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CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS Professor Me. José Sérgio Righetti GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Cadeias Produtivas de Animais Alternativos. José Sérgio Righetti Maringá - PR.: UniCesumar, 2015. 191 p. “Graduação - EaD”. 1. Cadeias. 2. Produtivas. 3. Animais 4. Alternativos. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 570 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Relacionamento Alessandra Baron Direção Pedagógica Kátia Coelho Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato Dutra Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura Design Educacional Rossana Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração Robson Yuiti Saito Revisão Textual Simone Morais Limonta Keren Pardini Ilustração Rafael Szpaki Sangueza Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. José Sérgio Righetti Mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá, Brasil(2009). Professor de Agronomia do Centro Universitário Cesumar-Unicesumar, Brasil A U TO RE S SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) acadêmico(a)! Bem-vindo(a) ao livro de Cadeias Produtivas de Animais Al- ternativos. Este livro foi organizado especialmente para você e é por isso que eu vou lhe explicar a melhor maneira de estudá-lo. Eu sou o professor José Sérgio Righetti e fui o organizador deste livro. Ele contém cinco unidades estruturadas de maneira a conduzi-lo (a) um raciocínio lógico, e para que você compreenda que cada cadeia produtiva tem algumas características peculiares que se- rão decisivas para a gestão das atividades e, consequentemente, para o planejamento e condução de projetos. Na primeira unidade discutiremos sobre a cadeia produtiva da ovinocultura. Começare- mos nossa discussão levantando os cenários atuais, o comportamento do mercado e as tendências e perspectivas da ovinocultura no Brasil e no mundo. Agora, vou lhe fazer uma pergunta. Você faz ideia de por que ainda hoje esta atividade é desenvolvida empiricamente no Brasil? Vou te responder, principalmente pela falta de organização da cadeia produtiva. No item seguinte, você vai estudar os conceitos de cadeia produtiva. Devemos nos aten- tar que a crescente interdependência entre as diversas etapas pelas quais passa o pro- duto, da produção ao consumo final, se coloca como uma característica fundamental nos negócios agropecuários. Outro tópico do nosso estudo são os produtos desta cadeia e as raças mais utilizadas pelo mundo. Este conhecimento é importante para decidir o rumo e os resultados que se pretende com a atividade. Falando nisso, você gosta de navegar pela internet? Espero que sim, pois em vários trechos de nosso material existem algumas atividades que co- bram de você a utilização desta tecnologia. No próximo tópico, você irá estudar as tecnologias de produção agropecuária e o plane- jamento da atividade. Faremos uma breve discussão sobre os sistemas de produção e a infraestrutura necessária para o negócio. Essa teoria e os conhecimentos práticos são vitais para você porque essa comunhão é que vai te preparar para o mercado de trabalho, que hoje exige profissionais munidos de conhecimento, experiência e criatividade. Eu posso dizer a você que existem três perguntas que, se forem respondidas, significa que você captou a ideia central desta unidade: • Quais são as características do mercado dos produtos da ovinocultura? • Quais são as tecnologias disponíveis para uma boa criação? • Quais quais são os investimentos necessários para o êxito no empreendimento? Proponho, então, que você leia a unidade I e tente responder a estas três questões. Pode ser? Mãos à obra, então! APRESENTAÇÃO CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS Na unidade II, denominada Cadeia produtiva da caprinocultura, começo a discussão analisandoo plantel mundial e nacional levantando os cenários atuais, o comporta- mento do mercado e as tendências e perspectivas da caprinocultura no Brasil e no mundo. No item seguinte, vamos, como nos últimos anos vários seminários e workshops realizados no Brasil, discutir o agronegócio da caprinocultura tendo como principal enfoque identificar e propor estratégias que possibilitem a organização do setor da ovinocaprinocultura. Outro tópico do nosso estudo são os produtos desta cadeia e as raças mais utili- zadas pelo mundo. Como estudaremos na unidade I, a escolha da raça é de suma importância, mas devemos também analisar o ambiente da criação e os objetivos do negócio. No próximo tópico, você vai estudar as tecnologias de produção agropecuária e o planejamento da atividade. Faremos uma breve discussão sobre os sistemas de pro- dução e a infraestrutura necessária para o negócio. Não nos esquecendo da mão de obra, pois a exploração exige grande cuidado e manejo, além da formação de um bom plantel. A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos anos. Neste contexto, ganham espaço novas concepções, ações e atitudes, em que pro- dutividade, custo e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Espero que com as discussões destas duas unidades você se sinta apto(a) a fazer um diagnóstico da cadeia produtiva de caprinos em sua região e argumente com segu- rança com outras pessoas a importância desta cadeia produtiva, principalmente no aspecto social. Na unidade III, procurar-se-á demonstrar a importância da cadeia produtiva da aqui- cultura, e, da mesma forma que nas unidades anteriores, procuramos discutir os cenários atuais no mundo e principalmente no Brasil. Caro(a) aluno(a), esta disciplina como parte do curso de Agronegócio engrandece a grade curricular e particularmente me satisfaz, pois é minha área de trabalho e pesquisa. Outro tópico do nosso estudo são os tipos de aquicultura, na qual aborda- remos com mais ênfase a criação de camarões, ostras e peixes. Nesta parte de nosso trabalho, você vai conhecer os fatores abióticos, tais como: temperatura, transparência, oxigênio dissolvido (OD), dentre outros, e avaliar os vá- rios sistemas de produção, tais como: intensivo, extensivo, semi-intensivo, tanque- -rede, entre outros, e ainda vamos estudar sobre as instalações necessárias para um cultivo adequado em aquicultura. No final da leitura desta unidade, você vai concluir que o negócio da aquicultura apresenta-se como uma atividade alternativa à prática extrativista, que tem ultra- APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO passado seus limites sustentáveis, e revela-se como uma opção interessante para empreendedores de todos os portes. Outro detalhe importante é que, ao final de todas as unidades, você encontrará uma leitura complementar e atividades de autoestudo. Neste momento, sugiro que você pare um pouco e reflita: “realmente fiz uma boa leitura, acessei os sites recomen- dados, assisti aos filmes”, pois bem, então saberá realmente qual foi seu ganho de aprendizagem. Na unidade IV, chamada Cadeia produtiva da estrutiocultura, iniciaremos nossa in- cursão ao mundo das ratitas, ou seja, especificamente de Avestruz. Nesta unidade, discutiremos que, antes de iniciar a criação de avestruz, são neces- sários certos cuidados, que vão desde a escolha de qual segmento da cadeia será seguido até a escolha da área a ser utilizada, passando pela compra das aves e ma- quinários, manejo, clima, mão de obra, controle sanitário, entre outros. Também abordaremos como montar um criadouro de avestruz com licença ambiental junto ao IBAMA para iniciar o negócio. Seguindo no estudo, vamos estudar a importância dos indicadores e da sua análi- se. Na última unidade do seu material didático, unidade V, Estudo econômico das alternativas de negócio, mostrarei para você como apurar os custos de produção e realizar o planejamento, analisando algumas variáveis. As palavras-chave desta unidade são análise e competitividade. Não deixe de aplicar estes conhecimentos, faça o diagnóstico do negócio agropecu- ário, seja qual for a alternativa de negócio e calcule os custos de produção. É impor- tante analisar alguns pontos para auxiliar a tomada de decisão, por parte do futuro empreendedor, os coeficientes técnicos, os custos e a viabilidade do negócio. Você percebe que a minha preocupação é sempre relacionar o que você estuda nos materiais com o que vivencia na prática? Sem fazer essa relação, fica bem difícil in- gressar no mercado hoje em dia. Os livros são a base de tudo, mas, sem análise e vivência, esse conhecimento se per- de, por isso fique atento(a) a tudo que passa ao seu redor! Mãos à obra e bom trabalho! Se você está apreensivo (a) com a quantidade de informação, fique tranquilo(a), em nossas aulas, debateremos, passo a passo, cada alternativa animal proposta neste material. Bom Estudo! Professor Me. José Sérgio Righetti SUMÁRIO 11 UNIDADE I CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA 17 Introdução 18 Cenários Atuais 23 Mercado da Ovinocultura no Brasil 26 Tendências e Perspectivas 28 Cadeia Produtiva da Ovinocultura 