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De acordo com Dalgalarrondo (2018), medicalização é um conceito utilizado, para se referir, especificamente à transformação de comportamentos desviantes do “normal” em doenças ou transtornos mentais, mesmo que não sejam (pelo simples fato de fugirem da norma) implicando geralmente a ação do controle e poder médico. A crítica ao termo “medicalização” implica no processo de , moralmente repreensíveis ou mal adaptados e transgressivos como transtorno mental, e, assim, monitorar, regular e controlá-los melhor, ou desqualificar as pessoas que recebem esses rótulos (DALGALARRONDO, 2018, p18). A nossa sociedade, tal qual baseada em valores “moralmente corretos” considera os desvios de comportamento, como qualquer conduta que destoe do que é . E assim, a maioria desses desvios, são considerados transtornos mentais (ou então seus sintomas), o que caracteriza um processo de medicalização desse tipo de conduta (BRZOZOWSKI; CAPONI, 2013). o fracasso escolar de crianças devido a inadequações pedagógicas sofrem medicalização como TDAH, por que não se “encaixa” no padrão. Esses desvios consistem justamente nos julgamentos sociais negativos que são construídos e aplicados socialmente a determinados comportamentos, visto que, grupos sociais criam regras e impõem suas definições para os outros membros por meio do julgamento e da aprovação social (CONRAD; SCHNEIDER, 1992 apud BRZOZOWSKI; CAPONI, 2013). Como bem sabemos, ainda que os problemas de saúde mental sejam classificados pela CID-11 e pelo DSM-V é bem mais uma construção social que a expressão formal de uma realidade objetiva. Essa construção não escapa aos julgamentos de valor ou às diferentes interpretações teóricas (DUMAS, 2011, p.36). A maioria dos “desvios” que ocorrem nessa época da vida são notados pela escola e assim, são encaminhados a psicólogos, psiquiatras etc... Por medicalização entende-se “o processo pelo qual problemas não médicos passam a ser definidos e tratados como problemas médicos, frequentemente em termos de doenças ou transtornos” (CONRAD, 2007 apud DALGALARRONDO, 2018, p.17). Como exemplo, podemos citar as crianças que demostram falta de atenção na escola e se mostram inquietas, sendo assim encaminhadas a psicólogos e psiquiatras com suspeitas de TDAH, por que não mantém a atenção como as outras. Sabemos que, esses sinais estão presentes no TDAH, entretanto, precisamos de: Os desvios da infância, considerados “anormais” são aqueles relacionados com a quebra de normas e de regras impostas socialmente, como, por exemplo, a falta de atenção e a agitação em sala de aula (BRZOZOWSKI; CAPONI, 2013). O processo de higienização, principalmente na escola, permitiu que comportamentos desviantes e “anormais” fossem considerados doenças ou transtornos. De acordo com Conrad e Schneider (1992 apud BRZOZOWSKI; CAPONI, 2013), crianças que são mais ativas, agitadas e pouco atentas sempre foram um problema para pais e professores, a mudança que a constante medicalização trouxe, está no fato de se acreditar que esses comportamentos sejam sempre os sintomas de um transtorno mental tratável com . Ivan Illich (1975), chamou de medicalização da vida, a medicalização de condições normais da vida. Quando tratamos de crianças, podemos citar: a tristeza comum, decorrente de conflitos no casamento dos pais, sendo medicalizada como “depressão” e tratada com psicofármacos, ou o fracasso escolar devido a inadequações pedagógicas sendo tratado e psiquiatrizado∕medicalizado como TDAH. Os termos “psiquiatrização” (transformação de problemas não psiquiátricos em psiquiátricos) “psicologização” (transformação de problemas não psicológicos em psicológicos), embora menos empregados, teriam um sentido análogo ao de “medicalização” (DALGALARRONDO, 2018). DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed Editora, 2018. BRZOZOWSKI, Fabíola Stolf; CAPONI, Sandra Noemi Cucurullo de. Medicalização dos desvios de comportamento na infância: aspectos positivos e negativos. Psicologia: Ciência e profissão, v. 33, p. 208- 221, 2013. DUMAS, Jean E. Psicopatologia da Infância e da Adolescência-3. Artmed Editora, 2011.
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