasil encontra dificuldades com relação a construção de moradias e a quantidade de pessoas necessitando, o que vem afetar até os nossos dias atuais. Com o aumento desordenado das desigualdades sociais, que é resultado de um sistema que se preocupa apenas com o lucro, o social e o bem-estar daqueles que mais necessita fica em segundo plano. No próximo capitulo veremos a gênese do MTST no Brasil mostraremos o seu processo de constituição no início do século XX ressalvando seu papel no país.
CONTEXTUALIZANDO O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TETO: UMA EXPERIÊNCIA NO ACAMPAMENTO AUGUSTO MARIANO
A História do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto no Brasil
No Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade do acesso aos direitos entre eles o direito à moradia, trabalhadores teriam maiores dificuldades para ter acesso a esse direito, entretanto conduz-nos afirmar que essa luta é a favor dos menos favorecidos e contra a exclusão social.
O fator impulsionador da criação do MTST foi uma marcha popular nacional organizada pelo MST, em 1997 tendo como objetivo o retorno de famílias da cidade para o campo, mas no percurso se começou a ver melhor a cidade, sua forma de funcionamento, observando o papel da cidade dentro do modelo que conheciam. “Já antes, ativistas se deslocavam para a cidade em eventuais trabalhos, trazendo gente da cidade para o campo, partindo daí a necessidade de tentar criar dentro das próprias cidades focos de organização” (BENOIT, 2002 pag.135).
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu em 1997 tendo como necessidade organizar a reforma urbana e garantir moradia a todos os cidadãos além de lutar por um modelo de cidade mais justa. Está organizado em vários Estados entre eles no Estado de Roraima. (OLIVEIRA, 2001)
O MTST é uma organização independente com preceitos, programa e forma de funcionamento próprios, defende uma transformação profunda no modo de como as cidades estão organizadas, sendo essa a única maneira de atender aos interesses dos trabalhadores. Aposta na luta direta em especial em ocupações (SOUZA,2004) 
Nos relatos registrados, a interpretação da gênese do MTST é diversa e variam os argumentos, variam os sentidos da organização e, logo, variam as expectativas. O MTST aparece, na fala de lideranças, no âmbito de uma estratégia maior, que visa a articulação entre movimentos urbanos e o MST e, por vezes, como processo de organização que apoiaria, de imediato, o fortalecimento do próprio MST.
Ao longo do processo de preparação de ocupaçõesde terra no Estado, em 1993 e 94, a coordenação do Movimento do MST identificou uma mudança no perfil dos participantes. Os interessados em participar das ocupações, não possuíam mais o perfil, do ex-pequeno proprietário rural, sem acesso à terra. Tratavam-se de famílias moradoras na cidade que, queriam lutar mas não queriam sair da cidade, preferiam não voltar para o campo, por ter vivido algum tempo na vida urbana e se readaptar aos costumes rural de novo seria completamente complicado. (CARDOSO, 1984 p. 101)
	
Assim, nota-se que diante da mudança do perfil da população campesina, do aumento do êxodo rural e da concentração da vida nas cidades, o fortalecimento da base do MST poderia ser realizado com a participação dos excluídos da cidade e, a partir de mudanças nas práticas de organização do MST, essa decisão então foi tomada pela constatação da progressiva redução dos números de interessados. 
