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ETEC DE BARUERI Vinicius Aguiar Rosa; Maria Kelviane Nascimento; Gustavo Henry Mendes; Leticia Mamedio; Ellen Souza. ZOOLOGIA ECONÔMICA - FORMAS DE UTILIZAR ANIMAIS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BARUERI 2021 Vinicius Aguiar Rosa; Maria Kelviane Nascimento; Gustavo Henry Mendes; Leticia Mamedio; Ellen Souza. ZOOLOGIA ECONÔMICA - FORMAS DE UTILIZAR ANIMAIS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Trabalho apresentado em cumprimento das exigências da disciplina de Biologia, ministrado pelo Professor Mikel Eduardo de Mello. BARUERI 2021 RESUMO Este trabalho apresenta um conteúdo exploratório a respeito do trajeto histórico da pecuária bovina durante o Brasil pré-colonial até o mundo hodierno. Além da historicidade, a abordagem voltada aos impactos socioambientais oriundos da atividade pecuarista são fundamentais para promover, conforme a conjuntura social do país, o entendimento acerca dos principais problemas causados ao meio ambiente, uma vez que, tratando-se de um dos principais pilares econômicos de exportação do Brasil, há uma alta demanda dos recursos naturais necessários para ratificar o engendramento desse ramo zooeconômico. Nesse sentindo, desde as tribos indígenas o consumo de carne já era preferível, mas foi com a chegada dos colonos que a carne, especialmente bovina, passou a ser parte da indústria de abate brasileira e assim, em virtude do prestígio europeu e do valor nutricional, deu-se a reverberar, também, com carga simbólica, dada a relevância para a moldagem do prestígio socioeconômico dos consumidores. “Comer não é um ato solitário ou autônomo do ser humano, ao contrário, é a origem da socialização, pois, nas formas coletivas de se obter a comida, a espécie humana desenvolveu utensílios culturais diversos, talvez até mesmo a própria linguagem. O uso do fogo há pelo menos meio milhão de anos trouxe um novo elemento constituidor da produção social do alimento. A comensalidade é a prática de comer junto, partilhando (mesmo que desigualmente) a comida, sua origem é tão antiga quanto a espécie humana, pois até mesmo espécies animais a praticam. (COMIDA E SOCIEDADE: SIGNIFICADOS SOCIAIS NA HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO, p.72) Outro fator relevante no texto é o complexo ideológico sobre o assunto, seja em relação à ascensão dos valores do veganismo e vegetarianismo, cujo adeptos lutam pelos direitos animais e pelo fim dos impactos causados pela atividade pecuária, seja sem relação à grande demanda do produto e a introjeção dos valores sociais referente à carne. Sumário Índice de Ilustrações ................................................................................................5 INTRODUÇÃO .........................................................................................................6 Início da pecuária Bovina no Brasil .........................................................................7 O centro-oeste como centro da criação Bovina........................................................8 O padrão técnico da criação bovina em desenvolvimento .....................................9 Mercado Interior de Carne Bovina.........................................................................11 Mercado exterior carne bovina ..............................................................................12 Pecuária e desmatamento .....................................................................................13 Desmatamento .......................................................................................................14 Gases de efeito estufa (GEE) ................................................................................15 Economia e sustentabilidade .................................................................................16 A sociedade civil está afugentada à criminalidade presente na pecuária?...........17 Valores socioculturais da carne.............................................................................17 Direitos dos animais...............................................................................................18 Vegetarianismo ......................................................................................................18 Veganismo .............................................................................................................19 CONCLUSÃO ........................................................................................................20 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................22 Índice de Ilustrações Figura 1 ..................................................................................................................................9 Figura 2 ................................................................................................................................10 Figura 3 ................................................................................................................................11 Figura 4 ................................................................................................................................15 Figura 5 ................................................................................................................................15 Figura 6 ................................................................................................................................16 Figura 7 ................................................................................................................................19 Figura 8 ................................................................................................................................19 file:///C:/Users/Vinícius/Downloads/biologia.docx%23_Toc81347983 file:///C:/Users/Vinícius/Downloads/biologia.docx%23_Toc81347984 file:///C:/Users/Vinícius/Downloads/biologia.docx%23_Toc81347985 INTRODUÇÃO A carne bovina é uma das mais consumidas do mundo. Em 2021 já são quase 60 milhões de toneladas consumidas ao redor de todo o globo. Esse trabalho analisa e discute como a carne de boi influencia economicamente e socialmente o nosso meio. Questões como a história da pecuária no brasil e sua influência nosso país, assim também, bem como sua participação na economia do país e resto do mundo. Seus efeitos negativos para o meio ambiente, como emissão de gases e desmatamento serão abordados, como também a discussão sobre o direito desses animais. Este trabalho tem como objetivo explicar de que maneira a carne bovina influencia o mercado econômico e a nós culturalmente. Esse trabalho foi realizado metodologicamente através de pesquisas em sites confiáveis e artigos científicos. Início da pecuária Bovina no Brasil Inicialmente, no Brasil, a atividade da pecuária bovina iniciou-se no século XVI, principalmente como um recurso de complemento alimentar para as vilas de colonos e brasileiros. O Gado bovino foi introduzido ao território por meio da administração das capitanias que acreditavam que o rebanho poderia ajudar no desenvolvimento social da população ao redor da crescente demanda no cultivo da cana-de-açúcar. Tendo em vista que a pecuária chegou ao Brasil como uma espécie de suporte a economia açucareira, é válido estabelecer que as duas mais prosperas capitanias na produção de açúcar também seriam sede para o início da estrutura pecuária no Brasil. Desde o início do processo de inserção da pecuária no Brasil colonial, o desenvolvimento da criação animal suscitou um aspecto mais favorável ao estilo de criação extensivo, ou seja, o gado permanece maioritariamente livre no pasto e recebe pouca atenção e cuidadosextremos, apenas o necessário para sua saúde, contabilidade e procriação. Todo esse processo de criação extensivo só se fez possível por conta dos fatores favoráveis que o território oferecia, principalmente o nordeste brasileiro. Tendo em consideração que o relevo nordestino apresenta poucas barreiras, facilitando o deslocamento o gado, disponibilidade de água do Rio São Francisco, abundância de paisagens naturais, exigência de reduzidos investimentos para a composição e custeio dos rebanhos, depósitos de sal-gema e um mercado consumidor garantido tanto para o couro como para a carne, representado pelos engenhos, sabendo que no Nordeste se localizava a maior capitania em desenvolvimento do ciclo da cana de açúcar, Pernambuco. Parafraseando o autor Melhem Adas, em seu livro “Panorama Geográfico do Brasil”,1983. Com o crescimento da efetivo da pecuária bovina, as plantações de cana- de-açúcar começaram a ser prejudicadas, então em 1701, sobra a influência de uma carta régia, foi proibida a criação de gado no Litoral, sendo esse o início da interiorização da criação bovina no Brasil, porém a carta régia não se consolidou como o único fator de mobilização do gado. Outro fator, foi a atividade mineradora nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, no final do século XVII e na primeira metade do século XVII, representando um enorme desenvolvimento territorial e de importância econômica no Brasil colonial. Houve um grande desenvolvimento do gado Bovino no Rio Grande do Sul, além da região central mineradora do Brasil, principalmente no final do século XVIII e século XIX. A pecuária com todo esse desenvolvimento significativo ao longo dos séculos (XVII a XIX), conseguiu ocupar posição de destaque na economia brasileira, principalmente com a exportação de couro nos séculos XVIII e XIX. Entretanto, tratando-se de desenvolvimento técnico, a