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1 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? Ricardo Resende – Direito do Trabalho Comentários à prova de Técnico Judiciário do TRT da 1ª Região – 2008 Técnico Área Administrativa – TRT 1ª Região – Cespe – 2008 – Caderno A Questão 46 Artur desenvolveu atividade de pedreiro em obra residencial ao longo de três meses ininterruptos, segundo avençado pelas partes e mediante paga, sem, contudo, ter sido feito registro em sua CTPS. De acordo com a CLT e os princípios do direito do trabalho, na situação descrita, A houve vínculo laboral e, portanto, Artur faz jus ao registro do pacto em sua CTPS e às verbas não-pagas. B o labor desenvolvido por Artur equipara-se ao do trabalhador doméstico. C houve uma relação de trabalho. D houve contrato de trabalho de experiência, visto que o período de execução do trabalho não ultrapassou o limite de noventa dias. E qualquer questionamento judicial acerca do pacto deverá, segundo emenda constitucional, ser realizado na esfera cível, dado que não houve registro na CTPS. Comentários: Ainda que a atividade de Artur tenha sido desenvolvida de forma contínua durante três meses, conforme o enunciado da questão, a atividade é eventual, posto que não se insere nas atividades normalmente desenvolvidas pelo tomador dos serviços, não há qualquer previsão de “repetibilidade” futura, bem como o trabalhador não se fixa juridicamente ao tomador (ele trabalha sabendo que não formará qualquer vínculo jurídico com o tomador de seus serviços). Assim, não há um dos requisitos caracterizadores da relação de emprego, qual seja, a não-eventualidade, pelo que há mera relação de trabalho, gênero do qual é espécie a relação de emprego. Por todo o exposto, a resposta correta é a letra C. Outras alternativas: A – incorreta, pois não houve vínculo laboral, tendo em vista que ausente o requisito da não-eventualidade; B – incorreta, porque não há sequer relação de emprego; D – incorreta, pois o contrato de experiência é contrato de emprego. Além disso, o contrato de experiência deve ser ajustado pelas partes como tal, o que não foi mencionado no enunciado da questão. 2 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? E – incorreta, tendo em vista que, com o advento da alterações promovidas pela EC 45/2004 no art. 114 da CRFB a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar as lides decorrentes de qualquer relação de trabalho, e não mais somente das relações de emprego. Mais sobre o tema, vide Aula 003 do EVP. Questão 47 Considerando que determinada categoria profissional tem assegurada à gestante, por força de convenção coletiva, estabilidade no emprego por mais um mês além do período fixado na CF, assinale a opção correta. A Dada a mencionada extensão da estabilidade no emprego, o período assegurado à gestante passou a ser de cinco meses a partir do parto. B Diante do benefício atribuído, a licença-maternidade assegurada às gestantes da referida categoria profissional restou fixada em cinco meses. C De fato, a categoria profissional não obteve nenhum benefício, uma vez que a convenção coletiva não tem o poder de prorrogar benefício constitucional. D A convenção coletiva, por ser firmada entre sindicato e empresa, pode assegurar a extensão do benefício. E A convenção coletiva é considerada uma fonte autônoma do direito do trabalho. Comentários: A – incorreta, pois a garantia de emprego conferida à gestante já tem seu termo final cinco meses após o parto, nos termos do art. 10, II, “b”, do ADCT/CRFB, e no caso o termo seria seis meses após o parto. B - incorreta, pois a garantia de emprego (ou estabilidade) da gestante não se confunde com a licença-maternidade. Por óbvio convenção coletiva não pode estender benefício de natureza tipicamente previdenciária. C – incorreta, pois a negociação coletiva (seja celebrada por acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho) sempre pode ampliar a proteção ao trabalhador, à luz do princípio da proteção (norma mais favorável e condição mais benéfica). É vedada à negociação coletiva a redução de direitos constitucionalmente assegurados, exceto nos casos em que a própria CRFB excepciona (art. 7º, incisos VI, XIII e XIV. D – incorreta, pois a convenção coletiva é firmada entre sindicatos (patronal e obreiro), ao passo que o acordo coletivo de trabalho é firmado entre sindicato (dos trabalhadores) e empresa. E – correta. Com efeito, a convenção coletiva de trabalho é considerada fonte autônoma do Direito do Trabalho porque as normas por ela definidas são 3 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? estabelecidas a partir dos próprios atores da relação de emprego, quais sejam, empregado e empregador. Em contraposição, as regras advindas de terceiros estranhos à relação de emprego, como, p. ex., as leis, emandas do Estado, são fontes heterônomas do Direito do Trabalho. Assim, o gabarito é letra E, sem maiores problemas. Questão 48 Segundo o art. 73 da CLT, cumpre jornada de trabalho noturno o trabalhador urbano que labora no período A de 20 h às 5 h. B de 22 h às 6 h. C de 21 h às 5 h. D de 22 h às 5 h. E de 23 h às 5 h. Comentário: a resposta é letra D, pela literalidade do §2º do art. 73 da CLT. Questão 49 Assinale a opção correta com referência à situação de trabalhador