A unidade das lutas entre trabalhadores do campo e da cidade surgiu como um elemento importante para o MST, que tinha uma larga história nos debates das organizações de esquerda. Acredita-se que veio a partir de um determinado momento de seu desenvolvimento, como estratégia para sua estabilização no momento sociopolítico do final dos anos 90. A proximidade entre os dois movimentos, portanto, foi definida e trouxe uma história de relação estreita e de conflitos. (CARTILHA MTST, 2005 PAG 9)
Com alicerce no reconhecimento desta tendência, surgiu a ideia de organizar uma forma de atuação capaz de enfrentar os desafios da questão urbana. A criação do MTST, em 1997, tem por objetivo a luta por moradia, pela reforma urbana e pela transformação social. Seus organizadores compreendem que as lutas por reforma agrária e por reforma urbana devem ser travadas de modo articulado, pois, na sua concepção, o alcance das metas da reforma urbana depende da luta simultânea pela reforma agrária. (Cardoso, 1984)
[...] Então qual era o jeito do Movimento? Pensar uma saída que não fosse fazer luta na região. E ali mesmo foi discutido, entre os dirigentes do Sem Terra, a possibilidade de construção de um movimento urbano que atuasse na cidade, mas que partisse de um plano de aumento da correlação de forças entre o MST e as cidades de uma maneira geral. Que esse movimento fosse unificador dos movimentos que já existiam nas cidades e que canalizassem para uma pressão sobre o governo, toda essa força social pressionando [...], para que, em conseqüência dessa pressão, tivesse conquistas no campo. (GOHN,2003 p 65)
Assim compreende-se que para o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), à luta por terra e por reforma agrária em face de seu objetivo específico, constroem o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto como uma alternativa, um meio para o enfrentamento de seu próprio limite, cujo objetivo é ampliar a correlação de forças na luta pela reforma agrária, articulando-a à luta por reforma urbana.
Um componente da coordenação do Movimento estadual de São Paulo, morador do acampamento Anita Garibaldi conhecido como Jota, foi um dos ativistas deslocados pelo MST para iniciar a organização do MTST, o militante aponta dois processos impulsionadores da construção do Movimento: as especificidades da experiência no Pontal de Paranapanema e a realização das marchas. ``Não temos dúvida sobre a relevância das marchas na luta por reforma agrária``. As marchas apoiam o fortalecimento da luta por reforma agrária, por permitirem a difusão e a ampliação sócio territorial da adesão a esta causa. (OLIVEIRA,2001, pag145)
Entretanto, avaliamos que o MTST nasceu da experiência do Pontal e se estendeu-se para outras cidades e estados, a partir de processos de organização desenvolvidos ao longo das marchas estadual de São Paulo e nacional, expressa transformações de caráter geral, que devem ser decifradas à luz da análise dos processos sociais e históricos, responsáveis pela expulsão da população trabalhadora rural e sua vinda maciça para as grandes cidades, onde terminam por engrossar as fileiras da população sobrante, face às necessidades médias do capital. 
Em suas palavras: Benoit(2002), afirma que:
O MTST surgiu em virtude de uma discussão do MST no Pontal do Paranapanema no estado de São Paulo. (...) Foi em função de uma realidade específica do Pontal, isso que é interessante. Mas culminou com uma forma nacional de pensar, uma forma nacional de agir. Foram duas vertentes. Essa questão do Pontal é uma e a outra foi a Grande Marcha Nacional que tinha sido feita em 1997. Mas, a primeira foi a discussão feita lá no Pontal. (BENOIT, 2002, p 205)
Para estear as palavras de Benoit, Alves, (2003) também afirma que: 
[...] tivemos um primeiro contato com o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra], que estava passando pela cidade e organizava a Marcha Nacional pela Reforma Agrária, em 1997. Como já tínhamos o contato com as pessoas de periferia, fizemos o convite para que elas participassem da marcha. Elas foram e gostaram. [...] Desse modo, surgiu nossa primeira iniciativa de caráter urbano com periferia. E foi assim também que surgiu o embrião do que é hoje o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto] (ALVES, 2003, pag 201)
Assim a proposta de criação do MTST teria nascido da busca de uma alternativa diante da necessidade de redefinir a linha de ação do MST, na região do Pontal de Paranapanema, frente à mudança de orientação política do governo do estado no enfrentamento do conflito fundiário, na região. 
Um dos coordenadores do MTST, durante o período de sua organização, no Rio de Janeiro, registra que a organização do Movimento teria tido início em Campinas-SP, em agosto de 1996. A escolha desta cidade teria decorrido da existência das seguintes condições: proximidade com um grande centro urbano; carência habitacional da população; existência de terras desocupadas; pequeno número de movimentos populares e do fato de que, na época, estavam acontecendo, na cidade, lutas desarticuladas por moradia, através da ocupação de terrenos. (OLIVEIRA 2001).
 
Assim veem-se que as ocupações aconteciam e o MTST construía um espaço de atividade entre as famílias das áreas ocupadas da cidade, fortalecendo-se e articulando, junto às outras organizações de trabalhadores, sem esquecer a presença do movimento na Marcha Nacional por Reforma Agrária MST.
