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lada e num contexto avesso ao filosofar especulativo, se incorporaria
definitivamente à concepção sócio-econômica marxiana.
Materialismo histórico, socialismo científico e
Economia Política
Em 1844 e em Paris, Marx e Engels deram início à colaboração
intelectual e política que se prolongaria durante quatro decênios. Do-
tado de exemplar modéstia, Engels nunca consentiu que o consideras-
sem senão o “segundo violino” junto a Marx. Mas este, sem dúvida,
ficaria longe de criar uma obra tão impressionante pela complexidade
e extensão não contasse no amigo e companheiro com um incentivador,
consultor e crítico. Para Marx, excluído da vida universitária, despre-
zado nos meios cultos e vivendo numa época em que Proudhon, Blanqui
e Lassalle eram os ideólogos influentes das correntes socialistas, Engels
foi mais do que interlocutor colocado em pé de igualdade: representou,
conforme observou Paul Lafargue, o verdadeiro público com o qual
Marx se comunicava, público exigente para cujo convencimento não
poupava esforços. As centenas de cartas do epistolário recíproco regis-
tram um intercâmbio de idéias como poucas vezes ocorreu entre dois
pensadores, explicitando, ao mesmo tempo, a importância da contri-
buição de Engels e o respeito de Marx às críticas e conselhos do amigo.
Escrita em 1844 e publicada em princípios de 1845, A Sagrada
Família foi o primeiro livro em que Marx e Engels apareceram na
condição de co-autores. Trata-se de obra caracteristicamente polêmica,
que assinala o rompimento com a esquerda hegeliana. O título sar-
cástico identifica os irmãos Bruno, Edgar e Egbert Bauer e dá o tom
do texto. Enquanto a esquerda hegeliana depositava as esperanças de
renovação da Alemanha nas camadas cultas, aptas a alcançar uma
consciência crítica, o que negava aos trabalhadores, Marx e Engels
enfatizaram a impotência da consciência crítica que não se tornasse
a consciência dos trabalhadores. E, neste caso, só poderia ser uma
consciência socialista.
O livro contém abrangente exposição da história do materialismo,
na qual se percebe o progresso feito no domínio dessa concepção filo-
sófica e a visão original que os autores iam formando a respeito dela,
embora ainda não se houvessem desprendido do humanismo naturista
de Feuerbach.
Aspecto peculiar do livro reside na defesa de Proudhon, com o
qual Marx mantinha amiúde encontros pessoais em Paris. Naquele
momento, o texto de A Sagrada Família fazia apreciação positiva da
crítica da sociedade burguesa pelo já famoso autor de Que É a Pro-
priedade, então o de maior evidência na corrente que Marx e Engels
mais tarde chamariam de socialismo utópico e da qual consideravam
Owen, Saint-Simon e Fourier os expoentes clássicos.
No processo de absorção e superação de idéias, Marx e Engels
OS ECONOMISTAS
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