que recebe mensalmente uma quantia fixa e outra variável, sendo esta resultante de gorjetas. A Para efeitos legais, como remuneração será considerada somente a quantia fixa. B Como há uma quantia fixa e outra variável, a remuneração corresponde ao somatório de ambas. C Legalmente, a quantia variável nunca poderá ser inferior ao salário mínimo. D A quantia variável paga mensalmente é considerada prestação in natura. E O pagamento mensal do trabalhador deverá ocorrer até o quinto dia do mês subseqüente ao vencido. Comentários: A – incorreta, pois considera-se remuneração a soma da quantia fixa à quantia variável recebida pelo empregado (como, p. ex., gorjetas, comissões, etc). B – correta, conforme comentário à assertiva “a”. C – incorreta, pois a vedação é à remuneração inferior ao salário mínimo, e não à parcela fixa da remuneração. Observe-se que, neste caso, independentemente de 4 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? que se consiga obter resultados suficientes para “completar” o salário mínimo, este será garantido. Ex.: um vendedor recebe R$300,00 fixos mais comissões por venda. Imagine-se que em determinado mês ele vende pouco, auferindo apenas R$100,00 de comissões. Ainda assim ser-lhe-á garantido o salário mínimo de R$415,00. D – incorreta. Considera-se prestação in natura a parcela do salário que não é paga em dinheiro, mas sim em utilidade, desde que seja paga PELO trabalho e não PARA o trabalho. Como exemplo, mencione-se o caso do empregador que concede moradia (habitação) ao empregado como parte da contraprestação a este devida pelos serviços prestados. Assim, a quantia variável paga mensalmente não configura salário-utilidade (ou prestação in natura), e sim salário propriamente dito. E – incorreta, pois o pagamento do salário do trabalhador deverá ocorrer até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido, nos termos do parágrafo único do art. 459 da CLT. Questão 50 Um vendedor, após determinado tempo, foi promovido a gerente de vendas, cargo de confiança que lhe assegurou aumento na remuneração. Após ele ocupar a nova função por seis meses, o empregador concluiu que as expectativas de desempenho no cargo não tinham sido atendidas e determinou-lhe o retorno à função anterior, a de vendedor. Acerca dessa situação, assinale a opção correta. A Irregularidade inexiste na mencionada reversão ao cargo anteriormente ocupado. B A referida alteração atende ao prescritono art. 468 da CLT, desde que tenha sido assegurado ao trabalhador o pagamento da gratificação de gerente. C Com base no princípio da continuidade do contrato de trabalho, não há que se falar em retorno ao cargo anteriormente ocupado. D Trata-se de situação que configura rescisão indireta, segundo o prescrito no art. 483 da CLT. E A situação descrita constituiu alteração unilateral do contrato de trabalho e, portanto, foi nula, nos termos do art. 468 da CLT. Comentários: Consoante o disposto no parágrafo único do art. 468 da CLT, “não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança”. Nestes termos, a CLT permite a reversão do empregado ao cargo efetivo ocupado antes da assunção do cargo de confiança. Assim, correta a letra A. Vejamos as incorreções das demais assertivas: 5 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? B – incorreta. Não obstante a infelicidade da redação da assertiva, que não é suficientemente clara na expressão “desde que tenha sido assegurado”, o que quis dizer foi que a reversão seria lícita desde que o trabalhador continuasse recebendo a gratificação de gerente, isto é, reverteria ao cargo de origem porém com a incorporação da gratificação recebida, a exemplo do que acontecia antigamente no serviço público com o chamado “apostilamento”. Está incorreta pois não existe qualquer previsão legal neste sentido, de forma que o empregado revertido ao cargo efetivo perde a gratificação de gerente. C – incorreta, pois não há relação entre o princípio da continuidade e o instituto da reversão, até porque, em última análise, a reversão não ataca o vínculo de emprego em si, que continua normalmente no cargo efetivo do empregado. D – incorreta, pois os casos de rescisão indireta pressupõe, em geral, o descumprimento de obrigação contratual por parte do empregador (tanto as obrigações expressamente decorrentes do contrato, como as obrigações decorrentes do princípio da boa-fé objetiva). No caso não há qualquer descumprimento de obrigação pelo empregador, tendo em vista que a CLT prevê expressamente a hipótese de reversão. E – incorreta, pois, nos termos do supramencionado parágrafo único ao art. 468 da CLT, a reversão não constitui alteração unilateral do contrato de trabalho. Questão 51 No decorrer de determinado contrato de trabalho, o empregado sofreu acidente de trabalho e ficou afastado de suas funções por mais de oito meses, percebendo, mensalmente, o benefício correspondente. Na situação acima descrita, A tem-se um caso de interrupção do contrato de trabalho porque haverá, no tempo de serviço, cômputo do período do afastamento. B ocorre a suspensão do contrato de trabalho porque não haverá, no tempo de serviço, cômputo do período do afastamento. C o período aquisitivo de férias não será alterado porque houve acidente de trabalho. D o contrato de trabalho é considerado suspenso e há