A organização do MTST no Estado do Rio de Janeiro enfrentou desafios e obstáculos, quando em dezembro de 1997, organizou-se na cidade a primeira ocupação. A forte repressão do governo Marcelo Alencar levou ao desmantelamento dessa ocupação e como não houve crescimento por parte dos participantes, o movimento realizou outras mais ocupações, entretanto, de acordo com Benoit, ´´não foi possível difundir as propostas do movimento para o conjunto dos assentados, devido ao pequeno número de militantes e ao forte sistema de coerção e de cooptação utilizado pelo governo estadual do Rio de Janeiro´´ (BENOIT, 2002, PAG 102)
Diante do exposto, percebe-se que quando se trata das principais bases do MTST o Estado que se destaca é São Paulo. Logo, nota-se que neste Estado ocorreram as luta urbanas que tiveram forte influencia na configuração do movimento com características próprias, bastante diversas das estratégias já consolidadas no campo.
A primeira ação do MTST na Grande São Paulo foi em março de 2001, no município de Guarulhos. Em uma área de 250.000 m2, localizada na periferia da cidade, no bairro Ponte Alta, próximo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, estabeleceram a ocupação Anita Garibaldi, um terreno de propriedade particular, desocupado há mais de 50 anos, que vinha sendo utilizado, ilegalmente, para depósito de lixo e, segundo moradores do entorno, para desova de cadáveres. (ANDRADE, 1995 PAG, 98)
É importante ressaltar que a preparação para a entrada no terreno iniciou-se muito antes da ocupação, com contatos estabelecidos entre a coordenação do MTST com os componentes do MST e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), movimentos sociais organizados e a população dos bairroscarentes da cidade. (BENOIT, 2002)
Com essas articulações e com os movimentos organizados, os contatos tinham por objetivo construir alianças políticas e buscar apoio para a instalação da base para as primeiras semanas de acampamento, expor a proposta da ocupação para aqueles que poderiam compor o próprio acostamento de atuação do futuro acampamento. ``Na primeira semana, o número de pessoas chegava a 2000, subindo para 12.000, em decorrer das semanas, o que mostrou a potencialidade da ocupação na região. `` (MORISSAWA, 2001 pag. 119)
Benoit (2002) relata que o acampamento, discorria sobre uma proposta de organização espacial da área ocupada, tendo o auxílio de estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Embora a proposta dos estudantes e a da coordenação do movimento fossem divergentes, houve um consenso e esse apoio resultou na realização da reestruturação espacial do acampamento, que passou de barracos de lona instalados desorganizadamente para uma área projetada e construída a partir das decisões dos acampados. 
“O trabalho coletivo é a melhor fonte de unidade, é também a melhor solução para que as decisões de um só não passem por cima das decisões da maioria.(...) Precisamos nos acostumar com a experiência de discutir juntos e fazer nós mesmos, sabemos que isto não é fácil, nem de uma hora para outra mas, precisamos construir assembléias, conselhos, núcleos e tudo o mais que, junto com formação política constante, prepare a cada companheiro para assumir a direção do navio da luta por uma vida mais digna.”(CARTILHA MTST, 2005 pag. 11)
Compreende-se que o poder popular além de uma forma de organização e de decisões dentro do movimento seria, principalmente, uma maneira de enfrentar a política institucional do Estado, a partir das áreas ocupadas e da população de seu entorno.
A ocupação Anita Garibaldi foi significativa para o histórico do MTST, por ter sido a primeira grande ocupação seja pelo tamanho do terreno, seja pelo número de pessoas agregadas e por ter se mantido sem ação de despejo, o que favoreceu o movimento a prosseguir em seus objetivos de crescimento na Região Metropolitana de São Paulo (FLAVIO, 1986).
Em São Paulo, o MTST cresceu em número de ocupações, organização e ganhou visibilidade em 2005, após um período de formação dos ativistas para uma atuação mais apropriada ao contexto urbano, o movimento iniciou uma atuação com uma finalidade territorial claro, almejava atingir regiões do Estado que teriam boas perspectivas de aglutinação de pessoas, com a formação de militantes e a adesão de apoiadores.