pecuária brasileira nos períodos colonial e imperial manteve-se em precárias condições, ainda com um aumento na sua importância e na disseminação pelo território nacional. O centro-oeste como centro da criação Bovina No início do século XX foram criadas e incentivadas medidas para facilitar a importação de reprodutores para a melhoria do processo de criação e vendo do produto bovina, implantando parques frigoríficos, estabelecendo o Serviço de Veterinária do Ministério da Agricultura, no ano de 1910, e criando escolas de laticínios e postos zootécnicos. Mesmo com notável crescimento da pecuária bovina brasileira desde o século XVII, somente na década de 1960 que essa atividade passou a ter uma maior expansão da atividade no país, houve uma maior expansão do efetivo bovina no Centro-Oeste a partir dessa década, considerando os seus aspectos naturais para diversas espécies de gado bovino que foram introduzidos no país. Contudo a expansão bovina no Centro-Oeste não teve a companhia de uma melhoria nos sistemas e procedimentos de criação, permanecendo principalmente com um carácter extensivo, desde o período colonial, e concentrando-se principalmente numa criação destinada ao corte. Já a produção leiteira teve um considerável aumento a partir dos últimos anos do século XX, porém irregularmente distribuído, concentrando-se principalmente na região Sudeste. Cientes de que no século XIX e XX a produção de café estava a todo o vapor na região Sudeste, logo para a produção leiteira sobravam pouco espaço por conta dos latifúndios cafeeiros, logo a criação era sediada em pequenos e médios estabelecimentos rurais no Sudeste e o gado de corte sedia-se em grande propriedade no Centro-Oeste, tendo assim um enorme desenvolvimento já que a região dispõe de extensas áreas de planaltos com altitudes médias e clima tropical que são altamente favoráveis ao desenvolvimento da pecuária. Após a inserção das ferrovias na região que hoje é o estado do Mato Grosso do Sul houve uma enorme facilitação do comércio do gado por todo o país, voltando a atenção novamente para a pecuária bovina. Apesar do predomínio da criação extensiva de bovinos no Centro-Oeste, a partir dos últimos anos do século XX passou a haver melhoria significativa no sistema criatório, já que as transformações ocorridas no mercado mundial de carne exigiam cada vez mais melhorias na qualidade do produto bovino. Dessa forma, as inovações tecnológicas e cuidados com o rebanho são fundamentais para a adequação às exigências do mercado. Figura 1 O padrão técnico da criação bovina em desenvolvimento Nessa última década o avanço nos cuidados com o gado está em torno do melhoramento genético do animal, da melhora na nutrição e sanidade do gado e do melhoramento genético das pastagens, contudo essas melhorias atingiram uma pequena parcela dos criadores bovinos brasileiros. Na década de 1990 essas inovações tecnológicas na bovinocultura se fizeram sentir com mais intensidade. Porém, desde meados dos anos 1960, o processo de evolução vem ocorrendo, com o desenvolvimento da indústria de carnes e a modernização dos frigoríficos, como diz Valéria Pacheco Batista Euclides, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte. Avanços tecnológicos, por exemplo, a germinação in vitro, o que achou dou muito no controle de reprodução e qualidade do produto, ajudando na competitividade no mercado externo. Infelizmente a bovinocultura não se desenvolveu tecnologicamente igual a suinocultura e a avicultura e por conta do aumento do consumo de carne suína e de aves nos últimos anos do século XX, entretanto foi observado um estrondoso aumento da presença de Gado na região Norte, na década de 2000 e 2010, esse aspecto de movimentação da gado para a região norte se dá principalmente por conta da demanda de espaço que as criações de monoculturas para exportação, que dão mais rentabilidade, veem apresentando crescimento no centro-oeste e sudeste ao longo dessas décadas. Dados do IBGE também nos revelam que as exportações aumentaram nos últimos anos do século passado e, de maneira inversa, diminuíram as importações e o consumo interno. Porém desde a década de 2000, o mercado interno continua sendo o principal destino da carne bovina brasileira, mesmo que segundo o IBGE foram 2,01 milhões de toneladas exportadas (26%) e 5,74 milhões de toneladas de carne (74%) ficaram no País, em 2020. Desta forma, a criação de gado se tornou a atividade mais complexa nos últimos anos, embora a modernização seja restrita a poucos estabelecimentos mais desenvolvidos economicamente. Portanto o setor é dividido em moderno e tradicional, já que existem produtores que empregam poucos cuidados técnicos no manejo do rebanho, criando-os de uma maneira extensiva e pecuaristas altamente tecnológicos, gerenciando