33 Produtos da Ovinocultura 38 Principais Raças de Ovinos 41 Como Escolher o Animal 42 Sistemas de Criação/Manejo 46 Planejamento do Sistema de Produção 48 Considerações Finais UNIDADE II CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA 59 Introdução 60 Cenários Atuais 61 Mercado dos Produtos Caprinos 62 Tendências e Perspectivas 63 Cadeia Produtiva da Caprinocultura SUMÁRIO 68 Produtos da Caprinocultura 72 Principais Raças de Caprinos 74 Como Escolher o Animal 76 Sistema de Criação/Manejo 79 Planejamento do Sistema de Criação 82 Considerações Finais UNIDADE III CADEIA PRODUTIVA DA AQUICULTURA 91 Introdução 92 Aquicultura-Definição e Conceitos 97 Piscicultura e o Seu Mercado 101 Tendências e Perspectivas na Aquicultura 106 Cadeia Produtiva Aquícola 108 Espécies Cultivadas 113 Fatores Abióticos 114 Sistemas de Produção 120 Legalização Ambiental 120 Instalações na Aquicultura 123 Manejo 126 Considerações Finais SUMÁRIO 13 UNIDADE IV CADEIA PRODUTIVA DA ESTRUTIOCULTURA 137 Introdução 138 Panorama da Estrutiocultura 141 Raças/Espécies 142 Produtos 147 Produtividade 148 REGISTRO DE CRIADOURO 149 Fases da Criação 151 Instalação e Manejo 156 Considerações Finais UNIDADE V ESTUDO ECONÔMICO DAS ALTERNATIVAS DE NEGÓCIO 165 Introdução 166 Coeficientes Técnicos 171 Custos 178 Análise de Viabilidade 181 Considerações Finais 187 CONCLUSÃO 189 REFERÊNCIAS 192 GABARITO U N ID A D E I Professor Me. José Sérgio Righetti CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer a evolução histórica da ovinocultura. ■ Caracterizar o mercado analisando as ameaças e as oportunidades do negócio ovinocultura. ■ Conhecer a cadeia produtiva da ovinocultura. ■ Identificar os produtos da ovinocultura, conhecendo as raças de ovinos. ■ Conhecer como escolher os animais para iniciar o negócio. ■ Familiarizar com a tecnologia de produção, controle sanitário, manejo alimentar e manejo reprodutivo. ■ Planejar o sistema de criação definindo e quais são os investimentos necessários. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Cenários Atuais ■ Mercado da Ovinocultura no Brasil ■ Tendências e Perspectivas ■ Cadeia Produtiva da Ovinocultura ■ Produtos da Ovinocultura ■ Principais Raças de Ovinos ■ Como Escolher o Animal ■ Sistema de Criação e Manejo ■ Planejamento do Sistema de Produção INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), antes de iniciar as nossas atividades, gostaria de lhe per- guntar se você sabe o que significa ovinocultura? Bom, já respondendo a essa pergunta, a ovinocultura é a criação de ovelhas. A ovinocultura é uma atividade explorada economicamente emtodos os con- tinentes, sendo exercida em distintos ecossistemas com os mais diferentes tipos de clima, solo, topografia e vegetação. No entanto, em alguns países, a exemplo do Brasil, esta atividade é desenvolvida de forma empírica e extensiva, com bai- xos níveis tecnológicos e resultados zootécnicos. Vamos entender como e por que esta atividade ainda hoje é desenvolvida empiricamente. A exploração de pequenos ruminantes é, historicamente, uma atividade bastante importante econômica e socialmente. O crescimento vertigi- noso da exploração de pequenos ruminantes está transformando o cenário dos sistemas produtivos. Ao longo das últimas décadas, a ovinocultura tem sofrido transformações técnicas nos diversos elos de sua cadeia produtiva. A produção de ovinos proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para vestuário, além de carne e leite para alimentação. A produção vem cres- cendo e é uma alternativa de renda para o produtor rural. Há diversas razões para isso: as grandes extensões territoriais com condições favoráveis à produção de alimentos e às criações, porém é importante o ajustamento do tipo às condições ambientais em seus múltiplos aspectos: clima, solo, recursos técnicos, sistema de criação e características do mercado de fatores e do produto. Nesta primeira unidade, vamos analisar o agronegócio da ovinocultura como um todo, ou seja, o panorama mundial e nacional da produção, características do mercado, as ameaças e as oportunidades do setor. Discutiremos a respeito de cadeia produtiva e de algumas considerações sobre o agronegócio na cadeia produtiva da ovinocultura. Veremos ainda as características dos produtos desta cadeia, as raças utilizadas pelo mundo, a tecnologia de produção, as instalações necessárias e como planejar o negócio. 17 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I CENÁRIOS ATUAIS Mundo A ovinocultura no mundo é uma atividade em franca expansão, já sendo pra- ticada há séculos. Porém, há uma grande concentração de rebanhos em alguns países. Segundo ANUALPEC (2014), existiam no mundo em 2012, 2.165.126 mil cabeças de caprinos e ovinos; em ordem crescente, quanto à concentração de rebanhos, temos a China, Índia, Sudão, Nigéria, Paquistão, Austrália e Irã, como se observa na Figura 1. Somente a China detém aproximadamente 17% do total de caprinos e ovinos criados no mundo e responde por mais de 28% da produ- ção de carnes dessas espécies no âmbito mundial, como se observa na Figura 2. A China é um importante centro consumidor, destacando-se pela produção elevada, porém com índices zootécnicos baixos. Já pelo que vem oferecendo ao mundo em termos de pesquisas quanto às raças para produção de carnes, desta- ca-se a África do Sul. Atualmente, a Ásia é o principal polo produtor de ovinos, favorecida pela grande extensão territorial e condições climáticas favoráveis nas regiões próximas à linha do Equador. Enquanto na Oceania, onde a ovinocul- tura está profundamente enraizada, existem limitações de área para expansão dos rebanhos. O Brasil atualmente ocupa o 15º lugar, com cerca de 17,3 milhões de cabe- ças e com um crescimento anual nesta última década de aproximadamente 1,6% ao ano do rebanho efetivo (IBGE, 2014). Países como Austrália e Nova Zelândia são reconhecidos por serem altamente tecnificados no desenvolvimento desta atividade produtiva, com alta produtivi- dade, visando à produção de carne e lã, o que leva esses países a controlar em o mercado internacional desses produtos. Durante anos, esses países desenvolveram técnicas produtivas e animais de raças especializadas que se difundiram pelo mundo, dando impulso para explo- ração econômica mundial da ovinocultura. O principal destino da carne ovina exportada pela Austrália são os Estados Unidos, enquanto a Nova Zelândia envia mais da metade de seu produto para a União Europeia. A China exporta carne ovina principalmente para o Oriente 19 Cenários Atuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Médio e o Norte da África. O Uruguai tem como grandes consumidores de sua carne ovina exportada a União Europeia e o Brasil. Já os EUA exportam para o México e o Canadá. O consumo médio mundial de carne ovina não passa de 2 kg per capita ano, entretanto, países como Mongólia, Nova Zelândia e Islândia apresentam os maiores consumos de carne ovina, com 39 kg, 24 kg e 22 kg per capita ano respectivamente. Aspectos religiosos, tradição na atividade e cultura da população são os prin- cipais fatores que determinam esse elevado consumo (FAO, 2007). 3%4% 4% 4% 4% 11% 17% 52% China Índia Sudão Nigéria Paquistão Austrália Irã Outros Figura 1: Nível de participação dos maiores rebanhos de ovinos e caprinos no mundo Fonte: ANUALPEC (2014) A Nova Zelândia e a Austrália são responsáveis por 74% das exportações de carne ovina, enquanto União Europeia, EUA e Arábia Saudita importam 39% da carne ovina mundial (MDIC, 2010). Ao se fazer uma relação entre animais/habitantes tem-se uma inversão de colocação, na qual, a Nova Zelândia, que em 2008 ocupava a 11ª colocação no quantitativo de rebanho, passa a ocupar a 1ª colocação com 13 cabeças/habi- tantes, e a Austrália sobe da 6ª colocação para a 2ª colocação com 7 cabeças/ habitantes, tendo, do ponto de vista econômico, uma grande importância por serem exatamente os dois colocados em cabeças/habitantes os detentores dos melhores resultados por exportação de produtos das espécies em referência, que CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I juntos perfazem mais de 74% da carne ovina. Vale ressaltar que a Nova Zelândia tem o maior consumo per capita, com algo em torno de 30 kg/habitante/ano (ANUALPEC, 2010). As tendências para o mercado ovino são promissoras. Conforme FAO (2007), a demanda de carne nos países em desenvolvimento vem sendo impulsionada pelo crescimento demográfico, pela urbanização e pelas variações das preferên- cias e dos hábitos alimentares dos consumidores. O comércio internacional de carne ovina vem evoluindo de forma consis- tente nos últimos anos. As importações estão pulverizadas por diversos países. O mercado da lã tem muita representatividade em alguns países como Austrália (produz a melhor lã fina do mundo), Nova Zelândia e Uruguai, enquanto a lã brasileira tem perdido valor. O leite de ovinos compreende um pequeno percentual do mercado total de leite. Em escala mundial, o leite de ovelhas corresponde a cerca de 1,3% da produção de leite das principais espécies produtoras (FAO, 2007). A indústria leiteira nesta cadeia produtiva se concentra nos países mais desenvolvidos do Mediterrâneo, e está crescendo na Austrália, Israel e França. Merecendo desta- que no cenário mundial a França, pela sua expressiva produção de queijo. 