As ações do MTST intensificaram-se em várias regiões, formando núcleos de atuação, no final de 2007, “o movimento já tinha firmado seu trabalho em diversas comunidades da Grande São Paulo, através da realização dos acampamentos e da manutenção, posterior, dos núcleos que mantiveram os ex-acampados organizados no interior do movimento”. (BEHRING, 2003)
É importante ressaltar que o MTST, como movimento autônomo, não mais vinculado à dinâmica de organização do MST. O resultado organizativo com o MST foi a construção de uma forma de viver em ocupações, que deu formato e conteúdo a uma ação de enfrentamento contra os “latifúndios urbanos”.
Compreendemos que no Brasil, a história dos movimentos sociais nas últimas décadas tem uma considerável diversidade e isto inclui os movimentos de luta contra a ditadura, e contra a falta de bens essenciais à sobrevivência. O MTST ocorreu no interior do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) durante uma marcha popular nacional, esta manifestação surge o (MTST) articulado com o (MST) que percebeu a necessidade de organizar os trabalhadores urbanos em torno da questão da moradia.
O final dos anos 70 foi significativo para os movimentos sociais no Brasil e sua análise, por apresentarem um enorme crescimento e fortalecimento nesse período, o que trouxe consequências não só para a vida política como também para as Ciências Sociais no Brasil. Este fato sinaliza para o movimento, a necessidade de reconhecimento de um limite objetivo à luta por terra e por reforma agrária. Em face desta compreensão, algumas lideranças constróem o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto como uma alternativa, um meio para o enfrentamento desse limite, cujo objetivo é ampliar a correlação de forças na luta pela reforma agrária, articulando-a à luta por reforma urbana. (FERNANDES, 2001, pag. 83)
Nota-se que a ocupação tornou-se o instrumento principal do MTST, como um recurso de ação coletiva, com potencialidades na formação de identidades coletivas, nas relações individuais desenroladas em meio às dificuldades materiais, na formação de militantes anticapitalistas, e o mais importante no embate com o Estado. 
Estas experiências serviram como material de reflexão que potencializou a atuação do movimento em outros locais entre eles no estado de Roraima, elementos que permitam refletir determinantes sociais de sua emergência, trajetória e possíveis tendências na atual conjuntura. Veremos no item a seguir os desafios e as formas de organização do MTST no Estado de Roraima, mostraremos seu processo de constituição e organização.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em Roraima
A insuficiência de habitações no Brasil, está ligado diretamente às deficiências de moradias, fundamentado nesta carência da população brasileira, dentre tantas outras que assolam o país surge o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) vinculado à dinâmica de organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) no Estado de São Paulo e logo se expandiu para outras regiões entre elas no Estado de Roraima.
Em busca de alcançar uma melhor compreensão da gênese do MTST em Roraima perfaremos uma prospectiva do processo de urbanização, que se torna premente para explicitarmos o percurso da sua criação no Estado. 
Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, o Estado de Roraima conta com uma população aproximada de 488.072 mil habitantes. Conforme aponta Vale (2007), até o início da década de 1980, o desenvolvimento urbano da capital roraimense foi capitaneado pelo governo, visando a segurança nacional, e o crescimento populacional do Território por meio de uma política urbana concentrada na capital. (CARTILHA DA SECRETARIA DE ESTADO ARTICULAÇÃO E POLITICA URBANA, 2012)
O Estado de Roraima tem experimentado um continuo processo de crescimento populacional, resultando numa crescente demanda, alguns deles até então inexistentes. Esse movimento tem levado a uma nova organização, bem como a uma reconfiguração do espaço urbano, caracterizando uma nova morfologia urbana.