num nível empresarial sua atividade, desenvolvendo uma criação muito mais intensiva Figura 2 Mercado Interior de Carne Bovina Os hábitos alimentares dos brasileiros foram mapeados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), através do estudo "Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil", que mostrou que a carne bovina é o sexto alimento mais consumido pelos brasileiros, ela contém elevado teor de proteínas e é essencial no prato brasílico. Dados obtidos pela plataforma FAOSTAT – banco de dados provenientes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) – apontam que no ano de 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior em escala global, possuindo uma representação de 14,3% do rebanho do planeta, com 217 milhões de cabeças, sucedendo a Índia com 190 milhões de cabeças. A alta produção de carne bovina brasileira é de extrema importância no mercado, o agronegócio contribuiu com 5,7% para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no primeiro trimestre de 2021, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a carne bovina representa 6% do PIB e 30% doagronegócio, consistindo em um faturamento total de exportações de US$ 5 bilhões ante US$ 4,6 bilhões nos sete primeiros meses de 2020. Figura 3 Atualmente, no Brasil, o indivíduo que vive com menos de R$ 457 ao mês é declarado pobre, e, vivente de extrema pobreza, o indivíduo que vive com menos de R$ 154 mensais. Segundo o IBGE (2019) aproximadamente 105 milhões de brasileiros vivem na pobreza e 20,95 milhões de pessoas na extrema pobreza, vale ressaltar que o salário-mínimo brasileiro é constituído de R$ 1.100,00, e, atualmente, a carcaça bovina está cotada a R$ 17,55/kg, frente ao valor de R$ 18,50/kg em outubro, segundo os dados divulgados pela Agrobrazi. Essa desigualdade social do país afeta diretamente no consumo de carne bovina. De acordo com dados do IBGE (2013), cerca de 17,10% da renda familiar dos brasileiros é para alimentação, a carne é o alimento comum de mais peso nas despesas alimentícias (18,34%). O consumo de carne bovina possui uma diferença nas classes sociais, a classe alta desfruta de um gasto com carne de primeira de 3,93% contra 2,43% da mais baixa, enquanto a classe baixa renda “opta” pela carne de segunda (4,47% contra 1,06% da mais alta). A carne bovina possui um percentual de venda maior nas regiões Sul e Norte (21,2kg em ambas) e as menores, no Nordeste e Sudeste (14,2kg em ambas), o consumo no Centro- Oeste (17,6kg) aproxima-se da média nacional (16kg), por fim, os estados que provem de maiores aquisições de carne bovina são, respectivamente: Rondônia (27,2kg) e Rio Grande do Sul (26,1kg), e, as menores, na Paraíba (10,2kg) e Ceará (11,3kg). Mercado exterior carne bovina Em 2021 o consumo mundial de carne bovina bateu o seu recorde, totalizando mais de 60 milhões de toneladas em equivalente carcaça. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima, em abril, a expectativa para o ano. 2021 deve terminar somando o equivalente a 60,04 milhões de toneladas que, se confirmado, representa um ganho de 1,6% em relação ao consumo observado em 2020 (59,06 milhões de toneladas). A demanda por carne bovina deve continuar crescendo quase 1 milhão de toneladas em equivalente carcaça de 2020 a 2021. O aumento do consumo mundial de carne bovina tem se dado, principalmen te, pela China. A demanda chinesa deve somar 10,08 milhões de toneladas em equivalente carcaça, alta de 6,3% frente a 2020 (9,48 milhões de toneladas) e atrás apenas dos Estados Unidos, maior consumidor mundial, com perspectiva de 12,52 milhões de toneladas. Entre 2017 e 2021 o crescimento esperado do consumo de carne bovina chinês é de 39,4%, variando de 7,23 milhões de toneladas a 10,08 milhões de toneladas. https://www.usda.gov/ https://www.usda.gov/ Pecuária e desmatamento A floresta Amazônica, cuja extensão territorial compreende cerca de um terço das florestas tropicais do mundo, possui notória importância para a manutenção do equilíbrio ecológico brasileiro, seja pela vastidão da biodiversidade e sua preservação, seja pela capacidade de estocagem hídrica que possui. No entanto, sua relevância mundial não é determinante para a evitação dos indubitáveis e potenciais índices de desmatamento nessa região, sendo um dos principais agentes causadores, a pecuária bovina. Nesse sentido, a trajetória pecuarista em solo amazônico não detém plena jovialidade em sua história, visto que esta, inserida em um cenário de erguimento da economia brasileira, começou há mais de 60 anos. Destarte, a década de 1960 foi crucial para definir o destino da grande floresta, uma vez que a integração da Amazônia à economia nacional abriu precedentes para uma exploração “mercantil-individualista” dotada de irracionalidade, dada