21 Cenários Atuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 44% 2%3%3%3%4% 5% 9% 28% China Índia Sudão Nigéria Paquistão Austrália Nova Zelândia Outros Bangladesh Figura 2: Contribuição para a produção mundial de carne ovina e caprina no mundo Fonte: ANUALPEC (2010) Apesar dos avanços já alcançados na ovinocultura, ainda há países, a exemplo do Brasil, com grandes rebanhos, porém com uma baixa taxa de desfrute deter- minada pelo sistema de criação adotado pela maioria dos criadores e agravado pela insistência destes em manter uma relação irregular com o mercado. Por outro lado, temos alguns países com uma maior visão e integração ao mercado, que, neste vazio, se especializam no promissor agronegócioda ovinocultura. A produção de ovinos proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para vestuário, além de carne e leite para alimentação. O sistema de criação adotado pela maioria dos criadores, insistência destes em manter uma relação irregular com o mercado, e a falta de organização são fatores determinantes para este empirismo. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I BRASIL A criação de ovinos no Brasil deve-se, principalmente, à influência espanhola em nossa colonização. Inicialmente voltados especificamente para a produção de lã, os rebanhos eram criados mais significativamente na região sul e foram sendo adaptados para o sistema de duplo propósito (produção de lã e de carne). A Tabela 1 mostra o rebanho total de ovinos no Brasil e por região, no período de 1975 a 2013. A criação ovina está destinada tanto à exploração econômica como à subsistência das famílias de zonas rurais. Ano Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste 1975 17.282.266 84.428 5.585.113 261.981 11.752.691 114.013 1985 18.658.967 197.567 6.571.917 341.323 11.277.830 270.330 1995 18.336.432 369.732 6.987.061 378.498 10.113.298 467.843 2005 15.558.041 481.528 9.109.668 606.934 4.452.498 937.413 2013 17.290.519 652.328 9.774.436 722.228 5.186.823 954.704 Tabela 1: Efetivo total de ovinos no Brasil e por região, no período de 1975 a 2013, em cabeças Fonte: IBGE (2014) Os ovinos são criados em todos os estados do país. Os maiores efetivos ovinos estão no Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí. A queda do rebanho da região sul, ocorrida em meados da década de 1990, corresponde ao decréscimo acentuado do número de animais do Rio Grande do Sul, principal estado produtor, afetado pela crise internacional da lã e pelo aumento da área cultivada com grãos. Muitos produtores desistiram da atividade, influenciados pela baixa rentabilidade das criações após a queda de preços da fibra. As raças produtoras de lã tiveram uma diminuição acentuada, passando o efetivo ovino da região sul do país de 11,7 milhões em 1975 para 5,1 milhões de cabeças em 2013. Aliado à redução na produção de lã, houve um incremento dos ovinos pro- dutores de carne em todo o país. Atualmente, estima-se que o rebanho gaúcho, tradicionalmente composto por animais produtores de lã, seja composto de 60% de ovinos produtores de carne. 23 Mercado da Ovinocultura no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Os números na Tabela 1 refletem a atual realidade, com empresários da bovino- cultura investindo maciçamente na ovinocultura, porém os pequenos produtores também já vislumbraram a atividade como uma opção para a diversificação e o aumento da rentabilidade dos seus empreendimentos rurais. No Brasil, em geral, os rebanhos caprinos e ovinos são constituídos por peque- nos números de animais, sendo explorados ainda, em algumas regiões, como subsistência familiar. Ressalta-se que grande parte das atividades relacionadas à exploração de ovinos ainda é executada por mão de obra familiar, principalmente de mulheres e crianças. No entanto, mesmo na exploração de base familiar, que seja alicerçada no uso de tecnologias e com foco nos mercados, a ovinocultura aparece como geradora de emprego e renda ao longo de toda a cadeia produtiva. O mercado mundial vem crescendo e se consolidando, com um reconheci- mento cada vez maior da qualidade da carne dos animais mais jovens que, aliado ao contínuo preço baixo da lã no mercado internacional, firmando a tendência de os rebanhos ovinos voltarem-se para a produção de carne. MERCADO DA OVINOCULTURA NO BRASIL A ovinocultura brasileira apresenta indicadores de produtividade abaixo da média internacional. Com 1,45% do efetivo do rebanho mundial, no Brasil, foram abatidos, em 2002, apenas 0,92% do total mundial, alcançando um desfrute de apenas 30%, enquanto a média mundial de desfrute foi de 47,31% (FAO, 2008). A produção de carne de cordeiro vem sendo cada vez mais procurada entre os produtores rurais por diversos motivos, principalmente pela crescente demanda no consumo e pela lucratividade que a atividade proporciona. A estabilização A análise dos dados da Tabela 1 revela que houve uma mudança de impor- tância relativa quanto ao efetivo do rebanho ovino nas regiões brasileiras. © sh ut te rs to ck CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I econômica advinda do Plano Real e alguns acontecimentos externos e internos de ordem sanitárias, como: Gripe Aviária (Ásia), Mal da Vaca Louca (Europa) e Febre Aftosa (Brasil), têm proporcionado uma maior procura pela carne ovina no mercado doméstico e internacional, dada uma redução da oferta mundial e o encarecimento das carnes bovinas e de frango (substitutos próximos). O mercado da carne ovina está em franca ascensão em todo o país. Os pre- ços praticados no âmbito da unidade produtiva representam bem mais do que o preço pago pela carne bovina nas mesmas condições. O mercado da carne de ovinos é altamente comprador e a atividade vem crescendo a passos largos, em todas as regiões do país, destacando-se as regiões nordeste, centro-oeste e norte. O consumo de carnes e derivados no país é altamente favorável à ovinocultura, e encontra-se em pleno processo de expansão, pois as estatísticas oficiais mos- tram um consumo de 700g habitante/ano, enquanto que o consumo em países do primeiro mundo varia de 20 a 28 kg/pessoa/ano (SILVA SOBRINHO, 2006). Vale ressaltar que o mercado mundial tem se mostrado altamente com- prador, tendo o Brasil já recebido mais de uma pro- posta para exportar carne ovina para os Emirados Árabes, sem possibilidade de atendimento devido ao volume solicitado ser maior que nossa organização produtiva. Quanto ao abate dos ovinos, sabe-se que a carne dos frigoríficos clandes- tinos, que não passa por nenhum tipo de fiscalização sanitária, representa a maior parte da produção nacional. A existência de poucos frigoríficos para o abate de ovinos é outro motivo que explica o abate clandestino. A carne clandes- tina representa um problema para o setor, uma vez que falta inspeção sanitária e padronização do produto final. 25 Mercado da Ovinocultura no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O mercado brasileiro de carne ovina encontra-se bastante distribuído, con- centrando-se em algumas capitais e nos interiores do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Nordeste. Entre as cidades, o consumo é maior em São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza. Também são importantes praças consumidoras Recife, Curitiba e Rio de Janeiro. O consumo de carne ovina é influenciado principalmente pelo preço do produto, pela renda per capita dos consumidores e pelos preços das carnes subs- titutas, principalmente as de aves, bovinos e suínos. Mesmo baixo em termos absolutos, o consumo de carne ovina no Brasil é maior que a produção, déficit que vem sendo coberto pela importação. O espaço para a carne importada vem aumentando, de 1997 a 2008, a importação de carne ovina passou de um valor de US$ 6 milhões para mais de US$ 23 milhões. Mesmo com este crescimento, a carne importada significa apenas 9% do consumo formal bra- sileiro. O Uruguai fornece 96% da carne ovina importada pelo Brasil, o Chile vem em segundo lugar com 3% e a Argentina fica com 1% (ASPACO, 2010). O consumo per capita nacional está estimado em 700 g/habitante/ano para carne ovina, valor 65% inferior à média mundial (que é de 2 Kg/habitante/ano). O consumo de carne ovina tem sofrido um incremento substancial nos últimos dez anos, situando-se em torno de 1,8 kg/habitante/ano naRegião Sul do País, mas este número configura um contraste gritante em relação aos consumos per capita no Brasil das carnes avícola, bovina e suína, que estão em torno de 46,4 kg; 39,5 kg e 13,9 kg, respectivamente (ANUALPEC, 2014). Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (2008), a produção nacional está avaliada em 172 mil toneladas de carne por ano, muito abai- xo das 204 mil toneladas consumidas anualmente pelo país, dos quais em torno de 30% concentram-se no estado de São Paulo. Somente o município de São Paulo, capital, consome cerca de 75% do mercado estadual e 25% do mercado nacional. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A produção e o processamento industrial de leite de ovelhas ainda são muito pequenos no Brasil. Ovinos com aptidão leiteira foram importados da França para o Brasil, em 1992. A raça adquirida foi a Lacaune, introduzida inicialmente no Rio Grande do Sul. Dados coletados diretamente das empresas e sites especializados permitem estimar um processamento nacional de aproximadamente 510.000 litros por ano, o que corresponde a aproximadamente 527 toneladas. De acordo com informações obtidas junto à ABCOL (Associação Brasileira de Criadores de Ovinos da Raça Leiteira), há criadores de ovelhas leiteiras no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Bahia. Alguns desses criadores transformam em queijos, doces e iogurtes o leite da propriedade, de forma artesanal, a maioria ainda sem ins- peção sanitária oficial. Santa Catarina é o maior produtor de leite de ovelha do país, com estimados 200 mil litros por ano, o que representa cerca de 40% da produção nacional. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS A ovinocultura no Brasil passa por momentos de transição no que diz respeito à produção de carnes. Há uma profissionalização crescente na criação de ovi- nos e grande interesse por parte dos empresários e investidores no setor, pois a criação de ovinos vem se mostrando como uma atividade com grande poten- cial de crescimento sendo estes fatores que contribuem para o cenário positivo que a ovinocultura vive atualmente. Entre as espécies de ruminantes criados pelo homem para produção de carne, os ovinos e caprinos são os que apresentam o menor intervalo de tempo entre o nascimento e o abate. No mundo inteiro, a carne destes pequenos ruminan- tes é considerada como uma iguaria, apreciada e valorizada e, por esse motivo, alcançam preços superiores às demais carnes. 27 Tendências e Perspectivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . As fazendas brasileiras estão abrindo espaço para produção da carne de cordeiro. A alta rentabilidade do negócio é um dos grandes atrativos para os criado- res. O preço da carne de ovino, em 2010, girava em torno de R$ 7,50 e, em 2014, está em torno de R$ 14,00 o quilograma abatido (ASPACO, 2014). Em relação ao ciclo de produção da carne ovina, este é quatro vezes mais curto que a bovina. Aquilo que corresponde à eficiência, os ovinos são mais hábeis que os bovinos em transformar comida em carne. Um cordeiro ganha 2% do peso vivo ao dia, já um bovino ganha 0,2%. Os ovinos são dez vezes mais efi- cientes e produtivos, rendendo ao produtor 60% a mais de carne por hectare/ano. A ovinocultura nos últimos anos vem despontando no agronegócio brasi- leiro como opção de diversificação da produção, assim gerando oportunidades de emprego, renda e fixação do homem no campo, demonstrando seu impor- tante papel no contexto da pecuária brasileira. Embora seja necessário ressaltar que este alavancamento no setor produtivo da ovinocultura está amarrado a uma tendência crescente de comercialização em supermercados e restaurantes (Mercado Commoditizado) e de declínio direto do autoconsumo nas propriedades e da comercialização de carne ovina por meio de feiras e açougues (Mercado Spot). Na contramão do crescimento, a atividade ainda convive com grande parcela de comercialização informal. É preciso um rebanho comercial de ovinos maior, fiscalização para evitar abates clandestinos, uma comercialização mais eficiente, produção de escala para diminuir os custos, dentre outros. O produtor precisa fazer a sua parte, investindo na profissionalização e, principalmente, na organização para atender ao mercado crescente e cada vez mais exigente. A atividade acena para um negócio altamente lucrativo, porém a falta de organização e de integração da cadeia produtiva acaba dificultando a geração e a difusão de tecnologias, bem como a estruturação de canais de comercializa- ção necessários para o bom andamento da atividade. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA A noção de cadeia produtiva abarca as atividades agropecuárias não apenas na etapa de produção, mas também nos elos de fornecimento de insumos, de trans- formação industrial e de comercialização. Existem duas vertentes metodológicas que tentam explicar a dinâmica de funcionamento e a busca de eficiência das cadeias produtivas: a commodity system approach e a análise de filière. As cadeias agroindustriais compreendem os segmentos antes, dentro e depois da porteira da fazenda, envolvidos na produção, transformação e comerciali- zação de um produto agropecuário básico. Utilizando a noção de commodity system approach, Goldberg estudou o comportamento dos sistemas de produ- ção de laranja, de trigo e de soja nos Estados Unidos. Nesse tipo de abordagem, parte-se de uma matéria-prima agrícola específica para explicar a lógica do enca- deamento das atividades (BATALHA, 1997). Morvan, tendo como ponto de partida a identificação de um produto final como o queijo, por exemplo (análise de filière), considera cadeias agroindustriais de produção como um conjunto de relações comerciais e financeiras, que esta- belecem um fluxo de troca situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes (BATALHA, 1997). Embora surgidas em épocas e lugares diferentes, ambas as metodologias de análise guardam muitas semelhanças. Entre outras convergências, os dois con- ceitos compartilham a noção de que a agricultura deve ser vista dentro de um sistema mais amplo, composto também por produtores de insumos, agroindús- trias, distribuição e comercialização. Ambos os conceitos destacam o aspecto dinâmico do sistema, com suas relações entre cada elo da cadeia agroindustrial. De acordo com Batalha (1997), Zylbersztajn e Neves (2000), o conceito de agribusiness provém destas duas abordagens teóricas, Commodity System Approach (CSA), proveniente da escola americana, e de Analyse de Filières, originada da escola industrial francesa. Para esses autores, o conceito de cadeia produtiva sob a essência teórica do agronegócio é definido como uma sucessão de atividades produtivas, interligadas entre si, desde a produção de insumos, setor agropecu- ário, beneficiamento e distribuição de alimentos e biomassa, visando atender às necessidades reveladas pelos consumidores finais. 29 Cadeia Produtiva da Ovinocultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Cuidado! No entanto, não se deve confundir o desenho de uma cadeia produtiva com um fluxograma de produção ou de industrialização, pois os esquemas sugeridos guardam estreita correlação com o conceito de cadeia produtiva, ou seja, conjunto de atividades agropecuárias, industriais e de serviços que mantém sinergias de caráter tecnológico, comercial e econômico, cuja matéria-prima principal vem do setor agropecuário ou cujo produto final tenha naquele setor o seu mercado. As relações de dependência entre as indústrias de insumos, produção agropecuária, indústriade alimentos e o sistema de distribuição não mais podem ser ignoradas. Entende-se que uma cadeia produtiva específica seja composta por empresas com distintos níveis de coordenação vertical. Entre estas são realizadas transa- ções que podem ocorrer via mercado ou via contratos – formais e informais. O ambiente institucional estabelece o meio no qual as transações ocorrem e inter- fere tanto na definição dos objetivos das organizações quanto nas estruturas de governança adotadas. Devemos nos atentar que a crescente interdependência entre as diversas eta- pas pelas quais passa o produto, da produção ao consumo final, se coloca como uma característica fundamental nos segmentos agropecuários, não sendo dife- rente na ovinocultura. Apresentamos, na Figura 3, um modelo teórico que indica uma concepção de cadeia produtiva que comporta os seguintes elementos fundamentais para sua análise descritiva: os agentes, as relações entre eles, os setores, as organiza- ções de apoio e o ambiente institucional. Discutiremos cada um dos elementos: Fornecimento de insumos – constituídos por empresas, em geral, gran- des grupos econômicos fazem chegar aos produtores, por meio do varejo, os insumos necessários à produção, tais como vacinas, sal mineral, arame farpado, insumos agrícolas entre outros. Os fabricantes de vermífugos e vacinas para ovinos são os mesmos que pro- duzem os materiais para outras espécies, logo utilizam os mesmos canais de distribuição. Da mesma forma, os fabricantes de sal mineral e ração para bovi- nos costumam usar em seus portfólios produtos específicos para ovinos e a logística já existente. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Como os ovinos são ruminantes e se alimentam principalmente de pastos, os insumos aplicados na pastagem para bovinos naturalmente podem benefi- ciar os ovinos: sementes, fertilizantes, herbicidas e inseticidas. Quando se trata de equipamentos que têm especificações diferentes para ovi- nocultura, como balanças, castradores, brincos, há um pouco mais de dificuldade para a aquisição, pois nem todas as lojas vendem esses produtos. Nesse caso, existe a possibilidade de encomendar o equipamento ou insumo desejado na própria loja ou em algum fornecedor de outra região, ação ultima- mente facilitada com o desenvolvimento recente do comércio eletrônico. Produção de matérias-primas – reúne as firmas e produtores rurais que fornecem as matérias-primas iniciais para que outras empresas avancem no processo de produção do produto final (agricultura, pecuária e extrativismo). Normalmente, a criação de ovinos não se dá de forma exclusiva nas proprieda- des. O mais comum é que estes animais sejam criados em conjunto com bovinos de corte e leiteiros. Isso se traduz na baixa especialização da mão de obra e tam- bém na falta de informações adequadas quanto ao desenvolvimento da criação por parte dos proprietários. Industrialização – é constituída pelas firmas responsáveis pela transforma- ção das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor, as quais podem ser uma unidade familiar ou outra agroindústria. É uma característica do setor industrial da carne ovina a existência de poucas plantas no país, a baixa incidência de estabelecimentos com Serviço de Inspeção Sanitária Federal (SIF) e o abate clandestino. Também é regra a baixa agregação de valor, com a predominância de cortes de baixo valor agregado e poucas expe- riências com produtos como linguiça, hambúrguer e pratos prontos. 31 Cadeia Produtiva da Ovinocultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . INSUMOS PECUÁRIA FRIGORÍFICO MERCADO EXTERNO INDÚSTRIA DE COURO OUTROS AÇOUGUES ATACADO SUPERMERCADOS CONSUMIDORES CPA - OVINOCULTURA Figura 3: Cadeia Produtiva Agroindustrial Fonte: adaptada de Batalha (1997) Chama a atenção a grande incidência do abate e processamento informal, deno- minado de “Frigomato” ou abate clandestino. É comum, principalmente nas cidades de porte pequeno e médio e em áreas rurais, que o produtor ou um atravessador abata o animal e entregue a carne (já em cortes ou carcaça inteira) diretamente aos consumidores, restaurantes e açougues. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Para se ter ideia do tamanho da informalidade do setor no Brasil, o total de abates oficiais de ovinos e de caprinos no ano 2010 foi de 290.048 cabeças, segundo o ministério da Agricultura (MAPA), o que representou apenas 1,1% do rebanho brasileiro ou cerca de 4% dos abates totais estimados (7,5 milhões de animais por ano). A rede de relações de uma cadeia produtiva não pode ser entendida como linear e sim como uma rede em que cada agente tende a ter contatos com um ou mais agentes e, a partir do desenvolvimento e aperfeiçoamento destas relações, poderão tornar a arquitetura de uma cadeia produtiva mais ou menos eficiente e/ou mais ou menos coordenado. As transações estão relacionadas aos arranjos institucionais, que diferem entre si, principalmente quanto à eficiência em custos de transação. Assim, conhecen- do-se as dimensões das transações, é possível prever os arranjos institucionais mais eficientes. Alguns atributos são responsáveis por essas dimensões, tais como a frequência, a incerteza e as especificidades dos ativos. A frequência indica a quantidade de vezes que determinadas transações ocorrem entre os agentes. A relação contratual entre duas partes é diretamente influenciada por esse atributo, uma vez que surgem formas contratuais alterna- tivas a partir de diferentes frequências de transação. Um frigorífico que adquire sempre cordeiros para abate de determinado produtor deveria construir com ele um relacionamento de confiança que permitisse facilitar a aquisição de matéria-prima. © sh ut te rs to ck 33 Produtos da Ovinocultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PRODUTOS DA OVINOCULTURA Quando um criador pretende criar ovelhas, deve escolher qual a produção desejada: carne, pele ou lã, embora possa aproveitar, também, o leite por elas produzido. Naturalmente, a escolha da raça é de máxima importância, não só de acordo com a produção desejada (lã, carne, pele ou leite), mas, ainda, de acordo com o ambiente em que vai ser criada, para que melhor se adapte às suas condições de clima, temperatura, dentre outros. LÃ É o mais importante produto da exploração extensiva de ovinos. Pode ser classificada de acordo com as carac- terísticas das fibras e a qualidade do velo. Um ovino passa a dar boa lã a partir dos dois anos de idade. A época da tosquia varia de acordo com a raça, o clima da região e com o amadu- recimento de certos vegetais, como as leguminosas, cujas sementes aderem ao velo, desvalorizando a lã. Se o objetivo primário é a lã, o melhor é a criação de uma única raça pura, evitando mestiços, devido à irregularidade no valor do produto. De modo geral, é feita uma vez por ano, no início da estação seca, evitan- do-se assim o aparecimento de doenças pela exposição dos animais à chuva. A tosquia manual é feita com tesoura-martelo e a mecânica com máquina de tosquiar. Uma pessoa hábil tosquia manualmente 30 animais em oito horas de trabalho (1 animal/16 min). Com a máquina de tosquiar, uma ovelha pode ser feita em cerca de 6 minutos, de modo que é possível tosquiar 80 a 100 cabeças/dia. © sh ut te rs to ck CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I CARNE A utilização vai dos 30 dias aos 18 meses de idade. Os ovinos destinados ao corte são divididos em classes de acordo com a idade e sexo, bem como em tipos, conforme a conformação,qualidade e acabamento. Para a produção de carne, podem ser feitos cruzamen- tos entre raças, para a obtenção de mestiços, sendo os machos e fêmeas vendidos para o abate. A produção de carne dos ovinos depende principal- mente da sua alimentação, do controle e manejo das pastagens e do seu aproveitamento racional. O ren- dimento de carne de um ovino é, geralmente, em torno de 50%, e seu valor nutritivo encontra-se na Tabela 2. A carne de ovelhas e carneiros é mais utilizada para o preparo de embutidos. Cordeiro: até 7 meses de idade, de ambos os sexos; peso vivo 15 a 25Kg, carne rosada e lisa. Borrego: ente 7 e 15 meses de idade; peso vivo 30 a 45Kg, carne mais ver- melha que a do cordeiro. Capão: macho com mais de 15 meses, castrado ainda quando cordeiro; colo- ração vermelha intensa. Ovelha: fêmea adulta com idade acima de 15 meses; peso vivo acima de 35 Kg, carne vermelha escura. Carneiro: macho adulto, não castrado, com idade superior a dois anos; carne pouco atraente pelo aspecto, consistência e sabor. © sh ut te rs to ck 35 Produtos da Ovinocultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85g de carne assada Calorias Gordura (g) Protéina (g) Ferro (g) Caprino 122 2,58 23 3,2 Bovina 245 16 23 2,9 Suína 310 8,7 21 2,7 Ovina 235 7,3 22 1,4 Ave 120 3,5 21 1,4 Tabela 2: Comparação do Valor Nutritivo entre Carne Caprina/Bovina/Suína/Ovina/Ave Fonte: Escala Rural, ano I, n. 10 – Ed. Escala PELE Produzida por raças espe- cializadas, como a Karakul, e obtida de cordeiros nona- tos (sacrifica a ovelha antes do parto para retirada do cordeiro, para aproveitar a sua pele especial, deno- minada no comércio de Breitschawanz, recém-nas- cidos (Astracã) ou com mais de três semanas (Persianas). No Brasil, a raça produtora de peles resistentes e flexíveis é a deslanada do Nordeste. As peles dos ovinos deslanados têm maior valor no mercado, pela sua maior elasticidade e resistência, e uma textura fina. É utilizada em indústria de acessórios, vestuários e calçados. Também são utilizadas para pelegos, principalmente no sul do país. Podem ser comercializadas verdes, secas ou salgadas. As verdes são as de extração recente, que não sofrem nenhum tipo de tratamento; as secas são secas naturalmente, ao ar; as salgadas são submetidas à salga com sal comum. © sh ut te rs to ck © sh ut te rs to ck CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I LEITE E DERIVADOS Sua produção varia muito, de acordo com a raça, as condições ambientais e o manejo a que são submetidos. É um ótimo leite, mas raramente con- sumido na forma líquida, sendo mais utilizado na produção de queijos e iogurtes. O leite ovino tem o dobro do rendimento na produção de queijo, em compa- ração com o leite de vaca e o de cabra. A produção apresenta um bom rendimento no seu beneficiamento; com aproximadamente cinco litros de leite de ovelha é possível fazer um quilograma de queijo. O iogurte é mais fino, mais leve e em torno de 50% mais nutritivo. O leite de ovelha se presta à produção dos queijos, sendo alguns deles muito famosos em todo o mundo como, por exemplo, tipo Cuartirolo, Canestrato e Pecorino (de massa mole, semidura e dura, respectivamente); Roquefort, Gorgonzola e Ricotta. O leite é rico em extrato seco, gordura e matérias albuminoides, indicados para a produção de queijos. A lactação das ovelhas dura, em média, 100 dias, e a sua produção diária é de 500 a 700g e, a máxima, de 1.200 a 2.500g. Várias são as raças de ovinos especializadas para a produção de leite como, por exemplo, a Bergamácia, a Wiltermach e a Laucane, ou mesmo, a RomneyMarsh. A ordenha começa a ser feita após a venda do cordeiro, o que é feito quando ele atinge um mês de idade, com um peso de 10 a 12kg. ESTERCO Rico em matéria orgânica e ele- mentos minerais, utilizados depois de curtido (perda de 1/3 do peso) como fertilizante. 