Em 1991, por meio da Lei nº 244, que regulamenta o Plano Diretor do município de Boa Vista, foram criados mais 30 bairros. Em 1999 o Plano Diretor foi modificado, redefinindo os limites de alguns bairros e acrescentando mais 18. Em 2011 a cidade já computava com 55 Bairros. (CARTILHA MINISTERIO DAS CIDADES, 2012)
É importante ressaltar que o atual Plano Diretor, aprovado em 28/11/2006 e publicado no Diário Oficial do Município em 30/11/2006, foi considerado ineficiente e incompleto em vários aspectos, segundo o documento intitulado “Diagnostico do Plano Diretor de Boa Vista — RR”, realizado pela Rede de Avaliação e Capacitação para a Implementação dos Planos Diretores Participativos, em 2007. (CARTILHA DA SECRETARIA DE ESTADO ARTICULAÇÃO E POLITICA URBANA, 2012)
Para os avaliadores, o Plano Diretor de Boa Vista não representa um planejamento efetivo de longo prazo para a cidade. O volume migratório e o intenso processo de urbanização não foram contemplados de forma satisfatória no Plano, tornando a política habitacional o ponto fraco do documento. Esses processos têm contribuído para o aumento na demanda por habitação e terra urbanizada e, consequentemente, para uma crescente disputa pelo espaço urbano no estado de Roraima. (FOLHETO/PLANO DIRETOR, BV-RR, 2012)
Diante dos problemas sociais, e, sobretudo a falta de moradia surge o MTST no Estado de Roraima em que buscaum compromisso pela superação, por moradias dignas, reforma urbana e pelas políticas públicas de geração de emprego e renda. Assim conduz-nos afirmar que a questão enfrentada pelo MTST é resultante de uma formação social escassas de direitos entre ele o habitacional.
 	O MTST é um movimento de luta por moradia digna e justiça social no Estado de Roraima surgiu em 05 de abril de 2008, quando 10 Famílias se reuniram em frente o estágio ribeirão discutiam sobre casa, cansadas de pagar aluguel decidiram-se fazer uma ocupação nas terras do Paulo Campos, com 03 dias depois o acampamento estava com mais de mil pessoas naquele local. (JORNAL FOLHA, BV\RR, 2010)
	
É correto afirmar que em toda associação o planejamento é essencial para se obter conquistas e o movimento tem as suas próprias linhas de organização coletiva, que são coletivos políticos, coletivos organizativos e coletivos territoriais o MTST\RR também tem uma organização baseada em alguns princípios, entre eles:
Unidade na ação e liberdade na discussão, decisão coletiva e responsabilidade individual, só decide quem atua disciplina militante e valores sociais, Transparência nas relações Construção de poder popular (CARTILHA MOVIMENTO TRABALHADORES EM TETO DE RORAIMA, 2005, pag. 02)
	
Esses princípios são essenciais para o movimento, existem várias ideias que a caminhada do movimento e a história de luta dos trabalhadores fazem questão e não abrem mão, sendo muito valiosos em suas lutas. No Estado de Roraima encontram se diversos polos em vários bairros da cidade (CARTILHA, BV\ RR).
	
O MTST aborda de forma clara e transparente sua forma de organização, é coerente em sua conduta e proposta, instigando e estimando as iniciativas autônomas fortalecendo assim o caminho a ser seguido rumo aos seus objetivos.
O MTST apresenta uma luta que ocorre dentro da esfera da reprodução capital versos trabalho, indicando uma nova perspectiva contra a exploração e a alienação. A ocupação é a principal forma de ação do movimento, que possui o seguinte lema: “se morar é um direito, ocupar é um dever”. (FERRAZ, 2008)
Abrangemos que o MTST é um movimento que lutar por moradia digna lida com diversas formas de opressão, contribui na construção de uma sociedade, democrata com diversidade, distribuição da riqueza e acesso a todos meios e bens econômicos sociais, culturais e políticos.
Segundo Iamamotto (2001), as formas de ação mais importante do movimento são as ocupações de terras urbanas, assim pressionando diretamente os proprietários e o Estado, o MTST também denuncia os problemas sociais da moradia e constrói um processo de organização autônoma dos trabalhadores. 
 
Na linha de pensamento de Gohn, ´´ as ocupações são o grito de um povo que não suporta mais viver calados em seus buracos. Que não suporta mais ter que escolher entre comer e pagar aluguel, nem continuar sofrendo humilhações por viver de favor na casa de alguém´´ (GOHN, 2003, p 19) 
Percebemos que essas formas de ocupações postas pelo MTST surgiram como demanda dos excluídos que envolvem o direito à moradia, a reforma urbana e melhores condições de vida, contribui para o reconhecimento da questão habitacional e a emergência da efetivação destes direitos, oferecendo assim a condição como sujeitos que precisam estar inclusos em políticas assistências.