a interferência incontrolada do capital privado, maioritariamente, no que tange esse estimado ouro brasileiro. Em outras palavras, a integração do norte brasileiro, que visava o mantimento da soberania nacional e o esquivamento de uma possível tomada do território amazonense, englobou vários programas cuja pretensão era melhorar a mobilidade intra-espacial e transformar a região em um arcabouço fértil para a produção mundial econômica do país, a partir disso, com o finco de ratificar os objetivos governamentais, a construção de rodovias e hidrelétricas, instalações assíduas de indústrias, exploração de recursos minerais e, iminentemente, o desenvolvimento da agropecuária foram exemplos da complexidade desse projeto. Após o desenvolvimento ininterrupto do programa de “integrar para não entregar”, slogan da campanha de integração criado no governo militar do Presidente Emílio Garrastazu Médici, em 1970, a floresta Amazônica teve, em níveis comparativos, o equivalente a uma França inteira desmatada. Mediante esse dado, 63% desse desmatamento abarcou o crescente aumento de pastos nessa região. A partir dessa perspetiva, foram engendrados os dois principais problemas fulcrais que são caracterizados, diretamente, como consequências da agropecuária e, especificamente, da pecuária de corte no brasil, sendo eles: a degradação do solo, fruto do desmatamento ilegal da elite ruralista, e a exploração de terras indígenas ou territórios legalmente protegidos pelo poder público, ou seja, de forma sintetizada, a grilagem é crime mais recorrente no setor pecuarista. Desmatamento A base estrutural do ciclo de desmatamento do setor pecuarista está calcada no sistema extensivo de criação que consiste, sumariamente, na criação de gado inserido em um amplo perímetro territorial. De outra maneira, a pecuária extensiva, cuja aplicação compreende quase o total de lucro econômico do ramo de exportação em todo país, é determinada pelo baixo investimento tecnológico e pela ausência de mão de obra qualificada, em virtude das condições de criação do gado que abarcam o descuido com a alimentação animal e com o meio ambiente, visto que aquele é deixado avulso no pasto e criado sem controle de alimentação, de suplementos alimentares ou hormonais, em outras palavras, a lucratividade é colocada em primeiro plano em detrimento da preservação ambiental. Os impactos da pecuária extensiva, intitulada como um latente vetor de expansão no que tange à territorialidade agrícola, pois representa uma ameaça real aos principais biomas brasileiros, como o Cerrado e a Amazônia, são muitos, a citar, a destruição de ecossistemas, visto que, em razão da usurpação exacerbada e, muitas vezes, ilegal, da floresta amazônica, a extinção de nichos ecológicos e da biodiversidade brasileira se corporificam como consequências ramificadas e expressas do sistema extensivo de criação sem aprimoramento tecnológico. Além dos danos supramencionados e já mensurados à nação tupiniquim, a degradação do solo é um outro problema da conjuntura zoo econômica brasileira, cuja causa permeia o grande número de ruminantes no Brasil, portanto, o desproporcional número de 25 milhões de habitantes em contraste aos 85 milhões de cabeças de gado, possui desfecho que integra o acarretamento da compactação e erosão do solo. Outrossim, a questão hídrica é outro ramo cujas raízes estão fulcradas na criação antiquada do gado, ou seja, através de um processo erosivo do solo, lixiviação, ocorre o transporte de elementos contaminados ao leito dos rios, tais como: nitrogênio, fósforo e potássio do esterco. Gases de efeito estufa (GEE) De acordo com os dados fornecidos pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que analisou a progressiva emissão de gases desde 1970, no Brasil, mostrou que o agronegócio foi responsável por 72% das emissões de carbono no território nacional durante 2019. As particularidades da demasiada proporção do índice percentual de GEE é de fácil compreensão e, muitas vezes, surpreendente. Pois, um dos contribuintes catalisadores da emissão de gases deefeito estufa é o metano, gás cujo surgimento deriva do processo digestório dos bovinos, portanto, logo após sua emissão na atmosfera ocorre o processo de transformação para CO2. Além do metano, o desmatamento também faz parte das consequências da atividade pecuarista que culmina no aumento do GEE. Figura 4 Figura 5 Figura 5 Economia e sustentabilidade Dado o irracional revanchismo entre os dois polos supracitados, o Projeto Novo Campo, de adesão voluntária, veio como uma nova iniciativa sustentável que visa aumentar a produtividade de criação bovina, consequentemente, abrangendo uma menor área de devastação ambiental, ou seja, o intuito do programa é amenizar os efeitos danosos do setor pecuarista