37 Produtos da Ovinocultura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . TRIPAS Além de ser utilizada para envolver alimen- tos, principalmente na fabricação de salsichas e linguiças, a tripa de carneiro é empregada para a confecção do categute – fio empre- gado na medicina para suturas. Cabanha – galpão para ovinos, criação de ovinos. Capão – carneiro castrado. Cascarreio – tosquia em tomo da vulva, nas coxas e cauda, efetuada nas ovelhas e mês antes do parto, para retirar sujidades e tornar o parto mais higiênico. Cordeiro mamão – cordeiro que ainda acompanha a mãe. Desolhe – tosquia em torno dos olhos. Feltragem – enlaçamento que ocorre entre fibras de lã com excesso de es- camas. Nonato – não nascido. Pelego – a pele do carneiro com a lã. Pelo cabrum – áspero e liso, semelhante ao de caprinos. Suarda – substância gordurosa existente na lã dos ovinos. Velo – cobertura de lã de carneiro, ovelhas ou cordeiro. © sh ut te rs to ck CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I PRINCIPAIS RAÇAS DE OVINOS O temperamento sociável dos carneiros, associado à sua indiscutível utilidade econômica, fez da domesticação da espécie uma das mais antigas da história da civilização, acreditando-se que tenha ocorrido há mais de 4.000 anos a.C. (Idade do Bronze), na Ásia Central, a partir do Muflão (Ovis orientalis), que é um car- neiro selvagem que vive atualmente nas montanhas da Turquia e do Iraque. No Brasil, os primeiros ovinos chegaram em 1556, trazidos pelos colonizadores. As raças estão classificadas de acordo com as funções econômicas que desem- penham, constituindo o segundo maior rebanho do mundo (o primeiro é o bovino). A seleção para lã foi obtida durante o processo de domesticação: os ovi- nos primitivos apresentavam pelagem formada por dois tipos de fibras, uma de pelos longos, grossos e ásperos e outra com pelos finos, curtos e crespos. Temos algumas raças e suas aptidões variadas que estão espalhadas por várias regiões do País, como veremos a seguir. ALGUMAS RAÇAS ESTRANGEIRAS Merino Australiano Prefere clima seco e campos enxu- tos, com condições de abrigo. Raça que apresenta lã de excelente quali- dade. Em termos teóricos, teria 70% de potencial para produzir lã e 30% para carne. As ovelhas são mochas e os carneiros possuem chifre em espi- ral, afastados da cabeça. Corriedale Produz excelente carne e lã bastante uniforme. 39 Principais Raças de Ovinos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Suffolk É de fácil identificação, porque é a única que possui cabeça, orelhas e membros totalmente desprovidos de lã e cobertos por pelos negros. Adaptou-se bem ao Brasil, sendo criada nas mais diferentes regiões, em sistemas intensivos. É uma raça produtora de carne, em que os animais são bastante precoces, produzindo carcaças magras e de boa qualidade. As fêmeas têm boa habilidade materna, com boa produção leiteira, permi- tindo alimentar bem, mais de um cordeiro. Texel Animais rústicos e sóbrios, produzindo bem no sistema extensivo e semi-inten- sivo. Produz uma ótima carcaça, com gordura muito reduzida. Precoce, prolifera com ótimos índices. Bergamascia Originária do Norte da Itália, também conhecida como Bergamasca, Bergamasker, Gigante di Bergamo. Embora seja considerada produtora de carne, sua boa pro- dução de leite indica que pode ser explorada como uma raça leiteira. Apresenta o temperamento dócil, sendo um animal fácil de manejar. São animais rústicos e pouco exigentes quanto à alimentação. Seus cordei- ros apresentam rápido desenvolvimento, alcançando, no primeiro mês de vida, o peso de 12 kg. Com 18 a 24 meses, o macho chega a atingir 120kge a fêmea 80 kg, oferecendo um rendimento de 65 a 70 kg de carne por cabeça. A lã é de qualidade inferior e rende cerca de 3 kg por tosquia. A ovelha costuma ter partos duplos e produz, em média, 250 kg de leite em 6 meses de lactação, utilizado para a produção de queijos Gorgonzola. Ile de France Raça de duplo propósito, orientado para 60% carne e 40% para lã. Mucosas nasais, lábios, pálpebras devem ser rosadas, orelhas médias, mochos, cascos brancos e grandes. Produz uma carcaça pesada e de muita qualidade, muito precoce, prolífera. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Lacaune Aptidão leite e carne. Raça francesa, deve seu nome aos Montes Lacaune e tem como origem diversos grupos ovinos que existiam na região. De porte médio a grande, peso médio entre 80 kg e 100 kg, nos machos, e entre 60 kg e 80 kg, nas fêmeas. A altura na cernelha varia de 0,70 a 0,80m. Uma fêmea adulta chega a produzir 4 litros de leite por dia, no pico da lacta- ção, que ocorre ao redor dos 30-35 dias pós-parto. Durante o período de lactação, aproximadamente 150 dias, uma ovelha produz, em média, 1,9 litros por dia. ALGUMAS RAÇAS NACIONAIS Santa Inês É uma raça desenvolvida no nordeste brasileiro, cruzamento das raças Bergamascia, Morada nova, Somalis e outros ovinos (SRD). Animal deslanado, com pelos curtos e sedosos, de grande porte, com excelente carne e baixo teor de gordura, pele de altíssima qualidade, rústicos e precoces, adaptáveis a qualquer sistema de criação e pastagem, prolífera e boa habilidade materna. Raça de carne e pele, com excelente capacidade leiteira. Morada Nova Raça nativa do Nordeste, resultante possivelmente de seleção natural e recombi- nação de fatores em ovinos Bordaleiros e Churros trazidos pelos colonizadores portugueses. São animais bastante rústicos, que se adaptam às regiões mais ári- das. Produzem carne e, principalmente, peles de ótima qualidade. As ovelhas são muito prolíferas. 41 Como Escolher o Animal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Crioula A raça Crioula é considerada como produtora de pele, mas produz uma lã valo- rizada para o artesanato e, uma carne de cordeiro de muito boa qualidade e com potencialidade para a produção de leite. A ovelha Crioula caracteriza-se pelo seu diminuto tamanho, alta rusticidade, resistência à verminose e apresenta ciclos estrais durante todo ano. Os machos têm dois e, às vezes, três pares de chifres. COMO ESCOLHER O ANIMAL O Plantel deve ser formado, no mínimo, por um grupo de 20 ovelhas e um repro- dutor. Precisam ser observados a escolha de reprodutores, boa caracterização racial, bom desenvolvimento em relação à idade, conformação perfeita, consti- tuição vigorosa, velo e genealogia. Também deve-se levar em conta a finalidade da exploração, condições climáticas, pastagens, mercado, raças e tipo de ovino (aptidão). As ovelhas podem ser utilizadas até a idade de 6 anos. Os carneiros devem ser mantidos na reprodução de 2% a 4% das fêmeas. Para produção de lã e carne, usar os animais capados. A escolha da raça é de máxima importância, não só de acordo com a produ- ção desejada (lã, carne, pele ou leite), mas, ainda, de acordo com o ambiente em que vai ser criada, para que melhor se adapte às suas condições de cli- ma, temperatura, dentre outros. Acesse o link <http://www.fmvz.unesp.br/Informativos/ovinos/raovin.htm> para encontrar fotos e características das espécies mais criadas no mundo, este conhecimento é importante para decidir o rumo e os resultados que se pretende com a atividade. © sh ut te rs to ck CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I SISTEMAS DE CRIAÇÃO/MANEJO As ovelhas são, quase sempre, criadas em rebanhos. O manejo é bastante traba- lhoso, seja pelo fato de se tratar de um rebanho grande ou por serem animais sensíveis. Nas regiões mais frias, como no sul do Brasil, o cuidado com as crias recém-nascidas deve ser intenso, pois a época de partos coincide com os meses de inverno, quando se tratar de raças que possuem estacionalidade reprodutiva. A lã, retirada no início do verão, importante fonte de renda para o criador, torna a crescer, garantindo ao animal a sua própria defesa ao frio. A ordenha geralmente é manual, o que exige esforço físico e, frequente- mente, é realizada ao ar livre, expondo os ordenhadores ao tempo. Apesar da disponibilidade de ordenhadeiras eficazes, a ordenha mecânica ainda não é lar- gamente adotada. É preciso esquecer o pensamento de que ovelhas, principalmente lanadas, devem ser criadas em climas frios, pois a lã funciona como isolante térmico pro- tegendo tanto do frio quanto do calor. Os sistemas de criação de ovinos, no Brasil e no mundo, são extremamente variáveis. Os sistemas de criação e manejo podem ser divididos em: 43 Sistemas de Criação/Manejo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ Extensivo Máximo aproveitamento dos recursos naturais; os