Essas ações coletivas que ocorreram no Brasil, no período de 90, foram estimuladas pela vontade de mudança, Neste sentido;
(...) pelos anseios de redemocratização do país, pela crença no poder quase que mágico da participação popular, pelo desejo de democratização dos órgãos, das coisas e das causas públicas, pela vontade de construir algo a partir de ações que envolviam os interesses imediatos dos indivíduos e grupos. Os movimentos sociais, populares ou não, expressaram a construção de um novo paradigma de ação social, fundado no desejo de se ter uma sociedade diferente, sem discriminações, exclusões ou segmentações (GOHN, 2003, p. 203).
As ocupações para MTST tem uma acepção maior do que a luta por moradia, essa é uma maneira de engendrar novos ativistas para a luta, ostentar que com a união e a organização o movimento tem poder para enfrentar esse sistema, diante dessa circunstância se unir para lutar por uma política de habitação que realmente faça diferença. 
O manifesto em prol de uma democratização da riqueza requer desapropriações de terrenos e edifícios urbanos que não cumprem sua função social, destinando-se as demandas populares organizadas, além das demandas por políticas sociais de inclusão social, numa tentativa de passagem de seus aglomerados de exclusão para novos Territórios-Rede, onde seus personagens vivem de forma socialmente mais justa e com direitos de cidadania assegurados. (SAULER, 2004)
Percebe-se que, o Brasil está no meio de uma concentração de riqueza e poder. O MTST é um dos atores sociais que procura despertar o governo e a população para essa questão. Busca validade em algumas propostas que valorizam um mínimo de dignidade a uma moradia, assim também ampliando a sua referência nacional.
O MTST tem como seu maior objetivo a luta contra o capital e o Estado que representa os interesses capitalistas. Sabemos que na atual forma de organização social não há espaço para realização dos interesses da maioria, dos trabalhadores. Tudo é transformado em mercadoria, inclusive as pessoas e seus próprios direitos. Apenas a minoria tem acesso a condições de vida e o Estado atende exatamente a esta minoria, por isso essa luta é mais ampla do que a conquista de um pedaço de terra. (FERRAZ, 2008).
Nessa linha de pensamento sobre a questão habitacional, Marx, (1987) afirma que, torna-se mais perceptível a conexão entre acumulação e miséria.
[...] qualquer observador desprevenido percebe que, quanto maior a centralização dos meios de produção, tanto maior o amontoamento correspondente de trabalhadores no mesmo espaço e, portanto, quanto mais rápida a acumulação capitalista, tanto mais miseráveis as habitações dos trabalhadores (MARX, 1987, p.764).
Conceitua-se que todas as ações do MTST devem estar voltadas para fortalecer o caminho rumo a esses objetivos que dizem respeito a ampliar o número de militantes, a capacidade de mobilização podendo–se resumir em um só objetivo: construção do poder popular, ou seja, a realização efetiva do princípio de que só os trabalhadores podem resolver os problemas dos trabalhadores. Na prática, isso significa estimular e valorizar as iniciativas autônomas, construir formas de organização e de decisão coletiva, lutar pelas reivindicações e direitos. Enfim como Ferraz diria o maior objetivo do movimento é a construção do poder popular, contra o capital e o Estado.
Vale ressaltar que MTST-RR como movimento social vincula-se à vontade política de um sujeito coletivo, já configurado, cujo projeto não se limita à luta por terra e por reforma agrária, uma vez que as concebe como intimamente relacionadas à necessidade de transformações mais amplas na estrutura social. O MTST/RR firma parceria com empresas para qualificação profissional e empregabilidade na construção civil, para os associados, vêm de encontro ao anseio e necessidade de cada um.
Os cursos vêm de encontro ao anseio e necessidade, e destacou a parceria com o Senai. “Agora vamos pra rua buscar os associados e as pessoas que queiram fazer os cursos ofertados pelo Senai, para atuarem nos projetos habitacionais, exemplo é o projeto Palmares onde vamos construir 210 unidades habitacionais no bairro Cruviana, assim suprir a demanda do mercado (MARIA FERRAZ, 2010, pag. 25)
Veem-se que o movimento propõe a construção de uma identidade coletiva que possibilite a unificação desses trabalhadores em torno de um projeto comum de luta, ou seja, a maioria dos associados vivem as consequências do desemprego estrutural, ou vivem de aluguel, com esses cursos ofertados e empenho de uns juntos podem estar construindo o seu próprio habitat.