comum, uma vez que, com o sistema de rotação abaixo, ocorre o fracionamento dos pastos e, em seguida, a adubagem para o crescimento de capim, dessa maneira, potencializando 14 vezes as criações de bois por unidade de área. (A imagem abaixo foi retirada do documentário “sob a pata do boi”). No tocante ao debate em relação à emissão de gases de efeito estufa, fato que suscinta a instantânea reflexão a respeito de algumas estratégias que visam atenuar o alto índice de emissão de CO2, foram pensadas algumas resoluções. Desse modo, alternativas voltadas à melhoraria da estrutura que promove os altos índices de metano, a fermentação entérica, não estão distantes da capacidade humana de abrandar esse empecilho. Portanto, uma vez que fermentação entérica está intrinsecamente ligada à qualidade alimentar do animal, a resolução emerge nítida e calcada na lógica do grau de fibrosidade do alimento, ou seja, “quanto menos fibroso e digestível for o alimento consumido, menos metano será produzido. Nessa situação, o animal ganha mais peso, leva menos tempo para ser abatido e, consequentemente, diminui o impacto no meio ambiente” (Embrapa, 2018). Figura 6 A sociedade civil está afugentada à criminalidade presente na pecuária? “As forças em favor do desmatamento continuam ganhando” (Paulo Barreto, 2018). É com base na fala de Barreto, pesquisador Sênior do Imazon, concedida à esquipe do documentário “sob a pata do boi”, que o questionamento acerca da possibilidade de uma pecuária sem desmatamento e trabalho ilegal surgiu. Diante dessa discussão, Barreto continuou: Calculamos que há ao menos 10 milhões de hectares de pastagens abandonadas ou mal aproveitadas na Amazônia. É área suficiente para aumentar a produção de carne e ainda liberar espaço para a agricultura sem que seja necessário derrubar mais nenhuma árvore (Sob a pata do boi, 2018) O pesquisador complementa dizendo que a “pecuária na Amazônia tem como características a baixa produtividade - menos de um boi por hectare - e o pouco emprego de tecnologia”, ou seja, a falta de investimento tecnológico no setor agropecuário aliado às práticas ilegais de grileiros ruralista remonta um cenário de deterioração dos recursos naturais brasileiros e da falta de aproveitamento potencial do desempenho, até o momento, do agronegócio e da economia brasileira como um todo, cuja participação do setor no PIB total brasileiro pode ultrapassar os 30% em 2021 (CEPEA, 2021). Valores socioculturais da carne A pecuária de corte bovina não se resume à simplória classificação de um setor produtivo de carne, mas, historicamente, esta é simbolicamente atribuída ao prestígio socioeconômico. À vista da valorização social da carne, a historicidade do Brasil é capaz de ajudar a compreender tamanho símbolo. O Brasil pré-colombiano era composto por diversas tribos indígenas e, a partir dessa informação, buscou-se saber qual o tipo de alimentação preterida pelos autóctones. A resposta para essa pergunta é compreendida pelo pela estima dos nativos em relação à carne vermelha. Mas foi com a chegada dos europeus que o consumo de carne foi potencializado, visto que a criação de animais para o abate foi um legado deixado pelos colonos, no entanto, o consumo era restrito a uma determinada elite econômica, isto é, o alimento foi consolidado como uma refeição determinante para a ostentação de ascensão social. A partir disso, até os dias atuais, a carne vermelha tem, além do valor de produção agregado ao produto, um valor simbólico perante a sociedade. Direitos dos animais Ao longo dos anos surgiram novos autores e literaturas que tratam sobre o reconhecimento do direito animal. Dessa forma, foi estabelecido um conjunto de princípios e determinações que definem o que é o direito dos animais. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1978, proclamou a Declaração Universal dos Direitos Animais. No Brasil, o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 condena a crueldade contra animal. Já em 1998, a Lei de Crimes Ambientais passou a criminalizar abusos, maus-tratos, ferimentos e mutilações contra os animais não importando a sua espécie. Vegetarianismo O vegetarianismo abrange diferentes classificações, não é somente uma dieta livre de carne. Ele exclui todos os tipos de carne, isso inclui carne vermelha, peixes e aves. O vegetarianismo pode ser classificado da seguinte forma: • Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na sua alimentação. • Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na sua alimentação. • Ovovegetarianismo: utiliza ovos na sua alimentação. • Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação. Figura 7 Veganismo O veganismo, diz respeito a um estilo de vida que busca excluir, sempre que possível, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais. Sendo