rebanhos são geral- mente grandes para a produção de carne e lã. ■ Intensivo Indicado para animais puros destinados à reprodução ou a exposições. Registros rigorosos, conhecimento técnico, bom capital para instala- ções. Reprodução controlada, manejo cuidadoso, seleção, alimentação e higiene bem controladas. ■ Semi-intensivo e Misto Intermediário entre o extensivo e intensivo. Pode ser executado junto com outras explorações pecuárias. Em qualquer sistema de produção agropecuária a meta principal é a produtividade com lucratividade. Para isto, devemos nos basear em quatro pontos importantes para o sucesso da ovinocultura: mercado, genética, nutrição e saúde. NUTRIÇÃO Conforme já exposto no início do texto, após definirmos a genética (raça), deve- mos nos concentrar na alimentação dos animais, pois, por melhor que seja a composição genética do rebanho que passa a ser estabelecido, a não observa- ção de um manejo nutricional adequado irá impedir o aproveitamento pleno da genética adquirida. O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade a suplementação pode ser mínima. É preferível fornecer pastagens mistas, for- madas por gramíneas e leguminosas. É possível criar de oito a dez ovelhas em uma área onde é colocada uma única vaca. Primeiramente, devemos ficar atentos ao planejamento da produção for- rageira da propriedade, de forma a maximizar a produção e a utilização das pastagens no verão, além de produzir volumosos de forma eficiente e economi- camente viável, para suplementação do rebanho nos meses de inverno, período em que ocorre a redução da capacidade produtiva das pastagens. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Neste contexto, devemos considerar a necessidade de suplementação das matrizes com volumosos, para suprir a queda de produção das pastagens e de confinamento dos cordeiros para acabamento e abate. Nas duas situações, a utili- zação de rações com 18% de proteína bruta e alta energia deverá ser considerada para atender às exigências nutricionais destas categorias. SANIDADE Com a intensificação dos sistemas de produção de carne ovina, os desafios sani- tários passam a adquirir maior importância. Dentre as espécies de mamíferos domésticos, a espécie ovina é a mais suscetível à infestação por vermes. A melhor forma de se evitar os prejuízos causados pela infestação por vermes é a prevenção mediante o uso de vermífugos em intervalos de tempo constantes, intercalando-se os diferentes princípios ativos presentes no mercado, juntamente com as mudanças de piquetes (manejo das pastagens). O ideal é prevenir doenças para ter uma atividade produtivae lucrativa. ■ Divisão do rebanho A divisão do rebanho em categorias facilita o manejo e evita que ani- mais mais velhos transmitam doenças para os animais mais novos. A superlotação das baias e piquetes também deve ser evitada. Isolamento e tratamento dos animais doentes, pois estes devem ser tratados separa- damente do rebanho para evitar a proliferação de doenças. A observação do rebanho feita pelo criador permitirá a ele saber quando algo diferente ocorrer. As enfermidades, normalmente apresentam sintomas e, coletan- do-se 10% das fezes do rebanho para análise, possibilita a verificação dos parasitas que estão infestando os animais, permitindo assim a aplicação de vermífugo específico. ■ Limpeza das instalações O piso ripado deve ser varrido com frequência, sendo as fezes retira- das. Todas as outras instalações que fazem parte do criatório, tais como: sala de ordenha, área de tosquia, galpão de ração, entre outras, devem ser mantidas limpas. 45 Sistemas de Criação/Manejo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ Saneamento ambiental O esterco dos animais deve ser colocado em lugar adequado (esterqueira). Os alimentos devem ser bem armazenados (evitando a presença de inse- tos e roedores na criação e nas proximidades). MANEJO REPRODUTIVO O manejo reprodutivo é composto por uma série de medidas que visam orientar o produtor desde a aquisição do reprodutor e matrizes até o manejo das crias, durante a puberdade e maturidade sexual. Para isso, precisamos de um con- junto de medidas: ■ Fichas de controle para avaliação dos animais quanto à fertilidade, à pro- lificidade, dentre outros controles. ■ Estação de monta, escolha da época para a realização da estação de reprodução. ■ Manejo pós-parto e parição, os primeiros cuidados devem ser tomados um mês antes do parto. Como é o panorama da ovinocultura em sua região? Você aproveita as opor- tunidades para pôr em prática seus conhecimentos? CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO De acordo com o tamanho do rebanho, será necessário formar bons pastos que devem ser suficientes para poder dispensar suplementação. Recomenda-se fazer uma análise do solo para correção de deficiências (calagem). O pasto deverá ser preferencialmente em terras altas, dividido em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e borregas, reprodutores, cordeiros de dois a seis meses, capões e ovelhas solteiras. É preciso providenciar piquetes para as diversas cate- gorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas velhas e falhadas, borregos(as), ovelhas no terço final da gestação. As ovelhas de cria são separadas segundo a qualidade de suas lãs ou por seu grau de sangue. Quando o plantel possui pedigree, destinar piquetes de melhor qualidade e de fácil vigilância. As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com quatro ou cinco balancins, formada com seis a sete fios de arame liso. Recomenda-se que o primeiro, de baixo para cima, esteja a 10 cm do solo, e a seguir o espaçamento entre eles seja, consecuti- vamente: 18, 22 e 28 cm para os demais, em uma altura total de 1,62 m. Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar bebedou- ros higiênicos, que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não houver abrigos naturais, como árvores de boa copa ou bosques, construir abrigo funcional, com capacidade compatível ao tamanho do rebanho; sob o abrigo, providen- ciar cocho para sal mineral. Se necessário, construir um aprisco (cabanha) para proteção dos animais contra as chuvas e ventos fortes, próximo às pastagens, em terreno seco e ensola- rado. A construção poderá ser rústica, com piso ripado (1,5 cm de espaçamento), elevado a um metro do solo, pé direito de 2,5 m para uma boa aeração e com paredes de 1,5 m de altura. A área recomendada por cabeça é de 1,5 m2 de altura. A cabanha é recomendada quando a criação for para matrizes e reprodutores. Deve ter divisões internas (boxes) medindo 2 x 2 a 2 x 3 metros cada um, com comedouro e bebedouro. Os carneiros reprodutores, fora da época de monta, são postos em boxes separados. É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em manguei- ras e bretes, para os trabalhos de vacinação, marcação, descola (descaudamento, 47 Planejamento do Sistema de Produção Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . corte de cauda), vermifugação, dentre outros, de acordo com o tamanho do reba- nho (recomenda-se 1 m2/cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90 cm de altura x 50 cm de largura no alto e 30 cm no baixo, com cerca de 2 a 2,5 m de comprimento e pedilúvio de 10 cm de profundidade e banheira antissárnica profunda, para imersão, com curral, para escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. É indispensável a construção de banheiro sarní- fugo para o combate da sarna. Todo o corredor lateral da seringa deve ter piso a 50 cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessá- rio um galpão de tosquia. A construção de um galpão apropriado para a tosquia ou tosa é necessária, devendo ser feito nas proximidades dos currais e bretes, para evitar movimentação e despesas no criatório. Nas grandes propriedades, deve-se prever a construção de bretes giratórios, destinados à inseminação artificial. Ferramentas necessárias para o manejo adequado do rebanho ovino: ■ Tesoura/alicate para aparar os cascos. ■ Pistola de vermifugação. ■ Tesoura-martelo para tosquia (ou tosquiador elétrico). ■ Elastrador e anel de borracha para a descola (e castração). ■ Torques Burdizzo para castração. ■ Tintas para marcação. ■ Material para identificação (brincos, alicate). ■ Balança. ■ Pinças, agulhas e seringas hipodérmicas. ■ Se necessário, material para inseminação artificial (vaginoscópio, seringa de microdoses e tronco para coleta de sêmen). ■ Ficha zootécnica – manter um livro/ficha de registros gerais do rebanho e individual dos animais do rebanho; cobertura, nascimento, óbitos, doenças, vacinação, vermifugação, registro contábil de despesas com veterinário, medicamentos, vacinas, vermífugos e receita com a venda dos produtos. CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Além desta infraestrurura, não se pode esquecer da necessidade de mão de obra qualificada, pois a exploração exige grande cuidado e manejo, além da formação de um bom plantel de acordo com os objetivos do empreendedor. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, estudamos o agronegócio da ovinocultura, no Brasil e no mundo, e podemos concluir que há uma crescente demanda tanto no mercado interno quanto no externo, então devemos nos organizar e melhor estruturar essa pro- missora cadeia produtiva, fazendo que todos os elos, tais como produtores, frigoríficos, comércio, governo e consumidores trabalhem em prol da ovinocultura. Analisamos a organização da cadeia produtiva da ovinocultura e seus pro- dutos, constatando que o grande gargalo na cadeia produtiva da ovinocultura é a comercialização e a falta de escala de produção. Há necessidade de profissionais capacitados para, além de levar em informa- ções cruciais ao desenvolvimento da atividade, construam um ambiente favorável à cooperação entre os elos desta cadeia produtiva, articulando ações em prol do arranjo produtivo local. Aprendemos que é necessário um conhecimento das diferentes raças para obter-se um melhoramento no rebanho, por meio da característica que cada uma delas apresenta e que, de fato, a raça Santa Inês é um ovino originário do Brasil a partir de cruzamentos feitos por décadas, e predominano país, principalmente no nordeste, que detém o maior rebanho nacional. Discutimos, também, o sis- tema de manejo e a tecnologia de produção. Vimos que há a necessidade de desenvolver a cultura da cooperação nos diver- sos setores da cadeia produtiva, principalmente, nos segmentos de transporte, comercialização e beneficiamento, fazendo-os assumir o seu papel de parceiro, pois todos são parte integrante e deveriam estar interessados no sucesso do setor primário, que é um importante indicador quantitativo e qualitativo do grau de evolução dos demais componentes da cadeia. 49 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Finalmente, na ótica do desenvolvimento sustentável, é fundamental a implantação e estruturação de um planejamento estratégico, construído de forma conjunta, na discussão de temas e propostas que possibilitem, aos diversos ato- res da cadeia produtiva da ovinocultura, novos conhecimentos, tecnologias de produção e gestão dos seus negócios. CUSTO DE PRODUÇÃO DE CARNE OVINA NO BRASIL Devemos lembrar que o custo de produção é a somatória de todos os gastos inerentes à atividade e que cada empreendedor terá um custo diferente, pois, além do custo vari- ável diretamente relacionado ao nível tecnológico escolhido, tem-se também os custos fixos de cada empreendimento, estes normalmente diferentes entre os criadores. Custo de produção baixo se obtém com nível tecnológico adequado, grande escala de produ- ção e gestão eficiente dos recursos produtivos. Apesar de o Brasil ter aumentado seu rebanho de ovelhas, e isso nos tem colocado como grande destaque do continente Americano, o tamanho do rebanho é cerca de dez vezes inferior ao de bovinos. Isso se reflete em uma instabilidade na oferta de animais para abate, o que diminui o interesse dos frigoríficos, que buscam escala. Sem produção em grande volume, os preços do produto sobem e o consumidor se distancia, dando prefe- rência a produtos substitutos. No Brasil, na grande maioria das propriedades, a ovinocultura é a 2ª ou 3ª atividade em ordem de importância, com rebanhos médios por produtor de cerca de 50 cabeças, enquanto no Uruguai, nosso principal fornecedor, é de 700 cabeças por produtor. As- sim, a escala de produção é pequena, com o custo unitário do quilo produzido sendo majorado em relação ao país vizinho. E a mão de obra e o proprietário não têm estímulo para se especializar, trazendo consigo uma série de ineficiências no dia a dia do processo produtivo. No Brasil, tem-se focado muito o crescimento do rebanho ovino, no sistema semiconfi- nado, com uso intenso de grãos na alimentação, tratando a pastagem de forma secun- dária na alimentação dos ovinos, embora seja um animal ruminante. Esta opção tecnológica traz consigo um alto custo de produção da carne ovina assim obtida. Além do mais, as perspectivas apontam que o preço da ração deve aumentar nos próximos anos, conforme a demanda mundial por alimentos e biocombustíveis tam- bém se expandir. Ora, se os ovinos são ruminantes, sua criação deveria estar focada no uso máximo da capacidade de produção das pastagens brasileiras. O maior desafio é estruturar a cadeia produtiva. Não existe boa relação entre produto- res, agroindústria, distribuidores e consumidores. Quanto mais articulados eles forem, melhor para todos. Por último, mas não menos importante: o Brasil, que não é exportador de carne ovina, se acostumou a praticar internamente preços superiores ao mercado internacional. Isso deu ao criador brasileiro a falsa impressão de que não precisa se preocupar em tornar a criação de ovelhas uma atividade competitiva e com os custos de produção sob con- trole. Veja como podemos aumentar nossa competitividade, lendo a matéria na íntegra na re- vista Cabras&Ovelhas, Ano VIII - Nº 84 - Junho/Julho 2014. Disponível em: <http://www. cabraeovelha.com.br/materias.php?id=4&ed=82>. Acesso em: 26 fev. 2015. 51 1. A ovinocultura é uma atividade explorada economicamente em todos os conti- nentes, sendo exercida em distintos ecossistemas com os mais diferentes tipos de clima, solo, topografia e vegetação. Assinale V (verdadeiro) e F (falso). )( O Brasil, com sua enorme extensão territorial e clima favorável à ovinocultura, apresenta todas as características para o desenvolvimento da ovinocultura. )( O produtor brasileiro está conscientizado e instrumentalizado, pois a cadeia produtiva da ovinocultura se apresenta bem organizada. )( A produção de ovinos proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para vestuário, além de carne e leite para alimentação. 2. Apesar dos avanços já alcançados na ovinocultura, ainda há países, a exemplo do Brasil, com grandes rebanhos, porém com uma baixa taxa de desfrute deter- minada pelo sistema de criação adotado. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. 1. Extensivo ( ) No mínimo por um grupo de 20 ovelhas e um reprodutor. Escolha de reprodutores, boa caracteriza- ção racial, bom desenvolvimento em relação à idade, conformação perfeita, constituição vigorosa, velo e genealogia. Também deve-se levar em conta a finalida- de da exploração, condições climáticas e mercado. 2. Intensivo ( ) Intermediário entre o extensivo e intensivo. Pode ser executado junto com a exploração agrícola. 3. Misto ( ) Escolha da época para a realização da estação de re- produção. Este sistema visa um melhor aproveitamen- to do potencial reprodutivo das fêmeas mediante a redução do intervalo entre partos, de 12 para 8 meses, visando assim maior produção. Separações de lotes, manipulação de cio, usam de rufiões, monta natural, monta controlada e inseminação artificial. 4. Estação de monta ( ) Indicado para animais puros destinados à repro- dução ou às exposições. Registros rigorosos, conheci- mento técnico, bom capital para instalações. 5. Formação de plantel ( ) Máximo aproveitamento dos recursos naturais, os rebanhos são geralmente grandes para produção de carne e lã. 3. Enquanto a cadeia produtiva não se consolida, os produtores enfrentam dificul- dades como a falta de frigoríficos, baixo consumo, alto preço de reprodutores e abate clandestino. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. As raças estão classificadas de acordo com as funções econômicas que desempe- nham, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. 1. Merino Australiano ( ) Leiteira 2. Bergamácia ( ) 70% Lã e 30% Carne 3. Ile de France ( ) Deslanada 4. Santa Inês ( ) 60% Carne e 40% Lã 5. Com a intensificação dos sistemas de produção de carne ovina, os desafios sani- tários passam a adquirir maior importância. O ideal é prevenir doenças para ter uma atividade produtiva e lucrativa. Quais são as três medidas recomendadas? a. Limpeza das instalações, medicação e saneamento ambiental. b. Divisão do rebanho, limpeza das instalações e saneamento ambiental. c. Divisão do rebanho, saneamento ambiental e construções em alvenaria. d. Saneamento ambiental, raças rústicas e construções em alvenaria. e. Divisão do rebanho, limpeza das instalações e medicação. 6. Com a ótica do desenvolvimento sustentável, é fundamental, para a implanta- ção da atividade, conhecimento do mercado, tecnologia de produção, recursos capitais para um bom planejamento forrageiro (terra), instalações, formação do plantel, algumas ferramentas de trabalho e mão de obra. ( ) CERTO ( ) ERRADO Parabéns, você já galgou alguns degraus dentro do nosso curso. Agora, na próxima unidade, iremos trabalhar os principais aspectos da caprinocultura, focados na pro- dução e na avaliação econômica do negócio. Considerando que ovinos e caprinos são bastante similares (mesma família), quase todas as informações relativas ao ovi- no podem ser aplicadas aos caprinos. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Livro: Produção de Caprinos e Ovinos no Semiárido Autor: Tadeu Vinhas Voltolini Editora:
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