	
O MTST revela-se em uma concepção que não só engloba os bens e serviços que envolvem o habitar como prevê,mas também, de modo articulado, a necessidade de reorganizar a própria lógica que presida a constituição da cidade, uma vez que postula a ação direta dos participantes, não só no exercício da pressão pelo atendimento de suas reivindicações, como, nas ações propostas e acompanhamento dos projetos de interesses sociais unificando os trabalhadores em torno de um projeto comum de luta( FOLHETO MTST,2012)
Os coordenadores do MTST-RR, reunidos também semanalmente, trocam informações sobre os debates em cada grupo organizam e encaminham ações necessárias para a manutenção e aprovações de projetos para melhoria do movimento. Com intuito de fortalecer as relações internas e externas do movimento existem também os princípios gerais de organizações:
(...) a.unidade da ação e liberdade na discussão – ressalta a importância dos militantes agirem em uma única direção aprovada coletivamente, sendo garantida a liberdade de posicionamento e expressão nos coletivos; b. disciplina – exigência de rigor no cumprimento das tarefas e respeito às posições definidas internamente; c. trabalho e decisão coletivos – estímulo à reflexão e trabalho coletivos como forma de minimizar o voluntarismo e o personalismo como expressão de uma lógica individual; d. correspondência entre compromisso e poder de decisão – pauta-se pela máxima “só ajuda a decidir, quem ajuda a construir” como forma justa de distribuir responsabilidades entre os que se comprometem com a construção do movimento em suas ações; e. construção do poder popular – formação de coletivos autônomos que formem militantes qualificados para a luta popular, e deve ocorrer “não só nos cursos, mas também na conduta de cada militante, como exemplo vivo daquilo que defendemos e pensamos”); f. estímulo aos valores socialistas – entendidos como companheirismo, solidariedade e coletivismo, que auxiliam na extinção de interesses oportunistas e no impedimento de práticas de discriminação e opressão sexual, étnico-racial, ou quaisquer outras; g. transparência nas relações. (GON, 2003, pag. 203)
Compreende-se que o MTST é um movimento com um projeto político que se coloca no campo anticapitalista, cujas práticas internas buscam construir uma identidade coletiva dos trabalhadores que passe pela realização do poder popular em seus interesses como exercício para sua prática social.
A nacionalização do MTST foi um processo sempre cheio de idas e vindas. O MTST surgiu em 97, não como uma organização própria, autônoma. Surgiu por iniciativa do Movimento Sem-Terra. Em alguns estados, a direção nacional decidiu liberar militantes para formar o MTST e em outros não fez isso. Então, não foi um surgimento planejado, não foi uma nacionalização planejada. O MTST surgiu em Roraima em 2008 tomando frente a coordenadora Maria Alves Ferraz ao lado de 10 famílias que não tinha onde morar, e assim fazendo a primeira ocupação nas terras do empresário Paulo campos (Maria Alves Ferraz,2010 pag. 17) 
Conclui-se que o MST iniciou sua trajetória de luta contra a especulação imobiliária e o estado que a protegia, sabemos que as grandes cidades brasileiras, cada vez mais ricas, escondem nas periferias a enorme pobreza daqueles que as constroem. Formar militantes e acumular forças no sentido de construir uma nova sociedade foram algumas propostas que valorizou a ação do MTST no Brasil e em Roraima, essa forma de luta e de ação fez com que muitos dos trabalhadores despertassem para a realidade e lutasse em prol de seus direitos. 