assim, abrangendo na alimentação, vestimentas, produtos de higiene, entre outros. Veganos, por exemplo, procuram remédios e shampoos que não tenham tido testes em animais. Logo, vegetarianismo estrito e veganismo são sinônimos quando no âmbito da alimentação. É importante ressaltar que, cada pessoa, dentro do vegetarianismo e do veganismo, tem seu tempo e suas condições de mudança. Acima de tudo, precisamos respeitar as particularidades de cada um. Figura 8 CONCLUSÃO Após a minuciosa pesquisa pode-se concluir diversos aspectos. A pecuária bovina no Brasil tenha começado a se desenvolver no século XVI como apenas o intuito de servir como complemento alimentar para a população de colonos e locais com aspectos explícitos de uma criação extensiva, que se perpetua até hoje entre a maioria dos espaços de criação, hodiernamente esta prática representa uma considerável parte de 6% no nosso PIB nacional, tendo grande papel não só no mercado interno representando 30% do agronegócio, como é um dos maiores exportadores e criadores de carne bovina em escala Global. A influência da criação bovina no Brasil ultrapassa o campo econômico, podendo ser percebida em sistemas políticos da nossa história, por exemplo, o período da política do Café com Leite (1898-1930), ou até mesmo no comportamento e posicionamento socioeconômico do brasileiro ao decorrer da história do Brasil e atualmente. Há ainda várias discussões em relação a como o animal é tratado nessa atividade de criação, sendo que desde 1978, a Unesco proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, e no Brasil na nossa constituição existem leis sobre os maus-tratos e crueldades contra os animais. Sendo assim, o tópico dos direitos dos animais influência diversas práticas, como os diversos tipos de vegetarianismos e veganismo, se tornaram populares, como forma de apoio a dignificação da vida dos animais. Desde o século XVI a criação bovina vem apresentando diversos tipos de evolução para a melhora na produção dos produtos bovinos, evoluções como germinação in vitro, modificação dos pastos e inúmeras técnicas de periodização na criação, ainda que tenha, em suamaioria de aspectos, permanecido como uma criação extensiva. A pecuária sendo uma grande contribuição para o desenvolvimento social e econômico do país ainda traz consigo enormes perdas ao meio ambiente. Desde a década de 2000 quando a grande massa de pecuarista começou a se mover em direção ao Norte do país por conta da aquisição de espaço para a monocultura agrícola, causando inúmeras casos de desmatamento de biomas para “abrir” espaço para o pasto, na região Centro-Oeste, antigo centro da atividade, e na Região Norte, já que ainda hoje a maioria dos pecuaristas brasileiros seguem o sistema extensivo de criação, este desmatamento representa uma perda muito grande à nossa biodiversidade e equilíbrio do meio ambiente. Não somente o desmatamento representa os problemas trazidos pelo crescimento da criação bovina, mas os Gases de Efeito Estufa, são efeitos preocupantes, já que segundo o SEEG, Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, 72% dos gases emitidos no território nacional são derivados do agronegócio, de maneira geral BIBLIOGRAFIA Referência bibliográfica Início da pecuária Bovina no Brasil: Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n.36, v.1, p.26-38, jan./jul. 2014. Produzido por: Jodenir Calixto Teixeira, Professor Assistente do Curso de Geografia pelo CPNA/UFMS. E por Antonio Nivaldo Hespanhol, Professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia –FCT da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Presidente Prudente. Referências Pecuária e desmatamento: MICHELINI, Janaína. A pecuária bovina de corte no Brasil: significados, contradições e desafios em busca da sustentabilidade. 2016. 142f. Dissertação (Doutorado em Ciência do Sistema Terrestre) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2016. RIBEIRO, Cilaine da Silva Gomes; CORÇÃO, Mariana. O consumo de carne no Brasil: entre valores socioculturais e nutricionais. Demetra, Rio de Janeiro, v.8, n.3, 425-438. 2013. SOB A PATA DO BOI. Direção: Marcio Isensee e Sá. Produção: Bernardo Camara. Videocamp. 2018. RIBEIRO, Eugênia. Pesquisa demonstra que manejo adequado de bovinos reduz emissões de metano. Embrapa, Brasília, 03 de abril de 2018. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/- /noticia/32934505/pesquisa-demonstra-que-manejo-adequado-de- bovinosreduz-emissoes-de-metano>. Acesso em: 25/08/2021. ASSUNÇÃO, Gabrielle; MOREIRA, Roselene. O alimento como fator sociocultural: reflexões acerca do consumo de carne. Salão do conhecimento. Unijuí. 2020 http://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-
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