cômputo, no tempo de serviço, do período do afastamento. E verifica-se interrupção do contrato de trabalho e não há cômputo, no tempo de serviço, do período do afastamento. Comentários: O entendimento doutrinário predominante é no sentido de que o afastamento do empregado em decorrência de acidente de trabalho suspende o contrato de 6 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? trabalho. Este entendimento se baseia na interpretação dos artigos 59 e 60 da Lei nº 8.213/91, bem como no art. 476 da CLT, e tem como defensores, entre outros, Godinho, Vólia Bomfim e Valentim Carrion. Em que pese a existência de situações controvertidas acerca da configuração como suspensão ou interrupção, como é o caso, o que costuma determinar o enquadramento é o pagamento ou não de salário pelo empregador. Neste sentido, grosso modo poderíamos dizer que sem salário = suspensão; com salário = interrupção. No caso específico do acidente de trabalho a contagem do tempo de serviço e o recolhimento do FGTS durante o período de afastamento são determinados pela legislação (respectivamente pelo art. 4º da CLT e pelo art. 28 do Decreto nº 99.684/1990), não obstante o caráter de suspensão do contrato de trabalho. Assim, o gabarito é letra D. Questão 52 Com relação ao caso de um adolescente que complete quinze anos e comece a laborar, assinale a opção correta. A O limite diário de labor do adolescente não poderá superar quatro horas. B O menor, se quiser vindicar, perante a justiça do trabalho, direitos desrespeitados, só poderá fazê-lo dois anos após a extinção do seu contrato de trabalho. C O adolescente poderá, independentemente de seus responsáveis legais, firmar recibo de pagamento dos salários. D O adolescente poderá desenvolver trabalho no turno noturno, o qual não está vedado a menor de dezoito anos. E O trabalho do menor somente poderá ser considerado como de aprendizagem até que o adolescente complete dezoito anos de idade. Comentários: Esta questão induz o candidato a erro. Isso porque o candidato desavisado pode ter chegado a pensar que o contrato seria nulo, pois ao menor de 16 anos é vedado o trabalho. Porém, a regra tem a ressalva expressa “salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos”. Logo, a hipótese aventada é de contrato de aprendizagem. Pois bem, vamos às alternativas. A – incorreta, pois o limite diário de labor do aprendiz é de seis horas, podendo ser de oito horas se o aprendiz tiver completado o ensino fundamental, e desde que computado na jornada o tempo destinado à aprendizagem teórica (art. 432 da CLT). B – incorreta, pois contra o menor de idade não corre prescrição. Assim, o termo inicial do prazo prescricional só começa a contar, no caso, quando o trabalhador 7 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? completar dezoito anos. Exemplo: caso seu contrato de trabalho seja extinto quando o trabalhador tenha completado 16 anos, terá este quatro anos (dois até completar a maioridade e mais dois do prazo legal de prescrição) para propor ação trabalhista. C – correta. Literalidade do art. 439 da CLT (“é licito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários...”). D – incorreta, pela literalidade do art. 7º, XXXIII, da CRFB, e do art. 404 da CLT. E – incorreta, tendo em vista a nova redação dada ao art. 428 da CLT pela Lei nº 11.180/2005, que passou a permitir a aprendizagem até os 24 anos, ressalvada a hipótese do aprendizes portadores de necessidades especiais, aos quais não se aplica o limite de idade. Questão 53 Considerando que, no decorrer de um contrato de trabalho, o empregador esteja descumprindo suas obrigações contratuais, assinale a opção correta. A A rescisão cabível, nesse caso, é a justa causa, consoante estipulado no art. 482 da CLT. B Deverá o trabalhador permanecer no serviço até que seja rescindido o contrato. C A situação considerada caracteriza culpa recíproca para a rescisão contratual, assegurando indenização por metade ao obreiro. D Independentemente da forma de rompimento contratual, será devido o aviso prévio. E Findo o contrato de trabalho por despedida indireta, será devido o aviso prévio. Comentários: Ante o descumprimento das obrigações contratuais pelo empregador, cabe rescisão indireta do contrato de trabalho, forte no art. 483 da CLT. Vejamos as alternativas: A – incorreta, pois a dispensa por justa causa é forma de despedida pelo empregador, por falta grave do empregado. B – incorreta, pois conforme o §3º do art. 483 da CLT, o empregado, ao pleitear a rescisão indireta de seu contrato de trabalho por descumprimento de obrigações pelo empregador, pode escolher entre continuar prestando serviços ou não. C – incorreta, pois no caso a culpa é integral do empregador, pelo quea rescisão do contrato opera os mesmos efeitos da rescisão sem justa causa pelo empregador, inclusive com o pagamento da multa compensatória do FGTS na proporção de 40% dos depósitos fundiários. 8 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? D – incorreta, pois se rompimento contratual por justa causa (art. 482) não é devido o aviso prévio. E – correta. Se os efeitos da despedida indireta são os mesmos da rescisão sem justa causa pelo empregador, o empregado terá direito inclusive ao aviso prévio. QUESTÃO 51
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