Desenvolvimento do Acampamento Augusto Mariano
Os acampamentos são resultados das ocupações e são espaços de resistência da luta pela terra, ´´no Brasil desde o princípio de formação, os camponeses em seu processo de recriação ocupavam terras, os sem terras são os principais sujeitos dessa luta. ¨ (BENOIT, 2002 pag. 172)
De acordo com BENOIT (2002)
[...] os militantes do MST, que vieram do campo, não foram lá para intervir, mas para contribuir com as pessoas que já vinham [...] tentando se organizar. Mas, a partir daí, os companheiros do MST começaram a ver a dimensão das contradições que existiam dentro da cidade e passaram por uma fase de estudo e reflexão. [...] tentaram desenvolver lá a organização interna do acampamento, mas não entendiam bem qual é o papel das forças políticas dentro da cidade, como se organizar nesse meio, como se relacionar com os partidos políticos, com o tráfico de drogas e com todas as facções que se organizam no meio urbano (BENOIT, 2002. Pag.136).
Em Roraima o principal motivo da existência de acampamentos são os grandes entraves dos processos habitacionais, a burocracia, e a falta de interesse dos gestores e os especuladores imobiliários. Maria ferras coordenadora do movimento relata em entrevista que está nessa luta desde 2008 disse ainda que acampamentos e assentamentos são novas formas de luta de quem já lutou ou de quem resolveu lutar pelo direito a uma terra ou moradia digna. (FOLHA BV\RR)
	
É importante ressaltar que as lutas por projetos habitacionais demonstram o esforço do MTST para beneficiar aquelas famílias que mais necessitam, sensibilizar a sociedade e o governo para uma solução definitiva para essas famílias seria uma forma de mobilizá-los, estimulando também instituições de iniciativas autônomas, governamentais, e não governamentais com um só objetivo, lutar pelas reivindicações e direitos dos sem tetos.
	
O Acampamento Augusto Mariano Surgiu em 2009 quando 50 famílias estavam reunidas na praça do centro cívico a fim de dar encaminhamento à um projeto digno de moradia a estas familiares e militantes. 26 (vinte e seis) dias de exposição ao ridículo, sem nenhuma expectativa de solução, o superintendente da SPU/RR se dispôs a receber a reivindicação do movimento e fez a transferência destas famílias para uma área localizada na margem esquerda da BR-174, sentido Brasil- Venezuela, sendo batizado de acampamento augusto mariano. (FOLHETO MST, 2012)
Considerando a necessidade e a quantidade de famílias desalojadas foi concedido também um espaço em uma área de interesse social estando localizada no bairro Santa Helena denominado monte das oliveiras, doação essa formalizada em acordo entre o Movimento dos Trabalhadores sem Teto de Roraima, GRPU, e o ex-prefeito de Boa Vista. (FOLHA\RR).
Hoje o acampamento Augusto Mariano encontra-se no Bairro Senador Hélio Campos, depois que os moradores receberam ordem de despejo da área citada acima anteriormente, uma decisão da justiça pela reintegração de posse conforme processo judicial da área para Dori Empreendimentos Imobiliários LTDA. Os moradores tiveram apenas 24hrs para sair da área, do contrário seriam despejados. Na ocasião o acampamento estava abrigando mais de 30 famílias que não tinham moradia. (CARTILHA MTST\RR).
Mudanças ocorreram frequentemente os moradores encontravam-se descontentes com a situação porque desejavam ir para um lugar definitivo. Proferiam não saber quanto tempo iriam permanecer no em cada local, pois a área em que se encontravam habitados havia um titular. Os moradores do Acampamento pediam mais empenho ao governo do Estado, pois o plano diretor e o Estatuo da Cidade definem o direito à propriedade de moradia as famílias de baixa renda uma prioridade do governo de Roraima. ( FERRAZ, 2010, pag.08)
Ressalta-se que neste período inicial retratado, anteriormente não havia água e energia no local, a alimentação era extremamente insuficiente. Enfatizar-se que a ênfase na capacidade organizativa do movimento, expressa no cuidado com o ordenamento do espaço. A essa questão: 
 	Com pouco Tempo depois de acampados, o acampamento augusto mariano começou o processo de regularização com a entrada de energia elétrica regularizada. A coordenação do MTST em Roraima e também membros da coordenação nacional do movimento, garantiu que os moradores receberam a notícia com grande ânimo (JORNAL FOLHA-RR, 2012)
A Coordenação do Movimento considera a instalação da infraestrutura um recurso fundamental para os ocupantes posto que obriga os órgãos públicos a reconhecerem a

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